Ponto de fuga

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Casa das Histórias Paula Rego Arquitectura Contemporânea Casa em La Romana Volumetria rectilínea Arquitectura Contemporânea Casa em La Romana Volumetria rectilínea Grande viagem Amanjiwo A Eterna Serenidade

Arquitectura e Design contemporâneo | #00 Fevereiro 2012 | 5 euros

Dentro dum mundo prodigioso



Ponto de fuga #00 Editorial Quando caminhamos em direcção ao sonho Enquanto o corpo puder e não nos lembrar constantemente o quão frágeis somos, talvez seja impossível perceber que já somos felizes e não o sabíamos. Felizes somos quando caminhamos em direcção ao sonho, muito mais do que quando o conquistamos. Somos felizes quando percebemos que as maiores provas de amor são as mais simples, quando finalmente compreendemos que um olhar diz mais que uma longa explicação, e que eterno é tudo aquilo que, ainda que dure uma fracção de segundo, é tão intenso que se petrifica e nenhuma força nem nenhum tempo o demove. Somos felizes quando entendemos que o comum não nos atrai, que a dor emocional dura enquanto nós quisermos, que só vale a pena arrependermo-nos do que fizemos, do que não fizemos e do que poderíamos ter feito melhor para pedir perdão. Somos felizes quando damos conta que não somos imortais e arranjamos força para lutar e realizar todas as nossas «extravagâncias». E mesmo que o corpo se lamente e nós comecemos a dar valor ao bem mais precioso de todos – a saúde –, seguremos os sorrisos, abasteçamos o coração de confiança e conservemos a vontade de viver: se é para voltar, voltemos, se é para seguir, sigamos e se é para recomeçar, recomecemos. Felizes pretendem ser os momentos que lhe sugerimos em cada edição, como nesta que agora esfolheia. Desejamos que os petrifique e os torne eternos. Maria Silva Santos, Directora

Sumário Nova museologia Casa das Histórias Paula Rego No Mundo Prodigioso

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Arquitectura Contemporânea Casa em La Romana Volumetria rectilínea

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Novos equipamentos Fluviário de Mora A Vida dos Rios

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Reconstrução Casa Impluvim Numa configuração rasgada no céu.

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Grande viagem Amanjiwo A Eterna Serenidade

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Embarcações A Caravela do Futuro Velejar em grande estilo

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Casa das Histórias Paula Rego

fábula em contorções inusitadas; figuras que expõem tramas e enredos, mas DentroPersonagens dumdemundo prodigioso

que simultaneamente escondem segredos, emoções, sonhos e pesadelos; formas dramáticas, marcadas pela violência contraditória da solidão e da convivência; mulheres em crónicas quotidiano; meninasinusitadas; em revolta, em subversão; meninas esconderijos onde Personagens dedofábula em contorções figuras que expõem tramas sabedoras e enredos,de mas que simultaneamente escondem moram duendes e espíritos malignos; meninas-mulheres, misto de inocência e perversidade; segredos, emoções, sonhos e pesadelos; formas dramáticas, marcadas pela violência contraditória da solidão e da convivência; figurasdo grotescas, exibindo, impudicas, corpos compactos; danças e rodopios de imagens mulheres em crónicas quotidiano; meninas em revolta,seus em subversão; meninas sabedoras de esconderijos onde moram duendes densas,meninas-mulheres, em jogos de luz e misto sombra; de um mundo fantástico, eco daquelas e espíritos malignos; de criaturas inocência habitantes e perversidade; figuras grotescas, exibindo, impudicas, seus corpos compactos; danças e rodopios de imagens densas, detradicionais, luz e sombra;ascriaturas deoum mundo fantástico, eco que povoam o imaginário infantil,em os jogos contos lendas, habitantes os mitos –, universo daquelas que povoam o imaginário infantil, os contos tradicionais, asbaseadas lendas, osnas mitos –, o universo pictórico de Paula Rego dá cor pictórico de Paula Rego dá cor a mil histórias que, narrativas contadas às criana mil histórias que, baseadas contadas às crianças, se abrem em infinitas interpretações e leituras. ças, se abrem nas em narrativas infinitas interpretações e leituras.

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Mas nas histórias de Paula Rego nenhum príncipe vem, no seu cavalo branco, salvar a indefesa princesa de cabelo de ouro e longas tranças; nenhum beijo apaixonado de um nobre mancebo acorda a menina adormecida; nenhum sapo se transforma em enamorado infante – nos contos pictóricos de Paula Rego, os sapos são sempre sapos; os príncipes estão desaparecidos; as princesas preferem os sapos aos príncipes e as meninas conhecem o coração das trevas. Mas nas histórias de Paula Rego nenhum príncipe vem, no seu cavalo branco, salvar a indefesa princesa de cabelo de ourow Mas nas histórias de Paula Rego nenhum príncipe vem, no seu cavalo branco, salvar a indefesa princesa de cabelo de ouro e longas tranças; nenhum beijo apaixonado de um nobre mancebo acorda a menina adormecida; nenhum sapo se transforma em enamorado infante – nos contos pictóricos de Paula Rego, os sapos são sempre sapos; os príncipes estão desaparecidos; as princesas preferem os sapos aos príncipes e as meninas conhecem o coração das trevas. É numa estrutura de betão pigmentado a vermelho, onde se erguem dois volumes prismáticos em forma de torre, farol, chaminé ou silo, que se guardam e se expõem as múltiplas ficções criadas pela pintora reconhecida internacionalmente pelo seu imaginário prodigioso. Projecto arquitectónico assinado por Eduardo Souto de Moura, a Casa das Histórias Paula Rego, localizada em Cascais, eleva-se num terreno que se estende na horizontalidade do verde, pontuado, aqui e ali, pelas figuras verticais e esguias das árvores. No interior do edifício, distribuído por quatro alas subdivididas em salas sequenciais, dispostas em torno de um volume central mais elevado, que corresponde à sala de exposições temporárias, exibe-se, em sistema rotativo, a colecção do museu – um extraordinário conjunto de obras

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de pintura, desenho e gravura de Paula Rego, em diversos suportes e técnicas, que abrangem cerca de 50 anos do percurso artístico da pintora. Trabalhos pictóricos de autoria de Victor Willing, falecido marido da artista, integram igualmente a colecção da Casa das Histórias, cujo estabelecimento do acervo se deve à doação de Paula Rego da totalidade da sua obra gravada, de 278 desenhos praticamente inéditos, e ao empréstimo de várias pinturas, desenhos e estudos preparatórios de figura e composição. Nos 750 m2 de área consagrados à exposição permanente e a duas exibições temporárias anuais, e no restante espaço do museu, composto por uma loja, por uma cafetaria com esplanada aberta para um frondoso jardim e por um auditório com 200 lugares, descobrem-se as fabulosas narrativas pictóricas visionadas por Paula Rego, porque, como se lê na frase de sua autoria impressa numa das paredes do museu, «É na história que eu coloco toda a minha vitalidade». Personagens de fábula em contorções inusitadas; figuras que expõem tramas e enredos, mas que simultaneamente escondem segredos, emoções, sonhos e pesadelos; formas dramáticas, marcadas pela violência contraditória da solidão e da convivência; mulheres em crónicas do quotidiano; meninas em revolta, em subversão; meninas sabedoras de esconderijos onde moram duendes e espíritos malignos; meninas-mulheres, misto de inocência e perversidade; figuras grotescas, exibindo, impudicas, seus corpos compactos; danças e rodopios de imagens densas, em jogos de luz e sombra; criaturas habitantes de um mundo fantástico, eco daquelas que povoam o imaginário infantil, os contos tradicionais, as lendas, os mitos –, o universo pictórico de Paula Rego dá cor a mil histórias que, baseadas nas narrativas contadas às crianças, se abrem em infinitas interpretações e leituras.



Mas nas histórias de Paula Rego nenhum príncipe vem, no seu cavalo branco, salvar a indefesa princesa de cabelo de ouro e longas tranças; nenhum beijo apaixonado de um nobre mancebo acorda a menina adormecida; nenhum sapo se transforma em enamorado infante – nos contos pictóricos de Paula Rego, os sapos são sempre sapos; os príncipes estão desaparecidos; as princesas preferem os sapos aos príncipes e as meninas conhecem o coração das trevas. É numa estrutura de betão pigmentado a vermelho, onde se erguem dois volumes prismáticos em forma de torre, farol, chaminé ou silo, que se guardam e se expõem as múltiplas ficções criadas pela pintora reconhecida internacionalmente pelo seu imaginário prodigioso. Projecto arquitectónico assinado por Eduardo Souto de Moura, a Casa das Histórias Paula Rego, localizada em Cascais, eleva-se num terreno que se estende na horizontalidade do verde, pontuado, aqui e ali, pelas figuras verticais e esguias das árvores. No interior do edifício, distribuído por quatro alas subdivididas em salas sequenciais, dispostas em torno de um volume central mais elevado, que corresponde à sala de exposições temporárias, exibe-se, em sistema rotativo, a colecção do museu – um extraordinário conjunto de obras de pintura, desenho e gravura de Paula Rego, em diversos suportes e técnicas, que abrangem cerca de 50 anos do percurso artístico da pintora. Trabalhos pictóricos de autoria de Victor Willing, falecido marido da artista, integram igualmente a colecção da Casa das Histórias, cujo estabelecimento do acervo se deve à doação de Paula Rego da totalidade da sua obra gravada, de 278 desenhos praticamente inéditos, e ao empréstimo de várias pinturas, desenhos e estudos preparatórios de figura e composição. Nos 750 m2 de área consagrados à exposição permanente e a duas exibições temporárias anuais, e no restante espaço do museu, composto por uma loja, por uma cafetaria com esplanada aberta para um frondoso jardim e por um auditório com 200 lugares, descobrem-se as fabulosas narrativas pic-

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tóricas visionadas por Paula Rego, porque, como se lê na frase de sua autoria impressa numa das paredes do museu, «É na história que eu coloco toda a minha vitalidade». Texto Paula Monteiro Fotos FG + SG – Fotografia de Arquitectura 6.288 c.



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