MAIO 2011 A música sinfônica está em toda parte. Ela é presente não só na vida dos apaixonados por essa arte, como também no dia a dia de quem ainda não se sente íntimo dela. Você pode não ter percebido, mas a música sinfônica está no cinema antigo, no cinema contemporâneo, nas animações, nos comerciais de TV, nas discotecas dos anos 1970, em novelas, nas artes plásticas e até nos toques de aparelhos celulares do mundo todo. Em 2011, os cadernos das séries Allegro e Vivace vão recordar esses momentos e lugares inesperados em que a música sinfônica se apresenta para todos, mesmo aqueles que não costumam frequentar as salas de concerto. Assim, convidamos você a sempre voltar a esta sala, onde poderá sentir a força e a sutileza de obras criadas em períodos diferentes, conhecer compositores geniais e intérpretes que emocionam. São grandes as chances de você também se apaixonar. Astor Piazzolla imortalizou o tango e o aproximou da música de concerto. Em sua intensa e variada produção, compôs para orquestra, grupos de câmara e trilhas sonoras. Compositor e instrumentista incansável, jamais se esqueceu do instrumento principal do tango, o bandoneón, tornando-o conhecido em todo o mundo. Michelangelo 70 e Adiós Nonino, de Astor Piazzolla, fazem parte da trilha sonora do filme Toda Nudez será Castigada, dirigido por Arnaldo Jabour em 1973.
Amigos e amigas, O mês de maio se inicia com a estreia de nosso novo regente assistente, Marcos Arakaki, na série de concertos no Palácio das Artes. Maestro Arakaki tem sido reconhecido como um dos jovens regentes mais promissores no cenário musical nacional e é com grande satisfação que o recebemos em Minas Gerais como mais um grande colaborador no contínuo processo de evolução da Filarmônica. Em seu primeiro concerto ele irá executar uma das mais importantes Bachianas de Villa-Lobos, assim como uma das mais geniais obras de Mozart, sua Serenata “Posthorn”. Neste mesmo programa a solista será nossa Chefe de Naipe de Flauta, Cássia Lima, que executará o complexo e instigante Concerto de Carl Nielsen. Cássia vem demonstrar o talento excepcional de nossos músicos não só dentro da orquestra, mas também como solistas. No segundo concerto do mês recebemos com carinho um dos mais importantes músicos argentinos, Daniel Binelli, que vem compartilhar conosco o singular som do bandoneón ao executar um concerto do grande Astor Piazzolla para esse instrumento. A Filarmônica mostra todo o seu progresso interpretando duas das mais desafiadoras obras de todo o repertório sinfônico: o Don Juan e Till Eulenspiegel do alemão Richard Strauss. É um prazer tê-los aqui e esperamos que a cada experiência no Grande Teatro seus laços com nossa grande orquestra se estreitem cada vez mais. Bom concerto,
Fabio Mechetti
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Fabio Mechetti Diretor Artístico e Regente Titular Orquestra Filarmônica de Minas Gerais
Natural de São Paulo, Fabio Mechetti é Regente Titular e Diretor Artístico da Orquestra Sinfônica de Jacksonville desde 1999. Foi também Regente Titular da Orquestra Sinfônica de Syracuse e da Orquestra Sinfônica de Spokane, da qual é, agora, Regente Emérito. Desde 2008 é Diretor Artístico e Regente Titular da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, trabalho que lhe deu o XII Prêmio Carlos Gomes na categoria Melhor Regente brasileiro em 2008. Foi regente associado de Mstislav Rostropovich na Orquestra Sinfônica Nacional de Washington e com ela dirigiu concertos no Kennedy Center e no Capitólio norte-americano. Da Orquestra Sinfônica de San Diego foi Regente Residente. Fez sua estreia no Carnegie Hall de Nova York conduzindo a Orquestra Sinfônica de Nova Jersey e tem dirigido inúmeras orquestras norte-americanas, como as de Seattle, Buffalo, Utah, Rochester, Phoenix, Columbus, entre outras. É convidado frequente dos festivais de verão nos Estados Unidos, entre eles os de Grant Park em Chicago e Chautauqua em Nova York. Realizou diversos concertos no México, Espanha e Venezuela. No Japão dirigiu as Orquestras Sinfônicas de Tóquio, Sapporo e Hiroshima. Regeu também a Orquestra Sinfônica da BBC da Escócia, a Filarmônica de Auckland, Nova Zelândia, e a Orquestra Sinfônica de Quebec, Canadá. Vencedor do Concurso Internacional de Regência Nicolai Malko, na Dinamarca, Mechetti dirige regularmente na Escandinávia, particularmente a Orquestra da Rádio Dinamarquesa e a de Helsingborg, Suécia. Recentemente fez sua estreia na Finlândia dirigindo a Filarmônica de Tampere, com a qual voltará a realizar uma série de concertos em 2011. No Brasil foi convidado a dirigir a Sinfônica Brasileira, a Estadual de São Paulo, as orquestras de Porto Alegre e Brasília e as municipais de São Paulo e do Rio de Janeiro.
foto | Eugênio Sávio
Trabalhou com artistas como Alicia de Larrocha, Thomas Hampson, Frederica von Stade, Arnaldo Cohen, Nelson Freire, Emanuel Ax, Gil Shaham, Midori, Evelyn Glennie, Kathleen Battle, entre outros. Igualmente aclamado como regente de ópera, estreou nos Estados Unidos dirigindo a Ópera de Washington. No seu repertório destacam-se produções de Tosca, Turandot, Carmen, Don Giovanni, Cosi fan Tutte, Bohème, Butterfly, Barbeiro de Sevilha, La Traviata e As Alegres Comadres de Windsor.
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sÉRIE VIVACE 3 de MAIO 20H30 GRANDE TEATRO DO PALÁCIO DAS ARTES
Marcos Arakaki regência Cássia Lima flauta PROGRAMA W. A. MOZART Serenata nº 9 em Ré maior, k. 320, “Posthorn” (1779) [40 min] I. Adagio maestoso – Allegro con brio II. Menuetto: Allegro con brio III. Concertante: Andante grazioso IV. Rondo: Allegro ma non troppo V. Andantino VI. Menuetto VII. Finale: Presto INTERVALO Carl NIELSEN Concerto para flauta e orquestra, op.33 (1926) [19 min] I.Allegro moderato II. Allegretto Solista: Cássia Lima Primeira audição em Belo Horizonte Heitor VILLA-LOBOS Bachianas Brasileiras nº 2 (1930) [21 min] I. Prelúdio: O canto do capadócio II. Ária: O canto da nossa terra III. Dança: Lembrança do sertão IV. Toccata: O trenzinho do caipira
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MARCoS ARAKAKI Regência
Marcos Arakaki venceu o I Concurso Nacional Eleazar de Carvalho para Jovens Regentes promovido pela Orquestra Petrobras Sinfônica (2001) e o I Prêmio Camargo Guarnieri promovido pelo Festival Internacional de Campos do Jordão (2009). Já esteve à frente de importantes orquestras no Brasil e no exterior, dentre elas as sinfônicas dos estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Norte e Paraíba; Petrobras Sinfônica; sinfônicas de Campinas, Recife, da USP e da Unicamp; Orquestra de Câmara da Osesp, Experimental de Repertório; filarmônicas de Minas Gerais, Boshulav Martinu na República Tcheca, Kharkov na Ucrânia, de Buenos Aires, da Universidade Nacional do México e também a orquestra da American Academy of Conducting, em Aspen. Foi bolsista de importantes festivais, como o Aspen Music Festival (2005), tendo aulas com Sir Neville Marriner, Leonard Slatkin e David Zinman, e o Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão. Também participou de importantes masterclasses, recebendo orientações de maestros como Kurt Masur, Charles Dutoit, Alain Hazendilne, Lanfranco Marcelletti e outros. Entre 2000 e 2002, foi o principal regente convidado da Camerata Fukuda e regente assistente da Orquestra Sinfônica de Santo André. Em 2005, foi o principal regente da Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto. Entre 2007 e 2010 trabalhou como regente titular da Orquestra Sinfônica da Paraíba e regente assistente da Orquestra Sinfônica Brasileira. Como regente titular promoveu a reestruturação da Orquestra Sinfônica Brasileira Jovem entre 2008 e 2010, recebendo grande reconhecimento da crítica especializada e do público na cidade do Rio de Janeiro. Formado pela UNESP em 1998, concluiu Mestrado em Regência Orquestral pela Universidade de Massachusetts em 2004, com apoio da Fundação Vitae. À frente da Orquestra Sinfônica Brasileira, Marcos Arakaki gravou, em 2010, a trilha sonora para o filme Nosso Lar, composta por Philip Glass.
foto | André Fossati
Atualmente é o regente assistente da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais.
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Cássia LIMA flauta
Natural de Extrema (MG), Cássia Lima iniciou seus estudos com o flautista João Dias Carrasqueira aos seis anos. Em São Paulo também foi aluna de Grace Henderson, Marcos Keihl e Jean-Noel Saghaard. Este último foi seu professor na Universidade Estadual Paulista (Unesp), onde concluiu o curso de Bacharelado em Música em 1999. Foi integrante da Orquestra Experimental de Repertório por oito anos, onde foi duas vezes vencedora do concurso “Jovens Solistas”. Também participou dos principais festivais de música do país, como Festival de Inverno de Campos do Jordão, Oficina de Música de Curitiba e Festival de Música Antiga de Juiz de Fora. Foi vencedora dos principais concursos de flauta do país, como o II Concurso Nacional Jovens Flautistas no Rio de Janeiro (1997) e o XV Concurso Jovens Instrumentistas em Piracicaba (2001).
Cássia Lima foi vencedora dos principais concursos de flauta do país, como o II Concurso Nacional Jovens Flautistas no Rio de Janeiro e o XV Concurso Jovens Instrumentistas em Piracicaba.
Nesse mesmo ano, foi premiada com bolsa de estudo pela Fundação Vitae e da Mannes College of Music em Nova York, EUA, para o curso de Mestrado em Música, tendo Keith Underwood como professor. Em 2003, formou-se Mestre em Flauta e foi condecorada pela Mannes College com o prêmio Gregory Award por excelência em performance. Também na Mannes foi vencedora do Concerto Competition, atuando como solista da orquestra, e concluiu o curso Professional Studies Diploma em 2005. Através da Mannes, participou de várias masterclasses com flautistas como Michael Parloff, Jeffrey Khaner, William Bennett e Ranson Wilsom. Ainda nos EUA, participou do Festival de Música de Hidden Valley em 2004, onde foi convidada a ser assistente de Keith Underwood. Em 2005, foi integrante do Festival de Tanglewood, onde participou como primeira flauta/Piccolo da orquestra, que teve regentes como James Levine, Seiji Ozawa, Kurt Masur, Stefan Asbury e Rafael Frühbeck de Burgos. Também em 2005 foi convidada a integrar o corpo docente da Universidade de Minnesota, em Minneapolis. Lá também participou da Orquestra de Minnesota, onde tocou com os regentes Charles Dutoit e Marek Janowski, e foi solista da Orquestra da Universidade de Minnesota. Ainda em Minneapolis foi convidada para participar do concerto de aniversário de Elliot Cater.
foto | Rafael Motta
De volta a São Paulo, Cássia integrou a Orquestra do Estado de São Paulo (Osesp) como primeira flauta e foi professora da Oficina de Música de Curitiba em 2008. Desde 2009 Cássia atua como primeira flauta da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais.
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Na instrumentação desta Serenata, Mozart elabora trechos relevantes para a flauta e o oboé e inclui inusitadamente partes para o flautim e um solo para a “trompa de posta”.
Wolfgang Amadeus MOZARt (Áustria, 1756 – 1791) Serenata nº 9 em Ré maior, K. 320, “Posthorn” É fato observável que, no início de novas “eras estilísticas”, por assim dizer, a imprecisão conceitual de certos gêneros permeie a produção artística e musical. No início do século XVIII, por exemplo, denominações aplicadas a determinadas obras instrumentais, sinfônicas ou de câmara podem ser enxergadas, formalmente, como o mesmo procedimento: analiticamente falando, divertimentos, “partitas” e serenatas são, aí, análogos tanto em sua estrutura formal quanto em sua função social: eram obras geralmente encomendadas para compor festividades e eventos sociais aristocráticos ou burgueses. Nesses gêneros, evita-se o uso da linguagem polifônica, e neles não é raro que se encontrem citações de temas ou canções populares. Mozart compôs, ao longo da vida, cerca de uma dúzia de serenatas. Encomendada para uma cerimônia da Universidade de Salzburg, a Serenata K. 320 foi composta e estreada em 1779, quando o compositor ainda aí residia. Na sua instrumentação, que valoriza particularmente determinados instrumentos de sopro, Mozart elabora trechos relevantes para a flauta e o oboé (como no terceiro e quarto movimentos) e inclui inusitadamente partes para o flautim, no primeiro trio do segundo minueto, e um solo para a “trompa de posta” (instrumento que anunciava, dentre outras coisas, a chegada e saída dos correios e que era distinto da “trompa de caça”, usada obviamente nas caçadas), no segundo trio do mesmo minueto, o que conferiu o subtítulo à obra. Moacyr Laterza Filho
foto | Rafael Motta
Pianista e cravista, professor na Escola de Música da UEMG e na Fundação de Educação Artística.
PARA ouvir_ CD Mozart – Posthorn-serenade KV 320, Serenata notturna KV 239 – Berliner Philharmoniker – Karl Böhm, regente – Deutsche Grammophon – 2010
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O Concerto alterna sonoridades escuras de Brahms e o lirismo melódico de Mozart, amparados por uma narrativa que quase nos conta uma estória repleta de imagens e sons da ilha natal de Nielsen.
Na segunda Bachiana é clara a mediação que Villa-Lobos faz entre a tradição musical do Ocidente, a música popular brasileira, o nosso folclore musical e as então novas tendências dos grandes polos culturais europeus.
Carl NIELSEN
Heitor Villa-Lobos
(Dinamarca, 1865 – 1931)
(Brasil, 1887 – 1959)
Concerto para flauta e orquestra, op. 33
Bachianas Brasileiras nº 2
Conhecida como o “jardim da Dinamarca”, Funen é a ilha onde nasceu Carl Nielsen e também sua principal referência criativa. Avesso às turbulências estéticas da música de seu tempo, segue o caminho traçado pelo Romantismo. Admirava Mozart, Brahms – e Wagner e seu conceito de “obra de arte total”, síntese de todas as artes poéticas, visuais, musicais e dramáticas.
Um dos principais “nortes ideológicos”, por assim dizer, do Modernismo no Brasil foi a preocupação engajada em se construir uma identidade artística nacional. Nessa direção, a valorização de um imaginário autóctone e a incorporação de seus elementos funcionaram como possibilidades reais de expressividade artística. No entanto, a estética modernista não ignorou conquistas estéticas dos movimentos das vanguardas europeias, que poderiam ser usadas (como de fato foram), conforme fossem convenientes, num movimento que Oswald de Andrade batizou, com irônica propriedade, de “Antropofagia”. Se, por um lado, essa ideologia estética pode ter provocado excessos “verdeamarelistas”, por outro lado, porém, é fato e certo que a arte brasileira (tanto a Literatura, quanto as Artes Plásticas e a Música) saiu renovada do Modernismo e soube aproveitar bem a herança que ele deixou.
O Concerto para flauta, estreado em 1926 em Paris, resulta de uma experiência estética. Comovido ao ouvir o Quinteto de Sopros de Copenhagen executando Mozart, Nielsen compõe para ele uma obra em que, na última parte – Variações sobre um Tema – vai descrevendo as personalidades dos músicos. Promete um concerto para cada um, mas chega a compor apenas para flauta e clarinete. Ao longo de sua vida, Nielsen produziu muito para teatro. Texto e cenário o forçavam a criar soluções que usava posteriormente em obras puramente sonoras. Tal forma de produção, aliada à sua admiração pelos compositores germânicos, faz do Concerto para flauta obra que alterna sonoridades escuras de Brahms e o lirismo melódico de Mozart, amparados por uma narrativa que quase nos conta uma estória repleta de imagens e sons de sua ilha natal. Felipe Amorim Flautista, professor na Fundação de Educação Artística e na Escola de Música da UEMG.
PARA ouvir_ CD Carl Nielsen – Clarinet & Flute Concertos – Berliner Philharmoniker – Simon Rattle, regente – Emmanuel Pahud, solista – Emi Classics – 2006 PARA ler_ “Grieg e os músicos escandinavos” – Jean Massin e Brigitte Massin – História da Música Ocidental – Rio de Janeiro – Nova Fronteira – 1997
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Ícone maior da Música Nacional Brasileira, Heitor Villa-Lobos foi o grande representante, na música, da Semana de 1922 e sua fase produtiva, de rara prodigalidade, contempla, pelo menos, as duas primeiras fases do Modernismo Brasileiro. Não se nota, porém, em sua obra, uma linha evolutiva como a que comumente se traça para a arte no Brasil a partir da “Semana”, especialmente para a Literatura. Isso demonstra um pouco da independência vigorosa de seu espírito criador, que não se deixa prender a rótulos ou a tendências impositivas, mas que deles faz uso, quando assim convém às suas necessidades expressivas. Nesse sentido, poder-se-ia dizer que Villa-Lobos, transcendendo o próprio Modernismo, assume uma postura verdadeiramente “antropofágica”. Sua linguagem transita numa mediação de rara originalidade entre as conquistas (formais e sonoras) mais arrojadas das tendências europeias de então, entre elementos da música popular brasileira e entre os elementos de nosso folclore musical. Embora não seja rara a citação de temas
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populares ou folclóricos em sua obra, a aderência de sua música ao elemento nacional não se limita nem de longe a isso: Villa-Lobos destila sua própria linguagem de todas essas fontes, criando um idioma original, pessoal e próprio, donde se depreende, dentre outras coisas, esse mesmo elemento nacional. Nesse sentido, ele não se sente constrangido, por exemplo, em se afastar da tonalidade nem, paradoxalmente, em revisitar, à sua maneira, a tradição musical do Ocidente. É esse último aspecto que se pode observar com clareza nas nove Bachianas Brasileiras, compostas entre 1930 e 1945. Nessas obras (cujos nomes fazem referência direta a J. S. Bach, expoente máximo do Barroco Alemão e ícone da música barroca), Villa-Lobos não pretende recuperar as estruturas ou elementos formais e estéticos da obra bachiana. Ao contrário, deles se aproveita, para criar uma ponte entre a tradição musical do Ocidente e o seu próprio “destilado” linguístico, conscientemente pleno de elementos nacionais. A segunda Bachiana data de 1930 e não deixa de ser curioso notar certa identidade entre alguns aspectos “descritivos”, por assim dizer, dessa obra, e as tendências literárias da ficção brasileira de então. Se nesse momento floresce o romance dito regionalista em nossa Literatura, é interessante notar os subtítulos que Villa-Lobos atribui a cada um dos movimentos da obra: “Canto do Capadócio”, “Canto da Nossa Terra”, “Lembrança do Sertão” e, sobretudo, “O Trenzinho do Caipira”. Mais interessante do que traçar os seus aspectos pictóricos, porém, seria verificar, como, aí, se pode observar com clareza o trânsito mediador que Villa-Lobos estabelece entre a tradição musical do Ocidente, a música popular brasileira, o nosso folclore musical e as então novas tendências musicais dos grandes polos culturais europeus: Villa-Lobos se sente à vontade seja para explorar expressivamente o ruído, seja para expor sem receios um tema aos moldes da canção popular, seja para usar uma rítmica facilmente associada à estereotipia musical brasileira. Independentemente de rótulos ou tendências, Villa-Lobos e sua música falam por si só. Moacyr Laterza Filho Pianista e cravista, professor na Escola de Música da UEMG e na Fundação de Educação Artística.
PARA LEr_ Para um apanhado crítico sobre o Modernismo no Brasil: Alfredo Bosi – História Concisa da Literatura Brasileira – São Paulo – Cultrix – 1997
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foto | Rafael Motta
PARA ouvir_ LP Villa-Lobos – As nove Bachianas Brasileiras – Orquestra Nacional da Radiodifusão Francesa – Villa-Lobos, regente – Angel – 1965
sÉRIE ALLEGRO 19 de MAIO 20h30 GRANDE TEATRO DO PALÁCIO DAS ARTES
Fabio Mechetti regência Daniel Binelli bandoneón PROGRAMA Robert SCHUMANN Manfredo: Abertura, op. 115 (1849) [12 min] Astor PIAZZOLLA Aconcagua: Concerto para bandoneón e orquestra (1979) [20 min] I. Allegretto marcato II. Moderato III. Presto Primeira audição em Belo Horizonte Solista: Daniel Binelli INTERVALO Richard STRAUSS Don Juan, op. 20 (1888) [17 min] Richard STRAUSS As travessuras de Till Eulenspiegel, op. 28 (1895) [15 min]
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Daniel Binelli bandoneón
Compositor e arranjador de renome internacional, um dos mestres argentinos do bandoneón, Daniel Binelli se apresenta regularmente em concertos e recitais. O bandoneón é um instrumento de sensualidade única, aspecto revelado na ampla gama de composições dedicadas ao instrumento, sendo a maioria delas com fortes raízes no tango argentino, onde Binelli é reconhecido como pesquisador dedicado e especialista da forma e possibilidades do estilo. Binelli é aclamado como um dos principais expoentes e herdeiro da música de Astor Piazzolla. Em 1989 integrou o Piazzolla’s New Tango Sextet e participou de turnês internacionais com esse grupo. Apresentou-se como solista com várias orquestras, entre elas a Orquestra da Filadélfia, sinfônicas de Atlanta, de Virginia, de Sydney, Orquestra de Tonhalle, em Zurique, Sinfônicas de Montreal, Ottawa e St. Petersburg.
A habilidade de Binelli em extrair soluços e suspiros de seu agudo instrumento, aliada a uma sensibilidade excepcional das inspirações melódicas de Piazzolla, é, ao mesmo tempo, notável e estimulante. The Australian, Sydney, setembro/2003
Entre os regentes com quem Binelli se apresentou estão Charles Dutoit, Lalo Schifrin, Franz Paul Decker, Robert Spano, Jo Ann Falletta, Giselle Ben-Dor, Isaiah Jackson, Michael Christie, Lior Shambadal e Daniel Schweitzer. O artista regeu a opereta de Piazzolla María de Buenos Aires, na Itália, com participação da cantora Milva. Outras colaborações de Binelli incluem performances com a pianista Polly Ferman e o violonista Eduardo Isaac e a formação do Binelli-Ferman-Isaac Trio. Também trabalhou como diretor musical do documentário Tango the Spirit of Argentina, produção da BBC que narra a vida de Piazzolla. Compositor experiente em seus domínios, Binelli criou e arranjou músicas para instrumento solo, quinteto, orquestras de câmara e sinfônicas, além de danças e musicais. Músico versátil, transita por todos os estilos do tango. Compôs três concertos para orquestra: um para bandoneón, outro para piano e um terceiro para violão. Encomendada pela Universidade do Estado de Utah, a peça para piano, bandoneón e orquestra Homenagem ao Tango foi premiada em 2008.
foto | Peter Schaaf
Várias orquestras internacionais, conjuntos, companhias de tango e solistas já solicitaram arranjos ou encomendas a Binelli, incluindo a Sinfônica de Zurique, Sinfônica de Edmonton, Filarmônica de Buffalo, Festival de Música de Colorado, Filarmônica de Montevideo, Sinfônica de Colômbia e Buglisi/Foreman Dance Company, de Nova York, assim como Osvaldo Pugliese Orquestra Típica, da Argentina, e Tango 7, da Suíça.
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Na Abertura, o cromatismo exasperado, a inquietação dos ritmos sincopados, as bruscas mudanças dinâmicas disfarçam a rigidez formal, e a orquestração densa reflete a atmosfera angustiada do poema de Byron.
Robert SCHUMANN (Alemanha, 1810 – 1856) Manfredo: Abertura, op. 115 Quando Byron publicou Manfredo (1817), a literatura romântica alemã já produzira algumas de suas obras decisivas. Assim como os Bandoleiros (1781) de Schiller, o Werther (1774) e o Fausto (1806) de Goethe, o herói byroniano, expressão de um romantismo sinistramente misterioso, marcou profundamente sua época. O pai de Schumann, editor e tradutor, introduziu na Alemanha os romances de Walter Scott e a poesia de Byron. Leitor incansável, o futuro compositor descobriu assim os versos do poeta inglês, permeados de angústia e emoções intensas. Schumann só se dedicou à orquestra na maturidade, depois de compor um conjunto genial de peças para piano e Lieder de intenso sentimento poético. Sua música sinfônica, embora pouco divulgada, é bastante inovadora e pessoal, pois o compositor não se conformou aos modelos tradicionais e nem aderiu à proposta dos poemas sinfônicos apresentada por seus contemporâneos Berlioz e Liszt.
foto | Rafael Motta
Quanto à ópera, o sonho de Schumann de consolidar um grande ciclo alemão desfez-se diante da indiferença do público por Genoveva (1848). Ao abordar Manfredo, o compositor procurou uma forma alternativa ao gênero operístico, pois o poema de Byron, embora dialogado, não se destinava à representação teatral. Liberto das perigosas exigências cênicas, procurou acentos mais espontâneos e poderosos na união da orquestra com as vozes, dispondo o poema em quinze Cenas dramáticas. A afinidade do músico com Byron já se revelara em quatro Lieder exemplares – um canto hebraico do ciclo Myrten, op. 25 e os Drei Gesänge, op. 95. No caso de Manfredo, ele realizou um magnífico estudo de caráter que, por sua identificação com o personagem retratado, transfigura-se em dolorosa e comovente confissão. A Música de Cena foi terminada em 1848 e a Abertura, em 1851. Nesse
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período, o compositor começou a sentir a progressiva alteração de sua saúde – a vergonha e as obscuras ameaças associadas à loucura que, em 1854, o levariam a se jogar no Reno (como Manfredo no abismo). Conduzido ao asilo de Endernich, Schumann morreu dois anos depois. Sobre a história do amor incestuoso de Manfredo (causa da morte de sua irmã Astarte) Byron tece, em versos vigorosos, reflexões ambíguas sobre os sofrimentos amorosos, a angústia da culpa imperdoável e o destino inexorável. O herói, buscando ao mesmo tempo evocar e esquecer sua amada, recorre à magia, busca a paz na Natureza, invoca as ninfas dos Alpes e os espíritos que regem o Universo. Mas nada consegue apaziguar seu tormento e Manfredo tenta jogar-se de alta montanha, fatalmente atraído pelo abismo. Infeliz, desafia os espíritos infernais e recusa orgulhosamente o socorro do piedoso Abade que lhe propõe o arrependimento. Astarte reaparece, então, para lhe anunciar a morte inevitável. Na Abertura, escrita em forma sonata rigorosamente organizada, os temas facilmente se diferenciam por seus elementos melódicos. O cromatismo exasperado, a inquietação dos ritmos sincopados, as bruscas mudanças dinâmicas disfarçam a rigidez formal, e a orquestração densa reflete a atmosfera angustiada do poema. A Abertura foi apresentada pelo compositor, a 14 de março de 1852, em Leipzig. A estreia da obra integral aconteceu em junho do mesmo ano, em Weimar, sob a direção de Liszt. Paulo Sérgio Malheiros dos Santos Pianista, professor na Escola de Música da UEMG, autor do livro Músico, doce músico.
Imerso na renovação do tango, Piazzolla irá compor incessantemente até sua morte. Aproximou o tango da música erudita, com o reconhecimento de grandes artistas e crescente admiração do público e da crítica.
Astor PIAZZOLLA (Argentina, 1921 – 1992) Aconcagua: Concerto para bandoneón e orquestra Piazzolla cresceu em Nova York, onde, influenciado por Carlos Gardel, interessou-se pelo tango. Em Buenos Aires compôs arranjos para a orquestra de tangos de Aníbal Troilo, na qual atuou; passou a estudar com Ginastera e, em Paris, com Nadia Boulanger, a quem deve o estímulo para a continuidade de sua carreira. Na década de 1950 cria sua própria orquestra, realiza turnês e compõe no estilo denominado nuevo tango, sob influência do jazz e da música clássica. Imerso na renovação do tango, irá compor incessantemente até sua morte. Aproximou o tango da música erudita, com o reconhecimento de grandes artistas e crescente admiração do público e da crítica. O Concerto Aconcagua, de 1979, foi originalmente composto para bandoneón, cordas e percussão. A première mundial no formato atual se deu em 1981 no Kennedy Center de Washington, com o autor como solista. Há, na obra, claras influências do concerto grosso barroco. Na primeira parte o tema do bandoneón passa à orquestra, terminando com uma demonstração de virtuosismo do solista. Na lenta e lírica melodia sem acompanhamento da segunda parte, subjaz a essência dramática do tango. O final passa da vivacidade inicial a um clima melancólico, tipicamente tanguero. Embaixador Ramón Villagra Delgado Cônsul-geral da República Argentina.
PARA ouviR_ CD Piazzolla – Sinfonía Buenos Aires, Bandoneón concerto ‘Aconcagua’, Las cuatro Estaciones Porteñas – Nashville Symphony Orchestra – Giancarlo Guerrero, regente – Daniel Binelli, Tianwa Yang, solistas – Naxos – 2010 PARA OUVIR_ CD Schumann – Manfredo: Abertura, op.115 – Orquestra Filarmônica de Los Angeles – Carlo Maria Giulini, regente – Deutsche Grammophon/Polygram – 1983
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PARA lER_ Piazzolla: El Mal Entendido – Diego Fischerman e Abel Gilbert – Editora Edhasa – 2009
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Notável como compositor operístico, foi bem antes de realizar seus trabalhos nesse campo e justamente com o Poema Sinfônico que Richard Strauss adquiriu renome internacional com obras do porte de Don Juan e Till Eulenspiegel.
Richard STRAUSS (Alemanha, 1864 – 1949) Don Juan Till Eulenspiegel A imagem estereotipada que geralmente se faz da música romântica – vinculada necessariamente à figura e à vida do artista e resultado de um transbordamento individual de sua alma, sublimado em obras confessionais, que lhe expressam os sentimentos e estados psicológicos pessoais – geralmente acaba por eclipsar as grandes conquistas que a própria linguagem musical romântica logrou atingir. Sem mencionar o campo da Harmonia, que já em Chopin desbrava caminhos insuspeitos, e que em Wagner abre as portas para grandes tendências musicais do século XX, relativizando a tonalidade, também no campo dos gêneros e formas musicais o Romantismo realizou pesquisas e experiências que, por um lado, lhe foram decisivas para a definição de suas maneiras mais genuínas de expressão e que, por outro, mais tarde foram fundamentais para os novos caminhos da música no Ocidente. Na grande complexidade que estrutura a teia ideológica romântica, essa necessidade imperiosa do extravasamento dos sentimentos pessoais através da arte aparece, na música, como uma vigorosa reação ao racionalismo, sobretudo formal, que a mentalidade iluminista do século XVIII houvera imposto à expressão musical. De fato, o Classicismo (termo, que, na História da Música, refere-se ao período que sucedeu o Barroco e precedeu o Romantismo) encontrou na Forma Sonata seu máximo veículo de expressão, principalmente nos gêneros instrumentais. O Romantismo reage vigorosamente à imposição formal que a sonata clássica delimita e, com isso, busca outros caminhos possíveis de expressão musical.
tionável qualidade artística e estética da maior parte das sinfonias românticas, observadas como um todo, não é nelas, porém, que o Romantismo sinfônico encontra seu caminho formal mais legítimo de expressão. Outro gênero, entretanto, aparece mais vigorosamente como expressão real dessa ideologia de liberdade formal tão cara ao Romantismo: se não criado, ao menos legitimado e consolidado definitivamente por Liszt, o Poema Sinfônico talvez seja o gênero romântico mais genuíno no campo da música sinfônica. Tal como concebido por Liszt, o Poema Sinfônico baseia-se sempre em um enredo literário e dele conserva certo fundamento “narrativo”, por assim dizer. Esses elementos, porém, estão para muito além de meras “descrições” musicais, como frequentemente se acredita: eles têm aí a função de fio condutor e de fundamentador estrutural da obra, para garantir a livre expressão pessoal e criativa do compositor. Isso lhe garante, nesse gênero, a liberdade formal, e, com isso, o compositor pode ou não lançar mão de formas preestabelecidas, trabalhadas e modificadas conforme a sua conveniência expressiva. Por isso, a estabilidade e unidade da obra não dependem exatamente do enredo em que se baseia, mas da sua própria coesão interna. Notável como compositor operístico, foi bem antes de realizar seus trabalhos nesse campo, porém, e justamente com o Poema Sinfônico que Richard Strauss adquiriu renome internacional. São de uma mesma safra obras do porte de Macbeth (terminado em 1888), Don Juan (que data do mesmo ano), Till Eulenspiegel (1894-1895), Don Quixote (1898) e Also Spracht Zarathustra (1896).
Embora esses caminhos possam ser mais claramente notados à primeira vista na produção pianística romântica, na música sinfônica esse movimento de renovação formal parece se mostrar um pouco menos evidente, posto que presente: o sinfonismo romântico a muito custo conseguiu afrouxar os nós da “Sinfonia”, gênero cujo modelo fundamental é a própria Forma Sonata. Sem negar a inques-
Não é exatamente relevante verificar se Till Eulenspiegel foi uma personagem histórica (que alguns estudiosos situam no século XI), ou se foi no século XVI que se tornou figura literária. Mais significativo é verificar que sua figura está para o ideário popular alemão assim como Pedro Malasartes está para o ideário popular brasileiro. De fato, as aventuras picarescas de ambas as personagens em muito se assemelham e lançam um olhar irônico sobre uma estrutura social hipócrita e cristalizada, contra a qual a sua (de ambos) figura se opõe. Strauss optou formalmente pelo rondó para o poema sinfônico que compôs embasado no enredo dessa personagem. De fato “As Alegres Travessuras de Till Eulespiegel” recebem um subtítulo, dado pelo compositor: “segundo a antiga lenda picaresca em forma de rondó”. Nele, dois temas representam a figura do protagonista: o primeiro, exposto pelas trompas e depois retomado pela orquestra, é evocado frequentemente, no decorrer da obra, seja como refrão, seja permeando a teia melódica, sempre retrabalhado, funcionando, assim, como fator de unidade e coesão. O segundo, exposto inicialmente pelo clarinete, sugere o riso irônico do próprio Till Eulenspiegel e também é sempre citado e evocado em todo o decorrer da obra, cumprindo função estrutural semelhante ao primeiro.
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Plena de ironia, e dos contrastes que dela advêm, assim como seu enredo condutor (cujos episódios vão de uma cavalgada em que a personagem derruba as barracas de um mercado, passam por um sermão debochado que o personagem faz, fantasiado de padre, e chegam à captura de Till e sua execução – que, na obra de Strauss, podem ser “entreouvidas” claramente ao final) , essa obra é até hoje surpreendente por aspectos inumeráveis, que incluem tanto o trabalho melódico e harmônico, quanto o trabalho formal, que a posicionam num limiar estreito entre um Romantismo tardio e os novos passos que a música daria no século XX. Composto sete anos antes de Till Eulenspiegel, quando o compositor contava ainda com vinte e quatro anos de idade, Don Juan, por sua vez, marca um momento de descoberta definitiva dos caminhos formais de Strauss e de seu trabalho peculiar com o sistema tonal. Apesar de não trazer ainda a liberdade amadurecida de Till Eulenspiegel, e embora aí se possa notar a nítida presença de um modelo wagneriano, Don Juan se tornou, logo após sua estreia em 1889, grande sucesso acolhido pelo público e pela crítica. Baseada no poema homônimo de Nikolaus Lenau (pseudônimo de Nikolaus Franz Niembsch Von Strehlenau), essa obra de Strauss, apesar dos contrastes que contém, é imbuída de um lirismo algo melancólico, que perpassa a exposição de diversos temas melódicos, mas que também não é desprovido de certa ironia, uma vez que se fundamenta na figura problemática desse lendário conquistador, que não poderia ser fiel a uma só mulher, sob pena de ser infiel a todas as outras. Moacyr Laterza Filho Pianista e cravista, professor na Escola de Música da UEMG e na Fundação de Educação Artística.
PARA OUVIR_ CD Richard Strauss – Don Juan, Till Eulenspiegel, Tod und Verklarung, Death and Transfiguration – London Simphony Orchestra – Claudio Abbado, regente – Deutsche Grammophon – 1990
PARA assistIR_ DVD Strauss: Don Juan – Vienna Philharmonic Orchestra – Karl Böhm, regente – EuroArts/Unitel Clássica – 2008
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foto | Rafael Motta
CD R. Strauss: Till Eulenspiegel, Ein Heldenleben – Orquestra Sinfônica de Chicago – Daniel Barenboim, regente – Warner Classic and Jazz – 2009
Foto: Rafael Motta
Música clássica faz bem para o coração. Se faz bem para o coração, o Instituto Unimed-BH apoia.
foto | Rafael Motta
A Orquestra Filarmônica de Minas Gerais conta com o apoio do Instituto Unimed-BH.
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Com a captação de recursos de pessoas físicas, o Programa Cultural Unimed-BH promove a dança, o teatro, a música instrumental e erudita, oferecendo ao público mineiro uma intensa programação cultural, gratuita ou a preços acessíveis. Para a Unimed-BH, é uma emoção comemorar 40 anos levando mais arte e alegria para todos.
CULTURA
PARA APRECIAR UM
CONCERTO Silêncio
Programa
Em uma sala de concerto, o silêncio é fundamental para que você possa ouvir cada detalhe da música. Ruídos incomodam e dificultam a apreciação das obras e a concentração dos músicos.
A leitura do programa oferece uma oportunidade de conhecer um pouco mais sobre a música, os compositores e os intérpretes que se apresentam. Ele será seu guia para a boa compreensão das obras executadas. Você também poderá consultá-lo no site antes de vir para o concerto.
Aparelhos eletrônicos O celular perturba o silêncio necessário à apreciação do concerto. Tenha certeza de que o seu está desligado.
Aplausos O aplauso é o elogio da plateia. E, como todo elogio, faz toda a diferença usá-lo na hora certa. É tradição na música clássica aplaudir apenas no final das obras, que, muitas vezes, se compõem de duas, três ou mais partes. Quando uma dessas partes termina, não significa que a música chegou ao fim. Consulte o programa para saber o número de movimentos e o final de cada obra e fique de olho na atitude e gestos do regente e dos músicos.
Tosse Tosse chama a atenção. Como um apreciador da música, você não vai querer desviar os olhares para sua direção. Por isso, se estiver com tosse, experimente usar uma pastilha antes do concerto e aliviar alguma irritação na garganta antes de entrar na sala e durante os intervalos.
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Pontualidade Atraso e procura de lugares As portas do Grande Teatro são fechadas após o terceiro sinal. Depois do início da apresentação, a entrada só é permitida em momentos que não interrompam o concerto. Quando você puder entrar, escolha silenciosamente um lugar vago ao fundo da sala. Evite andar e trocar de poltrona durante a execução das músicas. Se tiver de sair antes do final da apresentação, aguarde o término de uma peça.
Outras recomendações Crianças Se você estiver com crianças muito novas, prefira os assentos próximos aos corredores. Assim, você consegue sair rapidamente se a criança se sentir desconfortável. Registros Fotos e gravações em áudio e vídeo não são permitidos. Aproveite o concerto ao vivo.
Comidas e bebidas O consumo de comidas e bebidas não é permitido no interior da sala de concerto.
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foto | Rafael Motta
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SÉRIES E OUTROS
Concertos Qual a diferença entre Orquestra Sinfônica e Orquestra Filarmônica? Não existe diferença entre uma orquestra e outra se a dúvida é sobre seu tamanho ou composições que cada uma pode tocar. Uma orquestra pode ser de câmara se tem um número pequeno de instrumentos, mas, se for completa, com todas as famílias de instrumentos, ela será sinfônica ou filarmônica. Esses prefixos serviram, durante muitos anos, para designar a natureza da orquestra, se “pública” ou “privada”. Isso porque se convencionou chamar de filarmônica a orquestra mantida por uma sociedade de amigos admiradores da música, enquanto sinfônica era a orquestra mantida pelo Estado. Hoje não se pode mais fazer essa distinção, seja no Brasil ou em outros países, já que ambas dependem do auxílio tanto da iniciativa privada como dos governos. Originalmente, a palavra orquestra vem do grego para se referir a um grupo de instrumentistas tocando juntos. Sinfônico quer dizer “em harmonia” e filarmônico, “amigo da harmonia”. Uma orquestra filarmônica é, portanto, sinfônica, pois seus músicos devem tocar em harmonia e ser capazes de executar as composições sinfônicas criadas pelos compositores de todos os períodos da música clássica, especialmente as mais complexas, a partir do século XIX. Queremos que a nova orquestra de Minas seja de todos nós, amigos da harmonia, o que motivou a escolha do nome Orquestra Filarmônica de Minas Gerais.
Allegro e Vivace São séries realizadas em noites de terça (Vivace) e quinta-feira (Allegro), no Grande Teatro do Palácio das Artes. Ambas apresentam repertório que inclui sinfonias e outras músicas de diferentes períodos históricos, trazendo frequentemente obras pouco conhecidas e inéditas, com a presença de convidados de renome internacional.
Concertos para a Juventude A iniciativa recupera a tradição de concertos sinfônicos nas manhãs de domingo, dedicados à família. As apresentações têm ingressos a preços populares e contam com a participação de jovens solistas.
Clássicos no Parque Com um repertório que abrange música sinfônica diversificada, os concertos proporcionam momentos de descontração e entretenimento a um público amplo e heterogêneo. Realizados aos domingos, nos parques da cidade.
Concertos Didáticos São concertos de caráter didático, com entrada franca, para grupos de crianças e jovens da rede escolar pública e particular, instituições sociais e universidades. Além de apreciar a boa música, o público recebe informações sobre a orquestra, os instrumentos e as diversas formas musicais.
Festivais São eventos idealizados para oferecer ao público experiências musicais específicas. O Festival Tinta Fresca procura identificar e promover novos compositores mineiros ou residentes no estado. O Laboratório de Regência tem por finalidade dar oportunidade a jovens regentes brasileiros, de comprovada experiência, de desenvolver, na prática, a habilidade de lidar com uma orquestra profissional.
Turnês Estaduais As turnês estaduais levam a música de concerto a diferentes regiões de Minas Gerais, possibilitando que novos públicos tenham o contato direto com música sinfônica de excelência.
Turnês Nacionais A Orquestra Filarmônica de Minas Gerais percorre importantes regiões e centros culturais do Brasil, a fim de divulgar a boa música e representar o estado no cenário nacional erudito. 34
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PRÓXIMOS
Concertos MAIO
Turnê Estadual 12 a 14 de maio Ipatinga, Governador Valadares e Teófilo Otoni Marcos Arakaki, regência
CYRO PEREIRA / J. STRAUSS / CARLOS GOMES / MASCAGNI / DVORÁK / BRAHMS / BORODIN
Série Allegro 19 de maio, quinta-feira, 20h30, Palácio das Artes Fabio Mechetti, regência Daniel Binelli, bandoneón SCHUMANN / PIAZZOLLA / R. STRAUSS
Concertos de Câmara 26 e 27 de maio Bocaiúva, Janaúba e Pirapora Turnê Estadual 28 de maio, sábado, Montes Claros Marcos Arakaki, regência
CYRO PEREIRA / J. STRAUSS / CARLOS GOMES / MASCAGNI / DVORÁK / BRAHMS / BORODIN
JUNHO
Série Allegro 2 de junho, quinta-feira, 20h30, Palácio das Artes Fabio Mechetti, regência Fabio Zanon, violão J. G. RIPPER / FRANCIS HIME / BEETHOVEN
Clássicos no Parque 5 de junho, domingo, 11h, Praça Milton Campos, Betim Marcos Arakaki, regência Renata Xavier, flauta
CYRO PEREIRA / BEETHOVEN / VIVALDI / PIAZZOLLA / J. STRAUSS
Festival Tinta Fresca 10 de junho, sexta-feira, 20h30 Teatro do Oi Futuro Klauss Vianna Marcos Arakaki, regência Programa a ser anunciado Turnê Estadual 16 a 19 de junho Tiradentes, São João del-Rei, Ouro Preto e Mariana Marcos Arakaki, regência Elisa Freixo, cravo NUNES GARCIA / ALBINONI / HAENDEL / BACH / MOZART Concertos para a Juventude 26 de junho, domingo, local a ser anunciado Marcos Arakaki, regência Dominic Desautels, clarinete Catherine Carignan, fagote MOZART / R. STRAUSS / J. STRAUSS
Concerto Didático (fechado) 27 de junho, segunda-feira, local a ser anunciado Marcos Arakaki, regência Fausto Borém, contrabaixo/narrador foto | Rafael Motta
GLINKA / FAUSTO BORÉM / CARLOS GOMES / BIZET
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ORQUESTRA FILARMÔNICA DE MINAS GERAIS | Maio | 2011 Primeiros Violinos
Anthony Flint spalla
Eliseu Martins de Barros concertino
Rommel Fernandes assistente de spalla
Arthur Vieira Terto Bojana Pantovic Leonidas Cáceres Carreño Luis Felipe Damiani Marcio Cecconello Martha de Moura Pacífico Mateus Freire Patrick Desrosiers Rodolfo Marques Toffolo Rodrigo de Oliveira Luisa de Castro **** Segundos Violinos
Frank Haemmer * Jovana Trifunovic ** Eri Lou Miyake Nogueira Gláucia de Andrade Borges José Augusto de Almeida Leonardo Ottoni Luka Milanovic Marija Mihajlovic Radmila Bocev Tiago Ellwanger Valentina Gostilovitch Violas
João Carlos Ferreira * Bruno Leandro da Silva Cleusa de Sana Nébias Glaúcia Martins de Barros Marcelo Nébias Nathan Medina Katarzyna Druzd Vitaliya Martsinkevich William Martins Sofia von Atzingen **** Violoncelos
Elise Pittenger *** Camila Pacífico
Fabio Mechetti
REGENTE ASSISTENTE
Lina Radovanovic Matthew Ryan-Kelzenberg Pedro Bielschowsky Camilla Santos **** Renato de Sá **** Contrabaixos
Colin Chatfield * Mark Wallace ** Brian Fountain Hector Manuel Espinosa Marcelo Cunha Nilson Bellotto Valdir Claudino
Marcos Arakaki
Erico Oliveira Fonseca ** Daniel Leal Mark John Mulley * Wagner Mayer ** Renato Lisboa Tuba
Eleilton Cruz * Tímpanos
Ambjorn Lebech * Percussão
Cássia Renata Lima* Renata Xavier ** Alexandre Braga
Daniel Lemos ** Werner Silveira Sérgio Aluotto Fabio Oliveira **** Fernando Rocha ****
Oboés
Harpa
Alexandre Barros * Ravi Shankar ** Moisés Pena
Mareike Burdinski *
Flautas
Clarinetes
Dominic Desautels * Marcus Julius Lander ** Ney Campos Franco Fagotes
Catherine Carignan * Laurence Messier ** Raquel Carneiro Ariana Pedrosa Romeu Rabelo **** Saxofones
Douglas Braga **** Robson Saquett **** Trompas
Evgueni Gerassimov * Ailton Ramez Ferreira Gustavo Garcia Trindade ** José Francisco dos Santos Trompetes
Marlon Humphreys *
Teclados
Ayumi Shigeta * Islei Corrêa **** Gerente da Orquestra
Jussan Fernandes Inspetora da Orquestra
Karolina Cordeiro Assistente Administrativo da Orquestra
Débora Vieira Arquivista
Vanderlei Miranda Assistentes de Arquivista
Klênio Carvalho Sergio Almeida Supervisor de Montagem
Rodrigo Castro MONTADORES
Carlos Natanael Felix de Senna Matheus Luiz Ferreira
Instituto Cultural Filarmônica Diretoria Executiva Diretor Presidente
Diomar Silveira
Diretor Administrativo-financeiro
Tiago Cacique Moraes
Equipe Administrativa
Auxiliar de Produção
Quézia Macedo Silva
Carolina Debrot
Analista de Recursos Humanos Sênior
Lucas Barbosa
Analista Financeiro Sênior
Analista de Comunicação Pleno
Andréa Mendes Marcela Dantés
Diretor de Marketing E
Analista de Marketing de Relacionamento Pleno
RELACIONAMENTO
Thiago Nagib Hinkelmann
Diretor de produçÃO MUSICAL
AnalISTA ADMINISTRATIVO Sênior
Mônica Moreira
Analista de MARKETING E PROJETOS PLENO
Equipe Técnica
Assistente de Comunicação
Gerente de Comunicação
Merrina Godinho Delgado
Secretária Executiva
Flaviana Mendes
AuxiliarES AdministrativoS
Mariana Theodorica
Claudia Guimarães
Thais Boaventura Eliana Salazar
Richard Santana
Gerente de Produção Musical
Apoio Cultural
Divulgação
APOIO INSTITUCIONAL
REALIZAÇÃO
Produtora
Diretor de Comunicação
Fernando Lara
PatrocÍNIO
Trombones
*chefe de naipe **assistente de chefe de naipe ***chefe/assistente substituto ****músico convidado
DIRETOR ARTÍSTICO e REGENTE TITULAR
Pedro Leone
Vivian Figueiredo, Cristiane Reis e João Paulo de Oliveira
Auxiliar de Serviços Gerais
Lizonete Prates Siqueira
Assistente de Programação Musical
Francisco César Araújo
Estagiário
Marcos Sarieddine
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ESTAGIÁRIO
Alexandre Moreira
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