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Nas ruas, árvores de várias regiões do País

Avenida Getúlio Vargas, 1954

Oconjunto de espécies que formaria a grande massa verde de Maringá teria origens diversas. A grevílea robusta, por exemplo, hoje presente em avenidas e parques, foi trazida da sede do Serviço Florestal de São Paulo, localizado na Serra da Cantareira, que por muito tempo estivera sob a chefia do Dr. Luiz. De Campinas vieram, originariamente, as sementes e mudas de flamboyants, sibipirunas, tipuanas, pau-ferro e tantas outras, abundantes atualmente por toda a cidade. Como não poderia deixar de ser, a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, através da seção de Horticultura, também O

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contribuiria, fornecendo exemplares de palmeiras e também das tamareiras que hoje ornamentam algumas avenidas centrais.

Por outro lado, a introdução de certas espécies foi possível colhendo sementes na mata. É o caso do ipê-roxo, que despertava o especial interesse do engenheiro Anníbal. Sempre que tinha uma visão panorâmica da floresta, em particular na região que era conhecida como Serrinha do Camargo (hoje o município de Doutor Camargo, perto de Maringá), observava ele com incontida admiração que, em muitos pontos, salpicados, o ipê se manifestava com toda a sua majestade. Graças ao trabalho de mateiros destemidos como Antonio Dálio Azevedo, habituados à rusticidade da vida no sertão, foi possível alcançar muitos desses ipês, escalá-los e colher as cobiçadas sementes. Hoje, essa espécie viceja, principalmente, na Avenida Brasil, a mais importante da cidade.

Da Região Sul do Paraná e também de Santa Catarina, Maringá recebeu mudas de bromélias, orquídeas e outras plantas ornamentais.

Segundo o engenheiro Anníbal, o plano de arborização teve por objetivo o plantio de espécies que fossem as mais adequadas possíveis, visando o embelezamento, a boa qualidade de vida dos cidadãos e também para que, como resultado final, a cidade fizesse escola, servindo de modelo para outras.

Bem sucedido, o plano de arborização não demorou a chamar a atenção dos administradores públicos de vários municípios.

Certa ocasião, na década de 60, Anníbal recebeu a visita em sua casa do secretário municipal de Londrina, Adriano Valente - que no futuro viria a ser prefeito de Maringá - que o procurara a pedido do então prefeito daquela cidade, Milton Menezes, interessado na formação de um horto florestal, o que viria a acontecer em seguida.

Cidades como Cianorte, Umuarama, Nova Esperança, Cruzeiro do Sul, Mandaguaçu, Paranacity, Colorado e Jussara, entre outras, todas no Paraná, também foram inspiradas no projeto maringaense para arborizar suas vias e parques.

A fama de Maringá extrapolaria as divisas do Estado: durante o governo de Carlos Lacerda, no Rio de Janeiro, a arborização do aprazível Parque do Flamengo contaria com uma especial deferência da verdejante cidade paranaense, que, solicitada, cederia um lote de 200 mudas de sibipirunas para compor sua vegetação.

Editado em 1992, o livro “Árvores Brasileiras”, um manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil, de autoria do estudioso Harri Lorenzi, cita que o plantio de espécies nativas em ruas, avenidas parques e praças públicas ainda é prática insignificante no País, a despeito da riqueza da flora brasileira, o que ocorre exclusivamente por desconhecimento das nossas espécies.

Desde o início da colonização foram trazidas de outros países as espécies para arborizar ruas e praças. Esse fato foi um dos responsáveis pela quase extinção de muitas variedades de pássaros

devido a não adaptação ao consumo dos frutos das árvores exóticas. Das nativas, apenas algumas variedades de ipês, a sibipiruna, o oiti e o coqueiro-jerivá são relativamente plantadas nas áreas urbanas. Acredita-se, pois, que mais de 80% das árvores cultivadas nas ruas das cidades brasileiras são da flora exótica.

Evidentemente, nem todas as espécies de árvores da flora nacional prestam-se para o plantio com essa finalidade. Muitas apresentam porte demasiadamente alto ou raízes volumosas, enquanto outras possuem frutos enormes ou quebram galhos facilmente com o vento, oferecendo risco à população. A grande maioria, entretanto, pode ser plantada em praças, parques e grandes avenidas.

Entre as principais espécies cultivadas nas vias públicas de Maringá, encontram-se sibipirunas, tipuanas, alecrins, jacarandá mimoso, diferentes variedades de ipês, flamboyant, grevílea robusta, figueiras brancas, bougainvilleas, palmeiras, tamareiras, rebelines, coqueirosanão, coqueiros nativos, ficus elástica, pau-ferro, canelinha-cheirosa e pata-de-vaca.

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