Unidade1 pdf metodologia científica

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METODOLOGIA CIENTÍFICA UNIDADE 1


METODOLOGIA CIENTÍFICA UNIDADE 1


Sumário APRESENTAÇÃO

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INTRODUÇÃO

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APRESENTAÇÃO DA UNIDADE

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UM POUCO DE HISTÓRIA

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CONCEITO DA PESQUISA CIENTÍFICA

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CAMPO DA APLICAÇÃO CIENTÍFICA

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MODALIDADES DE PESQUISA

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MÉTODOS

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TÉCNICAS

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QUESTÕES DE FIXAÇÃO

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BIBLIOGRAFIA

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Apresentação A Pesquisa Científica faz parte do processo de formação acadêmica de todo aluno. Independentemente do curso escolhido, no final da sua graduação, você terá de passar por essa etapa que é extremamente desafiadora, mas também serve para que seu conhecimento adquirido durante os anos de estudo seja colocado em prática. Isto posto, cabe à nossa instituição preparar todos os futuros diplomados para realizarem esta etapa de maneira produtiva e rica. O objetivo desta disciplina é justamente ajudá-lo a investir seu tempo de maneira objetiva para que o resultado seja o mais satisfatório tanto para o aluno quanto para a instituição. Bons estudos!


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Introdução A Metodologia Científica é um discurso sobre o caminho que alguém deve percorrer se pretende fazer ciência. Ou seja, a Metodologia Científica é uma disciplina que capacita alguém a avaliar métodos, identificando limitações e implicações que dizem respeito às suas utilizações. O método é uma série de preceitos abstratos que regulam a ação; a metodologia é um conjunto de procedimentos utilizados, uma técnica e sua teoria geral. A metodologia avalia a aplicação do método por meio de procedimentos e técnicas que garantem a legitimidade do conhecimento obtido. Assim, a metodologia se relaciona com a epistemologia, um estudo que tem por objeto a própria ciência, os discursos e as técnicas específicas de cada ciência em particular. Ela tem interesse pela descrição e análise dos métodos, esclarece seus objetivos, utilidade e consequências, compreendendo todo o processo de pesquisa científica. Não há uma visão linear, estática e homogênea da investigação científica. Ou seja, não há um método científico geral em que todas as ciências venham encontrar o seu lugar comum. Daí a importância e a extensão da Metodologia Científica. A Metodologia Científica é importante como disciplina porque ela desenvolve a capacidade do aluno de observar, selecionar e organizar cientificamente os fatos. Nesse sentido, seu conteúdo programático deve pautar-se na compreensão da ciência enquanto um trabalho de construção do conhecimento. A palavra metodologia tem origem grega: meta significa ‘em direção a’; odos, ‘caminho’; logos, ‘discurso’.

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Os objetivos específicos da Metodologia Científica segundo os autores Barros e Lehfeld (2007) são: Análise das características essenciais, que permitem distinguir ciência de outras formas de conhecer, enfatizando o método científico e não o resultado; Análise das condições nas quais o conhecimento é cientificamente construído, abordando os significados de postulados e atitudes da ciência hoje; Criação de oportunidades especiais para o aluno comportar-se cientificamente, levantando e formulando problemas, coletando dados para responder aos questionamentos, analisando, interpretando e comunicando resultados; Capacitação do aluno para que ele leia criticamente a realidade e produza conhecimentos; Criação de vetor de informações e referenciais para a montagem formal e substantiva de trabalhos científicos: resenhas, monografias, artigos científicos, etc. Fornecimento de processos facilitadores à adaptação do aluno, integrando-o à universidade e colaborando para que ele consiga estudar da melhor maneira possível. A Metodologia Científica tem como finalidade a formação do espírito científico. Isto quer dizer: a leitura crítica do cotidiano, o uso sistemático de técnicas de pesquisa, a documentação e, fundamentalmente, a tentativa constante de relação entre a teoria metodológica e a prática da pesquisa. A disciplina orienta o aluno no processo de investigação para que ele possa tomar decisões e ser agente de seu aprendizado no processo de investigação científica. É vital que o aluno saia da faculdade com a habilidade essencial para fazer da atitude investigativa uma prática não só acadêmica como também cotidiana.


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Apresentação

da unidade

Seja bem-vindo à primeira unidade da Disciplina Metodologia da Pesquisa Científica. Nesta primeira unidade você vai aprender qual era o contexto histórico quando o tema começou a se desenvolver pelo mundo. Quais foram suas influências para que se tornasse algo tão importante para os estudos atuais? Na sequência, introduziremos a metodologia da pesquisa e seus conceitos, assim como métodos e técnicas para facilitar o desenvolvimento do seu Trabalho de Conclusão de Curso. Bons estudos!

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Um pouco de história Antes de entrarmos de cabeça em todos os detalhes que giram em torno da Metodologia da Pesquisa Científica, vale a pena introduzirmos o assunto com um breve histórico. Por que, afinal, este tema merece uma disciplina só pra ele? Para estudar as origens dos métodos científicos basta se aprofundar na história da ciência. Desde o Egito Antigo já era possível observar métodos de diagnósticos médicos, por exemplo. Assim como a cultura da Grécia Antiga ou mesmo a filosofia Islâmica já flertavam com o tema. Mas foi no Século XVII que a metodologia científica teve seu real desenvolvimento, com o pensamento do francês René Descartes e, posteriormente, com a participação empírica do físico inglês Isaac Newton.

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Descartes propôs chegar à verdade através da CHEGAR À dúvida sistemática e da decomposição do pro- VERDADE ATRAVÉS blema em pequenas partes, características que DA DÚVIDA definiram a base da pesquisa científica. (colocar SISTEMÁTICA E DA essa frase em destaque)

‘‘

DECOMPOSIÇÃO DO PROBLEMA Já o século XIX testemunhou o triunfo da ciência. No domínio das ciências da natureza, o ritmo e o EM PEQUENAS número das descobertas foram enormes, saindo PARTES dos laboratórios para as aplicações práticas: foi exatamente quando aconteceu o encontro da ciência com a tecnologia.


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Apoiado nos postulados do positivismo, o método experimental (ou científico) assumiu o mesmo método das ciências da natureza, tido como exemplar na construção de conhecimentos rigorosamente verificados e cientificamente comprovados. O método experimental consiste em submeter um fato à experimentação em condições de controle e apreciá-lo coerentemente, com critérios de rigor, mensurando a constância das incidências e suas exceções. É importante admitir como científicos somente os conhecimentos passíveis de apreensão em condições de controle, legitimados pela experimentação e comprovados pela mensuração. Foi dessa forma que o homem começou a produzir conhecimento, tendo como modelo de acesso à realidade o procedimento do experimento científico. Este estipula critérios para julgar quando o acesso é realmente alcançado e quando não. Chegamos ao pensamento positivista, que tem como características principais:

EMPIRISMO O conhecimento positivo parte da realidade como os sentidos a percebem e ajusta-se a ela. Qualquer conhecimento que tem origem em crenças, valores ou que resulte de ideias inatas parece suspeito.

OBJETIVIDADE O conhecimento positivo deve respeitar integralmente o objeto do qual trata o estudo, devendo reconhecê-lo tal como é. O pesquisador não deve, de modo algum, influenciar esse objeto; deve intervir o menos possível e dotar-se de procedimentos que eliminem ou reduzam os efeitos não controlados dessas intervenções.


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EXPERIMENTAÇÃO O conhecimento positivo repousa na experimentação. A observação de um fenômeno leva o pesquisador a supor algo: a hipótese. Somente o teste dos fatos, a experimentação, pode demonstrar sua precisão.

VALIDADE A experimentação é rigorosamente controlada para afastar os elementos que poderiam nela interferir, e seus resultados são mensurados com precisão, permitindo que se chegue às mesmas medidas pela reprodução da experiência nas mesmas condições.

DETERMINISMO As leis e previsões estão inscritas na natureza, portanto, os seres humanos estão, inevitavelmente, submetidos a elas. O conhecimento dessas leis permite prever os comportamentos sociais e geri-los cientificamente.

No domínio do saber sobre o homem e a sociedade, desejava-se que conhecimentos tão confiáveis e práticos quanto os desenvolvidos para se conhecer a natureza física fossem aplicados com sucesso ao ser humano. Mas de qual conhecimento estamos falando? Sabemos que conhecer é estabelecer uma relação entre aquele que quer saber, que se procura conhecer. Quando alimentamos nosso conhecimento, penetramos em novas realidades. Passamos a construir as várias dimensões do conhecimento quando as atrelamos à nossa curiosidade. Temos então diferentes tipos de conhecimento e cada um versa especificamente sobre determinado ponto de vista:


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CONHECIMENTO SENSÍVEL É todo aquele que é perceptível pelos órgãos do sentido, é comum ao homem e aos outros animais em função de sua presença concreta.

CONHECIMENTO COMUM Também conhecido como senso comum ou conhecimento empírico, é transmitido de geração em geração. É aquela sabedoria corriqueira, que faz parte da tradição cultural de um povo.

CONHECIMENTO FILOSÓFICO Nele, não há apresentação de soluções definitivas, mas é um modelo que habilita o homem a fazer uso das suas faculdades para entender o sentido da vida. O uso da razão e da reflexão são muito bem vindos.

CONHECIMENTO TEOLÓGICO É oposto ao filosófico, pois trata de verdades e princípios, muitas vezes sem comprovação, que se transformam em dogmas. Eles são aceitos sem questionamento, já que é uma aceitação movida pela fé.

CONHECIMENTO CIENTÍFICO É extremamente objetivo. Explica os motivos de sua certeza, descreve os fatos comprovados por meio de experiências ou observações.

Durante a revolução da ciência houve acumulação de saberes, que formavam um conjunto de conhecimentos que precisava de ordem para não ser desperdiçado, surgindo assim o primeiro passo para o nascimento do método cientifico. Após tratar das dimensões do conhecimento, precisamos entender qual é a metodologia que vai definir o tipo de pesquisa que atende aos nossos objetivos. Entende-se por pesquisa: um conjunto de atividades intelectuais que leva à descoberta de novos conhecimentos.


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TODA E QUALQUER PESQUISA POSSUI A FINALIDADE DE DESCOBRIR RESPOSTAS PARA AS QUESTÕES QUE INTRIGAM A CIENTISTAS E ESTUDIOSOS NA ÁREA E é exatamente por esse motivo, para que você seja um grande estudioso na área específica que escolheu para desenvolver seu projeto, que essa disciplina foi criada. Nosso intuito é colaborar e facilitar seu sucesso da melhor maneira possível. Vamos nos aprofundar no assunto?

Conceito da pesquisa científica A pesquisa científica é uma atividade desenvolvida pelos investigadores para novas descobertas, melhoria da qualidade da vida intelectual e da vida material. As atividades de pesquisa requerem do investigador o planejamento, o conhecimento e a adequação às normas científicas. O estudo e a pesquisa estão presentes em toda a vida do acadêmico e, por isso, é tão importante que o estudante compreenda algumas questões a eles relacionadas. O desenvolvimento de estudos científicos se torna uma experiência prática e teórica do pesquisador e da comunidade científica em que se insere, pois, assim, é possível refletir sobre acontecimentos ocorridos na sociedade da qual faz parte.


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A pesquisa tem por objetivo a produção de novos conhecimentos através da utilização de procedimentos científicos. Contribui para o trato dos problemas e processos do dia a dia nas mais diversas atividades humanas, no ambiente de trabalho, nas ações comunitárias, no processo de formação e outros. Diversos autores já publicaram suas percepções e conceitos sobre pesquisa e muitos salientam que é um processo de perguntas e investigação; é sistemática e metódica; e que aumenta o conhecimento humano. Sendo assim, é necessário compreender que a ciência, desenvolvida por meio da pesquisa, é um conjunto de procedimentos sistemáticos, baseados no raciocínio lógico, com o objetivo de encontrar soluções para os problemas propostos mediante o emprego de métodos científicos e definição de tipos de pesquisa. O conhecimento torna-se uma premissa para o desenvolvimento do ser humano e a pesquisa como a consolidação da ciência.

“A pesquisa, tanto para efeito científico como profissional, envolve a abertura de horizontes e a apresentação de diretrizes fundamentais, que podem contribuir para o desenvolvimento do conhecimento.” (OLIVEIRA, 2002, p. 62).


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Portanto, existe a possibilidade de o aluno-pesquisador desenvolver estudos científicos para construir e gerar novos conhecimentos, mas, principalmente, para contribuir com a evolução de informações em uma determinada área de atuação profissional. O pesquisador utiliza conhecimentos teóricos e práticos. Para que isso ocorra, é necessário ter habilidades para a utilização de técnicas de análise, entender os métodos científicos e os procedimentos com o objetivo de encontrar respostas para as perguntas formuladas. Collis e Hussey (2005, p. 16) ressaltam que o objetivo da pesquisa pode ser:

Revisar e sintetizar o conhecimento existente.

Investigar alguma situação ou problema existente.

Fornecer soluções para um problema.

Explorar e analisar questões mais gerais.

Construir ou criar um novo procedimento ou sistema.

Explicar um novo fenômeno.

Gerar novo conhecimento.

Uma combinação de quaisquer dos itens acima.


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O aluno pesquisador necessita de métodos e procedimentos precisos, planejamento eficaz, critérios e instrumentos adequados que passem confiança e credibilidade tanto aos envolvidos no processo quanto no resultado do trabalho. O método da pesquisa e outras questões relacionadas ao seu estudo serão de acordo com o tipo de trabalho que desenvolve, já que os resultados das investigações podem ser encontrados sob a forma de trabalhos técnico científicos, publicados em revistas científicas, em eventos e em instituições de Ensino Superior. É preciso compreender que a pesquisa consolida a ciência de determinada área, divulgando, por meio de trabalhos técnico-científicos nos cursos de graduação e pós-graduação, os conhecimentos práticos e teóricos descobertos por pesquisadores através do uso de métodos científicos que impulsionam o crescimento humano. O pesquisador deve se preocupar então em estabelecer um planejamento e execução da pesquisa, pois essas duas características fazem parte de um procedimento sistematizado que compreende etapas que podem ser definidas como (LAKATOS; MARCONI, 2001; BARROS; LEHFELD, 2000; CERVO; BERVIAN, 2002): A

Definição do tema

B

Formulação Determinação C D Justificativa do problema de objetivos

E

Fundamentação teórica

PLANEJAMENTO E EXECUÇÃO F Metodologia G

Coleta de dados

H

Análise e Redação e Conclusão I discussão dos J apresentação dos resultados resultados da pesquisa


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Inicialmente, o investigador deve se preocupar com as três primeiras etapas (tema, problema e objetivos) que são fundamentais para começar a pesquisa e compõem o projeto de trabalho que será abordado mais adiante. As demais etapas também serão comentadas ao longo deste estudo. Portanto, para o desenvolvimento adequado do estudo científico, é necessário o planejamento cuidadoso e a investigação de acordo com as normas da metodologia científica, tanto aquela referente à forma como a referente ao conteúdo.

INTERESSES E MOTIVAÇÕES DE PESQUISA Como dito anteriormente, a pesquisa foca no estudo e na descoberta de novos conhecimentos e assuntos que são importantes para o avanço da humanidade. Entretanto, a temática a ser estudada deve ser também importante para o pesquisador, para que ele tenha real interesse em seu desenvolvimento e que se sinta motivado a ler, analisar, testar, relatar e publicar seus estudos. Quanto mais interesse o pesquisador tiver em determinado assunto e quanto mais ele quiser saber sobre algo, mais prazeroso será seu desenvolvimento. A produção do artigo é uma etapa importante na vida acadêmica. Portanto, o estudante não deve encará-la como uma obrigação. Para que a escrita não se transforme num fardo, basta analisar com atenção alguns fatores antes de começar. É fundamental lembrar que a escolha deve fazer com que se sinta realizado ao escrever sobre o assunto.


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Quando o autor da pesquisa não se motiva com o assunto e não se sente instigado em estudar o tema, possivelmente mais ninguém terá interesse. É preciso encarar este momento como uma oportunidade de estudar e aprender mais sobre um tema que é relevante para o pesquisador e/ou para a sociedade. É possível selecionar um assunto a partir da análise de alguns aspectos:

A) RELEVÂNCIA DO ASSUNTO: Cervo e Bervian (2002, p. 74) apresentam que “o assunto de uma pesquisa é qualquer tema que necessita melhores definições, melhor precisão e clareza do que já existe sobre o mesmo”. Deve-se pensar em uma justificativa para a realização do trabalho dentro daquele tema escolhido. Para isso, é preciso questionar se o tema é importante; se é um novo método ou uma nova forma criada em algum mercado, se apresentará soluções mais específicas e que tem relevância para uma determinada comunidade. É necessário apresentar ao leitor as contribuições práticas e teóricas geradas por meio das formas sugeridas. Apresente argumentos que convençam o leitor sobre a importância do seu tema de pesquisa. O assunto pesquisado deve ser atual, pois dificilmente alguém terá interesse em ler, estudar, analisar e discutir sobre algo ultrapassado e que não irá ajudar na construção do conhecimento. Por isto, o pesquisador deve se manter sempre atualizado sobre o que está sendo estudado em sua área profissional e de pesquisa. Azevedo (1998) salienta alguns questionamentos importantes para se pensar durante a escolha do tema: o que esta pesquisa pode acrescentar à ciência onde se inscreve? (Relevância Científica); que benefício poderá trazer à comunidade com a divulgação do trabalho? (Relevância Social); o que levou o pesquisador a se iniciar e, por fim, escolher por este tema? (Interesse); em termos gerais, quais são as possibilidades concretas de esta pesquisa vir a se realizar? (Viabilidade).


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B) INCLINAÇÕES E POSSIBILIDADES DA PESQUISA As possibilidades de pesquisa podem ser consideradas quando se tem envolvimento com o tema. Isso porque o grau de dificuldade para discuti-lo se torna menor e, assim, o pesquisador conseguirá elaborar algumas etapas do trabalho com mais rapidez. Ele deve estar ciente de que se escolher um tema com o qual não tem vínculo anterior algum, mesmo sendo desafiador e enriquecedor, pode proporcionar frustração, em virtude do tempo e dos prazos que devem ser cumpridos. É importante refletir sobre o conteúdo apresentado nas disciplinas cursadas, sejam elas na graduação ou pós-graduação. Possivelmente o pesquisador encontrará algum assunto interessante a ser discutido e que pode se transformar em um artigo.

Escolha do Tema

Pode-se buscar também um tema em seu ambiente profissional, pois, muitas vezes, dessa realidade é possível extrair um tópico interessante de estudo. No dia a dia é possível, por exemplo, perceber que alguns alunos da turma x têm dificuldades de aprendizagem. Então dá para pesquisar a dificuldade de aprendizagem de um determinado grupo de alunos, verificando os aspectos familiares, emocionais ou outros. Outro exemplo: o pesquisador percebe que, em um determinado setor da empresa onde atua, muitos funcionários desistem do emprego e pedem demissão. Então, ele pode pesquisar sobre as causas da alta rotatividade de funcionários no setor Y da empresa B. Lembre-se de que quando se propõe a produzir conhecimento, deve-se fazê-lo com dedicação, rigor científico, seriedade e comprometimento. Aliás, a leitura de publicações da área de estudo em questão (revistas, livros, dissertações, teses) pode despertar a curiosidade em aprofundar algum tema. A escolha do tema da pesquisa geralmente é um momento de angústia para o pesquisador. Este deve considerar alguns critérios, segundo Silva (2006) e Gil (1996), apresentados a seguir:


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Conhecimento prévio de autores, temas, assuntos, matérias Disponibilidade de tempo e de recursos para a pesquisa Existência de bibliografia disponível sobre o assunto Possibilidade de orientação e supervisão adequada dentro do assunto Relevância e fecundidade do assunto A definição do tema deverá ser guiada não apenas por razões intelectuais, mas por questões como a instituição, o nível de conhecimento e a perspectiva profissional.

DELIMITAÇÃO DO TEMA Após a escolha do assunto/temática a ser pesquisado(a), uma das tarefas iniciais na elaboração do artigo deve ser a delimitação do tema. Nesse processo, é preciso levar em conta alguns fatores. Caso o pesquisador não lhes dê atenção, correrá o risco de descobrir, no meio do caminho, que a escolha foi equivocada. Para a realização dessa etapa, não existem regras fixas. Porém, alguns encaminhamentos podem guiar o pesquisador nesse momento: Identificar as publicações mais recentes sobre o tema; Verificar os temas mais importantes para não ficar com muitos temas, mas focar em um subtítulo; Conversar com orientadores para concentrar-se nas informações mais relevantes. Cervo e Bervian (2002) descrevem outras técnicas que podem ajudar no processo de delimitação. Entretanto, elas podem não funcionar para alguns assuntos. A primeira é a divisão do assunto em suas partes constitutivas. A segunda é a definição da compreensão dos termos, que implica a enumeração dos elementos constitutivos ou explicativos que os conceitos envolvem. Fixar circunstâncias de tempo (quadro histórico, cronológico) e de espaço (quadro geográfico) também contribui para indicar os limites do assunto.


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Por exemplo, o tema de qualidade total é muito amplo e deve ser delimitado. A ideia da delimitação é segmentar o tema, como se fosse passa-lo em um funil. A seguir, mostram-se alguns desdobramentos possíveis desse tema: EXEMPLOS DE DELIMITAÇÃO DO TEMA: QUALIDADE TOTAL

- Aplicabilidade da Qualidade Total nas empresas têxteis de Brusque

- Implantação da Qualidade Total nas empresas metalúrgicas de São Bernardo do Campo

- Análise da implantação da Qualidade Total na hotelaria de Salvador

Ao se especificarem as informações (onde – em que região, cidade, estado?); em que nível (no Ensino Fundamental, Médio ou Superior?) e qual o enfoque (estatístico, filosófico, histórico, psicológico, sociológico?), indicam-se as circunstâncias para pesquisa e discussão. Ou seja, definem-se a extensão e a profundidade do artigo.

Campo da aplicação científica Agora chegou a hora da investigação. O trabalho de campo se apresenta como uma possibilidade de conseguirmos não só uma aproximação com aquilo que desejamos conhecer e estudar, mas também de criar um conhecimento, partindo da realidade presente no campo. O cientista, em sua tarefa de descobrir e criar, necessita, em um primeiro momento, questionar. Esse questionamento é que nos permite ultrapassar a simples descoberta para, através da criatividade, produzir


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conhecimentos. Quando definimos bem o campo de interesse é possível partir para um rico diálogo com a realidade. Assim, o trabalho de campo deve estar ligado a uma vontade e a uma identificação com o tema a ser estudado, permitindo uma melhor realização da pesquisa proposta.

Conceito “A”

A relação do pesquisador com os sujeitos a serem estudados também é de extrema importância. Isso não significa que as diferentes formas de investigação não sejam fundamentais e necessárias. Para muitos pesquisadores, o trabalho de campo fica circunscrito ao levantamento e à discussão da produção bibliográfica existente sobre o tema de seu interesse. Esse esforço de criar conhecimento não desenvolve o que originalmente consideramos como um trabalho de campo propriamente dito.

Conceito “B”

Essa forma de investigar, além de ser indispensável para a pesquisa básica, nos permite articular conceitos e sistematizar a produção de uma determinada área de conhecimento. Ela visa criar novas questões num processo de incorporação. Além dessas considerações, podemos dizer que a pesquisa bibliográfica coloca frente a frente os desejos do pesquisador e os autores envolvidos em seu horizonte de interesse. Esse esforço em discutir ideias e pressupostos tem como lugar privilegiado de levantamento as bibliotecas, os centros especializados e arquivos. Nesse caso, trata-se de um confronto de natureza teórica que não ocorre diretamente entre pesquisador e atores sociais que estão vivenciando uma realidade peculiar dentro de um contexto histórico-social.

Conceito “C”

Ideia formulada a partir da bibliografia

Após essas observações, é hora de nos aproximarmos mais da ideia de campo que pretendemos explicitar. Para Minayo (1992), campo de pesquisa é o recorte que o pesquisador faz em termos de espaço, representando uma realidade empírica a ser estudada a partir das concepções teóricas que fundamentam o objeto da investigação.


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A título de exemplo, podemos citar o seguinte recorte: o estudo da percepção das condições de vida dos moradores de uma comunidade. Para esse estudo, a comunidade corresponde a um campo empiricamente determinado. Além do recorte espacial, em se tratando de pesquisa social, o lugar primordial é o ocupado pelas pessoas e grupos convivendo numa dinâmica de interação social. Essas pessoas e grupos são sujeitos de uma determinada história a ser investigada, sendo necessária uma construção teórica para transformá-los em objetos de estudo. Partindo da construção teórica do objeto de estudo, o campo torna-se um palco de manifestações de intersubjetividades e interações entre pesquisador e grupos estudados, propiciando a criação de novos conhecimentos. Definido o objeto com uma devida fundamentação teórica, construído instrumentos de pesquisa e delimitado o espaço a ser investigado, faz-se necessário concebermos a fase exploratória do campo para que possamos entrar no trabalho propriamente dito. Seguindo esses passos, devemos observar alguns cuidados relativos à entrada no trabalho de campo.

A ENTRADA NO CAMPO Vários são os obstáculos que podem dificultar ou até mesmo inviabilizar essa etapa da pesquisa. Portanto, cabem algumas considerações: 1 Buscar aproximação com as pessoas da área selecionada para o estudo Essa aproximação pode ser facilitada através do conhecimento de moradores ou daqueles que mantêm sólidos laços de intercâmbio com os sujeitos a serem estudados. De preferência deve ser uma aproximação gradual, onde cada dia de trabalho seja refletido e avaliado, com base nos objetivos preestabelecidos. É fundamental consolidarmos uma relação de respeito efetivo pelas pessoas e pelas suas manifestações no interior da comunidade pesquisada.


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2 Apresentar proposta de estudo aos grupos envolvidos

É importante estabelecer uma situação de troca. Os grupos devem ser esclarecidos sobre aquilo que pretendemos investigar e as possíveis repercussões favoráveis advindas do processo investigativo. É preciso termos em mente que a busca das informações que pretendemos obter está inserida num jogo cooperativo, onde cada momento é uma conquista baseada no diálogo e que foge à obrigatoriedade. Ou seja, os grupos envolvidos não são obrigados a uma colaboração sob pressão, até porque isso caracterizaria um processo de coerção, que inviabilizaria a efetiva interação. 3 Dar atenção à postura em relação ao problema a ser estudado

Às vezes o pesquisador entra em campo considerando que tudo o que vai encontrar serve para confirmar o que ele considera já saber, ao em vez de compreender o campo como possibilidade de novas revelações. Esse comportamento pode dificultar o diálogo com os elementos envolvidos no estudo, além de poder gerar constrangimentos entre pesquisador e grupos envolvidos e poder implicar no surgimento de falsos depoimentos. 4 Ter cuidado teórico-metodológico com a temática a ser explorada

A atividade de pesquisa não se restringe ao uso de técnicas refinadas para obtenção de dados. Assim, a teoria informa o significado dinâmico daquilo que ocorre e que buscamos captar no espaço em estudo. Para conseguirmos um bom trabalho de campo, há necessidade de se ter uma programação bem definida de suas fases exploratórias e de trabalho de campo propriamente dito. É no processo desse trabalho que são criados e fortalecidos os laços de amizade, bem como os compromissos firmados entre o investigador e a população investigada, propiciando o retomo dos resultados alcançados para essa população e a viabilidade de futuras pesquisas.


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Modalidades de pesquisa A pesquisa é uma atividade direcionada para a elucidação de problemas por meio da utilização de procedimentos científicos. Dessa forma, ao desenvolver uma pesquisa, é necessária a compreensão das modalidades da pesquisa, bem como das formas de coleta e análise de dados. Um documento científico se inicia com uma introdução, seguida pelo desenvolvimento (delimitação do tema, a definição dos objetivos de estudo, procedimentos metodológicos, fundamentação teórica, análise e interpretação das informações coletadas), considerações finais e referências. Assim, é comum que o aluno-pesquisador questione: quais as características do meu estudo? Que tipo de pesquisa pretendo desenvolver? Qual a necessidade de aplicação de questionários ou entrevistas para este tema? Como devo coletar e apresentar os dados? É necessário fundamentar meu trabalho com literaturas? A elaboração de pesquisas pode ser, para o acadêmico ou pesquisador, uma experiência prática, para que busquem refletir, sistematizar e testar os conhecimentos teóricos e instrumentais aprendidos durante o ensino formal e de pesquisa. Portanto, a pesquisa propõe uma reflexão de fatos e dados, estimulando o estudante a analisar e julgar, quando oportuno, de forma ética e profissional, ampliando seus conhecimentos. Seu espírito crítico


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e ético lhe possibilitará que se destaque na procura de soluções para os problemas da sociedade em que vive e aceite suas responsabilidades sociais. Muitos autores já publicaram suas percepções e conceitos sobre pesquisa e vários salientam que essa é um processo de perguntas e investigação; é sistemática e metódica; e aumenta o conhecimento humano (COLLIS; HUSSEY, 2005).

“A pesquisa parte [...] de uma dúvida ou problema e, com o uso do método científico, busca uma reposta ou solução.” (CERVO; BERVIAN, 2002, p. 63).

Assim, o pesquisador utilizará seus conhecimentos teóricos e práticos. Para tal, é necessário que tenha habilidades para a utilização de técnicas de análise, que entenda os métodos científicos e os procedimentos para que possa atingir o objetivo de encontrar respostas para as perguntas formuladas no estudo. É importante lembrar que a pesquisa científica é uma atividade que se volta ao esclarecimento de situações-problema ou novas descobertas. Dessa forma, é indispensável que se use processos científicos que, por sua vez, são bem diversos, dependendo do campo de conhecimento. O artigo científico também deve apresentar os caminhos e formas utilizados no estudo. Assim, é importante citar as modalidades ou tipos da pesquisa e características do trabalho. Conforme Gil (1999), as pesquisas podem ser classificadas quanto:

Introdução Delimitação do Tema Definição dos Objetivos de Estudo Procedimentos Metodológicos Fundamentação Teórica Análise e Interpretação das Informações Coletadas Considerações Finais Referências


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às bases lógicas da investigação (métodos dedutivo, indutivo, hipotético-dedutivo, dialético ou fenomenológico) à natureza da pesquisa (básica ou aplicada); à abordagem do problema (qualitativa ou quantitativa, ou ambas combinadas); à realização dos objetivos (descritiva, exploratória ou explicativa); ao propósito da pesquisa (aplicada, avaliação de resultados, avaliação formativa, proposição de planos ou pesquisa-diagnóstico) aos procedimentos técnicos (bibliográfica, documental, levantamento, estudo de caso, participante, pesquisa ação, experimental e ex-post-facto).

DO PONTO DE VISTA DAS BASES LÓGICAS DA INVESTIGAÇÃO, PODE SER: Método dedutivo: parte de um conhecimento geral para entender algo específico. Nesse caso, a verdade da premissa (conhecimento geral) é suficiente para garantir a verdade da conclusão (conhecimento específico). Método indutivo: parte do pressuposto de que o conhecimento deve ser construído com base na experiência, sem levar em conta princípios preexistentes. Desse ponto de vista, criamos generalizações quando fazemos observações e experimentos concretos. Ao contrário do dedutivo, o método indutivo parte do específico para o geral, tirando conclusões abrangentes com base em casos particulares. Como o conteúdo da conclusão geral é maior que o conteúdo das premissas, não se pode dizer que a verdade das premissas garanta a verdade da conclusão. Método hipotético-dedutivo: toda vez que não temos resposta para uma pergunta, estamos diante de um problema. Para solucioná-lo, devemos formular hipóteses. Mas será que as hipóteses bastam para acabar com a dúvida?


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Não. Elas precisam ser testadas ou falseadas. Segundo Popper, o cientista deve olhar com suspeita para todas as afirmações que escuta por aí. Elas só devem ser consideradas verdadeiras depois de aprovadas no teste de falseabilidade. Método dialético: parte do princípio que não existe uma verdade absoluta, esperando que algum cientista possa desvendá-la. De acordo com a dialética, as teses devem ser sempre colocadas em uma espécie de ringue. A finalidade é fazer com que ideias opostas “lutem” uma contra a outra até que tenhamos uma nova solução para o problema em estudo. Depois de chegarmos à nova solução (síntese), devemos fazer com que ela “brigue” com sua antítese, e assim por diante. Na ótica do método dialético, a construção do conhecimento nunca chega ao fim: o importante é manter acesa a chama da reflexão e sempre colocar à prova nossas conclusões. É um método bastante útil em pesquisas qualitativas. Método fenomenológico: busca descrever o fenômeno do jeito que ele é. Isso não é feito por meio da indução nem por meio da dedução, mas com a ajuda da interpretação. A ideia não é descobrir uma verdade ou revelar o que antes era um mistério para a ciência: o importante é interpretar o mundo à nossa volta, refletindo sobre ele. Essa reflexão é um processo bastante subjetivo, que varia de pessoa para pessoa. Portanto, não devemos esperar que estudos diferentes cheguem sempre à mesma conclusão. O método fenomenológico é frequentemente utilizado na pesquisa qualitativa.

DO PONTO DE VISTA DA SUA NATUREZA, PODE SER: Pesquisa Básica: objetiva produzir conhecimentos novos, úteis para o avanço da ciência sem aplicação prática prevista. Envolve verdades e interesses universais. Assim, o pesquisador busca satisfazer uma necessidade intelectual pelo conhecimento e sua meta é o saber. Pesquisa Aplicada: gera conhecimentos para aplicação prática, dirigidos à solução de problemas específicos. Envolve interesses locais. A pesquisa visa à aplicação de suas descobertas na solução de um problema.


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DO PONTO DE VISTA DA FORMA DE ABORDAGEM DO PROBLEMA PODE SER: Pesquisa Quantitativa: considera que tudo pode ser quantificável, o que significa traduzir em números opiniões e informações para classificá-los e analisá-los. Requer o uso de técnicas estatísticas e de recursos (percentagem, média, moda, mediana, desvio padrão, coeficiente de correlação, e outros). Assim, a pesquisa quantitativa é focada na mensuração de fenômenos, envolvendo a coleta e análise de dados numéricos e aplicação de testes estatísticos. Pesquisa Qualitativa: considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números. A interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa. Não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas. O ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é o instrumento chave. A pesquisa qualitativa utiliza técnicas de dados como a observação participante, história ou relato de vida, entrevista e outros.

DO PONTO DE VISTA DE SEUS OBJETIVOS, PODE SER: Pesquisa Exploratória: proporciona maior proximidade com o problema, visando torná-lo explícito ou definir hipóteses. Procura aprimorar ideias ou descobrir intuições. Possui um planejamento flexível, envolvendo, em geral, levantamento bibliográfico, entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado e análise de exemplos similares. Assume as formas de pesquisas bibliográficas e estudos de caso. Esse tipo de pesquisa é voltado para pesquisadores que possuem pouco conhecimento sobre o assunto pesquisado, pois, geralmente, há pouco ou nenhum estudo publicado sobre o tema. Pesquisa Descritiva: visa descrever as características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis. A forma mais comum de apresentação é o levantamento, em geral realizado mediante questionário ou observação sistemática, que oferece uma descrição da situação no momento da pesquisa. Metodologia indicada para orientar a forma de coleta de dados quando se pretende descrever determinados acontecimentos. É direcionada a pesquisadores que têm conhecimento aprofundado a respeito dos fenômenos e problemas estudados.


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Pesquisa Explicativa: aprofunda o conhecimento da realidade porque explica a razão, o porquê das coisas e, por isto, é o tipo mais complexo e delicado, já que o risco de cometer erros aumenta consideravelmente. Visa identificar os fatores que determinam ou contribuem para a ocorrência dos acontecimentos. Caracteriza-se pela utilização do método experimental (nas ciências físicas ou naturais) e observacional (nas ciências sociais). Geralmente, utiliza as formas de Pesquisa Experimental e Ex-post-facto. Método adequado para pesquisas que procuram estudar a influência de determinados fatores na determinação de ocorrência de fatos ou situações.

DO PONTO DE VISTA DO PROPÓSITO DA PESQUISA, PODE SER: Pesquisa aplicada: é usada para estudar o problema em um contexto, buscando soluções para os desafios enfrentados nesse ambiente específico. Esse tipo de pesquisa é bem ligado à prática, mas nem por isso pode deixar de incluir uma reflexão teórica. Avaliação de resultados: avaliar nada mais é do que atribuir valor. Para isso, é preciso escolher critérios para avaliação. Dependendo do caso, a avaliação pode incluir uma comparação. O mais indicado é fazer uma avaliação de resultados para comparar o antes e o depois de cada etapa. Avaliação formativa: o objetivo é aperfeiçoar um processo ou um sistema. Isso só é possível quando o pesquisador está familiarizado com o objeto de estudo e tem condições de mudá-lo. Em primeiro lugar, é necessário fazer um diagnóstico do sistema, identificando os problemas e as oportunidades que não são aproveitadas. Depois, é hora de traçar um plano para eliminar os pontos fracos e melhorar o sistema como um todo. Proposição de planos: serve para solucionar os problemas de uma organização e planejar o que vai ser feito daquele momento em diante. Os planejamentos financeiros e de marketing são exemplos disso. Pesquisa-diagnóstico: é indicada quando queremos avaliar a situação interna ou externa de uma organização. Você pode fazer um diagnóstico interno sobre o desempenho econômico da empresa ou levantar informações sobre os mercados onde ela pode entrar no futuro (diagnóstico externo).


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DO PONTO DE VISTA DOS PROCEDIMENTOS TÉCNICOS, PODE SER: Pesquisa Bibliográfica: utiliza material já publicado, constituído basicamente de livros, artigos de periódicos e, atualmente, com informações disponibilizadas na internet. Quase todos os estudos fazem uso do levantamento bibliográfico e algumas pesquisas são desenvolvidas exclusivamente por fontes bibliográficas. Sua principal vantagem é possibilitar ao investigador a cobertura de uma gama de acontecimentos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente. • Pesquisa Documental: elaborada a partir de materiais que não receberam tratamento analítico, documentos de primeira mão, como documentos oficiais, reportagens de jornal, cartas, contratos, diários, filmes, fotografias, gravações etc., ou, ainda, documentos de segunda mão que, de alguma forma, já foram analisados, tais como: relatórios de pesquisa, relatórios de empresas, tabelas estatísticas etc. • Levantamento: envolve a interrogação direta de pessoas cujo comportamento em relação ao problema estudado se deseja conhecer para, em seguida, mediante análise quantitativa, identificar as conclusões correspondentes aos dados coletados. O levantamento feito com informações de todos os integrantes do universo da pesquisa origina um censo. O levantamento usa técnicas estatísticas, análise quantitativa, permite a generalização das conclusões para o total da população e, assim, para o universo pesquisado, permitindo o cálculo da margem de erro. Os dados são mais descritivos que explicativos. • Estudo de Caso: envolve o estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos de maneira que se permita o seu amplo e detalhado conhecimento. O estudo de caso pode abranger análise de exame de registros, observação de acontecimentos, entrevistas estruturadas e não estruturadas ou qualquer outra técnica de pesquisa. Seu objeto pode ser um indivíduo, um grupo, uma organização, um conjunto de organizações ou, até mesmo, uma situação. A maior utilidade do estudo de caso é verificada nas pesquisas exploratórias. Por sua flexibilidade, é sugerido nas fases iniciais da pesquisa de temas complexos para a construção de hipóteses ou reformulação do problema.


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Pesquisa-Ação: concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo. Os pesquisadores e participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo. Implica o contato direto com o campo de estudo, envolvendo o reconhecimento visual do local, a consulta a documentos diversos e, sobretudo, a discussão com representantes das categorias sociais envolvidas na pesquisa. É delimitado o universo da pesquisa e recomenda-se a seleção de uma amostra. É importante a elaboração de um plano de ação envolvendo os objetivos que se pretende atingir, a população a ser beneficiada, a definição de medidas, procedimentos e formas de controle do processo e de avaliação de seus resultados. Pesquisa Participante: realizada através da integração do investigador, que assume uma função no grupo a ser pesquisado, mas sem seguir a uma proposta pré-definida de ação. A intenção é adquirir conhecimento mais profundo do grupo. O grupo investigado tem ciência da finalidade, dos objetivos da pesquisa e da identidade do pesquisador. Permite a observação das ações no próprio momento em que ocorrem. Esta pesquisa necessita de dados objetivos sobre a situação da população. Isso envolve a coleta de informações socioeconômicas e tecnológicas que são de natureza idêntica aos adquiridos nos tradicionais estudos de comunidades. Estes dados podem ser agrupados por categorias como: geográficos, econômicos, educacionais e outros. Pesquisa Experimental: quando se determina um objeto de estudo, selecionam-se as variáveis que seriam capazes de influenciá-lo, definem-se as formas de controle e de observação dos efeitos que a variável produz no objeto. A pesquisa experimental necessita de previsão de relações entre as variáveis a serem estudadas e o seu controle. Desta forma, na maioria das situações, é inviável quando se trata de objetos sociais. É geralmente utilizada nas ciências naturais. Pesquisa Ex-Post-Facto: quando o “experimento” se realiza depois dos fatos. O pesquisador não tem controle sobre as variáveis. É um tipo de pesquisa experimental, diferindo apenas pelo fato do fenômeno ocorrer naturalmente sem que o investigador tenha controle sobre ele. Ou seja, o pesquisador é um mero observador do acontecimento. Assim, o pesquisador deve citar e explicar os tipos de pesquisa que o estudo trata, justificando cada item de classificação e a relação com o tema e objetivos da pesquisa. Deve-se fazer uso de citações para enriquecer a argumentação. Toda e qualquer fonte deve ser referenciada, precisando data e página, quando tratar-se de citação direta.


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Métodos “Métodos são técnicas suficientemente gerais para se tornarem comuns a todas as ciências ou a uma significativa parte delas.” Robert Kaplan (1969)

A pesquisa científica exige uma organização para que realmente saia do papel e atinja seu objetivo final. Para isso é preciso que o aluno conheça e saiba executar os métodos de procedimento. Os métodos mais utilizados nos projetos acadêmicos, e suas respectivas características, são: MÉTODO HISTÓRICO Investiga eventos do passado a fim de compreender os modos de vida do presente, que só podem ser explicados a partir da reconstrução da cultura e da observação das mudanças ocorridas ao longo do tempo. MÉTODO ESTATÍSTICO No campo biológico, verifica as variabilidades das populações; no campo cultural, levanta diversificações dos aspectos culturais. Os dados, depois de coletados, são reduzidos a termos quantitativos, demonstrados em tabelas, gráficos, quadros, etc. MÉTODO ETNOGRÁFICO Refere-se à análise descritiva das sociedades humanas e grupos sociais (de pequena escala). Mesmo o estudo descritivo requer alguma generalização e comparação, implícita ou explícita. Refere-se a aspectos culturais e consiste no levantamento e na descrição de todos os dados possíveis sobre as sociedades e grupos, com a finalidade de conhecer melhor seus estilos de vida e cultura específica. MÉTODO COMPARATIVO OU ETNOLÓGICO Método Comparativo ou Etnológico – Permite verificar diferenças e semelhanças apresentadas pelo material coletado. Compara padrões, costumes, estilos de vida, culturas. Verifica diferenças e semelhanças a fim de obter melhor compreensão dos grupos sociais pesquisados.


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MÉTODO MONOGRÁFICO OU ESTUDO DE CASO Estudo em profundidade de determinado caso ou grupo humano, sob todos os seus aspectos. Permite a análise de instituições, de processos culturais e de todos os setores da cultura. MÉTODO GENEALÓGICO Estudo do parentesco com todas as suas implicações sociais: estrutura familiar, relacionamento de marido e mulher, pais e filhos e demais parentes; informações sobre o cotidiano, a vida cerimonial (nascimento, casamento, morte), etc.

Técnicas “Técnica é um conjunto de preceitos ou processos de que se serve uma ciência ou arte; é a habilidade para usar esses preceitos ou normas, a parte prática. Toda ciência utiliza inúmeras técnicas na obtenção de seus propósitos.” Eva Maria Lakatos e Marina de Andrade Marconi (1990) A técnica identifica-se com a parte prática da pesquisa. É comum haver confusão entre os métodos e as práticas da pesquisa. Mas é possível definir da seguinte maneira: enquanto o método é constituído de procedimentos gerais, extensivos às diversas áreas do conhecimento, a técnica abrange procedimentos mais específicos, em determinada área do conhecimento. Vários são os itens fundamentais nas técnicas de pesquisa:

COLETA DE DADOS: Neste item, é necessário que o aluno pesquisador apresente como foi organizada e operacionalizada a coleta dos dados relativos ao processo de pesquisa. Todas as formas que usou de coleta devem


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ser mencionadas (leituras, entrevistas, questionários, documentos, observação), assim como quais fontes foram utilizadas na coleta dos dados (identificando o ambiente, a população e a amostra para a pesquisa). Os modelos de coleta mais comuns são: A Coletas bibliográficas: o aluno precisa apresentar o tema proposto, fundamentando-o com uma revisão crítica de fontes de pesquisa relacionadas ao tema macro (área de estudo/tema/delimitação do tema) e micro (referente aos objetivos). Para tal, deve relacionar sua visão sobre o tema fundamentado aos acontecimentos atuais e trabalhos já realizados na área, bem como a opiniões de autores. A fundamentação teórica, revisão da literatura ou revisão bibliográfica apresenta os conceitos teórico-empíricos que nortearam o trabalho. Pode-se pontuar através das referências utilizadas as ideias com as quais o aluno compactua ou não, entretanto, deve-se utilizar outro(s) autor(es) para estabelecer o confronto, se houver. O texto deve ser construído expressando as leituras e diálogos teóricos com os autores pesquisados. O aluno pode construir seu texto preocupando-se em: Produzi-lo a partir do maior número possível de material bibliográfico publicado. Usar material e informações de primeira mão, evitando o uso do apud. (Significa citado por material de segunda mão. É uma informação de um autor e citado pelo autor em que você está pesquisando.) Contemplar, apenas, os trabalhos pertinentes e relacionados ao tema, sem desviar do foco de pesquisa. Restringir-se não apenas às ideias veiculadas nos livros técnico-científicos. Apresentar as publicações de periódicos especializados. B Coletas documentais: é comum, em algumas áreas de conhecimento, a co-

leta de dados em prefeituras, organizações governamentais ou, então, em setores específicos de empresas privadas. Estas informações devem ser comentadas


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no texto com as mesmas regras metodológicas das literaturas, já que possuem autoria. Muitas vezes, a pesquisa envolve a utilização de materiais que estão localizados internamente em instituições públicas ou privadas.

Exemplo1

Exemplo2

As informações documentais foram coletadas no Projeto Pedagógico da escola e nos registros dos alunos, arquivados na secretaria da escola.

Os dados foram coletados no programa de desenvolvimento da empresa, no banco de dados do RH e nos relatórios dos setores.

C Questionário: com esta técnica de investigação, composta por questões

apresentadas por escrito às pessoas, o aluno pode identificar o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas, situações vivenciadas e outras (GIL, 1996). Para elaborar um questionário deve-se refletir sobre os objetivos da pesquisa e passá-los para questões específicas. São as respostas que apresentarão as informações necessárias para testar as hipóteses ou esclarecer o problema da pesquisa. Segundo Labes (1998), as etapas do questionário podem ser: Pesquisa (análise dos objetivos e problema) Elaboração do questionário Testagem ou pré-teste Distribuição e aplicação Tabulação dos dados Análise e interpretação dos dados


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Gil (1999) cita três tipos de questões em relação à forma: questões fechadas, questões abertas e questões relacionadas. Dencker (2000) acrescenta perguntas com escala nas questões fechadas. No questionário do tipo questões fechadas, apresenta-se ao respondente um conjunto de alternativas de resposta para que seja escolhida a que melhor representa sua situação ou ponto de vista. Exemplos de questões fechadas: Qual seu time de futebol? ( ) Flamengo ( ) Vasco ( ) Fluminense ( ) Botafogo ( ) Sem Time ( ) Outro _______________________________ A pergunta com escala visa medir o grau, e não a qualidade. Apresenta uma gradação nas respostas. A escala pode ser apresentada pela atribuição de nota, de preferência, de atitude. Exemplo: Em que medida você concorda com a portabilidade nos serviços de telefonia celular? ( ) Concordo plenamente ( ) Concordo ( ) Não tenho opinião ( ) Discordo ( ) Discordo plenamente.

OBSERVAÇÕES:

- Não ofereça um número muito grande de alternativas, pois isso poderá confundir o entrevistado e prejudicar a escolha. - Nas questões com diversas alternativas, deve-se sempre colocar a opção “outras” para não ter que listar todas as possíveis opções. - Ter apenas uma resposta para o entrevistado assinalar. Quando houver necessidade de mais de uma resposta (Exemplo: Quais as atividades de lazer você


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OBSERVAÇÕES:

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prefere?), deve-se deixar claro que pode ser assinalada mais de uma opção na pergunta e ter cuidado na tabulação. Nas questões abertas, apresenta-se a pergunta e se deixa um espaço em branco para que a pessoa escreva sua resposta sem qualquer restrição. Exemplo: Como você considera a atual gestão do presidente da república?

Entretanto, questionários com muitas questões abertas retornam com muitas delas não respondidas. Também é conveniente lembrar que, nesse caso, a tabulação das respostas torna-se mais complexa. As questões relacionadas são aquelas dependentes da resposta dada a outra questão anterior. Exemplo: Você pratica algum esporte? ( ) Sim (responda à questão seguinte) ( ) Não (responda à questão número 11) Qual o seu esporte preferido? ( ) Natação ( ) Corrida ( ) Futebol ( ) Outro_________________ A pergunta não deve sugerir respostas. A questão deve referir-se a uma única ideia de cada vez. O questionário não deve ultrapassar o número de 30 questões. Iniciar pelas questões que definem o perfil do entrevistado (sexo, faixa etária, renda etc.).


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Na sequência, começar pelas questões mais gerais e, depois, apresentar as de maior especificidade. As perguntas devem ser ordenadas em uma sequência lógica. Incluir apenas perguntas que realmente tenham relação com o problema. Iniciar com as questões mais fáceis e impessoais, deixando as mais difíceis e íntimas para o fim. Evitar perguntar o nome, pois as respostas são mais livres e sinceras. Não obrigar o entrevistado a fazer cálculos. Ter uma boa apresentação gráfica (caracteres, diagramação, espaçamento, entrelinhas). Apresentar as instruções de preenchimento adequado ao questionário. Citar, na apresentação do questionário, o objetivo da pesquisa e os envolvidos (entidade). Antes de iniciar a aplicação definitiva do questionário, o pesquisador deve realizar um pré-teste. Ele serve para evidenciar possíveis falhas na redação do questionário, como: complexidade das questões, imprecisão na redação, questões desnecessárias, constrangimentos aos informantes, exaustão etc. O pré-teste deve ser aplicado de 10 a 20 provas, a elementos pertencentes à população pesquisada. (GIL, 1999; DENCKER, 2000). Para a distribuição do questionário, após a adequação do pré-teste, o pesquisador pode utilizar os seguintes meios: correio, e-mail, telefone, pessoalmente (individual ou em grupo) ou on-line. Para todos os meios, é necessário ter precauções para a aplicação, o preenchimento e o retorno dos questionários. (LABES, 1998; GIL, 1999). Para a delimitação da população/amostra e o tratamento estatístico, o aluno deve atender a dois momentos: seleção e definição do universo e organiza-


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ção do questionário – tabulação. (LABES, 1998). “O universo ou população é o conjunto de seres animados ou inanimados que apresentam pelo menos uma característica em comum [...] dependem do assunto a ser investigado.” (OLIVEIRA, 2002, p. 72). O aluno deve compreender que a amostra de uma pesquisa pode ser conceituada como “subconjunto finito de uma população” (LABES, 1998) e dividida em quatro tipos:

Amostragem Causal ou Aleatória Simples: sorteio/ seleção espontânea da amostra. Amostragem Sistemática: quando a população encontra-se ordenada como, por exemplo, em subgrupos. Quando se conhece a proporção e a dispersão geográfica. Amostragem Proporcional Estratificada: definida por variáveis (sexo, idade, etc.). Amostragem Probabilística: possibilidade de todos os elementos serem pesquisados – aleatoriedade da amostra. Conhecer a probabilidade de ocorrência de um evento.

O estudante deve proceder à tabulação de questionários e se voltar à amplitude das variáveis/categorias, ao cruzamento de variáveis, a tabulação manual e o processamento eletrônico. Na utilização de gráficos, deve-se preocupar com: proporcionalidade, título, grandezas numéricas, relações e outros. A análise dos dados consiste em relacionar, comparar, medir, identificar, agrupar, classificar, concluir, deduzir. Os procedimentos de análise são: definição de variáveis e tabulação (adotando uma ou mais variáveis como referência). É necessário buscar nos trabalhos publicados em revistas científicas, anais de eventos ou sites da área de estudo em questão, e verificar se há explicação sobre a técnica de questionário e como aconteceu a pesquisa e a análise dos dados. Geralmente a estrutura da entrevista é colocada em apêndice no final do trabalho.


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D Entrevista: o pesquisador pode utilizar uma técnica de

coleta de dados que se volte diretamente para as pessoas, tendo um contato mais direto, buscando saber a opinião delas sobre algo: a entrevista. A entrevista é uma comunicação verbal entre duas ou mais pessoas com um nível de estruturação previamente determinado, com a intenção de obter informações de pesquisa. É uma das técnicas de coleta de dados mais usada nas ciências sociais. (DENCKER, 2000; GIL, 1999). Se o aluno utilizar a entrevista em seu estudo, deve saber que é uma técnica que também exige planejamento, pois precisa delinear o objetivo a ser alcançado e cuidar de sua elaboração, desenvolvimento e aplicação. As entrevistas poderão ser estruturadas (com perguntas definidas) ou semiestruturadas (permite maior liberdade ao pesquisador) segundo DENCKER (2000). Para Gil (1999), nos estudos exploratórios a entrevista informal visa abordar realidades pouco conhecidas pelo pesquisador. Então, se este for o caso, o estudante pode usar o tipo de entrevista menos estruturada possível, que só se distingue da simples conversação porque tem como objetivo básico a coleta de dados. Dessa forma, utilizam-se informantes-chave que podem ser especialistas no tema em estudo, líderes formais ou informais, personalidades e outros. Em situações experimentais, com o objetivo de explorar a fundo alguma experiência vivenciada, é interessante que o pesquisador utilize a entrevista focalizada. Esse tipo de entrevista é utilizada com grupos de pessoas que passaram por uma experiência específica, como assistir a um filme, presenciar um acidente etc. A entrevista por pauta apresenta certo nível de estruturação, pois se guia por uma relação de pontos de interesse do entrevistador, ordenadas e relacionadas entre si. São feitas poucas perguntas diretas e o entrevistado pode falar livremente. O desenvolvimento de uma relação fixa de perguntas feitas para entrevistar alguém, cuja ordem e redação permanecem invariáveis para todos os entrevistados (que geralmente são em grande número) é a entrevista estruturada.


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DICAS (ICPG, 2008):

- A data da entrevista deverá ser marcada com antecedência e a situação em que se realiza deve ser discreta. - Registrar os dados imediatamente (anotando-os ou utilizando gravador). - Certificar-se de possuir permissão do entrevistado para registrar os dados e utilizá-los na pesquisa. - Obter e manter a confiança do entrevistado. - Deixar o entrevistado à vontade. - Dispor-se mais a ouvir do que a falar. - Manter o controle da entrevista (temas). - Iniciar pelas perguntas que tenham menos possibilidade de provocar recusa. - Não emitir opinião.

E Técnica de Observação: esta técnica é muito comum em várias áreas de

pesquisa e é importante compreender um pouco mais como funciona. A observação pode ser estruturada ou não-estruturada. De acordo com o nível de participação do observador, pode ser participante ou não-participante. Gil (1999) afirma que a observação participante tende a utilizar formas não estruturadas, pode-se adotar a seguinte classificação, que combina os dois critérios considerados: observação simples, observação participante e observação sistemática. Na observação simples o pesquisador permanece alheio à comunidade, grupo ou situação que pretende estudar e observa de maneira espontânea os fatos que ocorrem. Nesse caso, ele assume o papel de expectador. A observação participante ocorre por meio do contato direto do investigador com o fenômeno observado para recolher as ações dos atores em seu contexto natural, considerando sua perspectiva e seus pontos de vista. (CHIZZOTTI, 2001). Sendo assim, ele assume o papel de ator, desenvolvendo um papel no grupo que está estudando. (GIL, 1999). Nas pesquisas cujo objetivo é a descrição precisa dos fenômenos ou teste de hipóteses, é frequentemente utilizada a observação sistemática. Pode ocorrer em situações de campo ou laboratório. Antes da coleta de dados, é necessária a elaboração de um plano específico para a organização e o registro das informa-


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ções. Para tal, é preciso estabelecer antecipadamente as categorias necessárias à análise da situação. A observação se constitui elemento fundamental para a pesquisa. É utilizada de forma exclusiva ou conjugada a outras técnicas. Pode-se definir a observação como o uso dos sentidos com vistas a adquirir conhecimentos do cotidiano. (GIL, 1999).

ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS Após definir as formas de coletar informações e dados para o estudo, é necessário refletir sobre as formas de analisar e interpretá-los. O objetivo da análise é reunir as informações de forma coerente e organizada, visando responder o problema de pesquisa. A interpretação proporciona um sentido mais amplo aos dados coletados, fazendo a relação entre eles. Esta etapa pode ser de caráter quantitativo ou qualitativo e várias técnicas poderão ser utilizadas para o tratamento dos dados. É conveniente que se realize uma análise descritiva, apresentando uma visão geral dos resultados, e, na sequência, analise os dados cruzados, que possibilitam perceber as relações entre as categorias de informação, e da análise interpretativa. (DENCKER, 2000). A estatística na análise e interpretação de dados pode ser classificada como: Estatística descritiva (descrição e análise sem inferências e conclusões) e Estatística indutiva (inferências, conclusões, tomadas de decisão e previsões) LABES (1998) A pesquisa deve prezar pela necessidade de apresentação, formal e oficial, dos resultados do estudo; explicitação dos objetivos, da metodologia e dos resultados e prioridade à fidedignidade na transmissão das descobertas feitas LABES (1998). Todas as infor-


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mações importantes constatadas na pesquisa são apresentadas em forma de texto ou de elementos de apoio ao texto, se for necessário, como figuras, quadros, gráficos e tabelas. Pode-se apresentar um quadro compreendendo o período em que se realizaram as atividades da pesquisa.

APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS O pesquisador deve apresentar os resultados da pesquisa conforme os preceitos da ciência, com redação técnico-científica e as exigências da área de conhecimento. Assim, os resultados expõem o tema proposto, fundamentando-o com uma revisão crítica de fontes de pesquisa relacionadas ao tema de forma ampla para depois especificá-la. É necessário que o investigador relacione sua visão sobre o tema fundamentado aos acontecimentos atuais e trabalhos já realizados na área, bem como as opiniões de autores. Para tal, é necessário o cumprimento das normas ABNT NBR 10520 (2002). As informações podem ser apresentadas por meio de elementos de apoio ao texto como figuras, gráficos, quadros, tabelas e outros, conforme as regras metodológicas. O modelo de apresentação do documento deverá seguir as regras definidas para sua tipologia (monografia, artigo científico e outros) e a instituição solicitante (universidade, revista científica, evento e outros).

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Questões de fixação 1 Cite as principais características do Positivismo e como esse pensamento colaborou para o desenvolvimento da metodologia da pesquisa científica.

2 O que é o método experimental?

3 Defina o que é pesquisa de maneira sucinta:

4 Quais são os cinco tipos diferentes de conhecimento e suas definições?

5 Quais fatores você deve levar em conta ao delimitar o tema da pesquisa?


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6 Explique as diferenças entre os métodos de pesquisa dedutivo, indutivo, hipotético-dedutivo, dialético e fenomenológico.

7 Qual a diferença entre pesquisa quantitativa e qualitativa?

8 Explique as diferenças entre as pesquisas descritiva, exploratória e explicativa:

9 Cite os métodos mais utilizados nos projetos acadêmicos e quais as diferenças entre eles.

10 Quais os modelos de coletas de dados mais utilizados e suas definições?

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Bibliografia ALVES, Rubem. Filosofia da ciência: introdução ao jogo e suas regras. são Paulo: loyola, 1999. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14724: trabalhos acadêmicos: apresentação. Rio de Janeiro, 2011. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10520. Informação e documentação – Citações em documentos – Apresentação. Rio de Janeiro,2002. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: informação e documentação - referências - elaboração. Rio de Janeiro, 2002. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6022: informação e documentação: artigo em publicação periódica científica impressa: apresentação. Rio de Janeiro, 2003. AZEVEDO, israel Belo de. O prazer da produção científica: diretrizes para a elaboração de trabalhos acadêmicos. 6. ed. Piracicaba: UniMEP,1998. BARROS, Aidil J. da Silveira; LEHFELD, Neide A. de Souza. Fundamentos de metodologia científica: um guia para a iniciação científica. 3. ed. São Paulo: Makron Books, 2000. BOENTE, Alfredo N. P; BRAGA, Glaucia. Metodologia científica contemporânea para universitários e pesquisadores. Rio de Janeiro: Brasport, 2004. CENCI, Angelo Vitório. O que é ética? Elementos em torno de uma ética geral. Passo Fundo: Ed. do autor. 2000. CERVO, Amado L.; BERVIAN, Pedro A. Metodologia científica. 5. ed. são Paulo: Prentice Hall, 2002. CERVO, A. L. BERVIAN, P. A. Metodologia científica. 5.ed. São Paulo: Prentice Hall, 2002. CHIZZOTTI, Antônio. Pesquisa em ciências humanas e sociais. 5. ed. são Paulo: Cortez, 2001.


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UNIDADE 1 • METODOLOGIA CIENTÍFICA

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