Contribuições da Filosofia às Ciências da Vida

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Contribuições da Filosofia às Ciências da Vida


O que ĂŠ um conceito?

A filosofia ĂŠ a disciplina que consiste em criar conceitos. Todo conceito remete a um problema e tem uma histĂłria.


Epistemologia Francesa

Gaston Bachelard Georges Canguilhem Michel Foucault


Tese fundamental: 

A filosofia das ciências possui uma dimensão histórica: a história é o instrumento privilegiado de análise da epistemologia.

Perspectiva filosófica da história: o Conceito


A filosofia e a ciência 

A questão da racionalidade: a ciência como discurso normativo, lugar próprio do conhecimento e da verdade.

A filosofia da ciência: crítica do negativo da razão.


O racionalismo regional de Bachelard

Inexistência de critérios de racionalidade válidos para todas as ciências – “regiões de cientificidade” (física e química, região da natureza e da matéria).


Georges Canguilhem e as Ciências da Vida: biologia, anatomia, fisiologia (homogeneidade temática e unidade metodológica)


A epistemologia regional de Canguilhem

 

Investigação sobre os procedimentos de produção do conhecimento científico: história das ciências. Avaliação da racionalidade científica. Análise da cientificidade pelo viés da investigação histórica.


A História Conceitual

A história descritiva versus a história crítica. A crítica do precursor.

A fundação da verdade na ciência.

O estudo dos procedimentos científicos de produção de conhecimentos.


“A história das ciências pode sem dúvida distinguir e admitir vários níveis de objetos no domínio teórico específico que ela constitui: documentos a catalogar; instrumentos e técnicas a descrever, métodos e questões a interpretar; conceitos a analisar e a criticar. Apenas esta última tarefa confere às precedentes a dignidade de história das ciências.”


O Conceito

Uma teoria é constituída por um sistema conceitual. O conceito assinala a existência de uma questão, a formulação de um problema, tem um aspecto dinâmico e não se limita ao interior de determinada ciência.


A descontinuidade

O progresso é um componente essencial da ciência.

O conhecimento científico se desenvolve no sentido de uma verdade e uma racionalidade cada vez maiores.


A noção de progresso em Canguilhem 

O progresso na ciência é descontínuo.

As rupturas são sucessivas e parciais.

A descontinuidade se dá no nível do conceito.


A Recorrência 

A história das ciências deve ser judicativa: “Sem referência à epistemologia uma teoria do conhecimento seria uma meditação sobre o vazio.” “Sem relação à história das ciências, uma epistemologia seria um duplo perfeitamente supérfluo das ciência sobre a qual ela pretenderia discorrer.”


“Afirmaria, com maior convicção ainda, que não há, em tese e a priori, diferença ontológica entre uma forma viva perfeita e um forma viva malograda. Aliás, será lícito falar de formas vivas malogradas? Que erro pode-se detectar num ser vivo, enquanto não se tiver fixado a natureza de suas obrigações como ser vivo?”


Seria o estado patológico apenas uma modificação quantitativa do estado normal? Teoria ontológica da doença – “a doença entra e sai do homem como por uma porta”. (localizante) Teoria dinâmica da doença – “a doença está em todo o homem e é toda dele”. (totalizante) “O pensamento dos médicos oscila, até hoje, entre essas duas representações da doença”.


Seria o estado patológico apenas uma modificação quantitativa do estado normal?

“A identidade real dos fenômenos vitais normais e patológicos, aparentemente tão diferentes e aos quais a experiência humana atribuiu valores opostos, tornou-se durante o século XIX, uma espécie de dogma, cientificamente garantido, cuja extensão no campo da filosofia e da psicologia parecia determinada pela autoridade que os biólogos e os médicos lhe reconheciam”.


Seria o estado patológico apenas uma modificação quantitativa do estado normal? Comte: patológico → normal “leis do normal”; “experimentação biológica”

“O fenômeno patológico tem sempre seu análogo num fenômeno fisiológico, não constituindo nada de radicalmente novo.” Continuidade: Princípio de Broussais “homogeneidade quantitativamente exprimível”


Seria o estado patológico apenas uma modificação quantitativa do estado normal? Broussais: a excitação é o fato vital primordial. Essa excitação pode desviar-se do estado normal e constituir um estado anormal ou doentio.

“A continuidade dos estados intermediários não anula os extremos.” É em relação a uma norma que há excesso ou falta. Tratar a doença é corrigir a incitação.


Seria o estado patológico apenas uma modificação quantitativa do estado normal?

Bichat: a instabilidade e a irregularidade como características dos fenômenos vitais; tratá-los matematicamente é desnaturá-los. Daí sua aversão à estatística.


Seria o estado patológico apenas uma modificação quantitativa do estado normal? Claude Bernard:

NORMAL → PATOLÓGICO

“A terapêutica racional só poderia ser sustentada por uma patologia científica e uma patologia científica deve se basear na ciência fisiológica.”

Lições sobre o diabetes e a glicogênese animal (1877) Leçons sur la chaleur animale (1876)


“Essas idéias de luta entre dois agentes opostos, de antagonismo entra vida e morte, entre a saúde e a doença, entra a natureza bruta e a natureza animada já estão ultrapassados. É preciso reconhecer em tudo a continuidade dos fenômenos, sua gradação insensível e sua harmonia.”


O conceito de doença será o conhecimento científico quantitativo? A diferença de valor que o ser vivo estabelece entre sua vida normal e sua vida patológica seria uma aparência ilusória que o cientista deveria negar?


Michel Foucault e o nascimento da experiência médica moderna “Que experiência fundamental pôde instaurar essa evidente separação aquém de nossas certezas, lá onde nascem e se justificam? Quem pode assegurar–nos de que um médico do século XVIII não via o que via?” Relação entre o que se fala e o que se vê – aquilo de que se fala -, olhar e linguagem, o limiar do visível e do enunciável.


A espacialização do patológico: as diferentes relações entre o conhecimento e o sofrimento 

O presumido empirismo da medicina moderna – séculos XVIII e XIX

A possibilidade histórica da clínica, da articulação da doença com o organismo:

“A coincidência exata do corpo da doença com o corpo do homem doente é um dado histórico e transitório. Seu encontro só é evidente para nós.”


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