TEMPORADA 2019 • FORA DE SÉRIE 6 MÚSICA E PINTURA
CONEXÕES
Ministério da Cidadania e Governo de Minas Gerais apresentam
FORA DE SÉRIE • MÚSICA E PINTURA
20 DE JULHO FABIO MECHETTI, regente
PROGRAMA
OTTORINO RESPIGHI Tríptico Botticelliano • A Primavera • A adoração dos Magos • O nascimento de Vênus
CÉSAR GUERRA-PEIXE Tributo a Portinari
INTERVALO
MAX REGER Quatro poemas sinfônicos sobre Arnold Böcklin, op. 128 • O ermitão tocando violino • O jogo das ondas • A ilha dos mortos • Bacanal
FOTO: RAFAEL MOTTA
CAROS amigos e amigas, Já no Renascimento, quando a Arte
Respighi foi um exímio pintor de sons, e isso fica
toma um impulso sem precedentes,
bastante claro na sua versão musical de quadros célebres
alguns compositores da época
de Botticelli. O mesmo pode ser dito de Guerra-Peixe
arriscaram a se utilizar da música,
sobre Portinari, embora dentro de uma linguagem
não somente como uma arte em
estética diversa do exemplo anterior.
si, mas como fonte de ilustração de imagens e certos contextos
A incrível densidade da pintura de Böcklin é transposta
externos, alguns óbvios, como o
de forma rica e virtuosística na música de Max Reger,
canto dos pássaros, outros menos,
que confere à orquestra uma paleta de cores digna de
como cenas de batalhas. Ao longo
qualquer pintor.
do Romantismo, essa apropriação da música como linguagem
Na noite de hoje esperamos que tanto nossos ouvidos
descritiva se expandiu, e é no
quanto nossa imaginação percorram as telas desses
século XX que o vínculo entre o
grandes artistas.
sonoro e o gráfico se torna mais intenso e vívido.
A todos, um bom concerto
FABIO MECHETTI 2
FABIO diretor artístico e MECHETTI regente titular Diretor Artístico e Regente Titular
da qual hoje é Regente Emérito. Regente Associado de
da Orquestra Filarmônica de Minas
Mstislav Rostropovich na Orquestra Sinfônica Nacional de
Gerais desde sua criação, em 2008,
Washington, com ela dirigiu concertos no Kennedy Center
Fabio Mechetti posicionou a orquestra
e no Capitólio. Da Sinfônica de San Diego, foi Regente
mineira no cenário mundial da
Residente. Fez sua estreia no Carnegie Hall de Nova York
música erudita. Além dos prêmios
conduzindo a Sinfônica de Nova Jersey. Continua dirigindo
conquistados, levou a Filarmônica
inúmeras orquestras norte-americanas e é convidado
a quinze capitais brasileiras, a uma
frequente dos festivais de verão norte-americanos, entre eles
turnê pela Argentina e Uruguai e
os de Grant Park em Chicago e Chautauqua em Nova York.
realizou a gravação de nove álbuns, sendo quatro para o selo internacional
Igualmente aclamado como regente de ópera, estreou nos
Naxos. Natural de São Paulo,
Estados Unidos dirigindo a Ópera de Washington.
Mechetti serviu recentemente como
No seu repertório destacam-se produções de Tosca,
Regente Principal da Filarmônica
Turandot, Carmem, Don Giovanni, Così fan tutte, La Bohème,
da Malásia, tornando-se o primeiro
Madame Butterfly, O barbeiro de Sevilha, La Traviata e Otello.
regente brasileiro a ser titular de uma orquestra asiática.
Suas apresentações se estendem ao Canadá, Costa Rica, Dinamarca, Escócia, Espanha, Finlândia, Itália,
Nos Estados Unidos, Mechetti esteve
Japão, México, Nova Zelândia, Suécia e Venezuela.
quatorze anos à frente da Orquestra
No Brasil, regeu todas as importantes orquestras brasileiras.
Sinfônica de Jacksonville e, atualmente, é seu Regente Titular Emérito.
Fabio Mechetti é Mestre em Regência e em Composição
Foi também Regente Titular das
pela Juilliard School de Nova York e vencedor do Concurso
sinfônicas de Syracuse e de Spokane,
Internacional de Regência Nicolai Malko, da Dinamarca. 3
OTTORINO RESPIGHI Bolonha, Itália, 1879 – Roma, Itália, 1936
Tríptico Botticelliano 1927 — 18 min Flauta, oboé, clarinete, fagote, trompa, trompete, percussão, harpa, celesta, piano, cordas. Editora: Ricordi Representante: Melos Ediciones Musicales S.A.
CÉSAR GUERRA-PEIXE Petrópolis, Brasil, 1914 – 1993
Tributo a Portinari 1991 — 20 min Piccolo, 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, cordas. Editora: Academia Brasileira de Música
Ul
t pictura poesis” (a poesia deve ser como a pintura). Não é que, com a declaração, Horácio inaugurasse, no século primeiro antes de Cristo, o universo das relações intersemióticas.
Mas ele enfim as declarou publicamente. As artes sempre flertaram entre si. Desses flertes, alguns foram mais sérios e mais intensos que outros. A modernidade viu que poesis, termo latino, deriva do grego ποίησις (poiesis: poética, a
criação artística). Horácio certamente conhecia a dimensão do significado do termo: a abrangência de sua frase vai para além da poesia, entendida como gênero literário. No entanto, as relações entre as diferentes formas de expressão artística guardam sempre uma limitação. Porque são formas de expressão, têm uma dimensão
MAX REGER Brand, Alemanha, 1873 – Leipzig, Alemanha, 1916
Quatro poemas sinfônicos sobre Arnold Böcklin, op. 128 1913 — 24 min Piccolo, 3 flautas, 2 oboés, corne inglês, 2 clarinetes, 2 fagotes, contrafagote, 4 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, harpa, cordas. Editora: Kalmus
linguística e, portanto, cada uma tem um código próprio. Assim, quando esses códigos tentam estabelecer uma relação, esta só pode se dar por analogia. É justamente nisso que se configura a inesgotável riqueza das relações entre as diferentes linguagens artísticas. Essa sorte particular de poética (entendida, agora, como processo criativo) pode ter infindas dimensões, que vão do social ao individual. Do consenso à impressão. A aproximação entre a música e a pintura não se pode dar senão nesse sentido. Não poderia haver códigos mais distantes, a começar pelos órgãos sensoriais que solicitam. A música, com sua abstração e sua relação visceral com a duração, o tempo, cuja Gestalt não pode se dar senão a posteriori, faz provocações bem distintas do impacto imediato que a pintura produz. Se as reações físicas, psicológicas e emocionais são diferentes, podem, no entanto, ser análogas. É esta a chave da aproximação. É também esta a chave da poiesis. Ottorino Respighi, por exemplo, no Tríptico Botticelliano, estreado em Viena em
4
1927, visita Botticelli, mestre da Renascença italiana, pintando em música suas impressões sobre três obras do pintor florentino: A Primavera, A adoração dos Magos e O nascimento de Vênus. Respighi, no entanto, não visita apenas a obra de Botticelli, mas seu tempo e sua música. “Uma nova música antiga”, foi como se referiu à obra, fazendo menção aos elementos modais e arcaizantes, aos “orientalismos” de certas curvas melódicas (recorde-se que os Três Reis Magos vieram do Oriente...) e às citações, veladas e provavelmente quase inconscientes, de mestres músicos italianos do passado, como Vivaldi. Já Max Reger, cujos Quatro Poemas Sinfônicos op. 128 foram compostos em 1913, adere sua linguagem, entre um Romantismo tardio e um Expressionismo não totalmente assumido, à pintura do suíço Arnold Böcklin. Este, se por um lado foi considerado simbolista, foi, depois, uma das referências do Surrealismo. A ambiguidade de ambos insinua a marca da analogia. Bem diferente é o Tributo a Portinari, de Guerra-Peixe, composto dois anos antes da morte do compositor, que explora o expressionismo do mestre modernista brasileiro, desconstruindo, junto com ele, uma visão romântica de Brasil, à Gilberto Freyre, em uma linguagem tão moderna, que os elementos estereotipados da música brasileira são atomizados e reelaborados. Se se puder tomar uma licença poética, a dissonância proposta por Guerra-Peixe, atenuada por referências tonais, sabe às imagens de Portinari, angustiadas, mas denunciadoras e, por isso, eivadas de esperança.
MOACYR LATERZA FILHO Pianista e cravista, Doutor em Literaturas de Língua Portuguesa, professor da Universidade do Estado de Minas Gerais e da Fundação de Educação Artística. 5
para
OUVIR, ASSISTIR E LER
RESPIGHI
REGER
CD Ottorino Respighi – Ancient Airs and
CD Max Reger – A Romantic Suite, op. 125; Four Symphonic
Dances; Tritticobotticelliano – Orquestra de
Poems, op. 128, for Full Orchestra, after Paintings by Arnold Boecklin
Câmara de Lausanne – Jesus Lopez-Cobos,
– Berlin Radio Symphony Orchestra – Gerd Albrecht, regente –
regente – Tearc – 2006
Koch Scwann – 1994
Orpheus Chamber Orchestra Acesse: fil.mg/rbotticelli
François-René Tranchefort – Guia da Música Sinfônica – Nova Fronteira – 1990 Roland de Candé – História Universal da Música – vol. 2 – Martins Fontes – 1994
GUERRA-PEIXE CD Guerra-Peixe: Sinfonia nº 2, “Brasília”; Tributo a Portinari – Orquestra Petrobras Sinfônica – Isaac Karabtchevsky e Carlos Prazeres, regentes – Cooperdisc Editorial – 2010 Orquestra Sinfônica Nacional da Universidade Federal – José Maria Florêncio, regente Acesse: fil.mg/gportinari Antônio Emanuel Guerreiro de Faria Júnior – Guerra-Peixe: Um músico brasileiro – Editora Lumiar – 2007
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FOTO: DANIELA PAOLIELLO
Orquestra Filarmônica de Minas Gerais
DIRETOR ARTÍSTICO E REGENTE TITULAR
Fabio Mechetti REGENTE ASSOCIADO
Marcos Arakaki
PRIMEIROS VIOLINOS
VIOLONCELOS
FAGOTES
HARPA
Kobi Malkin – Spalla convidado
Philip Hansen *
Catherine Carignan *
Clémence Boinot *
Rommel Fernandes –
Robson Fonseca ***
Victor Morais ***
Spalla associado
Camila Pacífico
Andrew Huntriss
TECLADOS
Ara Harutyunyan –
Camilla Ribeiro
Francisco Silva
Ayumi Shigeta *
Spalla assistente
Eduardo Swerts
Ana Paula Schmidt
Emília Neves
TROMPAS
Ana Zivkovic
Lina Radovanovic
Alma Maria Liebrecht *
Arthur Vieira Terto
Lucas Barros
Evgueni Gerassimov ***
GERENTE
Joanna Bello
William Neres
Gustavo Garcia Trindade
Jussan Fernandes
José Francisco dos Santos
Laura von Atzingen Luis Andrés Moncada
CONTRABAIXOS
Lucas Filho
INSPETORA
Roberta Arruda
Nilson Bellotto *
Fabio Ogata
Karolina Lima
Rodrigo Bustamante
André Geiger ***
Rodrigo M. Braga
Marcelo Cunha
TROMPETES
ASSISTENTE ADMINISTRATIVO
Rodrigo de Oliveira
Marcos Lemes
Marlon Humphreys *
Risbleiz Aguiar
Wesley Prates
Pablo Guiñez
Érico Fonseca **
Rossini Parucci
Daniel Leal ***
ARQUIVISTA
Walace Mariano
Tássio Furtado
Ana Lúcia Kobayashi
Hyu-Kyung Jung ***
FLAUTAS
TROMBONES
ASSISTENTES
Gideôni Loamir
Cássia Lima *
Mark John Mulley *
Claudio Starlino
Jovana Trifunovic
Renata Xavier ***
Diego Ribeiro **
Jônatas Reis
Luka Milanovic
Alexandre Braga
Wagner Mayer ***
Martha de Moura Pacífico
Elena Suchkova
Renato Lisboa
Radmila Bocev
OBOÉS
TUBAS
Rodolfo Toffolo
Alexandre Barros *
Eleilton Cruz *
MONTADORES
Tiago Ellwanger
Públio Silva ***
Rafael Mendes****
Hélio Sardinha
Valentina Gostilovitch
Israel Muniz
SEGUNDOS VIOLINOS
Frank Haemmer *
Maria Fernanda Gonçalves
Klênio Carvalho TÍMPANOS
Patricio Hernández Pradenas *
VIOLAS
João Carlos Ferreira *
CLARINETES
Roberto Papi ***
Marcus Julius Lander *
PERCUSSÃO
Flávia Motta
Jonatas Bueno ***
Rafael Alberto *
Gerry Varona
Ney Franco
Daniel Lemos ***
Gilberto Paganini
Alexandre Silva
Sérgio Aluotto Werner Silveira
Katarzyna Druzd Luciano Gatelli Marcelo Nébias Mikhail Bugaev Nathan Medina
* PRINCIPAL
SUPERVISOR DE MONTAGEM
Rodrigo Castro
Matheus Braga
** PRINCIPAL ASSOCIADO
*** PRINCIPAL ASSISTENTE
**** MUSICISTA CONVIDADO
Instituto Cultural Filarmônica OSCIP – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – Lei 14.870 / Dez 2003 OS — Organização Social — Lei 23.081 / Ago 2018
Conselho Administrativo
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MENSAGEIRO
GERENTE ADMINISTRATIVO-
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Sala Minas Gerais
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E RELACIONAMENTO
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DIRETOR DE COMUNICAÇÃO
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Rildo Lopez
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AUXILIAR CONTÁBIL
Música e Pintura
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julho 2019
AUXILIAR ADMINISTRATIVA
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E PROJETOS
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DA EDIÇÃO Merrina
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EDIÇÃO DE TEXTO
SERVIÇOS GERAIS
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IMAGEM DA CAPA
Detalhe de O Nascimento da Vênus, pintura de Sandro Botticelli
NO CONCERTO... Seja pontual.
Cuide da Sala Minas Gerais.
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Não coma ou beba.
Desligue o celular (som e luz).
Deixe para aplaudir ao fim de cada obra.
Não fotografe ou grave em áudio / vídeo.
Se puder, devolva seu programa de concerto.
Faça silêncio e evite tossir.
Evite trazer crianças menores de 8 anos.
PRÓXIMOS CONCERTOS DIAS 1 E 2 DE AGOSTO, 20h30 ALLEGRO E VIVACE
DIA 18 DE AGOSTO, 11h CONCERTOS PARA A JUVENTUDE / O RESUMO DA ÓPERA
Santoro / Mozart / Gershwin
Wagner / Rossini / Verdi / Puccini /
DIAS 8 E 9 DE AGOSTO, 20h30 PRESTO E VELOCE
J. Strauss Jr. / Tchaikovsky
Rezende / Nobre / Villa-Lobos
DIAS 22 E 23 DE AGOSTO, 20h30 ALLEGRO E VIVACE
DIA 13 DE AGOSTO, 20h30 FILARMÔNICA EM CÂMARA
Bartók / Bruckner
Dohnányi / Saint-Saëns /
DIAS 29 E 30 DE AGOSTO, 20h30 PRESTO E VELOCE
Britten / Prokofiev
Dvorák / Beethoven
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