MILITIA SANCTÆ MARIÆ Província de S. Nuno de Santa Maria Capítulo de 11 de março de 2015
Leitura da Regra: CAPÍTULO XI DA ORAÇÃO 1. Se toda a vida do Cavaleiro de Nossa Senhora deve ser feita de adesão tranquila da alma a Deus para o procurar em todas as coisas e cumprir a sua santa vontade, convém contudo reservar um ou mais momentos do dia à oração mental.
Comentário: “Um dia, quando Jesus estava como os discípulos, um deles disse-lhe: - Senhor, ensina-nos a rezar” (Lc, 11, 1) O Catecismo da Igreja Católica diz-nos que “A oração é a vida do coração novo. Deve animarnos a todo o momento. Mas acontece que nos esquecemos d'Aquele que é a nossa vida e o nosso tudo”. Diz-nos ainda que orar é a «lembrança de Deus», e que «devemos lembrar-nos de Deus com mais frequência do que respiramos», sendo que a oração deve ser um ato voluntário, muito mais do que uma obrigação (Catecismo da Igreja Católica, p. 2697). A Tradição da Igreja propõe-nos ritmos de oração quotidianos, destinados a alimentar a oração contínua, nomeadamente a oração da manhã e da noite, antes e depois das refeições, a Liturgia das Horas. Destaca logicamente o Domingo, centrado na Eucaristia, e santificado principalmente pela oração, e propõe-nos o ciclo do ano litúrgico e as suas grandes festas com ritmos fundamentais da vida de oração dos cristãos (Catecismo da Igreja Católica, p. 2698). Segundo o Papa Francisco, “Uma coisa é rezar, outra coisa é recitar orações”, e muitas vezes podemos cair na rotina, e orar pelo simples orar, debitando grandes quantidade de palavras, sem qualquer meditação, sem fé. A oração verdadeira, falando de coração a coração com Deus, é o único caminho que leva à Salvação. A Regra da Milita Sanctæ Mariæ, que livremente decidimos aceitar, obriga-nos a travar um “combate sem trégua nem descanso” pela “honra de Deus, de modo a construir um mundo
cristão conforme ao desígnio divino” da salvação. Ao orar, estamos a entrar neste bom combate, um combate “contra nós mesmos e contra as astúcias do Tentador que tudo faz para desviar o homem da oração e da união com o seu Deus”, estabelecendo um diálogo constante com Jesus, “o modelo da oração cristã”, que “ora em nós e connosco (…) em nosso lugar e em nosso favor”, que reuniu “todos os nossos pedidos (…) no seu brado sobre a cruz [pedidos esses que foram] atendidos pelo Pai na sua ressurreição” (Catecismo da Igreja Católica, p. 2738 a 2741). Há muitas formas de orar: dizer, falar, cantar, tocar, desejar, suplicar, clamar, implorar, chorar, louvar, exaltar, glorificar, bendizer, rejubilar, inclinar-se, estender as mãos, levantar as mãos, genufletir… acima de tudo viver! Viver todos os dias em diálogo com Deus, através da oração constante, da penitência, da mortificação, da ajuda ao próximo… Temos de interiorizar em nós mesmos o ensinamento da Igreja que nos diz “Reza-se como se vive, porque se vive como se reza”) porque o “«combate espiritual» da vida nova do cristão é inseparável do combate da oração” (Catecismo da Igreja Católica, p. 2725. Toda a nossa vida deve ser uma constante oração, dando «sempre graças por tudo a Deus Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo» (Ef 5, 20). No entanto, e na nossa sociedade, desprovida de valores, de princípios, onde andamos constantemente sem tempo para nada, a oração perde para todos os outros afazeres da vida… não temos tempo para Jesus, não oramos, não conversamos com Jesus… e muitas vezes, quando oramos, por vezes podemos estar a entrar numa luta, dada a dificuldade com que nos expressamos, tal é a tristeza da nossa vida, tal é o mau e fraco combate que temos travado pelo Reino de Deus. A oração que deveria vir à nossa boca, ao nosso coração como uma expressão confortável de nossa fé e da nossa confiança em Deus, frequentemente parece difícil, ineficaz. E porquê? Talvez porque «não sabemos o que pedir, para rezar como devemos» (Rm 8, 26)? (Catecismo da Igreja Católica, p. 2736) Iniciei o comentário com o pedido do Discípulo de Jesus: “Senhor, ensina-nos a rezar”… a pergunta que se coloca é como devemos então rezar? A nossa Regra responde de forma muito clara a esta pergunta: - a oração, “a exemplo da de Nossa Senhora, brotará espontaneamente do seu coração, alimentada pela Sagrada Escritura e pela Liturgia” - a oração será “curta, para não se distraírem” - “não é pela multidão das palavras que serão atendidos, mas pela pureza de coração e pelas lágrimas de compunção” - tendo “o espírito livre a meditar docemente no seu coração a Palavra de Deus e os Mistérios da Fé, e a semear o seu dia de orações, jaculatórias tais como a Oração do Nome de Jesus e a invocação Oh! Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós. Assim, terão neles os mesmos sentimentos que Jesus Cristo, e cumprirão o preceito do Apóstolo: «Orai sem cessar» (I Ts. 5, 17). Assim seja… __ Filipe Amorim