COMENTÁRIO À REGRA DA
MILITIA SANCTAE MARIAE - Brasil - Capítulo de fevereiro de 2014 _______________________________________________________________ “Da Penitência” (VII, 2-3) _______________________________________________________________________
No Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo! “A Quaresma é para todos a ocasião de intensificar a oração e a penitência, para que apague nestes dias santos as faltas do ano”. O tempo quaresmal iniciou-se há alguns dias, na Quarta-feira. Recebemos em nossas frontes as cinzas, recordando-nos, pelo livro do Gênesis (3, 19), nossa condição: “Somos pó e ao pó retornaremos”. O tempo quaresmal é um período propício para os exercícios penitenciais: a fervorosa oração, a caridade livre e o jejum libertador. As práticas penitenciais têm por propósito não apenas a privação, mas a libertação. O homem, desde o pecado original, vive sob como um peso, uma tendência, para o pecado. Fugimos da dor e procuramos o prazer, já os antigos pais do deserto perceberam essa tendência do homem caído e deram-lhe um nome: filáucia, sendo esta o amor desordenado que temos por nós mesmos. Porém, vejamos que prazer e felicidade são quesitos distintos. Nosso Senhor nas bem-aventuranças nos chama de “beati”, ou seja, felizes. Feliz é o que é pobre em espírito, o que sofre, o que chora... O período quaresmal é esse período que nos chama a conversão pessoal, a sairmos de nosso estado filaucioso. São Josemaria Escrivá dizia que “A conversão é coisa de um instante. A santificação é obra de toda a vida toda”. A santificação, como processo, é tarefa de todo cristão e de todo momento, mas a Igreja pede um período onde vivamos mais intensamente a penitência, o desapegar-se, o não criar necessidade... Um período de ascese, no sentido grego do termo, no sentido daquele que se exercita. A Quaresma é período para que nos exercitemos como se exercitam os atletas, tempo de nos tornarmos atletas de Cristo. A oração, o jejum e a esmola são armas que todo cavaleiro deve sempre ter em mãos e são, de maneira geral, o primeiro exercício que ele, como atleta de Cristo, deve aprender e saber bem
manejar. Porém, é importante lembrarmos que a atitude de sair da busca de nós mesmos e buscar as virtudes deve ser, antes de tudo, uma atitude de humildade. E humildade não é apenas uma virtude, mas é um estado, um estado onde cada um, em suas misérias, apresentase ao Senhor e, dessas misérias, deixa que nasça a Luz do Cristo e sua renovação. O tempo de Quaresma é aquele onde, em espírito de humildade, nos colocamos aos pés do Senhor, querendo nos assemelharmos mais a Ele. Porém, não por nós e, muito menos, por nossas próprias forças, diz-nos o salmista (Sl 19, 8): “Uns põem sua força nos carros, outros nos cavalos. Nós, porém, a temos em nome do Senhor, nosso Deus”. Que, como cavaleiros, possamos (Jl 2, 13) rasgar nossos corações não nossas mentes e aprendermos do Senhor que (Sl 50, 19) “cor contritum et humiliatum deus non despicies”, um coração contrito e humilhado, Deus não despreza. Que possamos, na Páscoa que se aproxima, dizermos com São Paulo, patrono de nosso preceptorado, (Gl 2, 20): “vivo autem iam non ego, vivit vero in me Christus”, já não sou eu que vivo, mas Cristo que vive em mim. A todos uma santa Quaresma! Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo! Salve Maria.
Michel Pagiossi