Temporada 2012 | Maio

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maio 2012

ados com a magnífica celente programação. ns pela divulgação da elo interior do Estado. Minas Gerais merece a Filarmônica que tem!”


O violino é o menor e mais agudo instrumento da família das cordas. Ele foi criado na Itália na primeira metade do século XVI, a partir de antigos instrumentos de cordas friccionadas que vieram de países diferentes. É o naipe mais numeroso da Orquestra e se divide em duas vozes – os primeiros e os segundos violinos. Os segundos violinos têm um papel coadjuvante em relação aos primeiros, primordialmente no acompanhamento das linhas melódicas principais, seja no reforço dinâmico (executando a mesma melodia dos primeiros, por exemplo), ou na figuração rítmica (ao estabelecer o pulso constante em que essas melodias transcorrem). Entretanto, a partir do século XIX, compositores começaram a lhes conferir maior independência melódica e contrapontística, exigindo muita versatilidade e sensibilidade dos instrumentistas. Em geral os segundos violinos estão à esquerda do maestro, entre os primeiros e as violas. A Filarmônica de Minas Gerais conta com doze segundos violinos, liderados pelo chefe de naipe Frank Haemmer.

A Filarmônica é toda sua.

Antônio Siécola Moreira

Turnê estadual, Santa Rita do Sapucaí_JUN 2010

Estão falando sobre você. Sobre você que é o motivo da Orquestra Filarmônica existir. Sobre você que é exigente com o que ouve. Sobre você que às terças e quintas espera se surpreender. Estão falando sobre você. Você que colabora para que a Filarmônica seja uma das melhores orquestras do país. Você que faz diferença a cada concerto. Você é a razão disso tudo. Quando falam sobre a Orquestra Filarmônica estão falando de você. Receba cada aplauso. Você é a orquestra. A Filarmônica é toda sua.

foto | André Fossati

Pode se orgulhar.


Ministério da Cultura e Governo de Minas apresentam

Série Allegro 3 de maio

Fabio Mechetti r egente Yolanda Kondonassis har pa DEBUSSY Noturnos: Nuvens – Festas GINASTERA Concerto para Harpa BARTÓK Suíte de Danças DUKAS O Aprendiz de Feiticeiro pÁg. 7

Série Vivace 15 de maio

Kazuyoshi Akiyama r egente convi dado Barry Douglas piano TOYAMA Rapsódia para Orquestra BEETHOVEN Concerto para piano nº 1 SIBELIUS Sinfonia nº 1 pÁg. 19

Série Allegro 24 de maio

Carl St. Clair r egente convi dado Nicola Benedetti violi no Leonard Elschenbroisch violonc elo TICHELI Estrelas Cadentes BRAHMS Concerto para Violino e Violoncelo PROKOFIEFF Sinfonia nº 5 pÁg. 35


Amigos e amigas, Maio será um mês extremamente ativo e repleto de grandes atrações. Inicialmente contaremos com a presença da harpista norte-americana Yolanda Kondonassis trazendo ao palco do Grande Teatro uma maravilhosa obra para um instrumento que poucas vezes tem a chance de ser apresentado em solo. Trata-se do Concerto do argentino Alberto Ginastera, que mostrará a harpa não só na qualidade de instrumento “angelical”, mas também seu lado rítmico e até percussivo. Dois regentes convidados serão destaque: Carl St. Clair, regente titular da Orquestra Sinfônica do Pacífico, na Califórnia, e Kazuyoshi Akiyama, do qual tive a distinta honra de ter sido assistente na década de 1990. O maestro Akiyama teve um impacto muito importante na minha vida profissional devido a sua enorme competência e profissionalismo associados a uma simplicidade e humanidade fora do comum. Um grande prazer recebê-lo em Belo Horizonte. Dentre os artistas convidados vale a pena salientar a presença do consagrado pianista irlandês Barry Douglas, executando o Primeiro Concerto de Beethoven, e do duo Nicola Benedetti e Leonard Elschenbroich, que apresentam o belíssimo Concerto Duplo de Johannes Brahms. A Filarmônica de Minas Gerais continua a cumprir a sua missão de divulgação da música sinfônica de qualidade com uma agenda cheia em maio: realizaremos o primeiro concerto didático, mais uma apresentação dos Concertos para a Juventude, tendo como solista o nosso próprio Chefe de Naipe de Percussão Rafael Alberto, além de dois Clássicos no Parque – na Praça do Papa e Praça Floriano Peixoto. Seja no aconchego do Grande Teatro do Palácio das Artes ou ao ar livre, nas praças favoritas da capital, convidamos todos a celebrar o mês de maio com a sua orquestra: a Filarmônica de Minas Gerais. Fa b i o M e c h e t ti

foto | Rafael Motta

Diretor Artístico e Regente Titular

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FABIO

Mechetti Diretor Artístico e Regente Titular Orquestra Filarmônica de Minas Gerais

Natural de São Paulo, Fabio Mechetti é Diretor Artístico e Regente Titular da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais desde sua criação, em 2008. Por esse trabalho, recebeu o XII Prêmio Carlos Gomes/2009 na categoria Melhor Regente brasileiro. É também Regente Titular e Diretor Artístico da Orquestra Sinfônica de Jacksonville (EUA) desde 1999. Foi Regente Titular da Orquestra Sinfônica de Syracuse e da Orquestra Sinfônica de Spokane, da qual é, agora, Regente Emérito. Foi regente associado de Mstislav Rostropovich na Orquestra Sinfônica Nacional de Washington e com ela dirigiu concertos no Kennedy Center e no Capitólio norte-americano. Da Orquestra Sinfônica de San Diego foi Regente Residente. Fez sua estreia no Carnegie Hall de Nova York conduzindo a Orquestra Sinfônica de Nova Jersey e tem dirigido inúmeras orquestras norteamericanas, como as de Seattle, Buffalo, Utah, Rochester, Phoenix, Columbus, entre outras. É convidado frequente dos festivais de verão nos Estados Unidos, entre eles os de Grant Park em Chicago e Chautauqua em Nova York. Realizou diversos concertos no México, Espanha e Venezuela. No Japão dirigiu as Orquestras Sinfônicas de Tóquio, Sapporo e Hiroshima. Regeu também a Orquestra Sinfônica da BBC da Escócia, a Filarmônica de Auckland, Nova Zelândia, e a Orquestra Sinfônica de Quebec, Canadá. Vencedor do Concurso Internacional de Regência Nicolai Malko, na Dinamarca, Mechetti dirige regularmente na Escandinávia, particularmente a Orquestra da Rádio Dinamarquesa e a de Helsingborg, Suécia. Recentemente fez sua estreia na Finlândia dirigindo a Filarmônica de Tampere. No Brasil foi convidado a dirigir a Sinfônica Brasileira, a Estadual de São Paulo, as orquestras de Porto Alegre e Brasília e as municipais de São Paulo e do Rio de Janeiro.

foto | Eugênio Sávio

Trabalhou com artistas como Alicia de Larrocha, Thomas Hampson, Frederica von Stade, Arnaldo Cohen, Nelson Freire, Emanuel Ax, Gil Shaham, Midori, Evelyn Glennie, Kathleen Battle, entre outros. Igualmente aclamado como regente de ópera, estreou nos Estados Unidos dirigindo a Ópera de Washington. No seu repertório destacam-se produções de Tosca, Turandot, Carmen, Don Giovanni, Cosi fan Tutte, Bohème, Butterfly, Barbeiro de Sevilha, La Traviata e As Alegres Comadres de Windsor. Fabio Mechetti recebeu títulos de Mestrado em Regência e em Composição pela prestigiosa Juilliard School de Nova York. 5


20h30

3 maio série ALLEGRO Grande Teatro do Palácio das Artes

Fabio Mechetti Yolanda Kondonassis

regente harpa

PROGRAMA Claude DEBUSSY Al ber to GI NASTERA

Noturnos: Nuvens – Festas Concerto para Harpa e Orquestra , op. 25 Allegro giusto Molto moderato Liberamente capriccioso – Vivace

Yolanda Kondonassis Solista

foto | Rafael Motta ilustrações compositores | Mariana Simões

I NTERVALO Béla BARTÓK

Suíte de Danças Tranquillo Allegro molto Allegro vivo Molto tranquillo Comodo Allegro – Più allegro – Allegro molto

Paul DU KAS

O Aprendiz de Feiticeiro

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sÉRIE allegro 3 maio

Aos nove anos, Stephanie Jeong era Daqueles casos raros em que se tem pele uma das mais jovens estudantes de concertista... Monteiro tem o poder de admitidas no famoso Curtis Institute, sensibilizar o público através da epiderme, na Filadélfia, para estudar com o fazendo com que o espectador viva a música renomado violinista Aaron Rosand. com ele, em uma espécie de comunhão.

Yolanda

Kondonassis

É um dom muito especial...

Yolanda Kondonassis é celebrada como uma das melhores harpistas solo do mundo e considerada a harpista clássica mais gravada. Aclamada como “uma extraordinária virtuose” e “pura luminescência na harpa”, ela vem se apresentando em todo o mundo, trazendo a um público cada vez maior sua marca exclusiva e amena na arte da musicalidade.

Yolanda Kondonassis provou ser uma excelente advogada para o diabolicamente difícil Concerto para Harpa de Alberto Ginastera. Aproveitou ao máximo o drama e intensidade da obra, mostrando seu comando técnico do instrumento junto à imaginação musical de uma grande artista. The Spokesman-Review, Estados Unidos 8

foto | Mark Battrell

Albert Mallofré, La Vanguardia, Espanha

Suas gravações pelo selo Telarc são elogiadas pela revista Gramophone pela “clareza, cor e vitalidade rítmica de interpretação”. Gravou quinze discos que venderam mais de cem mil cópias, sendo o último com a estreia mundial da gravação do Concerto para harpa e orquestra de Bright Sheng, composto para Kondonassis e estreado por ela. Dedicada musicista de câmara, Kondonassis tem se apresentado nos festivais de Marlboro, Spoleto, Tanglewood, Vail, Bay, Strings in the Mountains, Innsbrook e Mainly Mozart. Colaborou com membros dos quartetos de Alban Berg, Guarnieri, Shanhai e Vermeer, apresenta-se com o Trio Still/Chase/Kondonassis e com o Quarteto de Cordas Rossetti.

Desde que estreou aos 18 anos com a Filarmônica de Nova York e Zubin Mehta, Kondonassis tem se apresentado como solista com inúmeras grandes orquestras dos Estados Unidos e no exterior, como as orquestras de Cleveland, de Câmara Inglesa, sinfônicas de Houston, Detroit, Dallas, Puerto Rico, Phoenix, do Novo Mundo, de Câmara de Nova York, de Câmara da Filadélfia, filarmônicas de Hong Kong e Buffalo e Orquestra da Flórida. Outras apresentações solo incluem o Lincoln Center, o 92nd Street Y e National Concert Hall de Taiwan. Destaques desta temporada incluem uma apresentação no Bravo! Vail Valley com Eugenia Zuckerman, a Sinfônica de Dallas e Jaap van Zweden; um concerto em Dumbarton Oaks com Joshua Smith e Cynthia Phelps; e apresentações com Timothy Muffit e as orquestras de Lansing e Baton Rouge.

Como autora, compositora e arranjadora, ela publicou quatro livros entre educativos, transcrições originais, arranjos e composições para harpa e um livro infantil. Primeira harpista a receber o Prêmio Darius Milhaud, Kondonassis está comprometida com o avanço da música contemporânea em apresentações e produção de novas obras. Ela lidera os departamentos de harpa no The Cleveland Institute of Music e no Oberlin College Conservatory. A artista é natural de Oklahoma, Estados Unidos. 9


sÉRIE ALLEGRO 3 MAIO

Claude

DEBUSSY França, 1862 – 1918

Noturnos: Nuvens – Festas Ano de composição_

13 min

1899

Inspirados em pinturas homônimas da década de 1870, de James Whistler, os Noturnos revelam-se jogo luminoso sutil, através de um colorido orquestral até então inédito.

Os Nocturnes de Debussy foram compostos entre 1897 e 1899, mas sua estreia se deu, de fato, em duas ocasiões diferentes. Os dois movimentos iniciais tiveram sua primeira audição em dezembro de 1900, pela Orquestra Lamoureux dirigida por C. Chévillard. A integral da obra, incluindo o terceiro movimento – Sirènes (Sereias) – que conta com um coro feminino, veio a público em outubro de 1901.

em alguns instantes por deslumbrantes feixes de luz; um cortejo de figuras fantásticas aproxima-se da festa e perde-se nela. O fundo é sempre o mesmo: a festa com sua confusão de música e luzes que dançam em ritmo cósmico. Sirènes: o mar e seu movimento incessante; sobre as ondas é refletida a luz da lua, escuta-se o misterioso canto das sereias, alegre, perdendo-se na infinitude”.

Os Nocturnes foram inspirados em pinturas homônimas da década de 1870, do artista norte-americano James Whistler. Assim como essas telas – “estudos de luz e sombra que oferecem impressões de paisagens e objetos” – a obra de Debussy revela-se jogo luminoso sutil, através de um colorido orquestral até então inédito.

A exemplo da estreia de 1900, do programa de hoje constarão apenas os dois primeiros movimentos. Em Nuages (Nuvens) apresentam-se dois temas distintos: o primeiro, formado essencialmente por quintas e terças paralelas, é anunciado pelos clarinetes e fagotes e reapresentado pelos violinos. O ritmo, regular e oscilante, evoca o movimento contínuo das nuvens, enquanto a dinâmica é mantida em pianissimo. O segundo tema apoia-se na escala pentatônica e é ouvido inicialmente pelas flautas e harpa. Estará presente até o final do movimento, quando toda a paleta orquestral é direcionada para a região grave, evocando “tons de cinza aos quais se mesclam delicados tons brancos”. Os elementos melódicos de Nuages são reaproveitados em Fêtes (Festas), revelando conexão entre seus temas. A “festa” inicia-se com um acorde de flautas sobre o qual

O próprio Debussy gentilmente nos introduz à obra: “A palavra Noturnos deve ser entendida num sentido geral e, mais particularmente, num sentido decorativo. Não se trata da forma habitual do noturno, mas sim de tudo o que este termo pode evocar de impressões e jogos de luzes. Nuages: é o aspecto imutável do céu e do movimento lento e solene das nuvens desaparecendo em tons de cinza aos quais se mesclam delicados tons brancos. Fêtes: é o ritmo dançante da atmosfera, iluminado

Para ouvir

CD Debussy Orchestral Works – New Philarmonia Orchestra Cleveland – Pierre Boulez, regente – Sony Classics – 1995 CD Debussy: Nocturnes, Prélude, La mer – Orchestre de Paris – Daniel Barenboim, regente – Deutsche Grammophon – 2012 Para ler

Leon Vallas – Claude Debussy: His life and works – Dover Publications – 1973 Heinrich Strobel – Claude Debussy – Tradução Ramón Barce – Ediciones RIALP – 1966

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os violinos, em fortissimo, repetem intervalos de quintas em ritmo frenético. Podemos vislumbrar em Fêtes construção formal inspirada no pensamento clássico: introdução, exposição, desenvolvimento e curta recapitulação do material temático do início da exposição. Tal como em Prélude à l’après-midi d’un faune (1894), Debussy liberta-se das leis harmônicas, melódicas e rítmicas que dominaram o pensamento acadêmico da época: encontramos nesta obra harmonias paralelas livremente encadeadas e apoiadas por ritmos não regulares, tonalidade fixa substituída por sugestões fugidias de centros harmônicos ambíguos, tratados com grande liberdade construtiva, e um refinamento orquestral que viria a ser paradigmático na evolução da música do século XX. Em suas estreias os Nocturnes não obtiveram o resultado esperado e, por isso mesmo, Debussy passou boa parte de sua vida revisando a partitura. Hoje ela é considerada um marco na sua produção e mesmo um avanço na música do século XX no que tange, especialmente, ao tratamento da tonalidade e ao colorido orquestral. Ana Claudia Assis

Pianista, Doutora em História pela UFMG, professora na Escola de Música da UFMG, integrante do grupo Oficina Música Viva da FEA.

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sÉRIE ALLEGRO 3 MAIO

Alberto

GINASTERA Argentina, 1916 – Suíça, 1983

Concerto para Harpa e orquestra, op. 25 Ano de composição_

23 min

1958

As expansões harmônicas que o compositor consolidou nas obras subsequentes aparecem aqui combinadas com conduções melódicas sugeridas pela música indígena argentina. Para ler

Deborah Schwartz-Kates – Alberto Ginastera: a research and information guide – Routledge – 2010

Com a morte de Heitor Villa-Lobos em 1959, Alberto Evaristo Ginastera tornou-se o mais comentado compositor sul-americano. Aos sete anos começou seus estudos musicais e antes dos vinte formou-se no Conservatório Williams com Medalha de Ouro em Composição. Antes de concluir os estudos no Conservatório Nacional de Música, viu sua carreira impulsionar-se quando Juan José Castro regeu no Teatro Colón sua suíte orquestral do balé Panambí, em 1937. Essa apresentação o lançou como compositor de importância no cenário musical argentino. Ginastera influenciou o desenvolvimento musical de seu país, desdobrando-se entre o ensino, a composição e projetos de difusão da música contemporânea. Começou como professor no Conservatório Nacional e na Academia Militar Nacional San Martín em 1941, mesmo ano em que viajou aos Estados Unidos para participar do Tanglewood Music Festival. O contato com Aaron Copland, no Festival, lhe rendeu, mais que uma longa amizade, um rico confronto entre ideias nacionalistas e concepções de vanguarda. A intensificação da política peronista provocou a demissão de Ginastera da Academia Militar. Um ambiente insustentável convenceu-o a ir, em dezembro de 1945, para os Estados

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Unidos, onde permaneceu até março de 1947. Em sua volta, funda a seção argentina da International Society for Contemporary Music e assume a organização e direção do Conservatório de Música e Teatro da Universidade Nacional de La Plata. Ainda dissonante em relação aos peronistas, perde o cargo de diretor em La Plata, em 1952. Com a derrota de Perón, reassume sua carreira na Universidade em 1956, ano da composição do Concerto para Harpa.

1958 e lançado em 1965. Sua poética tanto expressa o nacionalismo subjetivo quanto sugere o neo-Expressionismo. O caráter dramático – que dá o tom de suas óperas – foi determinante na construção dos concertos. Compôs um para violino, dois para piano, dois para violoncelo e um para harpa. Todos eles apresentam inovações nas estruturas tradicionais do gênero concerto. Os primeiros movimentos costumam exigir todo o virtuosismo dos intérpretes, abrindo-se com “cadências de bravura” e se encerrando com estudos e variações brilhantes. O imenso desafio e a virtuosidade devem-se ao trabalho de colaboração íntima entre o compositor e grandes intérpretes. O Concerto op. 25 foi estreado pelo importante harpista espanhol Nicanor Zabaleta, com o regente Eugene Ormandy e a Philadelphia Orchestra. As expansões harmônicas e texturais que o compositor consolidou nas obras subsequentes aparecem aqui combinadas com ritmos vibrantes e conduções melódicas sugeridas pela música indígena argentina. Essa alquimia permitiu a expansão da linguagem musical, aliando à habilidade técnica a expressão da beleza sensível.

Ginastera compôs dos anos 1930 até sua morte. Ao final dos anos 1960 fez um balanço de seu trabalho, dividindo o conjunto de sua obra em três períodos estilísticos: o do “nacionalismo objetivo” (1934–1947), que faz referências diretas ao folclore argentino por meios tonais tradicionais; o do “nacionalismo subjetivo” (1947–1957), que sintetiza elementos folclóricos em favor de um estilo argentino original; e o do “neo-Expressionismo” (a partir de 1958), em que combina procedimentos experimentais de vanguarda com inspirações surrealistas. Os teóricos identificam um quarto período, o das “sínteses finais” (1976–1983), no qual suas obras articulam tradição e inovação extrema.

Igor Reyer

O Concerto para Harpa foi concebido por Ginastera em 1956, revisado em

Pianista, Mestre em Música pela Universidade Federal de Minas Gerais.

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sÉRIE ALLEGRO 3 MAIO

Béla

BARTÓK Hungria, 1881 – Estados Unidos, 1945 A arte de Béla Bartók associa-se diretamente às suas pesquisas sobre as manifestações musicais folclóricas da Europa Oriental. Guiado por um espírito científico, o compositor recolheu, classificou e analisou metodicamente milhares de canções, percorrendo países como Eslováquia, Romênia, Arábia (1913), Sérvia, Croácia, Anatólia e Bulgária, chegando ao norte da África (1932) e à Turquia (1936). Bartók assimilou a surpreendente riqueza rítmica do folclore, desenvolveu apurado senso timbrístico e libertou-se (pelo uso sistemático de modos e escalas antigas) da hegemonia do sistema tonal. Ao incorporar elementos “primitivistas” à melhor tradição erudita ocidental, Bartók alinhou-se entre os compositores mais originais, inovadores e influentes do século XX – sua contribuição foi decisiva para a renovação da linguagem musical contemporânea.

Suíte de Danças Ano de composição_

17 min

1923

Escritas para o cinquentenário da união das cidades de Buda e Peste, as danças são interligadas por um refrão de caráter húngaro e têm também elementos árabes e romenos. Para ouvir

CD Boulez rege Bartók – O mandarim miraculoso; Suíte de danças – Orquestra Filarmônica de Nova York – Pierre Boulez, regente – CBS Masterworks – 1974

Bartók reconhecia-se tributário, sobretudo, da influência de três grandes compositores: Debussy (pelo sentimento dos acordes), Beethoven (pela revelação da forma progressiva) e Bach (pela ciência do contraponto). De Bach herdou também o amor pelos números e, como o grande mestre barroco, Béla Bartók conscientemente cultivou conceitos matemáticos (a seção áurea; a

Para ler

Pierre Citron – Bartók – Coleção Solfèjes – Éditions du Seuil – 1963

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sequência de Fibonacci) visando o equilíbrio entre inspiração musical e realização formal.

Um falso refrão atinge um ponto culminante e encadeia-se diretamente com o próximo movimento. A quarta dança – Molto tranquillo – é a mais lenta do conjunto. O intervalo predominante é o das quintas que, superpostas, acompanham um dolente motivo oriental. O refrão se reduz a apenas uma vaga recordação. A quinta dança – Comodo – possui um caráter rústico tão primitivo que, certamente, antecede qualquer conceito moderno de nacionalidade. Trata-se de um estudo rítmico.

A Suíte de Danças, primeira obra de Bartók oficialmente encomendada, foi escrita em 1923 para o cinquentenário da união das cidades de Buda e Peste. Apesar do caráter patriótico da celebração, as cinco danças (interligadas por um refrão de caráter húngaro) apresentam também elementos árabes e romenos. O compositor adotou um processo de improvisação melódica comum a diversas culturas camponesas: a obra começa com notas repetitivas, confinadas a um âmbito intervalar restrito; e a extensão de toda a escala é conquistada progressivamente, com a ampliação dos intervalos.

O importante final – Allegro, Più allegro, Allegro molto – trabalha os vários temas das danças anteriores, realizando uma síntese de seus diferentes estilos. Delicadamente o refrão introduz a Coda, e a Suíte termina em clima de entusiasmo, vivacidade e alegria.

Na primeira dança – Tranquillo – o intervalo privilegiado é o de segundas (diminutas e aumentadas), a partir de uma nota central. O monótono tema do fagote recorda o Norte da África. O suave refrão húngaro é apresentado, tímido e hesitante, pelos violinos. A segunda dança – Allegro molto – constrói-se sobre intervalos de terças e possui evidente caráter húngaro. O refrão é confiado ao clarinete. A terceira dança – Allegro vivo – apresenta influências romenas, húngaras e árabes. O intervalo valorizado é o de quarta.

Paulo Sérgio Malheiros dos Santos

Pianista, Doutor em Letras pela PUC Minas, professor na Universidade do Estado de Minas Gerais, autor do livro Músico, doce músico.

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sÉRIE ALLEGRO 3 MAIO

Paul

DUKAS França, 1865 – 1935 Paul Dukas foi (como seu amigo Debussy) aluno de Dubois e Guiraud, no Conservatório de Paris, instituição onde depois se notabilizou como professor de composição. Formou uma plêiade de compositores que, mesmo divididos em diferentes facções estéticas, permaneceram todos fiéis admiradores do grande mestre. Homem de excepcional cultura musical, literária e filosófica, Dukas foi também um crítico esclarecido, cuja obra vultosa, publicada em várias e influentes revistas, ainda se conserva atual.

O Aprendiz de Feiticeiro Ano de composição_

11 min

1897

[...] a solidez formal, a clareza de orquestração e a lógica cartesiana que dominam as obras de Dukas as tornam profundamente representativas do espírito francês.

Como compositor, Dukas deixou-nos poucos números de opus, frutos raros de prolongada meditação. Uma autocrítica impiedosa, quase paralisante, levou-o a destruir a maior parte de suas composições e explica a brevidade de seu catálogo. Entretanto, a solidez formal, a clareza de orquestração e a lógica cartesiana que dominam suas obras as tornam profundamente representativas do espírito francês.

Para ouvir

CD L’apprenti Sorcier, Scherzo d’après une ballade de Goethe – Czech Philharmonic Orchestra – Antonio de Almeida, regente – Artia Foreign Trade Corp. Tchecoslováquia – Discos Copacabana – 1977

Decidido a compor um poema sinfônico, Dukas escolheu, como programa literário, a balada de Goethe Der Zauberlehrling, escrita em forma de monólogo: — “Enfim o velho mestre se ausentou! Agora vou eu também conduzir os Espíritos!”. O aprendiz pronuncia a

Para ler

François Tranchefort: Paul Dukas – Guia da Música Sinfônica – Nova Fronteira – 1990

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fórmula mágica, ordenando à vassoura que vá ao rio buscar água e lave a casa. Mas ele esqueceu a palavra para interromper o trabalho da vassoura e a água ameaça fazer submergir a casa. Com a volta do Mestre Feiticeiro, tudo termina bem. Composta em 1897, a obra ganhou o título de L’Apprenti sorcier – Scherzo Symphonique d’après une ballade de Goethe.

O Scherzo, em movimento rápido, inicia-se com a Exposição dos temas: o “motivo da vassoura encantada” aparece no uníssono de três fagotes. A seguir, com as cordas agudas evocando a fluidez da água, surge o “motivo dos sortilégios”. O terceiro tema, “motivo do aprendiz”, traduz a alegria e o entusiasmo do imprudente noviço. O Desenvolvimento se faz em progressão ascendente – o motivo dos sortilégios é usado como fundo sonoro sobre o qual o compositor conduz os temas da vassoura e do aprendiz até atingir a intensidade máxima em quatro acordes (fortissimo de toda a orquestra). A Reexposição é bastante descritiva: ouve-se o golpe do machado que corta a vassoura em duas e, de um silêncio terrível, surge o tema da vassoura, desdobrado nas madeiras graves da orquestra. A progressão ascendente anterior torna-se agora implacável e o tema do aprendiz parece nela submergir inevitavelmente. Surge então, nos metais, o “motivo de encantamento” do Mestre Feiticeiro, que se impõe totalmente e se expande, na Coda, para restabelecer a paz.

O texto da balada aparece no alto da partitura de Dukas. Entretanto, o músico não pretendeu acompanhar detalhadamente a ação, preocupando-se principalmente em fixar o aspecto bizarro da lenda. A obra mantém-se firmemente estruturada por uma lógica puramente musical, de surpreendente inventividade melódica e deslumbrante orquestração. O subtítulo Scherzo refere-se apenas ao caráter da peça, pois sua forma é a de uma Sonata livre, construída com quatro temas (da vassoura, dos sortilégios, do aprendiz e do encantamento). O Scherzo é emoldurado por uma Introdução e uma Coda. A lenta Introdução apresenta fragmentos dos temas e evoca o ambiente misterioso do laboratório de feitiçaria. É interrompida por um golpe breve dos tímpanos sobre um trêmulo da orquestra: — Silêncio!

Paulo Sérgio Malheiros dos Santos

Pianista, Doutor em Letras pela PUC Minas, professor na Universidade do Estado de Minas Gerais, autor do livro Músico, doce músico.

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20h30

15 maio série VIVACE Grande Teatro do Palácio das Artes

Kazuyoshi Akiyama

regente convidado

Barry Douglas

piano

PROGRAMA Yuzo TOYAMA Ludwig van BEETHOVEN

Rapsódia para Orquestra Concerto para Piano e Orquestra nº 1 em Dó maior, op. 15 Allegro con brio Largo Rondò: Allegro scherzando

Barry Douglas

Solista

I NTERVALO

foto | Rafael Motta

Jean SI BELI US

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Sinfonia nº 1 em mi menor, op. 39 Andante, ma non troppo – Allegro energico Andante, ma non troppo lento Scherzo – Trio Quasi una fantasia

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sÉRIE VIVACE 15 MAIO

Kazuyoshi

Akiyama Regente convidado Nascido em 1941, Kazuyoshi Akiyama recebeu sua formação musical na Escola de Música Toho Gakuen, onde, influenciado pelas atividades de um dos alunos, Seiji Ozawa, transferiu-se do departamento de piano para estudar regência com Hideo Saito.

e pelos EUA, onde foi convidado a reger orquestras como a Royal Philharmonic, Colônia Radio Symphony, Bayerischer Rundfunk, a Sinfônica de São Francisco, a Filarmônica de Los Angeles, Filarmônica de Nova York, Sinfônica de Boston, as orquestras de Cleveland e Filadélfia. Akiyama atualmente ocupa o posto de Maestro Laureado na Orquestra Sinfônica de Tóquio e também atua como diretor musical e regente permanente da Orquestra Sinfônica de Hiroshima, regente e orientador musical da Orquestra Sinfônica de Kyushu, diretor artístico e maestro principal da Orquestra Filarmônica de Chubu.

Em fevereiro de 1964, um ano depois de se formar, Akiyama fez sua estreia com a Orquestra Sinfônica de Tóquio. O tremendo sucesso dessa colaboração levou à sua nomeação para os cargos de diretor musical e regente permanente da orquestra apenas dois meses depois.

foto | Divulgação

Akiyama foi premiado pelo governo japonês com a Japan’s Medal with Purple Ribbon, a Ordem do Sol Nascente e a Gold Rays with Rosette, honras de maior prestígio no Japão, por suas realizações de destaque na sociedade musical japonesa.

No exterior, os sucessos como regente iniciaram-se com turnês americanas e europeias da Orquestra da Escola de Música Toho Gakuen. Rapidamente, Akiyama passou a reger orquestras no Canadá e Estados Unidos. A partir daí, recebeu convites para ocupar os postos de maestro assistente da Orquestra Sinfônica de Toronto (1968-1969), diretor musical da Orquestra Sinfônica Americana (1973-1978) e diretor musical da Orquestra Sinfônica de Vancouver (19721985), tornando-se, depois, Maestro Laureado em Vancouver. Entre 1985 e 1993, Akiyama foi diretor musical da Orquestra Sinfônica de Syracuse.

Akiyama recebeu vários prêmios e citações, incluindo o 6ª Suntory Music Award (1975) e o Prêmio de Incentivo às Artes do Ministro da Educação (1995). Com a Orquestra Sinfônica de Tóquio recebeu o Quioto Music Award (1993), o Mainichi Arts Award (1994), o Mobile Music Award (1996) e o 29º Prêmio de Música Suntory (1997). Akiyama foi premiado pelo governo japonês com a Japan’s Medal with Purple Ribbon (2001), a Ordem do Sol Nascente e a Gold Rays with Rosette (2011), honras de maior prestígio no Japão, por suas realizações de destaque na sociedade musical japonesa.

Durante esse tempo, a reputação de Akiyama espalhou-se pela Europa 21


sÉRIE VIVACE 15 MAIO

Barry

Douglas A consolidação da carreira internacional de Barry Douglas tem início com a Medalha de Ouro na Competição Internacional de Piano Tchaikovsky de 1986, em Moscou. Em 1999, formou a Irlanda Camerata, da qual é diretor artístico. Trata-se de uma orquestra de câmara completamente irlandesa, com músicos da Irlanda do Norte e do Sul, para “celebrar a riqueza do talento musical irlandês”. Barry também é o diretor artístico dos Concertos Castletown e Festival Clandeboye, na Irlanda.

recentes Barry deu concertos com as sinfônicas de Seattle, Halle, Berlim, Nacional Tcheca, de Atlanta, de Xangai, de Baltimore e de Houston, as filarmônicas de Bruxelas, Real de Liverpool, da China, de Hong Kong, de Helsinki, entre outras. Como músico regente, a reputação de Barry Douglas vem crescendo desde a formação da Irlanda Camerata. Ainda neste ano, ele irá estrear com a Orquestra Sinfônica Nacional RTE (Dublin), em sua série principal, assim como com a Orquestra Sinfônica de São Petersburgo.

A frenética, mas segura, performance de Barry Douglas foi quase vertiginosa de assistir. Seen and Heard International, Reino Unido

foto | Mark Harrison

Como solista, os destaques da temporada 2010/11 incluem o retorno à Orquestra Sinfônica de Londres, sinfônicas da Cidade de Birmingham, de Cincinnatti, de Cingapura, Filarmônica de Duisburg, RSB Berlim e a Orquestra de Ulster, entre outras.

Barry tem gravado muito ao longo da carreira e gravou todos os concertos de Beethoven com a Irlanda Camerata. Em 2008, a Sony/BMG lançou sua gravação do primeiro e terceiro concertos de Rachmaninoff com a Orquestra Nacional Russa e Svetlanov. Os projetos atuais são o Concerto para Piano de Penderecki, com a Filarmônica de Varsóvia e o maestro Antoni Wit (Naxos), e o Concerto soirée para pianoforte e Concerto para Orquestra, de Nino Rota, com a Filarmônica 900 do Teatro Régio e o maestro Gianandrea Noseda (Chandos).

Barry, regularmente, excursiona pela França, Irlanda, Reino Unido, Estados Unidos e Rússia em recitais, com apresentações recentes em Manchester, Dublin, São Petersburgo e Moscou. Nesta temporada, além de incluir a Espanha e a América do Sul em sua agenda, Barry retornará ao BBC Proms, com a Orquestra Sinfônica da BBC, apresentando a première internacional de um novo concerto escrito para ele por Kevin Volans, para celebrar o seu quinquagésimo aniversário. Em temporadas

Barry Douglas recebeu a Ordem do Império Britânico (OBE), na Lista Honorária do Ano Novo de 2002. 23


sÉRIE VIVACE 15 MAIO

Yuzo

TOYAMA Japão, 1931 Em 1960, quando Yuzo Toyama compôs a Rapsódia para Orquestra, certamente não imaginava que ela se tornaria, ao longo do tempo, a obra mais conhecida de sua produção. Naquela ocasião, o compositor – e também maestro – tivera a simples intenção de escrever uma “obra brilhante para servir como extra-programa” numa das turnês estrangeiras da Orquestra Sinfônica NHK, sob sua direção. Devido ao grande sucesso conquistado, esta obra passou a ser executada em todo o mundo, já não mais como “Bis”, e hoje integra a lista das “obras japonesas favoritas” em selos das principais gravadoras mundiais.

Rapsódia para Orquestra Ano de composição_

7 min

1960

A Rapsódia para Orquestra inspira-se em temas tradicionais japoneses, [...] levando o ouvinte a uma verdadeira viagem sonora pela cultura japonesa.

Grande parte da produção de Yuzo Toyama, a exemplo de compositores de outras nacionalidades como Béla Bartók e Zoltán Kodály, é baseada em práticas musicais populares do Japão e, segundo alguns autores, ela se enquadra no movimento musical conhecido como neonacionalismo, que culminou – em diversos países – após a Segunda Guerra Mundial.

Para ouvir

CD Japanese Orchestral Favourites – Tokio Orchestra – Ryusuke Numajiri, regente – Naxos – 2002 Para ler

Peter Burt – The Music of Toru Takemitsu – Cambridge University – 2006 (O livro faz referências à obra de Yuzo Toyama)

A Rapsódia para Orquestra inspira-se, portanto, em temas tradicionais japoneses, intercalando seções rítmicas de grande vitalidade com momentos melódicos apoiados em escalas pentatônicas, levando o ouvinte a uma verdadeira viagem

Para visitar

www.musicfromjapan.org

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sonora pela cultura japonesa. O estilo rapsódico pode ser sentido através do livre encadeamento de diferentes partes temáticas, aqui alternadas em três seções: rápido-lento-rápido.

tradicionais teatros japoneses para anunciar o início de uma determinada performance. Yuzo Toyama divide suas atividades artísticas entre a composição e a regência e deve parte de sua formação musical a nomes como Kanichi Shimofusa, discípulo de Paul Hindemith, e o reconhecido maestro austríaco Erich Leinsdorf. Ele já dirigiu todas as orquestras importantes do Japão e ocupa o cargo de maestro permanente da orquestra NHK desde 1979. Em decorrência do seu trabalho como regente e autor de mais de 225 composições, Toyama recebeu numerosos prêmios no Japão por sua contribuição à vida musical daquele país.

O impulso inicial da obra é dado pela percussão, que se mantém auditivamente presente na trama orquestral da primeira seção, construindo uma base rítmica sobre a qual diversos materiais melódicos são anunciados. Na parte central da obra, a percussão torna-se progressivamente mais discreta, dando a primazia ao caráter solístico da flauta, instrumento que aqui apresenta melodia com ornamentação requintada, envolta por uma sonoridade orquestral que não deixa de nos remeter à técnica de Claude Debussy. A última seção surge a partir de um novo e vibrante impulso percussivo, ao qual se alia, num grito, a voz dos instrumentistas. A partir daí, projeta-se uma sequência enérgica de acontecimentos melódicos e rítmicos que se manterão até o final apoteótico.

Ana Cláudia Assis

Pianista, Doutora em Música pela Universidade Federal de Minas Gerais, professora na mesma Universidade, integrante do grupo Oficina Música Viva da Fundação de Educação Artística.

Vale a pena chamar atenção para a alusão feita ao tradicional kyoshigi, no início da primeira e da terceira seção. O kyoshigi é um instrumento japonês composto por dois pedaços de madeira ou bambu, usados nos 25


sÉRIE VIVACE 15 MAIO

Ludwig van

BEETHOVEN Alemanha, 1770 – Áustria, 1827

Concerto para Piano e Orquestra nº 1 em Dó maior, op. 15 Ano de composição_

36 min

1795

Beethoven foi um pianista extraordinário e um grande improvisador. Escreveu, para este concerto, nada menos que três diferentes solos de piano de natureza improvisatória. Para ouvir

CD Beethoven: Concertos Nº 1 & 2 (1962) – Berlin Philharmonic Orchestra – Ferdinand Leitner, regente – Wilhelm Kempff, piano – Deutsche Grammophon – 1988 Para LER

Barry Cooper (org.) – Beethoven: um compêndio – Jorge Zahar Editor – 1996

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“O firme vigor da frase inicial, emitida pela orquestra, sugere aquela confiança em si próprio que sempre tem sido considerada como a marca e a recompensa do gênio enquanto jovem. Tudo o que compõe é franco, direto, livre de ideias opressoras”, afirmou o crítico musical Ralph Hill a respeito da introdução do Concerto para Piano nº 1 de Beethoven. Primeiro a ser publicado, em 1801, este concerto foi na verdade o terceiro composto, e seus esboços remontam a seis anos antes (a primeira incursão no gênero fora aos 14 anos de idade, com o inacabado Concerto para Piano em mi bemol, que não integrou a lista oficialmente reconhecida por Beethoven. Em 1788 o compositor iniciou o Concerto em si bemol, publicado como nº 2, no qual remanesce a estilística clássica). O Concerto em Dó maior, nº 1, composto em 1795, é dotado de um pianismo brilhante, de uma orquestração cheia de nuances heroicas e efeitos de dinâmica, tendo sido escolhido pelo compositor para seu début em Viena. Beethoven foi um pianista extraordinário e um grande improvisador, antes de se tornar conhecido como autor de sinfonias. Escreveu, para este concerto, nada menos que três diferentes solos de piano de natureza improvisatória, chamados cadenze, nos quais ostenta toda a sua virtuosidade. Não obstante,

pedira em carta aos editores do Allgemeine Musicalische Zeitung (periódico vienense) que as críticas fossem benevolentes com essa obra que já pertencia ao seu passado. Mozartiano em sua estrutura formal, este concerto está, porém, mais próximo de Haydn no conteúdo e na expressão. Ao utilizar um scherzo para encerrá-lo, Beethoven afasta-se do rondo-minueto comum ao estilo galante de Mozart e se aproxima do humorismo exuberante de Haydn, seu então professor em Viena.

a doçura e o encantador lirismo do Largo estejam relacionados à figura da princesa Odescalchi, nascida condessa Babette von Kéglévich, que Beethoven tinha em grande estima. Era sua aluna de piano e sua vizinha em Viena e, segundo Karl, sobrinho de Beethoven, “ele vinha dar-lhe aulas de roupão e chinelos”. O compositor dedicou-lhe também a Sonata nº 4 op. 7, apelidada “amorosa” pelos vienenses. No rondó final transparece a afinidade com a alegre música popular vienense da época. Para nós, brasileiros, é difícil deixar de notar alguma curiosa semelhança entre o contorno melódico do Tico-Tico no Fubá de Zequinha de Abreu e um dos temas centrais do último movimento.

Na terceira das Sonatas op. 2, (em Dó maior) dedicadas a Haydn, Beethoven escolhera, para o movimento lento, o distante tom de Mi maior; já no Concerto nº 1, escrito na mesma tonalidade, Dó maior, ele optou pelo equidistante tom de lá bemol. Essa inovação sobre o padrão clássico permite uma grande amplitude tonal e harmônica entre os movimentos, cuja inter-relação constituirá um elemento importante em toda a futura produção beethoveniana. Para realizar uma boa transição entre as distintas tonalidades, o compositor encerra o Allegro inicial sobre a tônica não harmonizada, ou seja, sobre a nota dó executada por toda a orquestra, e inicia o movimento seguinte com a mesma nota, dó, numa doce melodia apresentada em solo de piano. Acredita-se que

Marcelo Corrêa

Pianista, Mestre em Piano pela Universidade Federal de Minas Gerais e professor na Universidade do Estado de Minas Gerais.

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sÉRIE VIVACE 15 MAIO

Jean

SIBELIUS Finlândia, 1865 – 1957 Jean Sibelius estudou, desde cedo, piano, violino e composição. Aos vinte e quatro anos, ao perceber que não possuía nem o conhecimento técnico suficiente para se tornar um violinista de renome, nem o temperamento para suportar uma carreira de concertista, resolveu concentrar-se na composição. Mas em Helsinque, no final do século XIX, a vida não era fácil para um jovem compositor desconhecido. Embora suas primeiras composições fossem de altíssimo nível, não conseguiam atrair a atenção do público. A sorte só começaria a mudar dez anos mais tarde, em 1898, quando ele finalmente assinou um contrato com a editora alemã Breitkopf & Härtel. O próximo passo seria a composição de uma obra sinfônica de grande escala, que ajudaria a firmar seu nome no cenário local e internacional. Sua Primeira Sinfonia começou a ser composta em abril de 1898. Em janeiro do ano seguinte, Sibelius mudava-se da capital para a pequena cidade de Kerava, a fim de ter mais tempo para compor. Enquanto trabalhava na sua Sinfonia, o czar Nicolau II expediu o “Manifesto de fevereiro de 1899”, restringindo a autonomia de todas as nações do Império Russo, incluindo a Finlândia. Indignado com a nova situação de seu país,

Sinfonia nº 1 em mi menor, op. 39 Ano de composição_

40 min

1900

Na Sinfonia vislumbramos aquelas que se tornariam as marcas de Sibelius: atmosferas misteriosas, contrastes súbitos e uma paleta orquestral extremamente pessoal. Para ouvir

CD Sibelius: Symphonies no 1 & 6 – Slovak Philharmonic Orchestra – Adrian Leaper, regente – Naxos – 2009 Para LER

Daniel M. Grimley (ed.) – The Cambridge companion to Sibelius – Cambridge University Press – 2004 Michael Steinberg – The symphony: a listener’s guide – Oxford University Press – 1995

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Sibelius compôs uma canção de protesto, intitulada Canção dos Atenienses. A Sinfonia no 1 e a Canção dos Atenienses foram estreadas no mesmo concerto, em Helsinque, no dia 26 de abril de 1899, pela Sociedade Filarmônica de Helsinque, sob a regência do compositor. O concerto teve grande sucesso e Sibelius foi alçado à condição de uma das principais figuras da resistência finlandesa. Nascia um herói nacional.

extremamente pessoal. O primeiro movimento inicia-se com uma enigmática melodia no clarinete, acompanhada por leve trêmulo no tímpano. O clarinete termina sozinho sua melodia e dá lugar ao primeiro tema, nas cordas – um tema vigoroso que contamina toda a orquestra (Allegro energico). O segundo tema surge delicadamente nas madeiras, acompanhadas pela harpa e cordas. Ambos os temas são embaralhados e modificados até o final imponente dos metais.

Sibelius revisou a Sinfonia no ano seguinte. A versão que hoje conhecemos é de 1900 e foi estreada em Estocolmo no dia 4 de julho do mesmo ano, também pela Sociedade Filarmônica de Helsinque, sob a regência de Robert Kajanus, amigo do compositor. Em turnê pelas principais capitais europeias, Kajanus foi responsável pelo sucesso da Sinfonia fora da Finlândia e pelo consequente reconhecimento internacional do compositor.

O segundo movimento inicia-se com uma doce melodia tocada pelos violinos e violoncelos, com surdina. Assim como no primeiro movimento, aqui também Sibelius brinca com os contrastes de andamento e caráter. O fagote inicia melodia que desencadeará uma série de imitações nas madeiras (un poco meno andante). Quando o andamento do início é retomado (Tempo I), surge nas trompas breve variação do segundo tema do primeiro movimento. Logo depois, o primeiro tema do segundo movimento é reapresentado, cada vez mais exuberante, nos conduzindo a uma agitada seção conclusiva (al doppio movimento del Tempo I). Quando já acreditamos que o movimento terminará de forma grandiosa, eis que o restabelecimento do

Na Sinfonia no 1 já podemos vislumbrar aquelas que se tornariam as “marcas registradas” de Sibelius: as atmosferas misteriosas que nos remetem às terras geladas da Finlândia, os contrastes súbitos onde seções calmas são inesperadamente seguidas por momentos de extremo vigor e uma paleta orquestral 29


andamento inicial e nova aparição do primeiro tema (nos violinos e violoncelos) nos conduzem à atmosfera do início.

(Allegro molto come prima) e atingimos o primeiro clímax do andamento para, logo em seguida (Andante, ma non troppo), ouvirmos novamente o tema principal, inicialmente com o clarinete, como uma lembrança da atmosfera do início da Sinfonia. Em seguida, um tutti orquestral de rara beleza reapresenta o tema principal. Uma breve coda nos conduz ao final majestoso.

O terceiro movimento é um Scherzo, como esperado. Desde o dia em que Beethoven substituiu o tradicional Minueto por um Scherzo, os compositores têm adotado frequentemente a mesma prática sinfônica. De fato, o Scherzo parece prestar-se mais a transformações de caráter que o tradicional Minueto. O Scherzo (Allegro) da Sinfonia no 1 é, ao mesmo tempo, alegre e vigoroso, e tem um colorido que nos remete às sinfonias de Tchaikovsky. O Trio (Lento, ma non troppo), com suas longas notas nos sopros e seu andamento lento, apresenta um dramático contraste com a primeira parte do movimento. A volta do Scherzo (Tempo I) é súbita e nos conduz ao final mais vivo de todos os movimentos da Sinfonia.

Guilherme Nascimento

Compositor, Doutor em Música pela Unicamp, professor na Universidade do Estado de Minas Gerais e Fundação de Educação Artística, autor dos livros Música menor e Os sapatos floridos não voam.

foto | Rafael Motta

O subtítulo do quarto movimento (Quasi una fantasia) nos mostra o quanto o compositor desejava ver-se livre para nos presentear com as mais delirantes modificações de andamento que sua inspiração lhe proporcionava. O movimento inicia-se com o tema do clarinete do início da Sinfonia, desta vez tocado nas cordas em fortissimo (Andante). Atingimos uma seção agitada tão logo um curto fragmento melódico, inicialmente executado pelos clarinetes e fagotes, contamina toda a orquestra (Allegro molto). Aos poucos somos levados à seção central, onde os violinos, acompanhados por sopros e harpa, executam o tema principal desse movimento: uma melodia de extrema beleza, no registro grave (Andante assai). A seção agitada é retomada 30

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foto | Rafael Motta


20h30

24 maio série allegro Grande Teatro do Palácio das Artes

Carl St . Clair

REGente CONVIDADO

Nicola Benedetti

violino

Leonard Elschenbroisch

violoncelo

PROGRAMA Frank TICH ELI Johannes BRAHMS

Estrelas cadentes Concerto Duplo para Violino e Violoncelo em lá menor, op. 102 Allegro Andante Vivace non troppo

Nicola Benedetti e Leonard Elschenbroisch

SolistaS

I NTERVALO

foto | André Fossati

Sergei PROKOFI EFF

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Sinfonia nº 5 em Si bemol maior, op. 100 Andante Allegro marcato Adagio Allegro giocoso

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sÉRIE ALLEGRO 24 MAIO

Carl

St. Clair Regente convidado Diretor Artístico da Sinfônica do Pacífico por mais de duas décadas, Carl St. Clair tornou-se muito reconhecido por suas apresentações de notável musicalidade, pela abordagem inovadora na programação e por seu comprometimento em programas educacionais proeminentes. O rápido desenvolvimento artístico da Sinfônica do Pacífico, o maior grupo formado nos Estados Unidos nos últimos 40 anos, deve-se à liderança de St. Clair.

Los Angeles Times, Estados Unidos 36

Muitas obras foram gravadas, incluindo An American Requiem de Richard Danielpour (Reference Recordings) e Fire Water Paper: A Vietnam Oratorio de Elliot Goldenthal (Sony Classical), com Yo-Yo Ma. Outras gravações incluem os últimos trabalhos de Toru Takemitsu (Sony Classical) e obras de John Corigliano e Frank Ticheli (Koch Classics). Outros compositores comissionados incluem Zhou Long, Tobias Picker e Christopher Theofandis.

Também regente convidado ativo, Carl St. Clair conduziu a Sinfônica de Boston (onde foi regente assistente por muitos anos), as filarmônicas de Los Angeles e de Nova York, a Orquestra da Filadélfia e as sinfônicas de Atlanta, Detroit, Houston, Indianápolis, Milwaukee, Montreal, Nashville, São Francisco, Seattle, Toronto e Vancouver, para listar algumas. Ao redor do mundo, regeu orquestras na Europa, América do Sul, Israel, Austrália, Nova Zelândia, Hong Kong e Japão. Em festivais de verão, esteve em Schleswig-Holstein, Pacífico, Round Top, Breckenridge, Texas Music Festival e Tanglewood.

foto | Marco Borggreve

Sob a direção musical de Carl St. Clair a orquestra cresceu notavelmente em realização musical e desenvoltura.

compositores norte-americanos, atitude evidente na riqueza das encomendas e gravações da Sinfônica do Pacífico. Sob sua orientação, a orquestra encomendou obras como The Passion of Ramakrishna de Philip Glass, o ciclo musical de William Bolcom Canciones de Lorca e o concerto de cello de Chen Yi Ballad, Dance and Fantasy, composto para o cellista Yo-Yo Ma.

Carl St. Clair foi o primeiro artista não europeu a ocupar o cargo de diretor musical geral e regente chefe do Deutsches Nationaltheater und Staatskapelle de Weimar. Também foi diretor musical geral da Komische Oper Berlin e principal regente convidado da orquestra SDR, em Stuttgart, onde completou com sucesso um projeto de três anos de gravação das sinfonias completas de Villa-Lobos.

Amplamente influenciado por sua estreita relação com Leonard Bernstein, Carl St. Clair tem forte compromisso com o desenvolvimento e apresentação de novos trabalhos de 37


sÉRIE ALLEGRO 24 MAIO

Nicola

Benedetti

Foi arrebatador ouvir e assistir Nicola Benedetti em uma performance verdadeiramente arriscada que se fez tão vívida no corpo, fundindo os nervos do violino e o sistema nervoso da intérprete. The Times, Inglaterra 38

foto | Simon Fouler Universal

A violinista Nicola Benedetti tem cativado plateias e críticos com sua musicalidade e porte, em apresentações dinâmicas e cheias de energia. Desde o início da sua carreira, destacou-se como uma das violinistas jovens mais inovadoras e criativas da Grã-Bretanha. A artista foi revelada no BBC Young Musician of the Year de 2004 com o Concerto para Violino de Szymanowski, escolha que indicou sua busca por novos repertórios.

América do Norte. Musicista de câmara, apresentou-se com o violoncelista Leonard Elschenbroich e o pianista Alexei Grynyuk nos festivais Norfolk & Norwich, Jersey e Thaxted. Esteve ainda nos festivais de Verbier, Tuscan Sun com Jean Yves Thibaudet, Lockenhaus e Prússia Cove. Vencedora do BRIT Award para Jovens Intérpretes de Música Clássica em 2008 e artista exclusiva da Universal/Deutsche Grammophon, Nicola lançou quatro CDs, os mais recentes com obras de Sarasate, Fauré, Rachmaninov, Pärt e Ravel. Seu álbum de estreia incluiu Szymanowski, Saint Saëns, Massenet e Brahms com a Orquestra Sinfônica de Londres. Outros lançamentos contêm obras de Mendelssohn, Mozart, Schubert e Macmillan com a Academia de St. Martin In The Fields e obras de Tavener e Vaughan Williams com a Filarmônica de Londres. A artista também dedica-se a causas humanitárias e educacionais e é apoiadora da Unicef.

Nicola tocou com as mais importantes orquestras do Reino Unido e da Irlanda, incluindo a Filarmônica de Londres, Filarmônica e sinfônicas de Birmingham, a Royal Scottish National Orchestra, BBC Scottish Symphony Orchestra e Orquestra de RTE. Em outros países, trabalhou com a Deutsche Symphony Orchestra, Orquestra Tonhalle de Zurique, NDR, Het Brabants Orkest, Orchestre de Picardie, KBS Symphony, Filarmônica do Japão, Orquestra Nacional Russa e Filarmônica Tcheca. Na América do Norte, com a Orquestra Nacional do Centro de Artes e com as sinfônicas de Vancouver, Colorado, Phoenix, Toronto e Indianápolis. Entre outros, trabalhou com os regentes Ashkenazy, Segerstam, Pletnev e Jakub Hrusa.

Nascida na Escócia e de origem italiana, Nicola estudou com Natasha Boyarskaya na Yehudi Menuhin School e com Maciej Rakowski em Londres. Atualmente, é aluna de Pavel Vernikov em Viena. Nicola toca o Earl Spencer Stradivarius c 1712, cortesia de Jonathan Moulds.

Como recitalista, esteve em importantes salas da Europa e 39


sÉRIE ALLEGRO 24 MAIO

Leonard

Elschenbroich

Leonard Elschenbroich combina encanto radiante com virtuosismo impressionante e surpreendente profundidade. A compostura do seu gesto musical é sublime, a imaginação poética, profundamente comovente. Die Welt, Alemanha

foto | Felix Broede

Desde 2009, quando fez sucesso no concerto de abertura do Festival de Schleswig-Holstein – onde executou o Concerto Duplo de Brahms com Anne-Sophie Mutter, sob direção de Christoph Eschenbach – e recebeu o prêmio Leonard Bernstein, Leonard Elschenbroich tem sido considerado um dos mais importantes e originais violoncelistas da sua geração. Vencedor da Borlettti-Buitoni-Trust e discípulo da Fundação Anne-Sophie Mutter, o artista chamou a atenção dos melhores maestros internacionais e já foi convidado por Valery Gergiev, Semyon Bychkov, Manfred Robbery, Christoph Eschenbach, Dmitri Kitajenko e Fabio Luisi.

Festival de Schleswig-Holstein. Próximos destaques incluem uma turnê europeia com a Staatskapelle Dresden; estreia na Espanha com a Filarmônica Nacional Russa dirigida por Vladimir Spivakov; estreias no Japão no Hall Nikkei em Tóquio e com a Filarmônica de Nagoya; e a estreia com a Filarmônica de Londres no Royal Festival Hall, além de recitais nos festivais de Istambul e de Lucerna. Músico de câmara apaixonado, Leonard apresentou-se com Katia e Marielle Labéque no Festival de Verbier, com Helene Grimaud e Renaud Capucon no Festival de Chambery e com Gidon Kremer no Lockenhaus Festival, onde também foi solista com a Kremerata Baltica.

Leonard já tocou com as sinfônicas da rádio sueca, da Basileia, WDR, de Stavanger, de Munique, com as filarmônicas de São Petersburgo e de Bremen. Em 2010 estreou nas Américas com a Orquestra Sinfônica de Chicago e com a Sinfônica Heliópolis na Sala São Paulo. Realizou recitais em 19 países europeus, incluindo as salas Alte Oper, Wigmore Hall, Auditoirium du Louvre e Concertgebouw. Para a série New Masters on Tour apresentouse em Moscou, São Petersburgo, Bratislava, Praga, Tallinn e Helsinque. Na mesma época interpretou as Sonatas Completas de Beethoven com Christoph Eschenbach no

Sua gravação de estreia contém obras de Alfred Schnittke e uma peça em homenagem ao compositor no décimo aniversário de sua morte. Leonard Elschenbroich recebeu prêmios honorários da Academia Kronberg, da Sociedade Pro Europa, do Festival de MecklemburgoPomerânia Ocidental e do Festival de Verbier. Nascido em 1985 em Frankfurt, aos 11 anos foi convidado para a Yehudi Menuhin School, em Londres. O artista toca um violoncelo de Matteo Goffriller “Leonard Rose”, Veneza 1693, empréstimo privado. 41


sÉRIE ALLEGRO 24 MAIO

Frank

TICHELI Estados Unidos, 1958 Na rua Bourbon do bairro francês de New Orleans, aos nove anos, Frank Ticheli escolhia entre um trompete e um clarinete. Acabou ficando com o trompete, que era mais barato. Sua afinidade com os instrumentos de sopro revelou-se logo e sua carreira tomou o rumo da banda sinfônica. Atualmente, Ticheli é um dos mais apresentados e reconhecidos compositores para essa formação. Tornou-se o compositor vivo mais executado por bandas universitárias entre 1998 e 2003. Contudo, seu repertório abrange obras para coro, conjuntos de câmara e orquestra. A diversidade de seus trabalhos revela tanto um compositor quanto um educador versátil. Professor na University of Southern California’s Thornton School of Music, Ticheli construiu sua poética evitando assumir para si as predeterminações de alguma corrente de pensamento. Consolidou uma música que celebra a liberdade estilística. Diante do universo composicional fragmentário, entende que não há uma forma de compor, uma linha de pensamento dominante. Essa perspectiva lhe permite revitalizar gêneros tradicionais e direciona sua intervenção didática. Ticheli investe na formação de compositores para salas de concerto e de filmes, videogame, teatro, música para iniciantes, Rock, Folk.

Estrelas cadentes Ano de composição_

5 min

2003

Ticheli construiu sua poética evitando assumir para si as predeterminações de alguma corrente de pensamento. Consolidou uma música que celebra a liberdade estilística. Para ouvir

Postcard “American dream” – Pacific Symphony Orchestra – Carl St. Clair, regente – Koch International Classics (nº 7346)

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Apesar de amplo reconhecimento ter sido alcançado por suas peças para banda ou grupos de sopros, Ticheli se expressa com habilidade através da orquestra. Conta 14 obras orquestrais com ou sem solista. Sua música é descrita como sendo a uma só vez “original e familiar, excitante e séria, otimista e profunda”. Sua formação deve-se aos compositores William Albright, Leslie Bassett e William Bolcom, agregando influências de várias expressões musicais, especialmente o tradicional jazz de New Orleans. Em 1991 Ticheli iniciou um momento particularmente importante de sua formação, a residência na Pacific Symphony Orchestra, que se estendeu até 1998. Com a colaboração de Carl St. Clair, o diretor e regente, desenvolveu intenso trabalho de intercâmbio criativo. Como resultado, compôs Playing with Fire em 1992, Pacific Fanfare, Postcard, On Time’s Stream e Radiant Voices em 1995, An American Dream em 1998. A última delas é uma de suas obras mais expressivas e, até então, de maior proporção, “uma sinfonia de canções para soprano e orquestra”, como diz seu subtítulo.

mendada para a abertura do concerto de comemoração dos 25 anos de atuação da orquestra. É sua peça mais curta. Nela são retratados lampejos intensos indo e vindo rapidamente; o compositor usa clusters de “notas-brancas” e staccati nas cordas graves para sugerir efeitos de brilho. A música evoca o brilhantismo alcançado pela Pacific Symphony em sua curta vida, pela analogia com a estrela cadente que cruza o céu, luminosa e com rapidez. St. Clair encomendou para o evento uma fanfarra curta; como já havia composto a Pacific Fanfare, Ticheli optou pela composição de uma obra que soasse brilhante, evocasse uma dança arrebatadora na qual se perde o fôlego. O motivo principal vai e vem à maneira de um festivo e agitado rondó – gênero musical em que um tema aparece como refrão. E toda a obra deriva de eventos fugazes que se tornam explosivos ao final. “Estrelas cadentes é um símbolo de minha duradoura amizade com o regente Carl St. Clair e um gesto de agradecimento pelos sete anos que desfrutei como compositor residente na Pacific Symphony”, disse o compositor.

Com Estrelas cadentes, composta em 2003, Frank Ticheli retomou sua parceria com a Pacific Symphony a convite de Carl St. Clair. Foi enco-

Igor Reyer

Pianista, Mestre em Música pela Universidade Federal de Minas Gerais.

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Johannes

BRAHMS Alemanha, 1833 – Áustria, 1897 Numa procura por meios de expressão que possam ampliar os rigores e as limitações sobretudo formais que a Forma Sonata lhe impõe, o Romantismo frequentemente volta seus olhos para o passado. Assim, são revisitados formas e procedimentos que nascem no Barroco, por exemplo, que, relidos e atualizados pelo olhar e pela linguagem românticos, adquirem nova força expressiva: o prelúdio, a tocata, a fantasia, a dança. O concerto, porém, posto que seja procedimento musical cuja gênese é também barroca, foi trabalhado, no Romantismo, pelo viés da tradição clássica, cultivada no século XVIII.

Concerto Duplo para Violino e Violoncelo em lá menor, op. 102 Ano de composição_

35 min

1887

É em plena maturidade criadora que Brahms desenvolve o Concerto Duplo, estreado pelo lendário violinista Joseph Joachim e pelo violoncelista Robert Hausmann.

Se a base estrutural do concerto barroco é fundamentada no contraste entre tutti e solistas, e no frequente retorno de um elemento temático que funciona como fator de unidade e coesão formal, no Classicismo esse procedimento é associado à forma sonata, numa síntese formal de excelentes resultados. O concerto romântico adota essa herança clássica e explora, em seus casos mais bem-sucedidos, a interação dialética entre solista e orquestra, à maneira do Classicismo Vienense. O que era preferência no Barroco, no entanto, não se tornou a predileção clássica ou romântica: o compositor barroco optou principalmente pelo concerto grosso, em que dois ou mais

Para ouvir

CD Johannes Brahms: Concerto for violin, violoncello and orchestra in A minor, op. 102 – Orquestra Sinfônica de Chicago – Claudio Abbado, regente – Isaac Stern, violino – Yo-Yo Ma, violoncelo – Masterworks Portrait – 2003

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solistas dialogam com o tutti orquestra; os compositores clássicos e românticos, pelo concerto de apenas um solista. No entanto, o concerto grosso não passa despercebido nem pelo Classicismo nem pelo Romantismo, que, por vezes lhe retomam a prática, explicitamente ou mascarados em outros procedimentos: assim se podem notar, por exemplo, o Concerto para Flauta e Harpa de Mozart, ou seu Concerto para Dois Pianos, de um lado, e suas Sinfonias Concertantes, de outro; assim igualmente se pode observar o Concerto Triplo de Beethoven, para piano, violino e violoncelo, composto em 1803.

chim: este havia recentemente se divorciado de sua esposa, e, nesse litígio, Brahms tomara partido dela e não do amigo. A crítica não recebeu bem o concerto. Clara Schumann o taxou de “pouco brilhante para os instrumentos solistas”, no que não deixa de ter razão. Brahms prefere valorizar aqui muito mais a interação dialética entre solistas e orquestra que colocar em evidência a perícia virtuosística dos instrumentistas. Isso confere a esse concerto certo caráter intimista (observado explicitamente no segundo movimento), que faz entrever a maturidade criadora e profética do grande melodista, desvelada nas pequenas obras para piano compostas pouco tempo depois.

Não deixa de ser significativo, portanto, que a última obra orquestral de Johannes Brahms tenha sido justamente seu concerto duplo, para violino e violoncelo, em lá menor, op. 102. Já tendo composto obras hoje emblemáticas do repertório sinfônico (as quatro sinfonias, o Réquiem Alemão, a Abertura Trágica), é, assim, em plena maturidade criadora que Brahms desenvolve esta obra, composta no verão de 1887 e estreada pelo lendário violinista Joseph Joachim e pelo violoncelista Robert Hausmann (dirigidos pelo próprio compositor) em outubro do mesmo ano. Essa estreia foi uma espécie de reconciliação entre Brahms e Joa-

Moacyr Laterza Filho

Pianista e cravista, Doutor em Literaturas de Língua Portuguesa pela PUC Minas, professor na Universidade do Estado de Minas Gerais e na Fundação de Educação Artística.

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sÉRIE ALLEGRO 24 MAIO

Sergei

PROKOFIEFF Rússia, 1891 – 1953 Moscou, 5 de março de 1953: milhões de cidadãos soviéticos e comunistas choram pela morte do líder que se autodenominou Stálin, “homem de aço”. Perto dali, nos campos de trabalho forçado, conhecidos como Gulag, a milhões de prisioneiros foi permitido sonhar novamente com a liberdade. Outros milhões que foram mortos durante a ditadura stalinista tiveram os nomes arquivados e esquecidos nos porões do Ministério do Interior. Nessa mesma cidade, na mesma data e à mesma hora veio a falecer Sergei Prokofieff, aos 61 anos, privado pelo destino da chance de criar suas obras sem o controle das autoridades russas da censura. A infeliz coincidência de datas o privou também de todas as honrarias que seu sepultamento merecia por ser artista do povo russo. Seu caixão foi decorado com flores de papel, pois todas as flores foram reservadas para enfeitar o túmulo de Stálin. O velório de Prokofieff, na sede da União dos Compositores Soviéticos, ocorreu somente três dias depois que a multidão de luto por Stálin se dispersou das ruas. No funeral, ouviu-se num velho aparelho um trecho de uma de suas obras mais populares, a música para o balé Romeu e Julieta.

Sinfonia nº 5 em Si bemol maior, op. 100 Ano de composição_

45 min

1944

Simples, sem ser simplista, Prokofieff fez sua música retornar ao predomínio do elemento melódico, à transparência na orquestração e à nitidez da forma. Para ouvir

CD Prokofieff: Sinfonias Nº 1 & 5 (1947) – Boston Symphony Orchestra – Serge Koussevitzky, regente – RCA – 1994 Para LER

Attila Csampai e Dietmar Holland – Guia Básico dos Concertos – Civilização Brasileira – 1995

Das sete sinfonias que escreveu, a Primeira e a Quinta são as mais populares em seu país e no estrangeiro. A Quinta Sinfonia, composta em 1944, foi estreada em Moscou a 13 46

inocência das composições de Haydn eram vistas por Prokofieff como exemplo de clareza e sofisticação. O regresso à natureza neoclássica da Primeira Sinfonia deveu-se mais ao renascimento em si do espírito haydniano que propriamente pela censura impingida à sua música pelo Comitê Central do Partido Comunista. Ao compor nos moldes do “realismo socialista”, Prokofieff inaugurou uma fase chamada por ele de “nova simplicidade”.

de janeiro de 1945, sob a regência do próprio compositor. Segundo Sviatoslav Richter, pianista russo que a assistira na ocasião, a obra é reflexo de “sua alcançada maturidade interior e o reepílogo do seu passado”. Para ele, o compositor olhava “do alto para a própria vida e para tudo o que aconteceu”. Prokofieff retornara ao momento anterior do exílio de dezessete anos e revivera o passado como artista e como homem. Mesmo tolhido artisticamente, viu que era preciso restituir-se os cantos de sua Pátria-Mãe. A Quinta Sinfonia foi escrita quinze anos após a Quarta e dez anos após o reingresso de Prokofieff na Rússia. Nesse hiato, o compositor viu seu estilo de composição sofrer uma transformação considerável e buscava inspiração na força melódica autêntica do seu país: “o ar forasteiro não se casa com a minha inspiração, porque eu sou russo e a coisa pior para um homem como eu é viver no exílio. Devo voltar. Devo ouvir ressoar ao ouvido a língua russa, devo falar com as pessoas, a fim de que possa restituir-me o que me falta: os seus cantos, os meus cantos.” Sobre a Quinta Sinfonia, ele disse: “esta música amadureceu dentro de mim, encheu minha alma” [...] “não posso dizer que escolhi estes temas, eles nascem em mim e devem se expressar”. A volta ao país natal se desdobrou no retorno às raízes musicais de sua juventude, na qual demonstrara amar profundamente a música de Haydn. A simplicidade e

Nas palavras do compositor: uma “linguagem musical que possa ser compreendida e amada por meu povo”. Simples, sem ser simplista, ele fez sua música retornar ao predomínio do elemento melódico, à transparência na orquestração e à nitidez da forma, de acordo com as normas clássicas. Se os movimentos lentos I e III – Andante e Adagio – se vestem de uma ternura elegíaca e de introspecção, os allegros II e IV, um scherzo e um finale refletem o puro humor advindo de Haydn. Desse contraste, sem dores nem tristezas, nasceu uma das obras mais célebres da música soviética, definida pelo compositor como o “canto ao homem livre e feliz, à sua força, à sua generosidade e à pureza de sua alma”. Marcelo Corrêa

Pianista, Mestre em Piano pela Universidade Federal de Minas Gerais e professor na Universidade do Estado de Minas Gerais.

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Foto: Eugênio Sávio

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SÉRIES DE CONCERTOS

Música de qualidade. Isso é qualidade de vida para você.

jovens da rede escolar pública e particular e instituições sociais. Serão realizados três grandes concertos no auditório do Sesc Palladium.

Concertos para a Juventude Realizados em manhãs de domingo, são concertos dedicados aos jovens e às famílias, buscando ampliar e formar público para a música clássica. As apresentações têm ingressos a preços populares e contam com a participação de jovens solistas. Local: Teatro Sesc Palladium Horário: 11 horas da manhã Datas: 27 de maio 12 de agosto 30 de setembro 21 de outubro 11 de novembro

Festivais O Festival Tinta Fresca procura identificar e promover novos compositores brasileiros. O concerto de encerramento será realizado no Sesc Palladium no dia 20 de setembro. O Laboratório de Regência tem por finalidade dar oportunidade a jovens regentes brasileiros, de comprovada experiência, de desenvolver, na prática, a habilidade de lidar com uma orquestra profissional. Concerto no Sesc Palladium, dia 8 de dezembro.

Clássicos no Parque Realizados em parques e praças da RMBH, proporcionam momentos de descontração e entretenimento, buscando democratizar o acesso da população em geral à música clássica. Em 2012 serão realizados os seguintes concertos:

Turnês Estaduais As turnês estaduais levam a música de concerto a diferentes cidades e regiões de Minas Gerais, possibilitando que o público do interior do Estado tenha o contato direto com música sinfônica de excelência. Nove municípios serão contemplados em 2012.

6 de maio Praça do Papa, Mangabeiras, 19 horas 20 de maio Praça Floriano Peixoto, Santa Efigênia, 11 horas

Turnês Nacionais e Internacionais

19 de agosto Praça Duque de Caxias, Santa Tereza, 11 horas

Com essas turnês, a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais busca colocar o Estado de Minas dentro do circuito nacional e internacional da música clássica. Em 2012, a Orquestra se apresentará no Festival de Campos do Jordão e fará sua primeira turnê internacional para o Cone Sul, com concertos na Argentina (Buenos Aires, Rosário e Córdoba), no Chile (Santiago) e no Uruguai (Montevideo).

2 de setembro Praça da Liberdade, Funcionários, 11 horas 16 de setembro Inhotim, Brumadinho, 15h30

Concertos Didáticos De caráter educativo, não são concertos abertos ao público, mas destinados exclusivamente a grupos de crianças e 48

O Instituto Unimed-BH apoia a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais. Com a captação de recursos de pessoas físicas, o Instituto Unimed-BH promove espetáculos, gratuitos ou a preços acessíveis, de música instrumental e erudita, dança e teatro. Por meio de projetos como o Circuito Unimed-BH, que apoia o Clássicos no Parque, leva a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais para a Praça Floriano Peixoto, no dia 20 de maio, a partir das 11 horas. Prestigie, convide a família, os amigos e aproveite.

CULTURA


ORQUESTRA FILARMÔNICA DE MINAS GERAIS MAIO 2012 DIRETOR ARTíSTICO e REGENTE TITULAR

Alexandre Braga Oboés

Alexandre Barros * Ravi Shankar ** Israel Silas Muniz Moisés Pena Clarinetes

Marcos Arakaki

Dominic Desautels * Marcus Julius Lander ** Ney Campos Franco Alexandre Silva

Primeiros Violinos

Fagotes

Fabio Mechetti

REGENTE ASSISTENTE

Anthony Flint spalla Rommel Fernandes assistente de spalla Ana Zivkovic Arthur Vieira Terto Bojana Pantovic Eliseu Martins de Barros Jovana Trifunovic Marcio Cecconello Martha de Moura Pacífico Mateus Freire Rodolfo Marques Toffolo Rodrigo de Oliveira Tiago Ellwanger Elias Martins de Barros **** Thiago Cavalcanti **** Segundos Violinos

Frank Haemmer * Eri Lou Miyake Nogueira Gláucia de Andrade Borges José Augusto de Almeida Leonardo Ottoni Luka Milanovic Marija Mihajlovic Radmila Bocev Rodrigo Bustamante Valentina Gostilovitch Simone Martins **** Violas

João Carlos Ferreira * Cleusa de Sana Nébias Gerry Varona Gilberto Paganini Glaúcia Martins de Barros Marcelo Nébias Nathan Medina Katarzyna Druzd William Martins Violoncelos

Elise Pittenger *** Ana Beatriz Zorro Camila Pacífico Camilla Ribeiro Lina Radovanovic Matthew Ryan-Kelzenberg Pedro Bielschowsky Robson Fonseca Contrabaixos

Colin Chatfield * Nilson Bellotto ** Brian Fountain Hector Manuel Espinosa Marcelo Cunha Valdir Claudino Flautas

Cássia Lima* Renata Xavier **

Catherine Carignan * Ariana Pedrosa Andrew Huntriss Romeu Rabelo Arion Linarez **** Jamil Bark **** Trompas

Evgueni Gerassimov * Gustavo Garcia Trindade ** José Francisco dos Santos Lucas Filho Fabio Ogata Trompetes

Marlon Humphreys * Erico Oliveira Fonseca ** Daniel Leal Paulo Ribeiro **** Trombones

Mark John Mulley * Wagner Mayer ** Renato Lisboa Tuba

MONTADORES

Carlos Natanael Felix de Senna Matheus Luiz Ferreira

Instituto Cultural Filarmônica Diretor Presidente

Diomar Silveira

Diretor Administrativo-financeiro

Tiago Cacique Moraes Diretora de Comunicação

Jacqueline Guimarães Ferreira Diretor de Marketing e Relacionamento

Thiago Nagib Hinkelmann Diretor de Produção Musical

Marcos Souza

Equipe Técnica Gerente de Comunicação

Merrina Godinho Delgado Gerente de Produção Musical

Claudia Guimarães Produtora

Carolina Debrot Produtor

Luis Otávio Amorim Produtor

Narren Felipe

Analista de Comunicação

Andréa Mendes

Analista de Comunicação Analista de Marketing de Relacionamento

Tímpanos

Patricio Hernández Pradenas* Percussão

Rafael Alberto * Daniel Lemos ** Werner Silveira Sérgio Aluotto Harpas

Cristina Carvalho **** Jennifer Campbell **** Teclados

Ayumi Shigeta * Patrícia Valadão **** Gerente

Jussan Fernandes

Mônica Moreira

Analista de Marketing e Projetos

Mariana Theodorica

Assistente de Comunicação

Mariana Garcia

Auxiliar de Produção

Lucas Paiva

Equipe Administrativa Analista Administrativo

Eliana Salazar

Analista de Recursos Humanos

Quézia Macedo Silva Analista Financeiro

Thais Boaventura Secretária Executiva

Flaviana Mendes

Auxiliares Administrativos

Inspetora

Karolina Lima Assistente Administrativo

Cristiane Reis, João Paulo de Oliveira e Vivian Figueiredo

Débora Vieira

Recepcionista

Arquivista

Auxiliar de Serviços Gerais

Lizonete Prates Siqueira

Sergio Almeida

Ailda Conceição

Assistentes

Ana Lúcia Kobayashi Klênio Carvalho Maíra Cimbleris Supervisor de Montagem

Rodrigo Castro

concertos

Diretoria Executiva

Marcela Dantés

Eleilton Cruz *

PRóximos

Mensageiro

Jeferson Silva Menor Aprendiz

Pietro Tayrone Consultora de programa

Berenice Menegale

Maio Clássicos no Parque 6 de maio domingo, 19h Praça do Papa Marcos Arakaki regente VERDI / VILLA-LOBOS DUKAS PIAZZOLLA / J. WILLIAMS TCHAIKOVSKY Série Vivace 15 de maio terça-feira, 20h30 Palácio das Artes Kazuyoshi Akiyama regente convidado

Barry Douglas piano TOYAMA / BEETHOVEN SIBELIUS Clássicos no Parque 20 de maio domingo, 11h Praça Floriano Peixoto Marcos Arakaki regente VERDI / VILLA-LOBOS DUKAS PIAZZOLLA / J. WILLIAMS TCHAIKOVSKY Série Allegro 24 de maio quinta-feira, 20h30 Palácio das Artes Carl St. Clair regente convidado Nicola Benedetti violino Leonard Elschenbroisch violoncelo

TICHELI / BRAHMS PROKOFIEFF

Concertos para a Juventude 27 de maio domingo, 11h Sesc Palladium Marcos Arakaki regente Rafael Alberto percussão TOYAMA / ROSAURO ANDERSON RIMSKY-KORSAKOV Concertos Didáticos 28 de maio segunda-feira, 10h Sesc Palladium Marcos Arakaki regente Diomar Silveira narrador BRITTEN / TCHAIKOVSKY GOUNOD / COPLAND / BERNSTEIN Junho Série Vivace 5 de junho terça-feira, 20h30 Palácio das Artes Fabio Mechetti regente Mischa Keylin violino V. ALEXIM estreia mundial / STRAVINSKY / LALO / FALLA Turnê Estadual 6 de junho quarta-feira Itabira Marcos Arakaki regente VERDI/ VILLA-LOBOS / DUKAS / PIAZZOLLA / J.WILLIAMS / TCHAIKOVSKY Temporada de Ópera da Fundação Clóvis Salgado 8 a 28 de junho Roberto Tibiriçá regente PUCCINI Tosca

*chefe de naipe **assistente de chefe de naipe ***chefe/assistente substituto ****músico convidado

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Aparelhos Celulares

Confira e não se esqueça, por favor, de desligar o seu celular ou qualquer outro aparelho sonoro. Tosse

Perturba a concentração dos músicos e da plateia. Tente controlá-la com a ajuda de um lenço ou pastilha. Aplausos

PatrocÍNIO

Aplauda apenas no final das obras, que, muitas vezes, se compõem de dois ou mais movimentos. Veja no programa o número de movimentos e fique de olho na atitude e gestos do regente. Pontualidade

Apoio Cultural

Uma vez iniciado um concerto, qualquer movimentação perturba a execução da obra. Seja pontual e respeite o fechamento das portas após o terceiro sinal. Se tiver que trocar de lugar ou sair antes do final da apresentação, aguarde o término de uma peça. Crianças

Divulgação

Caso esteja acompanhado por crianças, escolha assentos próximos aos corredores. Assim, você consegue sair rapidamente se ela se sentir desconfortável. Fotos e gravações em áudio e vídeo

Não são permitidos na sala de concertos. APOIO INSTITUCIONAL

Comidas e bebidas

Seu consumo não é permitido no interior da sala de concerto.

w w w. i n c o n f i d e n c i a . c o m . b r

REALIZAÇÃO

CUIDE DO SEU PROGRAMA DE CONCERTOS O programa mensal impresso é elaborado com a participação de diversos especialistas e objetiva oferecer uma oportunidade a mais para se conhecer música, compositores e intérpretes. Desfrute da leitura e estudo. Solicitamos a todos que evitem o desperdício, pegando apenas um programa por mês. Se você vier a mais de um concerto no mês, traga o seu programa ou, se o esqueceu em casa, use o programa entregue pelas recepcionistas e devolva-o, depositando-o em uma das caixas colocadas à saída do Grande Teatro. O programa se encontra também disponível em nosso site: www.filarmonica.art.br.


“Ficamos maravilha apresentação e a exc Parabén Grande Música pe M Orquestra Fi www.filarmonica.art.br R. Paraíba, 330 | 120 andar | Funcionários CEP 30130-917 | Belo Horizonte | MG Tel. 31 3219 9000 | Fax 31 3219 9030 contato@filarmonica.art.br

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