unidos pela música F I L A R M Ô N I C A E VO C Ê
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Ministério da Cultura e Governo de Minas apresentam
SUM ÁRIO PÁG.
SÉRIE ALLEGRO 4 DE JULHO FABIO MECHETTI, regente LILYA ZILBERSTEIN, piano
Verdi As vésperas sicilianas: Abertura Prokofieff Concerto para piano nº 3 em Dó maior, op. 26 Wagner O Navio Fantasma: Abertura Strauss O Cavaleiro da Rosa, op. 59: Suíte
PÁG.
SÉRIE VIVACE 16 DE JULHO FABIO MECHETTI, regente ELIANE COELHO, soprano EDUARDO VILLA, tenor DENIS SEDOV, baixo
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Wagner Lohengrin: Prelúdio do Ato I Wagner O Ouro do Reno: Entrada dos deuses em Valhalla Wagner A Valquíria: Ato I PÁG.
SÉRIE ALLEGRO 25 DE JULHO
foto de capa rafael motta ilustrações mariana simões
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FABIO MECHETTI, regente MARIANA ORTIZ, soprano ELISE QUAGLIATA, mezzo-soprano FERNANDO PORTARI, tenor DENIS SEDOV, baixo CORAL LÍRICO DO THEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO MÁRIO ZACCARO, regente CORAL LÍRICO DE MINAS GERAIS LINCOLN ANDRADE, regente
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Verdi Messa da Requiem
Caros amigos e amigas, O inverno chegou e com ele a Filarmônica encara uma das épocas mais intensas de toda a temporada, apresentando no mês de julho três concertos memoráveis. O primeiro deles conta com a participação da pianista Lilya Zilberstein, que retorna a Belo Horizonte para executar o famoso e querido Concerto nº 3 de Sergei Prokofieff. Nessa mesma oportunidade damos início às celebrações dos 200 anos de Giuseppe Verdi e de Richard Wagner. Os dois compositores serão retratados no primeiro concerto do mês com duas vigorosas aberturas sinfônicas advindas de significativas óperas das primeiras fases dos gênios líricos românticos. Já em meados de julho teremos a oportunidade de apresentar um concerto totalmente dedicado a Wagner, incluindo uma versão completa em forma de concerto do primeiro ato de A Valquíria, a segunda ópera que compõe a tetralogia de O Anel do Nibelungo. Recebemos com carinho nossa grande diva Eliane Coelho, amparada pelo tenor Eduardo Villa e o baixo Denis Sedov. Um dos concertos mais antecipados da temporada será apresentado no final de julho, quando quatro solistas de gabarito internacional, os corais líricos de Minas Gerais e do Theatro Municipal de São Paulo se unem para interpretar o monumental e dramático Requiem de Giuseppe Verdi. A Messa da Requiem será apresentada duas noites seguidas no Palácio das Artes. Ainda neste mês a Filarmônica de Minas Gerais participa dos Festivais de Campos do Jordão e de Juiz de Fora, além da série de concertos internacionais realizada anualmente em Paulínia. Aproveitamos a oportunidade para divulgar o lançamento de nosso primeiro CD comercial, que simboliza mais um marco importante na história de nossa Orquestra. Convidamos todos a se deixarem aquecer pelos belos sons de nossa Orquestra, tanto ao vivo no Grande Teatro, quanto, agora, no aconchego de seus lares.
FOTO EUGÊNIO SÁVIO
Obrigado.
FA B I O M E C H E T T I Diretor Artístico e Regente Titular Orquestra Filarmônica de Minas Gerais
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Natural de São Paulo, Fabio Mechetti é Diretor Artístico e Regente Titular da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais desde sua criação, em 2008. Por esse trabalho, recebeu o XII Prêmio Carlos Gomes/2009 na categoria Melhor Regente brasileiro. É também Regente Titular e Diretor Artístico da Orquestra Sinfônica de Jacksonville (EUA) desde 1999. Foi Regente Titular da Orquestra Sinfônica de Syracuse e da Orquestra Sinfônica de Spokane, da qual é, agora, Regente Emérito. Foi regente associado de Mstislav Rostropovich na Orquestra Sinfônica Nacional de Washington e com ela dirigiu concertos no Kennedy Center e no Capitólio norte-americano. Da Orquestra Sinfônica de San Diego foi Regente Residente. Fez sua estreia no Carnegie Hall de Nova York conduzindo a Orquestra Sinfônica de Nova Jersey e tem dirigido inúmeras orquestras norteamericanas, como as de Seattle, Buffalo, Utah, Rochester, Phoenix, Columbus, entre outras. É convidado frequente dos festivais de verão nos Estados Unidos, entre eles os de Grant Park em Chicago e Chautauqua em Nova York. Realizou diversos concertos no México, Espanha e Venezuela. No Japão dirigiu as Orquestras Sinfônicas de Tóquio, Sapporo e Hiroshima. Regeu também a Orquestra Sinfônica da BBC da Escócia, a Filarmônica de Auckland, Nova Zelândia, e a Orquestra Sinfônica de Quebec, Canadá. Vencedor do Concurso Internacional de Regência Nicolai Malko, na Dinamarca, Mechetti dirige regularmente na Escandinávia, particularmente a Orquestra da Rádio Dinamarquesa e a de Helsingborg, Suécia. Recentemente fez sua estreia na Finlândia dirigindo a Filarmônica de Tampere. Em 2013, estreou na Itália conduzindo a Orquestra Sinfônica de Roma. No Brasil foi convidado a dirigir a Sinfônica Brasileira, a Estadual de São Paulo, as orquestras de Porto Alegre e Brasília e as municipais de São Paulo e do Rio de Janeiro.
DIRETOR ARTÍSTICO E REGENTE TITULAR
Igualmente aclamado como regente de ópera, estreou nos Estados Unidos dirigindo a Ópera de Washington. No seu repertório destacam-se produções de Tosca, Turandot, Carmen, Don Giovanni, Cosi fan Tutte, Bohème, Butterfly, Barbeiro de Sevilha, La Traviata e As Alegres Comadres de Windsor. FOTO ANDRÉ FOSSATI
fabio MECHETTI
Trabalhou com artistas como Alicia de Larrocha, Thomas Hampson, Frederica von Stade, Arnaldo Cohen, Nelson Freire, Emanuel Ax, Gil Shaham, Midori, Evelyn Glennie, Kathleen Battle, entre outros.
Fabio Mechetti recebeu títulos de mestrado em Regência e em Composição pela prestigiosa Juilliard School de Nova York.
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Q U I N T A F E I R A
GR A NDE TE ATRO DO PAL ÁCIO DA S AR TE S, 20H30
SÉRIE ALLEGRO FABIO MECHETTI, regente LILYA ZILBERSTEIN, piano
PROGRAMA Giuseppe VERDI
As vésperas sicilianas: Abertura [9 min] BICENTENÁRIO DE NASCIMENTO DE GIUSEPPE VERDI
Sergei PROKOFIEFF
Concerto para piano nº 3 em Dó maior, op. 26 [27 min] Andante – Allegro Andantino Allegro ma non tropo
LILYA ZILBERSTEIN
solista intervalo
FOTO EUGÊNIO SÁVIO
Richard WAGNER
O Navio Fantasma: Abertura [11 min] BICENTENÁRIO DE NASCIMENTO DE RICHARD WAGNER
Richard STRAUSS
O Cavaleiro da Rosa, op. 59: Suíte [22 min]
lilya ZILBERSTEIN
S É R IE A L L E GR O, 04 DE JUL HO
Desde que venceu o primeiro prêmio na Competição Internacional de Piano Busoni, em 1987, Lilya Zilberstein estabeleceu-se como uma das melhores pianistas do mundo. Na América do Norte, ela se apresentou com orquestras como as de Chicago, Colorado, Dallas, Flint, Harrisburg, Indianápolis, Jacksonville, Kalamazoo, Milwaukee, Montreal, Omaha, Quebec, Oregon, Saint Louis, Flórida e Pacific Symphony, para citar algumas. Na Europa e na Ásia, apresentou-se com as filarmônicas de Berlim, Tcheca, de Helsinki e de Moscou; com a Dresden Staatskapelle, Leipzig Gewandhaus, Royal Philharmonic, NHK Symphony e RAI Symphony; as sinfônicas de Londres, Taipei e Viena e a Orquestra La Scala. Suas participações em festivais incluem Lugano, Península, Chautauqua e Mostly Mozart, em Nova York e no Japão. Na temporada 2011/2012, Lilya executou performances em Alicante, Pequim, Belgrado, Berlim, Hungria, Lucca, Lucerna, Lyon, Padova, Palermo e Siena. A partir da temporada 2012/2013, assumiu o posto de artista em residência na Filarmônica de Stuttgart.
FOTO LISA KOHLER
Conhecida como uma distinta colaboradora, Lilya já se apresentou em inúmeros recitais ao lado de Martha Argerich. Além de suas performances belíssimas na Noruega, França, Itália e Alemanha, um CD com as Sonatas de Brahms para dois pianos foi lançado em 2003 por Lilya e Martha. Colaborações recentes incluem turnês nos Estados Unidos, Canadá e Europa com o violinista russo Maxim Vengerov. O disco Martha Argerich and Friends: Live from the Lugano Festival (EMI) traz a Sonata nº 3 para violino e piano de Brahms executada por Lilya e Maxim; o CD foi indicado ao Grammy de melhor álbum de música clássica e melhor música de câmara.
(...) a incrível pianista russa Lilya Zilberstein tocou com brilho extraordinário, segurança e precisão absolutas (...) nada a perturbou. [Concerto para Piano nº 3 de Prokofieff] BOSTON GLOBE, ESTADOS UNIDOS
Dentre as diversas gravações de Lilya Zilberstein para o selo Deutsche Grammophon estão os Concertos nos 2 e 3 de Rachmaninoff com Claudio Abbado e a Filarmônica de Berlim; o Concerto de Grieg com Neeme Järvi e a Sinfônica de Göteborg e trabalhos solo de Rachmaninoff, Shostakovich, Mussorgsky, Liszt, Schubert, Brahms, Debussy, Ravel e Chopin. Nascida em Moscou, Lilya formou-se no Gnessin Pedagogical Institute. Além da medalha de ouro na competição Busoni, obteve primeiro lugar na Accademia Musicale Chigiana, em Siena, Itália, ao lado de vencedores como Gidon Kremer, Anne-Sophie Mutter e Esa-Pekka Salonen. Mudou-se para Hamburgo em 1990, onde mora com o marido e dois filhos. Lilya foi nomeada professora visitante na Hamburg Musikhochschule em 2009.
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S É R IE A L L E GR O, 04 DE JUL HO
giuseppe VERDI ITÁLIA, 1813 – 1901
As vésperas sicilianas: Abertura (1855) Instrumentação: Piccolo, flauta, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 4 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, cordas.
PARA OUVIR
CD Verdi – Famous overtures – Orchester and Choir of the Budapest State Opera – Josif Conta, regente – Movieplay do Brasil – 1988 PARA LER
Marcílio Sabba – Vida de Verdi – Antônio Teles de Vasconcelos, tradutor – Atena Editora – 1959
Nascido em Le Roncole, filho de modesto estalajadeiro rural, Verdi é atualmente o mais representado dos compositores de ópera. Da pequena aldeia italiana aos palcos internacionais, sua vertiginosa trajetória acompanhou-se de uma constante e coerente evolução artística: Verdi manteve-se criativo e inovador até a velhice. Aos nove anos, o menino Giuseppe já era o organista da aldeia. Aos dezoito, suas notáveis aptidões musicais impressionaram o presidente da Sociedade Filarmônica de Busseto, uma cidade vizinha. Esse abastado comerciante, Antonio Barezzi, acolheu o jovem músico em sua casa e decidiu custear-lhe a educação musical, enviando-o para Milão. Verdi casouse com a filha de Barezzi e uma admirável amizade, sedimentada em mútua admiração, uniu sogro e genro por toda a vida. Na grande cidade, o jovem compositor frequentava assiduamente os teatros de óperas. Tinha vinte anos e, considerado velho demais para ingressar no Conservatório de Milão, escolheu ter aulas particulares com Vincenzo Lavigna (discípulo de Paisiello, operista italiano do século XVIII), que o aproximou ainda mais do meio operístico. Ao todo, Verdi escreveu 26 óperas, além de música religiosa e coral. Seus primeiros títulos, Oberto e Un giorno di regno, são ainda bem convencionais; mas Nabucco, de 1842, mesmo sem romper radicalmente com o passado,
O convite para compor para a Opéra de Paris significou para Verdi um desafio de renovação. (...) Do alto da fama, Verdi entrava corajosamente em nova fase experimental, e o resultado enriqueceu ainda mais sua notável bagagem artística. atinge uma linguagem dramática muito pessoal que o compositor saberá desenvolver com sabedoria em uma sequência de obras-primas. Na década de 1850, com o sucesso da trilogia formada pelas óperas Rigoletto, II Trovatore e La Traviata, a fama de Verdi ultrapassa as fronteiras italianas com a encomenda de As vésperas sicilianas pela Opéra de Paris (mais tarde, ele escreveria A força do destino para a Ópera de São Petersburgo e Aída para as festas da inauguração do canal de Suez). O enredo relata a ocupação de Palermo, em 1282, pelas tropas francesas do governador Monfort. Liderados pelo bravo Procida, dois jovens apaixonados, Helena e Arrigo, lutam pela libertação da Sicília. A Abertura de As vésperas sicilianas é uma das poucas peças de Verdi incorporadas ao repertório sinfônico. Seus temas são todos tirados da ópera. Assim, a melodia da breve introdução, reservada ao clarinete e aos fagotes, é ouvida no final do quarto ato, quando os monges entoam o De profundis que acompanha os conjurados ao suplício. A famosa ária de Helena (do primeiro ato) é confiada à flauta, no Largo inicial da Abertura. O rufar de tambor que anuncia com violência o Allegro agitato antecipa o massacre do final da ópera. E a melodia intensamente lírica que os violoncelos cantam a seguir reaparecerá em uma das passagens fundamentais do terceiro ato. No todo, a Abertura cria uma atmosfera de tensão angustiante. O convite para compor para a Opéra de Paris significou para Verdi um desafio de renovação. Composta em francês sobre um libreto de Eugène Scribe e Charles Duveyrier, As vésperas sicilianas é uma obra tipicamente francesa (mesmo se executada em sua tradução italiana). O compositor deveria, portanto, submeter-se às exigências habituais do gênero: cinco atos, dois bailados, nova concepção de instrumentação e um enredo que valorizava mais as situações dramáticas que os personagens. Do alto da fama, Verdi entrava corajosamente em nova fase experimental, e o resultado enriqueceu ainda mais sua notável bagagem artística. PAULO SÉRGIO MALHEIROS DOS SANTOS Pianista, Doutor em Letras pela PUC Minas, professor na Universidade do Estado de Minas Gerais, autor do livro Músico, doce músico.
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S É R IE A L L E GR O, 04 DE JUL HO
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PROKOFIEFF
UCRÂNIA, 1891 – RÚSSIA, 1953
Concerto para piano nº 3 em Dó maior, op. 26 (1921) Instrumentação: Piccolo, 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes, 3 trombones, tímpanos, percussão, cordas.
PARA OUVIR
CD Byron Janis II – Great Pianists of the 20th Century – 51 – Orquestra Filarmônica de Moscou – Kirill Kondrashin, regente – Gravado no Conservatório de Moscou, Mercury, 1962 – Philips Classics – 1999 PARA LER
David Nice – Prokofiev, a Biography: from Russia to the West 1891–1935 – Yale University Press – 2003
Após um aprendizado rigoroso no Conservatório de São Petersburgo, em 1918 Sergei Prokofieff deixou a Rússia revolucionária para realizar uma extensa turnê pela América do Norte. O Concerto em Dó maior é a principal obra sinfônica dos quatro anos em que ele viveu como um compositor “bolchevique” nos Estados Unidos. As primeiras ideias datam de 1911. O segundo movimento baseia-se num tema e variações projetados em 1913 e integrados ao esboço geral no decorrer de férias na Bretanha, em 1916. São desse período partes do primeiro movimento. E muito do allegro scherzando final provém de um quarteto de cordas abandonado em 1921, quando, de novo na França, esses elementos se agregaram num conjunto. Ao estrear em Chicago em 16 de dezembro de 1921, com o compositor ao piano e a Chicago Symphony sob a regência de Frederick Stock, o opus 26 foi saudado como “o mais belo concerto moderno para piano”. Um mês depois, o autor executou-o com o amigo Albert Coates e a New York Symphony em Manhattan. Recebido com frieza na ilha, preso a empresários, Prokofieff via-se forçado a circular como intérprete de Schumann, Chopin e Rachmaninov, inserindo uma ou outra de suas composições como encore ao final dos concertos. Ele conta em suas memórias: "Quando vagava nos parques enormes do centro de Nova York a olhar os arranha-céus que os dominam, pensava com raiva fria
Prokofieff esteve onde estiveram as grandes reviravoltas da primeira metade do século XX. A possibilidade de compor e ser executado determinou suas escolhas. O quanto sua arte ganhou ou perdeu com elas é assunto para debate. nas maravilhosas orquestras americanas que não se ocupavam de minha música, nos críticos que repetiam mil vezes o que já fora dito – “Beethoven é um compositor genial” – e rejeitavam violentamente as novidades, nos empresários que organizavam longas turnês para artistas que interpretavam cinquenta vezes o mesmo programa de obras universalmente conhecidas. Eu havia chegado muito cedo (...)". No segundo pós-guerra, a primeira geração norte-americana de pianistas modernos – alunos de avós russos, de professores como Josef e Rosina Lhévinne, ou de uma pianista texana com um Samaroff de fantasia no nome – legou-nos um conjunto assombroso de interpretações desse Concerto: William Kapell com Leopold Stokowski e a PhilharmonicSymphony (RCA, 1949, no Carnegie Hall, ao vivo); Van Cliburn com Walter Hendl e a Chicago Symphony (RCA, 1960); Byron Janis com Kirill Kondrashin e a Filarmônica de Moscou (Mercury, 1962, Conservatório de Moscou); e Julius Katchen com István Kertész e a London Symphony (Decca, 1968). Prokofieff esteve onde estiveram as grandes reviravoltas da primeira metade do século XX. A possibilidade de compor e ser executado determinou suas escolhas. O quanto sua arte ganhou ou perdeu com elas é assunto para debate. O custo subjetivo do retorno à pátria emergiu em toda a sua crueza este ano (2013), com a publicação da tragédia de Lina Prokofiev, esposa do compositor, no livro Lina e Serguei: o amor e as guerras de Lina Prokofiev, de Simon Morrison (professor de história da música na Universidade de Princeton).
C A R L O S PA L O M B I N I Professor de Musicologia da Universidade Federal de Minas Gerais.
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S É R IE A L L E GR O, 04 DE JUL HO
richard
WAGNER
ALEMANHA, 1813 – ITÁLIA, 1883
O Navio Fantasma: Abertura (1843) Instrumentação: Piccolo, 2 flautas, 2 oboés, corne inglês, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, harpa, cordas.
PARA OUVIR
CD Wagner – Der fliegende Holländer (O navio fantasma) – Great Recordings of the Century (1968) – New Philharmonia Orchestra – Otto Klemperer, regente – EMI Classics – 2000 PARA LER
Barry Millington (org.) – Wagner: um compêndio – Jorge Zahar – 1995
Controverso como a ópera, Wagner foi amado por sua música e rejeitado por seu caráter. Certo ou errado, usou todos os recursos e a força avassaladora de seu talento para criar, e o resultado foi uma música inovadora, maravilhosa e elevada.
“Nobre e revolucionária, realista e sonhadora, séria até a tragédia, alegre e irônica até o ridículo, faz rir e chorar, é filosófica e vulgar, complicada e simples”, assim mostra-nos o historiador Kurt Pahlen os multiformes aspectos de um dos mais atraentes gêneros musicais de todos os tempos: a ópera. Dentre todos os que a ela se dedicaram, Richard Wagner é o que mais merece uma ópera narrando sua vida. Vida que, de acordo com o British Museum General Catalogue of Printed Books, rendeu mais livros do que as biografias de Bach, Beethoven e Mozart. Controverso como a ópera, Wagner foi amado por sua música e rejeitado por seu caráter. Forjar um novo e fantástico mundo sonoro e literário, baseado na obstinada intenção de criar um novo conceito de arte, a Gesamtkunstwerk – obra de arte total, estava para ele acima de qualquer obstáculo ou consideração ética na vida pessoal. Certo ou errado, usou conscientemente todos os recursos e a força avassaladora de seu talento para criar, e o resultado foi uma música inovadora, maravilhosa e elevada.
ou um fato que retorna) como base para seus dramas musicais, fundamentados na poesia (Wagner se denominou poeta-músico), mas também em pintura cenográfica, dança, arquitetura e efeitos especiais. Fonte geradora de tamanha façanha, Wagner se autoproclamava gênio universal e, dessa vez, estava inteiramente certo.
A partir de O Navio Fantasma, Wagner rompeu com a forma operística convencional. Passou a trabalhar com temas míticos e adotou um sistema próprio (ainda não teorizado naquela circunstância), em que utilizava a melodia contínua, os diálogos durchkomponierten – totalmente postos em música – e os leitmotiven (melodias condutoras que facilmente permitem ao ouvinte reconhecer uma personagem
Se Oscar Wilde disse que “a vida imita a arte”, também pode-se fazer uma analogia: o alemão errante Richard Wagner, em seu funeral numa gôndola sobre as águas de Veneza, velado por sua fiel Cósima (que abandonara Hans von Bülow), junto a Franz Liszt, seu pai; como Daland, pai de Senta, vê a filha se lançar ao mar para se juntar ao Holandês Errante, abandonando Erik, seu noivo.
Da mitologia marítima surgiu a figura do Holandês Voador, obrigado a vagar eternamente em seu navio fantasma por desafiar o destino, ao insistir em dobrar o tempestuoso Cabo das Tormentas. Fugindo de credores, Wagner e sua primeira esposa, Minna, haviam embarcado clandestinamente no navio Téthis e fizeram a travessia de Riga a Londres em meio a calmarias e tempestades. Em Mein Leben, sua autobiografia repleta de inventividade, Wagner inclui uma falsa passagem, na qual a tripulação do navio busca refúgio em um fiorde norueguês, mesclando, à versão da lenda de autoria de Heinrich Heine, sua própria vida: transportou o cenário da Escócia à Noruega, mudou o nome das personagens e se imaginou no papel do infeliz Holandês Errante, desgraçado por suas convicções e condenado a vagar até que o amor fiel da jovem Senta o libertasse. Na Abertura da ópera, Wagner expõe os dois motivos principais, resumindo o drama: o apelo dramático do marinheiro amaldiçoado – por meio de quatro trompas e dois fagotes e a seguir desenvolvido pela orquestra – e o motivo suplicante de Senta, apresentado pelo corne inglês, um fagote e trompa, em andante.
MARCELO CORRÊA Pianista, Mestre em Piano pela Universidade Federal de Minas Gerais e professor na Universidade do Estado de Minas Gerais.
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S É R IE A L L E GR O, 04 DE JUL HO
richard STRAUSS
ALEMANHA, 1864 – 1949
O Cavaleiro da Rosa, op. 59: Suíte (1945) Instrumentação: Piccolo, 3 flautas, 3 oboés, corne inglês, 3 clarinetes, requinta, clarone, 3 fagotes, contrafagote, 4 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, harpa, celesta, cordas. PARA OUVIR
CD Richard Strauss – Rosenkavalier suite, Intermezzo, Salome, Capriccio – Wiener Philharmoniker – André Previn, regente – Deutsche Grammophon – 1993 PARA ASSISTIR
Richard Strauss – Der Rosenkavalier (ópera completa) – The Royal Opera House, Convent Garden – Georg Solti, regente – Kultur – 2004 PARA LER
Michael Kennedy – Richard Strauss: man, musician, enigma – Cambridge University Press – 2006 Charles Coumans (ed.) – The Cambridge companion to Richard Strauss – Cambridge University Press – 2010
Richard Strauss foi um dos principais compositores alemães do final do século XIX e primeira metade do século XX, além de regente de destaque. Embora sua larga trajetória composicional abarque desde o Romantismo tardio até a música moderna, alternando períodos de grande inovação com momentos de retorno à música tradicional, Strauss sempre manteve intacta sua personalidade. Suas obras influenciaram profundamente os compositores do início do século XX. Dono de um catálogo vastíssimo, Strauss soube, como ninguém, ser bem-sucedido em quase todos os gêneros musicais. Na juventude ele abordou, principalmente, a canção e obras para piano solo. Aos poucos surgiram as composições para pequenos grupos instrumentais e os primeiros concertos. No final dos anos 1880 vieram os poemas sinfônicos: Strauss nos legou algumas das mais belas obras do gênero. No início do século XX dedicou-se principalmente à composição de óperas, sem deixar de abordar a sinfonia e o balé, nos momentos de pausa entre um sucesso e outro. Ao fim da vida, voltou-se aos gêneros preferidos da juventude: o concerto, a música de câmara e a canção. Antes de O Cavaleiro da Rosa, Strauss havia composto outras duas óperas de grande sucesso: Salomé (1905) e Elektra (1909). Ambas foram chocantes para o mundo da ópera, com seus temas desconcertantes e sua linguagem musical moderna e extremamente complexa
Não foram poucos os que se surpreenderam quando Strauss apresentou sua nova criação, O Cavaleiro da Rosa, em 1911: uma ópera cômica, recheada de situações burlescas e inverossímeis, cuja música se apoia, principalmente, na valsa. para a época. Portanto, não foram poucos os que se surpreenderam quando Strauss apresentou sua nova criação, O Cavaleiro da Rosa, em 1911: uma ópera cômica, recheada de situações burlescas e inverossímeis, cuja música se apoia, principalmente, na valsa. A guinada no estilo talvez se explique pela vida próspera que Strauss passou a ter após o sucesso de Salomé e Elektra. Com Salomé ele havia se tornado não apenas o mais famoso compositor vivo, como o mais rico de todos. Com o que recebia de direitos autorais, pôde realizar seu sonho de viver apenas para compor, embora fosse sempre solicitado a reger orquestras por toda a Alemanha. Se Salomé e Elektra foram compostas em grande parte enquanto Strauss e a família moravam na casa de seu sogro, O Cavaleiro da Rosa foi escrita em sua nova vila aos pés dos Alpes, na bucólica cidade de GarmischPartenkirchen. Na tranquilidade de sua sala de estudos, em uma grande mesa de carvalho, com vista para as montanhas, Strauss frequentemente dizia: “chegou a hora de escrever uma ópera mozartiana”. Era o fim dos anos de penúria, e o grande compositor, agora com quarenta e cinco anos, mudava radicalmente de estilo. O Cavaleiro da Rosa é um tributo de Strauss a Mozart. Trata-se de sua segunda parceria com Hugo von Hofmannsthal, escritor e dramaturgo vienense que escreveu também o libreto de Elektra e ainda viria a colaborar com o compositor nas óperas Ariadne em Naxos (1912), A mulher sem sombra (1913), A Helena egípcia (1928) e Arabella (1929). A ação de O Cavaleiro da Rosa se dá na Viena do século XVIII: a princesa Maria Teresa von Werdenberg (conhecida como Marechala, pelo seu casamento com o Marechal von Werdenberg), na casa dos trinta, tem um caso com Octavian, jovem cavalheiro de família nobre (papel cantado por uma mezzo-soprano, assim como o Cherubino, de As Bodas de Fígaro, de Mozart). Quando o caricato Barão Ochs auf Lerchenau conta à Marechala de seu amor por Sophie, ela lhe propõe que seja Octavian quem leve à jovem a rosa com a proposta de casamento. Octavian e Sophie apaixonam-se perdidamente e, desde então, têm início situações cômicas em que o par tenta esconder de todos o seu amor. Ao final, o romance é
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descoberto e a ópera termina com um belíssimo trio cantado por Octavian, Sophie e a Marechala, quando esta última cede o amante à rival, para que possam ser felizes.
GUIL HER ME NASCIMENTO Compositor, Doutor em Música pela Unicamp, professor da UEMG, autor dos livros Os sapatos floridos não voam e Música menor
FOTO RAFAEL MOTTA
Desde a estreia, vários trechos da ópera foram apresentados em concerto. O próprio Strauss arranjou suas sequências favoritas de valsas para serem apresentadas isoladamente. No entanto, a versão de concerto mais conhecida foi realizada nos Estados Unidos, em 1944, provavelmente pelo polonês Artur Rodziński, regente da Orquestra Filarmônica de Nova York (embora seu filho, Richard Rodziński, afirme que o arranjador da Suíte foi Leonard Bernstein, regente assistente de seu pai, à época). A Suíte O Cavaleiro da Rosa, op. 59, coletânea de alguns dos melhores trechos da ópera, teve sua primeira audição em outubro de 1944, pela Orquestra Filarmônica de Nova York, sob a regência de Artur Rodziński. Richard Strauss, sem dinheiro após a Segunda Guerra Mundial, concordou com a publicação da Suíte, no ano seguinte.
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T E R Ç A F E I R A
GR A NDE TE ATRO DO PAL ÁCIO DA S AR TE S, 20H30
SÉRIE VIVACE FABIO MECHETTI, regente ELIANE COELHO, soprano EDUARDO VILLA, tenor DENIS SEDOV, baixo
PROGRAMA
BICENTENÁRIO DE NASCIMENTO DE RICHARD WAGNER
Richard WAGNER
Lohengrin: Prelúdio do Ato I [8 min]
Richard WAGNER
O Ouro do Reno: Entrada dos deuses em Valhalla [9 min]
FOTO EUGÊNIO SÁVIO
intervalo
Richard WAGNER
A Valquíria: Ato I [65 min]
eliane COELHO
S É R IE V I VA C E , 16 DE JUL HO
Das brasileiras, Eliane Coelho é a que faz uma das mais brilhantes carreiras no exterior. Carioca, diplomou-se na Escola Superior de Música e Teatro de Hannover. De 1983 a 1991 esteve contratada pela Ópera de Frankfurt e, em seguida, pela Ópera de Viena, na qual é estrela desde 1991. Em 1998, recebeu o título austríaco de Kammersängerin e a cidadania austríaca. No prestigioso espaço vienense atua em numerosos espetáculos, como Maria Stuart, Tosca, Idomeneo (Electra), Otello (Desdemona), Aida, Jerusalem (Helène), Madame Butterfly, Fedora, Herodiade (Salomé), entre outros. Ao longo de sua carreira tem cantado grandes papéis em óperas, como a Tosca regida pelo maestro Zubin Metha; Jerusalem com José Carreras e Samuel Ramey; Vespri Siciliani com Bruson e Furlanetto; Stiffelio, Il Trovatore (Leonora), Madame Butterfly e ainda La Bohème em Tóquio e Arabella em Tel Aviv, onde recentemente cantou o Requiem de Verdi com a Filarmônica de Israel sob a regência de Zubin Metha.
FOTO TERRY VIENA
Em Manaus Eliane Coelho fez Isolda em 2011 e Tosca em 2012.
A maior diva brasileira da música lírica, a mais completa desde Bidu Sayão. WWW.JB.COM.BR, BRASIL
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eduardo VILLA
S É R IE V I VA C E , 16 DE JUL HO
Eduardo Villa é um dos tenores mais procurados e versáteis do mundo. Possui um repertório bastante vasto – o que não é muito comum –, que vai de Nemorino a Otello, e experiência nas principais casas de ópera da Europa e da América do Norte. É convidado regular do Metropolitan Opera e subiu aos palcos interpretando papéis de protagonistas como Don Carlo e Ernani, Radames em Aida, Rodolpho em Luisa Miller, Don Jose em Carmen, Pinkerton em Madame Butterfly, Turiddu em Cavalleria Rusticana, Canio em Il Pagliacci e Enzo em La Gioconda. Eduardo Villa apresentou-se na América do Norte na Opera Orchestra de Nova York, Opera Hamilton, Opera Company of Philadelphia, Opera Pacific, Michigan Opera Theater, Austin Lyric Opera, Houston Grand Opera, Opera Grand Rapids, Fresno Grand Opera, Florida Grand Opera e ainda em Connecticut, Vancouver, New Orleans, Arizona, Atlanta, Toledo, Boston, Tulsa e Michigan. Cantou Riccardo na Croácia e estreou na Austrália como Radames.
FOTO DIVULGAÇÃO
Na Europa, é convidado regular da Bavarian State Opera, Ópera Nacional Finlandesa, Gelsenkirchen, Deutsche Oper Berlin, das óperas de Paris, de Roma, de Stuttgart, de Nantes e de Nimes, Teatro Basel, Teatro Nacional Mannheim, do Festival de Heidenheim, do Teatro Massimo e em Frankfurt e Colônia.
O tenor heroico foi o adorno primeiro da performance. Sua voz grande e ensolarada tinha reservas de poder e beleza tonal genuína. Com genial presença de palco, ele cantou com amplitude penetrante e grande senso de estilo. HARTFORD COURANT, ESTADOS UNIDOS
Seu repertório inclui Jacopo em I Due Foscari, Calaf em Turandot, o papel título em Otello e em Os Contos de Hoffman, Riccardo em Um Baile de Máscaras, Enzo em La Gioconda, Edgardo em Lucia di Lammermoor, Calaf em Otello, Manrico em Il Trovatore, Cavaradossi em Tosca, Alfredo em La Traviata, Manrico e Alfred em Die Fledermaus, Turiddu, Rodolfo, o duque em Rigoletto, Canio, Edgardo, Nemorino em Elixir do Amor, o tenor italiano em Der Rosenkavalier, Der Junge Lord, Macduff em Macbeth, Fenton em Falstaff, Rodolfo em La Bohème, Alfred em Die Fledermaus, des Grieux em Manon, Mylio em Le Roi D'ys, Flamand em Capriccio, tenor solista no Requiem de Verdi, Messa di Requiem de Donizetti e Il Corsaro. Aparições notáveis em concertos na América do Norte incluem o Requiem de Verdi com a Columbus Symphony e o Los Angeles Master Chorale e concertos de gala com as sinfônicas de Dallas e da Pasadena. Natural da Califórnia, Eduardo Villa venceu audições no Metropolitan Opera e na Loren L. Zachary Opera. Começou seus estudos como violinista e, na Santa Barbara City College, concentrou sua atenção na interpretação em musicais. Mais tarde, passou a estudar ópera na University of Southern California.
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denis SEDOV
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Com sua voz e presença marcantes, Denis Sedov estreou recentemente na Royal Opera House como Fígaro em As Bodas de Fígaro e Leporello em Don Giovanni, sob a batuta de Riccardo Muti no Teatro alla Scala, e também Colline em La Bohème na Ópera de Paris. Interpretou Giorgio em I Puritani com a Ópera de Seattle, Frei Lourenço em Roméo et Juliette com a Ópera de Montréal e Colline em La Bohème com a Sinfônica de Atlanta sob a regência de Robert Spano. A Oitava Sinfonia de Mahler Sedov interpretou com a Sinfônica de Québec; foi Nourabad em Os Pescadores de Pérolas com a Ópera Nacional de Washington e Zoroastro em Orlando de Handel com a orquestra Al Ayre Español. Denis Sedov já se apresentou na Ópera de Paris, na Opéra Comique, no Gran Teatre del Liceu em Barcelona, no Théatre de la Monnaie, na Ópera de Montreal, Carnegie Hall, Teatro Colón, Atlanta Opera, Palm Beach Opera, Vancouver Symphony e Associacion Gayarre Amigos de la Opera, em Pamplona. Apresentou-se também no Chile, na Argentina, no Japão e com as principais orquestras israelenses.
FOTO PAVEL ANTONOV
O artista gravou para o selo Deutsche Grammophon Ariodonte de Handel com Les Musiciens du Louvre, sob direção de Marc Minkowski. Para o mesmo selo gravou o papel de Soliony na estreia mundial de Trois Soeurs de Peter Eötvös e Frei Lourenço em Roméo et Juliette com a Orquestra de Cleveland dirigida por Pierre Boulez. Em DVD, gravou a Sinfonia nº 8 de Mahler com a Orquestra de Paris e regência de Christoph Eschenbach.
[Denis Sedov é] grande e dominador, dono de um físico esplêndido e uma voz à altura, capaz de seduzir tanto com a voz como com a presença. OPERA NEWS, ESTADOS UNIDOS
Como solista em concertos, Denis Sedov interpretou o Elias de Mendelssohn e A Infância de Cristo, de Berlioz, no Festival Spoleto dos Estados Unidos. Participou da apresentação da Nona Sinfonia de Beethoven, conduzida por Seiji Ozawa, durante as olimpíadas de inverno do Japão, em 1998. Apresentações recentes incluem Colline em La Bohème e Ludovico em Otello na Ópera de Cincinnati; Raimundo, em Lucia di Lammermoor, com a Ópera de Pittsburgh; Frei Lourenço em Romeu e Julieta, no Teatro Giuseppe Verdi de Salerno; Gremin em Eugene Onegin com a Ópera de Cincinnati; The Bells, de Rachmaninoff, com a Orquestra do Palau de la Musica, em Valencia, e Ivan, o Terrível, de Prokofieff, com a Orquestra Filarmônica de Málaga. Natural de St. Petersburg, Denis Sedov graduou-se na Jerusalem Academy. Participou do Young Artist Program do Metropolitan Opera, onde fez a sua estreia como Nicola em Fedora, ao lado de Placido Domingo e Mirella Freni.
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richard
WAGNER
ALEMANHA, 1813 – ITÁLIA, 1883
Lohengrin: Prelúdio do Ato I (1848) Instrumentação: 3 flautas, 2 oboés, corne inglês, 2 clarinetes, clarone, 3 fagotes, 4 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, cordas.
O Ouro do Reno: Entrada dos deuses em Valhalla (1854) Instrumentação: 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, harpa, cordas.
A importância histórica e a importância estética de Richard Wagner são inegáveis. Tanto é assim, que boa parte das gerações que imediatamente o sucederam poderiam se agrupar, dicotomicamente, ao menos em um primeiro relance de olhos, em wagnerianos e antiwagnerianos. No entanto, numa perspectiva mais aprofundada, vê-se que mesmo nos antiwagnerianos, confessos ou proclamados, a sua música (e sua figura) causaram um impacto cuja ascendência se instala em maior ou menor grau. Assim, poderíamos colocar, de um lado, Schoenberg e a Segunda Escola de Viena (e, antes deles, por exemplo, Mahler), cujas propostas estéticas e cujo trabalho com a linguagem musical absorvem grande parte das “ousadias” wagnerianas, levando-as a graus exponenciais. De lado diametralmente oposto, poderíamos situar, por exemplo, Debussy, que chegou a dizer, mais ou menos querendo declarar a sua própria proposta estética, que a música de Wagner se tratava de “um belo pôr do sol que se tomou por uma aurora”. Se, contudo, pode-se dizer que Wagner não foi exatamente um inovador no plano da escrita musical e no uso do sistema musical existente, pode-se com folga afirmar que ele levou ambos a recursos até então insuspeitos, adaptandoos a uma função dramática contínua. Sua orquestra não difere muito da de Beethoven ou de Liszt, mas é amplificada e acrescida de algumas “novidades” (como o trompete baixo, ou a tuba wagneriana), e tratada em
Em 1851 Wagner publica um grande ensaio: Ópera e Drama. Aí ele define o que chama de “trabalho artístico do futuro”, em que música, poesia e artes visuais devem se fundir numa única manifestação, a que ele nomeia Drama Musical. combinações que constituem uma pesquisa timbrística constante. Mesmo no plano melódico (e em seu consequente resultado harmônico) tampouco pode-se dizer que Wagner tenha sido exatamente inovador. Mas a audácia de sua exploração dos cromatismos, que desequilibra a estabilidade harmônica, adiando incessantemente as resoluções, já pode ser vista como um anúncio da emancipação da dissonância, que abriu as portas do século XX para a Música Ocidental. Essa mobilização importante dos extremos do Sistema Tonal traduz-se numa novidade estética que, direta ou indiretamente, acaba por atingir, paradoxalmente, tanto seus seguidores quanto seus opositores.
O DRAMA MUSICAL WAGNERIANO
A obra de Wagner se destina quase integralmente ao teatro musical. Também nesse aspecto a sua figura e sua obra são determinantes e geram partidarismos ou reações. Em 1851 Wagner publica um grande ensaio: Ópera e Drama. Aí ele define o que chama de “trabalho artístico do futuro”, em que música, poesia e artes visuais devem se fundir numa única manifestação, a que ele nomeia Drama Musical. Nietzsche chega a afirmar que o drama musical wagneriano viria para substituir (ou restaurar) a Tragédia Grega. Thomas Mann afirmaria, por sua vez, que uma tal proposta não poderia partir de um músico nato: se a complementaridade das artes é própria do teatro musical, a sua “fusão” implicaria uma espécie de “sincretismo” a que a música, por sua própria natureza, se recusaria. Wagner, porém, faz dessa proposta um mito (ou, antes, uma utopia) que, alcançável ou não, organiza (ainda hoje) seus seguidores ou admiradores numa espécie de liturgia cuja expressão máxima são os festivais de Bayreuth. Com esse mito, porém, crendo poder estabelecer o primado do drama, Wagner acabou por estabelecer na música o seu primado. É ela que conduz o enredo, que define os caracteres, que sustenta as situações psicológicas. O recurso do leitmotiv, trecho melódico associado a
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A Valquíria: Ato I (1856) Instrumentação: 2 piccolos, 2 flautas, 3 oboés, corne inglês, 3 clarinetes, clarone, 3 fagotes, 8 trompas, 4 trompetes, 4 trombones, tuba, 2 tímpanos, 2 harpas, cordas.
PARA OUVIR
CD Richard Wagner – Orchestral Works – Royal Philharmonic; London Philharmonic – Leopold Stokowski, regente – RCA – 2004 CD Richard Wagner – Die Walküre – Orquestra do Festival de Bayreuth – Karl Böhm, regente – DECCA – 2011 PARA LER
Roland de Candé – História Universal da Música – Vol. II – Eduardo Brandão, tradutor – Martins Fontes – 1994 Bryan Magee – Aspects of Wagner – Oxford University Press – 1988
determinadas personagens, a determinadas situações ou a determinados elementos do enredo, estabelece, no plano musical, associações psicológicas cujas reminiscências acabam por funcionar como fator de unidade em suas obras (e mesmo entre elas). O uso desses motivos carregados de simbolismo não é exatamente uma novidade na História da Música. Mas a sua aplicação sistemática, levada ao máximo na Tetralogia O Anel do Nibelungo (saga épica fundamentada na mitologia nórdica e germânica, cujo libreto Wagner mesmo escreve e cujo enredo tem por centro narrativo a luta pela posse de um anel mágico, forjado pelo anão Alberich, feito de ouro do Rio Reno), institui, na sua obra, uma importância fundamental para a parte orquestral. Não é de se admirar, portanto, que os trechos puramente orquestrais de suas óperas tenham tanta importância. Poder-se-ia mesmo dizer (ainda que tendenciosamente) que eles traduzem de maneira sintética aquilo que é disperso no todo de suas obras.
O PAPEL DOS TRECHOS ORQUESTRAIS
Todo esse planejamento cuidadoso para a organização de sua estética define-se, porém, bem antes do Anel, já com Lohengrin (estreada em Weimar, em 1850), ópera que demarca a afirmação de sua postura. Lohengrin, cavaleiro do Santo Graal, é filho de Parsifal, personagem central da última das óperas de Wagner. No Prelúdio do Primeiro Ato, Wagner já se mostra consciente do papel fundamental que as passagens instrumentais de suas obras desempenham. Num comentário um tanto floreado desse trecho, o próprio Wagner descreve a cena quase cinematográfica da aproximação da visão do Graal, sustentado por um conjunto de anjos. O Graal se aproxima
lentamente, e sua glória, que se mostra cada vez maior, causa êxtase naquele que o contempla. Nesse sentido, o aspecto não propriamente descritivo, mas dramático, desse prelúdio, adere plenamente às proposições estéticas do drama musical wagneriano. O Ouro do Reno e A Valquíria são as duas primeiras óperas (em ordem cronológica do enredo, mas não em ordem cronológica de composição) de O Anel do Nibelungo, composto entre 1848 e 1874, e estreado integralmente em Bayreuth, em 1876. O Ouro do Reno, porém, foi estreado em Munique, em 1869. Da mesma forma que o Prelúdio de Lohengrin, a Entrada dos deuses em Valhalla contempla a função dramática que os trechos orquestrais, nas óperas de Wagner, cumprem. Situado nos momentos finais da ópera, esse trecho adere à cena da entrada de Wotan, que lidera outros deuses da mitologia nórdica em direção à sua nova morada, cruzando uma ponte de arco-íris. Embora na cena da ópera propriamente dita esse trecho inclua a participação dos cantores, é de se notar que a sua versão puramente orquestral cumpre perfeitamente o papel teatral a que se destina. Estreada em 1870, A Valquíria é mais comumente associada à cena do terceiro ato chamada de A Cavalgada das Valquírias. No entanto, igualmente importante é seu prelúdio, cujo papel, semelhante ao prelúdio de Lohengrin, é situar o enredo na cena que se abre: a tempestade em que Siegmund procura abrigo na casa do guerreiro Hunding. O que há de dramático nesse trecho suplanta quaisquer possíveis associações descritivas. Mais importante que notar elementos programáticos é poder reconhecer, neste e nos demais trechos orquestrais de Wagner, seu papel indiscutível na constituição de seu ideal de Drama Musical.
(...) crendo poder estabelecer o primado do drama, Wagner acabou por estabelecer na música o seu primado. É ela que conduz o enredo, que define os caracteres, que sustenta as situações psicológicas. (...) Da mesma forma que o Prelúdio de Lohengrin, a Entrada dos deuses em Valhalla contempla a função dramática que os trechos orquestrais cumprem nas óperas de Wagner.
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A VALQUÍRIA
Laboriosos cinco anos foram gastos na composição d’A Valquíria: o primeiro esboço data de 1851, em que Wagner dedica-se justamente à Cavalgada das Valquírias. No ano seguinte, o restante da obra começa a ser esboçado e somente em 1856 a partitura estava completa. A Valquíria é a segunda ópera d’O Anel do Nibelungo e seu drama gira em torno do desentendimento da valquíria Brünhilde com o pai Wotan, chefe dos deuses, quando ela hesita em obedecer a uma ordem do pai. Na mitologia wagneriana, as valquírias eram encarregadas de levar as almas dos guerreiros mortos para o Valhalla.
MOACYR LATERZA FILHO Pianista e cravista, Doutor em Literaturas da Língua Portuguesa, professor da Escola de Música da UEMG e da FEA
FOTO RAFAEL MOTTA
O primeiro ato d’A Valquíria se constitui de três cenas. Nele, Wagner lança mão de um recurso dramático já usado anteriormente, em Lohengrin: as identidades das personagens que aparecem em cena são ainda desconhecidas e somente ao longo do enredo vão se descortinando e dando-se a conhecer. Perseguido por inimigos, durante uma tempestade, Siegmund encontra abrigo em uma casa desconhecida, que mais tarde se saberá tratar-se da casa de Hunding. Ali ele é encontrado por Sieglinde, esposa de Hunding, e nesse momento se revela um forte vínculo entre ambos. Hunding chega à casa e, à medida que a cena se desenvolve, ele se revela como um daqueles que perseguiam Siegmund. Assim, Hunding concede que Siegmund passe a noite em sua casa, mas o desafia para um duelo na manhã seguinte. Deixado sozinho, Siegmund lamenta a sua sorte e clama por seu pai, que uma vez lhe prometera que ele encontraria uma espada sempre que precisasse. Sieglinde entra de novo em cena e diz a Siegmund ter ministrado ao marido uma poção que o colocara em um sono profundo. Contando-lhe sua própria história, Sieglinde lhe diz de como fora raptada e forçada a casar-se com Hunding e de quando, em sua festa de casamento, um velho, que tinha um dos olhos cobertos, cravara uma espada em uma árvore (que se encontrava no centro da sala de sua casa), que nem Hunding nem seus companheiros conseguiram retirar. Posteriormente saber-se-á que tal velho era Wotan. Siegmund consegue retirar a espada da árvore com facilidade e a nomeia Nothung. Revelando-se um ao outro como irmãos gêmeos, celebrando, com isso, a reunião da família, Siegmund toma Sieglinde por noiva e, juntos, deixam o local.
2J U5L
Q U I N T A F E I R A
GR A NDE TE ATRO DO PAL ÁCIO DA S AR TE S, 20H30
SÉRIE ALLEGRO FABIO MECHETTI, regente MARIANA ORTIZ, soprano ELISE QUAGLIATA, mezzo-soprano FERNANDO PORTARI, tenor DENIS SEDOV, baixo CORAL LÍRICO DO THEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO MÁRIO ZACCARO, regente CORAL LÍRICO DE MINAS GERAIS LINCOLN ANDRADE, regente
PROGRAMA Giuseppe VERDI
BICENTENÁRIO DE NASCIMENTO DE GIUSEPPE VERDI
Messa da Requiem [84 min] I Requiem and Kyrie II Dies Irae
FOTO ADRIANO BASTOS
a) Dies Irae b) Tuba mirum c) Liber scriptus d) Quid sum miser e) Rex tremendae f) Recordare g) Ingemisco h) Confutatis i) Lacrymosa
III IV V VI VII
Offertorio Sanctus Agnus Dei Lux aeterna Libera me
mariana ORTIZ
S É R IE A L L E GR O, 25 DE JUL HO
Mariana Ortiz nasceu em Maracay, Venezuela. Estudou canto no Conservatório de Música de Aragua com Lola Linares, Educação Musical na Universidade de Carabobo e obteve master degree em Canto no Koninklijk Conservatorium Brussel. Estudos de aperfeiçoamento foram feitos com os maestros Isabel Palacios, Sara Catarine, Margarida Natividade, David Roblow e Phillip Picket, entre outros. Com a soprano Mirella Freni e o tenor Vittorio Terranova participou de masterclasses e iniciou sua carreira na ópera. Mariana participa da Camerata Barroca e da Camerata Renascentista de Caracas, dedicadas ao repertório barroco latino-americano e à música colonial da Venezuela. Entre os papéis que interpretou estão Erste Dame em Die Zauberflöte (Mozart); Proserpina e Messagera em L’Orfeo (Monteverdi); Mimi e Musetta em La Bohème (Puccini); Comtessa em Bodas de Fígaro (Mozart); Donna Anna em Don Giovanni (Mozart); Isabel a Católica em Os Martírios de Colón (Ruiz); Pallade e Damigella em L’Incoronazzione di Poppea (Monteverdi). Foi Violeta Valery em La Traviata (Verdi), Salud de A Vida Breve (Falla), Frasquita em Carmen (Bizet). Cantou a 9ª Sinfonia de Beethoven, o Requiem de Mozart, 2ª e 4ª sinfonias de Mahler, Messias de Haendel, Bachianas nº 5 e Floresta do Amazonas de Villa-Lobos.
FOTO DIVULGAÇÃO
Mariana Ortiz apresentou-se em importantes salas, como Teatro Teresa Carreño, Thèatre des Champs Elysées, Staatsoper, Thèatre de la Monnaie, Royal Danish Opera, Palácio das Artes e Hollywood Bowl, cantando sob a batuta de Gustavo Dudamel, Diego Matheuz, Christian Vásquez, Renè Jacobs, Simon Rattle, Lars Ulrik Mortensens, Roberto Tibiriçá, Manuel Hernández Silva, Edmon Colomer, Andrés Orozco Estrada, José Luis Rodilla, Rafael Frühbeck de Burgos, Helmuth Rilling e Evelino Pidò.
A revelação é, no entanto, o canto luminoso e frutado de Mariana Ortiz, capaz de pianíssimos encantadores e de amplos agudos, e que empresta sua beleza e seu engajamento a Manuela, última companheira do Libertador. [ópera Bolívar de Darius Milhaud] OPERA MAGAZINE, FRANÇA
Entre as atividades mais recentes de Mariana estão Turandot (Liù), no Teatro Sodre de Montevidéu, com direção de Stephan Lano; Carmina Burana, com direção de Diego Matheus e a Orquestra Sinfônica Simón Bolívar; Canciones Negras de Montsalvatge sob direção de José Miguel Rodilla, na Espanha; 9ª Sinfonia de Beethoven sob a batuta de Gustavo Dudamel, com a Orquestra Sinfônica Municipal de Caracas; Carmen (Micaela), versão concerto, sob direção de Christian Vásquez, com a Sinfônica Simón Bolívar; La Bohème de Puccini (Mimi), com direção de Rodolfo Sanglimbeni e a Orquestra Sinfônica Municipal de Caracas; 2ª Sinfonia de Mahler sob direção de Andres Orozco, na Colômbia; gravação de O Messias de Haendel, sob direção de Isabel Palacios.
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elise QUAGLIATA
S É R IE A L L E GR O, 25 DE JUL HO
Elise Quagliata é mezzo-soprano e ganhou notoriedade pela beleza única de sua voz, por sua inteligência musical e sua versatilidade teatral. Ela provou seu talento tanto em trabalhos contemporâneos quanto tradicionais. Recentemente, deixou o público perplexo com sua comovente interpretação da Sister Helen em Dead Man Walking de Jake Heggie. Outros sucessos foram o papel de Jo em Little Women, de Mark Adamo; o novo ciclo de Jake Heggie, The Breaking Waves; a protagonista Anya em The Wooden Sword, de Sheila Silver; Candy Mallow em The Golden Ticket, de Peter Ash; Cornélia em Giulio Cesare de Handel; Carmen em La Tragedie de Carmen; e Musa/Nicklausse em Os contos de Hoffmann.
FOTO CATHRYN LYNN
Os próximos compromissos da artista incluem Olga em Eugene Onegin para a Des Moines Metro Opera, Fricka em Das Rheingold para a Union Avenue Opera, Mrs. Lovett em Sweeney Todd para a Pensacola Opera, Emilia em Otello com a Sinfônica de Jacksonville e o Requiem de Verdi com a Filarmônica de Minas Gerais. Elise cantou Rosina e Bertha em O Barbeiro de Sevilha, Suzuki em Madame Butterfly, Dorabella em Cosi fan tutte, Arsamenes em Xerxes, Lisak em The Cunning Little Vixen, Thisbe em La Cenerentola, Cherubino em As Bodas de Fígaro, Kate Pinkerton em Madame Butterfly, Rosine em Signor Deluso e Cecily em La Divina.
(...) depois de assistir ao seu domínio durante mais de três horas na magnificente ópera de Bizet, eu diria que Elise Quagliata tem mais do que uma pequena Carmen dentro de si. Na verdade, fiquei com a impressão de que tinha assistido a uma real interpretação pela primeira vez. PENSACOLA NEWS JOURNAL, ESTADOS UNIDOS
As apresentações orquestrais solo de Elise incluem a estreia nova-iorquina e gravação de Atlantis de Henry Cowell com a Orquestra Sinfônica Americana no Avery Fisher Hall, a cantata Alexander Nevsky de Prokofieff, o Requiem de Mozart, O Sonho de Gerontius de Elgar, Rückert Lieder de Mahler, a Sinfonia nº 9 de Beethoven, o Requiem de Verdi, Alto Rhapsody de Brahms, Solemn Vespers de Mozart, Cinco Canciones Negras de Montsalvatge, El Amor Brujo e Sombrero de tres picos de Manuel de Falla. Apresentouse com as sinfônicas de Jacksonville, de New River Valley, Santa Barbara, Westfield, Pensacola, Westfield, New Hampshire e Virginia; com as filarmônicas de Savannah e de Buffalo. Classificada entre os quatro vencedores da Competição Liederkranz Society’s Lieder, apresentou-se no Weill Recital Hall, Carnegie Hall. Em 2005, venceu as audições distritais do Metropolitan Opera para a cidade de Nova York. Elise começou sua carreira na Chautauqua Opera e depois na Des Moines Metro Opera. Foi artista residente na Opera Iowa, residente e artista principal na Pensacola Opera, jovem artista norte-americana na Glimmerglass Opera e artista residente na Florida Grand Opera. Elise estudou nas universidades de Michigan e de Connecticut.
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fernando PORTARI
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Com uma carreira internacional em franca ascensão, Fernando Portari estreou em 2010 com grande sucesso no mítico La Scala de Milão em Fausto de Gounod, ao lado de Roberto Scandiuzzi. Recentemente esteve com Anna Netrebko na Staatsoper de Berlim na ópera Manon de Massenet, sob a direção do maestro Daniel Barenboim. Apresentou-se nos teatros La Fenice de Veneza, na Ópera de Roma, no Teatro São Carlos de Lisboa, Massimo de Palermo, na Deutsche Oper de Berlim, Tokyo, Helsinki e Varsóvia. Atuou ainda em Anna Bolena com Mariella Devia no teatro Massimo de Palermo, e em La Traviata na Ópera de Hamburgo e em Colônia. Apresentou-se em La Bohème em Berlim e em Sevilha, e representou Werther no Teatro Bellini de Catania e em La Coruña. Fernando Portari recebeu o Prêmio APCA e, por duas vezes, o Prêmio Carlos Gomes, tornando-se rapidamente nome presente nas temporadas líricas brasileiras.
FOTO JOSÉ LUIZ LAMOSA
Em São Paulo interpretou a maioria de seus papéis: Rodolfo, Romeo, Hoffmann, Nadir, Des Grieux, Ernesto, Nemorino, Almaviva, Ramiro, Ottavio, Cassio, Fenton, Rake, Edipo, Roderick Usher, além de atuar nas estreias mundiais das óperas A Tempestade, de Ronaldo Miranda, sobre texto de Shakespeare, e Olga, de Jorge Antunes, baseada na vida de Olga Benario.
O elegante fraseado do brasileiro tem um cerne atraente e profundo; soa muito suave e amplo no piano e viril sem dificuldades no forte. ONLINEMUSIKMAGAZIN, ALEMANHA
Fernando gravou o oratório Colombo de Carlos Gomes (Premio Sharp), as canções de Gilberto Mendes com Lamosa e o pianista Rubens Ricciardi, e A Canção da Terra pelo selo Algol. Participou ainda da gravação do DVD da ópera Il Crociato in Eggito de Meyerbeer, produção do Teatro La Fenice de Veneza, com Patrizia Ciofi, regência de E. Villaume e direção de Pier Luigi Pizzi, realizado pela Dynamic; e também do DVD da ópera La Rondine de Puccini, produção do La Fenice de Veneza, com Fiorenza Cedolins, regência de Carlo Rizzi e direção de Graham Vick. Recentemente debutou na Ópera de Genebra interpretando Henri em Les Vêpres Siciliennes de Verdi e no Teatro Liceo de Barcelona no papel título de Fausto de Gounod. Voltou ao Teatro alla Scala de Milão para interpretar Romeo em Romeo e Julieta de Gounod e apresentou com Rosana Lamosa o recital Passione, em turnê na Itália.
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coral lírico do
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THEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO
maestro
MÁRIO ZACCARO
O Coral Lírico foi criado em 1939 por iniciativa do prefeito Prestes Maia, sob a coordenação do maestro Armando Belardi, então Diretor Artístico do Theatro Municipal. As dezesseis óperas inaugurais que marcaram sua temporada de estreia foram preparadas pelo maestro Fidélio Finzi. Em 1947, Sisto Mechetti assume a função de maestro titular, consolidando o prestígio desse grupo, dirigindo-o por um longo período.
Considerado um dos maiores regentes corais e sinfônicos da cena musical brasileira de hoje, o compositor, arranjador e pianista Mário Zaccaro se destaca pela sua versatilidade tanto na área popular como na erudita. Nascido em São Paulo, é formado em Piano e aperfeiçoou seus estudos com Antonio Bezzan. Estudou regência com Eleazar de Carvalho e Robert Shaw, orquestração e arranjos com Cyro Pereira e Luis Arruda Paes. Em 1973 ganhou o Prêmio Governador do Estado de São Paulo.
O Coral Lírico, oficializado em 1951, esteve sob a regência de renomados maestros e compositores, como Tullio Serafin, Olivero De Fabritis, Eleazar de Carvalho, Armando Belardi, Francisco Mignone, Heitor Villa-Lobos, Roberto Schnorremberg, Marcello Mechetti e Fabio Mechetti, entre outros, que lhe proporcionaram o desenvolvimento de refinada técnica e aperfeiçoamento vocal, reconhecidos pelo público e pela crítica.
Regeu as orquestras Experimental de Repertório, Sinfonia Cultura, Sinfônica do Paraná, The New York Philharmonic Brass Quintett e a Jazz Sinfônica, da qual foi diretor artístico. Foi regente assistente de Isaac Karabtchevsky na Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal de São Paulo. Atuaram sob sua batuta artistas como Arnaldo Cohen, Gilberto Tinetti, Amaral Vieira, Juan Diego Flores e Niza de Castro Tank, entre outros.
Desde 1994, o Coral Lírico está sob o comando do maestro Mário Zaccaro, que ampliou seu efetivo de cantores e introduziu inovações nas técnicas de preparação musical, obtendo excelentes resultados, que culminaram com os prêmios de Melhor Conjunto Coral, pela APCA, em 1996, e o Prêmio Carlos Gomes, na categoria ópera, da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, em 1997.
À frente do Coral Lírico do Theatro Municipal de São Paulo, do qual é Regente Titular desde 1994, desenvolve um trabalho de grande ecletismo, conquistando o prêmio da APCA como Melhor Regente Coral em 1997 e duas premiações para o Coral. Sob a direção do maestro Zaccaro o Coral Lírico tem ampliado seus horizontes artísticos na música erudita e na popular. REGENTE TITULAR
Maestro Mário Zaccaro REGENTE ASSISTENTE
Maestrina Martha Herr PIANISTAS
Marcos Aragoni Marizilda Hein Ribeiro PREPARADOR VOCAL
Caio Ferraz
CANTORES
FOTO SYLVIA MASINI
SOPRANOS
Adriana Magalhães Berenice Barreira Claudia Neves Elaine Moraes Elayne Caser Elisabeth Ratzersdorf Graziela Sanchez Huang Shu Chen Ivete Montoro Jacy Guarany Juliana Starling Marcia Costa Maria Angélica Feital Maria Antonieta Soares Milena Tarasiuk
Monique Corado Marivone Pereira Caetano Marta Mauler Nadja Sousa Rita de Cassia Polistchuk Rosana Barakat Sandra Félix MEZZO-SOPRANOS
Elisa Nemeth Eloísa Baldin Petriaggi Erika Mendes Belmonte Heloísa Junqueira Keila de Moraes Juliana Valadares Maria Luisa Figueiredo Mônica Martins CONTRALTOS
Celeste do Carmo Claudia Arcos Clarice Rodrigues Elaine Martorano Lidia Schäffer Magda Painno Mara Dalva de Alvarenga Margarete Loureiro Maria José da Silveira Vera Ritter
TENORES
Alex Flores de Souza Antonio Carlos Britto Dimas do Carmo Eduardo Pinho Eduardo de Góes Eduardo Trindade Fernando de Castro Gilmar Ayres Joaquim Rollemberg José Silveira Luciano Goés Luiz Antonio Doné Marcello Vannucci Márcio Lucas Valle Miguel Geraldi Paulo Queiroz Renato Tenreiro Rúben de Oliveira Rubens Medina Sérgio Sagica Valter Felipe Valter Mesquita BARÍTONOS
Alessandro Gismano Ary Lima Jr. Daniel Lee
Davi Marcondes Diógenes Gomes Eduardo Paniza Jang Ho Joo Luis Orefice Marcio Martins Miguel Csuzlinovics Roberto Fabel Sandro Bodilon BAIXOS
Claudio Guimarães Fernando Gazoni Jessé Vieira José Nissan Josué Silva Leonardo Amadeo Pace Marcos Carvalho Orlando Marcos Rafael Thomas Sérgio Righini ASSISTENTE
Cristina Cavalcante INSPETOR
Aroldo Alves de Brito MONTADOR
Alfredo Barreto de Souza
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coral lírico de MINAS GERAIS
S É R IE A L L E GR O, 25 DE JUL HO
maestro
LINCOLN ANDRADE
Criado em 1979, o Coral Lírico de Minas Gerais, corpo artístico da Fundação Clóvis Salgado, é um dos raros grupos corais com programação artística permanente e repertório diversificado, incluindo motetos, óperas, oratórios e concertos sinfônico-corais. Já estiveram à frente do Coral os maestros Luiz Aguiar, Marcos Thadeu, Carlos Alberto Pinto Fonseca, Angela Pinto Coelho, Eliane Fajioli, Silvio Viegas, Charles Roussin, Afrânio Lacerda e Márcio Miranda Pontes. Seu atual regente titular é o maestro Lincoln Andrade.
Lincoln Andrade possui doutorado em Regência pela University of Kansas e mestrado em Regência Coral pela University of Wyoming, ambas nos Estados Unidos. Em Wyoming foi professor assistente e ministrou aulas de canto coral e regência coral. Possui licenciatura em Música pela Universidade de Brasília e estudou regência com Cláudio Santoro, Levino Alcântara, Emílio de César, Osvaldo Colarusso e Marcos Leite (Brasil), Gerald Kegelmann (Alemanha), Alberto Grau (Venezuela), Carl Høgset (Noruega), Carlyle Weiss, Michael Griffith e Brian Priestman (EUA).
O grupo se apresenta em cidades do interior de Minas e em capitais brasileiras com o intuito de contribuir para a democratização do acesso de diversos públicos ao canto coral. As apresentações têm entrada gratuita ou preços populares. O Coral já atuou com a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo e a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais.
Premiado nos Estados Unidos e na Europa, o maestro foi diretor musical do grupo vocal Invoquei o Vocal, maestro titular do Madrigal de Brasília e do Coral Brasília. Ainda na capital federal, foi professor e diretor da Escola de Música de Brasília. Regeu concertos na Alemanha, Argentina, Chile, Espanha, Estados Unidos, França, Grécia, Hungria, Paraguai, Polônia, Portugal e Turquia.
Dentro da política de difusão do canto lírico promovida pelo Governo de Minas, o Coral Lírico desenvolve diversos projetos que incluem Concertos no Parque, Lírico na Cidade, Concertos Didáticos e participação nas temporadas de óperas realizadas pela Fundação Clóvis Salgado. O objetivo desse trabalho é fazer com que o público possa conhecer e fruir a música coral de qualidade, além de vivenciar o contato com os artistas.
É produtor musical, apresentador e entrevistador do programa Conversa de Músico, produzido e veiculado pela TV Senado. Também é professor de regência e coordenador da Orquestra Sinfônica da Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Nos festivais brasileiros, ministra palestras sobre regência e canto coral.
REGENTE
Lincoln Andrade REGENTE ASSISTENTE
Vivian Assis
FOTO PAULO LACERDA
SOPRANOS
Aline Amaral de Castro Andreia de Paula ** Anelise Claussen ** Annelise Cavalcanti ** Cátia Neris ** Clara Guzella ** Conceição Nicolau Daiana Melo ** Indaiara Patrocínio ** Izabel Carmônia Letícia Bertelli Lilian Assumpção Marta Nichthauser * Melina Peixoto ** Nabila Dandara ** Valquíria Gomes **
CONTRALTOS
Aline Lobão ** Ana De Paula ** Consuelo Varella Enancy Gomes Júnia Jáber Kellen Cláudia ** Lis Brasil ** Maria Helena Nunes Penha Vasconcelos ** Rosa Silveira Sérgio Anders * Tereza Cançado Vanessa Piló Vanya Soares TENORES
André Felipe ** Eduardo Cunha Melo Gabriel Freitas ** Hélcio Rodrigues Pereira Lúcio Martins
CHEFE DE NAIPE * MÚSICO CONVIDADO **
Marcelo Salomão Paulo Henrique Campos Petrônio Duarte * Rogério Miura ** Rubens do Carmo Sandro Assumpção de Deus Wagner Soares ** Welington Nascimento Wellington Vilaça
Pedro Lucas Viana ** Ramiro Souza e Silva ** Robson Lopes ** Thiago Roussin ** Urbano Lima
BAIXOS
Celme Valeiras
André Fernando ** Antônio Marcos Batista** Célio Souza ** Cristiano Rocha ** Francisco Augusto Bois ** Giancarlos de Souza ** Guilly Castro Israel Balabram Iuri Michailovsky Judson Freitas * Manoel Alves Machado **
PIANISTAS
Wagner Sander Islei Correa GERENTE
ARQUIVISTA
Eneida Gonçalves SECRETÁRIA
Carmen Magalhães
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S É R IE A L L E GR O, 25 DE JUL HO
giuseppe VERDI ITÁLIA, 1813 – 1901
Messa da Requiem (1874) Instrumentação: Piccolo, 3 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 4 fagotes, 4 trompas, 8 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, cordas.
Nascido durante as conquistas napoleônicas, Verdi foi registrado como francês, pois sua aldeia tornara-se então território da França. Alguns meses depois, soldados russos e austríacos, reocupando a Itália, perpetraram um massacre entre os habitantes do vilarejo de Le Roncole. O pequeno Giuseppe só escapou da morte porque sua mãe escondeu-se com o menino no campanário da igreja.
A música de Verdi, ao longo de sua carreira, apesar de constantes transformações estilísticas, manterá traços vigorosos e personalíssimos que o caracterizarão como músico de seu povo e de seu tempo, sempre associado às lembranças mais orgulhosas da vida nacional. A Itália do Risorgimento (movimento de luta pela independência e unificação do país no período pós-napoleônico) o elegerá como o artista símbolo de seus ideais, aquele cuja estética corresponderia às mais profundas aspirações sociais da nação. O povo italiano, aproveitando habilmente as letras que formavam o nome do compositor, escrevia nos muros das cidades o dístico Viva Verdi, PARA OUVIR código que todos decifravam como Viva Vitorio CD Verdi – Requiem – Orquestra Filarmônica de Berlim Emanuele Re D’Italia. – Claudio Abbado, regente – Angela Gheorghiu, Daniela Barcellona, Roberto Alagna, Julian Konstantinov, solistas – EMI – 2001 PARA LER
Franco Abbiati – Giuseppe Verdi – Ricordi – 1959
A gênese da Messa da Requiem de Verdi associase a outros dois artistas emblemáticos do nacionalismo italiano – o compositor Gioachino Rossini e o escritor Alessandro Manzoni. Quando Rossini morreu, em 1868, Verdi sugeriu que doze compositores o homenageassem escrevendo um
A música de Verdi, apesar das constantes transformações estilísticas, manterá traços vigorosos e personalíssimos que o caracterizarão como músico de seu povo e de seu tempo, sempre associado às lembranças mais orgulhosas da vida nacional. requiem. O projeto foi abandonado pelo comitê organizador, mas Verdi trabalhou a seção que lhe tinha sido reservada, o Libera me conclusivo. Cinco anos depois, morria o poeta Alessandro Manzoni, devotado à causa da independência, autor de romances extremamente populares, com ambientação patriótica, valores cristãos e personagens das classes proletárias. Verdi o admirava particularmente e assumiu, como um ato cívico, a tarefa de finalizar o antigo requiem — desta vez sozinho. Aos poucos, sedimentou a ideia de elaborá-lo nas proporções das importantes realizações do gênero no século XIX, como o Deutsches Requiem de Brahms e o do francês Berlioz. A Messa da Requiem de Verdi foi executada pela primeira vez na Igreja de São Marcos, em Milão, regida pelo próprio compositor, no dia do primeiro aniversário da morte de Manzoni. Diferentemente do escritor homenageado, Verdi se mantinha alheio aos ritos religiosos, embora educado nos princípios do catolicismo. E as críticas negativas de seus opositores foram sintetizadas na célebre frase de Hans von Büllow, afirmando ser o Requiem “uma ópera em paramentos de Igreja”. Entretanto, o próprio Verdi insistia em negar a teatralidade da obra. Para ele, seu poder especial advinha da valorização dos aspectos dramáticos intrínsecos ao texto religioso, onde reinam o terror e a súplica. A Messa da Requiem inclui sete partes de invejável escrita coral e orquestral cujo valor técnico é realçado pela inclusão de duas fugas: No Introito, a palavra inicial Requiem é sussurrada em notas descendentes. Cria um clima de recolhimento e contrição somente interrompido pelo vigoroso trecho Te decet himnus. As palavras Lux perpetua luceat eis (a luz eterna os ilumine) são evidenciadas por uma tonalidade maior e o Kyrie termina a seção com extrema doçura. O terrível Dies irae constitui verdadeira explosão sonora. Dez seções se encadeiam ao longo desse trecho notável que consegue manter sua unidade apesar dos intensos contrastes de sentimentos. Os trompetes (Tuba mirum) são posicionados em torno do palco para o chamado
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implacável do Juízo Final e o volume sonoro atinge um fortissimo impressionante, com a combinação resultante dos metais e do coro. Entretanto, toda essa tensão se alterna com momentos de sublime lirismo, como o duo das vozes femininas no Recordare. O solo do tenor no Ingemisco talvez seja o trecho mais célebre da obra, e sua incomparável beleza exprime a esperança do pecador arrependido. Para o Lacrimosa final os quatro solistas se apresentam. O Offertorio possui uma transparência e clareza de escrita impressionantes, ressaltando as entradas alternadas das vozes solistas. O Sanctus é a seção mais breve da obra e desenvolve com inacreditável vigor rítmico o contraponto da massa coral. Possui a forma de uma dupla fuga, introduzida pelos trompetes que anunciam "Aquele que vem em nome do Senhor". As duas vozes femininas iniciam o angelical Agnus Dei. Essa seção, em Dó maior, reinstaura o clima de piedoso recolhimento que se torna um pouco sombrio quando se inicia a segunda estrofe (na repetição da palavra Agnus), com o contraste da tonalidade menor. Lux aeternae requer a participação da mezzo-soprano, do tenor e do baixo. Possui instigante incerteza tonal e uma orquestração provocativamente sóbria e econômica. No Libera me a soprano canta o pedido de libertação da morte eterna. Há uma citação da força terrível do Dies irae e uma lembrança sussurrada das palavras do Introito. Uma monumental fuga coral conclui a obra.
PAULO SÉRGIO MALHEIROS DOS SANTOS Pianista, Doutor em Letras, professor da Universidade Estadual de Minas Gerais, autor do livro Músico, doce músico
FOTO RAFAEL MOTTA
Após o Requiem, o compositor, famoso e cansado, retira-se para a calma de sua chácara em Santa Ágata. Parecia o fim de uma carreira gloriosa. Mas, após uma década de silêncio, Verdi surpreende o mundo musical com suas duas últimas óperas, ambas baseadas em Shakespeare: uma tragédia, Otello (1887), e uma ópera cômica, Falstaff (1893). Nelas, o compositor octogenário abandona os procedimentos consagrados de suas óperas anteriores e evolui para um estilo corajosamente inovador. São obras-primas de um velho sábio.
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Olá,
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A Filarmônica quer ouvir você! Neste mês de julho estamos realizando uma pesquisa para conhecer sua opinião sobre o trabalho da Orquestra. A pesquisa será feita pela internet, e os assinantes receberão um código de acesso por e-mail. Se preferir, você pode ir diretamente à página da Orquestra e clicar no link da pesquisa. Quem ainda não é assinante também pode fazer assim. Contamos com sua participação.
Participe da pesquisa www.filarmonica.art.br/assinaturas A Pesquisa de Satisfação será realizada entre os dias 04 e 27 de julho, exclusivamente pela internet.
O Programa Ingresso Solidário desperta nos alunos o interesse por música de alta qualidade e enriquece seus conhecimentos. Ele possibilita que o estudante vislumbre uma carreira profissional, pelo exemplo de competência técnica e artística demonstrado pela Orquestra. Muitos alunos, por sua condição social e financeira, são beneficiados por essa distribuição. Acho que também é uma contribuição para a inserção dos jovens no campo da arte e da cultura.
JACQUELINE MARQUES DOS SANTOS GUIMARÃES SECRETÁRIA ESCOLAR, CENTRO DE FORMAÇÃO ARTÍSTICA DO PALÁCIO DAS ARTES
Agradecimento Agradecemos ao assinante Renato Mesquita pela colaboração nas legendas de A Valquíria: Ato I e Messa da Requiem.
FOTO RAFAEL MOTTA
patricio
HERNÁNDEZ PRADENAS
giselle
TÍMPANOS
FOTO RAFAEL MOTTA
Santiago, Chile O trabalho em orquestra me permitiu sentir a contribuição que a música traz para o desenvolvimento da sociedade. Aos sete anos, minha mãe me inscreveu na Universidade do Chile para estudar música como atividade adicional à escola normal. Já com quinze anos, decidi que seguiria a carreira de músico profissional. Pensar em deixar a música para estudar uma carreira tradicional não foi uma opção ao terminar a escola.
BOETERS
ayumi
SHIGETA PIANO
Hyogo-ken, Japão Concordo com o que disse Magda Tagliaferro: “é possível viver sem música, mas vive-se mal". Estudo piano desde pequena, mas o momento em que tive certeza de que investiria na profissão de musicista foi depois de flertar alguns anos com arquitetura.
HARPA
Den Helder, Países Baixos Nascida em uma família de músicos, a música foi a primeira língua que aprendi e sempre foi muito evidente em minha vida. Sempre me apoia em bons e maus momentos, permitindo, assim, que eu me expresse mais através de sua linguagem. Comecei a aprender música com meus pais, que são pianistas, e depois o caminho para ser musicista profissional seguiu naturalmente.
leonidas
CÁCERES
bojana
VIOLINO
VIOLINO
FOTO RAFAEL MOTTA
Tunja, Colômbia A música sempre foi fundamental para minha família. Meus irmãos e a maioria dos meus amigos são músicos profissionais, e eu tenho, por meio dela, uma forte conexão com muitos deles. Quando interpreto a música de grandes compositores, sinto-me conectado com a história e até mesmo com eles próprios. Creio que essas sensações só podem ser experimentadas tão vivamente pela música e, por isso, me sinto afortunado por tê-la escolhido para a minha vida.
PANTOVIC
anthony FLINT VIOLINO
Londres, Inglaterra A música é, para mim, a maior linguagem que existe e, em um mundo que está se tornando sempre mais ruidoso, precisamos da poesia do som como um contrapeso. Comecei os estudos de música na escola porque era obrigatório, mas a paixão chegou logo depois. A partir de então, foi um caminho seguro que me deu a oportunidade de ver o mundo.
Uzice, Sérvia Eu toco música porque eu gosto.
rommel
FERNANDES VIOLINO
Maria da Fé, Brasil O gosto pela música me foi despertado bem cedo pela minha mãe, através de discos, concertos e até indo para as salas de aula do Conservatório de Pouso Alegre, onde ela lecionava. A música, como parte de minhas mais remotas lembranças de infância, logo passou a ser também um ideal de carreira. Através dela desenvolvi também o gosto por outras artes e áreas do conhecimento, com as quais é sempre possível fazer algum paralelo com a música.
FICHA TÉCNICA
ACOMPANHE A FILARMÔNICA EM
OUTROS CONCERTOS
ORQUESTRA FILARMÔNICA DE MINAS GERAIS
CONCERTOS PARA A JUVENTUDE
LABORATÓRIO DE REGÊNCIA
Realizados em manhãs de domingo, são concertos dedicados aos jovens e às famílias, buscando ampliar e formar público para a música clássica. As apresentações têm ingressos a preços populares e contam com a participação de jovens solistas.
Atividade inédita no Brasil, este laboratório é uma oportunidade para que jovens regentes brasileiros possam praticar com uma orquestra profissional. A cada ano, 15 maestros, quatro efetivos e onze ouvintes, têm aulas técnicas, teóricas e ensaios com o regente Fabio Mechetti. O concerto final é aberto ao público.
DIRETOR ARTÍSTICO E REGENTE TITULAR
CLÁSSICOS NO PARQUE
Realizados em parques e praças da Região Metropolitana de Belo Horizonte, os concertos proporcionam momentos de descontração e entretenimento, buscando democratizar o acesso da população em geral à música clássica.
CONCERTOS DE CÂMARA
Realizados para estimular músicos e público na apreciação da música erudita para pequenos grupos. A Filarmônica conta com grupos de Metais, Cordas, Sopros e Percussão.
CONCERTOS DIDÁTICOS
TURNÊS ESTADUAIS
Concertos destinados exclusivamente a grupos de crianças e jovens da rede escolar, pública e particular, bem como a instituições sociais mediante processo de inscrição junto ao Centro de Formação Artística da Fundação Clóvis Salgado. Seu formato busca apoiar o público em seus primeiros passos na música clássica.
As turnês estaduais levam a música de concerto a diferentes cidades e regiões de Minas Gerais, possibilitando que o público do interior do Estado tenha o contato direto com música sinfônica de excelência. Dez municípios são contemplados em 2013.
FESTIVAL TINTA FRESCA
Criado para fomentar a criação musical entre compositores brasileiros e gerar oportunidade para que suas obras sejam programadas e executadas em concerto, este Festival é sempre uma aventura musical inédita. Como prêmio, o vencedor recebe a encomenda de outra obra sinfônica a ser estreada pela Filarmônica no ano seguinte, realimentando o ciclo da produção musical nos dias de hoje.
TURNÊS NACIONAIS E INTERNACIONAIS
Com essas turnês, a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais busca colocar o Estado de Minas dentro do circuito nacional e internacional da música clássica. Em 2013, a Orquestra volta a se apresentar no Festival de Campos do Jordão, nos Concertos Paulínia e na Sala São Paulo.
FABIO MECHETTI REGENTE ASSOCIADO
MARCOS ARAKAKI PRIMEIROS VIOLINOS
ANTHONY FLINT spalla ROMMEL FERNANDES concertino Ana Zivkovic Arthur Vieira Terto Bojana Pantovic Dante Bertolino Eliseu Martins de Barros Hyu-Kyung Jung Marcio Cecconello Mateus Freire Rodolfo Toffolo Rodrigo Bustamante Rodrigo Monteiro Rodrigo de Oliveira SEGUNDOS VIOLINOS
Frank Haemmer * Leonidas Cáceres ** Gláucia de Andrade Borges José Augusto de Almeida Jovana Trifunovic Leonardo Ottoni Luka Milanovic Marija Mihajlovic Martha de Moura Pacífico Radmila Bocev Tiago Ellwanger Valentina Gostilovitch Dhyan Toffolo **** VIOLAS
João Carlos Ferreira * Roberto Papi ** Cleusa de Sana Nébias Flávia Motta Gerry Varona Gilberto Paganini Marcelo Nébias Nathan Medina Katarzyna Druzd William Barros VIOLONCELOS
Elise Pittenger *** Camila Pacífico Camilla Ribeiro
Eduardo Swerts Lina Radovanovic Matthew RyanKelzenberg Robson Fonseca Francisca Garcia **** CONTRABAIXOS
JULHO 2013
Fábio Brum **** Jorge Scheffer **** Romilso Curvelo **** Tiago Azevedo **** TROMBONES
Mark John Mulley * Wagner Mayer ** Renato Lisboa Maurício Martins da Silva ****
Colin Chatfield * Nilson Bellotto ** Brian Fountain Hector Manuel Espinosa TUBA Marcelo Cunha Eleilton Cruz * Pablo Guiñez TÍMPANOS William Brichetto Patricio Hernández FLAUTAS Pradenas * Cássia Lima * PERCUSSÃO Renata Xavier ** Rafael Alberto * Alexandre Braga Daniel Lemos ** Elena Suchkova Werner Silveira OBOÉS Sérgio Aluotto Alexandre Barros * Rafael Mello **** Ravi Shankar ** HARPAS Israel Silas Muniz Giselle Boeters * Moisés Pena Arícia Ferigato **** CLARINETES
TECLADOS
Marcus Julius Lander * Jonatas Bueno ** Ney Campos Franco Alexandre Silva
Ayumi Shigeta *
FAGOTES
INSPETORA
Catherine Carignan * Andrew Huntriss Cláudio de Freitas Filipe Castro ****
Karolina Lima
TROMPAS
Alma Maria Liebrecht * Evgueni Gerassimov ** Gustavo Garcia Trindade José Francisco dos Santos Lucas Filho Fabio Ogata Dante Ferrer Yenque Andrade **** Rafael Froes ****
GERENTE
Jussan Fernandes
ASSISTENTE ADMINISTRATIVO
Débora Vieira ARQUIVISTA
Sergio Almeida ASSISTENTES
Ana Lúcia Kobayashi Claudio Starlino Jônatas Reis SUPERVISOR DE MONTAGEM
Rodrigo Castro
TROMPETES MONTADORES Marlon Humphreys * Erico Oliveira Fonseca ** Igor Araujo Jussan Meireles Daniel Leal Risbleiz Aguiar Danilo Oliveira **** Elieser Fernandes Ribeiro ****
INSTITUTO CULTURAL FILARMÔNICA CONSELHO ADMINISTRATIVO PRESIDENTE EMÉRITO
Jacques Schwartzman PRESIDENTE
Roberto Mário Soares CONSELHEIROS
Berenice Menegale, Bruno Volpini, Celina Szrvinsk, Fernando de Almeida, Ítalo Gaetani, Marco Antônio Drumond, Marco Antônio Pepino, Marcus Vinícius Salum, Mauricio Freire, Octávio Elísio, Paulo Paiva, Paulo Brant, Sérgio Pena DIRETORIA EXECUTIVA DIRETOR PRESIDENTE
Diomar Silveira
DIRETORA DE ADMINISTRAÇÃO E FINANÇAS
Márcia Cristina de Almeida DIRETORA DE COMUNICAÇÃO
Jacqueline Guimarães Ferreira DIRETORA DE MARKETING E PROJETOS
Zilka Caribé
DIRETOR DE PRODUÇÃO MUSICAL
Marcos Souza
EQUIPE TÉCNICA GERENTE DE COMUNICAÇÃO
Merrina Godinho Delgado GERENTE DE PRODUÇÃO MUSICAL
Claudia da Silva Guimarães ASSESSORA DE PROGRAMAÇÃO MUSICAL
Carolina Debrot PRODUTORES
Felipe Renault, Luis Otávio Amorim, Narren Felipe ANALISTAS DE COMUNICAÇÃO
Andréa Mendes / Imprensa Marciana Toledo / Publicidade Mariana Garcia / Multimídia Renata Romeiro / Design gráfico ANALISTA DE MARKETING DE RELACIONAMENTO
Mônica Moreira
ANALISTA DE MARKETING E PROJETOS
Mariana Theodorica
ASSISTENTE DE COMUNICAÇÃO
Renata Gibson
EQUIPE ADMINISTRATIVA ANALISTA ADMINISTRATIVO
Eliana Salazar
ANALISTA CONTÁBIL
Graziela Coelho ANALISTA FINANCEIRO
Thais Boaventura ANALISTA DE RECURSOS HUMANOS
Quézia Macedo Silva SECRETÁRIA EXECUTIVA
Flaviana Mendes
AUXILIARES ADMINISTRATIVOS
Cristiane Reis, João Paulo de Oliveira, Vivian Figueiredo RECEPCIONISTA
Lizonete Prates Siqueira AUXILIARES DE SERVIÇOS GERAIS
Ailda Conceição, Claudia Cristina Sanches MENSAGEIROS
Jeferson Silva e Pablo Faria MENOR APRENDIZ
Pedro Almeida CONSULTORA DE PROGRAMA
Berenice Menegale
* CHEFE DE NAIPE ** ASSISTENTE DE CHEFE DE NAIPE *** CHEFE/ASSISTENTE SUBSTITUTO **** MÚSICO CONVIDADO
PRÓXIMOS
PARA APRECIAR O CONCERTO
CONCERTOS
APARELHOS CELULARES
Confira e não se esqueça, por favor, de desligar o seu celular ou qualquer outro aparelho sonoro.
TOSSE
Perturba a concentração dos músicos e da plateia. Tente controlá-la com a ajuda de um lenço ou pastilha.
JULHO Dia 5 Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão sexta-feira, 20h30, Auditório Claudio Santoro FABIO MECHETTI, regente LILYA ZILBERSTEIN, piano
VERDI / PROKOFIEFF WAGNER / R. STRAUSS
Dia 6 Concertos Paulínia 2013 sábado, 20h, Theatro Municipal de Paulínia FABIO MECHETTI, regente LILYA ZILBERSTEIN, piano
VERDI / PROKOFIEFF WAGNER / R. STRAUSS
Dia 16 Série Vivace terça-feira, 20h30, Palácio das Artes 200 anos de nascimento de WAGNER FABIO MECHETTI, regente ELIANE COELHO, soprano EDUARDO VILLA, tenor DENIS SEDOV, baixo
Dia 18 Concertos de Câmara
Dia 26 Reapresentação Verdi
quinta-feira, 19h e 20h30, Memorial Minas Gerais Vale GRUPO DE PERCUSSÃO
quinta-feira, 20h30, Palácio das Artes 200 anos de nascimento de VERDI FABIO MECHETTI, regente MARIANA ORTIZ, soprano ELISE QUAGLIATA, mezzo-soprano FERNANDO PORTARI, tenor DENIS SEDOV, baixo CORAL LÍRICO TMSP CORAL LÍRICO MG
REICH / GREEN / PASCOAL LIGET / CAGE
Dia 21 Turnê Estadual domingo, 17h30, Ouro Preto, Praça Tiradentes MARCOS ARAKAKI, regente
GOMES / SANTORO GUARNIERI / VILLA-LOBOS FERNANDEZ
Dia 25 Série Allegro quinta-feira, 20h30, Palácio das Artes 200 anos de nascimento de VERDI FABIO MECHETTI, regente MARIANA ORTIZ, soprano ELISE QUAGLIATA, mezzo-soprano FERNANDO PORTARI, tenor DENIS SEDOV, baixo CORAL LÍRICO TMSP CORAL LÍRICO MG
VERDI
APLAUSOS
Aplauda apenas no final das obras, que, muitas vezes, se compõem de dois ou mais movimentos. Veja no programa o número de movimentos e fique de olho na atitude e gestos do regente.
PONTUALIDADE
Uma vez iniciado um concerto, qualquer movimentação perturba a execução da obra. Seja pontual e respeite o fechamento das portas após o terceiro sinal. Se tiver que trocar de lugar ou sair antes do final da apresentação, aguarde o término de uma peça.
CRIANÇAS
Dia 28 Festival de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora
Caso esteja acompanhado por crianças, escolha assentos próximos aos corredores. Assim, você consegue sair rapidamente se ela se sentir desconfortável.
domingo, 20h30, Teatro Pró-Música FABIO MECHETTI, regente
Não são permitidas na sala de concertos.
VERDI / WAGNER VILLA-LOBOS / GOMES
Seu consumo não é permitido no interior da sala de concerto.
FOTOS E GRAVAÇÕES EM ÁUDIO E VÍDEO COMIDAS E BEBIDAS
CUIDE DO SEU PROGRAMA DE CONCERTOS Solicitamos a todos que evitem o desperdício, pegando apenas um programa por mês. Se você vier a mais de um concerto no mês, traga o seu programa ou, se o esqueceu em casa, use o programa entregue pelas recepcionistas e devolva-o, depositando-o em uma das caixas colocadas à saída do Grande Teatro. O programa mensal impresso é elaborado com a participação de diversos especialistas e objetiva oferecer uma oportunidade a mais para se conhecer música, compositores e intérpretes. Ele também está disponível em nosso site: www.filarmonica.art.br. Desfrute da leitura e estudo.
PAT ROCÍNIO
D I V U LG A Ç Ã O
INCENTIVO
APOIO INSTITUCIONAL
w w w. i n c o n f i d e n c i a . c o m . b r
REALIZAÇÃO
www.filarmonica.art.br R. Paraíba, 330 | 120 andar | Funcionários Belo Horizonte | MG | CEP 30130-917 Tel. 31 3219 9000 | Fax 31 3219 9030 | contato@filarmonica.art.br