Revista MS Industrial - Ed. 99

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ANÚNCIO

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ANÚNCIO

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[ DIRETORIA] Presidente: Sérgio Marcolino Longen 1° Vice-Pres.: Alonso Resende do Nascimento 2° Vice-Pres.: José Francisco Veloso Ribeiro 3° Vice-Pres.: Ivo Cescon Scarcelli 1º Vice-Pres Regional: Luiz Cláudio Sabedotti Fornari 2° Vice-Pres Regional: Sidnei Pitteri Camacho 3º Vice-Pres Regional: Lourival Vieira Costa 4º Vice-Pres Regional: Roberto José Faé 5º Vice-Pres Regional: Gilson Kleber Lomba 1° Secretário: Cláudia Pinedo Zottos Volpini 2° Secretário: Juarez Falcão Alves 3° Secretário: Irineu Milanesi 1° Tesoureiro: Altair da Graça Cruz 2° Tesoureiro: Edis Gomes da Silva 3° Tesoureiro: Milene de Oliveira Nantes Diretores Lenise de Arruda Viegas Edemir Chaim Asseff João Batista de Camargo Filho Ligia Queiroz de Brito Machado Kleber Luiz Recalde Isaías Bernardini Antônio Breschigliari Filho Julião Flaves Gaúna Marismar Soares Santana Marcelo De Carli Ferreira Marcelo Alves Barbosa Zigomar Burille Marcelo Galassi Osvaldo Fleitas Centurion Antônio Carlos Nabuco Caldas Nilvo Della Senta

SISTEMA FIEMS DIRETOR CORPORATIVO SISTEMA FIEMS: Cláudio Jacinto Alves DIRETOR REGIONAL DO SENAI/MS: Rodolpho Caesar Mangialardo SUPERINTENDENTE DO SESI/MS: Bergson Henrique S. Amarilla

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SUPERINTENDENTE DO IEL/MS: José Fernando Gomes do Amaral

R E V I S TA

MSINDUSTRIAL

Conselho Fiscal Efetivos: Sandro Luiz Mendonça José Paulo Rímoli Silvana Gasparini Pereira Suplentes: José Aguilar Monteiro Edson Germano Irma Tinoco Atagiba Asseff Delegados junto à CNI Efetivos: Sérgio Marcolino Longen Roberto José Faé Suplentes: Irineu Milanesi Alfredo Fernandes 4 •

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Revista da Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul

Diretor de Comunicação: Robson Del Casale (DRT/MS 064) Fotos: Ademir Almeida, JJ Cajú, Nilson de Figueiredo, Ricardo Flores, Valdenir Resende e Unicom/Fiems Endereço: Avenida Afonso Pena, 1.206 - 2º Andar Bairro Amambaí - Campo Grande/MS - 79.005-901 E-mail: unicom@sfiems.com.br Site: www.fiems.com.br Fone: (67) 3389-9017 As opiniões contidas em artigos assinados são de total responsabilidade de seus autores, não refletindo, necessariamente o posicionamento do Sistema Fiems Revista Mensal - 10 mil exemplares


[ EDITORIAL]

BATALHA

CONTRA A INÉRCIA “O próximo presidente do País deverá se preocupar muito em unir os brasileiros em torno de temas comuns e necessários, além de retomar o diálogo com as pessoas” Na última semana, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) realizou, simultaneamente, três grandes eventos: A Olimpíada do Conhecimento, os Diálogos com os Candidatos e o Encontro Nacional da Indústria, o ENAI. A ideia de juntar três dos maiores eventos da indústria no País foi exatamente para chamar a atenção da grande necessidade de se discutir novos rumos para o Brasil, passando pela formação das pessoas até chegar na tomada de decisões que impactam a vida de cada um dos brasileiros. Durante a abertura do Encontro Nacional da Indústria, o ENAI, o convidado foi o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que chamou a atenção de uma plateia com mais de 3 mil empresários de todo o Brasil para uma situação absolutamente relevante: a perda de união da sociedade. Segundo FHC, o próximo presidente do País deverá se preocupar muito em unir os brasileiros em torno de temas comuns e necessários, além de retomar o diálogo com as pessoas. Apenas dessa forma será possível realizar as reformas necessárias para o Brasil, como a previdenciária. Para se ter uma ideia, até a última sexta-feira, conforme cálculo da CNI, o Brasil já teria em caixa mais de R$ 3,8 bilhões, por exemplo, se a reforma da Previdência já estivesse em vigor. Isso significaria mais investimento em educação, saúde, habitação e infraestrutura.

Essa pauta também foi abordada durante palestra de Christopher Garmanm, diretor da Eurásia. Segundo ele, todas as lideranças começaram a bater nessa tecla de reforma da Previdência, assim, todos os presidenciáveis também vão abordar nesta eleição o combate aos privilégios, como os de servidores, por exemplo. Isso, de certa forma, acabou animando os empresários presentes. A plateia do ENAI também ouviu atentamente às propostas dos seis principais candidatos à Presidência da República. Geraldo Alckmin, Marina Silva, Jair Bolsonaro, Henrique Meirelles, Ciro Gome e Álvaro Dias. Todos tiveram 25 minutos para apresentar suas ideias e depois responderam a questionamentos do setor industrial. O momento serviu de forma muito clara para que o setor industrial brasileiro pudesse entender quais as saídas que cada candidato pensa, por exemplo, para a falta de competitividade dos produtos brasileiros, o aumento da produtividade, a geração

de trabalho e renda e como tudo isso pode somar ao crescimento e desenvolvimento do país. Confesso aqui a vocês que essa parte do encontro não me deixou tão animado assim, já que nenhum candidato conseguiu apresentar algo concreto, claro e objetivo como resposta para esses temas. Por fim, um alento para o futuro. A Olimpíada do Conhecimento entrou com toda força para mostrar que a inovação e a tecnologia estarão cada vez mais presentes no nosso cotidiano e isso por mãos de jovens alunos e cientistas. O Sesi e o Senai não têm dado apenas suas contribuições para a educação profissional no País, mas para o desenvolvimento nacional de tecnologia e suporte industrial. De um modo geral, a CNI e as Federações de Indústria de todo o Brasil, durante esses dias, chamaram a atenção para os problemas crônicos que o País vive, e também apresentaram soluções e apontaram caminhos de um Brasil do futuro. Basta apenas agora saber se quem precisava entender tudo isso, de fato, entendeu.

SÉRGIO LONGEN - Presidente da Fiems (Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso do Sul) MS INDUSTRIAL | 2018 • 5


[ SUMÁRIO]

30 CAPA

No Mês da Indústria a Fiems promove várias ações para mostrar a força do setor em MS

ENTREVISTA

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O jornalista Carlos Alberto Sardenberg fala sobre a necessidade de reduzir contas públicas e as expectativas com as eleições

BRASIL INDUSTRIAL de concorrência no 20 Falta mercado de combustíveis custa R$ 7,38 bilhões à indústria brasileira

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RADAR de 14 Exportação industrializados de MS

registra alta de 21% e passa de US$ 1,12 bilhão

CIN

empresarial à feira 28 Missão no país vizinho serviu para mostrar as oportunidades de investimentos

LOGÍSTICA

18 Tabela mínima do frete força empresas a repensarem operações e reajustarem preços

MEI

o mercado por 38 Cresce alimentos mais saudáveis e profissionais de outras áreas se arriscam


22 SINDICAL

26 VAREJO

46

DIVERSIFICAÇÃO

INDÚSTRIA

SESI FAZ

Asperbras inaugura 42 Grupo fábrica de MDF em Água

visitam Microsoft 50 Gestores e alinham parceria com

SENAI FAZ

IEL FAZ

EXPANSÃO

do Senai 52 Levantamento aponta novas profissões

promove aula 56 Instituto inaugural do PQF 2018 na

INOVAÇÃO

têm até 7 de 40 Empresas outubro para concorrer ao Edital de Inovação, que disponibiliza R$ 55,2 milhões

que devem surgir pelos próximos anos com a Indústria 4.0

Clara, que pode se tornar um polo moveleiro em Mato Grosso do Sul

Capital, Ribas do Rio Pardo e Três Lagoas

empresa canadense na busca de avanços nas áreas de Educação e SST

da Fiems visita 58 Presidente áreas em Paranaíba para construção de um Centro Integrado Sesi Senai

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[ E N T R E V I S TA ] Carlos Alberto Sardenberg

Jornalista e comentarista econômico

O BRASIL TEM UMA AGENDA PRONTA PARA CRESCER, BASTA UM PRESIDENTE DISPOSTO A IMPLANTÁ-LA”

Carlos Alberto Sardenberg, jornalista, é âncora do programa CBN Brasil, veiculado de terça a sextafeira pela CBN, rede nacional de radiojornalismo. É comentarista econômico dos programas noticiosos da CBN, do Jornal das Dez (da Globonews), e do Jornal da Globo, da TV Globo. Escreve coluna no jornal O Globo. Sardenberg é um dos principais vencedores do Prêmio Comunique-se. Tem 10 troféus. Venceu três vezes na categoria Âncora de Rádio; cinco vezes como Comentarista Econômico – Mídia Falada e duas vezes na Mídia Escrita. Foi escolhido como o segundo mais admirado jornalista de Economia do País pelos portais Jornalistas&Cia e Maxpress, em 2016. Nesse mesmo prêmio, ficou entre os 10 jornalistas mais admirados do País, em 2014. Jornalista desde 1969, trabalhou como repórter, redator e editor nos jornais O Estado de S.Paulo, Jornal do Brasil e Folha de São Paulo e revistas Veja e IstoÉ. Fez inúmeras coberturas no exterior. De 1985 a 1987, foi Coordenador de Comunicação Social do Ministério do Planejamento (gestão João Sayad), participando do lançamento e divulgação do Plano Cruzado. De 1987 a 1988, foi assessor da Reitoria da Universidade Estadual de Campinas, ocasião em que trabalhou na definição de cursos de pós-graduação em jornalismo. MS INDUSTRIAL | 2018 • 9


É preciso uma reforma da Previdência que reduza o déficit das contas públicas, e isso, inevitavelmente, significa que as pessoas vão trabalhar mais e receber menos. Quem não quiser aceitar esta verdade está vendido”.

A economia do Brasil está andando devagar. As taxas de juros não diminuem, o dólar está caro, o PIB está abaixo das expectativas. Para o senhor, o que falta para o País alavancar? O Brasil tem uma agenda muito clara e que envolve, essencialmente, o setor público. As contas públicas se deterioraram de maneira muito expressiva nos últimos anos, saímos de um superávit para um déficit elevado. Depois do Plano Real o Brasil fez um longo esforço para reduzir o endividamento, e a Dilma, enquanto presidente, fez exatamente o oposto. Imagine só, já ter uma dívida e, mês a mês, gerar um déficit. Ao final de um ano a situação insustentável, e é isso o que está acontecendo com o setor público brasileiro. E se ele quebra, quebra o País. Outra consequência é que para fechar a conta o governo fica cada vez mais tentado a aumentar e criar novos impostos, ou seja, um desastre, esse desastre que está acontecendo no Brasil. Então, tem que haver uma solução para as contas públicas, e dentro desta questão existem dois problemas, e o mais grave deles é a Previdência, que gera déficits monumentais. O Tesouro faz um esforço danado para economizar e a Previdência gera déficit, então não tem condição, tem que ter uma reforma da Previdência que reduza esse déficit, e isso, inevitavelmente, significa que as pessoas vão trabalhar mais e receber menos, ponto final. Quem não quiser aceitar esta ver10 •

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O governo não presta mais,

então é preciso resolver o que

pode ser resolvido sem governo, ou com a mínima interferência dele. O empresário pequeno precisa se unir aos outros para ter essa condição, formar cooperativas”.

dade está vendido, está enganado. Se a reforma da Previdência não for feita pelo próximo governo, os gastos com aposentadorias, pensões e benefícios sociais do INSS vão continuar crescendo exponencialmente, e essa evolução praticamente inviabiliza o cumprimento da regra do teto de gastos, que limita o crescimento das despesas públicas aos números da inflação e representou uma revolução nas contas públicas. O segundo grande gasto público é o pessoal. Existem setores como o Judiciário, o Legislativo, que gastam mais de 80% da receita com pessoal, para produzir pouco, e isso tem que ser reduzido. O terceiro ponto são os investimentos, que acredito que dependem de um amplo programa de privatização, porque se o setor público não investe, o privado tem que investir, mas ele precisa de condições melhores que passam, necessariamente, pela questão tributária. Então considero que essa é a agenda básica para a retomada do crescimento: reduzir as contas públicas, fazer a reforma da Previdência, reduzir gastos com pessoal e abrir espaço para a iniciativa privada, mudanças que dependem de um presidente que tenha vontade política para implantá-las. O senhor mencionou a questão da necessidade de mais investimentos pela iniciativa privada. Na opinião do senhor, o País conta com um ambiente favorável para atrair esses investimentos? Essa é uma questão que envolve falhas históricas, que vem de lá de trás, passando inclusive por um viés cultural


Para além dos impeditivos advindos da legislação brasileira, com inúmeros impostos, burocracia em excesso, tem se falado muito sobre a intervenção do Judiciário, como o STF tabelando o preço do frete, desembargadores que mandam prender e soltar um ex-presidente preso. Como o senhor enxerga estas interferências para a economia do País? O Judiciário brasileiro está simplesmente avacalhando. Há muito tempo se fala em privatizações no Brasil, com a lei de desestatização, por exemplo, que estabelece todo um processo, cria um programa nacional de desestatização, inclui e exclui empresas, ou seja, o País conta com um sistema jurídico-institucional de privatização que está em funcionamento. Porém, pelo regime vigente, para algumas empresas serem privatizadas é preciso passar pelo Congresso, como é o caso da Petrobras e Eletrobrás. Quando o ministro Lewandowski (Ricardo Lewandowski, ministro do Supremo Tribunal Federal) se aproveita de uma situação e, no último dia de funcionamento do STF baixa uma liminar dizendo que todas as privatizações dependem de autorização do Congresso, é golpe. É, evidentemente, um golpe, porque o Lewandowski é, ideologicamente, contra as privatiza-

“Não acredito e, temo, que nesta eleição não haverá renovação, por causa do nosso sistema, que é muito paternalista com o político, foi criado para defendê-lo e segurá-lo ali.

ideológico, uma cultura esquerdista de enxergar os empresários como vilões, de ser contra o setor privado. A prática política do clientelismo que nos levou a atrasos que geram problemas de infraestrutura, de logística. Quanto mais investimentos em logística existir, mais mercado se abre para todos os Estados e setores. Ainda que haja essa falta de investimentos e atrasos na questão da infraestrutura, o setor privado brasileiro precisa tomar mais iniciativas, diminuir essa dependência do governo. O governo não presta mais, então é preciso resolver o que pode ser resolvido sem governo, ou com a mínima interferência dele. O governo não fez estrada? Então vamos dar um jeito de fazer, muitas empresas fazem isso. A Vale chorou, mas foi lá, e fez uma ferrovia. E o pequeno, precisa se unir aos outros para ter essa condição, formar cooperativas, associações.

ções. Na prática, com uma canetada, o ministro suspendeu as privatizações. Considerando que a Petrobras está tentando vender Pasadena (refinaria sucateada localizada nos Estados Unidos cuja compra, concretizada pela estatal em 2006, foi alvo de investigação da Operação Lava Jato, por suspeitas de superfaturamento), será que é mesmo necessário que o Congresso autorize que o País tente reverter um prejuízo desses? Esse golpe sofrido pelo País gera uma instabilidade brutal, e o Legislativo também está se omitindo. O episódio do habeas corpus do Lula foi o fim do mundo, porque como é que pode um juiz de plantão e que tem um histórico de ligações com o PT se julga apto a tomar uma decisão

que vai contra todos os entendimentos que já foram apresentados anteriormente por outras cortes, sem que houvesse nenhum fato novo? Precisamos rever a decadência do setor político. Nos Estados Unidos, por exemplo, a indicação de um ministro da Suprema Corte é feita como no Brasil, o presidente indica e o Senado aprova. Só que no Congresso norte-americano as sabatinas são de verdade, são várias audiências, o passado do sujeito é vasculhado, as ligações, a vida pessoal, tudo. É um processo tão exaustivo que já tiveram inúmeros casos em que o indicado desistiu. Aqui, o indicado faz um passeio pelo Congresso, busca apoio de um, de outro. Ou seja, não é a forma de indicação que é ruim, é a atitude e a postura das pessoas envolvidas nele, e por isso aqui o nosso Supremo é ruim e não funciona. Diante desta crise no sistema político do País, o senhor acredita que, nas eleições deste ano, o brasileiro vai optar pelo novo? Não acredito e, ainda pior, temo que nesta eleição não haverá renovação. E isso por causa do nosso sistema, que é muito paternalista com o político, foi criado para defendê-lo e segurá-lo ali. O dinheiro da campanha vem do Fundo Partidário, que é administrado pelos dirigentes partidários que, por sua vez, vão mandar esses recursos para a “turma deles”, ou seja, a tendência é de que continuemos a ver as mesmas caras no Congresso Nacional. A menos que surjam candidatos como um Macron (Emmanuel Macron, presidente da França eleito em 2017, poucos meses após fundar seu próprio partido político), alguém como um Luciano Huck no Brasil, que do nada se candidata, conquista um baita prestígio e ganha a eleição. Mas não acredito que haja alguém com esse perfil, temos por aí velhos políticos que se apresentam como “novos” e são mais do mesmo. Os que lideram as pesquisas de intenção de voto, não que sejam todos iguais, mas não demonstraram ainda intenções de fazer uma nova política, com novas propostas, sobretudo no campo econômico. MS INDUSTRIAL | 2018 • 11


[ CHARGE ]

[ OLHAR ] EM ENCONTRO COM ALCKMIN, LONGEN APRESENTA DEMANDAS DO SETOR PRODUTIVO DO ESTADO Ao apresentar as demandas do setor produtivo de Mato Grosso do Sul para o pré-candidato à Presidência da República pelo PSDB, Geraldo Alckmin, no Edifício Casa da Indústria, em Campo Grande (MS), o presidente da Fiems, Sérgio Longen, colocou como medidas urgentes a segurança jurídica e o equilíbrio na política de desenvolvimento entre os Estados para que o empresário volte a investir. As sugestões do setor para o plano de governo do presidenciável foram apresentadas durante reunião com a participação de empresários e autoridades. Representando Fiems, Famasul, Faems, FecomércioMS e Amems, Longen apontou os principais entraves para o crescimento da indústria, agropecuária, comércio e serviços no Estado, sugerindo, entre outras questões, reforços na segurança da faixa de fronteira com a Bolívia e Paraguai, mudanças na política nacional de desenvolvimento e aprovação de reformas Pré-candidato à Presidência em entrevista coletiva a jornalistas estruturantes. 12 •

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FIEMS E DETRAN ASSINAM TERMO DE COOPERAÇÃO PARA A CIDADE DO TRÂNSITO

Espaço foi repaginado para receber interessados em desenvolver produtos

LABORATÓRIO ABERTO DO IST ALIMENTOS E BEBIDAS É REESTRUTURADO PARA CRIAÇÃO DE NOVOS PRODUTOS Em funcionamento desde 2014, o Laboratório Aberto do Senai de Inovação e Criatividade, que integra o Complexo do Instituto Senai de Tecnologia em Alimentos e Bebidas (IST Alimentos e Bebidas), em Dourados (MS), foi reestruturado e agora passa a oferecer

um ambiente de coworking – espaço de trabalho em que se compartilham recursos - muito mais moderno e funcional para receber, sem qualquer custo, pessoas interessadas em desenvolver produtos inovadores no segmento da alimentação.

ISI BIOMASSA APRESENTA PROJETOS DE PESQUISA NA MAIOR FEIRA MUNDIAL DE INDÚSTRIA QUÍMICA Pesquisadores do ISI Biomassa (Instituto Senai de Inovação em Biomassa), de Três Lagoas (MS), apresentaram dois projetos de pesquisa durante a Achema - Exposição e Congresso Internacional de Engenharia Química, Proteção Ambiental e Biotecnologia. Considerada a maior feira mundial de indústria química e biotecnologia, o evento foi realizado em Frankfurt, na Alemanha. O pesquisador José Paulo Castilho Lopes apresentou uma tecnologia rápida e eficiente, utilizando diagnóstico molecular, para detecção de fitopatógenos, organismos que causam doenças em plantas. Já o pesquisador Jorge Lepikson Neto abordou formas de trabalhar as adições de nutrientes para melhorar a qualidade final da madeira, especialmente em eucaliptos.

Hashioka e Longen assinam termo

O presidente da Fiems, Sérgio Longen, assinou, no Edifício Casa da Indústria, em Campo Grande (MS), convênio com o Detran/MS (Departamento Estadual de Trânsito do Estado) para, por meio do Sesi e do IEL, fomentar o projeto “Detranzinho – Cidade Escola de Trânsito”. O termo foi assinado junto ao diretor-presidente do órgão, Roberto Hashioka, durante reunião com as participações dos superintendentes do Sesi, Bergson Amarilla, e do IEL, José Fernando Amaral, respectivamente.

MÉDICO LANÇA “DICIONÁRIO DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHADOR” Lançado durante evento realizado na sede do TRT/MS, em Campo Grande, o livro “Dicionário de Saúde e Segurança do Trabalhador”, de autoria de René Mendes, vai disseminar entre as indústrias do Estado uma cultura de prevenção, reduzindo custos e acidentes de trabalho. A avaliação é do presidente da Fiems, Sérgio Longen, que participou do lançamento acompanhado de diversas autoridades ligadas à Justiça do Trabalho. O professor René Mendes, que leciona na área de Saúde Pública e Medicina do Trabalho, afirmou que o dicionário, de fato, é a contribuição dele para que o trabalho seja mais digno e seguro.

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[ R A DA R

FIEMS

]

SALDO POSITIVO Exportação de industrializados de MS registra alta de 21% e passa de US$ 1,12 bilhão

A receita com as exportações de produtos industrializados de Mato Grosso do Sul apresenta alta de 21% no 1º quadrimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado e já acumula saldo de US$ 1,12 bilhão contra US$ 927,20 milhões de janeiro a abril de 2017, conforme levantamento do Radar Industrial da Fiems. Na comparação de abril de 2017 com abril deste ano, a receita com a exportação de produtos industriais registrou crescimento de 17%, saindo de US$ 235,88 milhões para US$ 275,18 milhões. Segundo o coordenador da Unidade de Economia, Estudos e Pesquisas da Fiems, Ezequiel Resende, o montante obtido no mês de abril é o melhor resultado registrado para o mês nos últimos quatro anos. “Quanto ao volume exportado, na comparação mensal, tivemos aumento de 14%, enquanto na comparação anual registramos aumento de 25% em relação a 2017. Já em relação à participação relativa, no mês, a indústria respondeu por 52% de toda a receita de exportação de Mato Grosso do Sul, sendo que no acumulado do ano, na mesma comparação, a participação ficou em 65%”, analisou. Ainda de acordo com ele, os grandes responsáveis por esse bom

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desempenho continuam sendo os grupos “Celulose e Papel”, “Complexo Frigorífico”, “Extrativo Mineral”, “Óleos Vegetais”, “Couros e Peles” e “Açúcar e Etanol” que, somados, representaram 98,1% da receita total das vendas sul-mato-grossenses de produtos industriais ao exterior. No caso do grupo “Ce-

lulose e Papel”, a receita no período avaliado foi de US$ 575 milhões, crescimento de 72% comparado com a somatória de janeiro a abril de 2017, dos quais 97,4% foram obtidos apenas com a venda da celulose (US$ 560 milhões). Os principais compradores foram a China, com US$


290,824 milhões, Itália, com US$ 65,6 milhões, Holanda, com US$ 58,3 milhões, Estados Unidos, com US$ 33,8 milhões, e Coreia do Sul, com US$ 19,2 milhões. “Demanda aquecida e preços em alta, tanto no mercado doméstico quanto internacional, devem seguir ajudando os resultados dos produtores brasileiros de celulose e papel no segundo trimestre. No caso da matéria-prima, um reajuste de até US$ 20 por tonelada para abril já começou a ser aplicado e restrições de oferta, principalmente na Europa, poderão abrir espaço para novo aumento”, informou Ezequiel Resende. Já no grupo “Complexo Frigorífico” a receita conseguida na

+ 21%

soma de janeiro a abril deste ano foi de US$ 309,2 milhões, uma elevação de 4% na relação ao mesmo período do ano passado, sendo que 34% do total alcançado são oriundos das carnes bovinas desossadas congeladas, que totalizaram US$ 105,2 milhões. Para esse grupo, os principais compradores foram Hong Kong, com US$ 71,2 milhões, Chile, com US$ 42,9 milhões, Arábia Saudita, com US$ 21,7 milhões, China, com US$ 20,6 milhões, e Irã, com US$ 17,5 milhões. “Para 2018, a demanda interna deverá apresentar sinais de melhora com a recuperação da renda real da população e da melhora do mercado de trabalho. Os preços do boi, no entanto, seguem contidos por conta da concorrência com as carnes suína e de frango. Exportações deverão se manter em expansão no ano, refletindo a demanda internacional aquecida”, ressaltou o economista. OUTROS GRUPOS - O grupo “Extrativo Mineral” aparece em terceiro com melhor desempenho, tendo uma receita de US$ 85,5 milhões no período analisado, aumento de 53% comparado com a somatória de janeiro a abril do ano passado, sendo que 80,8% desse montante foi alcançado pelos minérios de ferro e seus concentrados, que somaram US$ 53,6 milhões. Nesse grupo, os principais compradores foram Argentina, com US$ 45,8 milhões, e Uruguai, com US$ 36,1 milhões. “Produção da indústria extrativa vem registrando crescimento, puxada pelo incremento das exportações. Investimentos em minério de ferro vinham desacelerando nos últimos anos, refletindo o excesso de oferta global e

consequentemente, preços menos atrativos. Mesmo assim, a produção global será crescente com a entrada de projetos na Austrália e aceleração da produção no Brasil”, detalhou Ezequiel Resende. Os outros grupos que também apresentaram crescimento nos três primeiros meses deste ano na comparação com o mesmo período do ano passado foram “Óleos Vegetais” e “Couros e Peles”, que tiveram altas de 138% e 41%, respectivamente. O grupo “Óleos Vegetais” obteve receita de US$ 60,5 milhões e os principais produtos vendidos para o exterior foram farinhas e pallets, com US$ 49,8 milhões, tendo como principais países compradores desses produtos a Tailândia, com US$ 33,4 milhões, Indonésia, com US$ 14,3 milhões, Holanda, com US$ 5,5 milhões, Espanha, com US$ 3,5 milhões, e Vietnã, com US$ 3 milhões. “O Brasil exportou 1,55 milhão de toneladas de farelo de soja em abril, o maior volume dos últimos 11 meses e um recorde quando considerados apenas os meses de abril. Esta quantidade representa aumento de 17,3% em relação às vendas de março e de 16,9% frente ao embarcado em abril de 2017, segundo dados da Secex”, pontuou o coordenador da Unidade de Economia, Estudos e Pesquisas da Fiems. O grupo “Couros e Peles” obteve US$ 37,7 milhões e os principais produtos vendidos foram outros couros e peles não divididos de bovinos, com US$ 19,4 milhões, e outros couros e peles inteiros, divididos de bovinos, com US$ 8,3 milhões, tendo como principais compradores a China, com US$ 17,2 milhões, Itália, com US$ 10,2 milhões, e Vietnã, com US$ 2,2 milhões). MS INDUSTRIAL | 2018 • 15


Indústria de MS registra saldo positivo na geração de empregos pelo 4º mês seguido O setor industrial de Mato Grosso do Sul, que é composto pelas indústrias de transformação, de extrativismo mineral, de construção civil e de serviços de utilidade pública, já acumula saldo positivo de 1.495 vagas de emprego de janeiro a abril deste ano, conforme levantamento do Radar Industrial da Fiems. O saldo positivo de trabalho é resultado das 19.975 contratações feitas no primeiro quadrimestre deste ano contra as 18.480 demissões realizadas no período avaliado. Para o presidente da Fiems, Sérgio Longen, os números são a consolidação da retomada do crescimento do setor no Estado. “Nós, como representantes e defensores do desenvolvimento de Mato Grosso do Sul, ficamos felizes em divulgar que a geração de emprego no nosso Estado já é uma realidade. Neste ano, já são 1.495 novos postos de trabalho gerados pela indústria nos municípios de Campo Grande, Aparecida do Taboado, Maracaju, Rio Brilhante, Eldorado, Água Clara, Naviraí, Nova Andradina, Ponta Porã, Paranaíba, Chapadão do Sul, Deodápolis e Costa Rica. Essa é a força da indústria”, pontuou. O coordenador da Unidade de Economia, Estudos e Pesquisas da Fiems, Ezequiel Resende, detalha que, de janeiro a abril deste ano, os maiores saldos no ano foram para os segmentos da indústria química (+932), indústria da construção (+377), indústria metalúrgica (+226) e indústria da madeira e do mobiliário (+165). No entanto, nos últimos 12 meses, o saldo continua negativo em 5.508 em razão das 56.911 contratações e 62.419 demissões. Ele explica que, com esse saldo positivo, o conjunto das atividades industriais em Mato Grosso do Sul encerrou o mês de abril de 2018 com 121.501 trabalhadores empregados, indicando aumento de 16 •

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0,43% em relação a março, quando o contingente ficou em 120.976 funcionários. “Atualmente a atividade industrial responde por 19,1% de todo o emprego formal existente em Mato Grosso do Sul, ficando atrás do segmento de Serviços, que emprega 193.683 trabalhadores com participação equivalente a 30,5%, Comércio, com 125.259 empregados ou 19,7%, e Administração Pública, com 122.468 empregados ou 19,3%”, informou. DETALHAMENTO - Em Mato Grosso do Sul, de janeiro a abril de 2018, 110 atividades industriais apresentaram saldo positivo de contratação, proporcionando a abertura de 3.403 vagas. O destaque vai para a fabricação de álcool (+950), construção de edifícios (+437), fabricação de açúcar em bruto (+220), fabricação de madeira laminada e de chapas de madeira compensada, prensada e aglomerada (+159), obras de terraplenagem (+151), obras de engenharia civil (+132), curtimento e outras preparações de couro (+121), catering, bufê e comida (+88). Por outro lado, 87 atividades industriais apresentaram saldo negativo

em Mato Grosso do Sul, proporcionando o fechamento de 1.908 vagas. Os responsáveis foram abate de reses, exceto suínos (-422), obras para geração e distribuição de energia elétrica e para telecomunicações (-170), montagem de instalações industriais e de estruturas metálicas (-168), construção de rodovias e ferrovias (-149). Em relação aos municípios, constata-se que em 52 deles as atividades industriais registraram saldo positivo de contratação de janeiro a abril de 2018, proporcionando a abertura de 2.855 vagas, com destaque para Campo Grande (+846), Aparecida do Taboado (+246), Maracaju (+146), Rio Brilhante (+138), Eldorado (+134), Água Clara (+128), Naviraí (+127), Nova Andradina (+115), Ponta Porã (+104), Paranaíba (+96), Chapadão do Sul (+84), Deodápolis (+78) e Costa Rica (+57). Por outro lado, em 20 municípios as atividades industriais registraram saldo negativo, proporcionando o fechamento de 1.360 vagas, com destaque para Cassilândia (-488), Três Lagoas (-341), Angélica (-151), Corumbá (-99) e Bataguassu (-99).


Intenção de investimentos da indústria de MS tem melhor resultado dos últimos 46 meses O índice de intenção de investimento do empresário industrial de Mato Grosso do Sul apresentou em abril o melhor resultado dos últimos 46 meses, alcançando 61,8 pontos e indicando crescimento de 4,5 pontos sobre março, quando o resultado foi de 57,3 pontos, conforme a Sondagem Industrial realizada pelo Radar Industrial da Fiems. Na prática, esse resultado é 14,5 pontos maior que a média obtida para o mês de abril nos anos de 2014, 2015, 2016 e 2017, lembrando que o índice varia de zero a 100 pontos e, quanto maior o índice, maior é a intenção de investir. De acordo com o coordenador da Unidade de Economia, Estudos e Pesquisas da Fiems, Ezequiel Resende, o índice de expectativa do empresário industrial também foi positivo. “A demanda marcou 58,3 pontos, sinalizando expectativa de aumento para os próximos seis meses a partir de abril, enquanto em relação à contratação de empregados o índice marcou 53, 1 pontos, indicando expectativa de estabilidade nos próximos seis meses. Já em considerando a exportação o índice marcou 55,2 pontos, demonstrando expectativa de aumento nos próximos seis meses a partir de abril”, detalhou Ezequiel Resende. ICEI - Em abril, o Índice de Confiança do Empresário Industrial de Mato Grosso do Sul (ICEI/ MS) alcançou 57,1 pontos, sendo o melhor resultado para o mês dos últimos quatro anos. O índice alcançado em abril de 2018 é 12,3 pontos maior que a média obtida para o mesmo mês considerando os anos de 2013, 2014, 2015, 2016 e 2017. Adicionalmente, todos os componentes do indicador de expectativas permanecem acima da linha divisória dos 50 pontos, sinalizando que para os próximos seis meses devem ocorrer melhoras na economia brasileira, sul-mato-grossense e, principalmente, no desempenho da própria empresa. “Em relação às condições atuais, em abril, 20% dos respondentes consideraram que as condições atuais da economia brasileira pioraram, no caso da economia estadual, a piora foi apontada por 17,3% dos participantes e, com relação à própria empresa, as condições atuais estão piores para 21,4% dos em-

presários”, reforçou o economista, completando que, ainda no mês de abril, para 49,3% dos empresários não teve alteração nas condições atuais da economia brasileira, sendo que em relação à economia sul-mato-grossense esse percentual foi de 52,0% e, a respeito da própria empresa, o número chegou a 50,7%. Por fim, para 24% dos empresários as condições atuais da economia brasileira melhoraram, enquanto em relação à economia estadual esse percentual chegou a 22,7% e, no caso da própria empresa, o resultado foi de 20%. “Já os que não fizeram qualquer tipo de avaliação responderam por 6,7%, 8% e 8%, respectivamente”, pontuou Ezequiel Resende. MS INDUSTRIAL | 2018 • 17


[ LO G Í S T I C A ]

MUDANÇAS NO TRANSPORTE Tabela mínima do frete força empresas a repensarem operações e reajustarem preços Concentrar um volume maior de carga em um mesmo transportador, buscar caminhoneiros autônomos que pratiquem preços menores, melhorar o planejamento de embarque e criar estratégias com frotas próprias ou alugadas. Estas são as mudanças, de curto prazo, apontadas pelos empresários do setor industrial de Mato Grosso do Sul para driblar os impactos negativos que, segundo eles, vi-

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rão com a sanção da chamada tabela mínima do frete. Estabelecer um preço mínimo para o fretamento foi a solução encontrada pelo governo federal para minimizar a crise gerada, no início de junho, pela paralisação dos caminhoneiros brasileiros, insatisfeitos com as perdas resultantes do elevado preço do diesel. No afã de conter o movimento, o Poder Executivo baixou a Medida Provi-

sória 832/2018, que instituiu a política de preços mínimos do transporte rodoviário de cargas no território nacional e determinou à ANTT (Agência Nacional dos Transportes Terrestres) que regulasse, por resolução, a matéria. A mudança foi alvo de inúmeras ações judiciais pelo país, inclusive pela CNI (Confederação Nacional da Indústria). Estimativas da entidade apontam


que os segmentos da alimentação e frigorífico serão os mais afetados, incluindo arroz, aves e suínos, com percentuais de reajuste que vão superar os 60% no preço dos fretes, o que deve ser repassado para os consumidores. O presidente do Sicadems (Sindicato das Indústrias de Frios, Carnes e Derivados do Estado de Mato Grosso do Sul), Ivo Cescon Scarcelli, que representa a indústria frigorífica de Mato Grosso do Sul, avalia que a adoção de uma tabela com preços mínimos para o transporte de cargas vai gerar prejuízos e danos para a economia. “A criação desta tabela é algo absolutamente inacreditável. Tanto as empresas quanto os caminhoneiros vão sair perdendo, e isso depois de já terem passado por um prejuízo enorme com os dez dias de greve. Por um lado, os empresários têm afirmado que vão diminuir as remessas de cargas, outras já se organizam para montar a própria frota de caminhões ou

negociam preços melhores com as locadoras de veículos, ou seja, não tem como o caminhoneiro sair ganhando”, opina. Os cálculos da CNI apontam, ainda, que o transporte de arroz pelas rodovias do país terá aumento de 35% a 50% no mercado interno, e de 100% para exportações. No caso da indústria de aves e suínos, a previsão é que o impacto sobre o custo do transporte seja em torno de 63%. Já o frete de rações para alimentar os animais tende a aumentar 83%. Para o presidente do Siams (Sindicato das Indústrias da Alimentação do Estado de Mato Grosso do Sul), Sandro Mendonça, o momento exige cautela e sensibilidade por parte dos órgãos reguladores. “A resolução que regulamenta a tabela já foi publicada, mas a MP não foi sancionada, então o momento é sensível e cada um está pensando em seu lado. Por isso, o papel dos reguladores, como a

ANTT será fundamental para traçar um equilíbrio. Ao invés de ter sido por meio de uma medida provisória para conter o caos, poderia ter sido criada uma discussão envolvendo a classe”, comenta. Outro segmento bastante influenciado pelo preço do frete é o plástico petroquímico. O presidente do Sindiplast/MS (Sindicato das Indústrias de Plásticos e Petroquímicas de Mato Grosso do Sul), Zigomar Burille, afirma que o governo federal agradou aos caminhoneiros, mas onerou o empresário. “A tabela mínima aumenta em pelo menos 40% o preço do frete para o empresário. Há uma mobilização também no âmbito nacional para que esta medida do governo federal seja revogada. Mas, enquanto isso não acontece, o empresário continuará sendo penalizado com o alto custo da logística, o que se reflete em toda a cadeia produtiva”, afirma.

• Conforme a MP editada pelo governo, os valores da tabela valem até 20 de janeiro de 2019. • A MP foi publicada no dia 27 de maio. O governo tem prazo de 60 dias, prorrogáveis por mais 60, para transformá-la em lei, quando os preços estabelecidos pela ANTT passam a vigorar.

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[ BRASIL

INDUSTRIAL

]

SEM LIVRE

ARBÍTRIO

Falta de concorrência no mercado de combustíveis custa R$ 7,38 bilhões à indústria brasileira

A falta de concorrência é responsável pelas distorções no mercado e pelos elevados preços dos combustíveis no Brasil. Só no ano passado, os custos das indústrias energo-intensivas com a compra de gás natural, óleo combustível e gás liquefeito do petróleo (GLP) foram de cerca de R$ 7,38 bilhões superiores aos cobrados no mercado internacional. O cálculo está no estudo Insumos Energéticos: Custos e Competitividade, que faz parte do conjunto de 43 documentos que a Confederação Nacional da Indústria (CNI) apresentou aos candidatos à Presidência da República. Além de elevar os custos da indústria, o baixo número de competidores afasta os investidores e prejudica a inserção internacional do Brasil. Por isso, a CNI sugere que o governo promova a entrada de novos investidores e como consequência o aumento da concorrência no mercado de combustíveis. “A oferta abundante de combustíveis a um custo compatível com o do mercado internacional é fundamental para a indústria brasileira enfrentar a concorrência estrangeira”, afirma o especialista em energia da CNI Rodrigo Garcia. 20 •

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Os prejuízos da falta de concorrência no setor de combustíveis são maiores nas indústrias que consomem muita energia nos seus processos de produção, como a química, a siderúrgica, as de cerâmica, vidro, papel, celulose e alumínio. Em alguns desses setores, como o de vidro, os insumos energéticos chegam a representar 40% dos custos totais. “A crescente trajetória dos preços da energia nos últimos 20 anos fez com que o custo da energia deixasse de ser uma vantagem para se tornar um obstáculo à competitividade, sobretudo dos setores energo-intensivos. Isso ocorreu porque a liberalização do mercado de combustíveis no Brasil aconteceu sem a concomitante promoção da competição na oferta”, diz o estudo da CNI. Em janeiro de 2018, a Petrobras exportava óleo combustível por aproximadamente US$ 400 a tonelada e vendia o produto no mercado interno por cerca de US$ 450 a tonelada. GÁS NATURAL - “A estrutura concentrada de oferta de combustíveis resulta em preços muito acima do mercado interna-


cional”, destaca o documento. Exemplo disso é o gás natural. O preço do combustível, na faixa dos US$ 14 por milhão de BTUs, é um dos mais altos do mundo e chega a ser três vezes maior do que o dos Estados Unidos. ÓLEO COMBUSTÍVEL - O mesmo ocorre com o óleo combustível, principal derivado do petróleo utilizado pela indústria brasileira, especialmente, para aquecimento de caldeiras e fornos ou motores de combustão interna para geração de calor. A indústria é responsável por 53% do consumo nacional de óleo combustível. O óleo combustível é produzido nas refinarias de petróleo. A Petrobras é dona de 14 das 18 refinarias de petróleo existentes no País e tem grande participação nas atividades de distribuição e revenda. A BR é responsável por 88,8% da distribuição, a Raízem por 5,9% e a Ipiranga por 3,8%. No ano passado, a indústria energo-intensiva gastou cerca de R$ 615 milhões a mais que seus concorrentes com a compra de óleo combustível. O gasto adicional é resultado da multiplicação do consumo de óleo combustível dos setores energo-intensivos em 2017 pela diferença entre o valor do combustível praticado pela Petrobras no mercado interno e os preços de exportação. GÁS LIQUEFEITO DO PETRÓLEO - O Brasil importa cerca de 30% do GLP que consome. A indústria, especialmente os setores químico, cerâmica, mineração e papel e celulose, consome cerca de 12% do GLP oferecido no País. Mais de 72% é envasado em botijões de 13 quilos e vendido aos consumidores residenciais. Durante muitos anos, o valor do botijão de 13 quilos foi subsidiado. Para compensar os subsídio, a Petrobras vende o GLP para a indústria a preços mais altos. Essa compensação compromete a competitividade dos produtos brasileiros, pois os preços do GLP não residencial no Brasil estão entre os mais altos do mundo. A tarifa do GLP com impostos no Brasil é de US$ 0,75 por litro, muito superior a quase US$ 0,40 por litro cobrado na Bélgica e aos US$ 0,62 por litro do Japão. Com isso, no ano passado, a indústria energo-intensiva gastou aproximadamente R$ 924 milhões a mais do que seus concorrentes externos com a compra de GLP. O gasto adicional é resultado da multiplicação do consumo de GLP do setores energo-intensivos pela diferença entre o valor do combustível praticados pela Petrobras no mercado interno e os preços de referência do mercado internacional. Além de ser responsável por quase todo o GLP disponível no mercado brasileiro e pelas importações, a Petrobras é dona da infraestrutura de armazenagem e transporte do produto. Ocorre que essa infraestrutura está próxima do limite e, segundo os planos da Petrobras, não há planos de investimentos na área. “A manutenção do monopólio representa um risco de abastecimento de GLP no médio e no longo prazo”, alerta a CNI. MS INDUSTRIAL | 2018 • 21


[ INCUBADORA

SINDICAL

]

Delegação de Mato Grosso do Sul, formada por diretores da Fiems, durante evento realizado em Brasília

ENCONTRO DA

INDÚSTRIA

O Enai reuniu 2 mil empresários de todo o Brasil para debater questões estratégicas de desenvolvimento Com a participação de 2 mil empresários de todo o Brasil, a CNI (Confederação Nacional da 22 •

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Indústria) realizou, dias 3 e 4 de julho, no CICB (Centro Internacional de Convenções do Brasil),

em Brasília (DF), a edição 2018 do Enai (Encontro Nacional da Indústria), que neste ano teve


econômico do Brasil e, assim, tivemos a oportunidade de pensar no futuro”, afirmou Longen, que é o vice-presidente eleito da CNI. Ele ainda reforçou a importância dos recursos disponibilizados pelo MDIC (Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços) para as micro e pequenas empresas e a necessidade de se discutir a questão tributária. “Acredito que recursos são importantes, mas eles já existem. As carteiras de crédito que hoje temos disponíveis nas instituições financeiras são expressivas, mas é preciso descomplicar, avançar na pauta tributária, dar mais segurança jurídica e reduzir a burocracia. Acredito que esse seja o caminho e uma grande demanda do empresário”, completou.

como tema “A Indústria e o Novo Governo” e discutiu a governança no País, desafios do crescimento econômico e a quarta revolução industrial. Na abertura do evento, o presidente da Fiems, Sérgio Longen, destacou os avanços obtidos pelo setor industrial ao longo dos últimos 12 anos. “Depois de 12 anos de Enai é possível dizer que avançamos muito nas demandas para a indústria. É interessante dizer que, ano após ano, pensamos grande para avançar aos poucos e isso é importante porque é um trabalho de formiguinha e pensado a longo prazo. Recebemos aqui os pré-candidatos à Presidência da República, ouvimos o que eles pensam, como pretendem melhorar o ambiente

AUTORIDADES NACIONAIS - Já o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, falou dos desafios a serem enfrentados pelos governantes que serão eleitos em outubro para a consolidação de um ambiente de negócios que contribua para aproximar o Brasil do grupo de países desenvolvidos. “Se fizermos as escolhas corretas, poderemos colocar o Brasil na rota do crescimento e do bem-estar. Se repetirmos erros do passado, o país continuará na rota da incerteza e do baixo crescimento”, disse, ao destacar que esta edição do Enai é realizada às vésperas das eleições de 2018, momento em que as escolhas dos brasileiros serão decisivas para o futuro do País. “O setor produtivo necessita de sinais claros e firmes de que a política econômica se movimentará na direção de maior estabilidade, de melhoras institucionais e de criação de condições para que o Brasil fortaleça, de fato, a sua indústria”, cobrou. Presente na abertura, o presidente Michel Temer reforçou a importância de o Enai ser realizado às vésperas do período eleitoral, Fonte: Radar Industrial Fiems

ao trazer a público e para os concorrentes ao Palácio do Planalto o conjunto de propostas do setor produtivo como contribuição ao crescimento e à competitividade da economia. “É preciso ousadia para realizar as reformas que contribuem para o desenvolvimento do País. Fizemos reformas e colocamos a reforma da Previdência na pauta política do país. Não haverá candidato à Presidência que deixará de se manifestar sobre isso no período eleitoral”, destacou, defendendo a aprovação da nova legislação trabalhista e afirmando que a reforma da Previdência Social será tema inevitável durante o debate eleitoral de 2018. Já o ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Jorge de Lima, destacou a importância da contribuição de lideranças industriais para a elaboração da agenda econômica do País. “Estão previstos R$ 9 bilhões em recursos para as empresas nacionais investirem em inovação e modernização de seu parque industrial, inclusive para as micro e pequenas, algo que hoje é visto pelo Governo Federal como fundamental para o desenvolvimento das indústrias, colocando fim a um dos principais entraves, que é a falta de acesso a recursos e conhecimento”, afirmou. SINDICATOS – Ao participarem do painel “Sustentabilidade e Fortalecimento do Sistema Associativo da Indústria”, realizado durante o Enai, os representantes dos sindicatos industriais de Mato Grosso do Sul reforçaram a necessidade de se reinventarem para desenvolver o associativismo. O painel contou com apresentação do presidente da Findes (Federação das Indústrias do Espírito Santo), Leonardo Souza de Castro, e teve as participações do presidente da CNI, Robson Braga, do diretor MS INDUSTRIAL | 2018 • 23


Com isso, o sindicato tem sua finalidade, que é representar o setor e dar apoio para o Sistema Indústria e à Confederação da Indústria”, salientou.

Presidente da CNI, Robson Braga discursa na abertura do ENAI de desenvolvimento industrial da CNI, Carlos Eduardo Abijaodi, e do presidente da Fiergs (Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul), Gilberto Porcello Petry. Leonardo Souza de Castro foi taxativo ao afirmar que se reinventar é necessário e urgente. “O portfólio de serviços precisa ser ampliado, temos de buscar uma aproximação muito maior da empresa com o sindicato, que deverá oferecer serviços personalizados, inerentes à necessidade de cada segmento. Será necessário oferecer capacitações inovadoras para imersão das empresas na era digital, e-commerce, redes sociais, entre outros, porque esse é o futuro”, afirmou. Para o presidente do Sindigraf/ MS (Sindicato da Indústria Gráfica de Mato Grosso do Sul), Julião Gaúna, a apresentação abordou a realidade que os sindicatos têm vivenciado. “Houve uma ruptura bastante grande ao que existia. O sindicato precisa hoje mostrar seus caminhos para poder manter essa arrecadação, buscar novos horizontes para ter uma utilidade no meio produtivo. E a CNI nos apresentou soluções que possamos levar ao sindicato. A Fiems tem 24 •

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nos apoiado há muito tempo, com processo ao apoio produtivo, onde a Federação tem, juntamente com seus sindicatos, buscado soluções para a gente se manter e, principalmente, atender a demanda dos nossos empresários”, disse. Na avaliação do presidente do Simec (Sindicato da Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Corumbá), Marcelo De Carli, os sindicatos têm enfrentado um grande desafio que é o de conquistar mais associados. “Ainda existe uma dificuldade de convencimento. Sabemos que não virão recursos de outra forma e os sindicatos terão de aprender a gerar os próprios recursos. É um trabalho que vai acontecer e vamos amadurecer a partir de agora”, comentou. O presidente do Sindivest/MS (Sindicato Intermunicipal das Indústrias do Vestuário, Fiação e Tecelagem do Estado), José Francisco Veloso, destacou as ações desenvolvidas pelo PDA (Programa de Desenvolvimento Associativo) para fortalecer os sindicatos. “Ele tem fortalecido a base sindical com foco na defesa de interesse e também no apoio à prestação de serviço às indústrias associadas.

PRESIDENCIÁVEIS – Ainda durante o Enai os seis principais pré-candidatos à Presidência da República - Geraldo Alckmin (PSDB), Marina Silva (REDE), Jair Bolsonaro (PSL), Henrique Meirelles (MDB), Ciro Gomes (PDT) e Álvaro Dias (Podemos) – participaram do evento “Diálogo da Indústria com os Candidatos à Presidência da República”, realizada pela CNI, quando apesentaram seus planos de governo voltados para a indústria. Na avaliação dos diretores do Sistema Fiems, que acompanharam as apresentações de propostas dos seis pré-candidatos, o futuro presidente da República precisará, primeiramente, reconquistar a confiança do empresariado brasileiro e estrangeiro para que os investimentos no País sejam retomados. O 3º vice-presidente-regional da Fiems, Lourival Vieira Costa, pontua que no discurso os seis políticos parecerem estar alinhados com as reivindicações da indústria. “Só resta saber é que, caso um deles ganhe a eleição, se vai realmente cumprir as promessas feitas ao setor industrial brasileiro. Se realmente cumprirem o que a indústria necessita para o seu crescimento, o setor deve apresentar taxas de crescimento altas. Com certeza o País precisa de investimentos, não só internos, como externos também e, para isso, o próximo presidente vai precisar de credibilidade junto aos investidores e essa confiança não será obtida já no dia 1º de janeiro de 2019, vai levar um tempo para que o capital externo confie no novo Governo e faça os investimentos necessários aqui no Brasil”, analisou Lourival Vieira. Para o diretor da Fiems, Altair da Graça Cruz, pelas propostas apresentadas, o pré-candidato Jair


Bolsonaro foi o que mais pareceu preparado para assumir o comando do Brasil. “Ouvi as propostas dos pré-candidatos e alguns demonstraram um pouco de insegurança em relação às medidas necessárias para a retomada do crescimento. Na minha opinião, o que melhor transpareceu condições para melhorar o País foi o Bolsonaro, acredito que ele seja o melhor para governar a nossa Nação”, afirmou. Com esse mesmo pensamento, o presidente do Simemae/MS (Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico), Irineu Milanesi, destaca a apresentação de propostas feito por Jair Bolsonaro. “Os outros falaram as mesmas coisas, com exceção do Geraldo Alckmin, que também demonstrou ter condições de ser o nosso futuro presidente graças à experiência política de administrar o Estado de São Paulo. Porém, o Bolsonaro tem o perfil ideal para conduzir o Brasil na situação em que se encontra hoje, pois tem uma personalidade forte e o País precisa disso”, assegurou. Já o presidente do Sindiplast/

MS (Sindicato das Indústrias Plásticas e Petroquímicas), Zigomar Burille, acrescenta que alguns pré-candidatos conseguiram apresentar propostas alinhadas com a indústria, enquanto outros estão na contramão do desenvolvimento. “Precisamos olhar para a frente para sabermos qual candidato devemos escolher. Tivemos a apresentação de ótimos pré-candidatos, que seriam bons presidentes para o Brasil, dentre eles, uns dois ou três dariam conta de colocar o Brasil nos trilhos”, analisou. Na avaliação do presidente da Biosul (Associação dos Produtores de Bionergia), Roberto Hollanda, conhecer as intenções dos pré-candidatos é fundamental diante do momento político por que passa o País. “Acredito que a CNI presta um grande serviço para o setor produtivo do Brasil como um todo porque é uma necessidade saber a proposta de cada um. Quando nós estamos em um evento como esse, a gente distingue a conversa fácil do conteúdo. Já começamos o dia e vimos propostas de três candidatos, podemos avaliar e pesar aque-

les que estão com mais sintonia com o momento que o Brasil está precisando”, opinou. Para a presidente do Silems (Sindicato das Indústrias de Laticínio), Milene Nantes, os presidenciáveis buscaram se ater aos temas de interesse da indústria. “Entendo como importante esse painel de diálogos, porque assim nós temos conhecimento do que esses candidatos podem realmente trazer para a indústria. Foram assuntos realmente pertinentes ao setor, temas que o empresário realmente precisa ter conhecimento”, comentou. Presidente do Siams (Sindicato da Indústria de Alimentação), Sandro Mendonça, também pensa assim. “Acredita-se que Geraldo Alckmin diga tudo que o empresário quer ouvir e a Marina Silva como esquerdista colocou nada com nada, como sempre. Mas é o perfil de cada um, tem gente que gosta, outros não. Já o Bolsonaro é de um movimento novo, mostrou-se despreparado, mas humilde para colocar suas propostas e acredito que ele agrade muito com isso”, disse.

FALA DOS PRESIDENCIÁVEIS

Álvaro Dias (Podemos)

Geraldo Alckmin (PSDB)

“A tal refundação da República que eu apregoo começa na escolha dos ministros, os melhores para cada setor, e passa por um pacto nacional pela governabilidade.”

“Temos 35 partidos, mas não temos 35 ideologias. Você tem 35 pequenas empresas mantidas com dinheiro público. Precisamos democratizar os partidos. Amanhã, não teremos mais 35 partidos, mas sete, oito.”

Henrique Meirelles (MDB)

“Dados do Banco Mundial mostram que um empresário gasta 2,6 mil horas por ano para pagar imposto, e não é trabalhando para gerar dinheiro para pagar o imposto, é em burocracia, em papel. Meu objetivo é reduzir para 200 horas.”

“Vou governar com os melhores, pois vejo muita competência na academia, entre empresários, nos movimentos sociais, nos Marina vários segmentos da Silva sociedade.”

(Rede)

Jair Bolsonaro (PSL)

Ciro Gomes (PDT)

“Quais são os grandes problemas e como resolvê-los sem dinheiro? Não adianta me perguntarem aqui sobre investimento. Nós estamos praticamente insolventes, quase todo o nosso orçamento está com despesas obrigatórias.” “O Brasil está proibido de crescer por fatores que o mercado, sozinho, não tem condição de resolver. Estado e iniciativa privada têm papel central. Precisamos associar governo forte com um empresariado forte.” MS INDUSTRIAL | 2018 • 25


[ VA R E J O ]

PARA TODOS Longe do mar, mas com logística estruturada, Campo Grande tem uma das comidas japonesas mais baratas do Brasil Pagar R$ 29,90 em um rodízio de comida japonesa é exclusividade de Campo Grande entre as capitais brasileiras. Os preços praticados nos restaurantes da região central, na casa dos R$ 55, impressionam quem visita Mato

Grosso do Sul. Por esta quantia, o cliente pode comer à vontade sashimi de salmão, sushis e pratos quentes variados, algo bem distante da realidade de cidades como São Paulo (SP), Fortaleza (CE) e Curitiba (PR), onde o

mesmo formato de rodízio não sai por menos de R$ 80. Por aqui, o sushi a preços acessíveis é resultado de uma operação logística eficiente somada a estratégias dos empresários para baratear o produto, além de margens de lucro baixíssimas que, em contrapartida, garantem que a conta feche no volume de clientes. Este último recurso, contam os donos de restaurantes, é inspirado no empresário Adriano Correia do Nascimento, considerado o precursor da popularização do sushi na Capital. Então sushiman de um supermercado, em 2009 ele fundou o Sushi Express, e cobrava R$ 19,90 por pessoa no rodízio. O empresário conseguiu praticar o preço tão baixo levando à risca o que praticava no emprego anterior, onde aprendeu a garantir Salmão resfriado é entregue diariamente nos restaurantes

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o máximo aproveitamento da peça de salmão. A ideia de Adriano era alcançar uma clientela que até então não tinha acesso à comida japonesa, já que Campo Grande tinha cinco restaurantes do segmento, todos à la carte e com preços elevados por prato. O modelo deu certo e Adriano chegou a ser dono de seis restaurantes que serviam sushi no sistema de rodízio, além de gerar um “boom” de estabelecimentos do tipo na cidade e, ainda, nivelar os preços praticados a patamares mais baixos. O empresário morreu em dezembro de 2016, mas deixou um legado que levou os donos de restaurante a se unirem para pensar em um modelo de negócios sustentável, em que fosse possível manter os preços acessíveis para o cliente.

toneladas dos peixes por semana, que podem variar conforme a demanda. O proprietário da peixaria, Eduardo Moura, traz o peixe de São Paulo que, por sua vez, importa o produto do Chile. “99,9% do salmão que comemos no Brasil vem do Chile. O restante, uma parcela muito pequena, vem do Canadá”, explica.

Habituado a lidar com empresários do ramo, o proprietário da peixaria considera que os pedidos em grande quantidade possibilitam praticar preços mais baixos, enquanto as baixas margens de lucro praticada pelos donos de restaurante levam um preço final menor ao consumidor. “Em Campo Grande normalmente toda matéria prima chega mais cara, por causa da distância dos grandes centros e do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), mas o histórico dos restaurantes de sushi na cidade levou aos preços baixos”, acredita Moura. Proprietário de um restaurante da Capital, Arnaldo Taira também considera que as baixas margens de lucro asseguram o preço mais em conta. No estabelecimento dele, o rodízio simples, que dá direito a sushis variados, sai por R$ 45,90, enquanto o completo, no qual entra o sashimi à vontade, além de outros pratos, sai por R$ 54,90. “Existem restaurantes mais baratos que o nosso, mas sabemos o nosso limite. O custo da matéria prima é alto, por exemplo, uma caixa de nori (alga usada nos sushis), com 100 folhas sai por R$ 2.400, e uma caixa com 30 quilos de salmão sai por mil.

LOGÍSTICA - Para garantir salmão fresco a todos os restaurantes de comida japonesa, a Peixaria Moura, que conta com 30 clientes fixos do segmento, recebe, em média, 6 a 7 MS INDUSTRIAL | 2018 • 27


[ CIN]

EXPO PARAGUAI

Missão empresarial à feira no país vizinho serviu para mostrar as oportunidades de investimentos

A missão empresarial à Expo Paraguai, feira realizada de 9 a 13 de julho em Assunção, foi uma grande oportunidade para os empresários de Mato Grosso do Sul fomentarem negócios voltados à participação de empresas brasileiras no comércio internacional, identificando e prospectando parceiros comerciais e tecnológicos. De acordo com o CIN (Centro Internacional de Negócios) do IEL, a missão, organizada pela Fiesc com apoio da Fiems e do Sebrae/MS, reuniu um grupo composto por 81 empresários brasileiros, entre eles, 30 sul-mato-grossenses. O primeiro compromisso da missão foi o Seminário Oportunidades de Investimento com o Paraguai, promovido pela Embaixada do Brasil no Paraguai. Conforme a gerente do CIN do IEL, Nathália Alves, o Paraguai tem se tornado cada vez mais um parceiro econômico importante para Mato Grosso do Sul e a feira serviu para fazer essa aproximação, pois é considerada a maior exposição do país vizinho. “O principal objetivo da Fiems em trazer os empresários do Estado para o Paraguai foi fomentar o comércio exterior num sentindo amplo”, pontuou. Ela acrescenta que o CIN do IEL busca fazer com que a empresas sul-mato-grossenses diversifiquem seus mercados e fiquem menos dependentes do mercado interno. “A intenção é reduzir os riscos quando há crises, como essa pela qual passamos recentemente e ainda estamos nos recuperando”, afirmou. Na avaliação do empresário Gilson Kleber Lomba, que é o 5º vice-presidente regional da Fiems e presidente do Sinvesul (Sindicato das Empresas do Vestuário Industrial da Região Sul do Estado), a programação da missão foi muito produtiva. “Prospectamos junto com a equipe que está organizando o evento alguns possíveis compradores e a nossa expectativa é conseguir estabelecer parcerias comerciais no Paraguai e conseguir, com isso, ampliar nossos horizontes de mercado”, destacou Gilson Lomba, acrescentando que eventos como esse são importantes para que as empresas brasileiras consigam novos mercados. 28 •

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Equipe do Centro Internacional de Negócios acompanha empresários durante a feira “O Paraguai para nós é muito atrativo porque tem uma população de aproximadamente 7 milhões de habitantes e avaliamos que o segmento de confecção aqui tem muito a nos oferecer. Já fizemos contatos para estabelecermos relações comerciais e estamos muito otimistas”, avaliou. MINISTÉRIO - Também como parte da programação da missão empresarial, o grupo visitou o Ministério da Indústria e Comércio do país vizinho para conhecer as vantagens de investimentos e participou de uma rodada de negócios. De acordo com Nathália Alves, os empresários puderam tirar dúvidas sobre a Lei da Maquila e como funciona o processo de instalação de uma indústria no Paraguai. “O objetivo maior é fomentar a relação comercial entre os dois países. Além disso, tivemos uma rodada de negócios com empresários brasileiros e paraguaios para compra e venda de produtos e serviços, que foi mais uma oportunidade de conhecer de perto o mercado paraguaio”, afirmou.


Na avaliação do superintende do Sebrae/MS, Cláudio Mendonça, as atividades propostas pela missão têm sido um grande sucesso. “A visita ao Ministério da Indústria e Comércio foi muito produtiva e esclarecedora sobre as vantagens de se investir no Paraguai e a rodada de negócios reforçou a importância da parceria entre Sebrae, Fiems e Rede CIN para conseguirmos estreitar os relacionamentos entre Mato Grosso do Sul e o país vizinho. Tenho conversado com os empresários e todos já fizeram bons contatos, com perspectiva de bons negócios”, destacou. Para a diretora da Sigo Homeopatia Veterinária, Mônica Filomena Souza, a visita ao Ministério da Indústria e Comércio foi proveitosa para entender de fato o que o Paraguai oferece para negócios com o Brasil. “Percebi que o Paraguai é um país que colocou como meta essa questão do negócio internacional que me parece ser muito rentável para os dois países, principalmente para os brasileiros, que têm uma carga tributária altíssima”, comentou. Já o empresário Paulo Henrique Gomes Antello e Silva, diretor da Natubom, disse estar satisfeito com os resultados obtidos já nos primeiros dias da missão comercial. “A missão está me possibilitando conhecer muitas pessoas do mercado local, me abrindo várias portas, principalmente a rodada de negócios. Inclusive já fui visitar algumas empresas que conheci por conta da rodada. Temos a expectativa de sair daqui com contatos que possam virar bons negócios”, avaliou. INDÚSTRIAS - O CIN do IEL ainda levou os empresários de Mato Grosso do Sul para conhecerem as indústrias brasileiras e paraguaias instaladas no país vizinho. Os empresários sul-mato-grossenses conheceram a empresa Schadek, que fabrica óleo lubrificante para o setor automotivo em Santa Catarina e, desde o início deste ano, está instalada no Paraguai, e, em seguida, a missão empresarial conheceu a linha de produção da Mazzei, indústria de alimentos paraguaia que exporta para mais de sete países como China e Turquia. Na Schadek, o grupo teve a oportunidade de observar in loco a experiência de um brasileiro que expandiu os negócios para o país vizinho e, além de observar a infraestrutura necessária para o funcionamento da empresa, pode tirar dúvidas sobre os processos de logística, contratação de mão de obra, capacitação, entre outros. “O principal objetivo desta visita era que os empresários que participam da nossa missão tivessem acesso e contato com um brasileiro que se instalou no Paraguai, para que ele pudesse compartilhar como foi o processo, as leis trabalhistas, ambientais, prefeitura, bombeiro, o passo a passo mesmo de como prosseguir”, afirma a gerente do CIN do IEL, Nathália Alves. Empresário que integra a missão, Luis Renato Pedroso, diretor da Ecopneu, de Campo Grande (MS), destacou da visita a oportunidade de compartilhar experiências com um empresário bem-sucedido que atua no país vizinho. “A reunião foi muito importante porque eles foram muito claros e específicos na orientação de como abrir uma empresa no Paraguai, como é o mercado local, como funcionam os processos, desde a abertura até a venda dos produtos, então ficamos muito satisfeitos com estes esclarecimentos”, disse. Sobre a Mazzei, a gerente do CIN ressaltou os aspectos da regulamentação sanitária praticada no Paraguai. “Foi muito interessante porque conseguimos verificar na prática como funciona a regulamentação da fabricação de alimentos no Paraguai, e passamos a enxergar o país como plataforma para exportação global”, avaliou. MS INDUSTRIAL | 2018 • 29


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[ C A PA ]

SOLUÇÕES PARA A

INDÚSTRIA Centro de Inovação do Sesi desenvolve sistemas de gestão para saúde e segurança do trabalho

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C

om o propósito de mostrar que tecnologia pode ser acessível a todos, o Centro de Inovação – Sistemas de Gestão em Saúde e Segurança do Trabalho já está em pleno funcionamento em Mato Grosso do Sul para atender as demandas do setor industrial de todo o Brasil. O local, que recebeu

investimentos da ordem de R$ 7 milhões, faz parte de um projeto nacional do Sesi para aumentar a segurança no ambiente de trabalho e melhorar a saúde do trabalhador da indústria. Ao todo, foram criados oitos centros de inovação, voltados para desenvolver pesquisas e soluções em SST para que sejam replicadas

Balança Multifuncional foi instalada na Casa da Indústria

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por toda a indústria brasileira, tratando de temas estratégicos - Prevenção da Incapacidade (Bahia), Economia para a Saúde e Segurança (Ceará), Ergonomia (Minas Gerais), Longevidade e Produtividade (Paraná), Higiene Ocupacional (Rio de Janeiro), Fatores Psicossociais (Rio Grande do Sul), Tecnologias para Saúde (Santa Catarina), além de Mato Grosso do Sul, cuja área de atuação são os Sistemas de Gestão em SST. O presidente da Fiems, Sérgio Longen, destaca o caráter inovador do Centro, idealizado para desenvolver soluções aos problemas das indústrias relacionados à gestão da saúde e segurança. “Os Centros de Inovação do Sesi no Brasil integram um compromisso do Sistema Indústria de trazer projetos e propostas que possam gerar melhores resultados. Dessa forma, estamos preparados para atender a empresa, construindo soluções inovadoras”, disse. No caso do Centro de Inovação – Sistemas de Gestão em SST, as soluções podem ser um software, como o piloto desenvolvido para uma indústria frigorífica de Dourados (MS), que, via reconhecimento facial e termostatos, registra o acesso à câmara fria, ou também o BIM SST, outra ferramenta inédita desenvolvida pelo Centro, que promete revolucionar projetos da construção civil e reduzir acidentes de trabalho no segmento. O custo varia conforme a necessidade apresentada pela empresa, mas pode ser até custeado pelo Edital de Inovação para a Indústria. Em Mato Grosso do Sul, as pesquisas do Centro de Inovação são realizadas em um espaço localizado na Avenida Afonso Pena, entre as ruas 13 de Junho e 25 de Dezembro, que conta com um projeto arquitetônico arrojado, que faz jus ao propósito inovador do centro. Com 1,2 mil m² de área construída, a estrutura é distribuída em três pavimentos e conta com dois consultórios, dois auditórios,


duas salas de treinamento, uma sala de operação com 22 postos de trabalho, uma sala de inovação com 13 postos de trabalho, uma sala de gerência, uma sala de coordenador, uma sala com seis postos de trabalho e estacionamento para 18 vagas, duas para deficientes e duas para idosos. PROJETOS - Uma das soluções inovadoras em desenvolvimento pela equipe técnica do Centro de Inovação é o software Gestão Analítica em SST que, utilizando o reconhecimento facial, vai aumentar a segurança no ambiente de trabalho e melhorar a saúde do trabalhador da indústria. Imagine o seguinte cenário: em um supermercado, um grupo de funcionários é responsável por repor produtos congelados nos refrigeradores. Eles entram na câmara fria do estabelecimento várias vezes durante o expediente, um ambiente frio que exige uma série de cuidados, como intervalo para recuperação térmica e uso de equipamento de proteção individual adequado. Mas, como assegurar que cada um destes trabalhadores, sempre que adentram as câmaras frigoríficas e movimentam as mercadorias, estão usando adequadamente todos os EPIs cedidos pela empresa? Como controlar se todos cumpriam o tempo máximo de permanência orientado pelo empregador e preconizado na legislação? Depois de identificar estas questões referentes à saúde do trabalhador, o Centro de Inovação desenvolveu a solução . “Este foi um problema que identificamos nas indústrias com ambientes artificialmente climatizados, podendo ser tanto frio, como frigoríficos e câmaras frias, quanto em lugares quentes, como siderúrgicas e, e um programa de reconhecimento facial, o software do Centro de Inovação, associado a termostatos, permitirá a empresa ter acesso a uma série de informações para fazer a gestão correta da saúde

RAIO X DO CENTRO DE INOVAÇÃO SISTEMAS DE GESTÃO EM SST ÁREA CONSTRUÍDA 1.253 m² 3 pavimentos INVESTIMENTO NA OBRA R$ 4.758.000,00 INVESTIMENTO EM EQUIPAMENTOS R$ 3.000.000,00 TÉRREO Recepção 1º ANDAR Auditórios Consultórios 2º ANDAR Inovação SST - Sesi Empresa Salas de Treinamento Administrativo Diretoria SST Gerência SST Gerência Inovação Coordenação SPS

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Equipe do Centro de Inovação desenvolve soluções para a indústria evoluir na gestão em saúde e segurança do trabalho

e segurança do trabalhador. “O empregador saberá quem entrou na câmara fria, que horas entrou, quanto tempo permaneceu ali, qual a temperatura ambiente no momento de permanência, quais equipamentos de proteção o trabalhador usava ao entrar”, explica o engenheiro da computação do Centro de Inovação, Whesley Damião da Silva Duarte, que lidera o projeto Gestão Analítica em SST. REDUÇÃO DE ACIDENTES NA CONSTRUÇÃO CIVIL - Outro projeto é o BIM SST, um software inédito que promete revolucionar projetos da construção civil e reduzir acidentes de trabalho no segmento. O Centro de Inovação está desenvolvendo um software depois de enxergar a falta de integração entre os diversos dispositivos de segurança e as fases de uma obra, gerando impactos como atrasos e desperdícios e, consequentemente, elevação nos custos 34 •

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finais e dos índices de acidentes. “Para reduzir a possibilidade de ocorrência de riscos e atingir as metas do projeto com sucesso, há necessidade uma gestão eficaz durante o ciclo de vida de um projeto. No entanto, o gerenciamento de riscos tradicional ainda é uma tarefa manual, e a tomada de decisões é frequentemente baseada na intuição fundamentada em conhecimento e experiência, o que leva à diminuição da eficiência no ambiente real”, explica Adriana Sato. A identificação precisa dos possíveis riscos é fundamental para o processo de planejamento de segurança e é aí que entra o software do BIM SST. “O setor precisa melhorar as ineficiências dos processos existentes de segurança manual e em papel. Outras melhorias podem ser obtidas na segurança da construção por meio do uso de tecnologia”, avalia a líder do projeto BIM do Centro de Inovação, a engenheira civil e de segurança do

trabalho Clara Guazina. O software integra SST com a ferramenta BIM (Modelagem da Informação da Construção, em português), levando em consideração a segurança do trabalho em todos os processos da obra, desde os estudos preliminares e de viabilidade, desenvolvimento do projeto executivo, documentação, industrialização, planejamento, custos, logística de canteiro, operação de manutenção até a fase de demolição ou remodelagem. O projeto está sendo executado desde março deste ano com apoio do Senai Cimatec (Centro Integrado de Manufatura e Tecnologia), da Bahia, e recursos próprios do Sesi. “Depois de finalizado, o software deverá ser replicado em escala nacional para a indústria da construção civil de todo o País”, conclui a diretora de SST. SAÚDE EM FORMA - Parceiro da indústria na busca de


soluções em Saúde e Segurança do Trabalho e promoção de um estilo de vida saudável, o Centro de Inovação de Mato Grosso do Sul desenvolveu o projeto “Saúde em Forma”, que vai levar às empresas um ambiente de trabalho mais produtivo. Ao integrar informações de saúde do trabalhador com dados biométricos a partir da utilização de uma balança multifuncional, a área de SST do Sesi obtém um diagnóstico muito mais preciso sobre as condições de saúde de cada indivíduo, e pode atuar na empresa com uma abordagem muito mais exata das ações necessárias a serem implementadas. Estes dados sobre o perfil de cada trabalhador são obtidos, inicialmente, por meio de um questionário elaborado pelo Sesi, e que será respondido em um tablet disponibilizado pela instituição às indústrias. “São abordadas questões como os hábitos alimentares do trabalhador, tabagismo, incidência de doenças como diabetes, hipertensão e colesterol, além de perguntas psicossociais”, explica a enfermeira do trabalho do Sesi, Tatiana Sacomani Minini, que integrou a equipe responsável pela elaboração das questões. O tablet, por sua vez, estará linkado a uma balança multifuncional, que faz um ‘pente-fino’ no funcionamento do organismo do trabalhador, permitindo uma abordagem mais integrada e preventiva das ações. Basta, então, subir na balança e o perfil deste colaborador será elaborado com base no cruzamento das informações respondidas no questionário. Após alguns minutos de processamento, o equipamento emite um relatório impresso com dados como porcentual de gordura, músculo, hidratação, além, é claro, do peso do indivíduo. “O cruzamento destas informações nos leva a auxiliar cada indústria, respeitando suas particularidades, como porte, segmento e número de colaboradores, a identificar me-

CENTROS DE INOVAÇÃO DO SESI DISTRIBUÍDOS PELO PAÍS:

OS OBJETIVOS DOS CENTROS DE INOVAÇÃO SÃO: - Reduzir o número de acidentes de trabalho - Diminuir os custos por acidentes e doenças vinculadas ao trabalho - Aperfeiçoar a performance do trabalhador da indústria - Melhorar a saúde e segurança dos funcionários - Expandir a cultura de prevenção e gestão de riscos - Contribuir para o aumento da produtividade das empresas

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Área de SST do Sesi atua em conjunto com o Centro de Inovação

lhor as condições de qualidade de vida de seus trabalhadores. É com este propósito que o Sesi oferece às indústrias instrumentos que levam a diagnósticos que, por sua vez, auxiliam na identificação e mensuração de variáveis que influenciam diretamente na produtividade. Com esses serviços do Sesi, a indústria poderá avaliar e eventualmente reorganizar seus serviços e benefícios conseguindo, inclusive, um melhor retorno sobre o investimento”, analisa o gerente do Centro de Inovação, Ricardo Egídio dos Santos Junior. E, se o propósito do Sesi é garantir ambientes seguros e saudáveis nas indústrias para a reduzir acidentes de trabalho, por que não começar de dentro? O questionário será respondido via tablet pelos colaboradores de todo o Sistema Fiems (Sesi, Senai e IEL) em Campo Grande e, depois, todos passarão pela avaliação da balança multifuncional. Os resultados servirão para que o Sesi proponha ações de educação para a saúde, campanhas internas, programas de monitoramento, entre outros. PILOTOS - Do apoio ao tra-

balhador idoso a ações preventivas para evitar lesões durante atividades repetitivas, o Centro de Inovação do Sesi de Mato Grosso do Sul trabalha em dois projetos-piloto em parceria com os centros do Paraná e do Rio Grande do Sul, que vão levar mais saúde e reduzir em todo o País as principais causas de afastamento dos trabalhadores da indústria. “Como a linha de pesquisa do centro de Mato Grosso do Sul é sistemas de gestão, temos sido procurados pelos outros centros para contribuir com o gerenciamento dos processos e informações”, afirma Adriana Sato. Um desses projetos, o Software de Gestão de Idade, desenvolvido em conjunto com o Centro de Inovação do Paraná, vai contribuir para o melhor aproveitamento da mão de obra da terceira idade, que é a área de atuação do centro paranaense. “Pesquisas e estudos indicam que os trabalhadores permanecerão por mais tempo no mercado de trabalho, e cabe às empresas investimentos em conhecimentos e medidas que assegurem seu bom funcionamento diante destas mudanças previstas”, acres-

centa a diretora de SST do Sesi. O software desenvolvido pelo centro sul-mato-grossense permitirá às empresas cruzar dados para fazer uma gestão da faixa etária dos trabalhadores, monitorando sua capacidade para o trabalho. O resultado é que o setor produtivo terá à disposição informações sistematizadas sobre a gestão da idade, além de um controle informatizado dos afastamentos e absenteísmo. Outro projeto, em parceria com o Centro de Inovação do Rio Grande do Sul, cuja linha de pesquisa é embasada nos fatores psicossociais dos trabalhadores, foi desenvolvido para a Bruning Tecnometal, indústria gaúcha vencedora do edital de Inovação Sesi/ Senai 2017. Trata-se de um software para Gestão Ergonômica de Atividades, que integra, em uma só ferramenta, todas as ações preventivas em SST aplicadas dentro de uma empresa. Com o cruzamento destas informações, é possível deixar mais assertivas e ágeis as tomadas de decisões de gestores das empresas, adequando e promovendo a saúde do trabalhador de maneira mais eficaz e adequada. MS INDUSTRIAL | 2018 • 37


[ MICRO

E PEQUENA EMPRESA

]

NOVOS HÁBITOS Cresce o mercado por alimentos mais saudáveis e profissionais de outras áreas se arriscam

Ser microempreendedor individual não é fácil, mas, por outro lado, é extremamente prazeroso. A descoberta foi feita pela advogada Marília Gabinio, que sempre se interessou por alimentação saudável e tentava se aventurar na cozinha preparando alguns lanchinhos nos intervalos dos estudos para concurso. Como a irmã era nutricionista e também gostava de cozinhar, Marília viu a oportunidade de mudar de ramo e passou a se dedicar ao assunto, buscando cursos de cozinha. Após o primeiro curso, ela procurou emprego em alguns restaurantes com opções mais saudáveis, mas depois decidiu trabalhar por

conta própria fazendo, com a ajuda da irmã, que é nutricionista, salgados funcionais congelados para vender. Foi a partir daí que ela criou a “QualiDiet”, microempresa que oferece produtos funcionais e saudáveis. Para isso, a edícula da casa, que tinha um quarto, uma sala e um banheiro, se transformou em uma minicozinha industrial com uma antessala. “Não dava para cozinhar para fora usando a cozinha da minha casa, porque não havia espaço suficiente, então fizemos uma reforma. Novamente contei com a ajuda da minha irmã para que tudo fosse adequado às normas da vigilância sanitária”, conta Marília.

Entre os principais produtos da empresária estão os salgados de batata doce com frango com recheio de frango ou de carne, que são pré-assados congelados, sem glúten, lactose e farinhas, e o bolo de cenoura com chocolate 70% cacau, sem glúten, lactose e açúcar, adoçado com xilitol, e que é elogiado até pelos amantes do açúcar. “Também faço pizza de batata doce e o pão ‘desqueijo’. Dou esse nome porque é um bolinho de polvilho e batata doce que tem a textura e o sabor parecidos com um pão de queijo, mas não tem queijo”, destaca a advogada, que também pode adequar a receita de acordo com o gosto do cliente. “Esses dias uma cliente pediu um bolo sem nada de açúcar ou adoçante e eu fiz para ela”, conta. Marília ainda destaca que atualmente as pessoas têm se preocupado mais com a alimentação têm procurado alternativas mais saudáveis. “Alimentação equilibrada interfere na qualidade de vida. Também vale destacar que o número de crianças e adultos com restrições e alergias alimentares também vem aumentando, com isso a procura por alimentos mais naturais, menos processados, com mais nutrientes vem crescendo”, completa. Advogada Marília Gabinio desistiu dos estudos para concurso para cozinhar

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Entre os produtos fit, pizza é um dos que mais fazem sucesso

PREÇOS MAIS ACESSÍVEIS – Já a designer de interiores Maudy Felix Caramalac decidiu empreender vendendo lanches saudáveis depois de inúmeros elogios de amigos e familiares sobre os pratos que preparava em casa. No entanto, a preferência por alimentos funcionais começou bem antes. “Há aproximadamente 30 anos, passei por uma fase de sobrepeso, que me causou sérios problemas digestivos e de coluna. Isso fez com que eu buscasse uma vida mais saudável, usando homeopatia e tendo uma alimentação mais saudável, escolhendo opções naturais e substituindo açúcar branco por alternativas mais saudáveis, como stévia, frutose ou açúcar mascavo”, recorda.

Recentemente, ela ainda foi diagnosticada com várias alergias alimentares, que a levaram a cortar definitivamente o glúten e a lactose. “A partir daí, a alimentação na minha casa passou a ser muito mais saudável e conseguimos notar uma diferença significativa em nossa qualidade de vida. Aprendi a fazer receitas deliciosas sem precisar de açúcar, trigo ou produtos derivados do leite”, explica. Foi aí que surgiu a ideia de começar a preparar os pratos para vender para outras pessoas, sempre preocupada em manter os preços acessíveis. “Geralmente esse tipo de alimento costuma ser mais caro, porque os ingredientes também têm um custo elevado. Então tento fazer

opções mais baratas para caber no bolso de todo mundo, mas sempre usando ingredientes naturais e de primeira qualidade”, destaca. Entre os principais produtos preparados e comercializados por Maudy estão os bolos, minibolos e empadinhas de vários sabores, todos sem adição de trigo, leite, açúcar branco ou qualquer conservante. “Para as empadas, utilizo farinha de arroz e azeite de oliva. Logo que comecei já foi um sucesso, porque esse é um mercado que está crescendo. Acredito que as pessoas estão cada vez mais conscientes sobre os problemas de saúde decorrentes de uma alimentação desequilibrada e do uso excessivo de embutidos e produtos com conservantes”, finaliza. MS INDUSTRIAL | 2018

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[ I N OVAÇ ÃO

E T E C N O LOG I A

]

RECURSOS PARA A

INDÚSTRIA

Empresas têm até 7 de outubro para concorrer ao Edital de Inovação, que disponibiliza R$ 55,2 milhões Empresas com projetos inovadores para a indústria têm até dia 7 de outubro para enviar suas propostas para concorrer ao Edital de Inovação para Indústria, que este ano disponibiliza R$ 55,2 milhões para financiamento de projetos com custo de até R$ 400 mil. O objetivo é financiar o desenvolvimento de soluções inovadoras para a indústria brasileira, sejam novos produtos, processos ou serviços de caráter inovador, incremental ou radical. Segundo o gerente de tecnologia e inovação do Senai no Estado, Leandro Schneider, a maior parte dos R$ 55,2 milhões, ou seja, R$ 30 milhões, será executada pelo Senai. Do restante, R$ 20 milhões são executados pelo Sebrae e R$ 5,2 milhões pelo Sesi. “Além do fomento, as instituições oferecem apoio na forma de infraestrutura para desenvolver as propostas selecionadas por meio dos Institutos Senai de Inovação e dos Institutos Senai de Tecnologia. Então o Edital Sesi Senai é uma grande oportunidade para as indústrias desenvolverem suas inovações, tanto de produtos quanto de processos, que ajudarão bastante para sua competitividade e para que consigam uma maior fatia do mercado”, afirmou. Ainda conforme Leandro Schneider, a escolha dos projetos 40

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é feita com base em critérios como potencial de inovação e de comercialização do produto ou do processo. “O Senai de Mato Grosso do Sul tem um histórico positivo de aprovações, com um índice de cerca de 60% de aprovação dos projetos que a gente submete à avaliação e isso nos coloca em terceiro lugar entre os Estados que mais aprovam. Atualmente, temos 16 projetos de inovação em andamento, que somam R$16.658.844,00”, completou. COMO PARTICIPAR - Podem se inscrever startups de base tecnológica, empresas de todos os portes, com CNAE (Classificação Nacional de Atividades Econômicas) industrial primário ou contribuintes do SESI ou do SENAI. Os projetos estão divididos nas categorias: (A) Inovação Tecnológica para Grandes e Médias Empresas; (B) Inovação Tecnológica para Micro e Pequenas Empresas (MPE), Micro Empreendedor Individual (MEI) e Statups de Base Tecnológica; (C) Empreendedorismo Industrial – Grandes Empresas e Startups; (D) Inovação em Segurança e Saúde do Trabalho (SST) e Promoção da Saúde (PS) e; (E) Inovação Setorial em Segurança e Saúde do Trabalho (SST) e Promoção da Saúde (PS). Os projetos inscritos devem ser aderentes às linhas temáticas Fábricas Inteligentes, Produtos e Serviços Inteligentes, Bioeconomia e Sustentabilidade ou Materiais Avançados. São consideradas soluções inovadoras o desenvolvimento de novos produtos, incluindo a preparação da produção para inserção da nova solução no mercado; desenvolvimento de novos processos industriais, incluindo a definição das atividades para sua implantação; desenvolvimento, testes ou ainda validação de provas de conceito de novos produtos ou processos industriais, em ambos os casos, a partir de um protótipo funcional já desenvolvido pela empresa. Para participar, as empresas devem se cadastrar na plataforma plataforma.editaldeinovacao.com.br. As propostas podem ser submetidas durante todo o ano e os resultados serão anunciados periodicamente e as ideias não aprovadas podem ser aprimoradas e reenviadas. Na fase de qualificação, é necessário enviar um vídeo com Discurso de Elevador (Elevator Pitch) da ideia com até dois minutos de duração, modelo de negócio (Business Model Canvas) e comprovante de CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica).

Embrapii disponibiliza R$ 10 milhões para projetos de inovação do ISI Biomassa A Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial) disponibiliza R$ 10 milhões em recursos para o ISI Biomassa (Instituto Senai de Inovação em Biomassa), localizado em Três Lagoas (MS), para desenvolvimento de projetos de inovação em parceria com empresas. Segundo o gerente de tecnologia e inovação do Senai em Mato Grosso do Sul, Leandro Schneider, o objetivo é alavancar a inovação no País e desenvolver a indústria brasileira. Ele explica que o financiamento da instituição obedece a seguinte regra geral: a Embrapii pode compartilhar o valor total dos projetos de inovação em até 1/3, enquanto o restante é dividido entre a empresa contratante e o ISI Biomassa. “Então são um total de R$ 30 milhões, sendo R$ 10 milhões da Embrapii, R$ 10 milhões do Senai e R$ 10 milhões das empresas interessadas em desenvolvimento de projetos de inovação”, afirma. Ainda conforme Leandro Schneider, a principal vantagem é a possibilidade de acesso imediato aos recursos disponibilizados. “Diferentemente de editais de inovações, em que os projetos precisam ser submetidos à aprovação e atender aos requisitos do edital, esses recursos da Embrapii já estão disponíveis para serem utilizados. Basta que o empresário procure o Senai para desenvolvermos o projeto de inovação”, acrescenta.

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[ I N D U S T R I A L I Z AÇ ÃO ]

NOVO POLO À VISTA Grupo Asperbras inaugura a mais moderna fábrica de MDF do Brasil em Água Clara, que pode se tornar um polo moveleiro em Mato Grosso do Sul

C

om aproximadamente 15 mil habitantes, o município de Água Clara, distante 192 quilômetros de Campo Grande, poderá se tornar um polo moveleiro em Mato Grosso do Sul. A inauguração da indústria GreenPlac, o mais novo empreendimento do Grupo Asperbras, a unidade eleva o Estado para um novo nicho de mercado e abre a perspectiva da chegada de novas fábricas. Além disso, a nova empresa representa ânimo e competitividade para o segmento de móveis do Estado, já que a empresa disponibilizará matéria-prima que antes era proveniente de Estados como Paraná e São Paulo, que encarecia a produção local.

Ampliação da GreenPlac

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De acordo com o presidente do Sindmad/MS (Sindicato Intermunicipal das Indústrias de Móveis em Geral, Marcenarias, Carpintarias, Serrarias, Tanoarias, Madeiras Compensadas e Laminadas, Aglomerados e Chapas de Fibras de Madeiras, de Cortinados e Estofados de Mato Grosso do Sul), Juarez Falcão, uma fábrica de MDF era o que faltava para as indústrias moveleiras do Estado “Agora, com essa fábrica do grupo Asperbras em Água Clara, teremos matéria prima em abundância, o que refletirá no aumento da nossa produção, pois teremos um produto com preços mais competitivos em relação aos de outros Estados e,


consequentemente, vamos gerar novos empregos”, analisou Juarez Falcão. INDÚSTRIA MOVELEIRA - Atualmente, de acordo com levantamento do Radar Industrial da Fiems, a indústria moveleira de Mato Grosso do Sul tem valor bruto da produção de R$ 216,3 milhões, o que representa 0,6% do valor bruto do setor industrial no Estado. Ao todo, são 372 empresas, que juntas empregam 2.702 trabalhadores e pagam salário médio de R$ 1.488,00, representando um montante de R$ 48,2 milhões. Em Água Clara, a indústria moveleira emprega atualmente 238 trabalhadores, representando 9% do emprego do segmento no Estado e o município tem 28 estabelecimentos, em sua maioria na atividade de desdobramento de madeira. Com a entrada em operação da Greenplac, com geração de 290 empregos diretos e 700 indiretos, o número de trabalhadores do segmento no município vai mais do que dobrar. “Além disso, o município passará da 4ª para a 2ª posição

no ranking do número de trabalhadores do segmento madeira e mobiliário, ficando atrás apenas de Campo Grande, que emprega 873 trabalhadores”, contabilizou o presidente do Sindmad/MS. A FÁBRICA - Os investimentos do Grupo Asperbras na GreenPlac são da ordem de R$ 600 milhões, maior investimento do Grupo já feito no País em seus 52 anos de atuação. Serão processados inicialmente 250 mil metros cúbicos por ano. Futuramente, uma segunda linha produtiva deverá elevar a capacidade de produção para aproximadamente 650 mil metros cúbicos anuais. Os equipamentos e maquinários para a produção das placas têm origem na Alemanha, são da marca Siempelckamp, reconhecida fabricante mundial do segmento. Ao montante de investimentos feitos na planta produtiva somam-se outros R$ 75 milhões no plantio de florestas de eucaliptos próprios. Já estão plantados, sob rígido controle de manejo e origem, 12.000 mil hectares de flo-

restas. A GreenPlac, instalada em uma área de 510 mil metros quadrados, está em vias de receber a Certificação Ambiental FSC - Forest Stewardship Council (uma organização independente, não governamental, sem fins lucrativos, criada para promover o manejo florestal responsável ao redor do mundo). A partir de julho, enquanto a empresa não se utiliza da produção própria – cujo primeiro corte é previsto para até sete anos após o plantio – a empresa processará matéria-prima adquirida no mercado slot (eucaliptos adquiridos de terceiros). A GreenPlac, desde seu nascimento, tem o compromisso de ser sustentável. Toda a energia necessária para a operação será produzida pela Usina de Biomassa de Guarapuava, outro empreendimento do Grupo Asperbras no estado do Paraná. Os 10 MW de energia produzidos a partir dos rejeitos das fábricas de móveis da região, galhos, raízes, toras finas e copa de árvores serão utilizados como lenha para alimentar as caldeiras da usina.

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DIVERSIFICAÇÃO NA ECONOMIA – Para o governador Reinaldo Azambuja, a inauguração dessa fábrica de MDF em Água Clara representa a diversificação da economia sul-mato-grossense. “A instalação de empresas ajuda na diversidade econômica e desenvolvimento sustentável de Mato Grosso do Sul. Os setores se alternam para crescer com sustentabilidade. Desenvolvendo também o potencial turístico do Estado. As águas cristalinas de Bonito são consideradas o melhor destino para o ecoturismo, por exemplo”, disse. Ele ainda acrescentou que a instalação de empresas em Mato Grosso do Sul mostra o sucesso da política de incentivos fiscais do Estado. “Nossa política de trocar impostos por empregos tem mostrado resultados. Mato Grosso do Sul é o quinto estado mais competitivo do País”, completou. MERCADO INTERNO - Com produção inicial predo-

minantemente direcionada ao mercado interno, a GreenPlac já nasce como um grande player e traz novidades especialmente para o mercado moveleiro, uma das principais consumidoras de placas de MDF. O mercado internacional será foco quando a empresa entrar em sua segunda fase. Com quatro inovadoras linhas de produtos, o Moderno, Essenziale, Natural e Toccare possuem texturas e padronagens contemporâneas, atendendo aos mais variados gostos. A linha Essenziale foi reconhecida antes mesmo de estrear no mercado, com prêmio recebido na Feira Interzum, na cidade de Colônia, na Alemanha, em março de 2017. Um empreendimento do tamanho da GreenPlac modifica significativamente toda a economia de uma região. É o que está acontecendo com a cidade de Água Clara e seu entorno. A cidade, de 15 mil habitantes, vai conviver agora com cerca de 40 treminhões diários de pontaletes de eucaliptos entrando e

Autoridades e empresários conhecem processo produtivo da GreenPlac 44 •

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saindo da fábrica e movimentando toda a cadeia produtiva. Já foram criados novos restaurantes, hotéis e lojas para atender a demanda gerada pela circulação de pessoas. O início da operação da GreenPlac já representou um aumento de 28% no emprego industrial e 5% do emprego total do município, com perspectiva de aumentar sua participação, no médio prazo, quando as obras de construção das PCHs que estão sendo realizadas no município terminarem. De acordo com o secretário Estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar), Jaime Verruck, a GreenPlac está posicionada em local estratégico e agora passa a ser o principal empregador de Água Clara, com geração de 290 empregos diretos e cerca de 400 indiretos. “Até então quem mais empregava gente na cidade era a Fibria e a Eldorado, fábricas localizadas em Três Lagoas, o que nos dá a dimensão do impacto econô-


mico de uma unidade desse porte. A GreenPlac chega dando oportunidade de emprego para centenas de pessoas do município”, afirmou. Ele destacou alguns investimentos realizados pelo Governo do Estado na região de acesso ao município. “Fizemos adequações para trazer para cá melhoria das estradas vicinais para que os eucaliptos cheguem até a fábrica. O impacto é o valor adicionado no município, que terá mais ICMS, mas o grande estímulo é na movimentação econômica que teremos aqui com a geração de novos empregos. O foco que nós queremos é esse valor adicionado e tecnologia. Gerar emprego e produto final de qualidade. A ideia é trazer outras empresas de móveis para Mato Grosso do Sul”, revelou. Ainda conforme o titular da Semagro, a possibilidade de atrair novas empresas entra na política estadual de adicionar valor à matéria-prima regional. “Essa fábrica vai fornecer MDF para indústrias de móveis que vão olhar para Mato Grosso do Sul com olhos diferentes a partir de agora. Sem contar a geração de imposto que retorna ao município e movimenta toda a cadeia econômica regional”, esclarece Jaime Verruck durante a inauguração da fábrica. MÃO DE OBRA LOCAL - Mais do que contratar a mão de obra local, o Grupo Asperbras, por intermédio da GreenPlac, investiu intensivamente na formação de seus profissionais. Foram ministrados cursos preparatórios em parceria com o Senai de Três Lagoas e a prefeitura de Água Clara para capacitar os novos e futuros funcionários em disciplinas como automação, instrumentação, manutenção mecânica básica, além de operação de empilhadeiras e de máquinas. “Quando investimos na formação e na melhoria da economia local, estamos destinando um patrimônio permanente às pessoas e à cidade”, diz José Roberto Colnaghi, presidente do Conselho de Administração do Grupo Asperbras. O gerente do Senai de Três Lagoas, Antônio Carlos de Campos Faria, acrescenta que o Grupo Asperbras investiu intensivamente na formação dos seus profissionais por meio de cursos preparatórios em parceria com a Instituição. “A inauguração vem coroar um momento da indústria da região. Essa grande empresa, que recebeu a nossa contribuição na formação inicial dos colaboradores que vão dar o start na fábrica, vai ser muito importante para a região. Uma indústria desse porte e com essa tecnologia só faz crescer o setor no Estado”, afirma.

SENAI QUALIFICA 75 TRABALHADORES DA GREENPLAC NO CURSO DE OPERADOR EM PROCESSOS DE FABRICAÇÃO EM MDF Para atender a demanda por bons profissionais da GreenPlac, a empresa firmou uma parceria com o Senai de Três Lagoas para qualificar a mão de obra local. “Fizemos questão de empregar pessoas que são aqui do município de Água Clara e Três Lagoas, porque acreditamos no potencial dessa região e acho que fizemos uma boa escolha, porque hoje temos trabalhadores competentes, que antes da GreenPlac não tinham perspectiva de bons empregos, e hoje estão extremamente comprometidos com o trabalho”, revela José Roberto Colnaghi, presidente do Conselho de Administração do Grupo Asperbras. Segundo o gerente do Senai de Três Lagoas, Antônio Carlos de Campos Faria, foi disponibilizado um contêiner no município de Água Clara, onde os trabalhadores da GreenPlac assistiram às aulas do curso de operador em processos de fabricação em MDF. “Os cursos de qualificação profissional são uma ferramenta fundamental para as pessoas que almejam conquistar sucesso em sua carreira profissional. Quando essa formação está demandada com oportunidades de colocação, como neste caso com a GreenPlac, o ciclo fica completo”, afirma, acrescentando que o Senai qualificou 75 profissionais da nova indústria. Para a engenheira ambiental Cinthia Inácio de Souza, o curso permitiu que ela tivesse uma noção maior do processo produtivo da empresa. “Hoje trabalho no laboratório da GreenPlac e sou responsável por analisar a água dos poços da empresa”, explica. Ela ainda destaca que só depois da chegada da empresa a Água Clara foi possível trabalhar em sua área de formação. “Sou do interior de São Paulo e me mudei para Mato Grosso do Sul depois de me casar, para acompanhar meu marido. Como o município não tem muitas opções de emprego, principalmente na área de engenharia ambiental, trabalhava como balconista”, conta. MS INDUSTRIAL | 2018 •

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[ D I V E R S I F I C AÇ ÃO ]

INDÚSTRIA DA

BORRACHA

Fiems, Semagro, Assembleia Legislativa e Aprobat alinham projeto da cadeia da borracha A Fiems, Semagro (Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar), Assembleia Legislativa e Aprobat (Associação dos Produtores de Borracha de Aparecida do Taboado e Região) alinharam, durante reunião realizada no Sindicato Rural de Aparecida do Taboado, um projeto para estruturar a cadeia produtiva da borracha em Mato Grosso do Sul. Segundo o presidente da Fiems, Sérgio Longen, o Estado tem um potencial muito grande para a produção da borracha, mas tem sido notada uma certa estagnação na atividade. “Notamos a falta de um projeto específico da cadeia, então decidimos que vamos escrever um projeto que vai nos permitir discutir o setor como um todo, desde a produção, a primeira fase da colheita, que é o produto semiacabado, e depois o último processo, que é a industrialização da borracha”, explicou. Ele acrescentou que a Semagro, por meio do secretário Jaime Verruck, já se comprometeu a realizar um estudo de georreferenciamento que será apresentado dentro de 30 dias com o levantamento de toda a área de produção para definir o cronograma do projeto, que será encaminhado à Assembleia Legislativa com apoio do deputado estadual Paulo Corrêa, que é presidente da Comissão de Indústria e Comércio da Casa de Leis. “A partir daí, teremos em Mato Grosso do Sul realmente um projeto de fomento ao desenvolvimento desse segmento importante, que é a produção de borracha. Eu entendo que termos esse projeto vai permitir que investidores tenham um conhecimento maior, tenham segurança jurídica para investir e possam conhecer a cadeia como um todo”, completou Sérgio Longen. REPERCUSSÃO - O secretário Jaime Verruck explicou que Mato Grosso do Sul tem 21 mil hectares de seringueira plantados e, atualmente, 15% desse total já iniciou a produção do látex, que é a fase da sangria. “A gente entente que existe no Estado espaço para buscar a indústria para fazer o beneficiamento primário, mas a gente percebe que precisa haver uma estruturação dessa cadeia produtiva”, ressaltou. De acordo com o presidente do Sindicato Rural, Eduardo Antônio Sanches, que também é presidente da Aprobat, a atividade está em expansão na Costa Leste do Estado, mas tem esbarrado na concorrência com outros Estados. “Pedimos a redução do ICMS (Imposto sobre Comercialização

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Presidentes da Aprobat, Eduardo Sanches, e da Fiems, Sérgio Longen, com o secretário Jaime Verruck, visitam seringal

de Mercadorias e Serviços) sobre o produto, que hoje é de 12% e inviabiliza a competitividade com estados vizinhos. Além disso, defendemos a manutenção do imposto sobre importação do produto pela Letec/Camex (Secretaria-Executiva da Câmara de Comércio Exterior), porque perdemos espaço para o mercado asiático”, comentou. Para o presidente da Associação Industrial de Aparecida do Taboado, Faber Lalucci, o projeto busca desenvolver as duas pontas da ca-


FMI aponta risco para economia mundial

deia produtiva. “Começa com o levantamento da produção, que hoje está em 15% do total plantado, e vai até a industrialização. Acredito que a partir desse projeto, conseguiremos atrair indústrias de beneficiamento do látex para o nosso Estado, desenvolvendo ainda mais a região”, finalizou. Atualmente, Mato Grosso do Sul tem mais de 11 milhões de seringueiras plantadas em 21 mil hectares, de acordo com dados do Sindicato Rural de Aparecida do Taboado, e, considerando que cada

árvore custa R$ 60, o Estado tem floresta avaliada em R$ 660 milhões. O município de Cassilândia detém 67,29% do setor no Estado, com 7,4 milhões de árvores e 13 mil hectares, enquanto Aparecida do Taboado aparece em 2º no ranking dos municípios com 16,43% de participação, com 1,8 milhão de árvores em 3,8 mil hectares. O município de Inocência tem 4,2% da produção estadual, com 474 mil árvores e, apesar de a maioria da produção estar localizada na Costa Leste do Estado, ainda há re-

gistro de seringueiras em Bataguassu, Paranaíba, Três Lagoas, Camapuã, Chapadão do Sul, Paraíso das Águas e Figueirão. O Estado ainda tem 1.300 hectares de seringueiras em reservas legais. MS INDUSTRIAL | 2018 • 47


[ I N T E R N AC I O N A L ]

MERCADO FECHADO FMI alerta para aumento dos riscos na economia mundial pela alta do protecionismo

O crescimento da economia mundial permanece robusto, mas tende a ser menos equilibrado, é mais frágil, e os riscos que o ameaçam são maiores. Essa é a mensagem central lançada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) ao apresentar a atualização das previsões econômicas feitas em abril. Continua projetando um crescimento total de 3,9% para este ano e para o próximo. Não se altera para os Estados Unidos, mas foi reduzido para toda a América Latina. Maury Obstfeld, consultor econômico do FMI, identifica claramente o motivo. “A causa é o aumento das tensões comerciais”, diz ele, “a ampla expansão mundial que começou há dois anos se estagnou e ficou menos equilibrada”. Além disso, afirma que a instituição não está em condições de dizer que essas previsões se manterão. Ele afirma que o crescimento está sendo mais moderado na maioria das economias avançadas. A projeção ajustada para os países mais ricos é de 2,4% em 2018, um décimo a menos do estimado há três

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meses. Isso se dá em razão do corte para a zona do euro, França, Alemanha, Itália e Reino Unido, em decorrência do Brexit. Para o ano que vem, deve cair para 2,2% — neste caso, permaneceria como previsto em abril. Os EUA crescerão mais rapidamente do que a taxa potencial observada durante a recuperação da Grande Recessão e a criação de empregos permanecerá robusta. No seu caso, a projeção de 2,9% neste ano e 2,7% no próximo se mantém como resultado do efeito dos incentivos fiscais e do aumento de gastos. Mas o FMI já antecipou há um mês, ao apresentar sua análise da economia, uma forte freada a partir de 2020. Quanto aos países emergentes e em desenvolvimento, crescerão 4,9% este ano e 5,1% no ano que vem. A China continuará na mesma linha do que estava previsto. Não é o caso de outras grandes economias do grupo, como o Brasil, que se expandirá este ano 1,8%, meio ponto a menos do que o previsto em abril. Também há um corte para a Argentina. Isso faz com que


a projeção para a América Latina caia quatro décimos este ano, para 1,6%. INCERTEZA POLÍTICA - De qualquer modo, o FMI espera que o crescimento da região se acelere no próximo ano e chegue a 2,6%, embora dois décimos menos do que se esperava. Os técnicos mencionam a incerteza provocada pela transição política em alguns países, como o Brasil e o México, onde o crescimento para este ano permanece em 2,3%, mas foi reduzido em três décimos para o próximo, para 2,7%. Estas são as projeções gerais se as coisas continuarem como estão até agora. Mas Obstfeld adverte que se o confronto comercial se ampliar por causa das tarifas impostas pelos EUA à China, Europa, México e Canadá, e esses países responderem da mesma forma, “isso terá efeitos adversos na confiança, no valor dos ativos e nos investimentos”. É por isso que ele reitera que esse é o maior risco no curto prazo. O FMI calcula que, se essas ameaças se materializarem, podem tirar meio ponto do crescimen-

to previsto para 2020. E insiste, dirigindo-se aos EUA, que nesse tipo de situação ninguém ganha e todos têm algo a perder. “São potencialmente vulneráveis”, explica Obstfeld, “porque as medidas de retaliação comercial afetarão um volume relativamente alto de suas exportações. A equipe liderada por Obstfeld cita a “complacência” demonstrada até agora pelos mercados financeiros com a situação. Também em relação aos elevados níveis de endividamento, que criam uma vulnerabilidade cada vez maior e mais generalizada. O temor é que haja um ajuste repentino do valor dos ativos se as condições econômicas e das empresas mudarem de forma repentina. JUROS E DÍVIDA - Nesse sentido, mais uma vez pede ao Federal Reserve que mantenha a estratégia de aumento gradual das taxas de juros para evitar que a economia dos EUA se superaqueça, mas sem chegar a contê-la excessivamente. Isso, combinado com a valorização do dólar, coloca mais pressão sobre os países que têm suas

dívidas na moeda norte-americana. “Se o Fed agir mais rápido do que o previsto”, ele adverte, “a pressão será mais intensa”. Outro fator negativo é o aumento do preço do petróleo, de 16% desde fevereiro, em grande medida por causa da restrição ao fornecimento da Venezuela e Irã. É uma boa notícia para os países produtores, mas um fardo crescente para os importadores. O aumento do preço da gasolina está elevando a inflação nas economias avançadas e emergentes. Nesta situação, o FMI pede que se evite a adoção de medidas protecionistas e seja “encontrada” uma solução por meio da cooperação para “preservar” a promoção do crescimento do comércio de bens e serviços como um elemento essencial da expansão global. Também pede aos países que se armem da margem fiscal necessária para enfrentar uma situação mais volátil.

FMI aponta risco para a economia mundial

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[ SESI

FA Z

]

PROJETOS

INOVADORES Gestores visitam Microsoft e alinham parceria com empresa canadense na busca de avanços nas áreas de Educação e SST O superintendente do Sesi de Mato Grosso do Sul, Bergson Amarilla, acompanhado da diretora de Saúde e Segurança do Trabalho do Sesi, Adriana Sato, da gerente de educação do Sesi, Simone Cruz, e do gerente do Centro de Inovação do Sesi, Ricardo Egídio, estiveram, em junho, na sede corporativa da Microsoft, em Redmond, no Estado de Washington (EUA), e na empresa canadense RoboGarden, em Calgary (Canadá), na busca por soluções inovadoras para serem implantadas nas indústrias do Estado e replicadas em escala nacional.

Durante uma série de reuniões realizadas na Microsoft, os gestores estiveram focados em produtos que atendam às necessidades do Sesi nas áreas de Educação e SST, especificamente, no Centro de Inovação, recém-inaugurado em Campo Grande (MS) para atender às demandas relacionadas aos sistemas de Gestão em Saúde e Segurança do Trabalho. “Participamos de várias conferências sobre os aplicativos que a Microsoft disponibiliza na área de ensino, e também pesquisas que estão em andamento na área de segurança do trabalho. Outro aspecto importante

Equipe do Sesi visita a Microsoft, nos Estados Unidos

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da nossa visita à Microsoft é buscarmos uma parceria para a startup do Sesi, que terá o objetivo de desenvolver produtos inovadores para educação e desenvolvimento de pessoas”, acrescentou o superintendente do Sesi, Bergson Amarilla. Diretora de SST do Sesi, Adriana Sato destaca da visita as inúmeras possibilidades de inovação que foram abertas para a instituição no Estado. “Várias ferramentas inovadoras desenvolvidas pela Microsoft vão auxiliar as indústrias a fazer uma gestão dos ambientes e dos riscos do trabalho. Além do mais, há várias ferramentas como OneNote, Microsoft Teams, que a gente pode utilizar para capacitação dos trabalhadores”, elencou. O Sesi regional já trabalha em parceria com a Microsoft no desenvolvimento do software Gestão Analítica em SST que, por meio de reconhecimento facial, associado a termostatos, permitirá a estabelecimentos que atuam com ambientes climatizados ter acesso a uma série de informações para fazer a gestão correta da saúde e segurança do trabalhador. “O mais interessante é que a ferramenta do vídeo Analytics, associada com uma base de dados, poderá prover dados preventivos de possíveis acidentes que, hoje, não existem. Então, nós poderemos prever por comportamentos anteriores quais as situações de risco e impedir que o acidente aconteça, algo extrema-

mente útil e necessário no cenário brasileiro hoje em dia”, exemplificou Adriana Sato. A gerente de educação do Sesi, Simone Cruz, avalia que a aproximação da instituição com a Microsoft é um indicador de que a instituição evolui e segue no caminho da inovação. “Inovar tecnologicamente não é simplesmente trazer ferramentas, mas também pensar em formação, internet das coisas, parques tecnológicos, e para isso a gente precisa de um parceiro com todo esse know-how, como a Microsoft. Essa visita representa o fortalecimento dos rumos de uma nova educação que o Sesi vem traçando nos últimos anos, focado no futuro da formação dos jovens que estão conosco”, conclui. CANADÁ - Já na viagem à cidade de Calgary, no Canadá, os gestores do Sesi firmaram uma parceria com a empresa canadense RoboGarden, que vai atuar com produtos que atendam às necessidades da instituição nas áreas de educação e de SST (Saúde e Segurança do Trabalho). Na área de educação, a parceria consiste em um projeto piloto que será realizado inicialmente na Escola do Sesi de Campo Grande para que os alunos usem o aplicativo desenvolvido pela RoboGarden, com jogos que envolvem todas as áreas do conhecimento, incluindo programação. “É uma plataforma que combina jogos com aprendizado. Eles perceberam que o jovem está cada vez mais operando com sistemas online, buscando diversão e comunicação, então, aproveitando essa rotina dos jovens, a empresa começou a trabalhar aliando conteúdos pedagógicos com sistemas interativos”, afirmou Bergson Amarilla. Segundo Simone Cruz, o projeto piloto será iniciado em Campo Grande em agosto deste ano com as turmas do 6º ano do Ensino Fundamental e da 1ª série do Ensino Médio e, a partir dessa experiência, será definida a implantação

da plataforma em todo o Estado e o plano de trabalho para 2019. “A principal vantagem do novo projeto é trabalhar com os alunos os conteúdos envolvendo programação. Teremos um trabalho via plataforma que chega até uma programação profissional, em que avançamos para JavaScript e Phyton, que são programações do mundo profissional. Então o aluno, ao se desenvolver, vai ter uma chance de certificação que profissionaliza no que tange programação para o mundo do trabalho”, detalhou. SST - Com relação à área de SST, o superintende do Sesi explicou que o mesmo modelo utilizado pela RoboGarden pode ser aplicado para saúde e segurança do trabalho, em que há grande defasagem de conhecimento sobre o tema e normas regulamentadoras junto aos trabalhadores e às próprias empresas. “Como um dos fundamentos do Centro de Inovação é desenvolver sistemas de trabalho para melhorar a atuação das empresas em gestão de prevenção de acidentes de trabalho e boa parte da cultura de prevenção vem do envolvimento e conhecimento do trabalhador da indústria frente ao seu ambiente de trabalho, a RoboGarden vai, em parceria com o Centro de Inovação, desenvolver produtos para melhorar a gestão de SST”, disse Bergson Amarilla. De acordo com Adriana Sato, dentro dos trabalhos apresentados pela RoboGarden há diversas ferramentas que podem ser utilizadas em saúde e segurança do trabalho para aprendizado dos trabalhadores com relação às normas e promover ao mesmo tempo inclusão digital. “Eles ainda têm um modelo de trabalho de verificação espacial, ou seja, será construído um produto para espaços confinados, como silos, canos, telhados, peças de máquinas, fornos, que envolvem um trabalho realmente muito perigoso porque o trabalhador pode ficar preso”, explicou. MS INDUSTRIAL | 2018 • 51


[ SENAI

FA Z

]

DE VOLTA PARA O

FUTURO

Levantamento do Senai aponta novas profissões que devem surgir pelos próximos anos com a Indústria 4.0 Boa parte dos estudantes que atualmente cursam o Ensino Médio na escola terão no futuro profissões que ainda não existem. De acordo com trabalho reali52 •

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zado pelo Senai, novas profissões como engenheiro de cibersegurança, técnico em informação e automação, mecânico de veículos híbridos e projetista para tecno-


logias 3D devem surgir e se consolidar no mercado nos próximos cinco a dez anos. A previsão é que surjam 30 novas ocupações em oito áreas que devem sofrer o maior impacto da chamada Indústria 4.0, termo utilizado para a integração do mundo físico e virtual por meio de tecnologias digitais, como internet das coisas, big data e inteligência artificial. Ainda conforme o levantamento, os segmentos automotivo, alimentos e bebidas, máquinas e ferramentas, petróleo e gás, têxtil e vestuário, química e petroquímica, tecnologias da informação e comunicação e construção civil estão entre as áreas que mais devem ter seus processos transformados e que apostam na dominância das tecnologias digitais para a competitividade dos seus negócios na próxima década. Com o objetivo de preparar as empresas para os desafios e oportunidades atrelados à indústria 4.0, o Senai já oferece soluções em educação, tecnologia e inovação. De acordo com o diretor-regional da instituição, Rodolpho Caesar Mangialardo, a quarta revo-

lução industrial terá um impacto profundo e exponencial nos processos produtivos, em ganhos de eficiência e redução de custos industriais “As empresas devem estar preparadas para atender as necessidades do mercado por produtos mais inteligentes e customizados, demandando a introdução de tecnologias nos processos industriais que possibilitem o monitoramento em tempo real, linhas de produção flexíveis e integradas com outras plantas industriais em nível global”, afirma Rodolpho Caesar Mangialardo. Nesse sentido, ele reforça que os profissionais destas empresas devem estar familiarizados com as tendências e tecnologias requeridas, para que possam desenvolver as suas atividades de forma alinhada às novas demandas de mercado. “Já oferecemos na modalidade EaD (Educação a Distância) uma série de cursos voltados para a indústria 4.0. Também estamos nos preparando para abrir novos cursos, que ainda estão em fase de desenvolvimento, mas podemos adiantar que, em breve, um deles será de piloto de drone”, comenta o diretor-regional. MS INDUSTRIAL | 2018 • 53


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Para poder oferecer um ensino de qualidade para seus alunos, o Senai de Mato Grosso do Sul desde janeiro deste ano iniciou uma capacitação de seus instrutores para se adequarem às atualizações tecnológicas. “Esse novo modelo de qualificação não passa apenas pela grade curricular. Estamos quebrando aquele paradigma de sala com carteiras enfileiradas, em que o professor faz uma

aula expositiva usando a lousa. Hoje, com o acesso à informação tão rápido, o processo mudou e o professor também passa a aprender com o aluno. Por isso, vamos construir novos laboratórios no Estado, que envolvam os alunos em equipamentos tecnológicos, mas também desenvolvam habilidades como trabalho em equipe e tomada de decisão”, completa Rodolpho Mangialardo. MS INDUSTRIAL | 2018

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[ IEL

FA Z

]

Superintendente do IEL, José Fernando do Amaral falou aos empresários presentes no evento de abertura do programa em 2018

QUALIFICAÇÃO DE FORNECEDORES

Instituto promove aula inaugural do PQF 2018 na Capital, Ribas do Rio Pardo e Três Lagoas O IEL promoveu, simultaneamente, no dia 19 de junho, as aulas inaugurais das turmas de 2018 do PQF (Programa de Qualificação de Fornecedores) nos três municípios de Mato Grosso do Sul que contam com a iniciativa: Campo Grande, Três Lagoas e Ribas do Rio 56 •

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Pardo. O PQF é mantido pelo IEL para ampliar a interação e capacidade de atendimento de empresas de pequeno e médio porte com as empresas de grande porte. Em Três Lagoas, onde o programa há mais de dez anos qualifica pequenas empresas locais para fornecer às


multinacionais instaladas na cidade – as chamadas “empresas-âncoras” do PQF, como Fibria, Sitrel, Bemis, International Paper, Eldorado, Petrobras e a prefeitura do município – a turma deste ano conta 22 empresas, todas no módulo avançado do programa. Os alunos participantes foram recepcionados pelo coordenador geral do PQF, Luis Carlos Felippe, que é gerente de suprimentos da Fibria e, em seguida, o instrutor Claudio Pedrassoli iniciou a aula com o Curso de Visão Geral do SGQF (Sistema de Gestão da Qualidade em Fornecimento). Na Capital, 11 empresas que es-

tão no módulo avançado do PQF também tiveram a primeira aula deste ano sobre SGQF, com a instrutora Márcia Jordão. A abertura foi realizada pelo coordenador da Unidade de Desenvolvimento Industrial do IEL, Hugo Bittar. Já em Ribas do Rio Pardo as nove empresas inscritas no PQF estão no módulo básico do programa, e a primeira aula da turma foi sobre o módulo financeiro e contábil, com a instrutora Ana Gregório. Antes, o gestor da área de Capacitação Empresarial do IEL, Luis Alberto Pereira, fez a abertura para os alunos. Além da cerimônia de abertura

das turmas do PQF realizada no dia 11 de junho, a aula inaugural é um momento fundamental do programa, considera Hugo Bittar. “Todos os anos cumprimos este rito da cerimônia de abertura, com a participação de empresários em geral e diretores do Sistema Fiems e, depois, a aula inaugural com a presença dos gestores do PQF, porque é uma forma de mostrar como o programa pode ser relevante para a competitividade das empresas, ou apresentar para aqueles que já passaram pelo nível básico do programa a importância de continuar e seguir para o nível avançado”, afirmou. O PQF - O PQF integra e promove a qualificação de fornecedores, redes de empresas e cadeias produtivas, capacitando-as em diversas áreas de gestão, tais como: estratégica, comercial, financeira, qualidade, saúde e segurança no trabalho, produção, inovação, responsabilidade social e ambiental. Em Mato Grosso do Sul, desde que o programa foi implantado, em 2008, já foram movimentados R$ 816,3 milhões em volume de negócios, levando-se em conta somente as relações comerciais entre âncoras e fornecedoras em Três Lagoas. Além da cifra quase bilionária em negócios gerados, o programa contabiliza também 300 empresas fornecedoras, 551 pessoas capacitadas em seminários e treinamentos, 25 mil horas de consultorias junto às empresas, 8,3 mil horas de diagnósticos, avaliações e auditorias, 340 pessoas formadas como auditoras da norma ISO 9001, e 226 empresas fornecedoras certificadas, sendo 65 na metodologia básica e 171 na metodologia avançada.

Em Ribas do Rio Pardo, gestor do PQF, Hugo Bittar, apresentou programa aos empresários

Serviço – Mais informações pelo site www.ms.iel.org.br MS INDUSTRIAL | 2018 • 57


[ E X PA N S ÃO ]

Sérgio Longen, acompanhado de autoridades e empresários do município, que conheceram a estrutura

ESTRUTURA FORTE O presidente da Fiems visita áreas em Paranaíba para construção de um Centro Integrado Sesi Senai

A cidade de Paranaíba pode ganhar o 4º CISS (Centro Integrado Sesi Senai) de Mato Grosso do Sul, a exemplo dos municípios de Aparecida do Taboado, Maracaju e Naviraí. O presidente da Fiems, Sérgio Longen, acompanhado pelo deputado estadual Paulo Corrêa e pelo secretário estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar, Jaime Verruck, visitou três áreas no município para a edificação do projeto, que receberá investimento da ordem de R$ 15 milhões, sendo R$ 10 milhões para a obra e R$ 5 milhões para equipamentos e mobiliários. “A construção de um CISS em Paranaíba faz parte das nossas 58 •

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ações de desenvolvimento do setor industrial na Costa Leste do Estado. Já temos o projeto praticamente pronto e a sua viabilização está bem encaminhada, pois nos reunimos no ano passado com o prefeito na Casa da Indústria e hoje estamos avaliando os três terrenos sugeridos para receber a obra”, detalhou Sérgio Longen. O presidente da Fiems explica que há uma grande demanda por mão de obra qualificada na região e isso motivou a escolha do município para a construção do 4º CISS de Mato Grosso do Sul. “Após definirmos qual o terreno que melhor abrigará o nosso Centro Integrado, o prefeito vai encaminhar o projeto de lei para a doação da área e ca-

berá aos vereadores aprovarem para que possamos viabilizar a edificação dessa unidade nos mesmos moldes do construído em Aparecida do Taboado”, detalhou. DURAÇÃO DA OBRA Longen acredita que em duas ou três semanas a equipe técnica da Fiems dará o parecer sobre qual das três áreas é a melhor para a construção do CISS, cabendo à Câmara de Vereadores aprovar a doação do terreno. “A partir dessa doação, vamos precisar de mais 60 dias para finalizar o projeto arquitetônico e, de posse dessa planta baixa, vamos abrir o processo licitatório para a escolha da construtora. Acredito que essa obra deve levar até um ano


e seis meses para ser concluída e, depois de mobiliada e equipada, ser inaugurada para o início da operação”, estimou. Ele acrescenta que será levado em conta na hora de escolher o terreno o acesso dos alunos ao local. “Os alunos precisam chegar à nossa unidade com facilidade, então não posso escolher uma área muito longe porque ficará inviável, dificultando a captação de estudantes para a Escola do Sesi e para os cursos do Senai. Por isso, a localização da área é muito importante e, nas visitas que fiz, constatei que dois terrenos ficam muito longe da zona urbana, inviabilizando a escolha. Entretanto, um dos terrenos está bem localizado e o prefeito comprometeu-se em ajudar na escolha dele”, informou. Paranaíba já conta com uma Biblioteca da Indústria do Conhecimento do Sesi, que foi inaugurada em 22 de outubro de 2010 pelo presidente da Fiems, Sérgio Longen, e pelo então prefeito José Garcia de Freitas. O espaço está localizado na Avenida Coronel Gustavo Rodrigues da Silva, no centro da cidade, e integra a rede de bibliotecas da Indústria do Conhecimento do Sesi no Estado, que já conta com 44

unidades em 40 municípios. Com a construção do CISS, a cidade contará com todos os serviços disponibilizados pelo Sistema Fiems. REPERCUSSÃO - Na avaliação do prefeito de Paranaíba, Ronaldo Miziara, o presidente Sérgio Longen traz uma boa notícia para o município, que é a construção de um Centro Integrado Sesi Senai. “O presidente vistoriou algumas áreas para a instalação da unidade e gostou de uma delas, sendo que agora vamos enviar à Câmara de Vereadores o projeto de lei para a doação desse terreno. A aprovação deve ser por unanimidade, pois todos sabem que esse CISS vai ajudar no desenvolvimento da nossa região, gerando mais empregos para os nossos trabalhadores, que serão capacitados”, avaliou. Ronaldo Miziara reforça que Paranaíba está começando a colher frutos da visita feita ao presidente da Fiems no ano passado para solicitar uma atenção especial para Paranaíba. “Sabemos que Paranaíba tem um potencial muito grande e os nossos habitantes precisam fazer esses cursos de qualificação profissional para garantir colocação no mercado de trabalho. Além

disso, a construção desse Centro vai receber investimento da ordem de R$ 15 milhões, que devem movimentar a nossa economia e, por isso, tenho certeza que da nossa parte não vai falhar, porque não podemos perder essa oportunidade”, ressaltou. O secretário estadual Jaime Verruck destacou o empenho do presidente da Fiems na busca pelo desenvolvimento econômico de vários munícipios da Costa Leste do Estado. “Uma das questões da Federação é a necessidade de trazer uma unidade do Sesi e Senai para Paranaíba para atuar na área de saúde e segurança do trabalho, bem como na qualificação profissional dos trabalhadores e na educação dos estudantes dos ensinos Fundamental e Médio do município. A Fiems já comunicou ao Governo do Estado que vai construir um CISS na cidade e nós entendemos que não dá para trazer o desenvolvimento econômico para Mato Grosso do Sul sem atrair indústrias, que precisam de mão de obra qualificada. Hoje Paranaíba está ganhando um presente significativo e a partir de agora entra nesse rol de mais um quesito para atrair empresas”, analisou. MS INDUSTRIAL | 2018 • 59


[ COMBUSTÍVEL]

220

VOLTS

Presidente da Fiems, Sérgio Longen, durante test-drive de motocicleta movida à energia renovável

Instalação de montadora de veículos elétricos trará mais inovação a MS Ao participar, no Parque das Nações Indígenas, em Campo Grande (MS), do evento de cessão de uso de um veículo elétrico multifuncional e a doação de uma garagem com painel fotovoltaico para carregamento do veículo ao Governo do Estado pela empresa Brave-Brasil Veículos Elétricos, o presidente da Fiems, Sérgio Longen, destaca que a vinda da montadora trará mais desenvolvimento, inovação e oportunidades à região. “Entendo que essa demonstração que eles estão fazendo aqui como um primeiro passo de um projeto antigo que vem sendo construído em parceria com a Brave-Brasil e avalio essa ação como muito positiva. Eles já definiram que virão para Mato Grosso do Sul e agora estamos nos ajustes finais, que envolvem financiamentos dos materiais que vamos fazer por meio do Projeto Indústria Sem Fron60 •

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teiras. Além disso, os empresários já estão em contato com o Senai para todo o suporte necessário com relação à qualificação de mão-de-obra”, afirmou Longen. Na avaliação do diretor-regional do Senai, Rodolpho Caesar Mangialardo, a instalação da nova indústria representa mais uma porta aberta para a instituição. “É uma oportunidade não só a nível de educação, mas também de consultoria, para que a gente possa ajudar a empresa a se instalar com melhores condições de produção e já desenvolver os profissionais específicos para trabalhar nessa indústria voltada para energia renovável”, argumentou. Rodolpho Mangialardo ainda acrescenta que o Senai já vem trabalhando com energia fotovoltaica há cerca de um ano. “É um programa que tem dado resultado, mas estáva-

mos voltados a residências e também ao comércio. Agora poderemos atuar também em energia fotovoltaica para automóveis, então é uma porta nova que se abre”, completou. MAIS INVESTIMENTOS O governador Reinaldo Azambuja reforça o compromisso de trazer a Brave-Brasil para Mato Grosso do Sul e destacou os investimentos do Estado em fontes de energia renováveis. “Esses dias inauguramos placas fotovoltaicas em escolas e agora temos uma garagem fotovoltaica, que gera energia, abastece o veículo, que tem autonomia de 100 quilômetros e ainda tem excedente para os prédios ao lado. Então é um ganho enorme, sustentável e de preservação, além das oportunidades que a montadora trará com relação à geração de emprego e renta para nosso Estado”, pontuou.


[ INDICADORES ]

Fonte: Portal Transparência MS. Elaboração: SFIEMS DICOR UNIEP

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[ ARTIGO ] O PESO DA MOBILIDADE Nunca se falou tanto em carros elétricos como nos últimos tempos. Seja aqui no Brasil, quanto na Europa ou nos Estados Unidos, nosso modelo de mobilidade nos custa toneladas de CO2 emitidas ao meio ambiente e aos nossos pulmões. Dessa forma, o transporte está como prioridade na lista de esforços globais para a diminuição de gases de efeito estufa. Em especial, carros e caminhões estão na mira. Há dois anos, a Comissão Europeia apresentou os planos para baixar emissões relacionadas com mobilidade. No documento, o principal objetivo é reduzir os níveis de emissões de 2050 em pelo menos 60% abaixo daqueles registrados em 1990. Essa é uma meta extremamente desafiadora, uma vez que aumenta a demanda anual de quilômetros rodados por habitante. Como resposta, as montadoras anunciam investimentos em motores elétricos e híbridos. No Brasil, a Anfavea, associação que reúne as montadoras de veículos, e governo ainda relutam em definir um arcabouço que oriente os investimentos das montadoras, cujo ponto central é o pacote de medidas chamado de “Rota 2030”. Nessa proposta, os níveis de emissões e a cilindrada dos motores terão papel preponderante. Mas isso vai funcionar? Será que seria o investimento em novas motorizações a “bala de prata” para a redução dos gases, a grande ideia na direção de uma economia mais limpa? Eu acho que não. Neste ponto, é importante mencionarmos os veículos de carga que, embora representem um percentual pequeno da frota circulante, são grandes responsáveis por emissões de CO2. Hoje as tecnologias mais conhecidas em eletrificação de motores não atendem transportes de longas distâncias, e a questão está ligada a dificuldades de recarga. Caminhões têm que garantir centenas de quilômetros de autonomia e baterias para uma autonomia de 500 km custariam mais do que o preço do caminhão, além de pesarem 62 •

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mais de 10 toneladas, diminuindo a capacidade de carga. Isso porque a densidade de energia (energia contida por massa ou volume) dos combustíveis fósseis é muito maior do que das baterias, além do fato de que o peso do combustível no tanque vai diminuindo à medida em que é consumido, diferentemente das baterias. Dessa forma, pelo menos dentro da tecnologia disponível, a diminuição de emissões teria que vir por motores de combustão interna ou pela melhoria da eficiência do conjunto. Conclusão: a redução de peso do veículo e das carrocerias é o que mais impacta no resultado, pois veículos mais leves significam menos combustível e maior autonomia. É aí que entram materiais como o alumínio. Trocar aço por alumínio na produção automotiva - tecnologia disponível e testada em todo mundo, reduz, em média, 50% do peso de componentes de veículos. Além disso, pensando em uma economia circular - quando um carro termina a sua vida útil e vai para um desmonte, mais de 90% do alumínio pode ser reciclado em peças para compor um novo veículo, utilizando apenas 5% da energia que foi consumida na produção primária. O Plano de Desenvolvimento da Indústria Automobilística, o Rota 2030, deveria claramente mencionar a redução de peso dos veículos como fator fundamental da redução dos GEE. Essas questões passam longe do dia a dia dos carros brasileiros e farão pouca diferença no curto e médio prazo. O alumínio pode trazer muitas soluções por suas vantagens como leveza, absorção de energia, segurança e características de reciclabilidade. Se o foco da discussão se concentrar na motorização, vamos conseguir pouco resultado como sociedade, tanto em termos de desenvolvimento industrial quanto em benefício ambiental. Um setor que tem tanto poder de encadeamento na economia como a indústria automotiva deveria apresentar soluções mais abrangentes.

Milton Rego Presidente-executivo da ABAL Associação Brasileira do Alumínio

O transporte está como prioridade na lista de esforços globais para a diminuição de gases de efeito estufa”


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