![](https://assets.isu.pub/document-structure/200408132331-020dd3c2b8964da1fe0c1a6ab4431089/v1/7a4795a37b8d7b42b447ea0dfca14827.jpg?width=720&quality=85%2C50)
6 minute read
Luiz Teixeira Mendes implantou o projeto de arborização
Em 1949, a diretoria da Companhia Melhoramentos, impressionada com a devastação de extensas áreas do Norte do Paraná, decorrente de formidável rush da colonização por ela empreendida, sentiu a necessidade de criar um serviço florestal que garantisse a preservação dos recursos naturais e ao mesmo tempo fomentasse o reflorestamento e a arborização das cidades recém-criadas.
Para conduzir o projeto de arborização, a empresa contrataria um especialista de grande conceito em São Paulo, o engenheiro florestal Luiz Teixeira Mendes, formado em Piracicaba, onde foi professor de botânica e silvicultura, áreas em que era especialista. Mendes havia participado da implantação, em 1905, do projeto original do Parque da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, idealizado pelo arquiteto-paisagista belga Arsenio Puttemans e inaugurado em 1907. Tal Parque, com aproximadamente 15 hectares, é ainda o único no estilo inglês de paisagismo existente no Brasil. Conserva valores naturais, tais como espécies florestais nativas e exóticas que mereçam ser perpetuados e estudados, além de ser uma grande área destinada a recreação da população. ..... Aos 68 anos, Luiz Teixeira Luiz Teixeira Mendes implantou o projeto de arborização E A c e r v o A n n i b a l B i a n c h i n i d a R o c h a
Advertisement
![](https://assets.isu.pub/document-structure/200408132331-020dd3c2b8964da1fe0c1a6ab4431089/v1/7f4f50d6471caf058e728c89b7047c56.jpg?width=720&quality=85%2C50)
Mendes estava aposentando-se da chefia do Serviço Florestal de São Paulo, órgão vinculado à Secretaria da Agricultura. Ligado por laços familiares ao diretor-gerente da empresa, Hermann Moraes Barros, o Dr. Luiz, como era chamado, passaria a vir para Maringá rotineiramente, a partir de outubro de 1949, sempre acompanhado da esposa Adélia Mattos Mendes. Nos dias em que permanecia na cidade, o casal ocupava uma casa que lhe fora cedida ao lado de outra que, anos mais tarde, seria habitada por Anníbal e Apparecida Thereza.
O primeiro trabalho do Dr. Luiz foi a criação do Horto Florestal, onde seriam produzidas as mudas de árvores. Com área de 37 hectares, essa reserva conserva até hoje intacta a mata nativa original. Trata-se de um retrato vivo, de inestimável valor histórico, de como seria a região antes da chegada dos desbravadores. Ali vegetam exemplares seculares de gurucaias, cedros, marfins, alecrins, paus d'alhos, perobas, figueiras e tantos outros. A idéia da constituição do Horto não era apenas a de preservar um belo pedaço de mata junto à cidade. O objetivo da empresa era o de ir além, pois desejava também que este empreendimento fosse o núcleo inicial de um futuro instituto científico, e que fizesse escola em seu trabalho de arborização urbana.
Conta o pioneiro e historiador Antenor Sanches que a criação do Horto Florestal se deve à intervenção pessoal de Hermann Moraes Barros, diretor-gerente da Companhia Melhoramentos. No final dos anos 40, o então governador Moysés Lupion, que esteve no comando do Estado entre 12 de março de 1947 a 31 de janeiro de 1951, teria entrado em entendimento com a empresa visando a instalação de uma pedreira em Maringá. O objetivo seria, certamente, contar com uma fonte de extração de pedras para suprir o rápido processo de desenvolvimento da região, sobretudo na melhoria das estradas. A pedreira, no entanto, tão logo começou a operar, promoveu estragos de tal ordem que Hermann, apreensivo, entrou em contato com o governador para informar-lhe que a mesma seria imediatamente desativada, o que aconteceu. Na seqüência, determinou que o lugar fosse preservado. A detonação de rochas teria aberto uma cratera no local que mais tarde seria inundado para a formação da lagoa ali existente.
Um dos motoristas da companhia naquela época, José Mauri Sibisquini, relatou que Hermann Moraes Barros costumava falar de sua especial predileção pelo Horto. Teria dito inclusive de sua vontade, após a morte e a cremação do corpo, que suas cinzas fossem esparramadas por aquele recanto. .....
Lembra Anníbal que o Dr. Luiz era um homem franzino, de estatura baixa, extremamente simpático e apaixonado pela natureza. “Não gostava, por exemplo, que removessem nem mesmo uma teia de aranha nas árvores, pois dizia que era preciso respeitar a vontade da natureza”.
O engenheiro diz que foi uma felicidade para Maringá ter podido contar com o trabalho do Dr. Luiz em seus primeiros anos. Nesse sentido, elogia a visão dos dirigentes da Companhia Melhoramentos, que garantiram todo o respaldo necessário. A empresa custeou suas diárias e Hermann Moraes Barros C i a M e l h o r a m e n t o s
![](https://assets.isu.pub/document-structure/200408132331-020dd3c2b8964da1fe0c1a6ab4431089/v1/072297e5376e004c5e069e5b05af1688.jpg?width=720&quality=85%2C50)
![](https://assets.isu.pub/document-structure/200408132331-020dd3c2b8964da1fe0c1a6ab4431089/v1/aa37227bb82519e72e752efdae532e77.jpg?width=720&quality=85%2C50)
todas as despesas, disponibilizou a reserva florestal e a estrutura para o funcionamento do Horto, arregimentou equipe de trabalhadores destinada à produção de mudas, plantio e cuidados com as mesmas após plantadas - incluindo a construção de grades protetoras de madeira -, veículos para rega, enfim. Mais do que tudo isso, foi criado um plano completo de arborização para Maringá, acrescenta Anníbal, sendo ele próprio, na função de engenheiro agrônomo, nomeado como assistente do Dr. Luiz. Dessa forma, ambos viajaram pela região e até mesmo para outros Estados em busca de mudas e sementes destinadas à multiplicação.
As primeiras mudas, de jacarandá mimoso, foram plantadas na rua Joubert de Carvalho, no centro. A partir daí, o plantio não parou. O funcionário da Companhia, Geraldo Pinheiro da Fonseca, era encarregado do plantio, cabendo a ele plantar a primeira árvore do perímetro urbano, na esquina da avenida Duque de Caxias com a rua Joubert de Carvalho, em frente ao escritório da empresa colonizadora.
Mineiro de Montes Claros, onde nasceu a 7 de setembro de 1920, Geraldo Pinheiro da Fonseca desembarcou em Maringá no ano de 1946, depois de uma passagem por Londrina, para trabalhar como responsável pelo setor de topografia, demarcando os lotes que eram colocados à venda pela CMNP. Homem simples e autodidata, apreciava a leitura e trazia a experiência de ter atuado, ainda em Minas, como responsável pela produção de algodão do Grupo Guararapes, fabricante de tecidos. Como ouvia muito rádio, foi despertado pela intensa propaganda que a Companhia fazia do Norte do Paraná, cujas mensagens, lembrava ele, tinham como slogan: “Venha conhecer o Paraná e depois mande buscar a família”.
Geraldo costumava lembrar que após a chegada de Luiz Teixeira Mendes em 1949, formou-se um grande viveiro de mudas para dar início ao processo de arborização. No entanto, não se sabendo ao certo as razões, o plantio da primeira leva de árvores resultou em insucesso: quase todas morreram. Chamado em seguida para coordenar a tarefa de plantar as mudas pelas ruas, ele desempenharia seu trabalho com grande dedicação, inclusive nos finais de semana e feriados, sem que houvessem novas perdas. Recordava também que árvores tiveram que ser replantadas várias vezes pela avenida Duque de Caxias, porque quase sempre as mudas eram destruídas durante manobras de caminhões.
Ele casou-se em 1955 com a mineira Eva Augusta da Fonseca, de cuja união nasceram os filhos Lídia, Eraldo e Geraldo. Em 1956, deixou a empresa para montar seu próprio viveiro. Geraldo Pinheiro da Fonseca faleceu no dia 11 de fevereiro de 1998, aos 78 anos.
Entre esses pioneiros, Altino Cardoso, mineiro de Vila Brasília, desponta como o primeiro jardineiro de Maringá, tendo aqui chegado em 1948 para trabalhar inicialmente na Companhia Melhoramentos e, mais tarde, na Prefeitura Municipal. Braulino Pereira, por sua vez, foi um dos primeiros funcionários do Horto Florestal, dedicando-se a várias tarefas, inclusive à produção de mudas destinadas à arborização da cidade. Geraldo Pinheiro da Fonseca A c e r v o L í d i a M a r ó s t i c a