Temporada 2012 | Agosto

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agosto 2012

avras para denominar o Filarmônica... Só posso utei nada igual em BH e a mais impressionante á tive em um concerto.” Guilherme Dantas Paoliello Série vivace_ 17 JUl 2012


a viola foi o primeiro instrumento a surgir na moderna família das cordas. nos primórdios da orquestra, ela era o instrumento de cordas mais relevante. Sua origem é a mesma do violino e do violoncelo – a antiga família das violas, que durante anos gerou vários instrumentos que procuravam alcançar todas as tonalidades, do mais grave ao mais agudo: viola da braccio (braço), viola da gamba (perna) e outros. a viola é o contralto da família, de som suave e encorpado, situado entre o violino e o violoncelo, geralmente responsável pelas progressões harmônicas em suporte às melodias mais destacadas. a Sinfonia Concertante de Mozart mostra com clareza as diferenças dos timbres da viola e do violino. na orquestra, as violas ficam mais internas ao palco, um pouco à direita do maestro. a orquestra Filarmônica de Minas Gerais tem 10 violistas, liderados pelo chefe de naipe João Carlos Ferreira.

A Filarmônica é toda sua.

estão falando sobre você. Sobre você que é o motivo da orquestra Filarmônica existir. Sobre você que é exigente com o que ouve. Sobre você que às terças e quintas espera se surpreender. estão falando sobre você. você que colabora para que a Filarmônica seja uma das melhores orquestras do país. você que faz diferença a cada concerto. você é a razão disso tudo. Quando falam sobre a orquestra Filarmônica estão falando de você. receba cada aplauso. você é a orquestra. A Filarmônica é toda sua.

foto | rafael Motta

Pode se orgulhar.


Ministério da Cultura e Governo de Minas apresentam

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SÉRIE VIVACE 7 de agosto

Krzysztof Penderecki regente convidado Roberto Díaz viola BEETHOVEN Abertura Coriolano PENDERECKI Concerto para viola PENDERECKI Polymorphia

MENDELSSOHN Sinfonia nº 3 PÁG. 27

SÉRIE ALLEGRO 16 DE AGOSTO

Fabio Mechetti regente Leon Fleisher piano GINASTERA Suíte de danças crioulas RAVEL Concerto para a mão esquerda BERLIOZ Sinfonia Fantástica PÁG. 39

SÉRIE VIVACE 28 DE AGOSTO

Fabio Mechetti regente Antonio Meneses violoncelo DVORÁK Concerto para violoncelo TCHAIKOVSKY Sinfonia nº 4


Caros amigos e amigas,

O mês de agosto continua com intensa atividade para a nossa Orquestra, oferecendo ao público grandes atrações internacionais. Primeiramente, é com grande entusiasmo que recebemos em Belo Horizonte um dos maiores nomes da música do século XX, o compositor e regente Krzysztof Penderecki. Ele irá nos prestigiar com sua presença em um programa com importantes obras de sua autoria, além de marcantes interpretações de peças consagradas de Beethoven e Mendelssohn. Com o retorno do exímio violista chileno Roberto Díaz, o célebre compositor polonês apresenta pela primeira vez em Belo Horizonte seu Concerto para Viola e a obra Polymorphia, para orquestra de cordas. Outro nome significativo da música erudita internacional é o pianista norte-americano Leon Fleisher, que interpretará o original Concerto para a mão esquerda de Maurice Ravel. Consagrado como um dos maiores pianistas da história, é uma verdadeira honra e privilégio podermos colaborar com Fleisher neste memorável concerto. É também com grande carinho que recebemos de volta nosso maior violoncelista, Antonio Meneses, executando o famoso Concerto de Dvorák. O mesmo programa será apresentado novamente em outubro, durante nossa primeira turnê internacional, quando a Filarmônica representará o estado de Minas Gerais nos principais teatros da Argentina e Uruguai. Certamente um mês de grandes expectativas e inúmeras conquistas. Esperamos que todos aproveitem essas raras oportunidades e dividam conosco momentos certamente inesquecíveis.

F a b i o M e ch e t t i

foto | Eugênio Sávio

Diretor Artístico e Regente Titular Orquestra Filarmônica de Minas Gerais

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FABIO

Mechetti Diretor Artístico e Regente Titular Orquestra Filarmônica de Minas Gerais

Natural de São Paulo, Fabio Mechetti é Diretor Artístico e Regente Titular da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais desde sua criação, em 2008. Por esse trabalho, recebeu o XII Prêmio Carlos Gomes/2009 na categoria Melhor Regente brasileiro. É também Regente Titular e Diretor Artístico da Orquestra Sinfônica de Jacksonville (EUA) desde 1999. Foi Regente Titular da Orquestra Sinfônica de Syracuse e da Orquestra Sinfônica de Spokane, da qual é, agora, Regente Emérito. Foi regente associado de Mstislav Rostropovich na Orquestra Sinfônica Nacional de Washington e com ela dirigiu concertos no Kennedy Center e no Capitólio norte-americano. Da Orquestra Sinfônica de San Diego foi Regente Residente. Fez sua estreia no Carnegie Hall de Nova York conduzindo a Orquestra Sinfônica de Nova Jersey e tem dirigido inúmeras orquestras norteamericanas, como as de Seattle, Buffalo, Utah, Rochester, Phoenix, Columbus, entre outras. É convidado frequente dos festivais de verão nos Estados Unidos, entre eles os de Grant Park em Chicago e Chautauqua em Nova York. Realizou diversos concertos no México, Espanha e Venezuela. No Japão dirigiu as Orquestras Sinfônicas de Tóquio, Sapporo e Hiroshima. Regeu também a Orquestra Sinfônica da BBC da Escócia, a Filarmônica de Auckland, Nova Zelândia, e a Orquestra Sinfônica de Quebec, Canadá. Vencedor do Concurso Internacional de Regência Nicolai Malko, na Dinamarca, Mechetti dirige regularmente na Escandinávia, particularmente a Orquestra da Rádio Dinamarquesa e a de Helsingborg, Suécia. Recentemente fez sua estreia na Finlândia dirigindo a Filarmônica de Tampere. No Brasil foi convidado a dirigir a Sinfônica Brasileira, a Estadual de São Paulo, as orquestras de Porto Alegre e Brasília e as municipais de São Paulo e do Rio de Janeiro.

foto | Rafael Motta

Trabalhou com artistas como Alicia de Larrocha, Thomas Hampson, Frederica von Stade, Arnaldo Cohen, Nelson Freire, Emanuel Ax, Gil Shaham, Midori, Evelyn Glennie, Kathleen Battle, entre outros. Igualmente aclamado como regente de ópera, estreou nos Estados Unidos dirigindo a Ópera de Washington. No seu repertório destacam-se produções de Tosca, Turandot, Carmen, Don Giovanni, Cosi fan Tutte, Bohème, Butterfly, Barbeiro de Sevilha, La Traviata e As Alegres Comadres de Windsor. Fabio Mechetti recebeu títulos de Mestrado em Regência e em Composição pela prestigiosa Juilliard School de Nova York. 5


20h30

7 agosto série vivace Grande Teatro do Palácio das Artes

Krzysztof Penderecki Roberto Díaz

regente convidado viola

PROGRAMA

foto + Crédito

Ludwig van BEETHOVEN Abertura Coriolano, op. 62 Krzysztof PENDERECKI Concerto para viola

Primeira audição em Belo Horizonte

Roberto Díaz

Solista

foto | André Fossati ilustrações compositores | Mariana Simões

INTERVALO Krzysztof PENDERECKI Polymorphia

Primeira audição em Belo Horizonte

Felix MENDELSSOHN Sinfonia nº 3 em lá menor, op. 56, “Escocesa” Andante con moto – alegro – andante Vivace non troppo Adagio Allegro vivacissimo

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sÉRIE vivace 7 agosto

Krzysztof

Penderecki

Krzysztof Penderecki

foto | Schott Promotion - Peter Andersen

Passei décadas procurando e descobrindo novos sons. Ao mesmo tempo, estudei estreitamente as formas, estilos e harmonias de eras passadas. Continuei a aderir a ambos os princípios. Minha atual produção criativa é uma síntese.

sons dramáticos, emocionalmente compreensíveis para os ouvintes. O Requiem Polonês foi iniciado em 1980 com a composição de Lacrimosa, dedicada a Lech Walesa. Outros movimentos são dedicados às vítimas polonesas de Auschwitz e da Revolta de Varsóvia em 1944. A obra completou-se com a composição de Ciaccona in memoriam Johannes Paul II, em 2005, comemorando o Papa polaco. Inúmeras composições originaram-se da colaboração direta com solistas extraordinários, incluindo Anne-Sophie Mutter, Mstislav Rostropovitsch e Boris Pergamenschikow.

Krzysztof Penderecki nasceu em 1933, em Dębica, na Polônia. Recebeu aulas de violino e piano muito cedo e entrou para o Conservatório de Cracóvia aos 18 anos. Na Academia Cracóvia de Música estudou composição com Artur Malewski e Stanislas Wiechowicz. Em 1959, ganhou os três prêmios disponíveis na Competição de Varsóvia II para Jovens Compositores. Com a primeira apresentação de Anaklasis, no Festival de Donaueschingen em 1960, tornou-se parte da vanguarda internacional, ampliando sua reputação com a estreia da Paixão segundo São Lucas na Münster Cathedral, em 1966. A primeira ópera, The Devils of Loudon, baseada em livro de Aldous Huxley, estreiou na Hamburg State Opera House, em 1969. O compositor ensinou na Folkwang Hochschule, em Essen, e na Universidade de Yale, nos Estados Unidos. Foi reitor da Academia Estadual de Música, em Cracóvia. Penderecki ganhou reputação internacional como maestro de suas próprias composições e outras obras.

Ao longo de sua carreira, Penderecki recebeu inúmeros prêmios, entre eles o Prix Itália e a medalha de ouro de Sibelius, ambos em 1967, o Prêmio da Associação dos Compositores Poloneses (1970), Prêmio Arthur Honegger (1977), o Sibelius da Fundação Wihouri, o Prêmio Nacional da Polônia (ambos em 1983), o Lorenzo Magnífico (1985), o Universidade de Louisville Grawemeyer Award para composição musical (1992), o Prêmio da International Music Council/UNESCO (1993), o prêmio de Cannes como “Compositor vivo do ano” (2000). É membro da Royal Academy of Music em Dublin, da Academia Americana de Artes e Letras e da Academia Bávara de Belas Artes de Munique. Krzysztof Penderecki é doutor honoris causa e professor honorário de várias universidades internacionais.

Várias de suas obras lembram catástrofes do século XX. Threnos, de 1960, é dedicada às vítimas da bomba de Hiroshima, e o concerto para piano Ressurreição foi composto como reação aos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001. Para Penderecki, essas associações de conteúdo não são meramente um conceito abstrato, mas também, em sua coloração tonal instrumental e

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sÉRIE vivace 7 agosto

roberto

díaz Gilbert Varga, Hugh Wolff e David Zinman. Díaz trabalhou com importantes compositores dos séculos XX e XXI, como Penderecki, Edison Denisov, Roberto Sierra e Ricardo Lorenz.

Violista de reputação internacional, Roberto Díaz é presidente e diretor executivo do Instituto Curtis de Música, seguindo os passos de renomados solistas/diretores como Rudolf Serkin, Gary Graffman, Efrem Zimbalist e Josef Hofmann. Como professor de viola no Curtis e o mais antigo principal violista da Orquestra da Filadélfia, Díaz teve um impacto significativo na vida musical norte-americana e continuará a fazê-lo em seus papéis duplos de artista e educador.

American Record Guide, Estados Unidos

Entre suas apresentações recentes e futuras estão a Kansas City Symphony com Michael Stern, Fort Worth Symphony com Miguel Harth-Bedoya, Sinfónica del Principado de Asturias com Krzysztof Penderecki, Sinfónica Nacional de México com Carlos Miguel Prieto, Sinfónica de Barcelona com James Judd, Sinfônica de São Paulo com Gabor Ötvös e Sinfônica de Bilbao com Juanjo Mena.

foto | Henry Fair

[…] um rico, profundo, melífluo tom, entonação impecável, um atrativo, mesmo vibrato, uma ágil mão esquerda, um braço do arco suave e uma excelente sensação de sincronização e ritmo. Todas essas qualidades fazem dele uma verdadeira estrela do seu instrumento […]

Suas gravações pelo selo Naxos incluem uma versão das sonatas de Brahms com Jeremy Denk, transcrições de viola por William Primrose, indicada ao Grammy, o concerto duplo de Jonathan Leshnoff com Michael Stern, o violinista Charles Wetherbee e a Orquestra de Câmara de Iris, obras de Henri Vieuxtemps para viola e piano. Gravou ainda o Concerto para Viola de Jacob Druckman com a Orquestra da Filadélfia dirigida por Wolfgang Sawallisch (New World Records). Na música de câmara, Roberto Díaz tocou com Emerson String Quartet, Emanuel Ax, Yefim Bronfman, Christoph Eschenbach, Yo-Yo Ma, Sr. Sawallisch e Isaac Stern. Esteve nos festivais Marlboro, Mostly Mozart, Spoleto, Kuhmo e Verbier, entre outros. Com o violinista Andrés Cárdenes e o violoncelista Andrés Díaz forma o Díaz Trio.

Roberto Díaz apresentou-se com a Sinfônica Nacional, Boston Pops, New World Symphony, Filarmônica da Holanda, Orquestra Gulbenkian, Saarbrücken Radio Orchestra e Orquesta Simón Bolívar, entre outras. Ele tem colaborado com maestros como Roberto Abbado, Rafael Frühbeck de Burgos, Riccardo Chailly, Charles Dutoit, Christopher Hogwood, Yakov Kreizberg, Peter Oundjian, Michael Tilson Thomas,

Roberto Díaz foi o principal violista da Sinfônica Nacional sob regência de Mstislav Rostropovich, músico da Sinfônica de Boston sob regência de Seiji Ozawa e membro da Orquestra de Minnesota sob regência de Sir Neville Marriner.

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sÉRIE VIVACE 7 AGOSTO

Ludwig van

BEethoven alemanha, 1770 – ÁustriA, 1827 Na época de Beethoven surgiu o costume de se iniciar toda apresentação teatral com uma peça musical, muitas vezes composta especialmente para a ocasião, com o propósito de preparar o público para o teor da apresentação. Beethoven compôs a abertura Coriolano inspirado na tragédia homônima do poeta e dramaturgo vienense Heinrich J. von Collin, estreada em Viena em novembro de 1802 com muito sucesso. Não é difícil imaginar por que Beethoven se encantou tanto com a personagem principal. Coriolano é um herói romano dividido entre o impulso patriótico, a devoção à família e o orgulho próprio. Promovido a general após longos serviços prestados a Roma, Coriolano se candidata ao posto de cônsul. Traído por seus inimigos, é banido de Roma e, como vingança, levanta um exército poderoso para invadir a cidade. Os romanos, em pânico, enviam sua mãe, esposa e filho para convencê-lo a desistir de invadir a cidade. Ele aceita os pedidos da família, mas escolhe o suicídio como única saída honrosa para sua situação.

Abertura Coriolano, op. 62 Ano de composição_

9 min

1807

“Somente uma tragédia de caráter elevado, onde heróis são criados e destruídos, poderia vir após essa abertura.” E.T.A. Hoffmann

Para ouvir

CD Beethoven: Ouvertüren – Filarmônica de Berlim – Herbert von Karajan, regente – Deutsche Grammophon – 1989 Para LER

Barry Cooper (org.) – Beethoven, um compêndio – Jorge Zahar Editor – 1996

De acordo com E.T.A. Hoffmann, célebre escritor e poeta alemão, contemporâneo de Beethoven, a abertura Coriolano “é perfeitamente adequada a criar a expectativa de

Maynard Solomon – Beethoven: vida e obra – Jorge Zahar Editor – 1987

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que um grande e trágico evento será o conteúdo da peça que se segue. Somente uma tragédia de caráter elevado, onde heróis são criados e destruídos, poderia vir após essa abertura.” Esquecida após o sucesso inicial, a peça teatral foi reapresentada em Viena uma única vez, em abril de 1807. Se Beethoven compôs a abertura para essa ocasião e se ela foi executada juntamente com a peça teatral, jamais saberemos. Os registros não mencionam se houve música no dia e é bem provável que a abertura Coriolano jamais tenha sido apresentada como introdução da peça teatral enquanto Beethoven viveu. Trata-se, antes de tudo, de uma obra autônoma, uma abertura de concerto pensada para sobreviver independentemente da peça teatral que a inspirou. Dedicada a Collin, foi ouvida, pela primeira vez, no início de março de 1807, em concerto privado na casa do Príncipe Lichnowsky (como consta de uma crítica publicada no dia 8 de março sobre um concerto recentemente oferecido pelo príncipe). Muito provavelmente Beethoven foi o regente. Ao invés de apresentar, musicalmente, o esquema narrativo da peça teatral,

Beethoven preferiu enfatizar os humores da personagem principal e as atmosferas previstas nas cenas. O “grande e trágico evento” previsto por Hoffmann é garantido pela incrível força da obra. A abertura Coriolano começa com uma introdução em que ouvimos uma série de ataques incisivos, separados por pausas. O tema principal inicia-se e logo somos levados por uma tormenta de energia que parece nunca terminar. O segundo tema é contrastante em caráter e, embora a energia não se dissipe, somos conduzidos a uma atmosfera mais calma enquanto o tema é reapresentado diversas vezes em alternância nas cordas e madeiras. Ambos os temas, ao longo da obra, são entrecortados pelos ataques da introdução, até o momento em que uma última aparição do segundo tema nos conduz a um desfecho inesperado, onde a desintegração melódica dissolve a música até o pianissimo final. Guilherme Nascimento

Compositor, Doutor em Música pela Unicamp, professor na Universidade do Estado de Minas Gerais e Fundação de Educação Artística, autor dos livros Música menor e Os sapatos floridos não voam.

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sÉRIE vivace 7 agosto

Krzysztof

PENDERECKI polônia, 1933 O compositor polonês Krzysztof Penderecki dedicou-se desde cedo ao estudo do violino e do piano. Foi professor da Academia de Música de Cracóvia, onde estudou Composição, e veio a se tornar uma das personalidades mais marcantes da música contemporânea.

Concerto para viola Ano de composição_

20 min

1983

Em toda a sua obra observa-se um olhar diferenciado para a sonoridade da viola, principalmente em suas sinfonias, em que sempre lhe dá papel de destaque.

Na década de 1950 sua música apresentava características seriais (de serialismo, técnica adotada pelos compositores do círculo de Darmstad, Alemanha) e, a partir de 1960, Penderecki participa da avant-garde europeia. O caminho que adotou foi o de manipulação de massas sonoras, mais caracterizado pela textura e volumetria do que por grupos de sons e intervalos. A partir dessa mudança, o compositor deu ênfase a uma nova busca por sons, inclusive expandindo registros de vozes e intrumentos convencionais. Dentre suas obras premiadas internacionalmente destacam-se Threnos (Trenodia para as Vítimas de Hiroshima), para 52 instrumentos de cordas (1960), e o Concerto para Piano “Resurrection”, composto como reação ao atentado de 11 de setembro de 2001.

Para OUVIR

CD K. Penderecki: Concerto per Viola ed Orchestra – Orquestra de Câmara Amadeus de Posen – Agnieska Duczmal, regente – Tabea Zimmermann, viola – WERGO – 1989 Para ler

C. Bylander: Krzyzstof Penderecki – A BioBiography – Praeger Publisher, Greenwood Publ. Group Inc. – 2004 Para assistir

Marco da fase romântica do compositor é o Concerto para viola, estreado na Venezuela, na comemoração dos 200 anos de Simón Bolívar. A estreia europeia se deu em Leningrado, sob a regência do próprio

DVD K. Penderecki: A Celebration – Concerto para Viola – Sinfonietta Cracovia – K. Penderecki, regente – Tabea Zimmermann, viola – Inclui entrevista com Penderecki – RM Arts Associates – 1994

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Penderecki, que, logo após essas estreias, fez para o Concerto nova versão para orquestra de cordas e percussão.

apresenta vigorosa, com importante participação da percussão, dando caráter de bravura à obra. A partir desse momento, uma segunda Cadenza, utilizada para transição, traz de volta o Tempo I. Após essa seção (Lento), segue-se o segundo Vivace extremamante virtuosístico e furioso, interposto entre solista e toda a orquestra para um Epílogo que direciona a obra a um clima nostálgico e dramático.

Em toda a sua obra observa-se um olhar diferenciado para a sonoridade da viola, pelo tratamento dado ao instrumento, principalmente em suas sinfonias, em que sempre lhe dá papel de destaque. Como os concertos do autor que o antecedem, o Concerto para viola tem um único movimento, com duração média de vinte minutos. O intervalo de segundas descendentes apresentado na Abertura é o principal motivo sobre o qual a obra está construída. Tem início com um recitativo – solo de viola sem divisão de compasso. Logo após esse solo, o grupo constituído de cordas, sopros e uma rica percussão leva a obra a um clímax expressivo com a utilização do material melódico apresentado no início do recitativo. Após essa seção, uma Cadenza traz de volta o Lento da introdução, com que a orquestra dá início à seção principal do concerto. Penderecki usa o recurso de um crescendo gradual com a própria textura dos instrumentos, em que a voz da viola emerge a partir de pequenos motivos, formando longas linhas melódicas que trazem à tona um caráter de lamentação e drama. Isso com repentinos contrastes de forças dentro do conjunto orquestra e solista. No Vivace, a orquestra se

Nos últimos minutos do Concerto, a qualidade do cantabile é restaurada e com ela a sensação de paz, representada pela nota longa sustentada pela orquestra e pelo solista como uma voz que se cala. Carlos Aleixo

Doutor em Viola Performance, Professor da Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais

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sÉRIE vivace 7 agosto

Krzysztof

PENDERECKI polônia, 1933 Polymorphia. O título poderia ser uma metáfora para a trajetória composicional de Penderecki, polimorfa e de uma evolução surpreendente. Deve-se, no entanto, ter o cuidado de não inferir, a partir dos muitos sentidos de uma palavra, que a essa trajetória tenha faltado consequência. Penderecki exerceu, em plenitude, a liberdade que distinguiu sua evolução criadora. Em seu período de aprendizado, o compositor viu o anseio pela liberdade marcar o cotidiano polonês, sob a ocupação nazista e, após a Segunda Grande Guerra, sob o jugo do stalinismo. Afastada a sombra de Stalin e, com ele, da patrulha ideológica que restringia a produção intelectual, a vida cultural polonesa renasceu para a expressão individual e para a experimentação. Foi o momento da criação de obras musicais caracterizadas pela busca de novos meios e linguagens, particularmente pelo tratamento radical da dimensão timbrística, que projetaram o compositor e que levaram a associar seu nome ao de outros criadores revolucionários, como Ligeti ou Xenakis, que, igualmente, buscavam novos caminhos para uma expressão individual e para a música do século XX. Penderecki, já nesses passos iniciais, havia encontrado uma maneira própria de se expressar,

Polymorphia Ano de composição_

9 min

1961

Penderecki exerceu, em plenitude, a liberdade que distinguiu sua evolução criadora. Para ouvir

CD Polymorphia – Warsaw Philharmonic Orchestra – Antoni Wit, regente – 1989 Para ler

Reginald Smith Brindle – The New Music: the Avant-Garde since 1945 – Oxford University Press – 1975

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produção dramática, iniciada em 1968 com Les diables de Loudun, e, uma vez mais, o compositor abre seu horizonte estético com essa ópera de ambiência expressionista.

com sua escritura inconfundível nas obras para orquestra de cordas, manifesta, um ano antes de Polymorphia, na Trenodia para as vítimas de Hiroshima. Entretanto, à mesma época, com a Paixão segundo São Lucas, Penderecki volta-se para um viés particular de sua produção, caracterizado por obras nas quais, apesar de se encontrarem ecos do experimentalismo, este cede lugar a uma estética na qual se evidencia um cunho pós-romântico. São obras para vozes e diversos efetivos instrumentais, afrescos marcados por textos que exaltam a fé católica, que sustentam parte significativa da produção do compositor. Uma vez mais, o contexto político-ideológico foi determinante para a criação, e o compositor, como no Réquiem Polonês (1984), presta homenagem à Igreja, símbolo da resistência anticomunista em seu país. A partir das obras instrumentais, passando pela vasta produção coral-instrumental, o compositor apresenta um extenso catálogo de peças sinfônicas e concertantes. Em várias dessas obras, como, por exemplo, na Sonata para violoncelo e orquestra (1964), o experimentalismo que caracterizou a escritura para cordas se estende aos naipes das madeiras, dos metais e da percussão. O extenso catálogo pendereckiano conta ainda com a

Polymorphia exige uma escuta especial. A forma global, se nos restringirmos ao título, é inesperadamente simples – três seções, de durações equivalentes, sendo a terceira intimamente relacionada à primeira. Entretanto, a complexidade da obra advém da trama sonora e do papel desempenhado pela dimensão timbrística. Embora o timbre tenha recebido, ao longo da História da Música, atenção especial de compositores de épocas e linguagens tão diferenciadas, como um Berlioz, um Debussy ou um Mahler, esse parâmetro do som aparece, aqui, empregado de forma radical, determinante, e não apenas a secundar melodias ou harmonias. É à centralidade do timbre que se deve, em maior grau, a complexidade da audição de Polymorphia. Comparada à apreensão de outros parâmetros sonoros, como a altura, a intensidade e a duração, é o timbre que requer uma audição mais apurada. No entanto, a percepção de estruturas sonoras se torna mais complexa na razão direta da complexidade das articulações entre os parâmetros do som. Assim, 17


passagens de sons muito suaves, mas breves e em rápidas sucessões, tornam mais difícil a percepção do timbre. Se estendermos a questão da percepção dos parâmetros a elementos como a textura, os momentos de grande densidade ou de superposição de materiais composicionais – preponderantes na obra em questão – apresentamse como verdadeiros desafios à compreensão musical.

percorre um âmbito de grande amplitude, do registro subgrave ao sobreagudo das cordas; apresenta glissandos, clusters, densas massas sonoras e sons pontuais. Trata os instrumentos de modo inusual, explora modos de ataques e técnicas especiais de obtenção do som. Efeitos? Certamente; mas não enfeites. Escritura necessária, orgânica e que, paradoxalmente, instaura a revolução estética a partir das cordas – “espinha dorsal” da orquestra... clássica!

Polymorphia parece visitar o som “de dentro”, em sua materialidade, esculpindo-o a partir de seu interior. Prescinde da melodia e, por vezes, da própria definição das alturas;

Oiliam Lanna

foto | Rafael Fossati

Compositor e regente, professor da Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais.

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sÉRIE vivace 7 agosto

felix

MENDELSSOHN alemanha, 1809 – 1847 Quando Felix Mendelssohn contava vinte anos de idade, seu pai, rico banqueiro de Berlim, decidiu patrocinar-lhe uma viagem de três anos pela Europa, para que o filho tentasse uma carreira no exterior. Entre 1829 e 1832 Felix visitou o Reino Unido, Bavária, Áustria, Suíça, Itália e França. Em 30 de julho de 1829, em Edimburgo, Mendelssohn encontrou a inspiração para a sua Sinfonia Escocesa: “hoje visitamos o castelo de Holyrood, onde a Rainha Maria viveu e amou. A capela ao lado está sem teto e repleta de mato e erva. Foi neste altar, hoje em ruínas, que ela foi coroada Rainha da Escócia. Acredito ter encontrado, hoje, o início de minha Sinfonia Escocesa”. Durante o inverno de 1830/31, em Roma, Mendelssohn começou a compor sua Sinfonia nº 3. Mas logo teve de deixá-la de lado, pois sua atmosfera não condizia com o clima ensolarado da Itália: “não consigo recuperar o cenário enevoado da Escócia”. Apenas dez anos depois ele retomaria a composição da Sinfonia nº 3, terminando-a em Berlim, em janeiro de 1842. A primeira apresentação aconteceu em março, em Leipzig, sob a regência do autor. Em 13 de junho Mendelssohn regeu sua Sinfonia nº 3 em um concerto com a Philharmonic Society, em Londres. O enorme sucesso o encorajou a dedicá-la à Rainha

Sinfonia nº 3 em lá menor, op. 56, “Escocesa” Ano de composição_

40 min

1842

Descrito por Wagner como um “paisagista de primeira ordem”, Mendelssohn evoca em sua Terceira Sinfonia o imaginário das lendas, paisagens e sonoridades escocesas dez anos após visitar o país. Para ouvir

CD Mendelssohn: Symphonien nº 3 & nº 4 – Berliner Philharmoniker – Herbert von Karajan, regente – Deutsche Grammophon – 1997 Para ler

L. Larry Todd – Mendelssohn: a life in music – Oxford University Press – 2003 L. Larry Todd (ed.) – Mendelssohn and his world – Princeton University Press – 1991

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Vitória, que tanto admirava sua música.

pelo primeiro oboé e pelos dois clarinetes e é, em seguida, ouvido nas madeiras. Os dois temas são mesclados até o ponto em que clarinete e fagote, em uma passagem tranquila, reapresentam o segundo tema e preparam o aparecimento da coda independente (Allegro maestoso assai) que fecha a sinfonia majestosamente.

De acordo com Mendelssohn, os quatro movimentos devem ser tocados sem interrupção. O primeiro inicia-se com uma triste introdução lenta (Andante con moto). O primeiro tema, nas cordas em pianissimo, é apresentado tão logo atingimos o Allegro un poco agitato. O segundo tema, também executado nas cordas, ao invés de contrastante, apresenta-se como uma variação do primeiro tema. O movimento termina com fragmentos da introdução lenta (Andante come prima), que nos conectam ao movimento seguinte.

Guilherme Nascimento

Compositor, Doutor em Música pela Unicamp, professor na Universidade do Estado de Minas Gerais e Fundação de Educação Artística, autor dos livros Música menor e Os sapatos floridos não voam.

Nesta sinfonia, o terceiro (Adagio) é o movimento lento, e não o segundo, como de hábito. Após uma curta introdução, temos o primeiro tema, melodia de rara beleza, apresentada pelos violinos. O segundo tema, de caráter marcial,é tocado pelas madeiras e trompas. Ao final, reminiscências da introdução nos conduzem ao movimento seguinte. O quarto movimento (Allegro vivacissimo) é de uma vitalidade ímpar. Seu primeiro tema, alegre e ritmicamente complexo, surge logo no início com os violinos. O segundo é apresentado após um tutti orquestral, primeiramente 21


Atualize seu cadastro e fique por dentro de tudo.

Em breve, você terá notícias sobre a Temporada 2013 da Filarmônica. Grandes concertos e muitas surpresas esperam você. A campanha para 2012 foi um sucesso e o próximo ano promete ser ainda melhor. Você, que já é assinante, terá em primeira mão a chance de renovar sua assinatura ou mesmo trocar de série ou lugar. Por isso, é muito importante manter seu cadastro em dia. Atualize-o junto à Assessoria de Relacionamento para receber todas as informações e alertas quando a próxima campanha começar.

foto | Rafael Motta

Assessoria de relacionamento: assinatura@filarmonica.art.br Telefone: (31) 3219 -9009

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A Campanha de Assinaturas 2013 vem aí.

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24 25 foto | Rafael Motta


20h30

16 agosto série allegro Grande Teatro do Palácio das Artes Fabio Mechetti

regente

Leon Fleisher

piano

PROGRAMA Alberto GINASTERA

Suíte de danças crioulas, op.15 Adagietto pianissimo Allegro rustico Allegretto cantabile Calmo e poético Scherzando – coda: presto e energico

Maurice RAVEL Leon Fleisher

Concerto para a mão esquerda Solista

INTERVALO

foto | Eugênio Sávio

Hector BERLIOZ

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Sinfonia Fantástica, op. 14 Devaneios e paixões – Allegro agitato ed appassionato assai Um baile – Valse: Allegro non troppo Cena no campo – Adagio Marcha ao cadafalso – Allegretto non troppo Sonho de uma noite de Sabá – Larghetto; allegro assai

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sÉRIE Allegro 16 agosto

leon

fleisher Nine Lives, escrito em parceria com a crítica musical Anne Midgette e publicado pela editora Doubleday, e também é tema do documentário Two Hands, escrito e dirigido por Nathaniel Kahn e indicado ao Oscar e ao Emmy em 2006.

Mas os momentos mais inesquecíveis da noite vieram quando Fleisher interpretou a Chacona da Partita em ré menor para violino solo de Bach, transcrita por Brahms como obra de piano para a mão esquerda. Fleisher apresentou uma performance absolutamente fascinante que conduziu com firmeza [...] a um clímax de tirar o fôlego. Washington Post, Estados Unidos 28

foto | Joanne Savio

Quando o pianista e regente Leon Fleisher recebeu o Prêmio Kennedy em 2007, em um baile de gala cheio de estrelas em Washington DC, Caroline Kennedy reconheceu-o como “um prodígio do piano da [Ponte] Golden Gate que ascendeu às alturas, abraçou a adversidade e tornou-se um músico para todas as temporadas”.

No retorno ao repertório de duas mãos, Fleisher apresentou-se em Londres, Bruxelas e Lucerna e, como solista da Orquestra Filarmônica de Londres, sob direção de Jurowksi, em Londres, Nova York e Washington DC, eventos musicais que estão entre os mais memoráveis daquela temporada. Suas gravações pela Sony continuam entre as mais admiradas da música sinfônica.

A musicalidade de Fleisher beira a lenda e sua biografia é tão dramática quanto sua paixão pela vida. Aos 16 anos, Leon Fleisher trilhava o caminho para conquistar o mundo da música quando foi destacado pelo The New York Times como “um dos mais talentosos da nova geração de pianistas” e logo aclamado como “o achado pianístico do século” pelo grande regente Pierre Monteux. No auge de sua carreira, aos 37 anos, foi atingido por uma doença neurológica conhecida como distonia focal, perdendo a mobilidade de dois dedos da mão direita. Seguindo com as carreiras de regente e professor, submeteu-se a diferentes tratamentos que restauraram a mobilidade de sua mão. Depois de décadas interpretando o repertório de piano para a mão esquerda, Fleisher voltou a tocar com as duas mãos, recebendo enormes elogios pela sua primeira gravação “bimanual” após esse longo período, um álbum apropriadamente intitulado Duas mãos (Vanguard Classics). A história de Fleisher é contada em seu livro de memórias

Nas últimas temporadas, Leon Fleisher reafirma seu lugar como um dos artistas de concerto mais proeminentes de hoje, com apresentações em centros musicais importantes de todo o mundo. Recentes e futuras aparições incluem as aclamadas oficinas do Carnegie Hall, em Tóquio e em Nova York; apresentações regendo a Irish Chamber Orchestra, a Sinfônica Brasileira e a Filarmônica de Osaka; e participações nos festivais de Aldeburgh, Ravinia e do Hollywood Bowl. Ele será ouvido como regente e solista, recitalista, artista de música de câmara, mentor de masterclasses e referência inestimável em residências de faculdades e universidades em todo o mundo. 29


sÉRIE Allegro 16 agosto

Alberto

ginastera Argentina, 1916 – Suíça, 1983

Suíte de danças crioulas, op. 15 Ano de composição_

10 min

1946

O título da Suíte refere-se à tradição crioula – herdeira da linguagem e da música espanholas –, que se afirma em contraposição às tradições indígenas préhispânicas. Para ouvir

CD: Popol Vuh: The Mayan Creation – Suite de Danzas Criollas, op. 15 (orquestração: Shimon Cohen) – Jerusalem Symphony Orchestra – Gisèle Ben-Dor, regente – Naxos – 2010 Para LER

Deborah Schwartz-Kates – Alberto Ginastera: a research and information guide – Routledge – 2010

Para Alberto Ginastera, como para o mundo estilhaçado, 1945 tornou-se o recomeço inevitável. Cada vez mais dissonante em relação às políticas nacionais argentinas, o compositor foi demitido do cargo de professor da Academia Militar. Com essa demissão e o recrudescimento da política peronista, decidiu partir nesse mesmo ano para os Estados Unidos. Em 1941, Ginastera participara do Berkshire Summer Music Festival. Em Tanglewood, sede do festival, conheceu Aaron Copland e, com seu incentivo, candidatou-se a uma bolsa da Fundação Guggenheim, com proposta ousada e abrangente: pretendia aproximar-se das instituições de ensino de música norte-americanas, em busca de sugestões pedagógicas para as escolas argentinas. Em colaboração com Copland, exploraria as poéticas musicais do teatro, cinema e rádio e promoveria o intercâmbio musical no continente americano, divulgando nos Estados Unidos as obras de seus colegas argentinos. Apesar de receber a bolsa em 1942, resolveu usá-la somente na crise de 1945, estabelecendo-se em Nova York até 1947. O “período Guggenheim” deu novos direcionamentos ao trabalho de Ginastera. Permitiu que o composi-

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tor tomasse contato com a música dos mais expressivos compositores norte-americanos: Barber, Carter, Harris, Piston e Sessions. Aproximou Ginastera das obras de Stravinsky, de Schoenberg, de Hindemith – refugiados nos Estados Unidos – e, mais especialmente, as de Bartók, que recebiam renovado interesse em razão de sua morte recente. A vivência intensa do rico movimento cultural da cidade e as visitas a Columbia, Eastman, Harvard, Juilliard e Yale nutriram tendências cosmopolitas que se expressariam em suas obras finais. Em contrapartida, revitalizaram a diretriz nacionalista que ele vivia naquele momento. Segundo sugestão do próprio compositor, divide-se seu trabalho em três momentos estilísticos, “nacionalismo objetivo” (1934–1947), “nacionalismo subjetivo” (1947–1957), “neoexpressionismo” (a partir de 1958). O momento vivido nos Estados Unidos encerra a fase das referências diretas ao folclore argentino por meios tonais tradicionais e abre os caminhos para a síntese desses elementos folclóricos a favor de um estilo argentino original.

compositor. Sugere elementos musicais latino-americanos, em prejuízo das referências diretas ao folclore argentino. Alinha expansões harmônicas, assim como polarizações em dissonâncias penetrantes, a particularidades estruturais da música para piano de Bartók. Mescla sincopado e direcionamentos rítmicos dançantes, inspirados na tradição gauchesca, a sequências líricas e à nostalgia do exilado. Os elementos argentinos são trabalhados menos como evocação de raízes do que expressão de um ser humano deslocado. A Suíte conta com cinco danças que, na contramão do nacionalismo, não recebem títulos característicos: 1 – Adagietto pianissimo; 2 – Allegro rustico; 3 – Allegretto cantabile; 4 – Calmo e poético; 5 – Scherzando – coda: presto e energico. O título da Suíte referese à tradição crioula – herdeira da linguagem e da música espanholas –, que se afirma em contraposição às tradições indígenas pré-hispânicas. Composta para piano, foi estreada em Buenos Aires em 26 de julho de 1947 por Rudolf Firkusny. A orquestração é do compositor israelense Shimon Cohen.

A Suite de danzas criollas op. 15, última obra do “período Guggenheim”, foi composta em 1946 e ilustra o movimento de expansão estilística vivido pelo

Igor Reyner

Pianista, Mestre em Música pela Universidade Federal de Minas Gerais.

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sÉRIE Allegro 16 agosto

Maurice

ravel frança, 1875 – 1937 Ecos da experiência contundente durante a Primeira Grande Guerra podem ser ouvidos em algumas obras de Ravel. Revelam-se com as cores do drama, em La Valse – quase uma desconstrução dessa dança e do que ela evoca – ou tingidos de nostalgia, no Tombeau de Couperin – que tem seus movimentos dedicados a amigos do compositor, mortos em combate. No Concerto pour la main gauche, os vestígios daquela experiência irrompem como um brado de superação. A obra foi encomendada pelo pianista austríaco Paul Wittgenstein, cujo braço direito fora amputado durante a Guerra. Entretanto, malgrado as circunstâncias que envolvem sua concepção, o Concerto não deixa escapar, diante das vicissitudes, o menor sinal de limitação. Não há concessões, é uma obra densa e virtuosística: diante de um numeroso efetivo instrumental, o piano ora dialoga, ora deixa que outras vozes cantem, ou ainda se contrapõe, com vigor, às investidas do tutti orquestral. Além disso, em duas cadências, o piano, a sós, comenta e expande a expressividade de temas que circulam pela partitura – com vigor e dramaticidade, na cadência após a seção introdutória e, quase ao final do concerto, com delicadeza e intimismo.

Concerto para a mão esquerda Ano de composição_

18 min

1931

[...] o Concerto não deixa escapar, diante das vicissitudes, o menor sinal de limitação. Não há concessões, é uma obra densa e virtuosística [...] Para ouvir

CD Ravel Concertos/Valses Nobles et Sentimentales – Cleveland Orchestra – Pierre Boulez, regente – Krystian Zimerman, piano – 1999 Para ler

Vladimir Jankélevitch – Ravel – Éditions du Seuil – 1975

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Logo de início, o Concerto se mostra peculiar, pela atmosfera e por dois temas, bem caracterizados pelo timbre. O primeiro é entregue a um raro solo de contrafagote. Seu ritmo de notas pontuadas lembra uma abertura de suíte, em estilo francês, porém imerso em clima sombrio, difuso, criado pelas cordas graves. O segundo tema, entregue às trompas, atrai a atenção por seu cantábile vocal. A partir dessa exposição, os dois temas, em contraponto, expandem-se pela orquestra, ganham luz e novas cores. A primeira intervenção do solista é uma extensa cadenza. Aqui, o solista elabora os materiais temáticos, após largos gestos ornamentais que exploram todos os registros do instrumento. O tutti que se segue faz jus à bravura da cadência pianística e dá continuidade à elaboração temática. A volta do solista, em um canto delicado, é apenas uma breve clareira que serve de preâmbulo à nova função do piano: secundar as intervenções de diversos solistas dentro da orquestra. Esse fino tecido composicional o ouvinte atento pode perceber ao longo da obra: os temas e atmosferas alternamse, superpõem-se, assim como os andamentos. Nesse sentido, vale observar, após a primeira grande articulação formal, a sucessão de

materiais temáticos. Trata-se de um scherzando, em ritmo de marcha, em que, de início, solista e orquestra dividem breves intervenções. O movimento é rápido, mas sua evolução caleidoscópica cede lugar ao reaparecimento do segundo tema do Concerto. É um momento de rara combinação de materiais composicionais: o movimento de marcha, vivo, atua como fundo, subjacente ao tema lento, no solo de fagote e no de trombone, tema que se expande aos diversos naipes. Na volta ao andamento inicial, a reelaboração dos temas da primeira seção é feita pela orquestra, em duas intervenções vigorosas que emolduram a última cadência do piano. Vale lembrar que o Ravel compositor do Bolero, ou de La Valse, pode levar a esquecer o Ravel compositor de um importante catálogo de obras pianísticas. No Concerto para a mão esquerda, ambos nos oferecem, com essa pedra de toque do repertório para piano e orquestra, a experiência de um interesse continuamente renovado. Oiliam Lanna

Compositor e regente, professor da Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais.

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sÉRIE Allegro 16 agosto

hector

berlioz França, 1803 – 1869 Impetuoso e inconformista, Berlioz foi criticado e ridicularizado pela maioria de seus contemporâneos. A posteridade, porém, o proclamou um arauto do modernismo, responsável por importantes aquisições musicais do século XIX – a criação da sinfonia programática e a renovação do timbre orquestral. Na busca de sonoridades inéditas, o compositor utilizou instrumentos até então pouco habituais no contexto orquestral (a harpa, por exemplo) e reforçou os naipes instrumentais (sobretudo o dos sopros), explorando-os ao máximo quanto às possibilidades de coloração. Violonista mediano, Berlioz fez da orquestra seu verdadeiro instrumento. Quase nada nos legou para solo instrumental ou música de câmara; e mesmo o canto, frequente em sua obra, nela só atinge originalidade quando tratado como componente instrumental, em grandes massas corais. As inovações orquestrais do compositor constituem seu legado mais perene e positivo. Suscitaram um renascimento da música sinfônica, inspirando novas gerações de orquestradores e a consequente valorização de novos parâmetros estéticos.

Sinfonia Fantástica, op. 14 Ano de composição_

50 min

1830

A Sinfonia Fantástica impõe-se por suas qualidades especificamente musicais. Há uma prodigiosa riqueza de ideias e a orquestração é brilhante, detalhista e inovadora. Para ouvir

CD Hector Berlioz – Symphonie Fantastique, op. 14 – Berliner Philharmoniker – Simon Rattle, regente – Artwork &Editorial, EuroArts Music International – 2009

Por outro lado, Berlioz compôs sempre estimulado por impressões literárias, organizando sua música como ilustração de um texto ou enredo poético. Alguns críticos acusavam-no, inclusive, de possuir uma cultura literária muito mais sólida que a musical. Entretanto, o compositor contribuiu

Para ler

Claude Ballif – Berlioz – Éditions du Seuil, Solfèges – 1968 François-René Tranchefort – Guia da Música Sinfônica – Editora Nova Fronteira – 1986

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significativamente para a evolução da linguagem musical ao cultivar a ideia do “poematismo” – ou seja, a ordenação do discurso sonoro pela lógica motriz de ideias, fatos ou caracteres extramusicais.

de desenvolvimento formal beethoveniano. A Sinfonia Fantástica divide-se em cinco movimentos: o primeiro – Devaneios, paixões – prepara a cena para todo o melodrama. O Largo inicial cria o clima melancólico exigido pelo argumento. O caráter dramático instala-se com a entrada do Allegro agitato e apassionato, impregnado dos avassaladores sentimentos do jovem músico. Em quatro seções bem contrastantes, os devaneios do artista evocam a vida agitada e os sentimentos contraditórios por ele vividos antes de encontrar seu grande amor. Na quarta seção apresenta-se, pela primeira vez, o tema da amada – a idée fixe –, que reaparecerá em todos os outros movimentos.

A Symphonie Fantastique foi escrita aos 27 anos sobre um programa literário autobiográfico em que Berlioz evoca a história de sua paixão pela atriz irlandesa Henriette Smithson, uma intérprete de Shakespeare: “um jovem músico de sensibilidade mórbida e imaginação ardorosa se envenena com ópio, numa crise de desespero amoroso. O narcótico, fraco demais para lhe causar a morte, mergulha-o em profundo sono, agitado por visões, sensações, lembranças e emoções fantásticas que se transformam em ideias e imagens musicais. A própria amada tornou-se para ele uma melodia (uma idée fixe ou tema intermitente) que o acompanha por toda parte”.

No segundo movimento – Um baile – dá-se o reencontro dos amantes. Uma valsa, alternadamente leve ou brilhante, faz o papel de elegante scherzo sinfônico, tendo seu motivo principal interrompido pelo enunciado da ideia fixa. Como novidade orquestral, Berlioz destaca, de maneira até então inusitada, os arpejos da harpa.

A Sinfonia Fantástica impõe-se por suas qualidades especificamente musicais. Há uma prodigiosa riqueza de ideias e a orquestração é, ao mesmo tempo, brilhante, detalhista e inovadora. O compositor normatiza o uso da idée fixe – um tema essencial que transcorre como uma ideia fixa, em diferentes caracterizações, no decorrer da obra. Na Sinfonia Fantástica a idée fixe simboliza a presença da mulher amada nos sonhos febris do jovem artista e, musicalmente, representa uma alternativa ao modelo

O terceiro quadro – Cena nos campos – cumpre a dupla função de movimento lento e interlúdio bucólico, apresentando o diálogo inicial de dois pastores, no corneinglês e no oboé. Perturbando o idílio, o tema da amada surge ameaçador nos graves da orquestra. No final, o tema pastoril reaparece obscurecido pelo rufo dos timbales, 35


em clima de mistério, anunciadores de uma tempestade.

monstros, reunidos para seu funeral. Em meio ao infernal tumulto, aparece a imagem da amada. Gritos de júbilo sinalizam-lhe a chegada, e ela participa da diabólica orgia enquanto sua figura idealizada transforma-se em máscara grosseira. A idée-fixe adquire caráter burlesco e se integra a uma sarcástica paródia em que o tradicional Dies irae (da missa canônica dos mortos), intercalado pelo soar de sinos, sobrepõe-se ao motivo do Sabá das Feiticeiras. A bulha apocalíptica cresce em fúria incontrolável até o ponto culminante e final de toda a Sinfonia.

No Allegretto non tropo – Marcha para o suplício – o artista sonha que matara a amada e um cortejo o leva ao cadafalso, onde ele assistirá à própria execução. Os movimentos e gestos da multidão são descritos com realismo pela orquestra. A marcha constrói-se com dois temas contrastantes – o primeiro, sombrio e ameaçador, é confiado às cordas; o outro explode brilhante nos metais e madeiras. O reaparecimento da ideia fixa sugere um último pensamento de amor interrompido pelo golpe fatal da guilhotina. O último movimento – Sonho de uma noite de Sabá – é um angustiante pesadelo. O jovem artista encontrase rodeado de bruxos, feiticeiras e

Paulo Sérgio Malheiros dos Santos

foto | Eugênio Sávio

Pianista, Doutor em Letras pela PUC Minas, professor na Universidade do Estado de Minas Gerais, autor do livro Músico, doce músico.

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20h30

28 agosto série vivace Grande Teatro do Palácio das Artes Fabio Mechetti

regente

Antonio Meneses

violoncelo

PROGRAMA Antonín DVORÁK

Concerto para violoncelo em si menor, op. 104 Allegro Adagio ma non troppo Finale: Allegro moderato

Antonio Meneses

Solista

INTERVALO

foto | Eugênio Sávio

P. I. TCHAIKOVSKY

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Sinfonia nº 4 em fá menor, op. 36 Andante sostenuto Andantino in modo di canzona Scherzo Finale: Allegro con fuoco

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sÉRIE vivace 28 agosto

Antonio

meneses

Nunca é demais ressaltar as qualidades do violoncelista Antonio Meneses: volume sonoro do tamanho da sala, técnica perfeita, elegância estilística e raro senso de diálogo camerístico com a orquestra. Folha de São Paulo, Brasil 40

foto | Marco Borggreve

Antonio Meneses nasceu em 1957 em Recife, em uma família de músicos. Começou a estudar violoncelo aos dez anos. Aos 16 anos conheceu o famoso violoncelista italiano Antonio Janigro, que o convidou a frequentar as suas aulas em Düsseldorf e, mais tarde, em Stuttgart. Em 1977, ganhou o 1º Prêmio no ARD Concurso Internacional de Munique e, em 1982, o 1º Prêmio e Medalha de Ouro no Concurso Tchaikovsky, em Moscou.

Porto Rico, festivais de Salzburgo, Lucerna, Viena, Berlim, Festival de Primavera, Praga, Mostly Mozart, Nova York, Festivais La Grange de Meslay e Colmar, França. Como camerista, colaborou com os quartetos Emerson, Vermeer, Amati e Carmina. Desde outubro de 1998 é membro do Beaux-Arts Trio. Entre suas gravações destacam-se obras de Brahms e Strauss para Deutsche Grammophon, com a violinista Anne-Sophie Mutter, Herbert von Karajan e a Orquestra Filarmônica de Berlim; Eugene D’Albert e David Popper, com a Orquestra Sinfônica de Basileia; Carl Philip Emanuel Bach, com a Orquestra de Câmara de Munique (Pan Classics); obras de J. S. Bach, Tchaikovsky, Schumann e Schubert. De Villa-Lobos gravou os Concertos e a Fantasia para Violoncelo e Orquestra, além da obra completa para violoncelo e piano, com Cristina Ortiz (Pan Classics). Sua mais recente gravação contém obras de Schumann e Schubert com Gérard Wyss ao piano (AVIE).

Apresenta-se regularmente com as mais importantes orquestras do mundo, como a Filarmônica de Berlim, a Sinfônica de Londres, a Sinfônica da BBC, a Orquestra do Concertgebouw de Amesterdã, a Sinfônica de Viena, a Filarmônica Checa, a Filarmônica de Moscou, a Filarmônica de São Petersburgo, a Filarmônica de Israel, a Orchestre de la Suisse Romande, a Orquestra da Rádio da Baviera, a Filarmônica de Nova York, a National Symphony Orchestra e a Sinfônica NHK de Tóquio, entre outras. Colaborou com os maestros Herbert von Karajan, Riccardo Muti, Mariss Jansons, Claudio Abbado, André Previn, Andrew Davis, Semion Bychkov, Herbert Blomstedt, Gerd Albrecht, Yuri Temirkanov, Kurt Sanderling, Neeme Järvi, Mstislav Rostropovich, Vladimir Spivakov e Riccardo Chailly.

Antonio Meneses orienta cursos de aperfeiçoamento na Europa, nas Américas e no Japão e é professor no Conservatório de Berna, Suíça. O artista toca um violoncelo de Alessandro Gagliano feito em Nápoles, 1730.

Antonio Meneses é convidado frequente do Festival Pablo Casals, 41


sÉRIE vivace 28 agosto

Antonín

dvorák República Tcheca, 1841 – 1904

Concerto para violoncelo e orquestra em si menor, op. 104 Ano de composição_

42 min

1895

Além dos tutti poderosos, são particularmente fascinantes os diálogos do solista com timbres isolados da orquestra (principalmente os instrumentos de sopro). Para ouvir

LP Dvorák – Concerto para violoncelo, op. 104 – Orquestra Filarmônica de Londres – Carlo Maria Giulini, regente – Mstislav Rostropovitch, violoncelo – EMI Records, Odeon – 1978 CD Dvorák / Bruch – Osesp – John Neschling, regente – Antonio Meneses, violoncelo – Biscoito Fino – 2010 Para ler

John Claphan – Antonín Dvorák, musician and craftsman – Faber & Faber – 1978

O jovem Dvorák trabalhou como violista, na orquestra de Praga, sob a regência do compositor Smetana, o grande nacionalista eslavo, de quem herdou o amor às tradições musicais de seu país. Em Viena, com uma bolsa de estudos do governo austríaco, tornou-se amigo de Brahms, cultivando grande apego às formas germânicas tradicionais. Seguindo essas duas grandes influências, a arte de Dvorák realiza uma síntese dos procedimentos composicionais clássicos com elementos característicos da música de seu país. Entretanto, o compositor raramente usou melodias camponesas já existentes, preferindo criar seus próprios temas. E Dvorák absorveu tão profundamente em seu próprio pensamento musical as qualidades singulares da música nativa tcheca que, apesar de sentidas com intensidade em sua obra, nem sempre é possível isolá-las e identificá-las. Filho de um humilde artesão da aldeia de Nelahozeves, na Boêmia, Dvorák tornou-se doutor honoris causa pela Universidade de Cambridge, foi professor nos conservatórios de Praga e Nova York (1892 – 1895) e apresentou-se na Rússia, por indicação de Tchaikovsky. Sua vasta produção inclui nove sinfonias, óperas, peças para piano e para diversas formações camerísticas, grandes peças corais,

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além de três concertos — para piano, violino e violoncelo.

compasso. Reapresentado por três vezes sucessivas, culmina em poderosa passagem instrumental com toda a orquestra, quando atinge sua plena dimensão. Em contraste com esse tema vigoroso, o segundo motivo, extremamente lírico, é anunciado em pianíssimo pelas trompas.

O Concerto para violoncelo foi composto por encomenda do famoso violoncelista Hannus Wihan, durante o inverno de 18941895. É a última obra americana de Dvorák. Retornando logo depois à Tchecoslováquia, o compositor ficou muito abalado pela notícia da morte de sua cunhada, que fora seu primeiro amor e por quem tinha profunda afeição. Para homenageála, fez algumas alterações em sua partitura, acrescentando uma citação de um de seus Cantos op. 82, justamente a canção predileta de Joséphine Kounicova. Nessa versão final, tão convincente, Dvorák aboliu a cadência que Hannus Wihan compusera para o concerto. A estreia aconteceu em Londres, em 19 de março de 1896, com o violoncelista Leo Stern (mais tarde, o próprio Wihan tornou-se um célebre intérprete da obra).

O movimento central, Adagio ma non troppo, se inicia com uma terna melodia dividida entre as madeiras e o violoncelo. Mas a orquestra logo intervém com a canção composta por Dvorák em homenagem a sua cunhada. A melodia do início retorna nas trompas (sobre pizzicatti das cordas) e é ampliada pelo violoncelo (Quase cadenza). O clima é de serena religiosidade. O Finale: (Allegro moderato) apresenta um ritmo de marcha, nas cordas graves. O tema principal é anunciado pelas trompas e retorna várias vezes, entremeado com outros motivos, incluindo os temas dos dois movimentos anteriores. Na Coda, em pianíssimo, a canção Possa minha alma reaparece no violino e nas madeiras. Um rápido crescendo conduz a um final cintilante que conclui a obra com poderoso brilho orquestral.

A partitura segue a forma clássica de concerto, em três movimentos. Além dos tutti poderosos, são particularmente fascinantes os diálogos do solista com timbres isolados da orquestra (principalmente os instrumentos de sopro).

Paulo Sérgio Malheiros dos Santos

Pianista, Doutor em Letras pela PUC Minas, professor na Universidade do Estado de Minas Gerais, autor do livro Músico, doce músico.

No Allegro inicial, o tema é apresentado pelo clarinete, já no primeiro 43


sÉRIE vivace 28 agosto

Piotr Ilitch

TCHAIKOVSKY Rússia, 1840 – 1893 A composição da Sinfonia nº 4 está intimamente ligada ao aparecimento de uma mulher que mudaria para sempre a vida de Tchaikovsky: Nadezhda Filaretovna von Meck. Viúva de um engenheiro que fizera fortuna construindo estradas de ferro na Rússia, Mme. von Meck era uma musicista amadora, excelente administradora e rica o bastante para manter, constantemente, um grupo de músicos à sua disposição. Em dezembro de 1876 ela fizera a encomenda de uma peça para violino e piano, que Tchaikovsky prontamente executou. Em fevereiro de 1877 Tchaikovsky recebia uma segunda carta de Mme. von Meck, agradecendo-lhe pela composição e dizendo-lhe o quanto o amava: “Gostaria muito de contar-lhe toda a extensão de meus pensamentos e sonhos a seu respeito”. Tchaikovsky respondeu no dia seguinte: “Por que hesita em contar-me seus pensamentos? Asseguro-lhe que ficaria muito interessado e agradecido, já que sinto profunda simpatia pela senhora. Estas não são palavras vãs. Talvez eu a conheça melhor do que imagina”.

Sinfonia nº 4 em fá menor, op. 36 Ano de composição_

45 min

1879

Considerada pelo compositor como uma de suas melhores obras, a Sinfonia nº 4 foi dedicada a Mme. von Meck. Para ouvir

CD Tchaikovsky: Symphony nº 4, Romeo and Juliet – Chicago Symphony – Daniel Barenboim, regente – Teldec – 1997 Para ler

Anthony Holden – Piotr Ilitch Tchaikovsky: uma biografia – Record – 1999

Mme. von Meck respondeulhe dizendo de seu amor pelo compositor, amor platônico, mas que beirava à obsessão. Nascia ali 44

um dos casos mais duradouros de mecenato da história da música. Nos treze anos seguintes, Mme. von Meck depositou, mensalmente, 500 rublos na conta de Tchaikovsky, soma considerável, destinada a liberar o compositor da necessidade de dar aulas para sobreviver e a permitir-lhe dedicarse, inteiramente, às viagens e à composição. Os dois trocaram mais de mil cartas nesse período e a única imposição de Mme. von Meck era de que nunca se encontrassem pessoalmente.

no fim de agosto: “nossa sinfonia está progredindo pouco” (24 de agosto). Nesse meio tempo, além de ocupado com a composição da ópera Eugene Oneguin, Tchaikovsky embarcara em um casamento desastrado com sua antiga aluna Antonina Miliukova. No início de outubro a orquestração do primeiro movimento estava quase pronta quando Tchaikovsky viajou para o balneário suíço de Clarens, a fim de recuperar-se do colapso nervoso causado pelo fim do casamento que durara apenas seis semanas. A orquestração dos três primeiros movimentos foi concluída em Veneza. Em 7 de janeiro de 1878, em San Remo, Tchaikovsky completava sua amada Quarta Sinfonia.

Os primeiros esboços da Sinfonia nº 4 datam dessa época: fevereiro de 1877. Embora já tivesse iniciado sua composição quando recebeu a emblemática carta de Mme. von Meck, Tchaikovsky logo passaria a chamar sua nova obra, em algumas cartas, de “nossa sinfonia” ou “sua sinfonia” (em 26 de setembro de 1879, Mme. von Meck escrevia ao compositor: “considero que esta sinfonia é só minha”). Vasculhando a correspondência de Tchaikovsky descobrimos que, em 15 de maio, os três primeiros movimentos já estavam rascunhados e, em 8 de junho, o Finale estava pronto: “até o fim do verão terminarei a orquestração”. Mas a sinfonia só começaria a ser orquestrada, de fato,

Considerada pelo compositor como uma de suas melhores obras, a Sinfonia nº 4 foi dedicada a Mme. von Meck. A estreia se deu em Moscou, em fevereiro de 1878, pela Sociedade Musical Russa, sob a regência de Nikolai Rubinstein. Tchaikovsky estava em Florença e recebeu notícias contraditórias sobre a estreia. Seu amigo Sergei Taneyev foi o único a contar-lhe a verdade: músicos e público tiveram dificuldade em compreender uma obra que ia muito além das fronteiras tradicionais. Só após a estreia em São Petersburgo, 45


nove meses depois, a Sinfonia nº 4 começaria a conquistar seu lugar no repertório sinfônico.

se às cordas, que tocam em pizzicato durante todo o movimento. A seção central contém um momento destinado às madeiras e outro aos metais. O movimento termina calmamente com o pizzicato das cordas.

O primeiro movimento dura, aproximadamente, metade da obra. Inicia-se com uma introdução forte nas trompas e fagotes, seguidos dos trombones, tuba, trompetes e madeiras. O primeiro tema é apresentado nas cordas (Moderato con anima), em movimento de valsa. O segundo, apresentado nas madeiras, é introduzido pelo clarinete. O movimento se desenvolve com inúmeras repetições dos dois temas principais e do tema da introdução, e termina com uma coda majestosa.

Tchaikovsky compôs um Finale grandioso para a Quarta Sinfonia. O primeiro tema, vivo e brilhante, dá o caráter do andamento. O segundo, executado primeiramente pelo oboé e fagote, apresenta um pouco de calma no tumulto orquestral, mas não por muito tempo: o caráter agitado do primeiro tema logo contagia o segundo. À medida que caminhamos para o fim ouvimos, novamente, o tema da introdução do primeiro movimento. Uma grande coda fecha a sinfonia, à moda dos desfechos imponentes de Tchaikovsky.

O segundo movimento é uma triste canção russa com dois temas: o primeiro, mais melancólico, é executado pelo oboé e prontamente repetido pelos violoncelos; o segundo, mais esperançoso, é apresentado nos violinos.

Guilherme Nascimento

Compositor, Doutor em Música pela Unicamp, professor na Universidade do Estado de Minas Gerais e Fundação de Educação Artística, autor dos livros Música menor e Os sapatos floridos não voam.

O Scherzo é extremamente leve e gracioso. A primeira seção destina-

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ACOMPANHE A FILARMÔNICA EM OUTRAS

SÉRIES DE CONCERTOS exclusivamente a grupos de crianças e jovens da rede escolar pública e particular e instituições sociais. Serão realizados três grandes concertos no auditório do Sesc Palladium.

Concertos para a Juventude Realizados em manhãs de domingo, são concertos dedicados aos jovens e às famílias, buscando ampliar e formar público para a música clássica. As apresentações têm ingressos a preços populares e contam com a participação de jovens solistas. Local: Teatro Sesc Palladium Horário: 11 horas da manhã Datas: 25 de março 27 de maio 12 de agosto 30 de setembro 21 de outubro 11 de novembro

Festivais O Festival Tinta Fresca procura identificar e promover novos compositores brasileiros. O concerto de encerramento será realizado no Sesc Palladium no dia 20 de setembro. O Laboratório de Regência tem por finalidade dar oportunidade a jovens regentes brasileiros, de comprovada experiência, de desenvolver, na prática, a habilidade de lidar com uma orquestra profissional. Concerto no Sesc Palladium, dia 8 de dezembro.

Clássicos no Parque Realizados em parques e praças da RMBH, proporcionam momentos de descontração e entretenimento, buscando democratizar o acesso da população em geral à música clássica. Em 2012 as datas são:

Turnês Estaduais As turnês estaduais levam a música de concerto a diferentes cidades e regiões de Minas Gerais, possibilitando que o público do interior do Estado tenha o contato direto com música sinfônica de excelência. Nove municípios serão contemplados em 2012.

6 de maio Praça do Papa, Mangabeiras, 19 horas 20 de maio Praça Floriano Peixoto, Santa Efigênia, 11 horas

Turnês Nacionais e Internacionais

26 de agosto Praça Duque de Caxias, Santa Tereza, 11 horas

Com essas turnês, a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais busca colocar o Estado de Minas dentro do circuito nacional e internacional da música clássica. Em 2012, a Orquestra se apresentará no Festival de Campos do Jordão e fará sua primeira turnê internacional, com concertos no Teatro Colón, em Buenos Aires (26 e 27/10), Teatro Solís, em Montevidéu (28/10), Teatro del Libertador, em Córdoba (30/10) e Teatro Astengo, em Rosário (31/10).

2 de setembro Praça da Liberdade, Funcionários, 11 horas 16 de setembro Inhotim, Brumadinho, 15h30

Concertos Didáticos De caráter educativo, não são concertos abertos ao público, mas destinados 48


ORQUESTRA FILARMÔNICA DE MINAS GERAIS Agosto 2012

Cássia Lima* Renata Xavier ** Alexandre Braga Elena Suchkova

DIRETOR ARTíSTICO e REGENTE TITULAR

Alexandre Barros * Ravi Shankar ** Israel Silas Muniz Moisés Pena

Fabio Mechetti

REGENTE ASSISTENTE

Marcos Arakaki

Primeiros Violinos

Anthony Flint spalla Rommel Fernandes assistente de spalla Ana Zivkovic Arthur Vieira Terto Bojana Pantovic Eliseu Martins de Barros Jovana Trifunovic Marcio Cecconello Martha de Moura Pacífico Mateus Freire Rodolfo Marques Toffolo Rodrigo de Oliveira Tiago Ellwanger Camilo Simões **** Segundos Violinos

Frank Haemmer * Leonidas Cáceres ** Eri Lou Miyake Nogueira Gláucia de Andrade Borges José Augusto de Almeida Leonardo Ottoni Luka Milanovic Marija Mihajlovic Radmila Bocev Rodrigo Bustamante Valentina Gostilovitch Violas

João Carlos Ferreira * Roberto Papi ** Cleusa de Sana Nébias Gerry Varona Gilberto Paganini Glaúcia Martins de Barros Marcelo Nébias Nathan Medina Katarzyna Druzd William Martins Violoncelos

Elise Pittenger *** Ana Isabel Zorro Camila Pacífico Camilla Ribeiro Eduardo Swerts Lina Radovanovic Matthew Ryan-Kelzenberg Pedro Bielschowsky Robson Fonseca Contrabaixos

Colin Chatfield * Nilson Bellotto ** Brian Fountain Hector Manuel Espinosa Marcelo Cunha Valdir Claudino Almir Amarante ****

Flautas

Oboés

Clarinetes

Marcus Julius Lander *** Ney Campos Franco Alexandre Silva Fagotes

Diomar Silveira

Diretor Administrativo-financeiro

Tiago Cacique Moraes Diretora de Comunicação

Jacqueline Guimarães Ferreira Diretor de Marketing e Relacionamento

Thiago Nagib Hinkelmann Diretor de Produção Musical

Marcos Souza

Equipe Técnica Gerente de Comunicação

Trompas

Gerente de Produção Musical

Trompetes

Marlon Humphreys * Erico Oliveira Fonseca ** Daniel Leal Trombones

Mark John Mulley * Wagner Mayer ** Renato Lisboa Tubas

Merrina Godinho Delgado Claudia Guimarães Produtora

Carolina Debrot Produtor

Luis Otávio Amorim Produtor

Narren Felipe

Analista de Comunicação

Andréa Mendes

Analista de Marketing de Relacionamento

Mônica Moreira

Analista de Marketing e Projetos

Mariana Theodorica

Assistente de Comunicação

Mariana Garcia

Auxiliar de Produção

Eleilton Cruz *

Lucas Paiva

Tímpanos

Patricio Hernández Pradenas* Percussão

Rafael Costa Alberto * Daniel Lemos ** Werner Silveira Sérgio Aluotto

Equipe Administrativa Analista Administrativo

Eliana Salazar

Analista de Recursos Humanos

Quézia Macedo Silva Analista Financeiro

Thais Boaventura Secretária Executiva

Harpa

Flaviana Mendes

Giselle Boeters

Auxiliares Administrativos

Teclados

Ayumi Shigeta * Gerente

Jussan Fernandes

Cristiane Reis, João Paulo de Oliveira e Vivian Figueiredo Recepcionista

Lizonete Prates Siqueira Auxiliar de Serviços Gerais

Ailda Conceição

Inspetora

Karolina Lima

Mensageiro

Assistente Administrativo

Débora Vieira

Jeferson Silva Menor Aprendiz

Pietro Tayrone

Arquivista

Sergio Almeida

Consultora de programa

Berenice Menegale

Assistentes

concertos

Diretoria Executiva Diretor Presidente

Catherine Carignan * Ariana Pedrosa Andrew Huntriss Evgueni Gerassimov * Gustavo Garcia Trindade ** José Francisco dos Santos Lucas Filho Fabio Ogata

PRóximos

Instituto Cultural Filarmônica

Ana Lucia Kobayashi Klênio Carvalho Maíra Cimbleris Supervisor de Montagem

Rodrigo Castro MONTADORES

Carlos Natanael Jussan Meireles Luan Maia

Agosto

SETEMBRO

Concertos para a Juventude 12 de agosto domingo, 11h SESC Palladium Marcos Arakaki regente Daniel Leal trompete Beethoven / Arutunian / Stravinsky

Clássicos no Parque

Série Allegro 16 de agosto quinta-feira, 20h30 Palácio das Artes Fabio Mechetti regente Leon Fleisher piano Ginastera / Ravel / Berlioz Série Concertos Internacionais da Sala Cecília Meireles 18 de agosto sábado, 20h30, Theatro Municipal do Rio de Janeiro Fabio Mechetti, regente Leon Fleisher, piano Ginastera / Ravel / Berlioz Clássicos no Parque 26 de agosto domingo, 11h Praça Duque de Caxias Marcos Arakaki, regente Marlon Humphreys, trompete Érico Fonseca, trompete Copland / Tchaikovsky / Vivaldi / Ponchielli / Rossini Série Vivace 28 de agosto terça-feira, 20h30 Palácio das Artes Fabio Mechetti, regente Antonio Meneses, violoncelo Dvorák / Tchaikovsky

2 de setembro domingo, 11h Praça da Liberdade Marcos Arakaki, regente Berlioz / Tchaikovsky / Saint-Saëns / Mendelssohn Vale Câmara 6 de setembro quinta-feira, 19h30 e 21h Memorial Minas Gerais Vale Quinteto de Metais Gabrielli / Scheidt / Ewald / Crausaz / Gagliard / Nagle Turnê Estadual 7 a 9 de setembro Divinópolis, Diamantina e Sete Lagoas Marcos Arakaki, regente Braga / Pedro I / Guarnieri / Guerra-Peixe / Gomes / Tchaikovsky Didáticos (concertos fechados) 10 e 11 de setembro segunda e terça-feira, 9h30 Sesc Palladium Marcos Arakaki, regente Diomar Silveira, narrador BRITTEN / TCHAIKOVSKY / GOUNOD / COPLAND / BERNSTEIN Vale Câmara 13 de setembro quinta-feira, 19h30 e 21h, Memorial Minas Gerais Vale Quarteto de Cordas Debussy / Dvorák / Haydn / Mendelssohn / Mozart / Tchaikovsky / Villa-Lobos

*chefe de naipe **assistente de chefe de naipe ***chefe/assistente substituto ****músico convidado

50

51

Clássicos no Parque 16 de setembro domingo, 15h30 Inhotim Marcos Arakaki, regente Berlioz / Tchaikovsky / Saint-Saëns / Mendelssohn Festival Tinta Fresca concerto de encerramento 20 de setembro quinta-feira, 20h30 SESC Palladium Marcos Arakaki, regente Programa a ser anunciado Série Vivace 25 de setembro terça-feira, 20h30 Palácio das Artes Marcos Arakaki regente Sonia Rubinsky piano Nobre / Villa-Lobos / Beethoven Vale Câmara 27 de setembro quinta-feira, 19h30 e 21h Memorial Minas Gerais Vale Quinteto de sopros Lacerda / Mendelssohn / Ravel / Johann Strauss Concertos para a Juventude 30 de setembro domingo, 11h SESC Palladium Marcos Arakaki, regente Ravi Shankar, oboé Dvorák / Ginastera / Bach / Saint-Saëns / Ravel


aParelHos celUlares

Confira e não se esqueça, por favor, de desligar o seu celular ou qualquer outro aparelho sonoro.

A Filarmônica é toda sua.

tosse

Perturba a concentração dos músicos e da plateia. tente controlá-la com a ajuda de um lenço ou pastilha. aPlaUsos

PatrocÍNIO

aplauda apenas no final das obras, que, muitas vezes, se compõem de dois ou mais movimentos. veja no programa o número de movimentos e fique de olho na atitude e gestos do regente. PoNtUalidade

Uma vez iniciado um concerto, qualquer movimentação perturba a execução da obra. Seja pontual e respeite o fechamento das portas após o terceiro sinal. Se tiver que trocar de lugar ou sair antes do final da apresentação, aguarde o término de uma peça.

Apoio Cultural

criaNÇas

Caso esteja acompanhado por crianças, escolha assentos próximos aos corredores. assim, você consegue sair rapidamente se ela se sentir desconfortável.

Divulgação

Fotos e gravaÇÕes eM ÁUdio e vÍdeo

não são permitidas na sala de concertos. coMidas e BeBidas

APOIO INSTITUCIONAL

Seu consumo não é permitido no interior da sala de concerto.

CUIDE DO SEU PROGRAMA DE CONCERTOS

w w w. i n c o n f i d e n c i a . c o m . b r

o programa mensal impresso é elaborado com a participação de diversos especialistas e objetiva oferecer uma oportunidade a mais para se conhecer música, compositores e intérpretes. desfrute da leitura e estudo.

REALIZAÇÃO

foto | rafael Motta

Solicitamos a todos que evitem o desperdício, pegando apenas um programa por mês. Se você vier a mais de um concerto no mês, traga o seu programa ou, se o esqueceu em casa, use o programa entregue pelas recepcionistas e devolva-o, depositando-o em uma das caixas colocadas à saída do Grande teatro. o programa se encontra também disponível em nosso site: www.filarmonica.art.br.


“Não tenho pala som produzido pela F dizer que nunca escu que foi a experiência que eu já www.filarmonica.art.br R. Paraíba, 330 | 120 andar | Funcionários CEP 30130-917 | Belo Horizonte | MG Tel. 31 3219 9000 | Fax 31 3219 9030 contato@filarmonica.art.br

REALIZAÇÃO


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