CALIFORNIA | 3 ED

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de


Rossi


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REVISTA CALIFORNIA - AGOSTO 2014








Fonte: Exame




O que você, caro leitor, acha sobre uma maior integração do Brasil às cadeias de produção globais, ou seja, um crescimento do volume de importações e exportações pelas empresas brasileiras? Em termos práticos e a partir de exemplos de países altamente integrados ao comércio internacional, os resultados tendem a ser muito benéficos para a população em geral, que passa a ter acesso a produtos e serviços com mais qualidade e menor preço. Isso decorre de ganhos de eficiência em toda cadeia produtiva e maior concorrência, visto que, em países abertos ao mercado global, as empresas precisam competir para vencer não apenas concorrentes locais, mas também concorrentes espalhados pelo mundo todo. E o que você pensa sobre a ingerência e intromissão do governo sobre sua vida particular, seus gastos pessoais e a maneira como você administra as finanças da sua família? Você gostaria de ter liberdade total para tomar decisões relacionadas à sua poupança e aposentadoria, ou prefere ter uma certa “ajuda” ou controle de políticos e funcionários públicos sobre a maneira como você aplica suas economias e decide como e quando gastar seu dinheiro?

Com as perguntas acima colocadas dessa forma e nesse contexto, as respostas parecem um tanto óbvias. Alguém em sã consciência responderia que não quer ter acesso a produtos e serviços mais baratos e com mais qualidade do que tem hoje? Alguém com o mínimo de discernimento optaria dar aos políticos o direto de decidir o que fazer com seu próprio dinheiro, principalmente num país como o nosso, em que a reputação dos políticos não anda muito em alta nos últimos 500 anos? Mas é justamente aí que mora o perigo! Por mais óbvias que possam parecer, muitas pessoas insistem em dar a resposta errada todos os dias. E a resposta errada, em geral, não decorre da falta de entendimento dessas questões, falta de uma educação de qualidade ou preparo intelectual. A resposta errada vem de empresários, executivos e trabalhadores que compõem a elite do nosso país. E por elite, entenda-se aquela na acepção original da palavra, ou seja, um grupo de pessoas esclarecidas, e não a elite formada por devoradores de criancinhas como quer nos fazer crer alguns políticos oportunistas e manipuladores.


Incoerência ou instinto de sobrevivência? É o caso do empresário industrial que grita e esperneia caso ocorra uma redução das alíquotas de importação daquele mesmo produto que ele fabrica aqui no Brasil. Assim como os executivos e funcionários dessa mesma indústria, que reclamam que seus empregos serão afetados ou, até mesmo, eliminados caso aumente a concorrência dos produtos importados. Isso apenas para exemplificar a incoerência entre discurso e prática relacionados à primeira questão colocada nesse artigo. Mas a coisa pega fogo mesmo quando abordamos a segunda questão. Imaginem se um dos candidatos a presidente do Brasil nas próximas eleições fizesse a seguinte proposta: “Vou acabar com o FGTS e o 13º salário obrigatório”. Será que ele teria muitos votos? O que muitas pessoas não entendem é que o dinheiro alocado para o FGTS e o 13º salário é o mesmo dinheiro que não foi alocado ao salário mensal do trabalhador, seja ele um operário com ensino médio ou executivo com mestrado e doutorado. Se essas

obrigações impostas pelo governo não existissem, com certeza os salários seriam maiores e/ou os bens e serviços oferecidos pelas empresas seriam mais baratos, o que no final das contas não faz diferença, pois o padrão de vida dos trabalhadores seria melhor em qualquer situação. Ao tornar o FGTS obrigatório, o governo na verdade está obrigando os trabalhadores a deixar nas mãos dos políticos uma parte significativa da sua poupança, como se os políticos soubessem como aplicar melhor essa poupança do que o próprio trabalhador. Basta analisar o histórico de rendimento do FGTS nos últimos 50 anos e comparar com o histórico de rendimento de qualquer aplicação financeira disponível no mesmo período, mesmo para o mais despossuído e desinformado dos trabalhadores. O rendimento do FGTS perde sempre! Em se tratando do 13º salário, é como se o governo dissesse que você, trabalhador, só pode gastar uma parte do seu dinheiro no final do ano, por volta de novembro e dezembro, mas é proibido gastar esse mesmo dinheiro em maio ou em agosto. Você quer ou não quer a liberdade de poupar e gastar como você acha melhor? E como podem pessoas esclarecidas e bem educadas serem contra mais concorrência? Como podem ser contra a liberdade e o direito de fazer o que bem entenderem com seu próprio dinheiro e planejarem sua própria aposentadoria? É simples, quando a concorrência e a liberdade implicam em prejuízos no curto prazo para essas pessoas ou as forçam a sair da zona de conforto em que acostumaram a viver. Nessas horas, o instinto de sobrevivência fala mais alto. E quando esse instinto se multiplica por milhões de pessoas ao mesmo tempo, o resultado é um país e uma sociedade em que quase todos sabem o que é certo, defendem as ideias certas nos almoços em família e com amigos nos finais de semana, porém quando a segunda-feira começa, voltam a agir e tomar decisões contrárias àquilo que defenderam. E no longo prazo, todos perdem! Principalmente seus filhos e netos, que crescerão nesse mesmo país, tendo que pagar cada vez mais caro por tudo e com cada dia menos liberdade.



à






















































VEGANA

MACROBIÓTICA

OVOLACTOVEGETARIANA


















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