AGROMUNDO
E D I Ç ÃO 1 1 | A N O I I I
TECNOLOGIA
CRESCE O USO DE DRONES NO CAMPO TRIBUTAÇÃO
IMPOSTOS PESAM NO AGRONEGÓCIO
QUEIJO ARTESANAL
Economia em alta com sabor do Marajó
O potencial pecuário do Pará também tem elevado a produção de laticínios, como o queijo fabricado de forma tradicional com o leite de búfala. Queijarias da região geram emprego e renda, e buscam reconhecimento nacional do produto marajoara.
FOTO: FERNANDO SETTE
AGROMUNDO
AGROMUNDO DELTA PUBLICIDADE - JORNAL O LIBERAL EDIÇÃO Nº 11 ANO III Presidente LUCIDÉA BATISTA MAIORANA Presidente Executivo RONALDO MAIORANA Vice-Presidente ROSÂNGELA MAIORANA KZAM Diretora Comercial ROSEMARY MAIORANA Conselho Editorial RONALDO MAIORANA ROSÂNGELA MAIORANA KZAM LÁZARO MORAES REDAÇÃO Jornalista responsável e editor-chefe FELIPE JORGE DE MELO
FERNANDO SETTE
UM QUEIJO PECULIAR
PRODUTORA RECEBE JUSTA HOMENAGEM
PÁGINA 16
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Benedita Almeida é premiada pelo trabalho
Derivado do leite de búfala do Marajó ganha mercado nacional
(SRTE-PA 1769)
Federal do Pará, Universidade do Estado do Pará, Universidade Federal Rural da Amazônia, Embrapa Amazônia Oriental, Sebrae-PA, Imerys (acervo); Abílio Dantas, Jamille Reis, João Paulo Jussara (reportagem); Jamille Reis (produção); Fernando Sette
PRO ALTO E AVANTE
Drones são cada vez mais usados no campo PÁGINA 11
BAYER/ DIVULGAÇÃO
Colaboraram para esta edição O Liberal, Agência Pará de Notícias, Universidade
(fotos); Fernando Sette (Diagramação). FOTO DA CAPA Produção de queijo do Marajó (PA), por Fernando Sette AGROMUNDO é editada por Delta Publicidade S/A CNPJ (MF) 04.929.683/0001-17. Inscrição estadual: Isenta/ Inscrição Municipal: 032.632-5 Avenida Romulo Maiorana, 2473 Marco - Belém - Pará.
REALIZAÇÃO
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AGROMUNDO
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SEÇÕES
PLANTAÇÃO Cacau é ouro no Pará
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PISCICULTURA Criação de tambaqui
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SUSTENTABILIDADE Merenda saudável
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TERRAS Cadastro Ambiental Rural
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CRÉDITO Banco da Amazônia no Estado
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AS 5 MAIS Artistas sertanejos de 2018
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RETRATO Um olhar sobre o Marajó
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TRIBUTOS PESAM NO AGRONEGÓCIO Impostos sobre a produção local ainda são entrave na economia PÁGINA 24
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CERTIFICAÇÃO
CACAU DE PROCEDÊNCIA
DIVULGAÇÃO/ SEBRAE
Tomé-Açu recebe primeira Indicação Geográfica do Pará, assegurando qualidade na produção
O
primeiro produto paraense a receber o registro de Indicação Geográfica (IG) é o cacau de Tomé-Açu. A conquista foi obtida com o deferimento do pedido, publicado no dia 30 de outubro de 2018, na Revista da Propriedade Industrial Nº 2495, do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Até o final do ano, a Associação Cultural e Fomento Agrícola de Tomé Açu (ACTA), receberá a concessão definitiva. O sonho de prosperar com o cacau veio na bagagem de imigrantes japoneses, que chegaram ao Pará em 1929. A espécie foi uma das primeiras que os japoneses tentaram introduzir na região de Tomé-Açu,
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nordeste do Estado. Devido ao desconhecimento das técnicas de cultivo, a ideia foi inicialmente abandonada. “Tivemos orientação para cultivar colocando a semente direto na terra, mas vinha as cotias do mato e comiam tudo. Por isso, desistimos do cacau na época”, conta Hajime Yamada, de 92 anos, membro do primeiro grupo de japoneses que chegou a Tomé-Açu. A prosperidade veio com a pimenta-do-reino, considerada o “diamante negro”, tornando Tomé-Açu referência mundial nesse cultivo. Com o declínio na década de 70, surgiu novamente o interesse em apostar em outras culturas. Foi então que o cacau voltou à cena. “Com o declínio do monocultivo da pimenta-do-reino, houve a reintrodução do cacau, como cultura al-
ternativa, e o cultivo contínuo do solo para geração de renda a curto, médio e longo prazo. Assim surgiu o sistema agroflorestal de Tomé-Açu, o SAFTA”, conta Silvio Shibata, diretor presidente da ACTA. A produção pelo SAFTA é o que garante a autenticidade do cacau de Tomé-Açu, pois esse um modelo exclusivo de agricultura sustentável na Amazônia, desenvolvido pela comunidade nipo-brasileira. Com o sistema, o cacau cresce em um ambiente que simula o de uma floresta nativa, de forma sustentável.
MODELO SUSTENTÁVEL
O processo da Indicação Geográfica de Tomé-Açu foi iniciado a partir de uma demanda de mercado comprador de amêndoas de cacau
MERCADO
O processo da Indicação Geográfica de Tomé-Açu foi iniciado a partir de uma demanda de mercado. A empresa japonesa Meiji, DEZEMBRO2018
CERTIFICAÇÃO compradora de amêndoas de cacau para fabricação de chocolate, interessou-se em identificar seu produto como um chocolate com matéria prima produzida por japoneses na Amazônia. A fábrica solicitou que os produtores buscassem alguma certificação ou registro que garantisse a origem do produto. “Fomos procurados pela experiência que o Sebrae em todo o Brasil, apoiando pequenos produtores na busca pela Indicação Geográfica”, conta Fabiano Andrade, gestor do projeto de fruticultura do Sebrae no Pará. A instituição foi responsável pela elaboração do diagnóstico base para a solicitação do IG, além de prestar consultorias para acompanhamento das entregas necessárias para o andamento do processo e preparo dos empresários para administrar o uso do selo. Além do Sebrae, várias instituições apoiam os produtores no processo, como a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Embrapa, Semagri, Sema, Emater, entre outras. O trabalho para a obtenção da IG é longo e exigente, com vários critérios exigidos pelo INPI, entre eles a organização de uma entidade representativa dos produtores, regulamento de uso do nome geográfico, comprovação da existência de uma estrutura de controle, entre outros. “Com o registro, os negócios ficam mais competitivos no mercado, pela qualidade dos produtos e garantia de sua origem. Além do mais, a Indicação estimula o desenvolvimento local e valoriza o trabalho das pessoas que lutam pela preservação da cultura de sua região”, destaca Fabrizio Guaglianone, diretor-superintendente do Sebrae no Pará. O pedido da certificação do Cacau de Tomé-Açu junto ao INPI iniciou em outubro de 2014. A ACTA, como detentora do registro, é responsável por manter um conselho regulador que deve preservar, divulgar, proteger os produtos registrados, sua qualidade e procedência. “Nosso desafio agora será adequar a produção, não só dos cooperados, para atender às exigências que a certificação determina e, assim, fazer com que o selo beneficie toda a comunidade de Tomé-Açu”, explica Alberto Oppata, presidente da Cooperativa Agrícola Mista de Tomé-Açu (CAMTA), uma das instituições que compõem o conselho regulador da IG. Os produtores rurais agora querem conquistar a IG da pimenta-do-reino. Diversas instituições envolvidas no IG do cacau assinaram no dia 21 de novembro, em Tomé-Açu, um protocolo de intenções para essa nova etapa. Além de Tomé-Açu, o Sebrae também apoia os produtores do Queijo do Marajó e da Farinha de Bragança na conquista da IG. DEZEMBRO2018
APOIO NA PRODUÇÃO
Produtores de cacau de Tomé-Açu recebem orientação do Sebrae. “Com o registro, os negócios ficam mais competitivos no mercado”, afirma Fabrizio Guaglianone, diretor-superintendente do Sebrae no Pará
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AGRICULTURA FAMILIAR
UMA GRATA SURPRESA
DIVULGAÇÃO/ BAYER
Produtora rural Benedita do Nascimento, de Moju, é destaque em prêmio nacional voltado para o agronegócio TEXTO JAMILLE REIS
B
enedita Almeida do Nascimento, de 54 anos (à esquerda), sempre viveu da agricultura, sua única fonte de renda. Nascida na comunidade Arauaí, em Moju, nordeste paraense, ela herdou dos pais a habilidade com a terra e jamais imaginou que o cultivo de palma iria lhe conceder um prêmio nacional. Indicada pela Agropalma, Benedita concorreu com um total de 200 mulheres no 1º Prêmio Mulheres do Agro, realizado em outubro, em São Paulo, e trouxe para o Pará a terceira colocação na categoria Pequenas Propriedades. A premiação foi realizada pela Bayer, empresa global com competências em Ciências da Vida nas áreas de agricultura e cuidados com a saúde humana e animal, com apoio da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), durante o 3º Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio. A honraria contemplou nove vencedoras de diferentes regiões do país, nas categorias Pequena, Média e Grande Propriedade. Benedita foi a única paraense entre as vencedoras. “Foi uma surpresa muito grande para
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mim, desde o momento em que soube que participaria. Era algo que nunca havia sonhado. Nasci e me criei no Moju, em meio à agricultura. Nunca havia saído do Estado”, diz a produtora rural. Benedita do Nascimento vive na comunidade Arauaí, em alto Moju. A pequena produtora já cultivou mandioca, milho e arroz, mas hoje vive exclusivamente da produção de palma em um território de 10 hectares, o Sítio da Bena. Segundo a produtora, ela começou a cultivar a palma, que dá origem ao óleo de palma ou dendê, em 2001, por meio de um projeto do governo do Estado em parceria com a Prefeitura de Moju, Banco da Amazônia e a Agropalma. “Eles trouxeram o projeto até a nossa comunidade e abraçamos a causa. De lá até hoje, trabalho exclusivamente com o cultivo de palma”, afirma Benedita. O projeto, plantado em três etapas, contempla 150 famílias da comunidade. A produtora rural tem produção mensal de 20 a 50 toneladas, que varia entre a safra e a entressafra. Em 2017, foram produzidas 337.849 toneladas de palma. Toda produção é vendida para a indústria.
1º PRÊMIO MULHERES DO AGRO Conheça as vencedoras em cada categoria CATEGORIA: PEQUENA PROPRIEDADE 1º lugar: Ana Regina Rocha Ribeiro Majzoub – Porciúncula/RJ – Café Iranita 2º lugar: Sônia Aparecida da Silva Bonato – Ipameri/GO – Fazenda Palmeiras 3º lugar: Benedita Almeida Almeida do Nascimento – Moju/PA – Sítio da Bena CATEGORIA: MÉDIA PROPRIEDADE 1º lugar: Laura Junqueira Mendes de Barros – Santa Rita do Sapucaí/MG – Café Condado 2º lugar: Marisa Helena Oliveira de Souza Contreras – Areado/MG – Fazenda Capoeira Coffee 3º lugar: Jania Katia Barbon Grando – São Miguel do Iguaçu/PR – Estância da Mata CATEGORIA: GRANDE PROPRIEDADE 1º lugar: Celi Webber Mattei – Passo Fundo/RS – Sementes Webber 2º lugar: Dulce Chiamulera Ciochetta – Tangará da Serra/MT – Grupo Morena 3º lugar: Márcia Piati Bordignon – Céu Azul/PR – Fazenda 4 Filhas
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AGROINDÚSTRIA
PRÊMIO
Fernando Sette (fotógrafo), Victor Furtado (repórter) e Felipe Jorge de Melo (editor) recebem o Prêmio Fiepa 2018, na categoria Mídia Impressa
MANIÇOBA PREMIADA
DIVULGAÇÃO
Revista do Grupo Liberal, voltada para o agronegócio paraense, vence o 6º Prêmio Especial Raimundo Pinto de Jornalismo, do Sistema Fiepa TEXTO JAMILLE REIS
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revista Agromundo com a antiga marca, Agronegócios - ganhou o prêmio especial Raimundo Pinto de Jornalismo, na categoria Mídia Impressa, do Sistema Fiepa. É o segundo ano seguido em que a publicação do Grupo Liberal conquista o prêmio destinado às melhores reportagens sobre a indústria paraense. A matéria vencedora foi a “Maniçoba o ano todo”, da edição de março deste ano. Participaram do trabalho vencedor os jornalistas Felipe Jorge de Melo (edição), Victor Furtado (texto e produção), Filipe Sanches (arte e diagramação) e Fernando Sette (fotografias). A produção conjunta levou um mês inteiro de apuração e preparo. O resultado foi uma reportagem que mostra a indústria popular e tradicional da maniva, que gera a típica maniçoba paraense. O objetivo era mostrar o mercado, técnicas e o avanço da produção. -
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Na reportagem de oito páginas, os jornalistas mostram o cultivo da maniçobeira, uma espécie de mandioca com menor teor de ácido cianídrico - o veneno que exige sete dias e sete noites de cozimento para ser eliminado e tornar o alimento seguro para consumo -; folhagens de crescimento mais rápido, e sabor mais suave que das espécies mandioca brava e macaxeira (mandioca mansa). O exemplo tomado de agroindústria da maniva de maniçobeira foi encontrado em Santo Antônio
do Tauá, no nordeste paraense, o principal polo produtor de maniva do Pará. O município é centro de inovações nos cultivos das várias espécies de mandioca, como apontam a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária da Amazônia Oriental (Embrapa) e Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Pará (Emater-PA). “Vencer o Prêmio Fiepa de Jornalismo é gratificante para toda a equipe, que realiza um trabalho engajado em pautar uma Amazônia que não está sendo pautada”, define Felipe Jorge de Melo, editor do Núcleo de Projetos Especiais do jornal O Liberal, da qual a Revista Agromundo faz parte. Com o prêmio, o Grupo Liberal e seus jornalistas se veem motivados a continuar investindo e trabalhando na produção de reportagens especiais em todas as publicações: O Liberal, Amazônia, site OLiberal.com e as revistas Agromundo e Amazônia Viva.
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SOCIAL
CULTURA DA TERRA
FOTO: ROBERTO RIBEIRO
Horta comunitária gera renda e enriquece merenda escolar em Ipixuna do Pará
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ma comunidade engajada pode aproveitar as oportunidades existentes no seu meio e conquistar bons resultados. Um belo exemplo disso vem de Ipixuna do Pará, onde a mineradora Imerys desenvolve o Projeto Horta Comunitária em parceria com as comunidades. De um lado, a empresa oferece assistência técnica e, do outro, os comunitários arregaçam as mangas para construir hortas a partir das culturas da terra, como cheiro-verde, alface, couve, cebolinha, pimentão, pepino e tomate. O resultado dessa parceria é geração de renda para as famílias e enriquecimento da merenda escolar, que ganha sabor e saúde com os legumes e verduras fresquinhos. O projeto começou literalmente com uma semente, que cresceu e agora vê o resultado da colheita. Além das Vilas Canaã e Aparecida, as primeiras comunidades beneficiadas com a ação, o projeto alcança também as Vilas Maranhense, So10 AGROMUNDO
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corro, Santa Maria e Fortaleza e tem a previsão de ser instalado, até o ano que vem, nas comunidades Fé em Deus e Deus por Nós. Para Adriana Corrêa, assistente de Projetos Sociais da Imerys, o apoio da empresa é importante em ações como essas, mas é fundamental que a comunidade indique demandas alinhadas ao potencial que possui. “Nas nossas reuniões de diálogo
com a comunidade, os moradores mostraram um grande interesse pela horta, algo que já faz parte da cultura deles, pois sabem dos benefícios do projeto. Estamos felizes em ver concretizado esse trabalho feito a várias mãos. Ao longo do projeto, aproveitamos para dar orientações de educação ambiental para que os comunitários tenham um maior cuidado com as florestas e rios”, afirma. Quem recentemente recebeu o projeto foi a Escola Aloísio da Costa Chaves, na Vila Maranhense. “A Imerys é parceira e bastante participativa em nossas ações do dia a dia e sempre em contato perguntando como a escola está. Estou muito feliz porque nossa escola só tem a crescer e desenvolver cada vez mais com esse projeto”, acredita Roseane Pinheiro, professora dirigente da instituição. Na escola também foi montado um ecoparque para as crianças, com materiais recicláveis. DEZEMBRO2018
CLÁUDIO PINHEIRO/ O LIBERAL
TECNOLOGIA
VISTO DO ALTO
O consultor ambiental e de agronegócio Rodrigo Duque Estrada diz que o uso de drones tem aperfeiçoado o trabalho de algumas empresas e fazendas paraenses
TECNOLOGIA
A FAVOR DO CAMPO Uso de drones já é uma realidade na agricultura e pecuária no Estado TEXTO JAMILLE REIS
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TECNOLOGIA
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acessos das fazendas”, detalha o profissional, que já prestou serviços em municípios como Castanhal, Vigia e Tailândia. Entre os modelos mais utilizados para o agronegócio, estão os multirrotores, como do Phantom 4 Pro, para áreas de pequeno porte, e os aparelhos de asa fixa, a exemplo do NEOVant e o Batmap para áreas maiores. “Depende muito da finalidade do levantamento, mas esses são alguns modelos que são utilizados”, afirma Rodrigo Duque. O pecuarista Cássio Acatauassú cria bovinos e bubalinos em Soure, no Marajó, desde 1985. Atento às novidades no setor, ele decidiu, recentemente, usar o drone para fazer levantamento de área e qualidade das pastagens. “Foi a primeira vez em que utilizei essa tecnologia e fiquei muito entusiasmado. Você tem uma precisão muito maior de onde e o que precisa fazer, para, a partir de então, tomar decisões e fazer planejamentos”, diz. Para Acatauassú, o tempo é um dos principais benefícios dos veículos aéreos não tripulados, o que reflete, diretamente, em menor custo. “O que levaria de dois a três dias para ser feito, pagando diárias de um agrimensor (profissional capacitado para medir propriedades rurais), é feito em aproximadamente uma hora com o uso do drone”, justifica o pecuarista, que acredita que o uso da tecnologia no campo tende a se massificar cada vez mais. “A tecnologia no fomento da pecuária e da agricultura é irreversível. Hoje em dia, quem ainda luta contra isso, está dando murro em ponta de faca”, opina.
FOTOS: RODRIGO DUQUE ESTRADA / DIVULGAÇÃO
tecnologia se aproxima cada vez mais do agronegócio. Um bom exemplo é o uso de veículos aéreos não tripulados (VANT), amplamente conhecidos como drones. Com uma grande variedade de modelos e funções, o equipamento permite impulsionar os resultados para agricultores e pecuarista e, por isso, tem ganhado cada vez mais espaço no campo. Entre as funções que podem ser exercidas com o uso da tecnologia estão o levantamento das áreas de plantio, acompanhamento das áreas de pastagem e lavouras, como falhas na pastagem, pragas e desenvolvimento de plantas, monitoramento das áreas de mata, a exemplo do desmatamento e queimadas, além da vistoria de rebanhos e cercas da propriedade rural. O consultor ambiental e de agronegócio Rodrigo Duque Estrada faz o uso deste tipo de equipamento de forma profissional há, aproximadamente, dois anos e afirma que algumas empresas e fazendas paraenses já usam o drone para alavancar os negócios. “Esse avanço tecnológico já está presente nos campos do Estado, em especial para fazer levantamento de áreas, com fotos, filmagens e medição de áreas para a tomada de decisões”, diz. De acordo com o tecnólogo em gestão ambiental, a versatilidade dos veículos aéreos depende do modelo do aparelho e o tipo de negócio em que será empregado. “O drone pode exercer diversas funções na agricultura e pecuária, inclusive no monitoramento de lugares de difíceis
MODERNIDADE
A versatilidade dos veículos aéreos depende do modelo do aparelho e o tipo de negócio em que será empregado
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O LIBERAL
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PISCICULTURA
BEM ALIMENTADO
FOTO: VINÍCIUS BRAGA/ EMBRAPA
Cartilha atualiza as técnicas de criação de tambaqui com base na qualidade da engorda
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Embrapa acaba de publicar a cartilha “Criação de Tambaquis”, resultado das demandas de produtores que buscam informações seguras e atualizadas sobre a criação do peixe, que é a espécie nativa mais criada no Brasil, com uma produção de 90 mil toneladas em 2017, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com o órgão, o Pará é o quarto produtor brasileiro de tambaqui, com 8 mil toneladas no ano passado, ficando atrás de Rondônia (30 mil DEZEMBRO2018
ton/ano), Maranhão (10 mil ton/ano) e Roraima (9 mil ton/ano). É um mercado que movimentou cerca de 60 milhões de reais no estado no ano passado. O criadouro Estrela Dalva, localizado em Castanhal, nordeste do Pará, trabalha com a produção e venda de alevinos e engorda de seis espécies nativas de peixes. Com o tambaqui, segundo o piscicultor Lenildo Araújo da Silva, responsável técnico pela empresa, a produção no local é de 3 a 4 milhões de alevinos mensalmente. “Nossos alevinos são vendidos principalmente para produtores do sudeste do
Pará”, conta. Ele diz ainda que essa região concentra a maior parte da produção estadual do tambaqui, reunido cerca de 200 piscicultores. Para a bióloga Roselany Corrêa, pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental e uma das autoras da cartilha, a rusticidade do tambaqui favorece a criação em sistemas semi-intensivos e intensivos, mas “para o sucesso da criação desta espécie, é fundamental atentar para vários aspectos relacionados ao manejo, sobretudo o alimentar”, ressalta a especialista.
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PISCICULTURA
DESAFIOS DA PRODUÇÃO
Como o tambaqui é criado em diversos sistemas (de extensivos a intensivos), a duração do ciclo depende de vários fatores, como a quantidade de peixes nos tanques, a qualidade da água, a alimentação do animal, entre outros. Esses temas são abordados em detalhes na cartilha da Embrapa. “Observando todos os aspectos da criação, o ciclo de produção pode durar de 8 a 12 meses, para despescar tambaquis de 1 kg a 2 kg, e de 12 a 18 meses, para despescar tambaquis com mais de 2 kg”, explica Roselany. “A alimentação do tambaqui é hoje o principal desafio do produtor”, afirma o piscicultor Lenildo Silva. Ele conta que as melhores rações para esse animal, que é exigente em proteína, são produzidas fora do Estado e o custo de obtenção delas pesa no bolso do produtor. “A ração tem um impacto econômico de 80% no custo total de produção do tambaqui em cativeiro”, afirma. Roselany diz que é fundamental saber estimar a quantidade de ração dada aos peixes ao longo do ciclo de criação e isso envolve a biometria do animal, que é a verificação do ganho de peso dele mensalmente. “A ração é um insumo caro e o desperdício reflete em perda econômica e deterioração da qualidade de água”, alerta a especialista.
ORIENTAÇÕES SIMPLES E OBJETIVAS A cartilha mostra em detalhes as duas formas básicas de alimentação do tambaqui: seja oferecendo ração até a saciedade aparente do animal ou fixando a quantidade a ser oferecida de acordo com o crescimento dele. “Na alimentação livre, o tratador deve observar o comportamento do animal. O ideal é que o consumo do alimento seja feito em no máximo 15 minutos”, afirma Roselany. As sobras de ração no tanque devem ser retiradas, pois o acúmulo delas contribui para a produção de amônia tóxica, o que prejudica os animais. Mas é na alimentação fixa que os resultados da pesquisa melhoram a produção do peixe e contribuem para a otimização dos recursos. “A partir das observações e trabalhos de campo, criamos uma tabela alimentar onde as estimativas já estão todas calculadas por faixa de peso e por fase do ciclo de criação”, afirma. A nova cartilha traz as tabelas de alimentação com os valores estipulados, mas também mostra como fazer o cálculo para uma oferta de alimento sem des14 AGROMUNDO
O LIBERAL
ORIENTAÇÃO DOS PRODUTORES
Para a bióloga Roselany Corrêa, pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental e uma das autoras da cartilha, a rusticidade do tambaqui favorece a criação em sistemas semi-intensivos e intensivos
perdício. “No momento em que o produtor aplica o método, ele tem condições de calcular a quantidade de ração que vai usar diariamente no tanque. Isso evita perda econômica e tem um impacto direto na
qualidade da água”, finaliza a pesquisadora. A cartilha “Criação de Tambaquis” está disponível gratuitamente para qualquer produtor no endereço www.embrapa.br/infoteca.
FOTO: RONALDO ROSA/ EMBRAPA
BEM CRIADOS
O ciclo de produção do tambaqui pode durar de 8 a 12 meses, para despescar tambaquis de 1 kg a 2 kg, e de 12 a 18 meses, para despescar indivíduos com mais de 2 kg
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LATÍCINIOS
COM SABOR DE
QUEIJO Produção artesanal no Marajó ajuda a crescer a economia do Pará de olho no mercado nacional TEXTO JAMILLE REIS FOTOS FERNANDO SETTE
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CRIAÇÃO DIFERENCIADA
O Pará tem, hoje, o maior rebanho de búfalos do Brasil, com cerca de 400 mil cabeças. A maioria proveniente do Marajó.
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Pará se destaca na pecuária com o quinto maior rebanho do Brasil. São mais de 21 milhões de cabeças de bovídeos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Pesquisa (IBGE) e a Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará). A maior parte da criação é destinada à indústria de corte ou para a exportação do boi vivo, segundo a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap). Mas, o alto potencial pecuário do Estado também tem movimentado a produção de derivados do leite. O queijo do Marajó é o mais famoso deles. Produzido com leite de búfala, em alguns municípios do arquipélago paraense, o produto é reDEZEMBRO2018
conhecido nacionalmente pelo sabor peculiar e fomenta a economia da região. O Pará tem, hoje, o maior rebanho de bubalinos do Brasil, com cerca de 400 mil cabeças. A administradora Cecília Pinheiro e o marido Marcus decidiram, em 2006, dar início à produção de queijo do Marajó. A criação de gado é uma atividade tradicional na família do casal, presente há várias gerações. “Somos de famílias tradicionais do Marajó, então sempre convivemos no meio de tudo isso. No ano 2000, decidimos iniciar a criação de um rebanho leiteiro de búfalo e seis anos depois começamos a produção do queijo”, conta Cecília. De acordo com a empresária, o queijo do Marajó,
Salvaterra
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PRODUÇÃO DE QUALIDADE Atualmente, cerca de dez queijarias são regularizadas no arquipélago do Marajó
que é uma tradição gastronômica da região, é feito há mais de duas décadas nas fazendas da região. Inicialmente era produzido com leite de vaca, que, mais tarde, foi substituído pelo de búfala. Porém, a regulamentação do produto artesanal foi feita somente em 2013, por meio do Projeto Desenvolvimento da Cadeia Produtiva do Queijo do Marajó, resultado de um esforço conjunto entre o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), a Adepará e a Secretaria de Agricultura (Sagri), além de órgãos de inspeção sanitária. “A regulamentação do queijo do Marajó foi uma grande conquista, pois, a partir dela, o produto passou a ser comercializado legalmente e, com isso, chega hoje em todo o Estado”, pontua Marcus Pinheiro, que, antes de iniciar a produção artesanal, morou 15 anos nos Estados Unidos, onde se formou em Agrobusiness. Hoje, cerca de dez queijarias são regularizadas no arquipélago. “Ainda é um percentual pequeno para a atividade e seu potencial, mas que representa muito para a economia da Ilha do Marajó”, enfatiza a administradora, que atua na atividade há doze anos. 18 AGROMUNDO
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LATÍCINIOS
FOTO: IVAN DUARTE/ O LIBERAL
TRABALHO RECONHECIDO O queijo do Marajó produzido na Fazenda São Victor, de Cecília e Marcus, em Salvaterra, é do tipo creme e possui certificado artesanal. A queijaria produz, em média, 70 quilos de queijo, envolvendo cerca de 20 pessoas desde a retirada do leite até a entrega do produto final. O processo de produção começa por volta das 5 horas da manhã e é finalizado por volta das 14 horas. “A receita é tradicional da região. A mesma feita há 200 anos. Acredito que o diferencial é o dom de cada queijeiro mesmo”, afirma a produtora. O mestre queijeiro da fazenda do casal aprendeu a fazer queijo aos 12 anos, com seu pai, e hoje, aos 60 anos, se mantém ativo na atividade. A qualidade do queijo produzido pela Fazenda São Victor foi reconhecida, recentemente, em 9 de novembro, com o prêmio Super Ouro (primeiro lugar), na quarta edição do Prêmio Queijo Brasil, em São Paulo. O produto, feito em Salvaterra, disputou com quase 500 queijos artesanais de todo o Brasil durante o concurso, que teve avaliação de 24 20 AGROMUNDO
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CERTIFICAÇÃO
Os produtores Marcus e Cecília Pinheiro, da Fazenda São Victor, em Salvaterra, têm certificado artesanal para a fabricação do queijo tipo creme
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FOTO: FERNANDO SETTE
DIPLOMATAS CONHECEM PRODUÇÃO DO QUEIJO EM SALVATERRA Diplomatas de oito países conheceram, em 28 de novembro, a Fazenda São Victor, na Ilha de Marajó (PA). A visita fez parte da programação da 4ª edição do Programa de Intercâmbio AgroBrazil, evento promovido pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). O objetivo foi conferir de perto a produção artesanal do queijo de búfala da Queijaria São Victor, que no início deste mês recebeu o troféu “Super Ouro”, do Prêmio Queijo Brasil. O grupo formado por adidos agrícolas e representantes da Hungria, Tailândia, Malásia, Vietnã, China, Estados Unidos, França e Myanmar, acompanhou todo o processo de produção do queijo do Marajó, desde a chegada do leite, separação da gordura, fermentação, confecção do produto e a embalagem. O Programa AgroBrazil busca aproximar produtores rurais brasileiros e represenjurados em dois dias de degustação, e foi eleito o melhor queijo artesanal do Brasil. “Era algo que não esperávamos. Um reconhecimento enorme sermos escolhidos entre 500 queijos. Sem dúvida, é fruto da união de uma equipe competente, e que não mediu esforços para chegar até esta realização”, destaca Marcus Pinheiro. “É um orgulho imenso levar o nome do Marajó, uma região tão esquecida, para o Brasil todo”, complementa Cecília. Além deste reconhecimento, a queijaria possui outras três honrarias, o título de campeão como Melhor Queijo no III Búfalo Fest, em 2012, em Soure; primeiro lugar no XII Encontro Nacional de Criadores de Búfalos e II Marajó Búfalos, em 2017, e, no mesmo ano, Medalha de Bronze no Prêmio Queijo Brasil.
PARA O FUTURO Para Cecília e Marcus, os produtores de queijo artesanal do Estado têm muito a comemorar. PoDEZEMBRO2018
rém, ainda há avanços a serem conquistados, como a comercialização do produto fora do Estado. “É um produto nosso, regulamentado, reconhecido nacionalmente, mas que, infelizmente, ainda não podemos mandar para fora do Pará por conta de questões burocráticas”, lamenta Cecília. Em 14 de junho de junho deste ano, o presidente da República, Michel Temer, sancionou a Lei 13.680/2018, que desburocratiza a venda de produtos de origem animal produzidos de forma artesanal, tornando livre o comércio interestadual desses produtos. De acordo com Cecília, inclusive, estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste já fazem a comercialização entre si. Apesar do anseio em poder expandir o negócio e levar o produto do Marajó para os quatro cantos do Brasil, Marcus destaca que a intenção do casal é manter a produção de forma artesanal. “Esperamos que essa pauta possa ser discutida com os órgãos competentes para que, muito em breve, possamos estar levando nossas iguarias para todo o País”, conclui Marcus.
tantes de delegações estrangeiras no Brasil, por meio da apresentação da realidade da produção agropecuária brasileira e as ações e técnicas que a tornaram o principal setor da economia nacional.
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FOTO: RAFAEL SALAZAR
SUSTENTABILIDADE
ALIMENTOS MAIS SAUDÁVEIS Ações voltadas para conservação florestal ajudam a melhorar a qualidade da merenda nas escolas de Oriximiná TEXTO BRUNO BIANCHIN MARTIM
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agricultura familiar tem ajudado a transformar o perfil econômico de Oriximiná, cidade do Baixo Amazonas. Com o maior número de reservas de bauxita do Brasil, o município é conhecido pela relação de dependência ligada à extração da matéria-prima, utilizada nas indústrias de transformação e química. Nos últimos dois anos, entretanto, as ações do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), por meio do Florestas de Valor, tem ressignificado a economia local e dado novas alternativas às comunidades quilombolas e aldeias indígenas da região. Desde 2016, alimentos como farinha de mandioca, banana, batata doce, quiabo e abacaxi foram incorporados à merenda escolar do município, injetando mais de R$ 360 mil na economia oriximinaense por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que oferece alimentação escolar e ações de educação alimentar e nutricional a estudantes de todas as etapas da educação básica pública. Os recursos alcançaram mais de 30 famílias de pequenos agricultores locais, em quatro territórios quilombolas e uma terra indígena. No total, mais de 20 mil alunos, das áreas rural e urbana, alimentam-se com os produtos da agricultura local, cultivados de forma sustentável. Oriximiná tem 21 escolas em territórios quilombolas e 11 em terras indígenas. Só nestas escolas, há mais de dois mil alunos. As atividades do Imaflora na cida-
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de começaram em 2010, ano em que foi realizado um curso de formação para professores de técnicas agrícolas das escolas quilombolas. Nos anos seguintes, foram formatadas parcerias, realizadas oficinas de capacitação e colocada em prática uma estratégia para inclusão de produtos da agricultura familiar na alimentação escolar. Em 2016, as conversas com atores públicos se intensificaram e foi realizada uma chamada pública, instrumento administrativo municipal, que selecionou produtos de agricultores locais para a merenda escolar. “O objetivo foi romper gradativamente o fornecimento de alimentos processados e de baixo valor nutricional à educação local. Aos poucos, foram sendo substituídos itens da alimentação convencional, industrializados, por alimentos ricos em fontes de vitaminas e produzidos sem o uso de agrotóxicos. Com isso, contribuímos para a melhoria da alimentação escolar da cidade, entregando produtos que trazem a cultura amazônica em sua composição”, afirma Mateus Feitosa, assistente de projetos do Imaflora. O Imaflora é uma organização brasileira, sem fins lucrativos, que trabalha desde 1995 para promover a conservação e o uso sustentável dos recursos naturais, gerar benefícios sociais e reduzir os efeitos das mudanças climáticas. O Florestas de Valor, uma de suas iniciativas, conta com patrocínio da Petrobras e financiamento do BNDES / Fundo Amazônia, Gordon e Betty Moore Foundation e Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacio-
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FOTOS: RAFAEL SALAZAR
Oriximiná
nal (USAID, sigla em inglês). Feitosa explica que o trabalho na região, logo de início, envolveu assistência técnica, construção de estratégias para a venda e escoamento dos produtos e conexão com agentes governamentais. Ele ressalta que, no entanto, nesses dois anos houve uma mudança importante na relação dos agricultores com a sua produção: os comunitários passaram a ocupar a posição de protagonistas na orientação dos seus trabalhos. “No início chamávamos os agricultores para se reunir, conversar e organizar materiais, criando espaços de empoderamento, pois eles não sabiam muito bem como conduzir as negociações e o andamento dos projetos. Deu resultado e, hoje, são muito mais autônomos em relação às suas decisões e têm mais controle sobre a produção, relacionando-se diretamente com políticas públicas e atores do governo municipal”, acrescenta. Este ano, os agricultores familiares incorporaram dois novos produtos à alimentação escolar do município: o pão de castanha e o beiju de mandioca seco. Os alimentos são produzidos em uma unidade de beneficiamento, inaugurada em 2018. Antes de a produção ter início foram realizadas capacitações em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e o Sindicato dos Produtores Rurais de Oriximiná. Nos próximos meses, os produtos também começarão a ser vendidos ao consumidor final em mercados locais. De acordo com a assistente de projetos do Imaflora, Andressa Neves, outros grupos também têm se beneficiado com a produção de quilombolas e indígenas, como ribeirinhos e assentados. “Estabelecemos um canal de diálogo com agentes municipais e com a equipe técnica da Prefeitura de Oriximiná e, depois do acesso à primeira chamada pública, os agricultores familiares da cidade passaram a olhar de forma diferenciada para os seus reDEZEMBRO2018
QUALIDADE À MESA
Alimentos como farinha de mandioca, banana, batata doce, quiabo e abacaxi foram incorporados à merenda escolar de Oriximiná há dois anos
cursos, investindo em rótulos, embalagens e novas ferramentas para produção. A demanda também aumentou e gerou uma nova cadeia para valorização dos produtos familiares, melhorando a alimentação e a qualidade de vida local”, destaca. O Florestas de Valor fortalece as cadeias de produtos florestais não-madeireiros, dissemina a agroecologia para que as áreas protegidas e seu
entorno contribuam para o desenvolvimento regional, proporcionando condições dignas às populações locais e conservação dos recursos naturais. Atua na conservação da floresta nas regiões da Calha Norte do Rio Amazonas, na Terra do Meio e no município de São Félix do Xingu, fomentando atividades produtivas e oportunizando a geração de renda na Amazônia Legal brasileira.
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IMPOSTOS
O PESO DOS TRIBUTOS
FOTO: SIDNEY OLIVEIRA
Alta carga tributária no agronegócio é um desafio para um dos principais setores da economia TEXTO JAMILLE REIS FOTOS AKIRA ONUMA E FÁBIO COSTA
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ssim como em qualquer empreendimento, para se ter um ambiente favorável aos negócios, é preciso, entre outros fatores, que haja consumidor engajado e governo preocupado com o fomento da atividade empresarial. No agronegócio brasileiro não é diferente. Uma das importantes questões relacionadas ao assunto é a carga tributária. Entre os principais impostos que incidem nas empresas de agronegócios e produtores rurais no Pará estão o Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), 24 AGROMUNDO
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Programa de Integração Social (PIS), Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR), Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual, Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) e a Contribuição Previdenciária. A alta tributação, muita vezes, desanima o setor. Em 2017, o ano encerrou-se com a carga tributária bruta da União Federal, estados e municípios, no percentual de 32,36% do Produto Interno Bruto (PIB).
Para o advogado Giusepp Mendes, especialista em direito tributário, a redução e isenção de alíquota do ICMS é uma solução viável para o desenvolvimento e surgimento de novas empresas do agronegócio. “Desta forma, é possível reduzir o custo da produção e da comercialização dos produtos deste segmento”, afirma. O tributarista destaca ainda que o Superior Tribunal de Justiça já confirmou, recentemente, que os valores provenientes de incentivos fiscais de ICMS não são tributáveis, uma vez que o lucro acrescentado por tais incentivos seria parcialmente retido pelo IRPJ e CSSL. DEZEMBRO2018
Também especialista em tributário, o advogado Márcio Maués acredita que outra forma de o governo favorecer o agronegócio é com o investimento na escoação da produção para o mercado interno e externo. Para ele, a malha rodoviária, portos, ferrovias e hidrovias do País necessitam de investimentos públicos e privados para desenvolver o agronegócio, setor de vital importância para a economia e sociedade brasileira. Já Mendes reforça a importância na infraestrutura da malha rodoviária. “Precisamos de boas condições de uso, já que ela é responsável pelo escoamento de 75% de toda produção do País”, opina o advogado.
BENEFÍCIOS Por ser um Estado com índice de exportação elevado, o Pará possui imunidade tributária do ICMS e da Contribuição Previdenciária e a isenção do PIS e Cofins sobre as receitas decorrentes das operações de exportação das empresas do agronegócio. “Com a imunidade tributária e a isenção, as empresas do setor deixam de pagar o ICMS, a Contribuição Previdenciária, o PIS e a Cofins, quando exportam os seus produtos, o que contribui para incentivar e desenvolver o setor econômico”, explica Maués. Giusepp Mendes destaca ainda o benefício na isenção de ICMS do serviço de frete interno de bovinos de uma fazenda para outra e das fazendas para os frigoríficos. “Esta medida foi implementada pelo Governo do Estado em dezembro de 2017
APOIO À PRODUÇÃO O advogado tributarista Márcio Maués afirma que o investimento do governo na escoação da produção para o mercado interno e externo facilita os negócios no Estado
e publicada no Diário Oficial no dia 2 de janeiro de 2018, o que refletiu na negociação com os pecuaristas quanto ao frete, uma vez que os valores se tornaram mais atrativos”, pontua.
APOSTA CERTA
Para o especialista em direito tributário, o advogado Giusepp Mendes, a redução e isenção de alíquota do ICMS é uma solução viável para o desenvolvimento de novas empresas do agronegócio
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EXPORTAÇÃO
Para que empresas e produtores do agronegócio possam exportar, é necessário requerer perante a Receita Federal do Brasil o registro de habilitação no sistema Radar para que se tenha acesso ao Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex) e, consequentemente, tenha o direito de realizar a exportação de seus produtos. “Em razão da burocracia para a habilitação nesses sistemas, muitas empresas comercializam a sua produção com trading companies, que são pessoas jurídicas que realizam a intermediação comercial entre produtores e compradores no mercado internacional”, destaca Márcio Maués. “A maior dificuldade para que os produtores passem a exportar ainda é a burocracia, tanto para legalizar suas empresas, quanto para escoar sua produção”, argumenta Giusepp Mendes. O advogado diz que a elevada carga tributária no País torna os produtos produzidos no Brasil menos vantajosos para o exterior importá-los. “Eles acabam optando por importar de outros países, mesmo que a qualidade da produção não seja tão boa”, completa. Segundo Mendes e Maués, os principais tributos que incidem na exportação são o IRPJ e a CSLL, enquanto na importação são o ICMS, PIS, Cofins e Imposto de Importação.
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REGULARIZAÇÃO
DE PAPEL PASSADO
Cadastro Ambiental Rural registra mais de 200 mil imóveis rurais em dez anos TEXTO NILSON CORTINHAS FOTOS CRISTINO MARTINS
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moradora e agricultora Jaíla Almeida, da comunidade de Nova Esperança, no município de Castanhal, nordeste paraense, cultiva laranja, pimenta, mandioca, couve, cheiro-verde e outros produtos semeados em área inscrita no Cadastro Ambiental Rural (CAR). A produtora rural considera fundamental que o agricultor tenha conhecimento que o cadastro é gratuito. “O produtor não paga nada para se cadastrar, é de graça e muito importante para que ele possa estar respaldado, garantido. Porque, com o CAR, mesmo sem o docu26 AGROMUNDO
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mento da terra, o governo sabe que ele está morando lá e produzindo”.bb O Cadastro Ambiental Rural é um registro eletrônico, cuja finalidade é integrar as informações ambientais referentes a Áreas de Preservação Permanente (APP), de Reserva Legal (RL), Remanescente de Vegetação Nativa, de Uso Restrito e de áreas consolidadas, das propriedades e posses rurais, constituindo base de dados estratégica para o controle, monitoramento e combate ao desmatamento das florestas, para planejamento ambiental e econômico dos imóveis rurais. Atualmente, esses da-
dos estão integrados ao Sistema Nacional do CAR (Sicar). No Pará, de acordo com dados no site da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), em 30 de novembro de 2018, no www.semas.pa.gov.br estão contabilizados 202.242 cadastros, equivalente a percentual em torno de 75% da área cadastrável do Estado - dos 144 municípios paraenses, 47 deles possuem cadastro acima de 80% da área cadastrável. O CAR foi instituído em 2008, por meio de um Decreto Estadual 1.148, que tornou essa ferramenta um dos instrumentos da
DOCUMENTAÇÃO
O Cadastro Ambiental Rural no Pará é uma importante porta de entrada no processo de regularização fundiária na Amazônia
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Política Estadual de Florestas e do Meio Ambiente. Nesses dez anos de atuação, o cadastro vem evoluindo por meio de plataforma on-line, além de avanços variados, como a utilização da ferramenta para territórios de comunidade rurais e tradicionais. “O Cadastro Ambiental Rural no Pará é hoje a mais importante porta de entrada no processo de regularização fundiária não somente no estado, mas em toda a Amazônia”, ressaltou o governador Simão Jatene, durante a abertura do Seminário “Cadastro Ambiental Rural (CAR) 10 Anos: Avanços e Perspectivas”, promovido pela Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), no Hangar – Centro de Convenções e Feiras da Amazônia. O CAR é hoje uma das mais importantes ferramentas para o monitoramento e controle do desmatamento no Estado. “Iniciamos o cadastramento no Pará em 2008 e, nessa época, contabilizamos dois mil cadastros. Hoje, com extrema felicidade ultrapassamos a marca de 200 mil propriedades cadastradas”, afirmou o secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Thales Belo. “Temos uma gestão em relação ao CAR completamente descentralizada e compartilhada, não somente com os municípios paraenses, mas também com o CAR nacional”, completou Thales. Os números positivos são resultado da gestão do meio ambiente que engloba parcerias com instituições diversas, como Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater) e Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Uma coleta diária e sistemática de imagens de satélite com alta resolução espacial - detalhamento e precisão do território pesquisado - é realizada pelo Centro Integrado de Monitoramento Ambiental (Cimam), da Semas do Pará. Esse trabalho de monitoramento orienta a fiscalização ambiental e evita sobreposições de áreas no CAR e outros desvios no cadastro declaratório. No seminário, foi assinado um Contrato de Contribuição Financeira entre o Banco alemão KFW e o Governo do Estado para execução do projeto “Fortalecimento do Monitoramento, da Fiscalização e do Licenciamento Ambiental para Prevenção e Controle de Desmatamento no Estado do Pará”; e um Acordo de Cooperação Técnica entre o Estado (representado pela Semas), e os Ministérios Público Estadual e Federal, que permite o compartilhamento de espaço físico, dados, informações e produção de conhecimentos, usando tecnologias automatizadas disponíveis e produtos gerados pelo Cimam. DEZEMBRO2018
OFICIAL
“Hoje, com extrema felicidade ultrapassamos a marca de 200 mil propriedades cadastradas”, afirmou o secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Thales Belo
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CRÉDITO
FINANCIAMENTOS PARA ONDE VÃO OS EMPRÉSTIMOS CONCEDIDOS PELO BANCO DA AMAZÔNIA?
CUSTEIO
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OPERAÇÕES
INVESTIMENTO MISTO
20
INVESTIMENTO FIXO
25
R$ 254.754.666,20
OPERAÇÕES
INVESTIMENTO SEMIFIXO
R$ 24.238.193,51
127
OPERAÇÕES
OPERAÇÕES
R$ 51.393.236,0
R$ 82.925.221,77
INVESTIMENTO NO CAMPO
Em quase 10 meses deste ano, Banco da Amazônia concede mais de R$ 500 milhões em empréstimos a produtores rurais no Pará TEXTO ABÍLIO DANTAS
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Banco da Amazônia disponibilizou em linha de crédito no Estado do Pará, por meio do Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO), mais de meio bilhão de reais, entre janeiro e setembro de 2018. As 4.544 operações realizadas, que foram responsáveis pelo valor acumulado nos nove meses, representam uma queda em comparação ao mesmo período em 2017, quando foram efetuadas 5.174 operações. Para o próximo ano são esperados dois bilhões para aplicação. Os dados divulgados pela coordenadora de Políticas, Planos e Programas de Governo do Banco da Amazônia, Jesus do Socorro Barroso dos Santos, afirma que até setembro foi movimentado em empréstimos o montante exato de R$ 520.141.213,5. “O perfil dos tomadores de crédito são diversos e não há recursos concentrados somente em uma região. A política do Banco é atender os municípios em sua totalidade”, diz a coordenadora. A título de porte, por exemplo, os recursos foram distribuídos da seguinte forma: municípios grandes receberam aproximadamente R$ 14 milhões; os médios, em torno de R$ 89 milhões, e os pequenos, quase R$ 208 milhões. Os 28 AGROMUNDO
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produtores localizados em municípios de pequeno porte, portanto, foram os maiores beneficiários dos créditos, em volume de recursos. O dinheiro emprestado, ainda de acordo com Socorro Barroso, é destinado para diferentes fins. Os investimentos para uso de custeio foram o objeto de 396 operações e representaram R$ 254.754.666,20. Quando a destinação é para investimento, o total foi de 3.976 operações, movimentando R$ 254.754.666,20. Esse valor foi subdividido, no entanto, em três grupos: o de investimentos fixos, que são aqueles voltados para despesas invariáveis; os mistos, operações que financiam investimento fixo e capital de giro associados e os semifixos, que são recursos utilizados na aquisição de ativos com vida útil estimada em período de até 5 anos de duração, tais como veículos, tratores, colheitadeiras, implementos, embarcações, aeronaves, máquinas e equipamentos e animais para cria. O grupo de investimentos fixos motivou 25 operações e R$ 51.393.236,0, enquanto o dos investimentos mistos teve 20 operações, que transferiram do Banco da Amazônia para os produtores R$ 24.238.193,51. O último gru-
po, o dos semifixos, por sua vez, foi o mais movimentado: operou 127 transações, representando um total de R$ 82.925.221,77.
RECURSOS
O Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO) é a principal fonte de recursos financeiros estáveis para o crédito de fomento da região Norte e um dos principais instrumentos econômico-financeiros de execução da Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR), elaborada pelo Ministério da Integração Nacional. Os recursos do Fundo, provenientes de 0,6% da arrecadação do Imposto de Renda e Imposto sobre Produtos Importados, são administrados pelo Banco da Amazônia, instituição financeira pública federal vinculada ao Ministério da Fazenda. A verba deve ser aplicada através de programas elaborados, anualmente, de acordo com a realidade ambiental, social e econômica da região, em parceria com os representantes das instituições públicas e dos diversos segmentos da sociedade, de acordo com o Plano Plurianual para a Amazônia Legal (PPA). DEZEMBRO2018
AS 5 MAIS
PARA TOCAR NO FUNDO
DO CORAÇÃO
Conheça os cinco artistas sertanejos mais ouvidos neste ano, no Brasil TEXTO JOÃO PAULO JUSSARA*
MAIARA & MARAISA
O sertanejo universitário se tornou um fenômeno da música brasileira. Hoje, o gênero se consolidou como o mais tocado em todo o País, dominando as rádios, a televisão e também as plataformas de streaming na internet. Confira os artistas da música sertaneja mais ouvidos em 2018:
As “Patroas”, divas do “feminejo”, como ficou conhecido o sertanejo feito por mulheres, também emplacaram hits, em 2018, que caíram no gosto dos ouvintes do gênero musical. A canção mais ouvida das irmãs foi “Coração Infectado”. O refrão “Taca álcool nesse coração infectado, tô de fogo e, pra piorar, apaixonado. A cada porre, invento um amor pra tapar buraco”, fez sucesso entre os fãs da dupla.
MATHEUS & KAUAN Os irmãos goianos estouraram em 2018 com o hit “Ao Vivo e a Cores”, que conta com a participação especial da cantora Anitta. A letra retrata a dificuldade de lidar com a saudade nos relacionamentos a distância. “Olhar pra tela fria desse celular, só ver sua foto não vai me esquentar”. O clipe da música foi um dos mais vistos do sertanejo neste ano, com 174 milhões de visualizações nos canais de internet.
ZÉ NETO & CRISTIANO A dupla formada em 2011, em São José do Rio Preto, interior de São Paulo, lançou este ano o hit “Notificação Preferida”, que esteve entre as mais tocadas em todas as plataformas de streaming. A canção fala sobre o término de um relacionamento e a superação. “Foi, mas não é mais a minha notificação preferida. Já foi, mas não é mais a número um da minha vida”, diz a letra. Além desta, o single “Largado às Traças” também fez muito sucesso entre os fãs do sertanejo em 2018. DEZEMBRO2018
FONTE: SPOTIFY, DEEZER E BILLBOARD BRASIL *ESTAGIÁRIO COM A SUPERVISÃO DO EDITOR FELIPE JORGE DE MELO
MARÍLIA MENDONÇA Aos 23 anos, a “rainha da sofrência” se tornou rapidamente uma das artistas da música sertaneja mais ouvidas no Brasil. Na estrada desde 2011, a cantora já emplacou vários hits, mas fez sucesso em 2018 com “Ciumeira” e “Ausência”, esta última alcançando o posto de mais executada nas rádios do País, de acordo com a revista Billboard Brasil. O refrão “preocupa não, que eu vou tomar vergonha na cara, preocupa não, pra um bom entendedor, meia ausência basta” se tornou um hino da sofrência neste ano.
JORGE & MATEUS Mais uma dupla sertaneja que marcou presença nas paradas de sucesso neste ano. Com 13 anos de estrada, a dupla goiana já é conhecida dos fãs do sertanejo, e emplacou vários hits de sucesso nos últimos anos, como “De Tanto Te Querer” e “Aí Já Era”. Este ano, a música “Propaganda” foi o grande sucesso da dupla, e fala sobre o medo de perder a pessoa amada. “Tá doido que eu vou fazer propaganda de você. Isso não é medo de te perder amor, é pavor”, declara a canção, uma das mais ouvidas em 2018.
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RETRATO FERNANDO SETTE
O MARAJOARA
Morador de Salvaterra, Waldir Nascimento Leal é um típico homem da Amazônia rural paraense. Carrega no olhar a força da pureza e simplicidade nos dias que se passam sob o sol do Marajó.
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