COMENTÁRIO À REGRA DA
MILITIA SANCTÆ MARIÆ - Capítulo de 05 de novembro de 2014_______________________________________________________________ PRÓLOGO 9 – (…) «Se souberes combater virilmente, merecerás ouvir aplicar-se-te as palavras sagradas: Por ti serão reconstruídas as ruínas antigas, levantarás os alicerces das gerações passadas, chamar-te-ão reparador de brechas, restaurador dos alicerces para a habitação22. E quando Cristo em glória voltar por Maria para tomar posse do seu Reino como cavaleiro vitorioso, Reis dos reis e Senhor dos senhores23 juntar-te-ás ao inumerável Exército celeste revestido de branco, e receberás parte de tua herança; porque Ele é fiel, Aquele que prometeu: O vencedor, fá-lo-ei sentar-se comigo sobre o meu trono, como eu também venci, e sentei-me com Meu Pai sobre o Seu trono24. A Ele só, a glória, o louvor e o júbilo, com o Pai e o Espírito Santo, na Santa Igreja, pelos séculos dos séculos. AMEN.» 22
Is. LVIII, 12 S. Luis M. GRIGNION de MONTFORT: “Tratado da verdadeira devoção a Maria” n. 50 24 Apoc. III, 21 23
_______________________________________________________________________ Assinala-se amanhã, 6 de novembro a memória de S. Nuno de Santa Maria, o Santo Condestável que, «embora fosse um ótimo militar e um grande chefe, nunca deixou os dotes pessoais sobreporem-se à ação suprema que vem de Deus», como realçou Bento XVI. Nuno Álvares Pereira nasceu em Portugal a 24 de junho de 1360, e aos treze anos torna-se pajem da rainha D. Leonor, tendo sido bem recebido na Corte e acabando por ser pouco depois cavaleiro. Aos dezasseis anos casa-se com uma jovem e rica viúva, D.
Leonor de Alvim e desta união nascem três filhos, dois do sexo masculino, que morrem em tenra idade, e uma do sexo feminino, Beatriz, a qual mais tarde viria a desposar o filho do rei D. João I, D. Afonso, primeiro duque de Bragança. Aquando da Crise de 1383–1385, Nuno Álvares Pereira tomou o partido de D. João, tendo sido nomeado Condestável, isto é, Comandante supremo do exército, e nesta fase conduziu o exército português repetidas vezes à vitória, até se ter consagrado na batalha de Aljubarrota o fim do conflito com Castela. O Condestável acompanhava os seus brilhantes dotes militares com uma espiritualidade sincera e profunda assente no amor pela eucaristia e pela Virgem Maria. Após a morte da esposa, em 1387, o Condestável do rei de Portugal, o Comandante supremo do exército e seu guia vitorioso, o herói de Portugal, fundador e benfeitor da comunidade carmelita distribui todos os seus bens entre os seus companheiros, antigos combatentes, e em 1423, numa mudança radical de vida decide entrar no convento, recusando todos os privilégios e, assume como própria a condição mais humilde, a de frade Donato, dedicando-se totalmente ao serviço do Senhor, de Maria e dos pobres, nos quais reconhece o rosto de Jesus, vivendo em oração, penitência e caridade, pedindo esmola pelas casas durante mais de sete anos, morrendo na sua pobre cela, rodeado do rei e dos príncipes no dia 1 de Abril de 1431, tendo sido logo aclamado de santo pelo povo. Bento XVI dizia sentir-se «feliz por apontar à Igreja inteira esta figura exemplar nomeadamente pela presença duma vida de fé e oração em contextos aparentemente pouco favoráveis à mesma, sendo a prova de que em qualquer situação, mesmo de caráter militar e bélico, é possível atuar e realizar os valores e princípios da vida cristã, sobretudo se esta é colocada ao serviço do bem comum e da glória de Deus». Toda a vida de S. Nuno de Santa Maria foi uma vida de Fidelidade, de espírito de serviço, de lealdade, de dedicação aos pobres e desprotegidos, grandes valores cavaleirescos que hoje, neste tempo de crise, de profunda crise, são metas cada vez mais atuais e merecedoras de serem atingidas em esforço constante. Nos dias que correm, assentes neste vazio de valores morais, que oprimem o Homem, o testemunho de vida de S. Nuno de Santa Maria é uma força de mudança em favor da justiça e da fraternidade, da promoção de estilos de vida mais sóbrios e solidários e de iniciativas de partilha de bens, e de dignificação da vida política como expressão do melhor humanismo ao serviço do bem comum. S. Nuno de Santa Maria soube travar neste mundo o combate viril a que foi chamado, primeiro como militar e depois como religioso… Venceu-se a si mesmo… dominou as seduções do mundo e dessa forma conseguiu entrar na pátria celeste. O Santo Condestável é assim um modelo para todos os membros da MSM, como Homem, como Marido e Pai e como Religioso.
Saibamos imitar S. Nuno de Santa Maria, para que no final da nossa caminhada terrestre possamos ser contados entre aqueles que tal como ele Combateram o bom combate. Assim seja. Filipe Amorim