FERNANDO DIAS
GRID
DE MONTAR A organizaテァテ」o DA INFORMAテァテグ E DAS SOCIEDADES
Para meu afilhado Felipe e meu sobrinho Luiz que, apesar de ainda n찾o saberem ler, me lembram todos os dias a import창ncia de brincar.
0 1 2 PREFáCIO 11
ÍNDICE
GRID/ CIVILIZAÇÕES 17 20 Reflexões sobre a estrutura 29 Chegando à ordem 49 Fundamentos do grid
GRID RETANGULAR/ EGITO 55
3 4 5 6 GRID de colunas/ grécia
GRID modular/ maias
GRID HIerárquico/ roma
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89
107
CONCLUSÕES 121
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Em seu texto “Parecendo com Livros”, Richard Hendel coloca em pauta uma discussão que opõe designers que entendem e seguem as convenções da tipografia de livros e designers que buscam uma abordagem contemporânea através de inovações. Apesar de expor seu ponto de vista já na citação que abre o texto, o autor propõe uma discussão muito mais ampla sobre as maneiras de se fazer design e o equilíbrio entre o exagero e a aplicação banal dos
PREFÁCIO
métodos e regras desenvolvidos ao longo dos séculos. “Cada escolha feita por um designer causa algum efeito sobre o leitor”, afirma Hendel, e defende que “uma novidade não é necessariamente uma virtude”, a partir do momento em que desvia a atenção do leitor, que passa a prestar mais atenção à aparência
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“Mesmo a chatice e a monotonia são para o leitor defeitos muito menores na composição do que uma tipografia excêntrica e jocosa.” Stanley Morison
do livro do que ao conteúdo. Para
mais tradicional, pode ser simples escolher
ele, deve-se ter consciência de que
um tipo francês para um livro francês, ou um
um design fora do esperado deve
tipo do século XVII para um livro do século
acrescentar algum nível de sentido
XVII, mas nem sempre se tem à mão um tipo
ao texto para não se tornar um
que faça um paralelo com o assunto abor-
mero artifício de excentricidade.
dado no livro, uma vez que a tipografia tem tradição europeia/americana. Nesses casos,
Para aqueles que apontam o
pode-se usar a neutralidade tipográfica – útil,
dedo para os tradicionalistas e o
por exemplo, para coleções -, ou recorrer a
rotulam como preguiçosos, Hen-
uma dupla alusão, achando um ponto em
del devolve que pode ser mais
comum entre o assunto abordado e a história
trabalhoso fazer um design tradi-
de determinado tipo, ainda que esse seja um
cional que inovar. Os enfeites e
recurso complexo demais para ser entendido
estilos de letras que evocam épo-
por um leitor comum. No entanto, o autor
cas são perigosos e podem, para
acredita que, mesmo não percebendo essas
o autor, se apresentarem como
alusões, os leitores são sensíveis a percepções
soluções fáceis que não resolvem
e sensações que elas proporcionam, ainda
os problemas reais de tipografia.
que não tenham consciência disso.
Além disso, tais recursos podem deixar de ser alusivos para torna-
No entanto, mais do que defender com unhas
rem-se elusivos, ou seja, desvia-
e dentes seu ponto de vista, Richard Hendel
rem a aten-ção do leitor para um
também escancara opiniões dissonantes,
aspecto que não o conduz ao
deixando o leitor livre para se posicionar
ponto a que o livro quer chegar.
sobre a questão. Ao citar Merle Armitage,
Já ao se fazer uso da abordagem
Hendel coloca quem o lê em contato com
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uma das personalidades que mais apoiam
Se hoje o modo de escrever é
a inovação em prol da busca por um design
diferente, por que deve ser igual
que retrate o tempo em que é feito. Diz Ar-
o modo de representar a escrita?
mitage: “Quando se olha para trás rejeita-se
Então, o autor chega a um ponto:
(…) a oportunidade de tomar atitudes novas
é preciso encontrar o equilí-
e significativas, afins com nossa época em
brio. “Um bom design é tanto a
particular.” O autor ainda cita David Carson,
disposição cuidadosa dos tipos
cujo pensamento coloca o designer como
mais comuns nos formatos mais
parceiro equitativo do autor, e não como
convencionais quanto o emprego
mera ferramenta de transmissão de sua men-
de tipos incomuns em brilhantes
sagem. “Nenhum designer consegue evitar
arranjos”, afirma.
inteiramente influenciar a forma como um texto será lido”, admite Hendel, apesar de se
O design para cada livro depen-
esquivar do papel de co-autor.
de das particularidades de cada texto, e por isso o design editorial
A partir daí, o autor levanta uma série de
não tem fórmulas ou soluções
questionamentos, pondo em xeque inclusive
fechadas. Assim, a discussão se
suas próprias opiniões. Afinal, em um mundo
amplia para os mais diversos
intelectual ferozmente revisionista, quem
aspectos e elementos da diagra-
tem autoridade para impor que deve-se sem-
mação, e designers se opõem
pre seguir regras? E, se houver quem a tenha,
em relação a diversos pontos.
quais regras deverão ser seguidas? “Precisa-
Neste livro, vamos tratar de uma
mos fazer um reexame das regras tradicio-
questão em particular: o uso do
nais da tipografia. Elas não são obsoletas,
grid. Muitos designers o rejei-
mas tampouco são absolutas.”, diz Hendel.
tam afirmando que o grid limita
“Não basta que o designer seja comedido.” Marshall Lee
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“Os designers apenas precisam pensar menos em fazer o design de livro e mais em fazer o design para a leitura.” Paul Stiff
“Está provado, um livro muito difícil de ler é inútil. Mas achar que a impressão deve servir apenas à função de legibilidade (...) nega nossa época particular e reconhece nossa pobreza de invenção e de espírito.” Merle Armitage
e tolhe a criatividade do designer. Mas, numa segunda
mesmo e ao leitor, com a diagramação. Para
análise, podemos ver que é possível usar o grid como
isso, só é preciso encontrar o equilíbrio entre
elemento orientador e, dentro dele, explorar inúmeras
o tradicional e o inovador citado por Richard
possibilidades e, até mesmo, brincar e divertir, a você
Hendel em seu texto.
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17
A civilização é a forma mais refinada de organização de uma sociedade. Caracteriza-se basicamente pela fixação de um povo
GRID/ CIVILIZAçÕES
ao solo através da construção de cidades, daí a etmologia da palavra, que vem do latim civita (cidade) e civile (civil, seu habitante). Seu conceito contrapõe as cidades complexas às primitivas, constituídas pelos bárbaros (selvagens), que representam o primeiro estágio evolutivo de um longo processo que depende de diversos fatores, como clima, recursos naturais disponíveis, proximidade com outras civilizações e lideranças. A civilização designa toda a cultura de um determinado povo e é definida pelas suas características sociais, políticas, econômicas, científicas, religiosas e artísticas. É uma consequência da necessidade humana de se organizar.
18
No design editorial, esta neces-
imagem – tem uma relação visual
demais, cortes de imagens ou
sidade também se faz presente
com todos os outros elementos:
espaços vazios em alguma seção
à medida em que as informa-
o grid fornece um mecanismo
por falta de material. Se as socie-
ções devem ser hierarquizadas
pelo qual essas relações podem
dades humanas vão da barbárie
para que se conduza o leitor de
ser formalizadas.
à sofisticação das cidades, um projeto editorial deve ir do papel
maneira que ele compreenda a mensagem da forma desejada.
Como nas civilizações, a consti-
em branco à distribuição dos
Assim como as civilizações se
tuição de um grid se faz através
elementos informativos de modo
apresentam como sistema orga-
de um processo. O designer deve
que o leitor seja conduzido de
nizacional das sociedades, o grid
avaliar as características infor-
forma adequada e compreenda o
tipográfico é a solução encontra-
mativas e as exigências de pro-
que está sendo passado.
da pelos designers para organizar
dução do material. O grid precisa
a informação dentro de uma pu-
atender às especificidades do
Depois de estabelecido o grid, é
blicação, seja ela uma revista, um
conteúdo e devem estar previstos
preciso ainda dispor o conteú-
livro ou um jornal. Cada um dos
eventuais problemas de diagra-
do de acordo com as diretrizes
elementos da página – texto ou
mação, como títulos compridos
dadas por ele. Enquanto nas so-
19
ciedades as leis são instrumentos
ciência e a tecnologia. No design
pareçam limitadas. Assim, de-
para manter a ordem e a paz, o
editorial, o grid, também visto por
signers podem ajudar os autores
grid é o instrumento do designer
alguns como aprisionador, pode
a conduzir o leitor pelos mais
para organizar e hierarquizar as
ser explorado de infinitas ma-
diferentes mundos, assim como
informações. Mas leis não impe-
neiras de modo a se encontrar as
crianças, com uma caixa de Lego
dem os cidadãos de viverem de
melhores soluções para cada tipo
e alguma imaginação, podem
maneira plena e feliz, elas apenas
de conteúdo a ser diagramado.
construir casas, lagos, monta-
os orientam para que vivam
nhas, monstros, animais e até
sem ferir o direito do outro. E
Como peças de Lego, o grid pode
são justamente essas condições,
ser montado e desmontado,
considerada por alguns como
construído e desconstruído, sem-
Timothy Saldanha nos ajuda a
limitadoras, que proporcionam
pre seguindo as diretrizes que
compreender melhor o grid em
o cenário para que muitos se
ele mesmo determina. É possível
seu livro Grid: construção e des-
sobressaiam e se destaquem para
brincar com o grid e obter os
construção, como segue.
que a sociedade siga evoluindo
mais diversos resultados, ainda
em diversos campos como a
que as peças que ele fornece
mesmo civilizações inteiras.
***
20
É um princípio com raízes nas sociedades mais antigas do planeta. Levar uma vida com algum tipo de sentido – e criar
Reflexões sobre a estrutura
uma ordem compreensível para esse sentido – é uma das
O grid estabelecido pelo mo-
atividades que nos diferencia
-dernismo reafirmou esse antigo
Para alguns designers gráficos,
dos animais. O pensamento
senso de ordem, formalizando-o
ele é parte incontestável do
estrutural, mesmo antes de sua
ainda mais e transformando-o
processo de trabalho, oferecendo
última codificação no modernis-
em parte integrante do design.
precisão, ordem e clareza. Para
mo europeu e americano, é um
O grid tipográfico – postulado
outros, é símbolo da opressão
traço característico das culturas
fundamental do chamado “Estilo
estética da velha guarda, prisão
que lutam pela civilização. Os
Internacional” – é um sistema
sufocante que atrapalha a busca
chineses, os japoneses, os gregos
de planejamento ortogonal que
de expressão. O grid tipográfico é
e romanos, os incas – todos esses
divide a informação em partes
um princípio organizador no de-
povos seguiram ideias estrutu-
manuseáveis. O pressuposto des-
sign gráfico cuja influência está
-rais ao construir cidades, fazer
se sistema é que as relações de
arraigada na prática diária, mas
guerras e organizar imagens. Em
escala e distribuição entre os ele-
ao mesmo tempo é combatido
muitos casos, essa estrutura se
mentos informativos – imagens
no ensino do design; é amado e
baseava no cruzamento de eixos
ou palavras – ajudam o observa-
odiado pelos pressupostos abso-
que correspondiam à intersecção
dor a entender seu significado.
lutos intrínsecos à sua concepção.
do céu e da terra.
Itens parecidos são distribuídos
Uma introdução
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Como metáfora instituciona-lizada de tudo o que é certo no mundo – a interseção do céu e da terra ordenadora de todos os objetos -, o grid também ganhou uma qualidade explicitamente espiritual. Ele teve defensores fervorosos entre a vanguarda de maneiras parecidas para que
europeia: o simples fato de Theo
suas semelhanças ganhem des-
van Doesburg inclinar o eixo de
taque e possam ser identificadas.
90o do De Stjil levou seu parceiro
O grid converte os elementos sob
Piet Mondrian a cortar relações;
seu controle num campo neutro
Josef Müller-Brockmann, o pala-
os fabricantes logo perceberam
de regularidade que permite
dino suíco do grid dos anos 1950 e
que o grid iria ajudá-los a orga-
acessá-los – o observador sabe
1960, definiu seu ímpeto ordena-
nizar sua imagem, sua cultura
onde localizar a informação
dor em termos quase teológicos.
empesarial e seu lucro final.
nos quais se cruzam as divisões
Para os designers gráficos que
Assim como o uso deliberado de
horizontais e verticais funcio-
ajudaram a sociedade a se
grids converteu-se num reflexo
nam como sinalizadores daquela
recompor depois e duas guer-
condicionado, o público também
informação. O sistema ajuda o
ras inimagináveis, a ordem e a
se acostumou a receber uma
observador a entender seu uso.
clareza se tornaram os objetivos
quantidade maior de informa-
Em certo sentido, o grid é como
principais. Essa ordem, em parte,
ções, mais complexas e em lin-
um fichário visual.
significava bens de consumo, e
guagens diversas. E não é só uma
procurada porque os pontos
25
questão de costume: ele quer as coisas assim. A máxima simplicidade do grid contrasta com a
Os chineses, os japoneses, os gregos e romanos, os incas – todos esses povos seguiram ideias estruturais. O grid estabelecido pelo modernismo reafirmou esse antigo senso de ordem.
superfície cinética e dinâmica da multimídia; a informação deixou de ser bidimensional, e o público
poderia ser um pouco mais com-
médio espera movimentos, giros,
plexo, talvez envolvendo aquelas
saltos, sons. Paradoxalmente,
“questões maiores” a que vêm se
as empresas que adotaram o
dedicando os designers gráficos…
uniforme neutro e utópico do grid ajudaram a criar o ambiente supersaturado que vemos na demanda atual. Conforme nossa cultura reage à nova tecnologia das comunicações, hoje a profissão do designer faz parte da consciência pública. Na era da informação, ela se tornou uma disciplina de grande importância. Na comunidade do
uma espécie de “inconsciente” design, o debate sobre os meios
estético que decidimos ignorar,
de acesso, os gêneros, as raças e
sem perceber a sua hegemonia.
outras questões sociais ganhou maior importância do que a
A época atual lembra a Inglaterra
simples conversa sobre a forma
vitoriana durante a primeira Re-
e a organização; é raro encontrar
volução Industrial, no sentido de
esse tipo de discussão no setor.
que estamos vivendo mais uma
Como a construção e a organi-
mudança de paradigma tecnoló-
zação da forma estão indissocia-
gico e cultural. Os artefatos falam
velmente ligadas à disseminação
conosco, nossa visão é global.
visual da informação, esse debate
O vasto espaço do mundo se
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28
reduziu metafórica e fisicamente,
Entre discussões sobre raças e gêneros, meio
e estamos aprendendo a lidar
ambiente, liberdades políticas e direitos civis,
com uma incômoda intimida-
talvez uma simples conversa sobre o lugar
de, enquanto a privacidade se
das coisas – o simples “pôr ordem na casa” do
retrai e os recursos escasseiam.
design baseado no grid – possa de novo valer
A semelhança entre a nossa re-
a pena. No contexto da nossa nova era, ava-
-volução industrial e a anterior se
liando o curso da profissão do designer em
estende, como era de se esperar, à
particular e da cultura em geral, o princípio
influência exercida sobre as artes.
unificador do grid – e o valor de outros tipos
Inúmeras abordagens conflitantes
de ideias organizadoras – é um tema que
na pintura, arquitetura, cinema
merece ser posto em foco de discussão.
e design refletem a confusão cultural generalizada que perpassa esse começo de milênio.
29
Chegando à ordem
a elas. A Revolução Industrial na
Breve história do grid no design gráfico
Inglaterra, na segunda metade
moderno
do século XVIII, mudou a vida das pessoas – ela teve um efeito
A história do desenvolvimento do grid é com-
fundamental em nossa cultura.
plexa e tortuosa. O design gráfico moderno,
Quando a descoberta da energia a
como o conhecemos, é recente, mas há casos
vapor levou mais pessoas a morar
de uso do grid antes dos gregos e romanos;
nas cidades, o poder passou da
aqui, é impossível expor toda a história dessa
nobreza rural para os industriais,
evolução. Para nossos fins, o grid usado no
comerciantes e trabalhadores.
design gráfico ocidental surgiu durante a Revolução Industrial. Mas as ideias circulam nas
A demanda de uma população
comunidades artísticas: seria um desserviço à
urbana com poder aquisitivo
história tentar fixar uma gênese exata. Apresen-
crescente incentivou a tecnolo-
tamos apenas um resumo simples de um pro-
gia, que por sua vez incentivou a
cesso complicado. As contribuições de milha-
produção em massa, abaixou os
res de designers por mais de um século foram
custos e aumentou a oferta. O de-
sintetizadas em poucas páginas; muitas foram
sign assumiu o importante papel
omitidas ou citadas apenas de passagem.
de tornar os bens materiais desejáveis. Além disso, a Revolução
O admirável mundo novo da indústria O
Francesa e a Americana promove-
desenvolvimento do grid nos últimos 150
ram o avanço da igualdade social,
anos coincide com profundas mudanças so-
do ensino público e da alfabe-
ciais e tecnológicas na civilização ocidental,
tização, e ajudaram a ampliar o
e a resposta de filósofos, artistas e designers
acesso a materiais impressos.
30
31
para uma produção em massa de
de 1860, para a Red House de
Com essa enorme mudança de
artigos de baixa qualidade mate-
Morris, recém-casado, organizou
estilo de vida veio a confusão
rial e de estética questionável.
os espaços de maneira assimé-
estética. A tradição beaux-
trica, partindo de suas funções
-arts, que pouco mudou desde
Adequação aos fins O movi-
e assim determinando a forma
o Renascimento, apoiada pelas
mento inglês arts and crafts na
da fachada. Na época, era uma
sólidas crenças morais e espiri-
arquitetura, pintura e design
ideia inédita – o modelo clássico
tuais da época, aferrava-se a suas
nasceu em reação a esse desvio.
predominante era um layout re-
ideias e noções estéticas e perfil
À frente, estava William Morris,
tangular com fachada simétrica.
neoclássico. O gosto vitoriano
jovem estudante de formação
pela arquitetura gótica fez uma
privilegiada que tinha se inte-
Além disso, não existia mobili-
estranha aliança com texturas
ressado por poesia e arquitetura
ário adequado para uma casa
exóticas importadas dos confins
– e sua aparente distância em
daquelas. Morris foi obrigado a
do Império Britânico.
relação ao mundo industriali-
projetar e supervisionar a produ-
zado. Sua inspiração era John
ção de todos os seus móveis, teci-
Abordagens contraditórias do de-
Ruskin, escritor que insistia que
dos, vidros e objetos, se tornando
sign e a necessidade de atender à
a arte podia ser a base de uma
assim um grande artesão. A
demanda de consumo das massas
ordem social melhor, em que a
empresa resultante dessa expe-
com novos produtos atingiram
vida humana uniria arte e traba-
riência, a Morris and Company,
uma espécie de patamar histórico
lho, como na Idade Média. Com
defendia vivamente a ideia de
em 1856, quando o autor e desig-
o amigo Edward Burne-Jones,
que a forma era inspirada pela
ner Owen Jones criou A gramá-
poeta e pintor, e Philip Webb,
adequação aos fins. A fértil pro-
tica do ornamento, um enorme
arquiteto, Morris se lançou à
dução de tecidos, objetos, vidros
catálogo de desenhos, estilos e
revitalização do campo estético
e móveis pregava uma maneira
enfeites que foram cooptados
da Inglaterra. O projeto de Webb,
de trabalhar compatível com o
32
conteúdo, tinha preocupações
impressão – a que Morris aspi-
nada, que conferia uma unidade
sociais e dava a máxima atenção
rava, mas no campo gráfico. Em
radical às páginas e permitia
à qualidade do acabamento,
1891, Morris abriu a Kelmscott
uma produção mais acelerada.
mesmo quando se tratava de uma
Press em Hammersmith, criando
Esse livro marcou a transição do
produção em série.
livros com um design requintado
layout retangular, derivado do
em que as fontes, as xilogravuras
manuscrito medieval (e que para-
Arthur Mackmurdo e Sir Emery
e os materiais eram escolhidos
doxalmente fornece sua estrutura
Walker, dois contemporâneos de
de acordo com sua integração
estética), para o layout moderno
Morris, chamaram sua atenção
estética e facilidade de produção.
da página, onde vários tipos de
para o design de livros e fontes
O projeto mais ambicioso de
informação estão integrados num
tipográficas. A revista The Hobby
Morris foi As obras de Geoffrey
mesmo espaço articulado.
Horse, de Mackmurdo, tinha as
Chaucer, de 1894. As ilustrações,
mesmas qualidades – o dimen-
os blocos de tipos display e as
O estilo arts and crafts ganhou
sionamento dos espaços com
iniciais entalhadas se integravam
impulso e se transformou de
proporções intencionais, a esco-
por relações entre os tamanhos,
várias maneiras – evoluindo para
lha cuidadosa do tipo, do corpo,
e as composições estabeleciam
o estilo sensualmente orgânico
das margens, e da qualidade da
uma estrutura geral predetermi-
do art noveau na França para
33
o jugendstjil, mais pictórico e
Como Philip Webb, a obra de
estudavam na Glasgow School of
arquitetônico, na Alemanha e
Wright expressava a ideia de que
Art – traduziram o viés medieval
Bélgica – à medida que os desig-
a essência do design era o espa-
do arts and crafts para articu-
ners se acostumavam aos efeitos
ço, onde “a parte está para o todo
lações mais abstratas e geomé-
da industrialização e procura-
assim como o todo está para a
tricas do espaço. Tornaram-se
vam novas formas de expressão
parte, e tudo se destina a uma fi-
conhecidos como The Glasgow
que dialogassem com o espírito
nalidade”. Relações de proporção,
Four, e a publicação de seus pro-
inventivo da época.
zonas retangulares e organizações
jetos para livros de arte, objetos
assimétricas se tornaram diretri-
e móveis na revista The Studio
zes do modernismo nascente.
popularizou as ideias do grupo,
A arquitetura do espaço Sob a influência de uma viagem à
chegando a Viena e a Hamburgo.
Inglaterra, a obra do arquiteto
Um grupo de colaboradores
americano Frank Lloyd Wright
escoceses – as irmãs Frances e
Influência crescente Peter
deu início a um sistemático
Margaret McDonald e os respec-
Behrens, um jovem e ambicioso
distanciamento do orgânico, mas
tivos maridos, James MacNair e
arquiteto alemão, cresceu em
continuando a encarnar os mes-
Charles Rennie Macintosh, que
Hamburgo sob essa nova influ-
mos ideiais do arts and crafts.
tinham se conhecido quando
ência e a da Secessão vienense,
34
mais sete artistas, entre eles Josef Maria Olbrich, dando-lhes terrenos para construir suas casas. Ao projetar sua residência e todo seu interior, Behrens – tal como Morris,e com grande afinidade estética com Olbrich – se envolveu no mesmo movimento racional que buscava a ordem e a unidade entre as artes. Junto com o desenho de mobiliário,
Quadrado e círculo Diagrama de grid
ele começou a fazer experiências com o
Adaptado dos diagramas de J. L. Mathieu Lauweriks
layout de livros e os novos tipos sem serifa que começavam a surgir em fundições como contramovimento que se inspira-
a Berthold. Seu livro Celebração da vida e
va em Wright e nos Glasgow Four.
da arte é tido como o primeiro texto corri-
A Secessão adotava abordagens
do impresso em tipos sem serifa. Embora a
ainda mais retilíneas no design
composição da página mantenha a aborda-
de livros e cartazes e na arqui-
gem retangular do manuscrito, o livro segue
tetura. Designers e arquitetos
na trilha das obras de Chaucer editadas por
como Josef Hoffman, Koloman
Morris, com sua lógica espacial, e lança bases
Moser e Josef Maria Olbrich bus-
importantes para o desenvolvimento do grid,
cavam a simplicidade funcional
ao usar o tipo não serifado. A textura mais
e evitavam a ornamentação. Em
uniforme das letras sem serifa cria uma neu-
1900, Peter Behrens se mudou
tralidade na mancha de texto que realça sua
para uma colônia de artistas em
forma sobre o espaço branco circundante;
Darmstadt, fundada pelo grão-
a distribuição e o intervalo adquirem maior
-duque de Hesse. Este convidou
importância visual.
35
do Deutsche Werkbund, a Behrens se mudou para Düsseldorf em 1903,
associação alemã dos artesãos.
para dirigir a Escola de Artes e Ofícios da
Inspirado por Morris, mas
cidade, desenvolvendo cursos centrados
incorporando, ao invés de
nos prncípios visuais básicos e na análise
repudiar, a máquina, o Werkbund
da estrutura compositiva. O ano de 1904 foi
pretendia criar uma cultura
crucial para Behrens e a escola, quando o
universal por meio do design de
arquiteto holandês J. L. Mathieu Lauweriks
objetos e acessórios do cotidiano.
ingressou no corpo docente. Lauweriks tinha
Os projetos de Behrens pelo
desenvolvido um método para o ensino da
Werkbund coincidiram com sua
composição baseada na dissecação de um círculo por um quadrado, criando um grid de espaços proporcionais. Behrens viu que esse sistema podia ser usado para unificar as proporções na arquitetura e no design gráfico; em 1906, ele aplicou essa teoria ao pavilhão de exposição e ao cartaz que criou para a Anchor Linoleum Co. Racionalismo, estética da máquina e busca da cultura universal Em 1907, Behrens recebeu da indústria alemã de produtos elétricos, a AEG, uma proposta de trabalho inédita: ser o consultor artístico da empresa. Ao mesmo tempo, participou do lançamento
AEG Identidade visual Peter Behrens
36
Kandinsky Cartaz Herbert Bayer
prestação de serviços à AEG.
da marca, ele criou fontes, paletas de cor,
Além de desenhar as chaleiras
cartazes, anúncios, salas comerciais e
e lustres da AEG, ele projetou
acessórios industriais para a empresa. Cada
sua identidade visual. Trata-se
item se articulava num conjunto específico
do primeiro projeto sistêmico
de proporções e elementos lineares,
para uma corporação industrial
organizando a apresentação visual da AEG
de que se tem notícia. Partindo
em uma unidade harmônica.
37
Construtivismo A nova linguagem visual
Bauhaus e a nova ordem Com o
e sua respectiva filosofia estavam atraindo
fim da guerra na Europa, desig-
simpatizantes, além de estudantes e de-
ners e arquitetos se dedicaram
signers do exterior. A instabilidade política
à reconstrução e a seguir em
russa no começo do século encontrou voz na
frente. Na Alemanha, a famo-
abstração; a geomatria pura do suprematis-
sa Escola de Artes e Ofícios de
mo se fundiu com o cubismo e o futurismo,
Weimar retomou as atividades
gerando o construtivismo, expressão da luta
em 1919, indicando como diretor
russa por uma nova ordem. Indo estudar na
o arquiteto Walter Gropius, ex-
Alemanha, um jovem construtivista russo, El
-aluno de Peter Behrens. Gropius
Lissitski (Lazar Markovich), se viu em Darms-
remodelou a escola, criando a
tadt estudando arquitetura e absorvendo a
Staatliches Bauhaus. O racio-
estética racionalista que prevalecia ali. Devi-
nalismo e o experimentalismo
do aos estudos, ele ficou na Europa Ocidental
se tornaram ferramentas para
durante a Primeira Guerra e a Revolução
construir a nova ordem social.
Russa. Em 1919, enquanto os bolcheviques
Embora no início o programa
lutavam pelo poder na guerra civil, Lissitski
seguisse o expressionismo – sob
voltou para a Rússia e se dedicou a um design
a influência de Johannes Itten e
gráfico de orientação política, caracteriza-
Vassili Kandinski, pintores d’O
do pela composição geométrica dinâmica.
Cavaleiro Azul que montaram os
Seu famoso cartaz Derrote os brancos com
cursos introdutórios -, depois se
a cunha vermelha é um símbolo do poder
afastou gradualmente do pictó-
comunicativo da forma abstrata e sintetiza a
rico e do subjetivo.
obra da vanguarda russa da época.
38
Os alunos e professores da
ram a base de uma nova tipogra-
que conheciam o uso da compo-
Bauhaus receberam a influên-
fia, com barras, fios, quadrados e
sição assimétrica, dos tipos sem
cia do pintor suíço Theo van
tipos assimetricamente dispostos
serifa e da organização geomé-
Doesburg, cujo movimento De
num grid. Lissitski voltou várias
trica da informação. O mundo
Stjil seguia um rigoroso dogma
vezes à Alemanha, pondo-se em
comercial, de modo geral, era
geométrico. Van Doesburg fez
contato com a Bauhaus e parti-
indiferente. A publicidade ame-
contato com Gropius e, 1920, que
cipando de palestras, exposições
ricana e europeia tinha ajudado
não quis contratá-lo devido a seu
e projetos de livros. Sua obra
a introduzir a composição em
programa dogmático, mas van
de 1924, Os ismos da arte, é um
colunas nos jornais e revistas,
Doesburg contribuiu muito para
marco no desenvolvimento do
mas a maioria dos gráficos e
a mudança estética na Bauhaus
grid. O texto, em três línguas, está
designers ainda estava presa à
ao se mudar para Weimar e criar
organizado em colunas separa-
visualidade do século XIX. Um
grupos de discussão e palestras.
das por fios grossos; imagens,
jovem calígrafo chamado Jan
Laszlo Moholy-Nagy, construti-
legendas e números das páginas
Tschichold mudou a situação.
vista húngaro, substituiu Itten no
estão integrados na estrutura
Quando trabalhava como dia-
curso básico em 1923, quando
geral, obedecendo a uma clara
gramador na editora alemã Insel
a Bauhaus se transferiu para
disposição de alinhamentos ver-
Verlag, Tschichold foi visitar a
seu novo prédio em Dessau. Na
ticais e horizontais.
primeira exposição da Bauhaus
oficina gráfica, as experiências
em 1923. Em um ano ele assimi-
de Moholy com layouts assimé-
Divulgando a assimetria Apesar
lou a abordagem tipográfica e a
tricos, fotomontagens e elemen-
de parecerem muito difundidas,
sensibilidade abstrata da escola.
tos tipográficos expandiram a
essas novidades ainda tinha
Em 1925, criou um encarte de 24
expressão geométrica do moder-
de ser assimiladas pelo design
páginas para a Typographische
nismo no design gráfico. Moholy
dominante. Eram relativamente
Mitteilungen, a revista dos gráfi-
e o estudante Herbert Bayer cria-
poucos os artistas e professores
cos alemães, expondo essas ideias
39
para um vasto público de compo-
hierárquico para ordenar e criar
1932, e Moholy-Nagy, Gropius,
sitores, diagramadores e impres-
espaços em documentos que iam
Mies van der Rohe (outro aluno
sores. A “Tipografia elementar”,
de cartazes a papéis timbrados.
de Behrens antes da Primeira
como era intitulado, gerou um
Já em 1927, um ano antes de seu
Guerra), Bayer e outros foram
enorme entusiasmo pelo layout
fundamental A nova tipografia,
para os Estados Unidos; Tschi-
assimétrico baseado no grid.
Tschichold codificou essa ideia
chold, depois de ficar preso por
de estrutura, defendendo-a
algum tempo, foi para a Suíça.
Tschichold defendia uma esté-
como padrão para os formatos
tica redutiva e intrinsicamente
de impressão. Nela se baseia o
A Suíça se manteve neutra, e não
funcional. Para ele, eliminar o
sistema DIN (Deutsches Institut
foi muito afetada pela guerra; a
ornamento, dar prioridade ao
für Normung) vigente na Euro-
geografia acidentada e o férreo
tipo sem serifa, deixando explí-
pa, em que cada folha de papel,
controle sobre o sistema bancá-
cita a estrutura da letra, e criar
dobrada ao meio, resulta no
rio internacional lhe pouparam
composições baseadas na função
formato menor seguinte.
a invasão nazista. A economia
verbal das palavras eram objeti-
suíça se fundava cada vez mais
vos que libertariam a era mo-
Rumo à neutralidade O de-
em serviços e habilidades artesa-
derna. Os espaços negativos, os
senvolvimento da estética do
nais que podiam ser exportados;
intervalos entre as áreas de texto
design europeu foi bruscamente
as pequenas dimensões do país
e a relação entre as palavras for-
interrompido nos anos 1930.
geraram uma famosa obsessão
mavam a base das preocupações
Com o nazismo no poder, de-
pela ordem. Zurique e Basel eram
do design. Partindo de Lissitski
signers e artistas que usavam a
centros culturais: de um lado,
e da Bauhaus, ele construía suas
nova linguagem visual, tachados
o setor tecnológico e bancário
composições num sistema de ali-
de degenerados, foram presos
de Zurique, de outro a herança
nhamento vertical e horizontal,
ou obrigados a sair do país. A
cultural milenar de Basel na arte
introduzindo a estrutura de grid
Bauhaus fechou oficialmente em
do desenho e do livro.
40
“O sistema de grid supõe a vontade de sistematizar e esclarecer, a vontade de penetrar nos princípios essenciais… a vontade de cultivar a objetividade, e não a subjetividade.” Josef Müller-Brockmann
Ernst Keller. Tschichold aca-
do ajudou a fundar a Hochschule
Vários alunos da Bauhaus foram
bou adotando mais tarde uma
für Gestaltung de Ulm, em 1950.
para a Suíça com Tschichold.
abordagem tipográfica clássica
Seu trabalho e atividade docente
Max Bill, que tinha começado
com atributos humanistas, mas
ajudaram a disseminar o grid em
os estudos na Kunstgewerbes-
no começo dos anos 1940 ele
gerações inteiras de designers.
chule em Zurique e frequentou
ainda defendia a assimetria e a
a Bauhaus entre 1927 e 1929,
composição com grid. Ballmer
Neue Grafik e o desejo de ordem
voltou à Suíça em 1930; outro
e Bill continuaram a desenvol-
Essa abordagem mais austera
aluno da Bauhaus, Theo Ballmer,
ver ideias construtivas em seus
também foi adotada por Josef
também havia trabalhado na
trabalhos baseando-se numa
Müller-Brockmann, Carlo Viva-
oficina tipográfica. A influência
métrica e numa divisão espacial
relli, Hans Neuberg e Richard
dos três foi grande. Os designers
rigorosamente matemáticas. Max
Paul Lohse, que, cada qual com
suíços já possuíam uma tradição
Bill deu uma dupla contribuição:
sua atuação singular, busca-
de técnicas redutivas e simplifi-
aplicou suas teorias de base ma-
vam uma visualidade universal.
cadoras, mas focada na represen-
temática a projetos profissionais
Como editores da Neue Grafik, de
tação simbólica, cujo exemplo
de publicidade e identidade cor-
Zurique, eles contribuíram para
é a obra do designer plakatstjil
porativa, e difundiu o grid quan-
a divulgação desse estilo interna-
41
42
pequena unidade espacial que, repetida, integra todas as partes da página. A largura do módulo define a largura da coluna, e sua altura define a altura dos parágrafos e, portanto, das faixas. Grupos de módulos se combinam em zonas reservadas para uma determinada finalidade. Müller-Brockmann e seus colegas desenvolveram sistemas modulares a partir do conteúdo de seus projetos, desde complexos projetos editoriais a exposições e cartazes, e os implementaram com rigorosa disciplina. Müller-Brockmann abandonou as imagens em favor de composições tipográ-
Büro Cartaz
ficas puras baseadas em grid. Em 1960, ele
Theo Ballmer
publicou seu primeiro livro, O artista gráfico cional no resto do mundo. O grid
e seus problemas de design, onde descreve
criado para a Neue Grafik tinha
essa maneira de projetar. Seu segundo livro,
quatro colunas e três faixas hori-
Sistemas de grid no design gráfico, é prati-
zontais, ou zonas espaciais, que
camente um manifesto: “O sistema de grid
organizavam todo o conteúdo,
supõe a vontade de sistematizar e esclarecer,
inclusive as imagens. Ao repetir
a vontade de penetrar nos princípios essen-
esse padrão, a revista evidenciou
ciais… a vontade de cultivar a objetividade, e
um aperfeiçoamento do design
não a subjetividade.”
com grid que já vinha se fazendo: a definição de um módulo – uma
43
A Escola de Basel Em Basel, a escola de
Gerstner publicou seu primeiro
design Allgemeine Gewerbwschule con-
livro, Design de programas. “O
tribuiu para o desenvolvimento do Estilo
grid tipográfico”, segundo ele, “é
Internacional com uma abordagem diferente
uma diretriz proporcional para
da dos designers de Zurique. O diretor Armin
textos, tabelas, figuras etc. É um
Hoffman tinha sido aluno de Ernst Keller, e
programa formal apriorístico
adotava um método intuitivo de composição
para n conteúdos desconhecidos.
baseado na forma simbólica e nos contras-
O problema: encontrar o equilí-
tes entre qualidades óticas abstratas: claro e
brio entre a máxima conformi-
escuro, curva e ângulo, orgânico e geométri-
dade e a máxima liberdade. Ou:
co. Mas a integração entre o tipo e a imagem tinha um papel importante no programa da escola. Em 1947, Emil Ruder, formado em Zurique, entrou na AGS como professor de tipografia. Ele defendia um equilíbrio entre forma e função, explorando rigorosamente as nuances do tipo e do contraste ótico ao lado de estruturas de grid abrangentes e sistemáticas. Sua metodologia instilou em seus alunos um processo exaustivo de solução de problemas visuais que ajudou ainda mais na disseminação do grid. Um desses alunos era Karl Gerstner, que abriu um escritório em Zurique e contribuiu para a evolução do grid como pilar do design moderno. Em 1968,
The Function and Use of the Grid System Livro Josef Müller-Brockmann
44
Unigrid Sistema de publicaçþes Massimo Vignelli
45
o maior número de constantes combinado
convencer os empresários que o
com a maior variabilidade possível.”
design lhes era útil; clientes seus, e de outros designers, tinham se
O grid corporativo O uso do grid começou
acostumado com a ideia de sis-
a dominar o mercado europeu e americano
temas capazes de organizar sua
dos anos 1960 em diante. Era uma maneira
imagem pública. Nos manuais de
muito eficiente de unificar os programas de
identidade para a Westing House,
comunicação visual de grandes entidades,
em 1965, Rand desenvolveu
eventos ou empresas. Max Bill, Müller-
grids complexos para assegurar
-Brockmann, Otl Aicher e outros expoentes
a continuidade nos mais diver-
do Estilo Internacional receberam a adesão
sos meios, desde a embalagem
de seus colegas holandeses, ingleses, italia-
à publicidade na imprensa e na
nos, alemães e americanos. Na Holanda, o
televisão. O designer alemão Otl
movimento rumo ao design racional e pro-
Aicher implementou um pro-
gramático foi encabeçado por Win Crouwel,
grama ainda mais preciso para a
Ben Bos e Bruno Wissing, cuja empresa Total
empresa aérea Lufthansa. Cola-
design se tornou um exemplo na criação de
borando com Tomás Gonda, Fritz
programas de comunicação visual baseados
Quereng e Nick Roericht, Aicher
em grids para empresas e instituições cultu-
previu todas as necessidades em
rais. Nos Estados Unidos, alunos das escolas
potencial da Lufthansa, padro-
suíças e vários imigrantes europeus presen-
nizando os formatos e impondo
tavam o Estilo Internacional – e o grid - a
um grid rigoroso para unificar a
um vasto público. No começo dos anos 1940,
comunicação visual em diferentes
Paul Rand – o pioneiro do design moderno
escalas, materiais e limitações de
nos Estados Unidos -, tinha conseguido
produção. Manuais detalhados e
46
medidas garantiam a uniformida-
informativo. Dando peso visual
livros e de interiores realizados
de visual em todas as aplicações.
a essas divisões horizontais, por
pelo escritório. Em 1977, como
meio de faixas sólidas, o olho
parte do Programa Federal de
A ideia de uma totalidade no
aprendia a se dirigir para uma in-
Melhoria do Design do governo
design a partir do grid também
formação específica. Vignelli foi
americano, Vignelli desenvol-
apareceu na obra de Massimo
um dos fundadores do escritório
veu um sistema para unificar as
Vignelli e sua esposa Lella, que
de design colaborativo Unimark
publicações do Departamento
em 1960 tinham aberto um escri-
International em 1965, segundo
Nacional de Parques. Esse siste-
tório de design em Milão. Ambos
sua crença de que o design devia
ma chamado Unigrid estabelecia
arquitetos, desde cedo definiram
recusar o impulso individual de
um grid modular dividido por
sua abordagem estrutural siste-
espressão e desenvolver siste-
faixas horizontais, qua abrangia
mática e rigorosamente organi-
mas abrangentes. Chegando a
doze formatos e poderia caber
zada. Massimo, em particular,
cerca de quatrocentos funcio-
numa única folha de papel de
havia iniciado uma rigorosa
nários em 48 países, a Unimark
tamanho padrão. Essa ordenação
exploração de estruturas de grid
sistematizou e padronizou a
reduzia o desperdício de papel, o
para diversas empresas e entida-
comunicação visual de inúme-
tempo de produção e uma série
des culturais de Milão. Esses pri-
ros gigantes empresariais, entre
de outros problemas, permitindo
meiros projetos o levaram a uma
eles Xerox, J. C, Penney, Alcoa,
que os designers dentro e for a
abordagem que dividia o espaço
Ford e Steelcase. Em 1971, com a
do departamento se concentras-
dentro de um grid modular em
dissolução da Unimark, Massi-
sem nos aspectos criativos da
zonas semanticamente distintas.
mo e Lella criaram o escritório
concepção de folhetos e cartazes.
O sistema de divisão adicional
Vignelli Associates em Nova York.
permitia um foco maior na es-
Era a máxima filosofia: o grid
No final dos anos 1970, a abor-
trutura modular geral, ajudando
foi o pilar de vários trabalhos de
dagem esperada, para se ter uma
a esclarecer o complexo material
identidade corporativa, design de
identidade visual, era a forma-
47
tação da comunicação visual
Unimark) lideraram as pesqui-
No século XXI, o uso de grids
da empresa dentro de um grid.
sas for a do campo da estrutura
desenvolvidos na Europa nos úl-
Firmas de identidade corporati-
racional. Esse tipo de descons-
timos 150 anos continua presen-
va como a Anspach Grossmann
trução também acabou sendo
te no design gráfico. A internet
Portugal, em Nova York, exem-
assimilado pela prática comum,
mostrou ser uma mídia que pode
plificaram essa abordagem em
ao lado de trabalhos estritamente
se beneficiar de concepções ba-
programas de identidade, como
baseados no grid e outras ideias
seadas em grids como uma boa
o de 1976 para o Citibank e
totalmente antiestruturais.
maneira de simplificar a ativi-
outros clientes similares. O Estilo
dade vertiginosa de navegar por
Internacional tinha passado a
O grid passou a ser visto como
informações interativas. Nesse
ser parte integrante do design
uma das várias ferramentas à dis-
ritmo, é difícil imaginar como a
gráfico. Os designers também
posição dos designers. Nos anos
mídia e o design vão se desenvol-
começaram a usar o grid como
1980 e 1990, o grupo de design
ver nos próximos 150 anos – mas
fim em si e a explorar o ponten-
inglês 8VO ajudou a retomar
é provável que o grid tipográfico
cial visual da própria forma. O
a reflexão estrutural com sua
continue a ajudar os designers
experimentalismo radical com
revista Octavo, que tematizou
a estruturar as comunicações
grids dos anos 1980 e 1990 aca-
questões tipográficas durante
durante algum tempo.
bou levando ao exame de outros
oito edições. Em meio à multipli-
tipos de métodos organizati-
cação de novas abordagens, em
vos; designers e professores de
parte devido à revolução digital,
design como April Greiman (que
empresas mais recentes, como
estudou tipografia em Basel) e
MetaDesign, Una e Method,
Katherine McCoy (desenhista
continuam a pesquisar métodos
industrial que chegou ao design
organizativos que derivam do
gráfico depois de um período na
Estilo Internacional.
48
49
Fundamentos do grid
identidade.
Um workshop de design estrutural
Em primeiro lugar, um grid introduz uma ordem sistemática num
Todo trabalho de design envolve a solução de
layout, diferenciando tipos de
problemas em níveis visuais e organizativos.
informação e facilitando a nave-
Figuras e símbolos, campos de textos, títulos,
gação entre eles. O grid permite
tabelas: todos esses elementos devem se
que o designer diagrame rapida-
reunir para transmitir a informação. O grid é
mente uma quantidade enorme
apenas uma maneira de juntar esses elemen-
de informação, como um livro ou
tos. Os grids podem ser soltos e orgânicos, ou
uma coleção de catálogos, por-
rigorosos e mecânicos. Para alguns designers,
que muitas questões de design já
o grid é uma parte intrínseca do seu ofício,
foram respondidas ao construir
assim como os encaixes fazem parte do ofício
a estrutura do grid. Ele também
de marceneiro. A história do grid faz par-
permite vários colaboradores no
te da evolução das reflexões dos designers
mesmo projeto, ou numa série
sobre o design, e é uma resposta a problemas
de projetos correlatos ao longo
específicos de produção e comunicação.
do tempo, sem comprometer as
Por exemplo, um projeto para os impressos
qualidades visuais definidas ao se
comerciais de uma empresa é um proble-
passar de um objeto para o outro.
ma da segunda metade do século XX, com exigências e objetivos bastante complexos.
Quebrando a página
Um grid, entre outras coisas, ajuda a resolver
Construir um grid eficaz para
problemas de comunicação de alta complexi-
determinado projeto significa
dade. As vantagens de trabalhar com um grid
destrinchar cuidadosamente seu
são simples: clareza, eficiência, economia e
conteúdo específico, em termos
50
das qualidades visuais e semânti-
cria-se instantaneamente uma
quebrando o espaço e se tor-
cas do espaço tipográfico.
estrutura. É uma estrutura
nando ele mesmo um espaço. As
simples, mas dotada de direção,
colunas repetidas ou de propor-
O espaço tipográfico é governado
de movimento e, agora, de duas
ções variadas criam um ritmo
por uma série de relações das
áreas espaciais definidas: uma em
de espaços entrelaçados, onde o
partes com o todo. A letra
cima, e outra embaixo da linha.
limite do formato se reafirma, se modifica e se reafirma outra vez.
isolada é um grão, e faz parte de uma palavra. As palavras
Uma linha após a outra cria um
Os vazios entre os parágrafos, as
juntas formam uma linha: não
parágrafo. Já não é uma sim-
colunas e as imagens ajudam a
só uma linha de pensamento,
ples linha, mas uma forma com
orientar o movimento dos olhos
mas uma linha na página,
um limite sólido e um limite
pelo conteúdo, tanto quanto a
um elemento visual que se
maleável. O limite sólido cria
massa densa das palavras cerca-
estabelece no campo espacial
uma referência à página, e o
das por esses vazios.
determinado pelo formato. Ao
parágrafo, conforme se alonga
se colocar uma linha de tipos
no comprimento, se converte
Os alinhamentos entre massas e
na paisagem nua da página,
numa coluna, ao mesmo tempo
vazios estabelecem ligações ou
51
O grid, mesmo sendo um sistema preciso, nunca pode prevalecer sobre a informação. Sua tarefa é oferecer uma unidade geral sem destruir a vitalidade da composição.
separações visuais entre eles. Ao
os elementos da página, e cada
ser repetida e é compreensível
quebrar o espaçø no campo da
mudança sucessiva introduz
para os outros.
composição, o designer estimula
uma nova relação entre as partes.
e envolve o observador. Uma
As mudanças de ênfase dentro da
Anatomia de um grid: as partes
composição passiva em que os
hierarquia são indissociáveis do
básicas de uma página
intervalos entre os elementos
efeito que provocam sobre o sen-
Um grid consiste num conjunto
são regulares cria um campo
tido verbal ou conceitual do con-
específico de relações de alinha-
de textura estática. Ao introdu-
teúdo. Um designer tem opções
mento que funcionam como
zir mudanças, como um maior
limitadas de mudar o corpo, o
guias para a distribuição dos
intervalo entre linhas ou um
peso, a posição e o espaçamento
elementos num formato. Todo
peso maior, o designer cria um
do tipo para afetar a hierarquia e,
grid possui as mesmas partes
destaque na uniformidade da
assim, a sequência da informa-
básicas, por mais complexo que
textura. A mente percebe esse
ção percebida pelo observador.
seja. Cada parte desenpenha
destaque como algo importante.
O grid organiza essas relações
uma função específica; as partes
Criar importância estabelece
de alinhamentos e hierarquias
podem ser combinadas segun-
uma ordem, ou hierarquia, entre
numa ordem inteligível que pode
do a necessidade, ou omitidas
52
da estrutura geral a critério do
de imagens ou espaços vazios em alguma
designer, conforme elas atendam
seção por falta de material.
ou não às exigências informativas do conteúdo.
A segunda fase consiste em dispor o conteúdo de acordo com as diretrizes dadas pelo
O designer não pode ter medo de seu grid, e deve testá-lo até o limite. Um grid realmente bom cria infinitas oportunidades de exploração.
Construindo uma estrutura
grid. É importante entender que o grid, mes-
adequada O projeto de um grid
mo sendo um sistema preciso, nunca pode
depende de duas fases de desen-
prevalecer sobre a informação. Sua tarefa
volvimento. Primeiro, o designer
é oferecer uma unidade geral sem destruir
tenta avaliar as características
a vitalidade da composição. Geralmente, a
informativas e as exigências
variedade de soluções para a diagramação
de produção do material. Essa
de uma página com um certo grid é inesgo-
fase é de extrema importância;
tável, mas, mesmo assim, às vezes é melhor
o grid, depois de pronto é um
transgredir o grid. O designer não pode ter
sistema fechado, e ao construí-
medo de seu grid, e deve testá-lo até o limite.
-lo o designer precisa atender
Um grid realmente bom cria infinitas oportu-
às especificidades do conteúdo,
nidades de exploração.
por exemplo os múltiplos tipos de informação, a natureza das
Cada problema de design é diferente e requer
imagens e a quantidade delas.
uma estrutura de grid que trate de suas
Além disso, o designer deve
especificidades. Existem vários tipos de grid,
prever eventuais problemas que
e cada qual se destina a resolver determina-
podem surgir ao diagramar o
dos tipos de problemas. O primeiro passo é
conteúdo dentro do grid, como
avaliar qual estrutura será capaz de atender
títulos compridos demais, cortes
as necessidades específicas do projeto.
53
Margens são os espaços negativos entre o limite do formato e o conteúdo que cercam e definem a área viva onde ficarão os tipos e as imagens. As proporções das margens merecem muita atenção, pois ajudam a estabelecer a tensão geral dentro da composição. As margens podem ser usadas para orientar o foco, repousar os olhos ou funcionar como área para informações secundárias.
Módulos são unidades individuais de espaço separadas por intervalos regulares que, repetidas no formato da página, criam colunas e faixas horizontais.
Colunas são alinhamentos verticais que criam divisões horizontais entre as margens. A quantidade de colunas é indeterminada; às vezes têm a mesma largura, às vezes têm larguras diferentes, correspondendo a informações específicas.
Guias horizontais (flowlines) são alinhamentos que quebram o espaço em faixas horizontais. Eles ajudam a orientar os olhos no formato e podem ser usadas para criar novos pontos de partida ou pausas para o texto ou a imagem. Zonas espaciais são grupos de módulos que, juntos, formam campos distintos. Cada campo pode receber uma função específica ao apresentar a informação; por exemplo, pode-se reservar um longo campo horizontal para imagens, e o campo abaixo dele pode ser usado para uma série de colunas de texto.
Marcadores são indicadores de localização para textos secundários ou constantes, como cabeçalhos, nomes de seções, fólios ou qualquer outro elemento que ocupe sempre a mesma posição em qualquer página.
54
55
O Antigo Egito foi uma civilização da antiguidade oriental do Norte de África, concentrada ao longo ao curso inferior do
GRID RETANGULAr /EGITO
rio Nilo, no que é hoje o país moderno do Egito. Era parte de um complexo de civilizações, as “Civilizações do Vale do Nilo”, do qual também faziam parte as regiões ao sul do Egito, atualmente no Sudão, Eritreia, Etiópia e Somália. Tinha como fronteira a norte o Mar Mediterrâneo, a oeste o Deserto da Líbia, a leste o Deserto Oriental Africano e a sul a primeira catarata do Nilo. O Antigo Egito foi umas das primeiras grandes civilizações da Antiguidade e manteve durante a sua existência uma continuidade nas suas formas políticas,artísticas, literárias e religiosas, explicável em parte devido aos condicionalismos geográficos, embora as influências culturais e contatos
56
com o estrangeiro tenham sido
até ao rio Eufrates, tendo após
o desenvolvimento inicial de um
também uma realidade.
esta fase entrado em um perío-
sistema de escrita independente,
do de lento declínio. O Egito foi
a organização de construções
A civilização egípcia se aglutinou
conquistado por uma sucessão
coletivas e projetos de agricul-
em torno de 3150 a.C. com a uni-
de potências estrangeiras neste
tura, o comércio com regiões
ficação política do Alto e Baixo
período final. O governo dos
vizinhas, e campanhas milita-
Egito, sob o primeiro faraó (Nar-
faraós terminou oficialmente em
res para derrotar os inimigos
mer), e se desenvolveu ao longo
31 a.C., quando o Egito caiu sob
estrangeiros e afirmar o domínio
dos três milênios seguintes. Sua
o domínio do Império Romano e
egípcio. Motivar e organizar estas
história desenvolveu-se ao longo
se tornou uma província romana,
atividades foi uma tarefa buro-
de três grandes reinos marcados
após a derrota da rainha Cleópa-
crática dos escribas de elite, dos
pela estabilidade política, pros-
tra VII na Batalha de Ácio.
líderes religiosos, e dos administradores sob o controle de um
peridade econômica e florescimento artístico, separados por
O sucesso da antiga civilização
faraó que garantiu a cooperação
períodos de relativa instabilidade
egípcia foi causada em parte por
e a unidade do povo egípcio, no
conhecidos como Períodos Inter-
sua capacidade de se adaptar
âmbito de um elaborado sistema
mediários. O Antigo Egito atingiu
às condições do Vale do Nilo. A
de crenças religiosas.
o seu auge durante o Império
inundação previsível e a irrigação
Novo (ca. 1550-1070 a.C.), uma
controlada do vale fértil produ-
As muitas realizações dos
era cosmopolita durante a qual o
ziam colheitas excedentárias, o
antigos egípcios incluem o
Egito dominou, graças às campa-
que alimentou o desenvolvimen-
desenvolvimento de técnicas
nhas militares do faraó Tutmés
to social e cultural. Com recursos
de extração mineira, topografia
III, uma área que se estendia
de sobra, o governo patrocinou
e construção que permitiram
desde a Núbia, entre a quarta
a exploração mineral do vale e
a edificação de monumentais
e quinta cataratas do rio Nilo,
nas regiões do deserto ao redor,
pirâmides, templos e obeliscos;
57
58
um sistema de matemática,
cantos do mundo. Suas ruínas
o poder nas mãos de um gover-
um sistema prático e eficaz de
monumentais inspiraram a
nante, no grid retangular as in-
medicina, sistemas de irrigação
imaginação dos viajantes e
formações também são conden-
e técnicas de produção agrícola,
escritores ao longo de séculos.
sadas em um único bloco. Esse
os primeiros navios conhecidos,
O fascínio por antiguidades e
foi o primeiro tipo de grid foi a
faiança e tecnologia com vidro,
escavações no início do período
ser desenvolvido, assim como o
novas formas de literatura e
moderno levou à investigação
Antigo Egito foi uma das primei-
o mais antigo tratado de paz
científica da civilização egípcia e
ras grandes civilizações.
conhecido, o chamado Tratado
a uma maior valorização do seu
de Kadesh. O Egito deixou um
legado cultural.
O grid retangular ou manuscrito é a estrutura mais simples. Como
legado duradouro. Sua arte e arquitetura foram amplamente
A civilização e o grid Assim
diz o próprio nome, sua estrutura
copiadas e suas antiguidades
como os egípcios se aglutinavam
básica é uma grande área retan-
levadas para os mais diversos
perto do rio Nilo e concentravam
gular que ocupa a maior parte da
59
página. Sua tarefa é acomodar
capítulo e os fólios (números de
leitor e evitar o cansaço visual
um longo texto corrido, como
página), além do espaço para as
numa longa sessão de leitura.
um romance ou um ensaio ex-
notas de rodapé, se for o caso. Uma maneira de criar interesse
tenso, e foi desenvolvido a partir da tradição do manuscrito que
Mesmo numa estrutura tão sim-
visual é ajustar as proporções das
mais tarde resultou na impressão
ples, é preciso cuidar para que a
margens. Na página dupla, a me-
de livros. Ele tem uma estrutura
leitura, com a mesma textura pá-
dianiz (margem interna de um
primária – o bloco de texto e as
gina após página, seja agradável.
livro) precisa de uma largura su-
margens que definem sua posi-
Uma grande quantidade de texto
ficiente para impedir que o texto
ção na página – e uma secundá-
corrido com o mesmo tipo é
desapareça na espinha. Os grids
ria que define outros detalhes
essencialmente uma composição
clássicos espelham os blocos de
importantes – a localização e
neutra e passiva. Deve-se criar
texto à esquerda e à direita com
as proporções dos cabeçalhos
conforto, estímulo e interesse
uma margem central mais larga.
no topo ou no pé, o nome do
visual para manter a atenção do
Alguns designers usam uma
60
61
62
63
Os egípcios se aglutinavam perto do rio Nilo e concentravam o poder nas mãos de um governante. No grid retangular, as informações são condensadas em um único bloco.
proporção matemática para determinar um
O tamanho do tipo na mancha –
equilíbrio harmônico entre as margens e o
bem como o espaço entre linhas
peso da mancha de texto. Em geral, margens
e palavras e o tratamento do
mais largas ajudam o foco visual e dão sensa-
material subordinado – é incri-
ção de calma e estabilidade. Margens laterais
velmente importante. A escolha
estreitas aumentam a tensão porque a maté-
do tamanho do tipo e seu espa-
ria viva está mais próxima do limite do for-
çamento permite que o desig-
mato. Os grid retangulares tradicionais usam
ner aumente o interesse visual,
margens de larguras simétricas, mas também
tratando o conteúdo secundário
é possível criar uma estrutura assimétrica
de maneira a criar um contras-
com diferentes intervalos de margem. Uma
te, ainda que sutil. Note-se que
estrutura assimétrica cria mais espaço em
pequenas alterações no peso, na
branco onde os olhos podem descansar; ela
ênfase ou no alinhamento criam
também oferece espaço para notas, ilustra-
enormes diferenças na hierar-
ções pontuais ou outros elementos editoriais
quia geral da página; nestes
que são esporádicos e, portanto, não chegam
casos, menos costuma ser mais.
a articular uma verdadeira coluna.
64
GRID RETANGULAR
2 x 4 = 104 Rocket & Wink Alemanha
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GRID RETANGULAR
Das Bรถse kommt auf leisen Sohlen Sarah Matuszewski Alemanha
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GRID de colunas /Grécia
Grécia Antiga é o termo geralmente usado para descrever o mundo grego e áreas próximas (tais como Chipre, Anatólia, sul da Itália, da Françae costa do mar Egeu, além de assentamentos gregos no litoral de outros países, como o Egito). Tradicionalmente, a Grécia Antiga abrange desde 1 100 a.C. (período posterior à invasão dórica) até à dominação romana em 146 a.C., contudo deve-se lembrar que a história da Grécia inicia-se desde o período paleolítico, perpassando a Idade do Bronze com as civilizações cicládica (3000-2 000 a.C.), minoica (3000-1 400 a.C.) e micênica (1600-1 200 a.C.); alguns autores utilizam de outro período, o período pré-homérico (2000-1 200 a.C.), para incorporar mais um trecho histórico a Grécia Antiga.
70
Os antigos gregos autodenomi-
cidades-estado independentes
outra rural. Atenas, por exemplo,
navam-se helenos, e a seu país
entre si, com características
tinha 2.500 km², Siracusa tinha
chamavam Hélade, nunca tendo
próprias embora a maioria das
5.500 km² e Esparta se estendia
chamado a si mesmos de gregos
cidades-estado tivessem seus
por 7.500 km². A área urbana
nem à sua civilização Grécia, pois
sistemas econômicos parecidos,
freqüentemente se estabelecia
ambas essas palavras são latinas,
excluindo-se de Esparta.
em torno de uma colina fortificada denominada acrópole (do
tendo sido-lhes atribuídas pelos romanos. O país homônimo hoje
A cidade–estado grega Desde
grego akrós, alta e pólis, cidade).
existente descende diretamente
o século VIII a.C., formaram-
Nessa área concentrava-se o
desta, muito embora, como já
-se pela Grécia Antiga diversas
centro comercial e a manufatura.
dito acima, o termo Grécia Anti-
cidades independentes. Em
Ali, muitos artesãos e operários
ga abrange demais locais.
razão disso, cada uma delas
produziam tecidos, roupas,
desenvolveu seu próprio sistema
sandálias, armas, ferramentas,
São inúmeras as diferenças entre
de governo, suas leis, seu calen-
artigos em cerâmica evidro. Na
a Grécia moderna e a Grécia
dário, sua moeda. Essas cidades
área rural a população dedicava-
Antiga. O mundo grego antigo
eram chamadas de pólis, palavra
-se às atividades agropastoris:
estendia-se por uma área muito
grega que costuma ser traduzida
cultivo de oliveiras, videiras,
maior do que o território gre-
por cidade-estado.
trigo, cevada e criação dereba-
go atual. Além disso, há outra
De modo geral, a pólis reunia
nhos de cabras, ovelhas, porcos e
diferença básica. Hoje, a Grécia
um agrupamento humano que
cavalos. Este agrupamento visava
constitui um país, cujo nome
habitava um território cuja ex-
atingir e manter uma completa
oficial é República Helênica. Já
tensão geralmente variava entre
autonomia política e social para
a Grécia Antiga nunca foi um
algumas centenas de quilôme-
com as outras poleis gregas,
estado unificado com gover-
tros quadrados e 10.000 km²[47].
embora existisse muito comércio
no único. Era um conjunto de
Compreendia uma área urbana e
e divisão de trabalho entre as
71
72
cidade gregas. É estimado que Atenas importava 2/3 à 3/4[46] de seus alimentos e exportava azeite, chumbo, prata, bronze, cerâmica e vinho. No mundo grego encontramos muitas pólis, dentre as mais famosas, temos Messênia, Tebas, Mégara e Erétria. É estimado que seu número tenha chegado a mais de mil no séculoIV a.C.[47]. A maioria das pólis gregas eram pequenas, com populações de aproximadamente 20 mil habitantes[47] ou menos na sua área urbana. Contudo, as principais cidades eram bem maiores, no século IV a.C., estando entre elas Atenas, com estimados 170 mil habitantes, Siracusa com aproximadamente 125 mil habitantes e Esparta com apenas 40 mil habitantes. Atenas era a maior e mais rica cidade da Grécia Antiga
73
durante os séculos V e IV a.C.
mundo grego (Hélade).
Existem relatos da época que
Um exemplo de atividade cultural comum entre os gregos foram
reportam um volume comercial
Em Atenas, apesar das mulheres
os Jogos Olímpicos. A partir de
externo (soma das importações
também serem educadas para
776 a.C., de quatro em quatro
e exportações das cidades do im-
as tarefas de mãe e esposa, a
anos, os gregos das mais diversas
pério ateniense) da ordem de 180
educação era tratada de ou-
cidades reuniam-se em Olímpia
milhões de dracmas áticos, valor
tra forma, pois até mesmo nas
para a realização de um festival
duas ou três vezes superior ao
classes mais pobres da sociedade
de competições. Esse festival
orçamento do Império Aquemê-
ateniense encontrava-se homens
ficou conhecido como Jogos
nica na mesma época.
alfabetizados. Eles eram instru-
Olímpicos. Os jogos olímpicos
ídos para cuidarem não só da
eram realizados em honra a Zeus
Cultura Os gregos tinham con-
mente como também do corpo, o
(o mais importante deus grego) e
flitos e diferenças entre si, mas
que lhes dava vantagem na hora
incluíam provas de diversas mo-
muitos elementos culturais em
da guerra, pois eram tão bons
dalidades esportivas: corridas,
comum. Falavam a mesma lín-
guerreiros quanto eram estra-
saltos, arremesso de disco, lutas
gua (apesar dos diferentes diale-
tegistas. Os meninos, quando
corporais. Além do esporte havia
tos e sotaques) e tinham religião
ainda pequenos - aos sete anos
também competições musicais
comum, que se manifestava na
de idade -, já começavam suas
e poéticas. Os Jogos Olímpicos
crença nos mesmos deuses. Em
instruções na escola e em suas
eram anunciados por todo o
função disso, reconheciam-se
próprias casas. O Pedagogo - um
mundo grego dez meses antes de
como helenos (gregos) e chama-
escravo especial - eram escolhi-
sua realização. Os gregos atri-
vam de bárbaros os estrangeiros
dos a orientá-los. Antigos poetas
buíam tamanha importância a
que não falavam sua língua e não
como Homero eram citados em
essas competições que chegavam
tinham seus costumes, ou seja,
suas aprendizagens.
a interromper guerras entre ci-
os povos que não pertenciam ao
dades (trégua sagrada) para não
74
prejudicar a realização dos jogos.
Um dos mais expressivos monumentos do
Pessoas dos lugares mais distan-
período antigo é o Partenon, templo com co-
tes iam a Olímpia a fim de assistir
lunas dóricas, construído entre 447 e 438 a.C.
aos jogos. Havia, entretanto,
naacrópole de Atenas, e dedicado à padroeira
proibição à participação das
da cidade, Athenea Párthenos. A construção
mulheres, seja como esportistas,
foi projetada pelos arquitetos Calícrates e Ic-
seja como espectadoras.
tinos, e é comandada por Fídias. Suas linhas arquitetônicas serviram de inspiração para a construção de muitos outros edifícios em todo o mundo.
75
Os gregos praticavam um culto politeísta antropomórfico, em que os deuses poderiam se envolver em aventuras fantásticas, tendo, também, a participação de heróis (Hércules,Teseu, Perseu, Édipo) que eram considerados divinos. Não havia dogmas e os deuses possuíam tanto virtudes quanto defeitos, o que os assemelhava aos mortais no aspecto de personalidade. Para relatar os feitos dos deuses e dos heróis, os gregos criaram uma rica Mitologia. Normalmente, as cerimônias públicas, mesmo de cunho político, eram antecedidas por práticas religiosas, o que reflete a importância da religião entre os gregos antigos. Mas essa religião foi superada pela Filosofia. Apesar da autonomia política das cidades-estados, os gregos estavam unificados em termos religiosos. Entre as divindades cultuadas estavam: Zeus (senhor dos deuses),Hades (deus do mundo inferior), Deméter (deusa da agricultura), Posídon (deus do mar),Afrodite (deusa do amor), Apolo (deus do sol e das artes), Dionísio (deus do vinho), Atena(deusa
76
77
78
da sabedoria), Artêmis (deusa da
transe e pronunciava palavras
sistema educacional, na filosofia,
caça e da lua), Hermes (deus das
sem nexo que eram interpretadas
na ciência, na tecnologia, na arte
comunicações), Hera (protetora
pelos sacerdotes, revelando o
e naarquitectura moderna, parti-
das mulheres) e muitas outras.
futuro dos peregrinos.
cularmente durante a renascença
Além dos grandes santuários
da Europa ocidental e durante
como os de Delfos, Olímpia
Legado A cultura da Grécia
os diversos reviveres neoclássi-
e Epidauro, havia os oráculos
Antiga é considerada a base da
cos dos séculos XVIII e XIX, na
que também recebiam grandes
cultura da civilização ocidental.
Europa e Américas. Conceitos
multidões, pois lá se acreditava
A cultura grega exerceu poderosa
como cidadania e democracia
receber mensagens diretamente
influência sobre os romanos, que
são gregos, ou pelo menos de
dos deuses. Um exemplo claro
se encarregaram de repassá-la a
pleno desenvolvimento na mão
estava no Oráculo de Delfos,
diversas partes da Europa. A civi-
dos gregos. Qualquer história da
onde uma pitonisa (sacerdotisa
lização grega antiga teve influên-
Grécia Antiga requer cautela na
do templo de Apolo) entrava em
cia na linguagem, na política, no
consulta a fontes. Os historia-
79
dores e escritores políticos cujos
Um traço marcante da arquite-
podem ficar numa coluna ao
trabalhos sobreviveram ao tempo
tura grega é o uso de colunas,
lado: essa disposição separa cla-
eram, em sua maioria, atenienses
estabelecendo “ordens” caracte-
ramente as legendas do material
ou pró-atenienses, e todos con-
rísticas: dórica, jônica e coríntia.
primário, mas permite que o
servadores. Por isso se conhece
A arquitetura clássica tem como
designer crie uma relação direta
melhor a história de Atenas do
princípios a racionalidade, a
entre estes dois textos.
que a história das outras cidades;
ordem, a beleza e a geometria.
além disso, esses homens con-
Essas qualidades são transpos-
A largura das colunas depende
centraram seus trabalhos mais
tas para o design editorial com o
da fonte usada no texto prin-
em aspectos políticos (emilitares
uso do grid de colunas.
cipal. O objetivo é definir uma
e diplomáticos, desdobramentos
largura capaz de conter uma
daqueles), ignorando o que veio
A informação descontínua se
quantidade cômoda de carac-
a se conhecer modernamente
beneficia da organização em
teres numa linha de tipos em
por história econômica e social.
colunas verticais. As colunas po-
Toda a história da Grécia antiga
dem ser dependentes umas das
precisa dar atenção à condução
outras no texto corrido, indepen-
parcial pelas fontes.
dentes para pequenos blocos de texto ou somadas para formar
A civilização e o grid O Parthe-
colunas mais largas; o grid de
non – templo dedicado à deusa
colunas é muito flexível e pode
Atena, na Acrópole de Atenas–,
ser usado para separar diversos
erguido entre 447 a.C. e 438
tipos de informação. Por exem-
a.C., no governo de Péricles,
plo, algumas colunas podem ser
é uma das mais conhecidas e
reservadas para o texto corrido e
admiradas construções gregas.
imagens grandes, e as legendas
80
um determinado tamanho. Se a
a proporção coluna/margem ao
como uma linha do tempo, um
coluna for muito estreita, prova-
seu gosto ou intenção.
subitem ou um texto destacado (conhecido como “olho”).
velmente haverá muita quebra de palavras, e será difícil chegar a
Num grid de coluna, também
uma textura uniforme. No outro
existe uma estrutura subordi-
Quando se lida com vários tipos
extremo, com uma coluna larga
nada. São as guias horizontais
de informação radicalmente
demais para determinado corpo
(flowlines): intervalos verticais
diferentes entre si, uma opção
de letra, o leitor terá dificuldade
que permitem acomodar na
é criar um grid de coluna para
em localizar o começo das linhas.
página certas quebras de texto
cada um deles, em vez de tentar
Testando os efeitos de mudar o
ou imagens e criar faixas hori-
juntá-los em um só. A natureza
tamanho do corpo, da entrelinha
zontais de fora a fora. A linha de
da informação a ser veiculada
e dos espaçamentos, o designer
topo oi “varal” (hangline) é um
pode pedir um grid de duas co-
conseguirá achar uma boa largu-
tipo de guia horizontal: a linha
lunas e um outro de três colunas,
ra de coluna. Num grid de coluna
imaginária traçada no alto do
ambos com as mesmas margens.
tradicional, a entrecoluna recebe
texto principal. Ela define a que
Nesse grid composto, a coluna
uma medida x, e as margens
distância do topo da página deve
central do grid de três colunas
geralmente recebem o dobro
se iniciar o texto em coluna. Às
se sobrepõe à entrecoluna do
da largura da entrecoluna, ou
vezes uma guia horizontal perto
grid de duas. Um grid de coluna
seja, 2x. As margens mais largas
do topo define a posição para os
composto pode ser formado por
que as entrecolunas dirigem o
cabeçalhos, os fólios ou os divi-
dois, três, quatro ou mais grids
olhar para dentro, diminuindo a
sores de seções; outras guias ho-
diferentes, cada um destinado a
tensão entre as bordas da coluna
rizontais no meio ou mais abaixo
um tipo específico de conteúdo.
e os limites do formato. Mas não
da página podem criar áreas para
existe uma regra geral, e os de-
imagens ou outros tipos de textos
signers têm liberdade de adaptar
concorrendo com o principal,
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GRID DE COLUNAS
Offscreen Magazine Kai Brach テ「stria
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GRID DE COLUNAS
TBI Annual Report 2010 Edwin van Praet The Hague, Holanda
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GRID DE COLUNAS
GO SKATEBOARDING MAG Luis Vicente Hernandez Madri, Espanha
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A civilização maia foi uma cultura mesoamericana pré-colombiana, notável por sua língua
GRID Modular / Maias
escrita (único sistema de escrita do novo mundo pré-colombiano que podia representar completamente o idioma falado no mesmo grau de eficiência que o idioma escrito no velho mundo), pela sua arte,arquitetura, matemática e sistemas astronômicos. Inicialmente estabelecidas durante o período pré-clássico (1000 a.C. a 250 d.C.), muitas cidades maias atingiram o seu mais elevado estado de desenvolvimento durante o período clássico (250 d.C. a 900 d.C.), continuando a se desenvolver durante todo o período pós-clássico, até a chegada dos espanhóis. No seu auge, era uma das mais densamente povoadas e culturalmente dinâmicas sociedades do mundo.
90
91
Os maias dividem muitas carac-
nização espanhola das Américas.
mutuamente. Os monumen-
terísticas com outras civilizações
Hoje, os maias e seus descenden-
tos mais antigos consistem em
da Mesoamérica, devido ao
tes formam populações conside-
simples montículos remanescen-
alto grau de interação e difusão
ráveis em toda a área antiga maia
tes de tumbas, precursoras das
cultural que caracteriza a região.
e mantém um conjunto distinto
pirâmides erguidas mais tarde.
Avanços como a escrita, epigrafia
de tradições e crenças que são o
Eventualmente, a cultura olmeca
e o calendário não se originaram
resultado da fusão das ideologias
ter-se-ia desvanecido depois de
com os maias; no entanto, sua
pré-colombianas e pós-conquis-
dispersar a sua influência na pe-
civilização se desenvolveu ple-
ta (e estruturado pela aprova-
nínsula de Iucatã, na Guatemala
namente. A influência dos maias
ção quase total do catolicismo
e em outras regiões.
pode ser detectada em países
romano). Muitas línguas maias
como Honduras, Guatemala, El
continuam a ser faladas como
A civilização maia tinha eco-
Salvador e na região central do
línguas primárias ainda hoje.
nomia preponderantemente
México, a mais de 1000 km da
agrícola, embora praticassem
área maia. Muitas influências ex-
As evidências arqueológicas
ativamente o comércio em toda
ternas são encontrados na arte e
mostram que os maias começa-
a Mesoamérica e possivelmente
arquitetura Maia, o que acredita-
ram a edificar sua arquitetura
para além desta. Entre os prin-
-se ser resultado do intercâmbio
cerimonial há 3000 anos. En-
cipais produtos do comércio
comercial e cultural, em vez de
tre os estudiosos, há um certo
estavam o jade, o cacau, o sal e
conquista externa direta. Os
desacordo sobre os limites e
a obsidiana, e os comerciantes
povos maias nunca desaparece-
diferenças entre a civilização
gozavam de grandes privilégios.
ram, nem na época do declínio
maia e a cultura mesoamericana
Como unidade de troca, utiliza-
no período clássico, nem com
pré-clássica vizinha dos olmecas.
vam sementes de cacau e sinetas
a chegada dosconquistadores
Os olmecas e os maias antigos
de cobre, material que empre-
espanhóis e a subsequente colo-
parecem ter-se influenciado
gavam também para trabalhos
92
ornamentais, ao lado do ouro,
Ainda que as cidades maias esti-
norte do Iucatã se converteram
da prata, do jade, das conchas
vessem dispersas na diversidade
em municipalidades muito
do mar e das plumas coloridas.
da geografia da Mesoamérica, o
extensas enquanto que outras,
Entretanto, desconheciam as
efeito do planejamento parecia
construídas nas colinas das mar-
ferramentas metálicas. Mas a
ser mínimo; suas cidades foram
gens do rio Usumacinta, utiliza-
base econômica era mesmo a
construídas de uma maneira um
ram os declives e montes natu-
agricultura, principalmente do
pouco descuidada, como ditava
rais de sua topografia para elevar
milho, praticada com a ajuda
a topografia e declive particu-
suas torres e templos a alturas
da irrigação, utilizando técnicas
lar. A arquitetura maia tendia a
impressionantes. Ainda assim
rudimentares e itinerantes, o que
integrar um alto grau de carac-
prevalece algum sentido de or-
contribuiu para a destruição de
terísticas naturais. Por exemplo,
dem, como é requerido por qual-
florestas tropicais nas regiões
algumas cidades existentes nas
quer grande cidade. No começo
onde habitavam.
planícies de pedra calcária no
da construção em grande escala,
93
geralmente se estabelecia um ali-
era. Somente existem fragmentos
incríveis cidades como Chichén
nhamento com as direções cardi-
da pintura avançada dos maias
Itzá, Tikal e Uxmal. Devido às
nais e, dependendo do declive e
clássicos, a maioria sobrevivente
suas muitas semelhanças assim
das disponibilidades de recursos
em artefatos funerários e outras
como diferenças estilísticas, os
naturais como água fresca (poços
cerâmicas. Também existe uma
restos da arquitetura maia são
ou cenotes), a cidade crescia
construção em Bonampak que
uma chave importante para o
conectando grandes praças com
tem murais antigos e que, afortu-
entendimento da evolução de
as numerosas plataformas que
nadamente, sobreviveram a um
sua antiga civilização.
formavam os fundamentos de
acidente desconhecido até hoje.
quase todos os edifícios maias,
Com as decifrações da escrita
por meio de calçadas chamadas
maia se descobriu que essa civi-
sacbeob (singular sacbe).
lização foi uma das poucas nas quais os artistas escreviam seu
Muitos consideram a arte maia
nome em seus trabalhos.
da Era Clássica (200 a 900 d.C.) como a mais sofisticada e bela do
A arquitetura maia abarca vários
Novo Mundo antigo. Os entalhes
milênios; ainda assim, mais
e relevos em estuque de Palen-
dramática e facilmente reconhe-
que e a estatuária de Copán
cíveis como maias são as fantás-
são especialmente refinados,
ticas pirâmides escalonadas do
mostrando uma graça e obser-
final do período pré-clássico em
vação precisa da forma humana,
diante. Durante este período da
que recordaram aos primeiros
cultura maia, os centros de poder
arqueólogos da civilização do
religioso, comercial e burocráti-
Velho Mundo, daí o nome dado à
co cresceram para se tornarem
94
95
96
O grid modular, como o próprio nome diz, é dividido em módulos que podem se interligar de acordo com a necessidade das informações diagramadas.
O grid e a civilização Os maias
horizontais que subdividem as colunas em
construíram as famosas cidades
faixas horizontais, criando uma matriz de
de Tikal, Palenque, Copán e Ca-
células chamadas módulos. Cada módulo
lakmul, e também Dos Pilas, Ua-
define um pequeno campo de informação.
xactún, Altún Ha, e muitos outros
Juntos, esses módulos definem áreas chama-
centros habitacionais na área.
das zonas espaciais que podem receber fun-
Jamais chegaram a desenvolver
ções específicas. O grau de controle dentro
um império, embora algumas
do grid depende do tamanho dos módulos.
cidades-estado independentes
Os menores oferecem mais flexibilidade e
tenham formado ligas tempo-
maior precisão, mas um excesso de subdivi-
rárias, associações e mesmo
sões pode gerar confusão ou redundância.
rápidos períodos de suserania. O grid modular, como o próprio
As proporções do módulo podem ser deter-
nome diz, também é dividido em
minadas de inúmeras maneiras. Por exemplo,
módulos que podem se interligar
o módulo pode ter a largura e a altura de
de acordo com a necessidade das
um parágrafo médio do texto principal. A
informações diagramadas.
proporção dos módulos pode ser vertical ou horizontal, e essa decisão pode estar rela-
Projetos muito complexos exi-
cionada com os tipos de imagens ou com
gem um grau maior de controle
a ênfase geral pretendida pelo designer. As
do que o de um grid de coluna,
proporções das margens devem ser avaliadas
e neste caso a melhor opção
simultaneamente em relação aos módulos
pode ser o grid modular. Um grid
e aos espaços entre eles. Os grids modula-
modular é, essencialmente, um
res geralmente são usados para coordenar
grid de coluna com muitas guias
sistemas de publicações. Se o designer tem
97
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99
oportunidade de considerar todos os conte-
Bauhaus e do Estilo Internacio-
údos (ou a maioria deles) que estarão dentro
nal suíço, que defende a objeti-
do sistema, os formatos podem derivar do
vidade e a ordem, a redução aos
módulo ou vice-versa. Ao calibrar a relação
princípios essenciais e a clareza
entre formato e módulo, o designer atinge
na forma e na comunicação.Os
vários objetivos: a proporcionalidade entre os
designer que adotam esses ideais
diversos formatos significa que irão criar um
às vezes usam grids modulares
conjunto harmonioso; é mais fácil que as pe-
para transmitir esse racionalismo
ças possam ser produzidas ao mesmo tempo,
como um invólucro interpretati-
e isso diminui muito os custos.
vo de uma determinada comunicação visual. Mesmo projetos
Um grid modular também serve para o
com demandas informativas
desenho de informações tabulares, como
simples ou com um único forma-
gráficos, formulários, diagramas ou sistemas
to podem ser estruturados com
de navegação. A repetição exata do módulo
um rígido grid modular, acres-
ajuda a padronizar o espaço nas tabelas ou
centando um maior senso de
formulários, e a integrá-los na estrutura do
ordem, clareza e seriedade, ou
texto e imagens adjacentes.
uma impressão urbana, matemática ou tecnológica.
Além de sua praticidade, o grid modular desenvolveu um padrão estético e conceitual atraente para alguns designers. Entre os anos 1950 e 1980, ele esteve associado a uma ordem política e social ideal. Esses ideais derivam da concepção racionalista da
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GRID MODULAR
Chic Magazine Face. Monterrey, Mexico
101
102
GRID MODULAR
I Love Bodoni TwoPoints.Net Barcelona, Espanha
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GRID MODULAR
Pocketmag. Face. Monterrey, Mexico
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107
GRID HIerárquico /ROMA
Denomina-se Roma Antiga a civilização que surgiu de uma pequena comunidade agrícola fundada napenínsula Itálica no século X a.C.. Localizada ao longo do mar Mediterrâneo e centrada na cidade de Roma, tornou-se um dos maiores impérios do mundo antigo. Em seus séculos de existência, a civilização romana passou de uma monarquia para uma república oligárquica, até se transformar em um império cada vez mais autocrático. O Império Romano chegou a dominar o Sudoeste da Europa Ocidental, Sudeste da Europa/Bálcãs e toda a bacia do Mediterrâneo através da conquista e assimilação. Devido à instabilidade política e econômica interna e às migrações dos povos bárbaros, a parte ocidental do império, incluindo a Itália, Hispania, Gália, Britânia
108
e África, dividiu-se em reinos
clássica” com a Grécia Antiga,
monumentalidade). É comum
independentes no século V. Esta
uma civilização que, junto com
se dizer que Roma conquistara
desintegração é o marco que
a civilização etrusca e as muitas
a Grécia militarmente, fora por
historiadores usam para dividir
outras civilizações que os roma-
ela conquistada culturalmente.
a Antiguidade da Idade Média.
nos conquistaram e assimilaram,
No começo do período impe-
O Império Romano do Oriente,
inspirou grande parte da cultura
rial, destacavam-se os romanos
governado a partir de Cons-
da Roma Antiga. A Roma antiga
que dominavam a língua grega,
tantinopla, surgiu depois que
contribuiu grandemente para
vestiam-se como os gregos e co-
Diocleciano dividiu o império
o desenvolvimento do direito,
nheciam as notícias sobreAtenas
em 286 e sobreviveu a essa crise.
governo, guerra, arte, literatura,
e Corinto. Em Roma, as casas
Compreendia a Grécia, Balcãs,
arquitetura,tecnologia, religião e
da elite eram decoradas com
Ásia Menor, Síria e Egito. Apesar
da linguagem no mundo ociden-
estátuas e vasos gregos, originais
da posterior perda da Síria e do
tal e sua história continua a ter
ou réplicas. Roma tornara-se “a
Egito para o Império Árabe-
uma grande influência sobre o
maior cidade grega do mundo”.
-Islâmico, o Império Romano do
mundo de hoje.
Oriente continuou existindo por
A arte romana desenvolveu-
mais outro milênio, até que seus
A cultura romana foi muito
-se principalmente a partir do
restos foram finalmente ane-
influenciada pela cultura grega.
século II a.C. Para os romanos, a
-xados pelo emergente Império
Os romanos adotaram mui-
arquitetura era uma arte práti-
Otomano. Este estágio oriental,
tos aspectos da arte, pintura
ca por excelência. Construíram
cristão e medieval do império é
e arquitetura grega. Ao longo
obras importantes, como pontes,
geralmente chamado de Império
de sua história, a arte romana
viadutos, aquedutos, arcos e
Bizantinopelos historiadores.
sofreu três grandes influências:
colunas triunfais, estradas, ter-
A civilização romana é muitas
a etrusca (na técnica), a grega
mas, teatros, anfiteatros e circos.
vezes agrupada na “antiguidade
(na decoração) e a oriental (na
Destacavam-se as técnicas do
109
110
arco pleno ou de meia circunfe-
pedras e tijolos bem cozidos para
de escala. Alguns especialistas
rência, que permitiam a constru-
edificar e argamassas e mármore
recentes acreditam que Roma se
ção de abóbadas e cúpulas, e da
nos revestimentos.
tenha formado a partir de uma
coluneta ou conjunto de colunas.
aldeia de agricultores e pastores.
Embora se valessem de estilos
Na Roma antiga, a agricultu-
Inicialmente, a terra era utilizada
gregos - jônico e coríntio -, os ro-
ra era a atividade econômica
de forma comunitária, com base
manos desenvolveram dois tipos
fundamental, diferente de outros
em grupos de famílias chamados
de colunas: a toscano e o compó-
povos da época, que preferiam
clãs ou gens. Mas essa situação
sito (uma sobreposição dos dois
dar maior importância ao co-
começara a mudar com a expan-
estilos gregos mencionados). De-
mércio e ao artesanato. Mas isso
são de territórios e o crescimento
senvolvendo novas concepções
se deve, em parte, à geografia
econômico e populacional. As fa-
de espaço, os arquitetos romanos
favorável dapenínsula Itálica,
mílias mais antigas e poderosas,
souberam solucionar problemas
que, ao contrário das terras da
que possuíam terras mais férteis,
de ventilação, iluminação e cir-
Grécia, por exemplo, permitia
passaram a apropriar-se de terras
culação. Utilizaram largamente
o trabalho agrícola em gran-
que até então eram públicas.
111
Num processo de ocupação de
O grid e a civilização
livres constituíam ponto de
terras, os romanos chegaram
Roma era dividida em grupos
apoio da dominação política e
numa situação em que, de um
sociais diversos: os patrícios, os
militar dos patrícios. Os plebeus
lado, havia os grandes lati-
clientes, os plebeus e os escravos.
eram comerciantes, artesãos e
fundiários que concentravam
Cada um desses grupos gozava
trabalhadores agrícolas. Apesar
todos os poderes políticos das
de diferentes direitos e tinha
da conotação do nome, ha-
regiões e, de outro, os pequenos
também seus deveres dentro
via plebeus ricos. Os escravos
proprietários que, sem direitos
da organização da sociedade.
representavam uma proprieda-
de manifestação e de represen-
Os grandes proprietários de
de, e, assim, o senhor tinha o
tação, viam-se arruinados pela
terras desfrutavam de direitos
direito de castigá-los, de vendê-
contínua perda de suas próprias
políticos e podiam desempe-
-los ou de alugar seus serviços.
terras. Isso causou desequilí-
nhar altas funções públicas no
Muitos escravos também eram
brios sociais e, durante vários
exército, na religião, na justiça
eventualmente libertados. Essa
séculos, conflitos.
ou na administração. Eram os
hierarquia que se estabalecia
cidadãos romanos. Os homens
entre os grupos sociais romanos
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115
é encontrada também no tipo de
mudança de peso, do tamanho
sionar a janela do navegador, exi-
grid estudado nesse capítulo.
e da posição na página pode
ge uma flexibilidade na largura e
resultar numa armação repro-
comprimento que impede uma
Às vezes as exigências visuais
dutível em páginas múltiplas. Às
abordagem estritamente modu-
e informativas de um projeto
vezes um grid hierárquico unifica
lar, mas continua a requerer uma
demandam um grid especial
elementos díspares ou cria uma
padronização dos alinhamentos
que não se encaixa em nenhuma
superestrutura que contrapões
e áreas de exibição.
categoria. Esses grids se adaptam
elementos orgânicos numa única
às exigências da informação, mas
aplicação, como um cartaz. Um
Esse tipo de grid, seja em livros,
se baseiam mais numa disposi-
grid hierárquico também serve
cartazes ou páginas de internet, é
ção intuitiva dos alinhamentos,
para unificar os diversos lados
uma abordagem quase orgânica
posicionados conforme as várias
de uma embalagem ou para criar
da ordenação dos elementos e da
proporções dos elementos, do
novos arranjos visuais, quando
informação que ainda unifica ar-
que na repetição regular dos
dispostos em grupos.
quitetonicamente todas as partes
intervalos. A largura das colunas e entrecolunas costuma variar.
no espaço tipográfico. A página de internet é um exemplo de grid hierárquico. No
A construção de um grid hie-
começo da web, muitas variáveis
rárquico começa com o estudo
da composição de página eram
da variação ótica dos vários
instáveis devido às configurações
elementos em diferentes posi-
do navegador do usuário final.
ções espontâneas, e depois com
Mesmo hoje, podendo configurar
a definição de uma estrutura
margens fixas, o conteúdo dinâ-
racionalizada que irá coordená-
mico presente na maioria dos
-los. A atenção às nuances da
sites, além da opção de redimen-
116
GRID HIERĂ RQUICO
Site Chic Magazine Face. Monterrey, Mexico
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Site RWTH Aachen Aperto Berlim, Alemanha
118
GRID HIERĂ RQUICO
Site Pocketmag. Face. Monterrey, Mexico
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As sociedades humanas saíram da barbárie por meio de um longo processo civilizatório que abrange séculos de história e inclui a evolução de inúmeras civilizações, entre as quais se destacam as retratadas neste livro. Se hoje vivemos bem e por muito
CONCLUSÕES
tempo, de maneira confortável nas grandes cidades e produzindo como nunca se imaginou ser possível, isso é consequência de uma história de glória e declínio de muitos povos que já habitaram esse planeta. Todos esses povos se organizavam de alguma maneira, alguns mais sofisticadamente que outros, para que se pudesse não só sobreviver, mas também viver em sociedade. Somos herdeiros de toda essa história e incorporamos muitos hábitos e descobertas dessas sociedades que nos antecedem.
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Assim, pode-se dizer então que o
possibilidades. O diagramador, como quem
grid - também conhecido como
brinca de Lego, monta, desmonta, combina,
grade - representa, para o design
separa, testa, repete, varia, cria. As relações
editorial, um sinal de evolução,
de escala e distribuição entre os elementos
uma marca de que muito se estu-
informativos – imagens ou palavras – ajudam
dou para que se chegasse hoje a
o observador a entender seu significado.
um nível de organização compo-
Itens parecidos são distribuídos de maneiras
sitiva que fornece ao leitor todos
parecidas para que suas semelhanças ga-
os instrumentos para que ele
nhem destaque e possam ser identificadas. O
possa receber as informações da
grid converte os elementos sob seu controle
melhor maneira possível. Viemos
num campo neutro de regularidade que
dos grandes manuscritos feitos
permite acessá-los – o observador sabe onde
em blocos de texto quase sem
localizar a informação procurada porque os
margens ou espaçamento para
pontos nos quais se cruzam as divisões hori-
chegar hoje a um nível de sofis-
zontais e verticais funcionam como sinaliza-
ticação que nos permite estabe-
dores daquela informação. O sistema ajuda
lecer parâmetros organizativos
o observador a entender seu uso. Em certo
e ainda assim criar dentro deles
sentido, o grid é como um fichário visual.
para que o leitor não se entedie. Se o designer gráfico deve fazer com que a O grid é, como o Lego, um
mensagem chegue a seu receptor de maneira
universo em si mesmo. Com
clara e concisa, então o grid é a ferramenta
uma variedade de peças que a
que ele deve usar para isso.
princípio parece limitada, pode-se descobrir uma infinidade de
123
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Este livro foi composto nas tipologias Code Pro e Utopia e impresso em papel Coronado Bright White Vellum 148g/m².