FORTISSIMO Nº 21 — 2018
PRESTO VELOCE
22 / NOV
23 / NOV
Ministério da Cultura e Itaú apresentam
PRESTO VELOCE
Cláudio Cruz, regente convidado Daniel Müller-Schott, violoncelo
22 / NOV
23 / NOV
PROGRAMA
JOHANNES BRAHMS ALEKSANDR GLAZUNOV PIOTR ILITCH TCHAIKOVSKY
Variações sobre um tema de Haydn, op. 56a
Duas peças para violoncelo, op. 20 Melodia Serenata Espanhola
Variações sobre um tema Rococó, op. 33
INTERVALO
JOHANNES BRAHMS
Sinfonia nº 3 em Fá maior, op. 90 Allegro con brio Andante Poco allegretto Allegro
FOTO: RAFAEL MOTTA
CAROS AMIGOS E AMIGAS,
Com a participação de dois músi-
revela toda a sua verve romântica,
cos que retornam a BH depois de
numa das mais célebres sinfonias
grande sucesso em nosso palco, a
do repertório sinfônico.
Filarmônica presta uma homenagem a alguns dos mais importantes
O violoncelista alemão Daniel
compositores românticos. Abrindo
Müller-Schott nos presenteia com
e encerrando o programa, duas
duas obras-primas escritas para
obras emblemáticas de Johannes
o instrumento: a charmosa peça
Brahms. Suas Variações sobre um
de Glazunov e a célebre Variações
tema de Haydn mostram o apego
Rococó de Tchaikovsky.
que o compositor alemão tinha às tradições clássicas da música
Uma noite para sair assobiando…
germânica que o antecederam. Já em sua Terceira Sinfonia Brahms
FABIO MECHETTI
regente brasileiro a ser titular de uma orquestra asiática.
FABIO MECHETTI
Diretor Artístico e Regente Titular
Diretor Artístico e Regente Titular da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais desde sua criação, em 2008, Fabio Mechetti posicionou a orquestra mineira no cenário mundial da música erudita. Além dos prêmios conquistados, levou a Filarmônica a quinze capitais brasileiras, a uma turnê pela Argentina e Uruguai e realizou a gravação de oito álbuns, sendo três para o selo internacional Naxos. Natural de São Paulo, Mechetti serviu recentemente como Regente Principal da Filarmônica da Malásia, tornando-se o primeiro
Nos Estados Unidos, Mechetti esteve quatorze anos à frente da Orquestra Sinfônica de Jacksonville e, atualmente, é seu Regente Titular Emérito. Foi também Regente Titular das sinfônicas de Syracuse e de Spokane, da qual hoje é Regente Emérito. Regente Associado de Mstislav Rostropovich na Orquestra Sinfônica Nacional de Washington, com ela dirigiu concertos no Kennedy Center e no Capitólio. Da Sinfônica de San Diego, foi Regente Residente. Fez sua estreia no Carnegie Hall de Nova York conduzindo a Sinfônica de Nova Jersey. Continua dirigindo inúmeras orquestras norte-americanas e é convidado frequente dos festivais de verão norte-americanos, entre eles os de Grant Park em Chicago e Chautauqua em Nova York. Igualmente aclamado como regente de ópera, estreou nos Estados Unidos dirigindo a Ópera de Washington. No seu repertório destacam-se produções de Tosca, Turandot, Carmem, Don Giovanni, Così fan tutte, La Bohème, Madame Butterfly, O barbeiro de Sevilha, La Traviata e Otello. Suas apresentações se estendem ao Canadá, Costa Rica, Dinamarca, Escócia, Espanha, Finlândia, Itália, Japão, México, Nova Zelândia, Suécia e Venezuela. No Brasil, regeu todas as importantes orquestras brasileiras. Fabio Mechetti é Mestre em Regência e em Composição pela Juilliard School de Nova York e vencedor do Concurso Internacional de Regência Nicolai Malko, da Dinamarca.
Cláudio Cruz é Regente Titular e Diretor Musical da Orquestra Sinfônica Jovem do Estado de São Paulo. Ocupou o cargo de spalla da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp) entre 1990 e 2014. O maestro tem atuado como regente convidado de orquestras como a Sinfonia Varsovia, New Japan Philharmonic, Hyogo Academy, Hiroshima Symphony, Svogtland Philharmonie, Alemanha, Jerusalem Symphony, Orquestra de Câmara de Osaka, Orquestra de Câmara de Toulouse, Sinfônica de Avignon, Northern Sinfonia, Inglaterra, entre outras. No Brasil, regeu a Osesp, a Sinfônica do Paraná, Sinfônica Brasileira, Sinfônica Municipal de São Paulo, Sinfônica de Porto Alegre e Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro. Cláudio Cruz conduziu a Filarmônica de Minas Gerais em 2016. Entre suas participações em festivais, dirigiu a Orquestra Acadêmica do Festival Internacional de Campos de Jordão em 2010 e 2011. No exterior, apresentou-se no Festival de Verão da Carinthia, Áustria, e no Festival Internacional de Música de
FOTO: JEFERSON COLACCICO
CLÁUDIO CRUZ
Cartagena, Colômbia, onde atuou como camerista e regente convidado da Osesp. Cláudio Cruz foi regente e diretor artístico da Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas, da Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto e da Orquestra de Câmara Villa-Lobos. Com elas gravou CDs contendo obras de Carlos Gomes, Beethoven, Mozart, Tom Jobim e Edino Krieger. Atuou como diretor artístico e regente nas montagens das óperas Lo Schiavo e Don Giovanni em Campinas, Rigoletto e La Bohème em Ribeirão Preto. Cláudio Cruz foi premiado pela Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA), Prêmio Carlos Gomes, Prêmio Bravo, Grammy Awards, entre outros.
DANIEL MÜLLER-SCHOTT Daniel Müller-Schott está entre os melhores violoncelistas do mundo e pode ser ouvido nos mais importantes palcos. The New York Times o considera “um artista destemido com técnica de sobra”. Daniel é convidado de importantes orquestras, entre elas as de Nova York, Boston, Cleveland, Chicago, Filadélfia, San Francisco e Los Angeles; Filarmônica de Berlim, Gewandhaus de Leipzig, orquestras das rádios de Berlim, Munique, Frankfurt, Stuttgart, Leipzig, Hamburgo, Copenhague e Paris, Filarmônica e Sinfônica de Londres, sinfônicas da Cidade de Birmingham, Nacional da Espanha, NHK, Nacional de Taiwan, de Sydney e de Melbourne. Apresentou-se com a Filarmônica em 2013 e 2015.
FOTO: UWE ARENS
Trabalha com maestros como Kurt Masur, Lorin Maazel, Yakov Kreizberg, Vladimir Ashkenazy, Thomas Dausgaard, Charles Dutoit, Christoph Eschenbach, Iván Fischer, Alan Gilbert, Gustavo
Gimeno, Bernard Haitink, Neeme Järvi, Dmitrij Kitajenko, Susanna Mälkki, Andris Nelsons, Gianandrea Noseda, Andrés Orozco-Estrada, Kirill Petrenko, André Previn, Michael Sanderling e Krzysztof Urbański. Dedicado à expansão do repertório do violoncelo, recebeu composições de Sir André Previn, Peter Ruzicka, Sebastian Currier e Olli Mustonen. Nesta temporada ele realiza concertos com a Orquestra Tonhalle de Zurique, Filarmônica Real, sinfônicas de Dallas, St. Louis e RTV Espanhola. Fará turnês com Julia Fischer, Nils Mönkemeyer, Baiba Skride e Xavier de Maistre. No Carnegie Hall, tocará com Anne-Sophie Mutter e Lambert Orkis. Daniel recebeu o Prêmio Aida Stucki 2013 da Fundação Anne-Sophie Mutter. Estudou com Walter Nothas, Heinrich Schiff, Steven Isserlis e Mstislav Rostropovich. Aos quinze anos, recebeu o primeiro prêmio no Concurso Internacional Tchaikovsky para Jovens Músicos. Daniel Müller-Schott se apresenta com o violoncelo Ex Shapiro feito por Matteo Goffriller em Veneza, 1727.
JOHANNES
BRAHMS
Hamburgo, Alemanha, 1833 – Viena, Áustria, 1897
VARIAÇÕES SOBRE UM TEMA DE HAYDN, OP. 56A
1873 / 17 minutos
Com as Variações sobre um tema de
um tal grau de complexidade, que a
Haydn, Brahms alimenta, de modo
semelhança com o ponto de partida
eloquente, a discussão em torno
diminui, ao longo do percurso, e o
de um importante motor de sua
compositor muitas vezes mantém
produção musical: o jogo de forças
apenas traços do original – entre
representado pelo Classicismo e
os quais fragmentos melódicos,
pelo Romantismo. Com efeito, os
estruturas harmônicas, motivos
ideários dessas forças, com tudo
rítmicos – nem sempre perceptíveis,
que representam em termos da
senão após várias audições. O tema
diversidade de concepções estéti-
das Variações, cuja autoria, hoje, é
cas e de realizações composicionais,
atribuída a um aluno de Haydn, foi
parecem estar no cerne da criação
extraído do segundo movimento de
brahmsiana. Se considerarmos ainda
um Divertimento para instrumentos
seu compromisso com a história e
de sopro. Dele, a harmonização de
com as transformações da lingua-
uma singela melodia de peregrinos –
gem musical, aliado à sua reverên-
Coral de Santo Antônio – é mantida
cia a Beethoven, em particular às
na íntegra por Brahms. As notas
sinfonias do ilustre predecessor –
repetidas, ao final do Tema, são o
que lhe impuseram um longo
traço comum entre este e a Primeira
período de gestação à Primeira
Variação, mas o compositor já nos
Sinfonia –, acrescentaremos um
conduz a um terreno distante. Aqui,
dado importante ao contexto das Variações. É durante esse período que Brahms prepara-se para a sinfonia, mas o faz assumindo o desafio em outro domínio no qual Beethoven também havia atingido uma arte consumada. As transformações às quais é submetido um tema alcançam, nas variações beethovenianas,
Referências Para ouvir MP3 Johannes Brahms – Symphony nº 4; Haydn Variationen; Tragische Ouvertüre – Berliner Philharmoniker – Herbert von Karajan, regente – Deutsche Grammophon – 1988/2010
Instrumentação Piccolo, 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, contrafagote, 4 trompas, 2 trompetes, tímpanos, percussão, cordas.
Primeira apresentação com a Filarmônica
todo coeso é plenamente realizada, ainda que cada variação caracterize-se seja pela rítmica – vigorosa como um movimento de marcha, na Sexta Variação, ou leve como um
não apenas a orquestração oferece
movimento de dança, na Siciliana
um contraste marcante com o Tema,
da Sétima Variação –, seja pela
mas também as transformações me-
mudança de modo – como na
lódicas e a textura polifônica. Em
tonalidade menor das Variações
1872, em carta a Clara Schumann,
II, IV e VIII –, seja ainda por carac-
Brahms havia mencionado a assi-
terísticas particulares de melodia
duidade com a qual se dedicava
e de orquestração. Rigorosa em
ao estudo do contraponto. No
sua arquitetura formal de linhas
ano seguinte, com as Variações, o
clássicas, a obra segue um cami-
compositor legou-nos uma de suas
nho no qual a alma brahmsiana
realizações mais importantes no
deixa aflorar um quê do pathos
domínio da escritura contrapon-
romântico e, no Finale, vai buscar
tística, que permeia toda a obra.
em uma das formas mais caras ao
Quanto à variedade e aos contras-
período Barroco, a Passacalha, os
tes, tratados segundo um princípio
passos, a partir de um tema solene,
de unidade na diversidade, a consi-
para conduzir as Variações à sua
deração de Schoenberg a respeito
grandiosa conclusão.
da observância, em Brahms, da “concepção sistemática do aspecto global de um movimento” bem se aplica às Variações. A ideia de um
Para assistir Philadelphia Orchestra – Riccardo Muti, regente Acesse: fil.mg/ bvariacoes
Para ler Styra Avins – Johannes Brahms: Life and Letters – Oxford University Press – 2004
Oiliam Lanna Compositor, professor da Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais.
Para ler D. J. Grout & C. V. Palisca – História da Música Ocidental – Gradiva – 1994
Editora Breitkopf & Härtel
ALEKSANDR
GLAZUNOV
São Petersburgo, Rússia, 1865 – Paris, França, 1936
DUAS PEÇAS PARA VIOLONCELO, OP. 20
1888 / 10 minutos
Aleksandr Glazunov foi um dos mais
“o mundo falará deste compositor”,
festejados compositores russos de
disse Franz Liszt na ocasião.
seu tempo. Sua mãe, Elena Pavlovna, era uma excelente pianista ama-
Após o êxito da Primeira Sinfonia,
dora, enquanto o pai, Konstantin,
Glazunov obteve reconhecimento
tocava violino e descendia da mais
pela composição de seu primeiro
tradicional família de editores de
Quarteto de cordas: “o talento de
São Petersburgo. Nesse lar afortu-
Glazunov é inegável”, reconheceu
nado, Glazunov pôde desfrutar de
Tchaikovsky ao examinar a parti-
vantagens excepcionais, como ter o
tura dessa obra, escrita pelo jovem
talento musical desenvolvido e apoi-
de dezessete anos. O Quarteto de
ado por eminentes compositores,
Glazunov foi estreado por grandes
tais como Mily Balakirev e Nikolai
nomes, entre eles o violinista Leopold
Rimsky-Korsakov. O primeiro grande
Auer – ao qual dedicaria seu Concerto
sucesso de Glazunov foi sua Sinfonia
para violino, uma de suas compo-
nº 1, escrita em 1881, quando tinha
sições mais populares – e o violon-
dezesseis anos de idade. A obra,
celista Alexander Wierzbilowicz,
estreada no ano seguinte, causou
músico do czar e professor no
sensação em São Petersburgo e
Conservatório de São Petersburgo. Em
chamou a atenção do editor musi-
gratidão a Wierzbilowicz, Glazunov
cal Belyayev, que a partir de então
compôs Duas peças para violoncelo e
promoveu amplamente a música
orquestra, op. 20: Mélodie, de 1887, e
de Glazunov. Em 1884, Belyayev
Sérénade espagnole, de 1888, assim
levou Glazunov em uma longa
como Chant du Ménestrel, de 1901.
viagem, visitando diversos países
Tais obras são executadas tanto na
entre Marrocos e Espanha, a fim
versão para violoncelo e orquestra
de divulgar sua obra. Em Weimar,
quanto na redução para violoncelo
Belyayev realizou a estreia alemã
e piano, realizada por Glazunov, e
da Primeira Sinfonia de Glazunov:
denotam o domínio do compositor
Instrumentação
Primeira apresentação
2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, harpa, cordas.
com a Filarmônica
sobre a escrita para o instrumento,
pizzicatti das cordas para efeitos
assim como a equilibrada orques-
da guitarra flamenca. No trecho
tração e a clareza contrapontística.
central da Sérénade surge uma nova e marcante melodia, cuja linha e
Mélodie é uma peça curta, encanta-
acompanhamento assemelham-se
dora e delicadamente orquestrada.
à canção popular andaluza El paño
Lírica e calma, possui um toque da
– a mesma utilizada por Manuel de
melancolia russa, prenunciando
Falla décadas mais tarde em seu
Rachmaninov. Glazunov, além de
ciclo de canções. Sérénade espagnole,
suas ligações com os compositores
posteriormente, recebeu letra de
nacionalistas russos, foi influenciado
Mikhail Ulitsky e uma adaptação da
pela música folclórica espanhola,
parte solo para violino, realizada
húngara e asiática. Enquanto a
pelo célebre violinista austríaco
primeira peça, Mélodie, apresenta
Fritz Kreisler, versão tão famosa
colorações modais e um idioma
quanto a original.
mais cosmopolita, a segunda e breve Sérénade espagnole evoca lembranças da visita de Glazunov à Espanha. Na orquestração, o compositor utiliza a harpa e os
Marcelo Corrêa Pianista, Mestre em Piano pela Universidade Federal de Minas Gerais, professor na Universidade do Estado de Minas Gerais.
Referências Para ouvir CD – Tchaikovsky, Glazunov, R-Korsakov, Cui – The Chamber Orchestra of Europe – John Eliot Gardiner, regente – Steven Isserlis, violoncelo – Virgin Classics – 1990
Para ler Attila C. Sampaio e Dietmar Holland – Guia Básico dos Concertos – Civilização Brasileira – 1995
Editora Belaieff
PIOTR ILITCH
TCHAIKOVSKY
Votkinsk, Rússia, 1840 – São Petersburgo, Rússia, 1893
VARIAÇÕES SOBRE UM TEMA ROCOCÓ, OP. 33
1876 / 18 minutos
Em 1876 Tchaikovsky vivia em
fessor de violoncelo no Conservatório
Moscou havia dez anos e ganhava a
de Moscou. Os dois desenvolveram
vida como professor do Conservató-
uma sólida amizade, e Tchaikovsky
rio. Desencantado com os recentes
parecia confiar em Fitzenhagen
fracassos de suas obras, iniciou
sempre que precisava escrever para
a composição de uma peça para
o violoncelo. Fitzenhagen, que já
violoncelo e pequena orquestra,
havia estreado alguns quartetos
à moda antiga, com o intuito de
de cordas de Tchaikovsky, recebeu
fazer-se conhecido: as Variações
deste a permissão para alterar a
sobre um tema Rococó. No final
parte do violoncelo de sua recém-
do século XVIII e início do XIX, as
composta Variações Rococó. No
séries de variações sobre uma ária
entanto, Fitzenhagen parece ter
famosa de ópera, ou uma canção
tomado liberdades exageradas,
folclórica, foram extremamente
pois, além de modificar considera-
populares como forma de exibição
velmente a composição, eliminou a
dos virtuoses. A composição das
oitava variação e alterou a ordem
variações, muitas vezes, ficava a
das restantes. Dessa maneira, a
cargo do próprio solista, que criava
concepção original de Tchaikovsky,
os mais incríveis malabarismos em
que consistia em introdução, tema,
seu instrumento para uma melhor
oito variações e coda, ganhou o
demonstração dos seus dotes de
seguinte plano: Introdução, tema,
instrumentista.
variação 1, variação 2, variação 6, variação 7, variação 4, variação 5,
Tchaikovsky e Wilhelm Fitzenhagen
variação 3 e coda (reduzida).
deviam ter algo parecido em mente quando decidiram juntar esfor-
Nem o tema nem as variações são
ços em uma nova composição.
verdadeiramente rococó, embora
Fitzenhagen era concertista e pro-
o tema traga consigo algumas
Instrumentação
Última apresentação
2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 2 trompas, cordas.
09/12/2014 Fabio Mechetti, regente Asier Polo, violoncelo
características do estilo, tais como
exibição de virtuosismo. Nos concer-
leveza, elegância e graciosidade.
tos do século XIX eram comuns os
Trata-se de um tema composto
aplausos no meio da música sem-
por Tchaikovsky naquele tipo de
pre que surgia um momento de
visão estilizada da arte antiga, tão
especial bravura. A reorganização
comum no século XIX.
que Fitzenhagen fez na ordem das variações buscava produzir um
A obra foi composta entre dezem-
maior impacto na plateia. Sua ver-
bro de 1876 e março de 1877. O
são é brilhante, enquanto a original
sucesso da estreia, em 1877, das
é mais coesa e formalmente mais
apresentações seguintes e a pro-
dramática. A versão de Tchaikovsky/
jeção do nome de Tchaikovsky no
Fitzenhagen é a mais conhecida
exterior parecem ter convencido
e, praticamente, a única que foi
o ainda desconhecido e inseguro
executada desde 1877. Apenas
compositor a manter as alterações
recentemente veio à tona a ver-
de Fitzenhagen quando a obra foi
são original como Tchaikovsky a
publicada, em 1878, na versão para
concebeu.
violoncelo e piano. A publicação da partitura de orquestra, em 1889, selou para sempre o destino da obra.
Guilherme Nascimento Compo-
As alterações que Fitzenhagen fez
sitor, Doutor em Música pela Unicamp, professor na Escola de Música da UEMG, autor dos livros Os sapatos floridos não voam e Música menor.
na obra visavam mais que uma mera
Referências Para ouvir CD Dvorák Cellokonzert; Tchaikovsky Rokoko Variationen – Berliner Philharmoniker – Herbert von Karajan, regente – Mstislav Rostropovich, violoncelo – Deutsche Grammophon – 1996
Para assistir Orquesta Freixenet de la Escuela Reina Sofía – Pablo Ferrández, violoncelo – Zubin Mehta, regente – Acesse: fil.mg/ tvariacoes
Para ler Anthony Holden – Piotr Ilitch Tchaikovsky: uma biografia – Record – 1999
Editora Muzgiz
JOHANNES
BRAHMS
Hamburgo, Alemanha, 1833 – Viena, Áustria, 1897
SINFONIA Nº 3 EM FÁ MAIOR, OP. 90
1883 / 35 minutos
As sinfonias de Brahms foram con-
ou dando relevo, como no terceiro
cebidas sob o signo do paradoxo.
movimento, a melodias entregues
Nelas, o compositor verte a alma
às trompas.
romântica que perpassa sua extensa produção de canções, sem deixar
Do ponto de vista da linguagem
de lado a missão que se impôs de
musical, Brahms se afasta do per-
dar seguimento à longa tradição sin-
curso apontado pelos arautos de
fônica, representada por Schumann,
uma nova música – naquele mo-
Schubert e, em seu caso particular,
mento representados por Liszt e
por Beethoven. Brahms quase nada
Wagner. Brahms viu seu nome in-
acrescenta ao efetivo orquestral
dissoluvelmente ligado à tradição,
beethoveniano, mas aprende a lição
e o discurso que poderia ser um
deste que, em cinco de suas sinfo-
elogio foi um passo para a associação
nias, emprega a orquestra de Haydn,
de seu nome a posicionamentos
mas o faz com um espírito único,
estéticos conservadores, associação
integrador da ideia musical e de sua
de que se valeram os detratores
orquestração. Mais ainda, Beethoven
do compositor. No entanto, uma
busca, a cada nova obra, recriar a
necessária reavaliação do lugar que
Sinfonia, dando-lhe vida e perso-
Brahms ocupa na história da música
nalidade próprias. Brahms procede
logo se fez notar já nos primeiros
de modo semelhante. Suas quatro
decênios do século XX. Webern
sinfonias são criações individuais,
chama atenção para a complexi-
fruto de uma elaboração longa e
dade das relações harmônicas em
cuidada. Sua orquestra explora uma
Brahms; Alban Berg mostra, em sua
técnica instrumental em desenvol-
Sonata em si menor, o quanto deve
vimento, como podemos observar
à escritura pianística de Brahms.
nesta Terceira Sinfonia, levando os
Mas é Schoenberg que, ao falar de
violinos ao registro extremo agudo,
seu próprio percurso composicional,
Instrumentação
Última apresentação
2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, contrafagote, 4 trompas, 2 trompetes, 3 trombones, tímpanos, cordas.
20/05/2014 Kazuyoshi Akiyama, regente convidado
das, mesmo em uma primeira audição. Chama atenção, por exemplo, o fato de que todos os movimentos terminam em dinâmicas suaves. Por ressalta o aprendizado com a obra
outro lado, impossível não apre-
brahmsiana. Aponta, inclusive, al-
ciar a cantilena singela que abre
guns traços distintivos, possíveis de
o segundo movimento, ou mesmo
ser detectados na Terceira Sinfonia:
não reter a melodia de abertura do
“a irregularidade do número de com-
terceiro. Melodias que, diga-se de
passos”; a peculiaridade de “não
passagem, exemplificam um dos
regatear, não economizar quando
aspectos mais ricos e pregnantes
a clareza exige mais espaço e levar
das obras de Brahms, ao lado de
cada figura às suas últimas conse-
uma orquestração que alterna pas-
quências” – como podemos constatar
sagens em tutti e em meias tintas. A
pelos processos de desenvolvimento
forma fica apenas como referência.
temático e pela presença e trans-
O todo da composição fica como um
formações do mesmo tema inicial,
testemunho do rigor que, parado-
ao longo do primeiro movimento e
xalmente, não impediu o exercício
por seu retorno, com nova textura,
da liberdade.
para a conclusão da Sinfonia. Para o ouvinte, esta Terceira Sinfonia apresenta inúmeras outras particularidades possíveis de ser observa-
Extraído do texto de Oiliam Lanna Compositor, professor da Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais.
Referências Para ouvir CD Brahms – The Symphonies – Chicago Symphony Orchestra – Sir Georg Solti, regente – London Records – 1991
Para assistir Wiener Philharmoniker – Leonard Bernstein, regente – Acesse: fil.mg/bsinf3
Para ler Roland de Candé – História Universal da Música – Martins Fontes – 1994
Editora Breitkopf & Härtel
ORQUESTRA FILARMÔNICA DE MINAS GERAIS Primeiros Violinos Anthony Flint – Spalla Rommel Fernandes – Spalla associado Ara Harutyunyan – Spalla assistente Ana Paula Schmidt Ana Zivkovic Arthur Vieira Terto Dante Bertolino Joanna Bello Luis Andres Moncada Roberta Arruda Rodrigo Bustamante Rodrigo M. Braga Rodrigo de Oliveira Wesley Prates
Segundos Violinos Frank Haemmer * Hyu-Kyung Jung **** Gideôni Loamir Jovana Trifunovic Luka Milanovic Martha de Moura Pacífico Matheus Braga Radmila Bocev Rodolfo Toffolo Tiago Ellwanger Valentina Gostilovitch Laura Von Atzingen ***** Maressa Portilho *****
Violas João Carlos Ferreira * Roberto Papi *** Flávia Motta Gerry Varona Gilberto Paganini
Luciano Gatelli Marcelo Nébias Nathan Medina
Violoncelos Philip Hansen * Robson Fonseca *** Camila Pacífico Camilla Ribeiro Eduardo Swerts Emília Neves Lina Radovanovic Lucas Barros William Neres
Contrabaixos Nilson Bellotto * André Geiger *** Marcelo Cunha Marcos Lemes Pablo Guiñez Rossini Parucci Walace Mariano
Flautas Cássia Lima* Renata Xavier *** Alexandre Braga Elena Suchkova
Oboés Alexandre Barros * Públio Silva *** Israel Muniz
Clarinetes Marcus Julius Lander * Jonatas Bueno *** Ney Franco Alexandre Silva
Fabio Mechetti Diretor Artístico e Regente Titular
Marcos Arakaki Regente Associado
Fagotes Catherine Carignan * Victor Morais *** Andrew Huntriss Francisco Silva
Harpa Clémence Boinot *
Teclados Ayumi Shigeta *
Trompas Alma Maria Liebrecht *
Gerente
Evgueni Gerassimov ***
Jussan Fernandes
Gustavo Garcia Trindade José Francisco dos Santos
Inspetora
Lucas Filho
Karolina Lima
Fabio Ogata
Trompetes Marlon Humphreys *
Assistente Administrativo Risbleiz Aguiar
Érico Fonseca ** Daniel Leal ***
Arquivista
Tássio Furtado
Ana Lúcia Kobayashi
Trombones
Assistentes
Mark John Mulley *
Claudio Starlino
Diego Ribeiro **
Jônatas Reis
Wagner Mayer *** Renato Lisboa
Tubas
Supervisor de Montagem Rodrigo Castro
Eleilton Cruz * Rafael Mendes *****
Tímpanos
Montadores Hélio Sardinha Klênio Carvalho
Patricio Hernández Pradenas *
Percussão Rafael Alberto * Daniel Lemos *** Sérgio Aluotto Werner Silveira
Katarzyna Druzd
* principal ** principal associado *** principal assistente **** principal assistente substituta ***** musicista convidado (a)
INSTITUTO CULTURAL FILARMÔNICA Oscip — Organização da Sociedade Civil de Interesse Público - Lei 14.870 / Dez 2003 OS — Organização Social - Lei 23.081 / Ago 2018
Conselho Administrativo
Equipe Técnica
Equipe Administrativa
Sala Minas Gerais
Gerente de
Gerente Administrativo- Gerente de
Presidente emérito
Comunicação
financeira
Infraestrutura
Jacques Schwartzman
Merrina Godinho
Ana Lúcia Carvalho
Renato Bretas
Delgado
Presidente
Gerente de
Gerente de Operações
Roberto Mário
Gerente de
Recursos Humanos
Jorge Correia
Gonçalves Soares Filho
Produção Musical
Quézia Macedo Silva
Claudia da Silva
Conselheiros
Guimarães
Angela Gutierrez
Técnicos de Áudio Analistas
e de Iluminação
Administrativos
Diano Carvalho Rafael Franca
Arquimedes Brandão
Assessora de
João Paulo de Oliveira
Berenice Menegale
Programação Musical
Paulo Baraldi
Bruno Volpini
Gabriela de Souza
Celina Szrvinsk
Assistente Operacional Analista Contábil
Fernando de Almeida
Produtor
Ítalo Gaetani
Luis Otávio Rezende
Marco Antônio Pepino
Secretária Executiva
Marco Antônio Soares da
Analistas de
Cunha Castello Branco
Comunicação
Mauricio Freire
Fernando Dornas
Assistente
Octávio Elísio
Mariana Garcia
Administrativa
Paulo Brant
Renata Gibson
Cristiane Reis
Sérgio Pena
Renata Romeiro
Diretoria Executiva
Rodrigo Brandão
Graziela Coelho
Flaviana Mendes
Assistente de
Fortissimo
Analista de Marketing
Recursos Humanos
Novembro nº 21 / 2018
Diretor Presidente
de Relacionamento
Vivian Figueiredo
ISSN 2357-7258
Diomar Silveira
Mônica Moreira
Diretor Administrativo- Analistas de
Editora Merrina Recepcionista
Godinho Delgado
Meire Gonçalves
Edição de texto Berenice Menegale
financeiro
Marketing e Projetos
Estêvão Fiuza
Itamara Kelly
Auxiliar Administrativo
Mariana Theodorica
Pedro Almeida
Jacqueline Guimarães
Assistente de Produção
Auxiliares de
sistemas nacionais
Ferreira
Rildo Lopez
Serviços Gerais
e internacionais de
Ailda Conceição
pesquisa. Você pode
Rose Mary de Castro
acessá-lo também
Diretora de Marketing
Auxiliares de Produção
e Projetos
André Barbosa
Zilka Caribé
Jeferson Silva
em nosso site.
Mensageiro Douglas Conrado
Este programa foi impresso em
Diretor de Operações Ivar Siewers
O Fortissimo está indexado aos
Diretora de Comunicação
Jovem Aprendiz
papel doado pela
Geovana Benicio
Resma Papéis.
A TEMPORADA 2019 ESTÁ CHEGANDO C O N F I RA A S D AT A S E G A R A N T A SUA ASSINATURA. Renovação E N C E RRADA De 8 a 20 de novembro
FOTO: RAFAEL MOTTA
Troca De 21 a 30 de novembro Novas assinaturas De 3 de dezembro de 2018 a 26 de janeiro de 2019
C OMO ASSINAR: Pela internet: filarmonica.art.br/assinaturas Na bilheteria da Sala Minas Gerais De terça a sexta, das 12h às 20h Sábado, das 12h às 18h Em dias de concerto: Quintas e sextas, das 12h às 22h Sábados, das 12h às 21h Domingos, das 9h às 13h
NO CONCERTO... Seja pontual.
Cuide da Sala Minas Gerais.
Traga seu ingresso ou cartão de assinante.
Não coma ou beba.
Desligue o celular (som e luz).
Deixe para aplaudir ao fim de cada obra.
Não fotografe ou grave em áudio / vídeo.
Se puder, devolva seu programa de concerto.
Faça silêncio e evite tossir.
Evite trazer crianças menores de 8 anos.
AGENDA
N A C A PA
Novembro / 2018
DIA 4, 11h Concertos para a Juventude DIAS 8 E 9, 20h30 Allegro e Vivace DIAS 13 E 14, 20h30 Filarmônica e Cirque de la Symphonie DIA 17, 18h Fora de Série / Brasil DIAS 22 E 23, 20h30 Presto e Veloce DIA 25, 11h Concertos para a Juventude DIAS 29 E 30, 20h30 Allegro e Vivace Casa onde nasceu Brahms, em Hamburgo
Restaurantes
Nos dias de concerto, apresente seu ingresso em um dos restaurantes parceiros e obtenha descontos especiais.
Rua Pium-í, 229 Cruzeiro
Rua Juiz de Fora, 1.257 Santo Agostinho
PATROCÍNIO MÁSTER
D I V U L G AÇ Ã O
I NCENT I VO
PROJETO EXECUTADO POR MEIO DA LEI ESTADUAL DE INCENTIVO À CULTURA DE MINAS GERAIS. CA 0063/001/2017
COM UNI CAÇÃO I CF
REALIZAÇÃO
Sala Minas Gerais Rua Tenente Brito Melo, 1.090 - Barro Preto CEP 30.180-070 | Belo Horizonte – MG (31) 3219.9000 | Fax (31) 3219.9030
Online
/ filarmonicamg
WWW.FILARMONICA.ART.BR