CIDADES DE PAPEL: IMPRENSA, PROGRESSO E TRADIÇÃO: DIAMANTINA E JUIZ DE FORA, MG (1884-1914)

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Cidades de papel: imprensa, progresso e tradição Diamantina e Juiz de Fora, MG (1884-1914)

James William Goodwin Jr.


Todos os direitos reservados à Fino Traço Editora Ltda. © James William Goodwin Jr. Este livro ou parte dele não pode ser reproduzido por qualquer meio sem a autorização da editora. As ideias contidas neste livro são de responsabilidade de seus organizadores e autores e não expressam necessariamente a posição da editora.

CIP-Brasil. Catalogação na Publicação | Sindicato Nacional dos Editores de Livros, rj G656c Goodwin Júnior, James William Cidades de papel : imprensa, progresso e tradição : Diamantina e Juiz de Fora, MG (1884-1914) / James William Goodwin Jr. – Belo Horizonte, Fino Traço, 2015. 464 p. : il. ; 23 cm. (História ; 51) Inclui bibliografia ISBN 978-85-8054-240-0 1. Imprensa – Minas Gerais - História. 2. Jornalismo - Minas Gerais – História. 3. Urbanização – Minas Gerais - História. 4. Minas Gerais – História – 1884-1914. I. Título. 2. Série. CDD: 981.51 CDU: 94(815.1)

CONSELHO EDITORIAL COLEÇÃO HISTÓRIA Alexandre Mansur Barata | UFJF Andréa Lisly Gonçalves | UFOP Júnia Ferreira Furtado | UFMG Gabriela Pellegrino | USP Iris Kantor | USP Marcelo Badaró Mattos | UFF Paulo Miceli | Unicamp Rosângela Patriota Ramos | UFU

FINO TRAÇO EDITORA LTDA. Av. do Contorno, 9317 A | 2o andar | Barro Preto | CEP 30110-063 Belo Horizonte. MG. Brasil | Telefone: (31) 3212-9444 finotracoeditora.com.br


Agradecimentos 9 Apresentação 15 Introdução: a que veio este texto? 1. A “cidade do progresso”

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Fazer a cidade: pessoas e tijolos, papel e tipos móveis 37 1.2 O urbano como sinal visível da civilização ocidental capitalista 46 1.3 Paris em Minas Gerais? 64 1.4 Rupturas do Progresso 82

1.1

2. O papel da imprensa no ambiente urbano

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A imprensa, missionária da civilização 101 2.2 Os homens de imprensa: “cidade das letras”, “cidades de papel” 119 2.3 Os homens de imprensa em Diamantina e Juiz de Fora 134 2.4 Produção e circulação dos jornais em Diamantina e Juiz de Fora 150 2.1

3. Cidades de Papel – embelezamento 183 O progresso da cidade: infraestrutura urbana 184 3.2 Sanitarismo: água e esgotos, moradia 224 3.3 O espaço urbano: limpeza, animais etc. 254 3.4 As estradas do (e para o) progresso 269 3.1

4. Cidades de Papel – civilização

285

A ordem pública: polícia e controle social 285 4.2 A civilização pelo trabalho 303 4.3 Uma cidade ilustrada 361 4.4 Uma cidade polida 372 4.5 Um “esplêndido e colossal sortimento” 410 4.1

Últimas impressões, ou as considerações parciais Bibliografia

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À memória de Jo Ann McFerrin Goodwin. “There’s nothing wrong in making a good story better!” [“Não há nada errado em tornar uma boa história melhor ainda!”]



Agradecimentos

A história deste texto começou durante a pesquisa para minha dissertação de mestrado sobre a Câmara Municipal de Juiz de Fora no período imperial, quando descobri as maravilhas e desafios de utilizar os jornais como fonte histórica para conhecer e problematizar o ambiente urbano. Abdicando da precisão do historiador, direi apenas que alguns anos se passaram desde então. Ao longo desse tempo, tive a graça de viver com gente boa em vários lugares. Minha relação com Diamantina começou a partir de um convite para coordenar a implantação de um Centro de Memória e Identidade Regional ali, feito por Virgínia Mendes, à época coordenadora de projetos de pesquisa e extensão na Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG). A ela e à Profª Júnia Ferreira Furtado, do curso de história da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), sou grato pelo desafio apresentado e por me apresentar a cidade, com a qual estabeleci uma relação mais que profissional. E onde fui muito bem recebido, graças à “dona” Neusa Fernandes e a Mariuth Santos, então diretora e vice-diretora da Faculdade de Filosofia e Letras de Diamantina (FAFIDIA), onde iniciei minha carreira como professor universitário. Coordenando um projeto financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (FAPEMIG), e orientando bolsistas de iniciação científica do curso de história da FAFIDIA, muito aprendi sobre processos de indexação, o lidar com jornais centenários, a imprensa mineira e a história regional. Françoise Jean de Oliveira, então bolsista do curso de história da UFMG, mostrou-me algo sobre higienização e conservação de jornais. Com a professora Roseli Márias formei uma equipe para as pesquisas e os trabalhos de elaboração do espaço museográfico da exposição pelo centenário do Pão de Santo Antônio, ocorrida em 2001. A ela e aos alunos

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que ali labutaram, meu agradecimento pela dedicação e pelos momentos de diálogo sobre os jornais e a cidade. Hoje o acervo está sendo trabalhado novamente, com resultados excelentes, pelo Projeto de ConservaçãoRestauração do Acervo Documental e Museológico do Jornal Pão de Santo Antônio, com o apoio do Museu Vivo Memória Gráfica da UFMG. Os trabalhos, envolvendo os jornais e também o maquinário da tipografia, podem ser acompanhados regularmente em https://www.facebook.com/ memoriadopaodesantoantonio?fref=ts. Este texto não seria o mesmo sem o apoio recebido do meu orientador no mestrado em história, o professor Douglas Cole Libby, que não me deixou recuar diante das dificuldades inerentes a um trabalho comparativo entre Diamantina e Juiz de Fora. Agradeço sua aprovação crítica, demonstrada na banca. Agora, vai a público, incorporando algumas de suas sugestões. A Thaïs Nívea de Lima e Fonseca, agradeço por ter feito as apresentações e mostrado o “caminho das pedras” para chegar ao doutorado em história na Universidade de São Paulo (USP). À Professora Maria Helena Rolim Capelato, com quem primeiro comecei a trabalhar, agradeço pela orientação, pelas leituras e pelos desafios colocados. Quanto à pesquisa, não teria conseguido fazer quase nada do que fiz se não fosse por duas mulheres, competentes e dedicadas, que desacreditam toda a campanha vil que se faz contra os funcionários públicos, especialmente os da área da cultura. Denise Alves Ferreira Lima, hoje encantada (como diria Guimarães Rosa), foi quem me revelou os meandros da hemeroteca da Biblioteca Antônio Torres, sob gestão do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN)-Diamantina. Heliane Casarin Mancini, mais uma vez, foi fundamental para que eu pudesse melhor aproveitar minhas incursões aos jornais do Setor de Memória da Biblioteca Municipal Murilo Mendes, em Juiz de Fora. A ambas o meu agradecimento, que se junta aos de todo um grupo de estudantes, professores e pesquisadores que, nas duas cidades, aprenderam a admirar a paixão delas pelo seu ofício, ainda que em condições muito adversas de trabalho. Na coleta dos dados sobre os anúncios de jornais, contei com a dedicação, muito maior do que o serviço exigia, da aluna – e hoje professora de história – Ana Maria de Oliveira, em Diamantina, e da atual doutoranda em

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história social Ana Lúcia Fiorot de Souza, em Juiz de Fora. Ambas não se contentaram em seguir minhas instruções, envolveram-se com a pesquisa e ajudaram a extrair desses dados uma visão sobre a cidade que ali se vendia. Pude contar com o apoio de várias instituições, nas quais venho construindo minha história profissional. A FAFIDIA teve a coragem de acreditar na possibilidade de uma educação de qualidade fora dos grandes centros urbanos. Infelizmente, por razões políticas, esse projeto foi uma de nossas mais gloriosas derrotas. Destaco a professora Mariuth Santos que, enquanto dirigiu o Centro de Pesquisa daquela instituição, desdobrou-se para criar ali uma cultura favorável ao trabalho acadêmico, que muito contribuiu para meu crescimento como pesquisador. O desmanche da instituição ainda dói. Ao Centro Universitário Newton Paiva, em Belo Horizonte, agradeço o apoio financeiro para a participação em eventos acadêmicos regionais e nacionais enquanto fui professor da casa. À Reitoria da UEMG e à direção da FAFIDIA agradeço a concessão de uma bolsa de estudos financiada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), a qual, durante um período de 12 meses, auxiliou-me nas despesas com as muitas viagens de pesquisa. À CAPES, também, meu agradecimento. O Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) aceitou reduzir a carga horária letiva de um professor recém-concursado, o que viabilizou o término da redação da tese. Expresso gratidão especial aos meus colegas docentes, que compartilharam o impacto da decisão. À FAPEMIG e ao CEFET-MG agradeço por terem acreditado no valor desse trabalho e viabilizado os recursos financeiros necessários à sua publicação como livro. Nesta caminhada como professor, muitos alunos e colegas ajudaramme a clarear ideias e fortalecer argumentos, na discussão acadêmica ou na participação em cursos elaborados a partir da pesquisa, em que eu “testava” algumas das minhas interpretações. Especialmente aos alunos do curso de história da FAFIDIA e aos alunos dos cursos de turismo, história e jornalismo da Newton Paiva, quero agradecer pelos anos de aprendizado mútuo. Também aos colegas e orientandos da iniciação científica da Newton Paiva, especialmente Felipe Silveira e Polyana Valente, cuja orientação foi para mim

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um prazer e um desafio. Aos orientandos do curso de especialização em história e cultura mineira, das Faculdades de Ciências Humanas de Pedro Leopoldo, MG, agradeço a oportunidade de diálogo acadêmico. Também aos alunos das diferentes disciplinas que ministrei na PUC-MG, como professor substituto no curso de história, e como professor do Programa de Pós-Graduação (PREPES); e aos alunos da disciplina optativa “Espaço Urbano Mineiro”, do curso de história da UFMG, turno noturno, onde lecionei como professor substituto. Uma palavra de estima fica, também, aos colegas com quem interagi nos vários seminários e eventos científicos em que pude expor minhas pesquisas. Encerrando os agradecimentos acadêmicos e profissionais e já na fronteira do pessoal, quero registrar meu débito e meu carinho à professora Inez Garbuio Peralta. Foi ela quem me abriu a possibilidade de terminar este trabalho, num momento muito ruim da minha vida; o desafio feito e os caminhos apontados foram fundamentais para que hoje este texto seja oferecido ao debate historiográfico. Muito obrigado, Inez, sua paciência e firmeza renderam frutos. Uma pesquisa como esta não se faz sem um alto custo pessoal, que só é suportável porque os amigos estão juntos de nós, mesmo sem entender tanto tempo gasto com “jornal velho”; ou às vezes porque eles sofrem do mesmo “mal” de escarafunchar o passado... Em Juiz de Fora, um amplo leque de pessoas queridas apoiou-me ao longo desses anos. Patrícia Falco Genovez, Sônia de Souza e Rita Almico, colegas na graduação em história na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), permaneceram como interlocutoras, compartilhando conversas, encontros e resultados de pesquisa. Meus “tios adotados”, Sérgio e Marta, e sua família, especialmente o Josué; Márcio “Uruca”, (Sebas)Tião e Lídia, ajudaram a manter Juiz de Fora como uma cidade viva na minha vida. Um agradecimento todo especial ao Flávio “Brita” Bitareli Martins e família, pela hospedagem durante as pesquisas, pelo carinho e pela companhia quando eu retornava do passado. Em Diamantina, criei um círculo de amigos, o que transformou o lugar em muito mais do que um ambiente de trabalho. Mariuth, Dayse Lúcide Silva, Serginho Nascimento, Toninho Fernandes, Paulo Francisco (Kiko) e,

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principalmente, Marcos Lobato Martins formaram um grupo de diálogo, de pesquisa e de amizade. Sem eles, não teria suportado as muitas viagens nos ônibus da Pássaro Verde. Alvimar, Antônio, Alessandro e Tia Lúcia, Marinho – alguns que já não estão entre nós – mantiveram abertos os seus restaurantes em horários inusitados, oferecendo-nos lugar para conversar, comer e beber bem, rir, reclamar e brigar e, acima de tudo, viver a Diamantina de ontem e de hoje. Saudação especial a Tania Regina Riul, amiga e monarca da “República da Inglaterra”, onde Marcos e eu moramos alguns anos. A Flávia Santana e Luciano Carneiro agradeço por humanizarem minhas jornadas a São Paulo, onde fiz uma amiga e “mana”, Flávia Guia Carnevali. Ao José Newton Coelho Meneses, por ser amigo e interlocutor permanente, sobre assuntos históricos ou quaisquer outros que a vida trouxer pra nossa mesa. A Carla Simone Chamon, amiga e colega, no CEFET-MG e além. Irlen Antônio Gonçalves, incentivando-me a publicar esta obra. À equipe da Editora Fino Traço, agradeço o empenho para fazer da tese um livro bonito e agradável de se ler. Da família, recebi encorajamento e carinho, além das cobranças para terminar o texto. O trabalho da Djanira impediu o caos de conquistar minha casa, enquanto eu viajava a trabalho e para pesquisar. Fernanda: sua compreensão, seu carinho e chamego, junto com as brincadeiras e os elogios meio irônicos (“você é muito bom com as palavras”), tornaram a vida mais leve e mais prazerosa. Vou ter que achar espaço para mais um livro na biblioteca da nossa casa, que tem a nossa cara! À minha mãe, que não viveu para ver o fim desta longa jornada, agradeço por ter me ensinado como entremear os eventos numa narrativa histórica é importante para construirmos nosso lugar neste mundo. A ela eu dedico esta obra: Dona Jo, eis aí o livro.

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Apresentação

Duas cidades mineiras, uma no norte, outra no sul, separadas por cerca de setecentos quilômetros foram, na virada do século XIX para o século XX, capitais regionais destacadíssimas. Diamantina, o antigo arraial do Tejuco, a “Atenas do Norte”, comandava o vasto norte mineiro dominado pela pecuária e pela extração do diamante nas terras altas do Espinhaço. Juiz de Fora, a “Manchester Mineira”, polarizava a dinâmica Zona da Mata repleta de cafezais. A primeira, mais antiga, núcleo urbano colonial surgido no início do século XVIII, permaneceu vinculada aos ritmos da mineração e à civilização barroca que floresceu nos Setecentos. A segunda, formada em meados do século XIX, expandiu-se velozmente na esteira dos lucros cafeeiros que transbordaram em negócios industriais, comerciais e de serviços urbanos. Ambas miravam o Rio de Janeiro e desejavam emulá-lo, embora contassem com recursos e facilidades distintos para tal. Sobre a primeira pesou a tradição colonial, ao passo que a segunda adquiriu importância na época em que o país recebia os influxos da Segunda Revolução Industrial e do Imperialismo do livre comércio. Uma e outra sempre se orgulharam de suas posições nas Minas Gerais e se dedicaram a polir autoimagens positivas, afinadas com ideias e valores da modernidade que conquistava o globo. Mais do que isto, ambas quiseram ser porta-vozes dos novos tempos, razão pela qual desenvolveram imprensas poderosas, influentes. Diamantina e Juiz de Fora na Belle Époque tropical constituem o objeto da pesquisa de James William Goodwin Jr., originalmente fruto de doutoramento na USP. Um trabalho que percorre temas da história urbana, da história social, da história cultural e da história da imprensa, colocando uma cidade como espelho da outra, e o Rio de Janeiro e Paris como o salão de espelhos em que ambas entraram e se deixaram encantar. Por meio das páginas das imprensas locais, as elites diamantinenses e juiz-foranas têm seus

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anseios urbanos desvelados, perscrutados, criticados. O pesquisador revela as dificuldades e os limites que o processo de urbanização orientado pelos ideais de fin-de-siècle encontrou nas duas cidades. O fervor, as intenções e os conteúdos da “pedagogia urbana” que jorrava nas redações de jornais como A Estrela Polar, A Idéa Nova, O Norte – folhas de Diamantina – e O Pharol, Jornal do Comércio e Diário Mercantil – folhas de Juiz de Fora – são trazidos à reflexão, elaborada com equilíbrio. Os dilemas e as controvérsias que tiraram o sono dos redatores, muitas vezes seu bom-humor, são analisados com rigor, mas também com empatia. Afinal, o pesquisador nutre profunda admiração pelos homens e mulheres da Belle Époque brasileira, além de saber muito bem que os jornais são produtos históricos, feitos para atuar sobre a sociedade, influenciá-la, guiá-la. Assim, os leitores terão oportunidade de saber como as cidades eram vistas, sentidas e percebidas por determinados atores urbanos do momento pesquisado. Terminarão convencidos de que, entrelaçadas, interagindo em graus variáveis de tensão, conviviam a Diamantina real e a Diamantina de papel, a Juiz de Fora tangível e a Juiz de Fora simbólica dos editoriais. A partir da paciente seleção de notícias, editoriais e crônicas publicados nos periódicos de Diamantina e Juiz de Fora, a pesquisa toma partido claramente a favor de uma das visões que presidem os estudos urbanos nas ciências sociais. Uma mais tradicional pensa a cidade como uma realidade já dada, constituindo objeto de consumo e cenário do comportamento racional e cultural de seus habitantes. Nesta visão, o olhar é dirigido para os espaços de sociabilização e seus elementos. É o que se vê nos textos clássicos de Simmel e Park. Trata-se, sem dúvida, de uma visão válida, mas nela a preocupação fundamental não está no processo de formação das cidades em si. A outra linha é a que vê a cidade como resultado de um processo de produção que se movimenta por contradições. O espaço urbano deixa de ser um dado para se tornar algo construído intencionalmente por relações sociais. Então, o pesquisador olha para a cidade e estuda os processos (materiais e simbólicos) que a estruturaram, considerando todo o conjunto de relações internas e externas que contribuíram para defini-la como tal. Neste caso, como fizeram Topalov e Harvey, enfatiza-se o processo de urbanização e, por conseguinte, as relações econômicas, sociais e culturais que desaguam

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