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UMa rede social para Quem quer trair

Brasileiros já SÃO a segunda maior comunidade do ASHLEY MADISON

A pílula da inteligência

droga que turbina o cérebro conquista o Vale do Silício

Facebook faz 10 anos

e perde espaço entre os jovens, que migram para apps móveis

r a m r o f o com s o i gên

ue ças q oje n a i r C d em h apren gramar ios a pro visionár os serão e amanhã d

Nº 338

R$ 13,90 / ed. 338 / fevereiro 2014

Luca Giudice, 12 anos, estuda robótica e programação em colégio de São Paulo

@_INFO

como formar gênios / uma rede social para quem quer trair / a pílula da inteligência / facebook faz 10 anos

Informação | Tendências | Inovação | Cultura Digital

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fevereiro 2014

info.abril.com.br


INOVAçÃO

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O programador

Luca Giudice, 12 anos, optou por aulas de robótica e programação no colégio

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professor apaga a luz do laboratório. No mesmo instante, um globo terrestre começa a brilhar, iluminando a sala onde os pais de 15 alunos assistem à apresentação final do curso de robótica. Os adultos filmam, tiram fotos e aplaudem, surpresos com as criações de seus filhos de 12 e 13 anos. É o fim do ano letivo, e o objetivo dos alunos do Colégio Pentágono, de São Paulo, era criar uma luminária que acendesse sozinha assim que a luz do ambiente fosse apagada. Com o software Scratch e uma placa de Arduino, pequeno computador usado para o desenvolvimento de objetos interativos, os estudantes criaram um programa que identifica a luminosidade no ambiente usando um sensor de luz. Assim, quando a claridade da sala fica abaixo de determinado nível — indicado por uma variável —, o software manda uma ordem ao computador para acionar os conectores ligados a uma placa de controle de energia. É isso que faz a lâmpada acender. Quando a variável ultrapassa o valor limite, indicando que há luz no ambiente, o programa manda cortar a corrente elétrica, e o abajur se apaga. Parece complicado, mas quem explica é o estudante Luca Giudice, 12 anos, que faz parte do trio que criou a luminária com o globo terrestre. Luca fala sobre circuitos, conexões e variáveis com a desenvoltura e o entusiasmo de um fanático por

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futebol ao comentar a atuação de seu time. Mas o jogo de Luca é outro. Foi o interesse por games que o levou a participar do curso extracurricular que ensina noções de programação, oferecido pela primeira vez pelo colégio no semestre passado. “Eu já era muito ligado em videogame e queria saber como se faz um. É legal porque você pode criar o jogo de seus sonhos”, afirma Luca, que agora quer se matricular em um curso de animação gráfica para games. O software criado pelos garotos do colégio usa códigos diferentes daqueles que formam os programas de computador, mas têm a mesma lógica. No lugar de linhas de scripts, os comandos


os criadores Alunos do Colégio

Pentágono, de São Paulo, usam Scratch no curso extracurricular de robótica

são sequências de blocos coloridos feitos no programa Scratch. Montados da maneira correta, eles indicam ao computador o que fazer: movimentar o desenho de um gatinho, fazer uma janela surgir ao clique do mouse ou qualquer outra coisa que se imagine, como acender uma lâmpada no globo. O Scratch é uma plataforma de programação gratuita e online, criada no Media Lab do Massachusetts Institute of Technology (MIT) pelo pesquisador Mitchel Resnick, 57 anos. Feito para que crianças criem programas de computador sem precisar de códigos

fotos marcus steinmeyer

complicados, o software já tem 2,4 milhões de usuários registrados (71 500 no Brasil), que desenvolveram e publicaram 4,5 milhões de projetos. Metade dos usuários tem de 9 a 16 anos. Mas não é preciso se registrar para brincar. Basta acessar o site do projeto e seguir os tutoriais para aprender a montar os blocos e produzir uma animação. “Quando estudam programação, as pessoas não só aprendem a programar como também programam para aprender”, disse Mitchel Resnick a INFO. O pesquisador do MIT defende que noções de programação devem ser ensinadas às crianças desde cedo. Para Resnick, dominar tecnologia é tão importante quanto aprender a desenhar, escrever ou se comunicar, pois é uma forma de expressar a criatividade.

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“Ao programar, as crianças aprendem a solucionar problemas, a comunicar suas ideias e a planejar e estruturar projetos”, afirma Resnick. “Essas habilidades serão úteis não apenas para cientistas da computação mas para qualquer pessoa, independentemente da idade, da experiência, do interesse ou da profissão que optar por seguir.” Iniciativas como a do Scratch já começam a mudar a forma como a geração nascida após o ano 2000 encara a computação e a tecnologia. Com ferramentas desse tipo é fácil entender o funcionamento de um programa usado para controlar uma máquina.

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E, mais importante, o aprendizado ocorre desde cedo, na fase mais importante da formação de uma pessoa. A boa notícia é que nunca foi tão fácil para um jovem aprender a criar um jogo ou um aplicativo no smartphone utilizando essas ferramentas, a maioria gratuita e disponível online, e muitas já em português. Segundo os especialistas, essa facilidade tem o potencial de criar uma geração com capacidade de dominar não apenas o uso da tecnologia mas sua criação. “A próxima geração já é tecnologicamente mais sofisticada do que a anterior. Mas saber como usar o computador não significa entender como a tecnologia funciona”, afirma a pesquisadora Jeannette Wing, vice-presidente do centro de pesquisas da Microsoft

e especializada em pensamento computacional, termo que descreve uma maneira de formular instruções que podem ser executadas por um computador ou por uma pessoa. Segundo Jeannette, esse tipo de aprendizado desenvolve a lógica e a abstração, disciplinas que ajudam a encontrar soluções para problemas complexos em qualquer situação. Programar é uma forma de estimular os sentidos. “Quanto mais pessoas aprenderem ciência da computação, mais tecnologias novas veremos no futuro”, afirma a pesquisadora.

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Para compor uma sociedade mais instruída, o Reino Unido vai incluir aulas de computação no currículo escolar no próximo ano letivo, que começará em setembro. A iniciativa faz parte de uma reforma no ensino que começou a ser planejada em 2011 para revisar o currículo escolar, de 1988. Inglesinhos de 5 anos vão aprender a criar programas simples, para entender o funcionamento de um software ou os algoritmos. Os estudantes, de 11 a 14 anos, devem ser capazes de usar duas ou mais linguagens de programação para resolver problemas de computação. No Brasil não há iniciativa semelhante, mas existem condições para isso. O país tem uma população jovem que já

foto marcus steinmeyer


O professor Rodrigo Assirati Dias

coordena um grupo de educadores que estudam os benefícios dos cursos de programação em escolas de São Paulo

nasceu conectada. Crianças e jovens de 2 a 17 anos representam hoje um quarto dos usuários de internet no país, ou 11,8 milhões de pessoas. Na faixa mais nova, de 2 a 11 anos, os brasileiros passam, em média, 20 horas por mês no computador, mais do que em outro país pesquisado pelo Ibope Nielsen, que fez o estudo em outubro. Nos Estados Unidos, os pequenos passam 9 horas conectados, menos da metade do tempo dos brasileiros. “Os novos projetos para ensinar crianças a programar são mais um sinal de que a geração pós-milênio está se aprofundando no digital”, disse a INFO o economista americano Neil Howe, um dos principais pesquisadores das mudanças demográficas entre gerações. “Estamos começando a ver aplicativos e programas voltados para uma grande diversidade de jovens. Eles já não ficam restritos a poucos privilegiados. No longo prazo, isso pode reduzir a defasagem tecnológica entre os trabalhadores no mundo”, diz Howe. É isso que quer o iraniano Hadi Partovi, 40 anos. Formado em ciência da computação pela Universidade Harvard, Partovi enriqueceu ao vender as três empresas que criou e tornou-se um investidor conhecido no Vale do Silício. Facebook, Dropbox e Airbnb estão entre seus investimentos. Em todas essas companhias o empresário notou uma semelhança: a dificuldade de encontrar mão de obra qualificada para as vagas de desenvolvedores de software. No fim de 2011, ele planejou criar um vídeo para estimular jovens a aprender programação

usando o depoimento de nomões da tecnologia. Steve Jobs seria o primeiro, mas o fundador da Apple morreu antes de o projeto deslanchar. Partovi pensou: “E se eu tiver só mais dez anos de vida?” O investidor percebeu que precisa­ va fazer algo maior para solucionar o problema que afeta não só as empresas de tecnologia mas todo o mercado. Assim, ele e o irmão gêmeo, Ali, criaram, em fevereiro do ano passado, a Code.‌org­, organização sem fins

Code.org fez sua primeira grande iniciativa: um projeto para que escolas, educadores e alunos em todo o mundo desenvolvessem 1 hora de programação entre os dias 9 e 15 de dezembro. A organização reuniu numa página online diversas atividades para jovens, entre elas jogos e tutoriais que usam o Scratch e ferramentas desse tipo. A semana foi aberta com um vídeo do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, chamando os jovens para participar. Qualquer pessoa podia fazer as atividades e,

A programação desenvolve a lógica e a abstração, disciplinas que ajudam na solução de problemas

lucra­tivos para promover o ensino de programação nas escolas dos Estados Unidos. Logo no lançamento, o projeto recebeu o apoio de 60 pessoas, incluindo Bill Gates, Mark Zuckerberg, Jack Dorsey, o cantor Will.i.am e políticos como Al Gore e Michael Bloomberg. A entidade conseguiu ainda o financiamento de Google, Microsoft, Amazon e LinkedIn. “Depois que o vídeo alcançou 11 milhões de visualizações, decidi dedicar minha vida a essa causa”, disse Partovi a INFO. Há dois meses, a

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segundo a organização, 15 milhões de alunos em 170 países fizeram as aulas, entre eles 115 000 brasileiros. O professor Rodrigo Assirati Dias, 36 anos, responsável pela área de tecnologia educacional de um colégio particular de São Paulo, foi um dos brasileiros que organizaram uma atividade como parte do projeto da Code.org. O objetivo era criar um editor de imagens simples usando uma plataforma educacional de desenvolvimento de aplicativos chamada App Inventor, criada no MIT — uma das atividades propostas pelo projeto Code.org.

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Mitchel Resnick, o criador do Scratch Por que estimul ar os jovens a aprender programação? Em mui-

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tas partes do mundo, os jovens estão cercados por aparelhos digitais e têm facilidade para usá-los, mas a maioria deles tem pouca experiência em criar algo para a mídia digital. Do modo como vejo, eles não são fluentes nas novas tecnologias. É como se pudessem ler, mas não escrever. Entendo as linguagens de programação como uma extensão da escrita. A habilidade de programar permite “escrever” novos tipos de coisa, como histórias interativas, games, animações.

AULAS QUE ENSINAM Conceitos de COMPUTAÇÃO devem ser incluídAs no currículo escolar? Aprender a escrever bem é importante para todos, mesmo para aqueles que não vão se tornar escritores profissionais. Da mesma maneira, é importante que todo mundo aprenda a programar, mesmo que não vá trabalhar com desenvolvimento de software. Por isso acho que as escolas deveriam ensinar todos a programar, da mesma forma que ensinam todos os alunos a escrever. Para que as crianças de hoje participem ativamente da sociedade no futuro, elas precisam saber programar.

Rodrigo Dias é o organizador de um grupo que reúne coordenadores de tecnologia de 23 colégios particulares de São Paulo. Juntos, eles têm adotado o ensino de programação para esti­mular os alunos a desenvolver o raciocínio e a lógica. São atividades extracur­ri­culares que começaram a ser oferecidas em 2013 pelos professores. “A programação será útil para qualquer carreira que o aluno seguir”, afirma Dias. Em uma das escolas do grupo, o Colégio Rainha da Paz, uma turma do ensino médio criou um game educacional para tablets com exercícios de matemática voltados para crianças. “Depois do projeto, consegui entender como um aplicativo é feito”, afirma o estudante Gustavo Kiss, 16 anos. “Outro dia estava jogando Temple Run no celular e fiquei imaginando como seria o código para fazer o personagem se movimentar.” Em março de 2012, a professora e designer britânica Clare Sutcliffe conheceu a desenvolvedora Linda Sandvik em uma conferência. Ambas se interessavam pelo ensino de programação para crianças e começaram

o veterano Vitor Sternlicht começou a programar aos 8 anos. Com 13 fez seu primeiro app. Hoje, aos 15, cria comandos de robôs na escola

a bolar um plano para melhorar o aprendizado das próximas gerações. O que começou com a ideia de organizar maratonas de programação se tornou um projeto muito maior: reunir desenvolvedores voluntários para dar aulas de programação nas escolas do Reino Unido para crianças de 9 a 11 anos. As inglesas lançaram, então, o projeto CodeClub com o plano de chegar a um quarto das 21 000 escolas da Grã-Bretanha até 2015. A iniciativa teve o apoio do Google e hoje já são 1 668 “clubes” no Reino Unido e 142 em outros países. A organização fornece o material para os professores voluntários, que ficam responsáveis pelas aulas de programação. O brasileiro Everton Hermann, 31 anos, mora na França desde 2006 e assistiu ao vídeo de uma palestra da criadora do CodeClub. Entrou em contato com a britânica e se ofereceu para traduzir o material das aulas para o português e mobilizar grupos de voluntários no Brasil.

Em Ilhabela, no litoral paulista, 13 escolas públicas já usam material do Codeclub no ensino

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ilustração evandro bertol


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foto marcus steinmeyer


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Uma das pessoas que procuraram Hermann foi Francisco Moura, 36 anos, gerente de tecnologia da Secretaria Municipal de Educação de Ilhabela, cidade de 28 000 habitantes no litoral paulista. Moura decidiu fazer um experimento e ofereceu as aulas do CodeClub como atividade extracurricular nos laboratórios de tecnologia de 13 escolas públicas do município. As primeiras turmas reuniram 70 alunos com idade entre 9 e 13 anos, escolhidos porque tinham mais habilidade com tecnologia. Eles fizeram o curso de setembro a dezembro do ano passado. Agora, em 2014, o plano é oferecer as aulas de programação para qualquer estudante da rede pública municipal que estiver interessado. “As aulas com Scratch trabalham a criação e a conscientização da programação. É importante para desmitificar a ideia de que programar é um bicho de sete cabeças”, afirma Moura. A pesquisadora Scheila Martins, 37 anos, especializada em tecnologia educacional, classifica essas iniciativas adotadas por colégios brasileiros como ainda experimentais. “São projetos destinados a alunos a partir de 10 anos que utilizam versões de ferramentas como Scratch, Logo, Alice e RoboCod”, diz Scheila, que defende uma atualização ampla do currículo escolar para incluir o ensino de computação de forma mais estruturada. “É preciso que a academia e a escola criem mecanismos para se reinventar e corresponder às reais necessidades dos estudantes e da sociedade.”

Onde aprender Scratch

Light-bot

scratch.mit.edu/ Uma das plataformas educativas mais conhecidas e usadas. Basta organizar blocos de instruções para criar animações e jogos. Tem bons tutoriais e versão em português. // Gratuito

light-bot.com/ Game para smartphones e tablets que ensina às crianças conceitos de programação ao criar sequências de comandos para controlar um robô virtual. //

Hopscotch

App Inventor

gethopscotch.com/ Aplicativo para que crianças programem jogos e animações usando blocos de instruções. Para iOS. // Gratuito

appinventor.mit.edu/ Mais complexa do que o Scratch, a plataforma também criada pelo MIT foi feita para ensinar leigos a criar apps para celular. // Gratuito

2,99 dólares (iOS) e 6,71 reais (Android)

Tynker

Codecademy

tynker.com/ Curso com 16 aulas em vídeo, e em inglês. Voltado para crianças de 9 a 14 anos, ensina programação com games.

codecademy.com/pt Tem tutoriais e exercícios em inglês que ensinam linguagens de programação usadas para criar principalmente sites e aplicativos. // Gratuito

// 50 dólares por estudante

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Foi nas primeiras aulas de robótica, aos 8 anos, que o estudante Vitor Sternlicht começou a se interessar por programação. Aos 13, durante as férias, resolveu estudar a linguagem Java para criar aplicativos para Android. Desenvolveu, então, seu primeiro aplicativo, o freeWalker, como parte de um projeto da competição de robótica First Lego League. O programa é um sistema de alerta para idosos. Quando o aplicativo reconhece qualquer movimento brusco, como uma queda, ele pergunta ao usuá­ rio se está tudo bem. Se o idoso aperta o botão dizendo que algo está errado, o app envia uma mensagem de texto para o número de celular cadastrado, com a localização da pessoa no Google Maps. “Se ele não responder em 30 segundos, a mensagem é enviada automaticamente”, afirma Vitor, hoje com 15 anos. Seu mais recente projeto é um robô de peças especiais de Lego que também foi criado para a competição First Lego League, desenvolvido com colegas do colégio Dante Alighieri, de São Paulo. Vitor ficou responsável pela programação do robô e criou os comandos para fazer com que ele se movimente. Jovem habilidoso para programação, Vitor diz que o conhecimento de lógica o ajuda a entender melhor questões de disciplinas como matemática e física, além de lhe dar mais poder sobre a tecnologia. “A gente aprende que pode transformar qualquer ideia em um aplicativo ou em um robô e assim resolver um problema”, afirma Vitor. Para fazer com que mais jovens dominem a tecnologia, agora surgem projetos voltados para crianças

ainda mais novas, a partir dos 5 anos de idade. A startup Play-i desenvolveu dois robôs de brinquedo que podem ser controlados pelas crianças no tablet. Elas devem montar sequências de instruções, em desenhos, para fazer com que o brinquedo se movimente. Fundada pelo ex-engenheiro do Google Vikas Gupta, a empresa iniciou a pré-venda dos robozinhos em 2013 e começa a entregá-los neste ano. “Estamos criando uma interface de programação para crianças que não requer nenhuma habilidade de leitura ou escrita. É uma língua

a frente, outra o faz virar à direita, por exemplo. “A diversão é organizar as instruções em uma sequência lógica, o que representa a programação em sua forma mais básica”, diz o criador do projeto, Filippo Yacob, 26 anos. “As crianças aprendem ao comandar o robô, o que dá a elas uma representação visual das sequências de instruções.” O americano Larry Rosen, psicólogo e educador que estuda o impacto da tecnologia no comportamento, afirma que esse tipo de aprendizado ajuda as crianças a se empenhar para atingir um objetivo. “A programação estimula

A próxima geração será mais social E impaciente, porque TErá TECNOLOGIAS QUE trabalham rápido a seu favor

universal e pode ser usada logo no início da infância”, disse Gupta a INFO. Outro brinquedo parecido é um tipo de jogo de tabuleiro simples, da startup Primo.io. Lançado em uma campanha de financiamento no site Kickstarter que arrecadou 223 000 reais, o jogo estimula crianças a montar peças para fazer um robozinho se movimentar. Uma peça o faz andar para

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a ter paciência e foco, já que é difícil criar um software se a pessoa se distrai constantemente”, diz Rosen. “As crianças nascidas depois do ano 2000 serão a geração mais social e também a mais impaciente, porque estão crescendo acostumadas a uma tecnologia que trabalha rapidamente a seu favor. E, se não for rápido, elas também não vão esperar que algo aconteça.” Luca Giudice, o garoto que criou o globo terrestre que acende, já nota diferença em seu entendimento da tecnologia após as aulas de robótica. “Todo mundo acha que é difícil programar e criar um jogo, mas, quando você usa o Scratch, percebe que é bem simples.” ↙

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Seu novo emprego está no LinkedIn /

Em três anos, a rede social deixou de ser uma vitrine de currículos para tornar-se um ponto de encontro profissional com 15 milhões de brasileiros. Veja como usar as conexões para bombar a carreira ≥ Por filipe serrano ≥ fotos vitor pickersgill

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No perfil

que fez no LinkedIn, a publicitária Flávia Moinhos escreve o primeiro nome sem o acento. Não é que prefira assim, mas, depois de fazer uma busca pelo próprio nome, ela notou que sua página não aparecia entre os resultados quando digitava “Flávia”. “Sempre quis trabalhar em multinacionais, e assim nunca seria encontrada”, diz. “Americanos e estrangeiros não estão acostumados com nossos acentos.” A “Flavia” do LinkedIn tem um perfil em inglês e nele descreve cada habilidade, projeto e responsabilidade que teve nas empresas por onde passou. Hoje com 29 anos e gerente para o Brasil de uma empresa de marketing do Reino Unido, ela viu o resultado de ter um perfil bem-feito e fácil de ser encontrado. “Meus últimos dois empregos consegui pela rede LinkedIn, porque as pessoas viram meu perfil e entraram em contato comigo”, afirma Flávia. Quando o LinkedIn foi lançado, em 2002, parecia importante para alguns brasileiros ter uma conta na rede social profissional. Afinal, era uma opção para manter os contatos de trabalho separados dos perfis de amigos e parentes nas redes sociais tradicionais. Mas o tom corporativo não tinha muito apelo. Eram poucas as maneiras de interagir, e o perfil logo ficava de lado, sem muita atenção. Mas isso mudou. A geração de jovens adultos brasileiros agora começa a perceber o valor de manter um perfil atualizado, porque uma boa rede de contatos pode ajudar a evoluir, seja o profissional um executivo, um empre-

sário, um mobilizador, um estudante ou alguém que trabalhe com criação. “Sou de uma geração que tende a mudar de emprego com uma frequência maior e, por isso, acabo obtendo mais experiências, conhecimento e projetos para apresentar. O LinkedIn faz isso de forma clara e fácil”, afirma Marcelo Theodoro, 31 anos, formado em administração de empresas. Foi pela rede que Theodoro, hoje na Mastercard, recebeu um convite para participar de uma seleção no BuscaPé, seu emprego anterior. “Um ex-colega procurava alguém com conhecimento e experiência específicos. Ele jogou as palavras-chave na busca do LinkedIn e meu nome apareceu. Fiquei com a vaga”, afirma Theodoro. Uma pesquisa inédita com 2 486 pessoas, feita a pedido de INFO, traçou o perfil do brasileiro do LinkedIn utilizando o aplicativo da startup PiniOn, que faz pesquisas de mercado online. Dos 1 514 participantes

que disseram usar a rede social, 85% têm de 18 a 35 anos, 59% são homens e 41% mulheres. O principal objetivo é manter contato com colegas ou ex-colegas de trabalho (58%) ou fazer novos contatos profissionais (24%). É exatamente essa rede de contatos que beneficia a publicitária e consultora de imagem Juliana Kazama, 28 anos. “Com a rede de conexões, sempre vão surgindo pessoas interessadas em meu trabalho e assim faço novos contatos”, diz Juliana. Foi pelo LinkedIn que uma empresa a procurou para um trabalho de consultoria de moda, que se estendeu para outros clientes por indicação do dono da empresa. “Como a minha área é muito segmentada, as pessoas acabam se conhecendo e interagindo”, diz Juliana. A pesquisa INFO/PiniOn mostra também um dado surpreendente. A busca por um novo emprego só é a principal razão para usar o LinkedIn para 6% das pessoas ouvidas no levantamento. Ainda assim, 28% já se candidataram em um processo de seleção por meio do site. Quem está no LinkedIn utiliza a rede com frequência: 29% dos usuários entram no site todas as semanas,

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Foto diferente no perfil

Filtros, ângulo diferente e poses dão um tom mais descolado

Portfólio à mostra

CRI ATI VO Cole links para portfólios, vídeos e documentos. É possível publicar apresentações e documentos de texto

Nome_Juliana Kazama Idade_28 anos O que faz_Consultora de imagem e moda Por que usa o LinkedIn_“O site me ajuda a encontrar novos clientes. Sempre surgem pessoas interessadas em meu trabalho”

Trabalho Reconhecido

Divulgue prêmios, artigos e publicações que citam seu trabalho

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18% o visitam todos os dias, 14% acessam uma vez por mês, 12% a cada 15 dias e 6% mais de uma vez por dia. A percepção de que muitos abrem um perfil, preenchem os campos e abandonam a página não se confirma. Apenas 9% das pessoas atualizaram as informações do perfil pela última vez há mais de um ano. A adesão ao LinkedIn no Brasil é recente. Foi apenas em abril de 2010 que o site lançou uma versão em português. Na época, 1 milhão de brasileiros estavam registrados. A facilidade de escrever em português atraiu mais gente interessada em ter um perfil profissional. Em novembro de 2011, o número de contas brasileiras já tinha aumentado para 6 milhões. Hoje, segundo dados do LinkedIn, 15 milhões de brasileiros têm perfil no site. O crescimento está ligado a uma série de mudanças adotadas pela rede social para aumentar a interação e evitar o abandono dos perfis depois de serem criados. A primeira e principal ferramenta desenvolvida com esse objetivo foi o recurso que indica pessoas conhecidas que já estão cadastradas. Segundo Allen Blue, vice-presidente de produtos do LinkedIn e o único dos fundadores que continua na gestão, a ferramenta foi essencial para manter os novos usuários. “Por meio de algoritmos, criamos uma forma de ajudar a encontrar outras pessoas relacionadas e a se conectar a elas. Isso fez uma diferença gigantesca”, disse Blue a INFO. “Quando chegamos a 3 milhões ou 4 milhões de usuários, pudemos nos dedicar a outras coisas.”

Outra mudança importante foi a criação de uma linha do tempo, como a do Facebook, que registra as últimas atualizações e movimentações da rede de contatos em tempo real. São pessoas que trocaram de emprego, que incluíram uma descrição no perfil, adicionaram alguém ou compartilharam alguma notícia ou publicação. Além disso, a rede social envia e-mails constantemente para informar sobre alterações nos perfis. É uma maneira de lembrar o usuário de acessar a rede. “Hoje, o tráfego de conteúdo no LinkedIn é seis vezes maior do que a audiência relacionada a trabalho, como a busca por vagas”, afirma Osvaldo Barbosa de Oliveira, diretor-geral do LinkedIn no Brasil. Egresso da Microsoft, onde trabalhou durante 22 anos, Oliveira foi o responsável por montar a operação da rede social no país, a partir de 2011. No meio deste ano, o LinkedIn inaugurou seu escritório no 20o andar de um prédio comercial em São Paulo. O plano é que a operação comercial da América Latina para os produtos de recrutamento e marketing seja gerenciada nesse escritório, a partir de janeiro. O LinkedIn tem investido também em novas maneiras de gerar conteúdo. Uma delas é o LinkedIn Today, página que mostra um resumo do dia, com as principais atualizações da rede de contatos, das empresas seguidas e as notícias do dia. A rede social permite ainda seguir atualizações de executivos famosos e personalidades, como o fundador da Microsoft, Bill Gates, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e Sir Richard Branson, o britânico fundador da Virgin. Eles compartilham links interessantes e escrevem artigos relacionados ao ambiente profissional.

dicas para ter um perfil atraente >> Inclua uma foto_ Perfis com foto são mais vistos e passam confiança às empresas >> Faça um bom resumo_ É sua primeira apresentação. Descreva, em cinco ou seis linhas, sua especialidade, experiências e dados da carreira. O foco deve ser sua área de atuação >> Detalhe experiências_ Informe onde trabalhou e por quanto tempo. Descreva os projetos feitos. Relacione prêmios e recomendações >> URL personalizada_ Crie um link para seu perfil, com nome e sobrenome. Isso ajuda a estar bem posicionado nos resultados de busca >> Faça conexões_ Mas seja seletivo com os pedidos, para ter usuários relevantes em sua área >> SIGA empresas_ Acompanhe as páginas de empresas para receber notícias e vagas >> Busque pessoas_ A busca avançada permite filtrar os dados por cargo, faculdade, local onde mora, área de atuação. Usuários com contas “premium” (pagas) têm acesso a mais opções

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Recomendações

exe cuti vo

Perfil global

Escreva recomendações para colegas com quem teve boa relação. Peça a eles para fazer o mesmo com você

Nas configurações, crie uma versão do perfil em inglês, espanhol ou em outro idioma que pode ser de interesse de multinacionais

Conexões

Mantenha contato com clientes, colegas e ex-colegas e com outras empresas. Divulgue seus projetos nas atualizações para que suas conexões acompanhem

Nome_Flávia Moinhos Idade_29 anos O que faz_Country manager na OMG Brasil Por que usa o LinkedIn_“Meus dois últimos empregos consegui pelo LinkedIn. Não tenho mais currículo. O perfil é mais prático porque concentra informações da carreira e recomendações de pessoas que também são conectadas“

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contatos

vÍDEOS E APRESENTAÇÕES

Um vídeo curto ou uma apresentação de sua empresa mostram seu trabalho de forma didática e interessante

Uma boa rede de contatos ajuda a obter clientes e possíveis investidores. Divulgue as ações da empresa e os projetos

e mpre ende dor

Experiência

Ter vivência na área de atuação de sua empresa reforça sua credibilidade. Deixe isso claro no perfil

Nome_Jonathan Assayag Idade_30 anos O que faz_Fundador da loja de óculos online Lema21 Por que usa o LinkedIn_ “ContrataR as pessoas certas é uma das partes mais importantes para o crescimento da empresa”

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“Gosto de seguir o perfil de investidores e de pessoas do Vale do Silício. Eles sempre publicam conteúdo interessante e é uma forma de fazer parte dessa rede”, diz Bruna Bittencourt, fundadora da startup Emotion.me. Bruna usa o LinkedIn principalmente para fazer contatos. “Quando vejo que um investidor entrou no meu perfil, é uma deixa para falar com ele.” Seguindo a estratégia de investir em mais conteúdo, o LinkedIn comprou, em abril, o aplicativo de notícias Pulse por 90 milhões de dólares. Foi sua segunda grande aquisição desde que abriu o capital em maio de 2011. Um ano antes, a empresa

e quais cursos fizeram. A ferramenta é útil para encontrar pessoas que se formaram na mesma faculdade e trabalham em setores ou empresas de seu interesse. Ainda são poucas as instituições de ensino, mas algumas universidades brasileiras já têm um perfil detalhado, como a Universida­de de São Paulo (com 122 000 ex-alunos), a PUC-SP (com 50 000) e a Universidade Anhembi Morumbi (44 000). Com o aumento de usuários, a ferramenta de busca do LinkedIn fica mais atraente para equipes de recrutamento e seleção das empresas, principalmente para encontrar candidatos com determinada formação

O crescente número de usuários tem atraído equipes de recrutamento das empresas, que usam a rede social para encontrar e avaliar candidatos a vagas havia pago 119 milhões de dólares pelo SlideShare, site que hospeda apresentações de PowerPoint e documentos. Hoje, os usuários podem incluir, diretamente no perfil, os arquivos guardados no SlideShare ou no Scribd, uma biblioteca online. É uma forma de divulgar um portfólio de trabalhos ou publicações, útil principalmente para quem atua em áreas de criação, como publicidade, design e moda. Outra novidade recente são as páginas de universidades. Nelas é possível criar filtros e ver em quais empresas e setores trabalham (ou já trabalharam) as pessoas que se formaram em determinada instituição

ou experiência. “É possível segmentar a busca por localidade, tempo de experiência, formação, setor, empresa e função”, diz Andrea Vernacci, gerente de atração e educação da fabricante de cosméticos Natura. “Com os filtros, fazemos um processo de seleção mais qualitativo, com maior eficiência e em um tempo menor”, afirma Andrea. A Natura é uma das 500 empresas clientes da rede social no Brasil e costuma divulgar ações e vagas de emprego em seu perfil. A página é seguida por mais de 121 000

pessoas. E a empresa é a segunda companhia mais buscada pelos usuários brasileiros, atrás da mineradora Vale. “Em média, 200 candidatos manifestam interesse por vaga divulgada”, afirma Andrea, da Natura. “Se a pessoa souber criar um perfil correto, com palavras-chave, é mais fácil de ser encontrada. Muitas vezes ela não está procurando emprego, mas aparece uma oportunidade”, afirma Andrea Huggard, diretora de métricas e certificações da Associação Brasileira de Recursos Humanos. Foi por meio de um anúncio no LinkedIn que o estudante de ciência da computação Wesly Alves, 23 anos, se candidatou a uma vaga de trainee na empresa de segurança digital Symantec. Alves já conhecia o LinkedIn, mas até entrar na faculdade não enxergava vantagem em ter uma conta. Decidiu dar mais atenção à rede social porque estava em outra empresa havia um ano e queria mudar de área. Criou um perfil, seguiu dicas para preenchê-lo de forma atraente e passou a acompanhar empresas e a frequentar grupos de discussão sobre segurança e tecnologia. Até que se candidatou à vaga na Symantec. Depois de seis semanas de entrevistas e testes, foi contratado. Os principais concorrentes do LinkedIn no Brasil são os sites de emprego tradicionais, em que as pessoas colocam o currículo e procuram oportunidades publicadas por empresas. Mas, para manter contato com outros profissionais, o LinkedIn é a maior plataforma disponível. O Facebook está correndo por fora. Com quatro vezes mais usuários, a rede tem aprimorado sua busca social, a graph search, que realiza buscas específicas sobre usuários e

46 / INFO Novembro 2013

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Nome_Pablo Ribeiro Idade_27 anos O que faz_Empreendedor social e gerente na Endeavor Por que usa o LinkedIn_ “O ponto mais forte é o networking, mas também uso para divulgar conteúdo"

MO BILI ZA DOR Projetos e experiência

Inclua no perfil projetos e ações dos quais participou e o resultado deles

Publicações

Divulgue artigos de opinião publicados em sites, revistas e jornais

Conexões

Mantenha contato com clientes e colegas. Divulgue ações para suas conexões

Novembro 2013 INFO

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Trabalhos universitários e grupos

Divulgue trabalhos da universidade. Participe de grupos de discussão na sua área e interaja com os participantes

Conexões e recomendações Comece a construir sua rede de contatos com colegas. Peça recomendação aos professores

ESTU DAN TE

Encontre vagas Siga as empresas em que gostaria de trabalhar e fique atento às vagas

Nome_Wesly Alves Idade_23 anos O que faz_estudante de ciência da computação, trainee na Symantec Por que usa o LinkedIn_ "Conheci na rede pessoas da minha área que deram dicas do que fazer na carreira e de como estava o mercado” 48 / INFO Novembro 2013

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pode ser usada para encontrar contatos profissionais além da rede do LinkedIn. O sistema, disponível apenas em inglês, permite encontrar pessoas de acordo com a profissão, a instituição de ensino, a cidade e a empresa onde trabalhou ou trabalha. Um ponto que tem atrapalhado o LinkedIn são as críticas em relação à privacidade. Em abril, uma usuária dos Estados Unidos chamada Anna R. iniciou um abaixo-assinado online para que o LinkedIn crie uma ferramenta para bloquear usuários. A americana havia sofrido assédio sexual na empresa em que trabalhava e seu agressor passou a persegui-la online. “Logo descobri como ignorar e-mails, apagar recados de voz, bloquear o Facebook, mudar as configurações de privacidade no Twitter e, ainda assim, todo dia meu perfil no LinkedIn era acessado por ele”, escreveu Anna. Até o início de outubro, a campanha tinha 8 700 assinaturas. Em outro caso recente nos Estados Unidos, quatro usuários entraram com uma ação na Justiça contra o LinkedIn acusando a rede social de “invadir” suas contas de e-mail e usar as informações de contato para enviar convites em nome deles para contatos. Na acusação, os advogados dizem que, depois de se conectar às contas, o site sugere à pessoa que convide outras que ainda não estão cadastradas. Para os acusadores, isso é realizado de maneira enganosa, porque não fica claro que a rede enviará e-mails em nome do usuário. O LinkedIn nega a prática e chama a acusação de “falsa”, afirmando

O LinkedIn em números O total de usuários mais do que dobrou desde 2011

238

milhões é o número de usuários no mundo

15

milhões são os usuários no Brasil

71 %

é quanto cresceu a audiência do LinkedIn no Brasil de junho de 2012 a agosto de 2013, segundo a ComScore

29 %

foi o aumento da audiência no mundo no mesmo período

27

bilhões de dólares é o valor de mercado do LinkedIn

363,7

milhões de dólares foi o faturamento total no segundo trimestre

7%

é a participação da América Latina e do Canadá na receita do site

20 256

empresas são clientes do LinkedIn no mundo

500

empresas no Brasil usam a rede para recrutamento

que nunca acessa o e-mail nem manda mensagens ou convites sem a permissão do usuário ou em nome dele. Independentemente da acusação, a quantidade de e-mails que os usuá­rios recebem do LinkedIn pode esconder uma oportunidade real. A economista Rina Cunha, 35 anos, achou que era spam a mensagem que recebeu perguntando se teria interesse em uma posição. “Estranhei porque trabalhava na Petrobras há sete anos e, como todos são concursados, as pes­soas sabem que é difícil tirar um funcionário da empresa”, diz. Mesmo assim, Rina respondeu, e a proposta era real. Ela participou do processo de seleção, foi aprovada e deixou a Petrobras. O fato é que o LinkedIn trouxe benefícios para quem está no mercado ao digitalizar e facilitar uma interação que já ocorria de maneira analógica. “Quando desenvolvemos o LinkedIn, o que percebemos é que todo profissional de sucesso cresceu com a ajuda de outras pessoas em uma rede de contatos”, diz o cofundador Allen Blue. “Daí pensamos em um produto inicial que seria basicamente o centro dessa rede e do qual todo profissional se beneficiaria.” O americano Reid Hoffman, investidor de 46 anos, um dos fundadores do PayPal e o nome mais conhecido entre os fundadores do LinkedIn, resume assim o mercado de trabalho atual: “Num mundo cada vez mais veloz, vivemos mais riscos do que pensamos. Decidir trabalhar durante 20, 30 anos em uma empresa é um risco. A questão é como arriscar de forma inteligente. É pensar para onde vai a indústria e como você acha que terá uma vantagem competitiva.” O LinkedIn pode ser uma boa ajuda para descobrir as respostas. ↙ Novembro 2013 INFO

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INOVAçÃO

o que aprendi

OS ALTOS E BAIXOS

e tudo O QUE OCORREU NO MEIO dO CAMINHO 50 LIÇÕES DE sucesso de INVESTIDORES, EMPREENDEDORES, BLOGUEIROS E YOUTUBERS

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≥ em depoimento a fIlipe serrano, paula rothman e rodrigo brancatelli

facebook.com/revistainfo


Marco gomes, 27 anos

Fundador da agência boo-box. Eleito pelo World Technology Awards o melhor profissional de comunicação de 2013

Cresci num lugar violento, em Gama, no Distrito Federal, mas não gosto de falar que tive uma história de infância difícil. Tenho orgulho, porque é uma história de inspiração. Quando você mora em um lugar em que não sabe se vai voltar vivo para casa, aprende a lidar com o risco. Isso me ensinou a negociar, a entender as pessoas e a agir rápido. Mas não agir sem pensar.

o

Quando criei a boo-box, em 2006, percebi que a publicidade, então concentrada na televisão, migraria para a internet. E minha geração, que é a que estabeleceria o padrão de consumo de conteúdo online, já não acessava

os portais que concentravam os anúncios. Essa receita digital não iria para os meios tradicionais, mas para meios novos, como as redes sociais. E isso se concretizou.

Hoje ESTAMOS presentes em 500 000 sites. Não é fácil competir com Google e Facebook, mas a gente está conseguindo, por focar aquilo que eles não fazem: a publicidade inovadora em blogs e redes sociais. o

o

o OBSERVAR COISAS fora do ambiente de trabalho é o que mais me inspira, além do serviço voluntário e da prática de atividade física. Sair da rotina do trabalho é minha dica. foto RENATO PARADA

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MARCELO sales, 36 anos Sócio-fundador da aceleradora 21212 e da desenvolvedora Movile

o

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A visão de que você vai virar bilionário da noite para o dia com uma única ideia é a maior mentira do planeta. Se você olhar, a idade média dos empreendedores de sucesso é acima dos 35 anos. São caras que já estão trabalhando há muitos anos

Estamos vivendo o início de uma revolução industrial digital. Isso

vai mudar a vida para sempre e não tem mais volta. Posso investir agora, no início, quando está mais barato, ou daqui a uns 50 anos e ficar pensando: “Poxa, realmente deveria ter investido antes”.

Ao montar uma empresa , a primeira coisa a fazer é olhar o mercado. Em 1999, a internet tinha 5 milhões de usuários, e o celular, 40 milhões. Escolhi o celular não porque era legal, mas porque era lógico.

o

Quando alguém diz que quer lhe apresentar uma pessoa, aceite. Abrace. Conheça gente nova. Troque ideia. Isso só vai fazer bem.

o

o

O ecossistema brasileiro não suporta inovação ainda. Que in-

vestidor vai botar 2 milhões de reais em uma empresa que dará prejuízo por dez anos? Todos os investidores estão no primeiro fundo e precisam provar que podem dar retorno. Por isso o investimento é de menor risco. Mas, em dez anos, quando estiverem no segundo ou no terceiro fundo, aí vão ter mais disposição para arriscar.

foto GUILLERMO GIANSANTI

facebook.com/revistainfo


paulo veras, 41 anos

fundador da 99 Taxis, ex-diretor e atual conselheiro da Endeavor

Já fundei oito empresas e ainda fico chocado com a burocracia. Facilita muito ter um bom contador e um bom advogado. Fazer bem-feito desde o início é fundamental. o

Com o tempo você percebe que é preciso ter disciplina e métodos de gestão. Uma das formas mais simples é medir tudo. Assim você tem muito mais subsídios para tomar decisões com base em fatos, não em opiniões. o

Conselhos são bons para não quebrar a cara em erros desnecessários. Mas tentar e falhar é parte do processo. Nos Estados Unidos, isso é muito valorizado. Tem fundo que só investe em empreendedor que já falhou. A lógica é: prefiro que a falha dele não seja comigo.

o

Como a importância das pessoas se traduz na maneira como você toca sua empresa? De que forma você atrai e retém talentos? O segredo é casar o plano de crescimento da empresa com o DAS PESSOAS e entender o que as motiva

o Comecei fazendo tutorial de jogos, mas, como não gosto de escrever, passei a fazer em vídeo. Demorou um ano para ganhar dinheiro. Acho que a primeira grana que caiu foram 4 000 reais.

o Tenho 2,3 milhões de inscritos e 233 milhões de visualizações. É um trabalho duro. Você tem de buscar antes os games que vão bombar. o

o

BRUNO AIUB, 23 ANOS Conhecido como Monark, é dono do segundo maior canal no YouTube BRASIL com gameplays de jogos

Não gosto de falar quanto ganho

hoje com publicidade e monetização do YouTube, mas é tipo o salário de um diretor de empresa. Talvez um pouco menos de 100 000 reais, por aí.

Uma vez fui ao shopping para um

evento e 2 000 pessoas apareceram para me ver. Cercaram, quebraram os vidros da loja, teve até gente pisoteada. Tive de sair pelo teto do shopping, com escolta dos bombeiros. Foi absurdo! foto SAMUEL ESTEVES

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MARCo fisbhen, 34 ANOS

Professor e presidente do Descomplica, plataforma de videoaulas com quase 1 milhão de alunos

Nosso escritório é uma casa no Rio de Janeiro, com cozinha, varanda... Em 2013, crescemos muito. Passamos de 30 para quase 100 funcionários e vamos precisar mudar de sede. Mas quero manter esse clima, esse modelo em que o analista senta perto do pessoal de mídias sociais, o suporte está com o pessoal de vídeo. Isso cria um ambiente de troca de ideias. o

Funcionamos com métricas. Sei exatamente quanto custa adquirir um cliente de cada uma das fontes, quanto ele vai render, qual a porcentagem que vai sair mês a mês. É difícil estabelecer métricas, mas o maior desafio é fazer o time estar todo dia disposto a medir, testar e acreditar nessa cultura analítica.

o

é muito fácil fazer contatos no Vale do Silício, mas você precisa estar lá, ir pessoalmente a eventos, ter uma boa dose de cara de pau. VIajo a cada dois meses, pois muitos de nossos investidores estão lá

o Aprendi a não dar ouvidos a tudo que falam. No início do Descomplica, ouvi de um investidor que nosso negócio de filmar as aulas não era escalável e que seria muito melhor abrir uma plataforma em que todos os professores do Brasil pudessem postar seus vídeos.

Para empreender, é preciso um impulso. Porque é tudo muito difícil e, às vezes, frustrante. É necessário ser resiliente. É muito normal tomar um tombo e se frustrar. Mas isso nunca pode derrubar um empreendedor.

o

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LOURENÇO BUSTANI, 33 ANOS Fundador da consultoria de inovação Mandalah e eleito um dos brasileiros mais criativos pela revista Fast Company

o

Seja ambicioso. No começo, sem-

pre pensamos em ter uma empresa global, mas as pessoas falavam que a gente era idealista. Hoje, temos escritórios em

foto GUILLERMO GIANSANTI

facebook.com/revistainfo

São Paulo, Rio de Janeiro, Nova York, Cidade do México, Berlim e Tóquio. Fomos abusados e conseguimos. o Ter um excelente financeiro desde o primeiro dia é realmente essencial.

É muito importante saber dar um passo para trás e deixar a equipe que você formou tomar as rédeas do negócio. Isso gera responsabilidades. o


JOE PENNA, 24 ANOS

Criador do canal MysteryGuitarMan, com 334 milhões de visualizações

Meus pais sempre me apoiaram. Antes eu cursava faculdade de medicina. Eles me disseram para tentar por alguns meses e ver se realmente gostava. Acho que a lição que tirei é que, se há uma coisa que você quer fazer, você deve fazer. Ou então vai se arrepender. o

o

O governo ficou muito tempo parado em

relação às redes sociais. Dilma Bolada cresceu porque não tinha nada da Dilma verdadeira nas redes sociais. O perfil real dela no Twitter estava totalmente abandonado. o

Até o momento em que encontrei a pre-

sidente Dilma Rousseff, eu não tinha ideia alguma de como seria essa conversa entre a gente. Achava que seria rapidinha, e não com ela tuitando a meu lado. Foi muito espontâneo. Saí de lá ainda mais inspirado.

Assim que surge uma nova rede social, uma empresa tem de entrar e estar lá, pelo menos com um perfilzinho. Temos sempre de estar à frente. Temos sempre de estar onde o povo da internet está presente.

o

JEFERSON MONTEIRO, 23 ANOS Criador do perfil Dilma Bolada, com quase 1 milhão de seguidores nas redes sociais

Humor bom não é o humor a favor ou do contra. Humor bom tem de ser engraçado. Mas todo mundo tem o direito de não gostar

Comecei a fazer vídeos aos poucos, em 2006. Trabalhava como assistente em uma pequena produtora quando meu primeiro vídeo estourou e chegou a 2 milhões de views. Fui mostrar para meu chefe, e a resposta dele foi: “Você tem de parar de fazer isso. Não vai dar certo”. Um mês depois, pedi demissão para tocar meu canal. o

foto MARCoS CAMARGO

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JULIO VASCONCELOS, 32 ANOS Fundador do Peixe Urbano

Nunca subestime a importância da transparência e da comunicação aberta, tanto interna como externamente. Não adianta ter uma visão em sua cabeça se você não consegue transmitir e compartilhar essa visão com seu time e com seus clientes. o

Foco. É natural que uma equipe jovem tenha várias ideias, mas é preciso manter os pés no chão. Defina as prioridades e saiba calcular recursos. Todo projeto tem o custo real e também o custo de oportunidade. Ambos devem ser levados em consideração. o

o

Contrate os melhores. Não basta ter

uma boa ideia, é necessário executá-la bem.

CAMILA COELHO, 27 anos

Dona do maior blog de moda do País, o Super Vaidosa

NATAN GORIN, 13 ANOS

Programou seu primeiro app, o iBoletim, QUE TEVE

Como sou bom com números, meus amigos pediam para que eu calculasse quanto faltava de nota para passar de ano. Aí tinha de fazer isso todo mês, era muito trabalho. Foi por isso que decidi criar o iBoletim. Não imaginava que ia fazer tanto sucesso.

o

o Tudo começou com vídeos tutoriais no YouTube, dando algumas dicas de maquiagem, pois na época trabalhava como maquiadora. A ideia era nova e me inspirei em algumas garotas inglesas e americanas. Resolvi criar o blog depois da insistência de minhas seguidoras, pois com o blog poderia compartilhar muito mais conteúdo, diariamente.

A qualidade de fotos, vídeos e montagens é essencial. Isso é o mais importante em um blog, pois mostra profissionalismo.

o

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o

Passo 12 horas por dia na internet.

Aprendi a programar vendo tutoriais.

Achei engraçado quando me reconheceram uma vez no shopping. Não sabia como reagir, fiquei megaenvergonhado.

o

facebook.com/revistainfo

Minhas leitoras gostam principalmente de dicas fáceis, que possam fazer sozinhas em casa. Os favoritos são os tutoriais de maquiagem e o look do dia com informações de moda.

o

Acho um absurdo certas coisas que os anônimos têm coragem de fazer na internet, como inventar história e humilhar. Confesso que estou sempre aprendendo, tentando olhar o lado bom. Hoje tenho a maturi­ dade­de separar as críticas construtivas daquelas destrutivas.

o


Fabio Coelho, 49 ANOS

Diretor-geral do Google no Brasil

Entrei no Google há três anos. Foi uma época de muito aprendizado, com a necessidade de escutar muito e ter de agir rapidamente. Fizemos uma aproximação com as agências de publicidade, aprofundamos a entrega de performance das plataformas de busca e posicionamos o YouTube de maneira muito inteligente. O faturamento mais do que dobrou nesses três anos. Em 2013, continuou crescendo acima da média do mercado. Embora a gente não fale números, existe uma oportunidade no digital, por meio da migração do investimento publicitário para as plataformas digitais.

o

Dos 5 milhões de pequenas e médias empresas no Brasil, apenas 1,5 milhão está online. Um número menor ainda é cliente do Google. Então, não se trata só de fazer com que as grandes empresas tenham uma presença digital mais forte.

o

Nunca me incomodou a palavra blogueira. Tenho orgulho de minha profissão. O ponto negativo é que você está sempre sendo julgada, de todas as formas

MINHA DETENÇÃO pela Polícia Federal, em 2012, por causa de um processo contra um vídeo no YouTube, me ensinou que vale a pena se posicionar por uma causa em que você acredita. Fiquei feliz com as demonstrações de solidariedade, mas fiquei triste porque a situação não fez bem à imagem do país. o

o

Ouço, por mês, a apresentação de ao menos 50 novas empresas. Mas só me reúno com cinco a oito empreendedores. E invisto em uma ou duas por ano.

­ esse uma força para ele fazer seu plad no de negócio. Coloquei 500 000 reais na ideia do Buscapé e ganhei 6 milhões de dólares com a venda da empresa.

Ganhei meu primeiro computador aos 12 anos, um Sinclair. Sabia que o computador iria mudar o mundo.

o

Romero Rodrigues ainda era estudante de engenharia quando me ligou prometendo pagar uma pizza se eu

o

o

ANIBAL MESSA, 44 ANOS Sócio do fundo de investimento Plataforma Capital e primeiro investidor do Buscapé

o

facebook.com/revistainfo

Trabalhei 20 horas por dia para o Buscapé crescer. Falam do dinheiro, mas só nós sabemos quanto ralamos. É uma maratona, não uma corrida de 100 metros. Não comemore nos dois primeiros anos e esqueça o oba-oba.

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INOVAçÃO

0 0 0 Na saída do Shopping Metrô Itaquera, policiais usam bombas de efeito moral contra os jovens que foram ao rolezinho

likes ≥ Por filipe serrano ≥ fotos samuel esteves

Os encontros São combinados pelas redes sociais e por aplicativos de troca de mensagens no celular. Reúnem milhares em rolezinhos que lotam shoppings e parques. entendA COMO ESSES jovens da periferia estão mudando o perfil da internet no Brasil

e


Bombas O terminal de trem, ônibus e metrô fica ao lado do shopping, que é um dos centros de compras da zona leste de São Paulo

0 0 0

A segurança do shopping foi reforçada para o encontro marcado pelo Facebook que reuniu 1 000 jovens

plus.google.com/+INFO


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Rolês o

TREM saiu lotado da estação de Itapevi, na manhã de um sábado quente e ensolarado de janeiro. Cerca de 200 jovens do município da Grande São Paulo se preparavam para ir a um encontro marcado cinco semanas antes pelo Facebook. Ao todo, 1 906 pessoas tinham confirmado presença no Parque Villa-Lobos, a 20 quilômetros da estação. Os meninos e as meninas fariam mais um rolezinho, como os que já aconteciam desde dezembro em shoppings e parques na periferia de São Paulo. Os encontros reuniram milhares de adolescentes, e em alguns houve violência e confusão. Era a segunda vez que os jovens de Itapevi faziam um evento no parque da zona oeste de São Paulo. O primeiro reuniu aproximadamente 80 pessoas, no início de dezembro, e Vinicius Paglia, o organizador, decidiu fazer uma nova edição para juntar amigos, conhecer gente, paquerar e se divertir. “Normalmente a gente só tem opção de ir a festas e sempre rola muita droga e briga. No parque é mais tranquilo”, diz Vinicius, que está no último ano do ensino médio. Ele tem 17 anos e

mora numa casa em uma ladeira próxima ao centro de Itapevi, município com 200 000 habitantes. Quando quer encontrar os amigos, vai a um pequeno shopping, a quatro quarteirões de casa, ou à praça Dezoito de Fevereiro. São os poucos espaços de lazer por perto. Foi na internet que o jovem encontrou uma maneira de conversar com amigos do bairro com um alcance impensável antes de o Facebook existir. Assim como os amigos e muitos adolescentes, Vinicius passa o dia conversando no WhatsApp e no Facebook, fazendo comentários sobre situações do dia ou publicando autorretratos. Mas não são apenas os amigos próximos que estão em sua rede. Seu perfil tem 833 seguidores, o que faz seus comen-

Rolezinho no Parque Villa-Lobos, em São Paulo, reuniu cerca de 200 jovens em clima de festa

tários e fotos receber até centenas de likes. “Nem sei de onde veio tudo isso. Acho que foi por causa do evento”, diz. Ele não é o único. Embora usem truques que fazem bombar o perfil do Facebook, organizadores de rolezinhos chegam a ter 16 000 seguidores. E os amigos deles têm centenas ou milhares de outros contatos. Organizados nessa rede imensa de pessoas, os posts dos encontros se espalham rapidamente. É o que explica por que o rolezinho do Parque Villa-Lobos teve 14 948 convidados, 1 906 confirmados e 916 “talvez”, um dos maiores encontros marcados naquele fim de semana.

quatro em cada dez usuários de internet são da classe C. Boa parte tem entre 12 e 19 anos e usa smartphone para se conectar plus.google.com/+INFO


Organizado no Facebook, o evento teve quase 15 000 convidados e mais de 1 900 confirmações

Nas páginas dos eventos, os participantes aproveitam a enorme quantidade de gente para aumentar a popularidade e conversar. Quem vai, em qual bairro ou cidade moram e o que vão levar ao encontro são os assuntos mais discutidos. Alguns inventam brincadeiras: “Quem vai solteiro, curte aí”, diz um dos jovens. Diante da página lotada, alguns divulgam festas, bandas e bailes funk. No rolezinho de Itapevi, os adolescentes trocaram números de celular e as conversas se estenderam para o WhatsApp. Na véspera, o organizador criou dois grupos no aplicativo de mensagens, com 50 pessoas cada um, o máximo permitido. O objetivo era facilitar o contato no trajeto e no encontro.

Uma menina sugeriu no grupo: “Gente, vamos mandar foto para se conhecer?”. Choveram autorretratos. Outro jovem pediu músicas para colocar no notebook e tocar no parque. Recebeu arquivos de MP3 e links do YouTube. As brincadeiras no Facebook também ajudam a entender quem são os adolescentes e por que organizam os rolezinhos. Na página de um encontro no Shopping Aricanduva, na zona leste da capital, um dos organizadores sugeriu: “Comente sua idade. Quem curtir, você adiciona (como amigo)”, e

plus.google.com/+INFO

58 responderam. Em média, eles têm 15 anos. Outro participante publicou uma enquete perguntando por que as pessoas iriam ao passeio. As respostas mais populares foram: para curtir (211 pessoas), para conhecer novas pessoas (144) e para beijar (112). Quem observa com atenção o que se passa na internet percebe que é exatamente a mesma vontade de interagir e conhecer gente nova que leva os jovens aos encontros. O hábito de querer aumentar mais e mais o número de amigos ganha forma física nos lugares em que eles já estão acostumados a passear: os shoppings, os parques e as praças.

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Adolescentes formam rodas para fumar narguilé, beber e conversar no parque. Pedir para tirar uma foto é um jeito de conhecer gente nova

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Foi para sair com os amigos e “pegar meninas” que Rodrigo Alves, 17 anos, foi ao Shopping Metrô Itaquera na tarde de 11 de janeiro. Sentado com dois amigos em um banco na área externa do shopping, Rodrigo estava surpreso com a quantidade de pessoas ali presentes naquele sábado. “Tem gente que só vem para zoar. Aí atrapalha, porque a polícia embaça”, diz Rodrigo, cheio de gírias. Uma hora depois, policiais militares usaram cassetetes e bombas de gás lacrimogênio para dispersar os que caminhavam para o terminal, ao lado do centro comercial. Tanto no encontro do shopping quanto no do Parque Villa-Lobos, uma das formas mais usadas para se socializar com um desconhecido era tirar fotos. “A gente chega e pede: ‘Vem tirar foto comigo’. É legal, porque é um jeito de fazer amizade, né?”, diz Agnes Ribeiro, 14 anos, que participa-

va do encontro no parque. Com uma câmera semiprofissional, ela é uma das que mais tiram fotos nos passeios. Garotos populares no bairro são os mais procurados para essas fotos. Lucas Augusto, 18 anos, é um deles. Conhecido como Sagal, ele é cantor da banda de rap Tateno e faz shows em baladas de Itapevi. Lucas tem 779 seguidores no Facebook e a página oficial da banda contabiliza 1 231. “A gente vem conhecer o pessoal, faz batalha de rimas, essas coisas”, afirma Sagal. O amigo Henrique Martins, 15 anos, gravava vídeos no parque para subir no canal da banda no YouTube. Por trás dos encontros também está a nova realidade econômica do país. Na última década, o aumento da renda e do consumo, em especial nas famílias de classe C, fez crescer, e

plus.google.com/+INFO

As conversas começam pelo Facebook, continuam no WhatsApp e ganham forma física nos rolezinhos. Nos shoppings, os garotos usam fone Bluetooth e roupas de grife

INTERNET mais acessível Residências com computador CONECTADO à internet 11,4%

16,7%

27,3%

40,3%

2003

2006

2009

2012


muito, a quantidade de pessoas que podem ter um computador ou smartphone conectado à internet. A porcentagem de casas em que há computador com acesso à internet, por exemplo, saltou de 11,4%, em 2003, para 40,9%, em 2012, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O crescimento também foi alto na quantidade de residências com telefone celular: de 38,5% para 88% no mesmo período.

21%

dos internautas tÊm entre 12 e 19 anos

jovens que dizem morar muito longe de

Os eletrônicos também são usados pelos jovens para expressar poder aquisitivo. Isso pode ser visto por quem acompanhou, como a INFO, o rolezinho do Shopping Metrô Itaquera. Além de tênis, bonés, óculos e roupas de grife, muitos jovens usavam fone de ouvido Bluetooth, o que até poucos anos era um símbolo de status de executivos. “A tecnologia entrou no desejo de consumo desses jovens”, diz a socióloga Lucia Scalco, que fez uma pesquisa de doutorado sobre o aumento do uso de eletrônicos e da internet nas classes populares. Para a pesquisadora, porém, somente o acesso às tecnologias não significa melhora nas condições sociais das pessoas. “É um mito esperar que a inclusão digital provocará inclusão social. É preciso oferecer uma educação formal para que os jovens consigam empregos qualificados, incluindo o setor de tecnologia da informação”, diz Lucia.

40%

dos Usuários de internet no Brasil sÃo da

classe C

Espaços culturais

51%

Centros esportivos

43,2%

Espaços verdes

31%

Centros comerciais

9,1%

Com ou sem instrução, o perfil dos internautas brasileiros mudou ao longo dos anos. Hoje, ter uma conexão em casa ou no celular já não é algo restrito às famílias de renda alta ou média alta. Um levantamento do Ibope Media mostra que quatro a cada dez usuários de internet no Brasil são da classe C. É a segunda maior proporção entre as faixas de renda, atrás apenas da classe B (49% dos internautas). E, além disso, os jovens são uma parte significativa dos que estão conectados. Brasileiros com idade entre 12 e 19 anos já são um quinto dos usuários de internet no país. Eles só perdem para o grupo de 25 a 34 anos. Não é de espantar, portanto, que os rolezinhos tenham surgido online e foram criados pelos adolescentes que mais se beneficiaram da melhoria na renda. Como dizem os garotos na descrição dos eventos, “é apenas uma diversão, pra dar uma tumultuada, uns beijos, conhecer novos amigos e tirar fotos”. E, assim, meio sem querer, eles transformaram um passeio de fim de semana em uma discussão nacional. ↙

As atividades de lazer preferidas dos brasileiros

44,4%

Ir ao shopping

42,1%

Fazer/Ir a Churrascos

58,2%

Ouvir música

41,3%

Encontrar amigos

38,4%

frequentar restaurantes

FONTES: Ibope Media, Ipea e IBGE plus.google.com/+INFO

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INOVAçÃO

Um cérebro para o carro

O automóvel é a nova fronteira para as empresas de tecnologia,

como Google e Apple, que agora trabalham com as montadoras para

desenvolver veículos mais inteligentes e conectados aos smartphones

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≥ Por FILIPE SERRANO

facebook.com/revistainfo


ENCAIXOTADO /

Kit da Ford simula as funçþes do carro para ajudar desenvolvedores a criar aplicativos

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Se os carros de hoje fossem celulares, eles estariam numa fase préiPhone. Você se lembra: os primeiros celulares tinham interfaces difíceis de usar e configurações que poucos se arriscavam a entender. Tela de toque era coisa do futuro e uma conexão com a internet custava o olho da cara. Eram tempos difíceis aqueles. Pois com os carros acontece a mesma coisa. Os automóveis estão no início de uma virada tecnológica que deve mudar o transporte individual para sempre. O problema é que falta ainda um iPhone dos carros, aquele produto visionário e intuitivo capaz de dar um novo rumo para toda a indústria. Nos últimos anos, praticamente todas as montadoras lançaram modelos que se conectam aos smartphones, com telas para navegação por GPS e acesso a serviços pela internet. Essas tecnologias estão em painéis multimídias e em itens opcionais encontrados nos modelos mais caros. Mas elas também já co-

meçam a aparecer, inclusive no Brasil, nos carros intermediários e compactos, como o Up!, da Volkswagen. Apesar de oferecer cada vez mais equipamentos eletrônicos no painel, os sistemas nem sempre agradam ao motorista. Uma pesquisa de satisfação com consumidores dos Estados Unidos mostrou que, entre 17 itens analisados, os sistemas automotivos foram os campeões de reclamações. “Em muitos casos, as telas travam, o controle de toque demora a responder e o sistema não consegue reconhecer um celular, um MP3 player ou comandos de voz”, diz a pesquisa. Para mudar esse cenário, as montadoras buscam o apoio das empresas de tecnologia. No início do ano, o Google, a fabricante de processadores Nvidia e quatro montadoras (Audi, GM, Honda e Hyundai) formaram a Open Automotive Alliance, uma associação para levar o Android aos automóveis. O sistema adaptado deverá entrar nos carros já em 2014. “Estamos trabalhando para permitir novas formas de integração”, disse Patrick Brady, diretor de engenharia do Google.

Central de controle Conheça os sistemas criados pelas mONTADORAS

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A aliança tem inspiração na parceria que o Google fez com fabricantes de celulares antes de lançar as primeiras versões do sistema. A aposta é que, com o apoio das montadoras, o Android se torne uma plataforma forte também nos carros. Como ocorreu nos celulares, espera-se que surja um grande mercado para aplicativos. Imagine, por exemplo, como seria dirigir um veículo que tivesse o Waze instalado no painel. É uma das possibilidades com o Android automotivo. “O objetivo da aliança é dar aos motoristas ferramentas úteis e precisas para acessar dados que possam ajudar no trajeto”, afirma Brad Stertz, porta-voz da Audi. Adaptar uma plataforma como o Android para os carros não é simples. Há preocupação com segurança, já que nenhum equipamento pode provocar

Ford Sync

características // Tem quatro versões.

A mais simples se conecta ao celular para receber e fazer ligações. A mais avançada tem tela de toque e cria rede Wi-Fi dentro do carro com a conexão do celular Recursos // Comando de voz, sincronização com celular, GPS, USB para carregar bateria, acessa apps compatíveis com o App Link Carros // Edge, Fusion, New Fiesta, Novo EcoSport, novo Fusion


distrações no motorista. No Brasil, o Conselho Nacional de Trânsito só permite o uso de displays com mapas de navegação GPS. Qualquer aparelho de entretenimento é proibido, a não ser que tenha um mecanismo de bloqueio automático quando o carro estiver em movimento. Se você acha que vai jogar Candy Crush ou assistir a uma série do Netflix no carro pode esquecer. Isso só será possível quando (e se) os carros andarem sem motorista. Outra barreira é fazer com que o sistema carregue rapidamente. No carro, o motorista não pode esperar muito tempo até que o computador de bordo inicialize, como acontece com os celulares. O equipamento tem de estar ativo logo após a partida. Foi isso que fizeram pesquisadores da Universidade Federal de Ouro Preto, em Minas Gerais. O grupo modificou o Android, alterando a sequência de carregamento, e conseguiu reduzir o tempo de inicialização de 40 para 5 segundos. “Fizemos a interface carregar primeiro, e depois o restante do sistema operacional”, diz Ricardo Rabelo, 35 anos, coordenador do laboratório de

Chevrolet MyLink

características // São três versões. A

básica, presente na maior parte dos modelos, não inclui navegação GPS e reconhecimento de voz Recursos // Bluetooth, USB, sincronização com celular, acesso a apps compatíveis (TuneIn Radio, por exemplo) e cria perfil do motorista, com preferências de rádio e iluminação. Carros // Onix, Prisma, Cobalt, Spin, Sonic, S10 LT, S10 LTZ, Cruze, Trailblazer

O Google uniu-se a GM, Audi, Honda e Hyundai para colocar o Android nos carros. Apple também está na disputa pesquisas iMobilis da universidade. O trabalho foi realizado com a empresa mineira Seva, fabricante de tacógrafos eletrônicos (espécie de caixapreta) para caminhões que queria um equipamento com o sistema Android. O Google não está sozinho na disputa pelos automóveis. Desde 2013, a Apple trabalha com 20 montadoras para adaptar o iOS para os carros. A expectativa é que as próximas versões do sistema do iPhone e do iPad tenham um modo automotivo. Assim, quando o usuário conectar o smart­

Fiat Blue&Me

Características // Conecta o celular ao

rádio para fazer e receber chamadas por comandos de voz ou ouvir músicas do celular. Uma versão mais avançada inclui navegação GPS, mas é necessário conectar um pen drive que armazena os mapas Recursos // Bluetooth, USB, sincronização com celular e GPS nos modelos Bravo e Linea Carros // Novo Punto, Bravo, Linea

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phone ao veículo, a tela do painel carregará os aplicativos do celular com uma interface adaptada. O próprio app de mapas do iPhone funcionará como o GPS. E, para buscar um endereço, mandar uma mensagem de texto ou ligar para alguém, basta falar e o sistema Siri reconhecerá o comando. No fim de janeiro, os desenvolvedores Steven Troughton-Smith e Denis

Volkswagen

Características // Não há um sistema

padronizado para todos os carros. Eles têm versões variadas dependendo do modelo, como os serviços de navegação GPS Maps & More (Up!) e o Discover Pro (Novo Golf) Recursos // Rádios multimídias incluem DVD player, tela de toque, comandos de voz, USB e Bluetooth Carros // Up!, Novo Golf, Touareg

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Brasileiro quer mais tecnologia no carro Entre 14 países pesquisados, o Brasil é onde as pessoas mais desejam ter inovações ao dirigir

85%

o BRASIL lidera ranking que aponta a tecnologia como o item mais importante na compra do próximo carro

21% Brasil

10%

8%

Indonésia

7%

Espanha

China

6%

Estados Unidos

consideram que é importante ter um sistema operacional no carro compatível com o de seus eletrônicos

Serviços mais desejados no carro Música por streaming (Rdio, Deezer, Napster, Spotify) 79%

O smartphone será a porta de entrada dos aplicativos

Navegar na internet em um monitor no painel 76%

700

Acesso às redes sociais 61%

tecnologias já utilizadas

12%

16%

Navegar na internet

Buscar serviços ou lojas

1,6

31%

34%

36%

Obter dados sobre o clima

Ouvir música na web

Ter alerta para radar

bilhão de dólares É quanto deve movimentar o mercado de tecnologias de comunicação para carros em 2018

48%

Usar o GPS

35,1

MILHÕES DE carros vendidos em 2018 virão com sistemas de entretenimento integrados. metade deverá usar o iOS, da Apple

FONTES: ACCENTURE, ISUPPLI E ABI RESEARCH

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milhões de automóveis terão conexões móveis até 2022

25%

dos carros vendidos nos Estados Unidos em 2012 tinham alguma tecnologia de comunicação móvel


Stas conseguiram acessar o modo automotivo em versões de testes do iOS. Eles publicaram vídeos no YouTube que mostram o funcionamento da nova interface. O recurso não está pronto, mas é possível perceber que o visual é do iOS, na horizontal, e que o aplicativo de mapas ocupa quase toda a tela. Na lateral esquerda, há um botão “home” e o horário. E na parte de cima ficam os controles de zoom e o botão para encontrar a localização do usuário. A busca por endereços é feita no celular. “Não estava animado com o iOS para o carro antes de usá-lo, mas vejo agora que há muito potencial nele”, escreveu Troughton-Smith no Twitter. Ainda não há carros com o sistema da Apple, mas os automóveis também devem se tornar uma área importante para a fabricante do iPhone. A consultoria ABI Research prevê que em quatro anos o sistema da Apple estará em quase metade dos 35,1 milhões de veículos inteligentes vendidos no mundo e será a plataforma dominante. Mas a pesquisa foi feita antes de o Google anunciar a parceria com as montadoras, o que pode mudar o cenário. Enquanto as empresas de tecnologia trabalham para adaptar seus sistemas aos automóveis, as montadoras criam as próprias soluções. A Ford, por exemplo, aposta em sua plataforma Sync AppLink para sincronizar o smartphone com o painel do carro. O sistema permite usar aplicativos compatíveis que já estão instalados no telefone. O Sync AppLink deverá chegar ao Brasil neste ano com três apps: Napster (streaming de música), TuneIn (rádios online) e Glympse (para redes

iOS no carro Desenvolvedores

já conseguiram acessar versões de testes do sistema que a Apple desenvolve para os automóveis

sociais). Há no mundo 65 aplicativos compatíveis com o sistema da Ford. A montadora diz que também vai trabalhar com as soluções do Google e da Apple, no futuro. “Eles são incrivelmente capazes e devem ter sucesso nessa área. É uma questão de tempo. Seria errado não adotar o sistema deles”, diz o americano Doug VanDagens, diretor global de conectividade da Ford. Além de Google e Apple, fabricantes de processadores também estão de olho na demanda por tecnologia embarcada nos automóveis. A Qualcomm lançou um modelo do Snapdragon (processador usado em smartphones) adaptado para os carros. “A área automotiva tem exigências diferentes quanto a durabilidade, interferências, resistência à temperatura, a vibrações e ruídos. Mudamos as especificações para suprir essa necessidade”, diz Roberto Medeiros, diretor de desenvolvimento de produtos da Qualcomm para a América Latina. São vários os motivos que justificam o esforço das montadoras para

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colocar mais tecnologia no carro. Um deles é a melhora da segurança, com sensores que detectam se o motorista está cansado ou se os veículos à frente e atrás estão a uma distância segura. “Existe também uma tentativa de aproximação do consumidor jovem”, diz Marcelo Cioffi, sócio da consultoria PwC Brasil especializado no setor automotivo. “Para os jovens, carro não é símbolo de status. A tecnologia sim.” Levantamento da consultoria Accenture em 14 países coloca os brasileiros na primeira posição entre os que mais desejam tecnologias nos carros (veja quadro ao lado). “O brasileiro passa muito tempo no carro e quer usar melhor este tempo”, diz Alberto Claro, consultor da Accenture. Para Marcelo Alves, pesquisador do Centro de Engenharia Automotiva da Escola Politécnica da USP, o smartphone deve se tornar uma extensão do carro, com aplicativos dedicados. “Eles podem gerenciar a manutenção, alertar se o veículo for roubado e até substituir as chaves”, afirma Alves. “Com a comunicação entre os automóveis, por sensores, a ideia é que eles sejam também capazes de tomar decisões próprias no trânsito.” ↙

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