B A R B E FORTISSIMO Nº 3 — 2016
R TCHA 10/03 PRESTO 11/03 VELOCE
IKOVSK
YK A L I N
NIKOV
MINISTÉRIO DA CULTURA E GOVERNO DE MINAS GERAIS APRESENTAM
10/03 PRESTO 11/03 VELOCE
FOTO: RAFAE L MOT TA
Caros amigos e amigas,
Dando continuidade à Temporada 2016
para o mito da Medeia é executada
da nossa! Filarmônica de Minas Gerais,
mais uma vez por nossa Orquestra.
recebemos neste mês um dos mais importantes e disputados solistas
Com essa brilhante programação, a
do cenário internacional.
Filarmônica continua a enriquecer a vida cultural dos mineiros, dando
O consagrado pianista Barry Douglas,
àqueles que nos apoiam motivos de
artista da maior versatilidade e
orgulho por tudo o que a Orquestra
qualidade, traz a Belo Horizonte o
representa no cenário nacional de hoje.
menos conhecido, mas talvez mais exuberante, concerto para piano de
Bem-vindos e que todos
Tchaikovsky. Nesse mesmo programa
tenham um bom concerto.
prestamos homenagem aos 150 anos de Kalinnikov, com a sua inspirada
FABIO MECHETTI
Primeira Sinfonia. A criação de Barber
Diretor Artístico e Regente Titular
5
FOTO: AL E XAN DRE RE Z E N DE
D
esde 2008, Fabio Mechetti é Diretor Artístico e Regente Titular da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, sendo responsável
pela implementação de um dos projetos mais bem-sucedidos no cenário musical brasileiro. Com seu trabalho, Mechetti posicionou a orquestra mineira nos cenários nacional e internacional e conquistou vários prêmios. Com ela, realizou turnês pelo Uruguai e Argentina e realizou gravações para o selo Naxos. Natural de São Paulo, Fabio Mechetti serviu recentemente como Regente Principal da Orquestra Filarmônica da Malásia, tornando-se o primeiro regente brasileiro a ser titular de uma orquestra asiática. Depois de quatorze anos à frente da Orquestra Sinfônica de Jacksonville, Estados Unidos, atualmente é seu Regente Titular Emérito. Foi também Regente Titular da Sinfônica de Syracuse e da Sinfônica de Spokane. Desta última é, agora, Regente Emérito. Foi regente associado de Mstislav Rostropovich na Orquestra Sinfônica Nacional de Washington e com ela dirigiu concertos no Kennedy Center e no Capitólio norte-americano. Da Orquestra Sinfônica de San Diego, foi Regente Residente. Fez sua estreia no Carnegie Hall de Nova York conduzindo a Orquestra Sinfônica de Nova Jersey e tem dirigido inúmeras orquestras norte-americanas, como as de Seattle, Buffalo, Utah, Rochester, Phoenix, Columbus, entre outras. É convidado frequente dos festivais
6
FABIO MECHETTI diretor artístico e regente titular
de verão nos Estados Unidos, entre
No Brasil, foi convidado a dirigir a
eles os de Grant Park em Chicago
Sinfônica Brasileira, a Estadual de
e Chautauqua em Nova York.
São Paulo, as orquestras de Porto Alegre e Brasília e as municipais de
Realizou diversos concertos no México,
São Paulo e do Rio de Janeiro.
Espanha e Venezuela. No Japão dirigiu
Trabalhou com artistas como Alicia
as orquestras sinfônicas de Tóquio,
de Larrocha, Thomas Hampson,
Sapporo e Hiroshima. Regeu também a
Frederica von Stade, Arnaldo Cohen,
Orquestra Sinfônica da BBC da Escócia,
Nelson Freire, Emanuel Ax, Gil
a Orquestra da Rádio e TV Espanhola
Shaham, Midori, Evelyn Glennie,
em Madrid, a Filarmônica de Auckland,
Kathleen Battle, entre outros.
Nova Zelândia, e a Orquestra Sinfônica de Quebec, Canadá.
Igualmente aclamado como regente de ópera, estreou nos Estados Unidos
Vencedor do Concurso Internacional de
dirigindo a Ópera de Washington.
Regência Nicolai Malko, na Dinamarca,
No seu repertório destacam-se
Mechetti dirige regularmente na
produções de Tosca, Turandot, Carmen,
Escandinávia, particularmente a
Don Giovanni, Così fan tutte, La Bohème,
Orquestra da Rádio Dinamarquesa e a
Madame Butterfly, O barbeiro de
de Helsingborg, Suécia. Recentemente
Sevilha, La Traviata e Otello.
fez sua estreia na Finlândia dirigindo a Filarmônica de Tampere e na Itália,
Fabio Mechetti recebeu títulos
dirigindo a Orquestra Sinfônica de
de mestrado em Regência e em
Roma. Em 2016 fará sua estreia com a
Composição pela prestigiosa
Filarmônica de Odense, na Dinamarca.
Juilliard School de Nova York. 7
B T K KALINNIKOV 150 ANOS
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FABIO MECHETTI, regente BARRY DOUGLAS, piano
PROGRAMA
Samuel B ARBER Meditação de Medeia e Dança da Vingança, op. 23a
Piotr Ilitch T CHAIKOVSKY Concerto para piano nº 2 em Sol maior, op. 44 Allegro brillante Andante non troppo Allegro con fuoco
INTERVALO
Vasily K ALINNIKOV Sinfonia nº 1 em sol menor Allegro moderato Andante commodamente Scherzo: Allegro non troppo – Moderato assai Finale: Allegro moderato
BARRY DOUGLAS
FOTO: E UGE N E L AN GAN
A consolidação da carreira internacional
álbuns receberam muitos elogios da
de Barry Douglas tem início com a
crítica. A reconhecida revista britânica
Medalha de Ouro na Competição
International Record Review escreveu:
Internacional de Piano Tchaikovsky
“este é de fato Brahms tocando em sua
de 1986, em Moscou. Como diretor
integridade e autoridade máximas (...)
artístico da Camerata Ireland e do
esta série tende a tornar-se uma versão
Clandeboye Festival, ele celebra
de referência”. Em setembro de 2014
continuamente sua herança irlandesa,
ele lançou o álbum Celtic Reflections —
ao mesmo tempo em que mantém uma
um mergulho na música folclórica
intensa agenda internacional de turnês.
irlandesa em dezoito arranjos do próprio Barry, desde melodias antigas até peças
Destaques da temporada 2015/2016
de compositores contemporâneos.
incluem apresentações no BBC Proms in the Park com a Ulster Orchestra
Em 1999 Barry Douglas fundou a
e no Festival de Yerevan, Armênia;
orquestra de câmara Camerata Ireland
turnê com a Filarmônica de Bruxelas e
para celebrar e cultivar o talento dos
concertos com as orquestras Sinfônica
jovens músicos da Irlanda do Norte e da
de Praga, Filarmônica de Belgrado,
República da Irlanda. Além da busca da
Filarmônica de Szczecin e Sinfônica
excelência musical, um dos objetivos da
da Galícia. Ele já se apresentou com a
orquestra é contribuir para o processo de
Sinfônica da BBC da Escócia, Sinfônica
paz na Irlanda por meio da promoção
de Londres, Orquestra Nacional Russa,
do diálogo e colaboração entre seus
sinfônicas de Cincinnati, Singapura
programas de educação musical. Barry
e da Rádio de Berlim, Staatskapelle
realiza turnês com a Camerata Ireland
Halle, Orquestra Nacional da França,
por todo o mundo, e nesta temporada
sinfônicas de Seattle e de Melbourne,
eles visitarão os Estados Unidos e
além da Filarmônica Real de Liverpool
a América do Sul. Na temporada
e da Filarmônica de Hong Kong.
passada, a Camerata Ireland fez a sua
Barry tem uma agenda constante
estreia no BBC Proms, em Londres, e
de recitais em todo o mundo e
estreou a cantata At Sixes and Sevens,
recentemente esteve no Reino Unido,
comissionada pela The Honourable Irish
Holanda, Armênia, México e Estados
Society, ao lado da Sinfônica de Londres,
Unidos. O artista apresentou-se com a
celebrando o título de Cidade da Cultura
Filarmônica de Minas Gerais em 2012.
2013 dado a Derry-Londonderry, município da Irlanda do Norte.
Barry é artista exclusivo do selo Chandos e atualmente está gravando,
Barry Douglas recebeu a Ordem
como solista, a obra completa para
do Império Britânico, na Lista
piano de Brahms. Os primeiros cinco
Honorária do Ano Novo de 2002. 11
Samuel
BARBER Estados Unidos, 1910 – 1981
MEDITAÇÃO DE MEDEIA E DANÇA DA VINGANÇA, OP. 23a (1953) 13 min
Um dos mais bem-sucedidos compositores norte-americanos, Samuel Barber começou a compor aos sete anos de idade e, aos quatorze, iniciou seus estudos no recém-fundado Curtis Institute. Prodigioso talento e irrestrito suporte por parte de Mary Curtis Bok, fundadora do instituto, garantiram-lhe uma carreira de sucesso ainda cedo. Em 1938, Arturo Toscanini e a NBC Symphonic Orchestra dedicaram um programa às suas obras, assim inscrevendo seu nome entre os mais respeitados compositores de seu tempo. Praticamente tudo o que compôs após esse programa consiste em encomendas de grandes artistas, importantes grupos instrumentais, associações e fundações. Sua positiva aceitação o levou a representar os Estados Unidos em importantes eventos culturais internacionais, tornando-se o primeiro músico norte-americano a comparecer ao Congresso Bianual dos Compositores Soviéticos em Moscou, em 1962, e ser o vice-presidente do Conselho Musical Internacional do Festival de Música de Praga de 1946. Refratário aos movimentos de vanguarda, sua produção caracteriza-se pela manutenção da linguagem tonal e de formas canônicas do Romantismo tardio, herança dos nove anos de uma rigorosa orientação musical recebida de Rosario Scalero. A partir dos anos 1940, no entanto, sua linguagem torna-se um pouco mais ousada, dissonante e cromática. No campo da música vocal encontra espaço para experimentar estilos e define seu lirismo pessoal por meio da combinação de elementos barrocos e medievais com tendências neorromânticas. Diferentemente de seus contemporâneos que buscavam criar uma música americana, Barber preocupava-se simplesmente em oferecer uma música acessível ao ouvinte. Raramente recorre a elementos populares ou folclóricos e busca, nas mais diversas tradições literárias, fonte de inspiração. Sua obra explora com igual intensidade textos célticos e gaélicos, a poesia francesa e inglesa, a filosofia dinamarquesa ou tragédias e mitos gregos. 12
INSTRUMENTAÇÃO
Piccolo, 3 flautas, 2 oboés, corne inglês, requinta, 2 clarinetes, clarone, 2 fagotes, contrafagote, 4 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, harpa, piano, cordas.
PARA OUVIR
Por encomenda do Ditson Fund, Columbia University, Barber escreveu o balé Medea para a famosa coreógrafa e bailarina Martha Graham. O mito conta que Medeia casou-se com o argonauta Jasão após ajudá-lo a recuperar o velocino de ouro. Obrigada a abandonar sua terra natal, mata seu próprio irmão a fim de escapar de seu pai. Após inúmeros eventos sangrentos, os dois acabam em Corinto, onde o rei Creonte convence Jasão a abandonar Medeia e a casar-se com sua filha.
CD Thomas Schippers conducts Barber, Menotti, Berg, D’Indy – Adagio; Orchestral Pieces – New York Philharmonic; Columbia Symphony – Thomas Schippers, regente – Sony Classical, 5099750817025 – 1997 Filarmônica de Nova York – Dimitri Mitropoulos, regente Acesse: fil.mg/bmedeia PARA LER
Eurípides – Medeia – Trajano Vieira, tradução – Editora 34 – 2010 Barbara B. Heyman – Samuel Barber: The Composer and His Music – Oxford University Press – 1992
Banida de Corinto e humilhada, Medeia mata o rei Creonte, sua filha e seus próprios filhos tidos com Jasão, numa furiosa vingança. Barber e Graham não utilizam em sua obra o mito como narrativa; interessa-lhes mais a capacidade das personagens de incorporarem e suscitarem estados psicológicos, tais como o ciúme e o desejo de vingança. Em 1948, o balé é adaptado para uma suíte em sete movimentos, estreada pela Philadelphia Orchestra regida por Eugene Ormandy. Finalmente, em 1953, a suíte é adaptada para uma obra de movimento único, Meditação de Medeia e Dança da Vingança, na qual lirismo e violência oscilam numa tragédia musical.
IGOR REYNER Pianista, Mestre em música
pela UFMG, doutorando de Francês no King’s College London e colaborador do ARIAS/Sorbonne Nouvelle Paris 3. 13
Piotr Ilitch
TCHAIKOVSKY Rússia, 1840 – 1893
CONCERTO PARA PIANO Nº 2 EM SOL MAIOR, OP. 44 (1879/1880) 41 min
Em 10 de outubro de 1879, quando Tchaikovsky chegou à casa da irmã, em Kamenka, sua intenção era descansar dos exaustivos meses anteriores. Havia composto uma nova ópera, A Dama de Orleans, e a correção das provas para a futura edição o levara ao esgotamento. Porém, tão logo chegou a Kamenka, uma nova ideia musical começou a persegui-lo. Escreveu a sua amiga e mecenas, a baronesa Nadezhda von Meck: “comecei a compor um concerto para piano. Mas não vou me apressar. De forma alguma vou me pressionar ou me cansar com a composição”. E, de fato, Tchaikovsky fez todo o possível para não se estressar, mantendo, porém, o entusiasmo com a peça que nascia. Em 21 de novembro chegava a Paris com o primeiro movimento já pronto. Começou a trabalhar no terceiro movimento e, só depois de tê-lo terminado é que compôs o segundo. A primeira versão do Concerto estava pronta quando ele partiu para Roma, na esperança de orquestrá-lo na virada do ano. Mas, nos dois meses e meio que passou na Cidade Eterna, suas principais ocupações foram revisar as provas da Sinfonia nº 2 e compor o Capricho Italiano. Apenas no início de março, com as malas prontas para São Petersburgo, é que Tchaikovsky conseguiu fazer a versão definitiva para dois pianos do Concerto nº 2 . A orquestração só viria no início de maio, quando já de volta a Kamenka. O que mais surpreende, nessa obra tão original, são os longos solos de piano e as belas passagens camerísticas. O primeiro movimento, Allegro brillante, é composto sobre uma variação livre da forma sonata. Após a apresentação do tema principal pela orquestra, o piano rouba a cena e reina absoluto por todo o movimento, com longas passagens dedicadas exclusivamente a ele. No segundo movimento, Andante non troppo, chamam a atenção as longas passagens protagonizadas pelo violino e violoncelo solistas. O primeiro tema é de um lirismo ímpar, à altura das mais belas melodias de Tchaikovsky. Na seção central 14
INSTRUMENTAÇÃO
2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes, tímpanos, cordas.
PARA OUVIR
a atenção se divide entre o piano, o
CD Tchaikovsky – Piano concertos nos. 1-3; Concert Fantasy – Philharmonia Orchestra of London – Vladimir Fedoseyev, regente – Mikhail Pletnev, piano – Virgin Classics – 1998
violino e o violoncelo, que travam um diálogo camerístico comovente, ao ponto de críticos da época sugerirem que o movimento figuraria muito bem em um concerto triplo. O terceiro movimento, Allegro con fuoco, é o mais alegre de todos. Com inflexões de dança e uma estrutura que se
PARA ASSISTIR
Orquestra Sinfônica da Rádio de Moscou – Vladimir Fedoseyev, regente – Mikhail Pletnev, piano Acesse: fil.mg/tpiano2 PARA LER
Anthony Holden – Piotr Ilitch Tchaikovsky: uma biografia – Record – 1999
aproxima de um rondó, contém quatro temas apresentados ao piano, ora em diálogo com a orquestra, ora acompanhados por ela. O caráter de dança russa nos remete mais à música nacionalista do Grupo dos Cinco do que ao que se convencionou associar à música de Tchaikovsky. O Segundo Concerto para piano nunca atingiu a popularidade do Primeiro, embora fosse, nas palavras do compositor, uma de suas melhores obras. Foi estreado em 1881, em Nova York, com Madeline Schiller ao piano e Theodore Thomas regendo a Filarmônica de Nova York. A primeira execução russa se deu em Moscou, na sala de concertos da Exibição das Artes e das Indústrias, em maio de 1882. Foi solista o amigo de Tchaikovsky, Sergei Taneyev, e regente, Anton Rubinstein.
GUILHERME NASCIMENTO Compositor,
Doutor em Música pela Unicamp, professor na Escola de Música da UEMG, autor dos livros Os sapatos floridos não voam e Música menor. 15
Vasily
KALINNIKOV Rússia, 1866 – Rússia, atual Ucrânia, 1901
SINFONIA Nº 1 EM SOL MENOR (1894/1895)
38 min
Injustamente negligenciada no Ocidente, a obra de Vasily Sergeyevich Kalinnikov guarda ainda um intocado frescor da vida musical russa do final do século XIX. Kalinnikov passou praticamente toda a sua existência em extrema pobreza, e as privações da infância e juventude abalariam para sempre sua saúde. Nascido na pequena cidade de Voina, no distrito agrário de Orel, no oeste da Rússia, aos dezoito anos, graças a uma bolsa de estudos, ingressou na Escola de Música da Sociedade Filarmônica de Moscou. Ganhava precariamente a vida tocando diversos instrumentos em orquestras da cidade e jamais pôde realizar o sonho de pagar os estudos no Conservatório. Em 1892, impressionado com suas composições, Piotr Tchaikovsky recomendou o jovem ao posto de maestro assistente no Teatro Malïy. No ano seguinte assumiria o mesmo posto no Teatro Italiano de Moscou. Sua sorte parecia mudar, mas, com a saúde se deteriorando, Kalinnikov logo teve de se demitir dos teatros e procurar uma região mais quente para viver. Com apenas 27 anos, abandonava sua recém-iniciada carreira em Moscou e se transferia para a cidade de Ialta, na Crimeia, onde viveria seus últimos anos. Debilitado pela tuberculose, Kalinnikov acharia ainda forças para compor, nesse período, suas mais belas obras. Sergei Rachmaninov o visitou em Ialta, em 1900, e, sensibilizado pela miséria em que o encontrou, conseguiu-lhe um editor, mas Kalinnikov acabaria morrendo antes que alguma ajuda chegasse, aos 35 anos de idade. Com a sua morte, os manuscritos de Kalinnikov tiveram uma valorização súbita e a sua venda possibilitou, ao menos, que a viúva vivesse confortavelmente seus últimos anos. Kruglikov, crítico musical em Moscou, amigo e ex-professor de Kalinnikov, encantando-se pela Sinfonia nº 1, enviara uma cópia 16
INSTRUMENTAÇÃO
a Rimsky-Korsakov, na época a personalidade musical mais importante da Rússia. O nacionalista
Piccolo, 2 flautas, 2 oboés, corne inglês, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, harpa, cordas.
Rimsky-Korsakov recusou-se a regê-la, curiosamente, por conter, no primeiro movimento, “uma
PARA OUVIR
melodia excessivamente russa”.
CD Kalinnikov – Symphonies nos. 1 and 2 – National Symphony Orchestra of Ukraine – Theodore Kuchar, regente – Naxos – 1995
Ao que tudo indica, a recusa se deveu ao fato de Rimsky-Korsakov e seus amigos de São Petersburgo, o célebre Grupo dos Cinco, cultivarem o hábito de rejeitar qualquer música vinda de Moscou. Comprometidos com o desenvolvimento de uma música verdadeiramente russa, os compositores de São Petersburgo eram hostis ao círculo musical de Moscou e a suas tendências “excessivamente germânicas”. A Sinfonia nº 1 de Kalinnikov, no entanto, parece produzir
PARA ASSISTIR
Orquestra Sinfônica NHK – Yevgeny Svetlanov, regente. Acesse: fil.mg/ksinf1 PARA LER
Stanley Sadie e John Tyrrell (eds) – The New Grove Dictionary of Music and Musicians, second edition – Artigo de Jennifer Spencer – Kalinnikov, Vasily Sergeyevich – Macmillan Publishers – 2001 Richard Taruskin – On Russian music – University of California Press – 2010
a fusão perfeita entre as duas principais correntes musicais russas do final do século XIX: de Moscou, lança mão do lirismo e de um certo refinamento orquestral inspirados em Tchaikovsky; de São Petersburgo, resgata a estruturação musical e o uso de material folclórico à moda dos compositores do Grupo dos Cinco, especialmente de Alexander Borodin (1833-1887). A obra foi estreada em Kiev, em 1897, pela Sociedade de Música Russa, sob a regência de Alexander Vinogradsky (1854-1912). A estreia foi um sucesso, e a obra foi imediatamente tocada em Moscou, Viena, Berlim, Paris e Londres, para logo depois, inexplicavelmente, cair no esquecimento.
GUILHERME NASCIMENTO Compositor,
Doutor em Música pela Unicamp, professor na Escola de Música da UEMG, autor dos livros Os sapatos floridos não voam e Música menor. 17
FOTO: AL E XAN DRE RE Z E N DE
Orquestra Filarmônica de Minas Gerais
DIRETOR ARTÍSTICO E REGENTE TITULAR
Fabio Mechetti REGENTE ASSOCIADO
Marcos Arakaki
PRIMEIROS VIOLINOS
Anthony Flint – Spalla Rommel Fernandes – Spalla Associado Ara Harutyunyan – Spalla Assistente Ana Zivkovic Arthur Vieira Terto Bojana Pantovic Dante Bertolino Hyu-Kyung Jung Joanna Bello Matheus Braga Roberta Arruda Rodrigo Bustamante Rodrigo M. Braga Rodrigo de Oliveira SEGUNDOS VIOLINOS
Frank Haemmer * Leonidas Cáceres *** Gideôni Loamir Jovana Trifunovic Luka Milanovic Martha de Moura Pacífico Mateus Freire Radmila Bocev Rodolfo Toffolo Tiago Ellwanger Valentina Gostilovitch Eliseu Barros ***** Clayton Silva ***** Aline Pascutti ***** VIOLAS
João Carlos Ferreira * Roberto Papi *** Flávia Motta Gerry Varona Gilberto Paganini Juan Díaz Katarzyna Druzd
Luciano Gatelli Marcelo Nébias Nathan Medina Iberê Carvalho *****
FAGOTES
HARPA
Catherine Carignan * Victor Morais *** Andrew Huntriss Francisco Silva
Giselle Boeters *
TROMPAS
GERENTE
Alma Maria Liebrecht * Evgueni Gerassimov *** Gustavo Garcia Trindade José Francisco dos Santos Lucas Filho Fabio Ogata
Jussan Fernandes
TROMPETES
Débora Vieira
TECLADOS
Ayumi Shigeta *
VIOLONCELOS
Philip Hansen * Felix Drake *** Camila Pacífico Camilla Ribeiro Eduardo Swerts Emilia Neves Eneko Aizpurua Pablo Lina Radovanovic Robson Fonseca CONTRABAIXOS
Colin Chatfield * Nilson Bellotto *** Marcelo Cunha Marcos Lemes Pablo Guiñez Rossini Parucci Walace Mariano
Marlon Humphreys * Érico Fonseca ** Daniel Leal *** Tássio Furtado
OBOÉS
Alexandre Barros * Ravi Shankar *** Israel Muniz Moisés Pena
Karolina Lima ASSISTENTE ADMINISTRATIVA
ARQUIVISTA
Ana Lúcia Kobayashi ASSISTENTES
TROMBONES
Mark John Mulley * Diego Ribeiro ** Wagner Mayer *** Renato Lisboa
Claudio Starlino Jônatas Reis SUPERVISOR DE MONTAGEM
Rodrigo Castro
FLAUTAS
Cássia Lima * Renata Xavier *** Alexandre Braga Elena Suchkova
INSPETORA
TUBA
Eleilton Cruz * EUFÔNIO
Marco Antônio Almeida *****
MONTADORES
André Barbosa Hélio Sardinha Jeferson Silva Klênio Carvalho Risbleiz Aguiar
TÍMPANOS
Patricio Hernández Pradenas *
CLARINETES
PERCUSSÃO
Marcus Julius Lander * Jonatas Bueno *** Ney Franco Alexandre Silva
Rafael Alberto * Daniel Lemos *** Sérgio Aluotto Werner Silveira
BARBER Editor original:
MSC (Shirmer) Representante exclusivo:
Barry Editorial
* principal ** principal associado *** principal assistente **** principal / assistente substituto ***** músico convidado
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Pedro Almeida
FORTISSIMO março
nº 3 / 2016 ISSN 2357-7258 EDITORA Merrina
Godinho Delgado EDIÇÃO DE TEXTO
Berenice Menegale
21
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OLÁ, ASSINANTE
AMIGOS DA FILARMÔNICA
Em 2016, buscando ampliar a efetiva ocupação da Sala Minas Gerais, a venda de ingressos para as séries Concertos para a Juventude e Fora de Série terá início trinta dias antes da apresentação. Confira a área de ingressos de nosso site, saiba mais e convide os amigos: www.filarmonica.art.br/ concertos/ingressos.
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CONCERTOS
mar e abr
5 / mar, 18h
FORA DE SÉRIE
Mozart — Menino prodígio 10 e 11 / mar, 20h30
PRESTO VELOCE
Barber, Tchaikovsky, Kalinnikov 17 e 18 / mar, 20h30
ALLEGRO VIVACE
Busoni, Schumann, R. Strauss 2 / abr, 18h
FORA DE SÉRIE
Mozart — Concertos 7 e 8 / abr, 20h30
Gomes, Haydn, Chopin, Tchaikovsky
ALLEGRO VIVACE
14 e 15 / abr, 20h30
PRESTO VELOCE
Ravel, Ginastera, Smetana, Bartók 24 / abr, 11h
JUVENTUDE
Danças — Dvorák, Mozart, Brahms, Copland, Chopin, Borodin, Guarnieri, J. Strauss Jr., Marquez 28 e 29 / abr, 20h30
Satie, Dutilleux, Bizet, Debussy
ALLEGRO VIVACE
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Esses dados podem ser encontrados no recibo de doação que enviamos para o seu e-mail ou no documento original (entregue na Sala Minas Gerais ou enviado pelos Correios para o endereço residencial). Caso tenha dúvidas ou sugestões, estamos disponíveis através dos nossos canais de relacionamento. Os Amigos da Filarmônica estão em: www.filarmonica.art.br/apoie/ doacao-de-pessoa-fisica.
CONHEÇA AS APRESENTAÇÕES DA FILARMÔNICA • Séries de assinatura: Allegro, Vivace, Presto, Veloce, Fora de Série • Concertos para a Juventude • Clássicos na Praça • Concertos Didáticos • Festival Tinta Fresca • Laboratório de Regência • Turnês estaduais • Turnês nacionais e internacionais • Concertos de Câmara Visite filarmonica.art.br/ filarmonica/sobre-a-filarmonica e conheça cada uma delas.
PARA APRECIAR UM CONCERTO
CONCERTOS COMENTADOS
Agora você pode assistir a palestras sobre temas dos concertos das séries Allegro, Vivace, Presto e Veloce. Elas acontecem na Sala de Recepções, à esquerda do foyer principal, das 19h30 às 20h, para as primeiras 65 pessoas a chegar.
CUMPRIMENTOS
Após o concerto, caso queira cumprimentar os músicos e convidados, dirija-se à Sala de Recepções.
ESTACIONAMENTO
0 PROGRAMA DE CONCERTOS O Fortissimo é uma publicação indexada aos sistemas nacionais e internacionais de catalogação. Elaborado com a participação de especialistas, ele oferece uma oportunidade a mais para se conhecer música. Desfrute da leitura e estudo. Mas, caso não precise dele após o concerto, por favor, devolva-o nas caixas receptoras para que possamos reaproveitá-lo. O Fortissimo também está disponível no formato digital em nosso site www.filarmonica.art.br.
Para seu conforto e segurança, a Sala Minas Gerais possui estacionamento, e seu ingresso dá direito ao preço especial de R$ 15 para o período do concerto.
PONTUALIDADE
CONVERSA
APARELHOS CELULARES
CRIANÇAS
FOTOS E GRAVAÇÕES EM ÁUDIO E VÍDEO
COMIDAS E BEBIDAS
Uma vez iniciado um concerto, qualquer movimentação perturba a execução da obra. Seja pontual e respeite o fechamento das portas após o terceiro sinal. Se tiver que trocar de lugar ou sair antes do final da apresentação, aguarde o término de uma peça.
Confira e não se esqueça, por favor, de desligar o seu celular ou qualquer outro aparelho sonoro.
Não são permitidas durante os concertos.
APLAUSOS
Aplauda apenas no final das obras. Veja no programa o número de movimentos de cada uma e fique de olho na atitude e gestos do regente.
A experiência do concerto inclui o encontro com outras pessoas. Aproveite essa troca antes da apresentação e no seu intervalo, mas nunca converse ou faça comentários durante a execução das obras. Lembre-se de que o silêncio é o espaço da música.
Caso esteja acompanhado por criança, escolha assentos próximos aos corredores. Assim, você consegue sair rapidamente se ela se sentir desconfortável.
Seu consumo não é permitido no interior da sala de concertos.
TOSSE
Perturba a concentração dos músicos e da plateia. Tente controlá-la com a ajuda de um lenço ou pastilha. 23
CA: 0263/001/2014
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