Cecília Cavalieri França
Ilustrações: André Persechini
Cecília Cavalieri França Ilustrações: André Persechini
Belo Horizonte . 2013
Texto © Cecília Cavalieri França Ilustrações © André Persechini Este livro ou parte dele não pode ser reproduzido por qualquer meio sem a autorização da editora.
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ F881s França, Cecília Cavalieri Se essa música fosse minha / Cecília Cavalieri França ; ilustração André Persechini. - 1. ed. - Belo Horizonte, BH : Fino Traço, 2013. 36 p. : il.
(Tracinho ; 36)
ISBN 978-85-8054-143-4 1. Música - Instrução e estudo - Literatura infantojuvenil. 2. Literatura infantojuvenil brasileira. I. Persechini, André. II. Título. III. Série. 13-04905 CDD: 028.5 CDU: 087.5 04/09/2013 09/09/2013
Produção e coordenação editorial Maíra Nassif, Raissa Baptista e Cláudia Rajão Revisão de textos Erick Ramalho Projeto gráfico e diagramação Leandro Correa
Fino Traço Editora Ltda.
Av. do Contorno, 9317 A | Barro Preto Belo Horizonte - MG - Brasil Telefone: (31) 3212 - 9444 www.finotracoeditora.com.br
Hoje é minha formatura. Fico me perguntando como foi que cheguei até aqui. Não digo isso pelo fato de meus braços e pernas não me obedecerem como eu gostaria. Digo isso porque, para realizar um sonho, é preciso muita inspiração. É preciso encontrar um jeito.
Quando nasci, eu era diferente das outras crianças. Não chorei como as outras crianças, não esperneei como as outras crianças. Eu não me mexia muito. Mas mamãe me abraçava tanto, fazia tantas massagens, que meu corpo foi ficando forte.
Era um estica-encolhe, agacha-levanta, rola-rola... o dia todo. Mas tudo, tudo mesmo, a gente fazia com mĂşsica. O ritmo da nossa vida era o ritmo da mĂşsica. MĂşsica para acordar, para rolar, para vestir, para comer, para brincar, para dormir.
Música para acordar era assim: começava calma, como um coração batendo tranquilo. Então começava a se animar, animar, animar e o coração esquentava também. Música para rolar era diferente: tinha um compasso que parecia balanço de mar, balanço de rede, balanço de colo de mãe para lá e para cá. Eu rolava seriamente, para lá e para cá. Música para vestir era sempre engraçada: se era pra colocar a blusa, a melodia ia ficando mais e mais fina até eu conseguir levantar os braços bem alto. Se era para colocar o short, o ritmo pipocava que nem pica-pau até eu conseguir marchar uns passinhos e alcançar o short com os pés.
Música para comer era tranquila. Papai dizia que a hora da refeição deve ser sossegada porque assim a gente fica mais em família. Música para brincar você nem imagina - ou imagina? Juntava tudo: coração disparado, pica-pau na madeira, buzina de bicicleta, campainha, pega-pega... Mamãe sempre me pegava, porque eu só dava passinhos. Música pra dormir...
Essa eu conto depois.
Na escola, todos me conheciam. É porque uma cadeira de rodas chama muita atenção! Todo mundo gostava de empurrar minha cadeira e até de pegar carona comigo. A professora dizia que eu tinha muito jeito para música. Mas eu não entendia porque ela dizia isso, “jeito para música”. Todo mundo tem jeito para música. Todo mundo nasce com música dentro de si.
Na barriga da mãe a gente escuta tantos ritmos... Eu ouvia o coração dela batendo, lá de dentro. Ouvia quando ela falava, quando cantava, quando sorria ou assoviava. E desde quando passei do lado de dentro da barriga para o lado de fora, percebi que, mesmo que eu não me mexesse muito, meus pensamentos dançavam com a música.
“Para se realizar um sonho é preciso muita inspiração... É preciso encontrar um jeito”. Uma história sobre a superação por meio da música, da criatividade, do amor e da amizade.
ISBN 978-85-8054-143-4
9 788580 541434