INFO - Reportagens menores

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e t cu Jonah Peretti, criador do BuzzFeed, diz que o formato viral e as redes sociais já são a principal forma de consumir conteúdo na web ≥ Por Filipe Serrano

“37 pessoas que cozinham

pior que você”, “50 coisas que você nunca mais ganhará de Natal”, “23 imagens que mudarão seu jeito de ver Harry Potter”. Foi com manchetes assim que entrou no ar a página brasileira do BuzzFeed, site que pode ser considerado a versão do século 21 de um tabloide. Mas não é apenas por causa dos posts engraçados que o site tem chamado a atenção. O BuzzFeed quer ser a primeira grande empresa de mídia da era Facebook, misturando jornalismo sério com entretenimento em um formato feito especialmente para as redes sociais. A mente por trás do BuzzFeed é Jonah Peretti, 39 anos, fundador e diretor executivo do site, que ficou conhecido nos anos 2000 por criar campanhas virais. Ao perceber o poder de disseminação da web, Peretti desenvolveu um serviço focado nesse tipo de conteúdo. Nos últimos anos, investiu também na cobertura de política e economia. “Há dez anos, o viral era uma novidade. Agora é a forma como as pessoas consomem informação”, disse Peretti em entrevista exclusiva a INFO. Com 85 milhões de visitantes, o site quer aumentar a audiência com versões em português, francês e espanhol. Os posts são traduzidos pelos 10 milhões de usuários do aplicativo de ensino de idiomas Duolingo ao fazerem seus exercícios de aula. Por enquanto, só o conteúdo de entretenimento será traduzido, mas Peretti afirma que, se a experiência funcionar, vai produzir reportagens também no Brasil. Por que começar a expansão internacional pelo Brasil? Muitos brasileiros já liam conteúdo do BuzzFeed mesmo em inglês. Se começássemos com o português, poderíamos servir melhor quem já compartilhava nosso conteúdo. Mas, em vez de criar uma versão local, queríamos expandir globalmente com uma única URL. A página brasileira é um pouco diferente, mas o usuário ainda acessa o site completo. Se funcionar bem, talvez façamos conteúdo original só em português, que também será traduzido para o inglês.

y h s t ra Isso vale também para conteúdo mais aprofundado, como reportagens e textos jornalísticos? Nossos negócios precisam atingir um certo ponto antes disso. Vamos começar com publicações engraçadas e de entretenimento, como fez o BuzzFeed no seu início, nos Estados Unidos. Se der certo, poderemos produzir vídeos, reportagens e conteúdo aprofundado no Brasil. Será uma progressão natural. Conhece virais e memes brasileiros? Já vi muitas coisas que tiveram origem no Brasil, mas leva um tempo até que cheguem a outros países. Uma das coisas que mais me animam a traduzir o site é que poderemos espalhar o conteúdo do Brasil e de outros países com mais rapidez. Será uma coisa muito boa para a cultura de internet mundial. Como analisa a audiência da internet hoje? Quem é muito ativo nas redes sociais e consome mais mídia no smartphone do que em qualquer outro aparelho tende a ser mais jovem, mais urbano, com uma visão global. Essa audiência é a que está mais engajada no BuzzFeed. A maioria do nosso público tem até 34 anos de idade. Metade do tráfego vem de smartphones e 75% é proveniente das redes sociais. Com o tempo, mais gente terá esse mesmo hábito e isso vai se espalhar para as pessoas mais velhas também. É mais difícil conseguir a atenção da audiência jovem, especialmente quando o conteúdo é mais aprofundado? É, mas isso é bom, porque temos de criar um conteúdo sempre melhor. Gosto muito desse desafio. Aqui no BuzzFeed temos de nos desafiar todos os dias para criar algo que as pessoas acham que vai valer a pena ser compartilhado. Você já foi descrito como o empreendedor que encontrou a solução para a distribuição online. Concorda com isso? O melhor jeito de encontrar essa solução é entender o comportamento das pessoas. Nos perguntamos: quando a pessoa compartilha um post, isso ajuda a se conectar com os amigos? Eles dão risada juntos? Os amigos vão ter uma opinião boa sobre ela? São questões maiores do que uma plataforma. Independentemente da rede social dominante, vamos ter ótimo conteúdo. Estamos muito animados em criar uma empresa de mídia para redes alimentadas por pessoas.

FOTO Brad Barket/Getty Images for WIRED

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E n t e r // E n t r e v i s t a

foto fernanda frazĂŁo


Culinária Desconstruída Ferran Adrià, o chef mais influente da culinária moderna, quer catalogar toda a história da gastronomia em uma enciclopédia online

Enquanto Steve Jobs lançava o primeiro Macintosh, em 1984, na Califórnia, outra inovação surgia na Espanha, a 9 580 quilômetros dali. Naquele ano, o chef catalão Ferran Adrià juntou-se à equipe do elBulli e transformou o restaurante na mais importante referência da alta gastronomia, eleito cinco vezes o melhor do mundo. Adrià fez da cozinha do elBulli um laboratório onde desconstruía a forma dos alimentos e criava pratos que questionavam a culinária tradicional. Deixou como marcas comida em forma de espuma, gelatinas quentes, alimentos esféricos e o uso de nitrogênio líquido para congelar ingredientes. Em visita ao Brasil, Adrià mostrou que, por trás de suas criações, existe um questionador incessante. “Quando o homem separou pela primeira vez a clara da gema? Qual foi o impacto disso?”, perguntou. Para encontrar respostas, Adrià decidiu fechar o elBulli, em 2011, e partir para novas experiências. “Vivemos em uma sociedade em que não há tempo para refletir”, diz. Mas Adrià quer manter seu legado por meio da Fundação elBulli. Quer transformar o elBulli em um museu-laboratório, onde será possível reviver sua trajetória, conhecer os 1  846 pratos criados ao longo dos anos e participar de workshops. Adrià tem trabalhado ainda no site Bullipedia, que será uma enciclopédia da história da gastronomia ocidental, com informações detalhadas sobre processos de criação de pratos e ingredientes. O site será aberto a colaborações, como na Wikipedia, mas terá uma curadoria de especialistas. A primeira versão, diz ele, será apresentada em fevereiro de 2014. Em entrevista a INFO, Ferran Adrià fala da relação de seu trabalho com ciência e tecnologia, critica os guias online de restaurantes, que considera muito básicos, e fala do hábito das pessoas de fotografar os pratos e postar nas redes sociais antes de dar a primeira garfada.

// Por filipe serrano

Qual é o papel da internet e das ferramentas digitais para a gastronomia? Graças à internet, todo mundo sabe o que acontece na culinária do Brasil, por exemplo. Há muita informação sobre a história da gastronomia. Mas gostaria que fosse melhor. A Wikipedia é fantástica, mas, como não existe uma curadoria, não sei quais artigos são bons ou ruins. Esse é o trabalho que queremos fazer com a Bullipedia. Organizar a informação e o conhecimento, com inovação e educação. É possível alcançar uma culinária inovadora sem tecnolo­ gia? A ciência e a tecnologia ajudam a entender as coisas. Mas não creio que criatividade tenha a ver com tecnologia. Uso a ciência quando quero entender algo. Mas nem sempre isso é necessário. Gosto de refletir. Questiono constantemente: Por quê? Por quê? Muita gente não pergunta o porquê das coisas. O que acha do hábito das pessoas de tirar foto dos pratos e compartilhar nas redes? Acho fantástico, genial. Para muitos, a experiência de ir a um restaurante não é só comer. Muitos não largam o smartphone no jantar. Isso o incomo­ da? No elBulli, eu não gostava. Já o Tickets (restaurante de Adrià em Barcelona) é para isso. Em restaurantes do Japão, cada mesa fica numa sala pequena e a pessoa faz o que quiser. Há algo em comum entre seu trabalho de desconstrução e o que fazem os hackers? O importante é ter um bom processo criativo. Encontrar a ideia não é difícil. Difícil é fazer com que a ideia funcione. Não conheço um guia online de restaurantes eficiente, por exemplo. Os guias são ferramentas básicas. Se faço uma busca por um restaurante japonês, o ideal­ é ter cinco re­sul­tados, não 100. Quais são as cinco melhores pizzarias de São Paulo? Quero saber as cinco, não as 5 000.

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19 Bil Financeiramente, este valor astronômico pode não fazer muito sentido. Mas a compra do WhatsApp vai colocar o Facebook entre os líderes da comunicação móvel // Por Filipe Serrano e Thiago Tanji

No dia que o facebook anunciou a compra do WhatsApp, por 19 bilhões de dólares, o professor de finanças Aswath Damodaran, da Universidade de Nova York, começou a calcular. O que justificaria esse número? Ele é maior do que o valor de empresas como GAP, Harley-Davidson e Electronic Arts. E, no Brasil, de gigantes como o Pão de Açúcar. Afinal, não é todo dia que um aplicativo criado há menos de cinco anos é comprado por 16 bilhões de dólares (4 bilhões em dinheiro e o restante em ações) e mais 3 bilhões em compensação a seus 55 funcionários. Aswath Damodaran colocou os dados no papel e chegou a uma conclusão: não existe lógica financeira. “Para justificar o valor, a empresa precisaria ter receita de 2,2 bilhões de dólares”, escreveu o professor em seu blog. Para gerar essa montanha de dinheiro com assinaturas anuais de 1 dólar, o WhatsApp precisaria de 2,5 bilhões

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de usuários, marca distante até para o Facebook, que conta com 1,23 bilhão. Por que então a rede social pagou tão caro? Mark Zuckerberg, 29 anos, fundador e presidente do Facebook, justificou a compra pelo potencial de crescimento do WhatsApp. Já são 465 milhões de usuários mensais e 1 milhão de pessoas se cadastram no serviço a cada dia. “Os 19 bilhões de dólares parecem uma grande surpresa, mas o crescimento do WhatsApp em um período tão curto também é surpreen­dente”, disse a INFO Hernan Kazah, investidor em empresas de internet e criador do fundo Kaszek Ventures. “O Facebook levou em consideração o prejuízo que teria caso o Google tivesse comprado o aplicativo.”


( ( US$ 4 Bil hões em dinheiro

US$ 12 bilhões em ações

US$ 3 bilhões

hões em compensaçÃO aos funcionários

O WhatsApp era uma ameaça ao Facebook. Assim como outros aplicativos de mensagem, ele vinha tomando o lugar da rede social entre os adolescentes. O Facebook não conseguiu detêlo usando a mesma arma, seu próprio serviço de mensagens. “O jovem está nesse tipo de aplicativo porque tem a necessidade de ficar sempre online”, diz Marceli Passoni, analista de telecom da consultoria Informa. Com o WhatsApp, o Facebook passa a controlar um tipo de comunicação móvel que terá cada vez mais importância no futuro, especialmente porque as vendas de smartphones devem continuar em alta. E os criadores do app já avisaram que ele não ficará apenas na troca de textos, fotos e recados de voz.

WhatsApp x Facebook 465 milhões de usuários ativos por mês

1 milhão

de novos usuários por dia

18 bilhões

de mensagens enviadas por dia

600 milhões

de fotos trocadas por dia

55

funcionários

1,23 bilhão

de usuários ativos por mês

465 000

novos usuários por dia

10 bilhões

de mensagens enviadas por dia

350 milhões

de fotos trocadas por dia

6 337

funcionários

Cinco dias depois de virar o bi­lio­­­­­­­­­ná­­­­ rio da vez, o cofundador do WhatsApp, Jan Koum, 38 anos, disse que vai incluir chamadas de voz no serviço neste ano. O recurso é popular nos programas concorrentes que fazem sucesso na Ásia, como o KakaoTalk, o Line e o Viber, além do Skype, da Microsoft. “Serviços que têm uma plataforma forte de mensagens podem esperar maior engajamento e retenção de seus usuários”, diz Neha Dharia, analista de telecom da consultoria Ovum. “Outras empresas ainda precisarão investir muito para garantir uma posição de sucesso nesse mercado já superlotado. Comunicação virou uma condição necessária para fazer um serviço crescer.” E tornar seu criador um bilionário.

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Banda larga desigual

Enquanto o Distrito Federal e São Paulo têm 18 assinantes de internet rápida para cada 100 habitantes, a média do Nordeste e do Norte é de 3,8, uma diferença de 473%. Para o Ipea, o maior entrave é a falta de concorrência // Por Filipe Serrano

Amapá e Maranhão têm os piores índices. São menos de 2 acessos por 100 habitantes

RORAIMA Teve a maior melhora. o ÍNDICE Subiu quase 310% de 2010 a 2012

O Distrito federal lidera o ranking, seguido por SÃO PAULO e RIO DE JANEIRO

porcentagem de municípios

cRESCE O NÚMERO DE municípios ONDE há poucA CONCORRÊNCIA 94,4%

95%

Número de assinantes de banda larga por 100 habitantes

87,7%

2010

2011

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De 15 a 20 De 10 a 15 De 5 a 10 De 3 a 5 De 0 a 3

JANEIRO 2014 evandro bertol ilustração

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Carro elétrico do futuro Modelo conceitual da japonesa Nissan tem aerodinâmica de avião e motor elétrico nas rodas

Mais um ano chega ao fim e ainda não estamos dirigindo carros voadores. A Nissan, porém, se esforçou para criar um modelo conceitual inspirado em um planador. Em formato triangular, o BladeGlider (lâmina planadora) foi criado para chamar a atenção para os modelos híbridos e elétricos da montadora japonesa. Apresentado no Salão do Automóvel de Tóquio, no mês passado, ele usa uma tecnologia em que os motores elétricos de propulsão traseira ficam nas rodas (in-wheel) e não emitem gás carbônico. Segundo a Nissan, o modelo conceitual é uma inspiração para os próximos carros elétricos criados pela empresa. Uma bateria de lítio garante a energia para rodar, e o chassi, de fibra de carbono, reduz o peso. No painel, uma interface gráfica mostra o mapa do trajeto e as condições do tempo. O único banco da frente desliza para o lado quando uma das portas é aberta, gerando espaço para a entrada dos passageiros. Ainda não é uma alternativa para voar sobre o trânsito, mas pelo menos não polui.

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