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fiel católico TEOLOGIA, CATEQUESE, APOLOGÉTICA, DOUTRINA... VOZ À IGREJA!

Periódico bimestral - Ano do Senhor 2013 | São Paulo - Brasil | www.vozdaigreja.blogspot.com

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JESUS, O PÃO DA VIDA Cristo está mesmo presente na Eucaristia?

Imagem original de Jesus Misericordioso, pintada pelo artista Eugene Kazimierowski conforme as descrições de Santa Faustina

AÇÃO DE GRAÇAS E CONSAGRAÇÃO oração para todos os dias

DEVOÇÃO MARIANA Que papel ocupa Maria na Igreja de Jesus Cristo?

O QUE É IDOLATRIA Porque as imagens católicas não são ídolos


Cristo está mesmo presente na Eucaristia? Ou apenas “espiritualmente”? O pão e o vinho tornam-se de fato Corpo e Sangue do Senhor? Ou são apenas símbolos? Tire suas dúvidas

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esde a última ceia de Jesus com seus Apóstolos, - a Santa Ceia, - a Igreja nunca deixou de celebrar a Eucaristia, nem de crer na Presença Real do Cristo no Pão Consagrado pelo sacerdote. A Eucaristia é o centro da vida da Igreja (CIC §893); é por meio dela que participamos verdadeiramente do Corpo de Nosso Senhor e somos elevados à Comunhão com Ele.

do pecado: Jesus. Com a palavra “hóstia”, portanto, a Igreja alude ao Cordeiro Imolado e Ressuscitado, presente no Memorial Eucarístico, isto é, a Santa Missa.

Diz assim o Catecismo da Igreja Católica (CIC):

Algumas “igrejas” bem mais recentes, porém, não crêem que a Eucaristia contém essa Maravilhosa Presença, tratando-a como se fosse apenas um “símbolo” do Corpo de Cristo. Acham que Jesus é Pão da Vida apenas no sentido espiritual, e não aceitam a Presença Real do Senhor no Pão e no Vinho consagrados. Por desconhecerem o sentido da Bíblia Sagrada no contexto da Igreja que é a mãe dessa mesma Bíblia, - e talvez por falta de confiança no Poder Divino, que é maior do que a nossa capacidade de compreensão, - acabam por desperdiçar este incomparável Presente de Deus para a humanidade.

“A Eucaristia A Eucaristia é Fonteé e«fonte Cume edecume toda de toda restantes a vidaa vida cristã.cristã»(146). Os demais «Os Sacramentos, sacramentos, assim como todos os minisassim como todos os ministérios ecletérios eclesiásticos de apostolado, siásticos e obrase obras de apostolado, estão estão vinculados com a sagradaEucaristia Eucarisvinculados com a sagrada se ordenam. ordenam. Com efeito, na tia e a ela se Santíssima Eucaristia está contido santíssima Eucaristia está contido todo todo o espiritual tesouro espiritual da isto Igreja, o tesouro da Igreja, é, isto é, o Cristo, próprio nossa Cristo,Páscoa» nossa Páscoa. o próprio (CIC (CIC §1324) §1324) A palavra “hóstia” vem do latim e significa “vítima”. O cristianismo, ao entrar em contato com a cultura latina, agregou ao seu linguajar litúrgico o termo “hóstia” para referir-se àquEle que, por Amor, tornou-se a maior “Vítima”

Assim, desde os primeiros tempos, os cristãos pregaram essa verdade fundamental da nossa fé, recebida dos Apóstolos: Jesus Cristo está verdadeiramente Presente no Pão e no Vinho Consagrados, em Corpo, Sangue, Alma e Divindade, e não apenas simbolicamente.

Para esclarecer de uma vez a questão, aqui apresentamos, de forma

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simples e direta, o que as Sagradas Escrituras claramente ensinam sobre a Presença Real de Nosso Senhor Jesus Cristo nas Espécies Consagradas do Pão e do Vinho, - a Divina Eucaristia, - centro e sustento da nossa fé. Vejamos: “Eu sou o Pão Vivo que desceu do Céu. Quem comer deste Pão viverá eternamente. E o Pão que eu hei de dar é a minha Carne, para a salvação do mundo.” (Jo 6,51) É Jesus quem fala, pessoalmente, e afirma categoricamente: Ele é o Pão Vivo, o Pão da Vida, Pão que vivifica e transforma. E o Senhor especifica que esse Pão descido dos Céus é a sua própria Carne, dada em Alimento para a salvação do mundo. Evidente que se o Pão é sua Carne, não se pode afirmar que Jesus é Pão apenas como “alimento espiritual”. E diz mais o Senhor: “Quem se alimenta da minha Carne e bebe do meu Sangue permanece em Mim, e Eu nele.” (Jo 6, 56-57) Mais uma vez o Senhor declara, com todas as letras, que o Pão Consagrado é a sua Carne, e o Vinho é o seu Sangue: ao comungarmos Corpo e

“A Última Ceia” (1648) - Philippe de Champaigne

o Pão da Vida


1 Alicerces da fé católica 0

Sangue de Nosso Senhor, passamos a pertencer a Ele, e Ele passa a habitar em nós. Devemos, portanto, nos alimentar de seu Corpo e Sangue para termos esta santa Intimidade. Se ainda tivesse restado dúvida, porém, a afirmação seguinte dissipa qualquer treva: “Pois a minha Carne é verdadeiramente comida e o meu Sangue é verdadeiramente bebida.” (Jo 6,55) Assunto finalizado. Não há como ignorar a clareza e a ênfase destas palavras do Cristo: sua Carne e Sangue são verdadeiramente Alimento e Bebida. Ele jamais diz que sua Carne e Sangue estariam “simbolicamente” naquela comida e bebida; e Ele também não diz: “Estou espiritualmente nestes símbolos”. A Carne e o Sangue de Cristo estão verdadeiramente presentes na Eucaristia, para a nossa salvação, e os cristãos fiéis são convidados a comungar deste Santo Sacramento. Este é o claríssimo ensinamento das Escrituras. Diante de afirmações tão diretas do próprio Jesus Cristo, como podem ainda existir confusões? Má vontade? Falta de fé no que realmente diz a Palavra de Deus? Mas essa negação não surpreende: assim como se questiona o Sacramento da Eucaristia hoje, também naquela época muitos judeus disseram: “Como pode este homem dar-nos de comer a sua carne?” (Jo 6,52). Eles não eram capazes de compreender tão sublime e mística Revelação: Jesus falava de forma literal, sem meias palavras, que daria seu Corpo em Alimento. Isso deixou os judeus escandalizados e incrédulos.

Neocomungante recebe do Papa Francisco a Santíssima Eucaristia

não poderia ser a nova e definitiva Aliança entre Deus e os homens. Mas, se este Cálice contém realmente o Sangue do Senhor Jesus, então estamos literalmente diante da Nova e Eterna Aliança com Deus, através do Filho de Deus, Cordeiro Imolado pela salvação do mundo. E como tudo isso não bastasse, o Apóstolo Paulo reafirma em sua carta aos coríntios: “O Cálice que tomamos não é a Comunhão com o Sangue de Cristo? O Pão (...) não é a Comunhão com o Corpo de Cristo?” (I Cor 10,16)

De fato, esta realidade é tão difícil de aceitar e tão impossível de entender pelo intelecto humano, que até alguns discípulos de Jesus disseram: “Dura é essa palavra! Quem pode escutá-la?” (Jo 6, 60). Não apenas os judeus, mas também os mais próximos do Senhor eram incapazes de entender! Esta Revelação provocou tal impacto que, depois dela, “muitos discípulos voltaram atrás e não mais andavam com Ele” (Jo 6, 65-67). E assim continua acontecendo até hoje...

Mais uma vez, não diz que o Cálice e o Pão “simbolizam”, que “representam” ou que são uma “recordação” do Sangue e do Corpo; a Escritura afirma com convicção: o Cálice e o Pão são Corpo e Sangue para a Sagrada Comunhão com o Senhor Jesus Cristo. Em sua última ceia, Cristo cumpriu a Promessa: verdadeiramente instituiu a Eucaristia, seu Corpo e Sangue, como Alimento para as almas sedentas.

“É necessário que vos empenheis não para obter esse alimento perecível, mas o Alimento que permanece para a vida eterna, o qual o Filho do homem vos dará.” (Jo 6, 27)

E assim, concluímos este estudo com mais uma mensagem incisiva da Bíblia Sagrada: “Cada um se examine antes de comer desse Pão e beber desse Cálice, pois aquele que come e bebe sem discernir o Corpo do Senhor, come e bebe a própria condenação.” (I Cor 11,28-30)

Mais importante que o pão de cada dia, que sustenta o corpo, é a Eucaristia, o Alimento que sustenta a alma e permanece para a vida eterna. Se a Eucaristia fosse apenas um símbolo ou uma “lembrança” da Santa Ceia, como poderia ser “Alimento para a vida eterna”?

Para participar da Eucaristia, comer e beber do Banquete do Altar, é preciso discerni-lo, isto é, saber que o Pão e o Vinho são realmente Corpo e Sangue do Senhor. Poderia a Palavra de Deus ser mais clara e mais direta do que isto?

“Tomai e comei; isto é o meu Corpo...” (Mt 26, 26-28) Que tipo de “cristão” desafiaria o Cristo e diria: “Senhor, estás enganado, isto não pode ser o teu Corpo!”? Hoje, porém, muitos que se declaram “cristãos” fazem exatamente isso. Também é interessante observar que, se houvesse apenas vinho no Cálice da Santa Ceia, Jesus não diria: “Este Cálice é a Nova Aliança no meu Sangue” (Lucas 22, 20). - Um cálice com vinho comum é um cálice com vinho apenas, e

Eis aí a pregação apostólica. Eis a Palavra de Deus, contida na Bíblia Sagrada. Eis aí a Doutrina católica e apostólica, que vem sendo guardada pela verdadeira Igreja de Cristo desde os tempos dos Apóstolos. Quem tiver entendimento para entender, entenda.

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Igreja, Coluna e Sustentáculo da Verdade Um leitor de nossa página na internet (www.vozdaigreja.blogspot.com), que se identifica como “Sandro”, enviou-nos o seguinte comentário:

inspirada pelo Espírito Santo de Deus, a produziu. Mas tudo o que ele está aprendendo, de fato, é a interpretação que o seu pastor faz da Bíblia.

“...Eu a biblia e a mesma é a pala“...Euleioleio a biblia e a mesma é a vrapalavra de DEUS, vou repetir é a palavra de DEUS! Vou repetir, é a depalavra DEUS!deseDEUS! o homes escrevesse, Senão o homem não atéescrevesse, as pedras falariam sobrefalariam Jesus, eusojá até as pedras sou convertido não da religião A ou B bre Jesus, eu já sou convertido não da e sim ao nosso SENHOR JESUS! A igreligião A ou B e sim ao nosso SEreja não tem sobrenome, igreja, NHOR JESUS! A igrejaela nãoé atem sooubrenome, seja ela não é Católica ou evangélica. ela é a igreja, ou seja ela não Oéhomem criou esse sobreCatólicafoiouquem evangélica. O homem nome, ela é A IGREJA. Um abraço!” foi quem criou esse sobrenome, ela é

Cada igreja protestante ou “evangélica” tem o seu jeito muito particular de entender as Sagradas Escrituras, mas todas concordam ao menos num ponto: negar a única Igreja que vem do tempo dos Apóstolos e foi instituída diretamente por Nosso Senhor Jesus Cristo.

A IGREJA. Um abraço!”

A mensagem possui em si muitas afirmações e sugere conceitos diversos, por isso a nossa resposta será dividida em partes, para facilitar a compreensão:

“...Eu leio a biblia e a mesma é a palavra de DEUS, vou repetir é a palavra de DEUS!” Na primeira linha já vemos que nosso leitor é um protestante ou “evangélico”, quase com certeza pentecostal ou neopentecostal. A grande dificuldade no diálogo com esses nossos irmãos separados é que todos eles, mesmo sem saber, mesmo que tenham boa vontade ou sejam bem intencionados, são manipulados por pregadores das “igrejas” que frequentam. Sandro realmente parece acreditar que pode compreender a Bíblia fora do contexto da Igreja que,

Um ótimo exemplo disso é o fato de que, na Bíblia, Jesus Cristo declara categoricamente que funda a sua Igreja (no singular) sobre Pedro. O nome do Apóstolo era Simão bar Jonas (Simão filho de Jonas). A partir daquele momento, passou a se chamar “Pedra”, que na tradução para o português virou “Pedro”, somente pelo fato de a palavra pedra, na língua portuguesa, ser um substantivo feminino: como o nome foi dado a um homem, fez-se necessário converter a palavra para o masculino, e assim surgiu o nome próprio “Pedro”. Assim como Deus mudou o nome de Abraão (antes Abrão) e o de Israel (antes Jacó), quando os escolheu para ir à frente de seu Povo, também mudou o nome de Simão para Pedro. Não é preciso ser teólogo para ler e entender o que está dito tão claramente no Evangelho: além de Jesus declarar que Simão é a Pedra sobre a qual edificaria a sua Igreja, mudando o seu

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nome, ainda deu a este mesmo Pedro as chaves do Reino do Céu, e disse que tudo que ele ligasse ou desligasse na Terra seria ligado ou desligado no Céu! Jesus não poderia ter sido mais claro do que isso. O texto do Evangelho de Mateus (16, 17ss ) é claríssimo e direto. Mesmo assim, os pastores “evangélicos” negam essas verdades fundamentais declaradas pela Bíblia, e os ditos “evangélicos” adotam essa negação absurda do Evangelho. Vemos, então, que Sandro não observa a Bíblia, de maneira alguma: ele observa, isto sim, aquela interpretação particular do “pastor”. Isto é um fato. Muitas outras passagens poderíamos citar como exemplo, mas esta, do capítulo 16 de Mateus, é especial. Os pastores entregam-se a verdadeiros malabarismos mentais para negá-la, buscando para ela as mais absurdas (re) interpretações. Por que agem assim? Porque é uma das passagens que mais diretamente afirma que existe uma só Igreja, que a essa Igreja foi dada à condução de Pedro, e que Pedro foi o líder dos Apóstolos, portanto, o primeiro Papa. Se eles aceitassem a verdade simples contida nesta passagem, seriam obrigados a reconhecer que outras “igrejas” são invenções humanas, pois a Igreja de Jesus Cristo não é como uma empresa, não é uma casa comercial, que para ser fundada bastaria se alugar um salão, abrir firma em cartório, registrar


com um nome criativo e pronto. Só quem entende “igreja” como empresa, pode dizer que “placa de igreja não salva”. A Igreja autêntica, porém, é infinitamente mais do que isso. A Igreja é o Corpo Místico de Nosso Senhor Jesus Cristo, cuja Cabeça é Ele próprio (1Cor 12, 12; Cl 1, 18; Ef 5, 23; Rm 12, 4-5)!

bastante conhecido, foi preso por estupro, tortura de crianças(!), formação de quadrilha, tráfico de drogas, ameaça de morte. Ele também lê muito a Bíblia. São muitos os exemplos que demonstram: ler a Bíblia fora do seu contexto pode servir para a nossa própria condenação, e a mesma Bíblia ensina: não basta somente ler a Bíblia. Jesus disse: “Vocês examinam as Escrituras, julgando ter nelas a vida eterna. Pois são elas que dão testemunho de mim, e vocês não querem vir a mim, para que tenham a vida!” (Jo 5, 39-40). De nada adianta examinar as Sagradas Escrituras, cada um seguindo a sua própria intuição e suas capacidades intelectuais: a maior prova disso é que existem dezenas de milhares de denominações ditas “cristãs”, sendo que cada uma ensina uma doutrina diferente, e todas acham que estão observando a Bíblia.

“Eu leio a biblia e a mesma é a palavra de DEUS! Vou repetir, é a palavra de DEUS! Se o homem não escrevesse até as pedras falariam sobre Jesus.” Mesmo a Bíblia sendo Palavra de Deus, não adianta ler se nós não soubermos compreender o que ela diz, e as provas disso são muitas. O famoso empresário Edir Macedo, por exemplo, lê muito a Bíblia. Mesmo assim, ele defende o aborto. Pergunta: será que alguém que um dia leu a Bíblia com o mínimo de discernimento seria capaz de fazer campanha pró-aborto, como ele faz? O seu canal de TV transmite programas repletos de obscenidades, mulheres seminuas, reality-shows imorais, etc. Pergunta: Será que tudo isso é “bíblico”? Outro famoso líder “evangélico”, que até se intitulou “apóstolo”, também lê muito a Bíblia, e pede “trízimo” aos seus seguidores. Acusa a Igreja Católica de “idolatria” mas distribui lencinhos molhados com seu próprio suor para curar todas as doenças! Recentemente, ele declarou que Jesus não é Deus, mas apenas uma criatura de Deus! Outros líderes “evangélicos” protestaram... Um outro pastor,

E se não adianta só ler a Bíblia, então onde está o fundamento da verdade para o cristão? Bem, a própria Bíblia responde à pergunta: “Quero que saibas como portar-te na casa de Deus, que é a Igreja de Deus vivo, a coluna e o sustentáculo da verdade.” (1Tm 3,15). Sim. A Igreja. Jesus deu à Igreja, na pessoa dos Apóstolos, a autoridade para ligar na Terra o que será ligado no Céu, e desligar na Terra o que será desligado no Céu. No Evangelho segundo S. João, vemos que o Senhor deu à Igreja até mesmo o poder para perdoar ou reter os pecados dos homens (Jo 20, 22-23)!

“...sou convertido, não a religião A ou B e sim ao nosso SENHOR JESUS! A igreja não tem sobrenome, ela é a igreja, ou seja ela não é Católica ou evangélica. O homem foi quem criou esse sobrenome, ela é A IGREJA.” Os protestantes ou “evangélicos” gostam muito de dizer que “religião não importa, o importante é Jesus”, que “‘a igreja’ não salva, quem salva é Jesus”. Essas frases até enganam, porque parecem fazer sentido, mas no fundo é uma afirmação que se contradiz a si mesma. A palavra ”religião”, que vem do latim “religare”, quer dizer “religação”. Re-

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ligião, no contexto cristão, significa o Caminho pelo qual o homem, que andava perdido, religa-se com Deus, isto é, volta à Comunhão com seu Criador e Pai. Para nós, portanto, religião é fazer o que ensinou Jesus Cristo. Para encontrar e permanecer em Cristo, evidentemente, é preciso fazer uma escolha: existem disposições, observâncias morais e vias de conduta que o Senhor, para o nosso bem, nos impõe. Existe um jeito de dirigir-se a Deus, de pedir a Ele, de adorá-lo, de oferecer o louvor. A esse conjunto de coisas chamamos “religião”. E esse conjunto de coisas, no cristianismo, é fundamentado naquilo que o próprio Cristo determinou. Portanto, dizer que “religião não importa” é a mesma coisa que dizer que tudo o que Jesus ensinou não importa. Que a Vontade de Deus não importa. Imagine-se um noivo, que, antes de partir em viagem, pede à sua noiva que o espere e se mantenha fiel, para que ao voltar eles se casem. Esse noivo então parte, e a noiva cai na promiscuidade. Pergunta-se a ela porque não está observando o que o Noivo pediu, e ela simplesmente responde: “O que o Noivo pediu não importa, o importante é o Noivo”... A autêntica religião representa, simplesmente, o compromisso que temos para com a nossa fé. Examinemos a ordem do Senhor, em sua última ceia com os Apóstolos: “Tomai e comei, este é o meu Corpo (...) este é o meu Sangue. Fazei isto em minha memória!” (Mt 26,26ss). Este é, por determinação direta de Cristo, um rito religioso fundamental, que o próprio Senhor nos deixou, e que vem sendo observado, desde os tempos de Pedro e Paulo, pela verdadeira Igreja. Ritos religiosos são parte do autêntico cristianismo. Não podemos simplesmente dizer que eles não têm importância, afinal, “o importante é Jesus”. Justamente por ser Jesus importantíssimo, devemos fazer o que Ele manda! Muitos, querendo “reinventar a roda”, acabam jogando fora os mais preciosos Tesouros da fé. Por Henrique Sebastião, estudante de Teologia, redator e editor


DEVOÇÃO À VIRGEM MARIA Católicos realmente adoram Maria como se fosse uma “deusa”? Colocam-na no lugar de Cristo? Qual o significado da Teologia Mariana? Tire suas dúvidas

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e cremos que Deus é Pai; se cremos que Jesus é o Cristo, o Ungido, o Filho de Deus, também precisamos respeitar, honrar e amar a mãe de Jesus, a Virgem Maria. Se cremos que todos os que amaram verdadeiramente a Deus nesta vida estão no Céu, e que aqueles que seguiram Jesus e morreram acreditando nEle estão ao seu lado, seria o cúmulo do absurdo supor que a mãe do Cristo aqui na Terra não estivesse junto a Ele no Céu. Maria, cheia do Espírito Santo, que declarou de si mesma:

“Desde agora, todas as gerações me proclamarão bem-aventurada!” (Lc 1, 48) Nós, cristãos, cremos que recebemos por Graça o direito e o poder de pedir e interceder junto a Deus. Podemos pedir ao Pai em Nome de Jesus, ou falar diretamente a Jesus e pedir que nos conceda suas bençãos. O próprio Cristo ensinou isso nos Evangelhos, e que Graça maravilhosa é esta! Não devemos deixar jamais de elevar nossas orações a nosso Senhor, que, sendo Deus, se fez homem e fraco, por nós. Foi Ele somente quem sofreu as piores dores e deu a própria vida em Sacrifício pela nossa salvação. Jesus é nosso único Salvador, Um com o Pai e o Santo Espírito, e exclusivamente por Ele recebemos a vida eterna. Jesus Cristo é nosso único Mediador junto ao Pai, no sentido de nos resgatar do pecado e salvar as nossas almas. Enquanto cristãos,

precisamos assumir que é Ele, - e apenas Ele, - que está eternamente no centro da nossa fé, das nossas orações e de todas as nossas práticas. Esclarecidos esses pontos, nós também cremos que podemos e devemos interceder uns pelos outros, isto é, pedir a Deus pelas pessoas que amamos ou por aqueles que precisam, assim como Maria fez em Caná, pedindo a seu Filho e seu Senhor que ajudasse aqueles noivos. Ela pediu e Ele a atendeu (Jo, 2). Cremos que Maria, que é nossa mãe, nossa irmã e companheira de caminhada, pode pedir também por nós ao seu Filho amado, agora que está com Ele na eternidade, em perfeita Comunhão. Cremos que, no Céu, os santos de Deus estão mais vivos do que nós aqui na Terra, pois alcançaram a vida plena à qual Jesus se referiu (Jo 10, 10). Maria foi a primeira cristã, o perfeito modelo de fé e de confiança em Jesus, testemunha fiel de tudo o que se passou na vida dele, desde antes do nascimento até a Cruz. Ninguém teve a dádiva de conhecer Jesus como Maria! Não, ela não foi e nem é “uma mulher qualquer”, como lamentavelmente ouvimos dizer por aí: não foi “acidente” nem “sorte” a Graça tremenda que aconteceu na sua vida! Não é todo dia que uma virgem recebe o aviso de um anjo, de que será a mãe do Filho de Deus! Não é todo dia

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que uma mulher fica grávida por obra especialíssima, direta de Deus! Não é “qualquer mulher” que gera, educa e cuida de alguém como Jesus Cristo, Princípio e Fim do Universo! É por tudo isso que não é pecado chamar Maria de “Mãe de Deus”. Jesus sendo Deus, e Maria sendo sua mãe, quando chamamos assim, honramos a memória de Maria, mas a Jesus glorificamos, reafirmando todas as vezes que Ele é Deus. Negar-se a dizer que Maria é “Mãe de Deus”, nega a divindade de Jesus Cristo. Simples assim. Assim como está escrito, Maria foi escolhida desde o princípio dos tempos (Jr 1,5), porque o Sopro de Deus pairou de maneira especial sobre ela. A Vida que nela foi gerada era nada menos que a Vida do próprio Autor da Vida! Como podem alguns se negar a honrar Maria? Como podem se negar a lhe proclamar Bem-Aventurada e Cheia de Graça, e ainda se considerarem cristãos? Podemos imaginar os risos, as brincadeiras, as lágrimas, as preocupações que ela teve com o seu Filho Divino, o dia-a-dia ao lado do Senhor... Ninguém teve maior escola de espiritualidade do que Maria! Nem mesmo os Apóstolos, que tiveram apenas três anos para aprender com Cristo: Maria teve trinta e três anos e nove meses! Se acreditamos na palavra e na santidade dos Apóstolos, que escreveram os Evangelhos, como


duvidar de Maria, a mãe do Senhor? Se ela tivesse escrito um Evangelho, seria sem dúvida o mais digno de crédito; porque ela esteve lá, junto até o último momento, e continuou com os Apóstolos depois da crucificação, integrando a Igreja que nascia. Aliás, no momento da crucificação, quando os discípulos fugiram, quem continuou ao lado do Senhor? Ela mesma.

voção pura e autêntica; dirigir nossas preces, pedidos e graças a Jesus e a Deus Pai, pedir sempre a luz do Espírito Santo no que dizemos e no que fazemos. Se vier o desejo de falar com nossa Mãe do Céu, devemos fazê-lo sabendo que falar com Jesus é falar com Deus, e que falar com Maria é falar com um ser humano especialíssimo que está no Céu com Deus.

E os Apóstolos a ouviam, sem dúvida. Muita coisa Maria deve ter lhes contado, muitos detalhes sobre a vida do Senhor. Senão, como eles poderiam saber, para escrever? Maria foi a melhor testemunha do Evangelho. Ninguém, absolutamente ninguém em toda a História, viveu a experiência Jesus Cristo mais do que ela.

Nunca a Igreja ensinou que Maria é uma “deusa”, como acusam alguns dos nossos irmãos “evangélicos”. O Catecismo da Igreja Católica (CIC) deixa muito claro que é sempre o Deus Uno e Trino quem concede as graças. Nossa mãe pede por nós, junto a Deus. Jesus concede graças porque é nosso Intercessor junto ao Pai, e porque todo o poder lhe foi dado no Céu e na Terra. Maria consegue as graças, pedindo a Deus por nós. Se tantos cristãos piedosos pedem a Jesus e são atendidos, quanto mais ela, a Virgem Maria, que foi e continua sendo muito mais santa, mais unida a Jesus e mais pura e salva do que qualquer um de nós? Nós levamos o Senhor na mente e no coração: Maria, além disso, o carregou no ventre: a Carne de Jesus Cristo, Deus encarnado, era a mesma carne de Maria. O sangue que fluía em Maria era o mesmo Sangue salvador que fluía em Jesus, e que foi derramado pela salvação da humanidade. Já parou para pensar nisso? Equilíbrio: é tudo de que precisamos para honrar e venerar Maria do jeito certo. É verdade que alguns católicos se equivocam neste assunto. Muitos gostam de repetir frases como: “Tudo com Jesus, nada sem Maria!”, – Uma afirmação de uma infelicidade total. - Cristo é Deus, Alfa e Ômega, Principio e Fim de todas as coisas. Quem o tem, tem tudo. Para quem está nele, não existem condições. Maria, Mãe bendita, vive nele, para sempre. O amor que vem de Jesus e de Maria são o mesmo e um só: expressão máxima e perfeita do Amor Divino no mundo, e que provém dEle, o Autor da Vida e Deus de Amor. E foi a este mesmo Amor que Maria se entregou, de corpo e alma; foi deste Amor que ela se fez serva, para se tornar “Nossa Senhora” para sempre. Se existem exageros ao se falar de Nossa Senhora, e isso leva alguns irmãos de outras comunidades cristãs a nos acusar de idolatria, devemos saber que, dentro da verdadeira Fé, nada nos desvia da verdadeira Comunhão dos santos e nem da companhia e proteção de nossa bem amada e sempre Bem Aventurada Virgem Maria, Mãe de Deus e de todos nós; exemplo incomparável de santidade sempre ao nosso lado no percurso do Caminho.

Nossa Senhora é uma só: Maria, a mãe de Jesus Cristo. Mas ela recebeu diversos títulos e representações ao redor do mundo, como esta, feita na China: cada nação procurou retratá-la à sua maneira.

Maria cuidou e protegeu Nosso Senhor desde quando Ele, por amor a nós, se fez um bebê indefeso. Que grande absurdo é querer “defender” Jesus tentando diminuir Maria!

Muitos títulos de honra a Igreja deu à Maria, e nos cabe procurar entendê-los corretamente. Infelizmente, aqui entramos nos exageros de alguns que parecem querer elevar a Mãe de Deus mais alto que o próprio Deus. - Mais alto do que, com certeza, ela mesma deseja ser elevada. Estes estão no lado oposto daqueles que a desrespeitam. Uns, na ânsia de anunciar as virtudes da Mãe, por vezes acabam exagerando; outros, no zelo de defender o papel único do Filho de Deus, desprezam o maravilhoso legado da sempre amada Mãe da Igreja. A Igreja sabe o que é o Reino de Deus, quem é Jesus e quem é Maria, e nós precisamos aprender essas coisas. Devemos aprender a amar Maria com uma de-

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À vossa proteção recorremos, Santa Mãe de Deus. Não desprezeis as nossas súplicas em nossas necessidades, mas livrai-nos sempre de todos os perigos, ó Virgem gloriosa e bendita!


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