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Mauro Passos & José Carlos Itaborahy Filho Ilustrações de Katya Helaine Silva
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Mauro Passos & José Carlos Itaborahy Filho Ilustrações de Katya Helaine Silva
Belo Horizonte, 2013
Texto © Mauro Passos e José Carlos Itaborahy Filho Ilustrações © Katya Helaine Silva Este livro ou parte dele não pode ser reproduzido por qualquer meio sem a autorização da editora. Cip-Brasil. Catalogação na Publicação Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ. P322q Passos, Mauro, 1949Quem canta, seus males espanta : a história de um Bem te vi / Mauro Passos; José Carlos Itaborahy Filho; ilustrações Katya Helaine Silva. - 1. ed. - Belo Horizonte, MG : Fino Traço, Editora O Lutador, 2013. 28 p. : il. (Tracinho ; 39) ISBN 978-85-8054-148-9 1. Ficção infantojuvenil brasileira.. I. Silva, Katya Helaine. II. Título. III. Série. 13-05189 CDD: 028.5 CDU: 087.5 16/09/2013 17/09/2013
Produção e coordenação editorial Maíra Nassif e Cláudia Rajão Revisão de textos Erick Ramalho Projeto gráfico e diagramação Ana C. Bahia Fino Traço Editora Ltda.
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Ao Menor, esperança Maior deste paĂs.
- Ôba, a chuva! - Ôooooba... hoje ele não vem! - Bem-que-choveu! - exclamou o Pardal do alto da mangueira. Era uma nuvem de protesto que cobria toda capoeira. - Ele parece espião. Comentava o Assanhaço, olhando para trás e para os lados, esticando as penas da asa direita. Até os filhotes do João-de-barro já despenavam comentários. Estes eram os muros da revolta que apareciam em cada galho. Linguagem sem idioma. Toda tecida de um ódio azedo. Assim serpenteavam palavras.
Tudo isso acontecia contra um jovem Bem-te-vi. Nascido longe, viera em busca de água cristalina e de novos galhos. Na cidade, cantava no coral da sacristia de uma pequena igreja barroca. Aprendera a trinar com seu padrinho – sacristão aposentado. Conheceu gregoriano com as monjas Andorinhas da Serra do Pião. Com os Curiós do beiral mais alto da torre, ensaiou as primeiras notas do chorinho. Com uma Sabiá do coqueiro quebrado fez muitas modinhas de carnaval. E no ninho dos Canários Belgas cantava longas serenatas, nas manhãs de maio. (Serenata de passarinho é feita pela manhã, nas pautas da aurora!) Assim, jovem ainda, tinha grande trinado musical.
A famĂlia Pardal, de acidez nos bicos, mudou de ĂĄrvore. Foi morar nos galhos de uma goiabeira, onde vivia uma Rolinha mal humorada. Ela nunca aparecia nas festas. Mas, agora, vivia de ninho a ninho, levando seus arrolhos amargurados e rolando seu rancor.Â
O Canarinho só falava em brigar. Ninguém suportava o canto do Bem-te-vi. Também, quando menos se esperava, ouvia-se seu refrão. Todo mundo se sentia observado. E um comentava com o outro. - Viu o quê? - Eu tô quieto no meu ninho! Era uma peleja aquele não entender. Era vasto e profundo; profundo e vasto. Aumentavam, assim, as fronteiras da impaciência: - Hum! Hem! Raios! Diabo! E o Bem-te-vi não sabia de nada. Cantava e cantava. Buscava inovações. Fazia cursos de aperfeiçoamento no festival de inverno. Compunha modinhas para o vento, as jabuticabas, os ciprestes, o cipó São João... Inventava trocadilhos.
Prezado Bem-te-vi! Você e seu canto, só têm trazido desencantos para todos nós. Não suportamos mais sua preocupação com as aves aqui da capoeira. Quando a gente menos espera, é surpreendido pela sua voz ameaçadora: - Bem-que-te-vi! Bem-que-te-vi! Muitos até já escutam diferente: - Mal-que-te-ouvi! Mal-que-te-ouvi! Pare de nos vigiar. Vá procurar um serviço e nos deixe em paz. Confederação das Aves da Capoeira.
ISBN 978-85-8054-148-9
9 788580 541489