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Uma cidade em efervescência

A chegada da primeira composição ferroviária, em 31 de março de 1954

Os anos 50 foram especialmente interessantes para a jovem cidade, que crescia de forma muito rápida. Em 1954, fato de especial relevância foi a chegada, em clima dos mais festivos, da primeira composição ferroviária, puxada pela “Maria Fumaça”, locomotiva que hoje pode ser vista como relíquia no interior no Parque do Ingá. O primeiro trem de passageiros chegou às 12 horas do dia 31 de março. O

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Em 24 de março de 1957, com apenas 9 anos, Maringá tornava-se sede de bispado, assumindo as funções de primeiro bispo, dom Jaime Luiz Coelho, vindo de Ribeirão Preto, que cumpriria sua missão episcopal por 40 anos. Acima, a antiga Igreja Nossa Senhora da Glória. Ao lado, exemplar da publicação Norte do Paraná em Revista, de setembro de 1958, com uma projeção da moderna Catedral de Maringá, idealizada pelo arquiteto José Antônio Belucci.

Em 1956, a Companhia Melhoramentos fazia inaugurar o Grande Hotel - atual Maringá Bandeirantes Hotel -, passando a oferecer, assim, condições mais confortáveis de acomodação aos que chegavam. Aliás, a existência desse hotel possibilitaria a realização de dois grandes eventos que ficariam marcados naqueles primeiros anos do município: em 1957, um congresso internacional de geografia, que trouxe à cidade vários especialistas e convidados de renome; o segundo, em maio de 1958, o Festival Nacional de Cinema, organizado por Renato Celidônio e com a presença de alguns dos mais importantes cineastas e atores da época.

Detalhe da futura praça José Bonifácio, com o Posto Maluf à esquerda

Outro fato a merecer especial destaque nos anos 50 foi o grande movimento que registrava o Posto Maluf, construído no início daquela década por Alfredo Maluf, ele mais um paulista vindo de Ribeirão Preto. Era, simplesmente, até então, o que mais vendia combustíveis na América Latina. O posto retratava a odisséia da região: ficava na saída da cidade em direção ao “Maringá Velho”, de onde se partia para vários outros municípios que iam sendo fundados pela Companhia, entre eles Cianorte e Umuarama. Surpresa, a companhia Esso chegou a enviar, por várias vezes, emissários para ver de perto esse fenômeno em Maringá. .....

A praça Napoleão Moreira da Silva, no centro de Maringá, era um bosque de essências nativas mantida pela Companhia Melhoramentos. Segundo Anníbal Bianchini, entre as espécies estavam perobas, gurucaias e outras, mas o bosque teve vida curta. Isto porque o segundo prefeito de Maringá, Américo Dias Ferraz (1957-1960) brigou com a companhia e, como vingança, mandou derrubar todas as árvores nativas. A empresa então construiu a praça, ajardinou, arborizou e a entregou para a cidade durante o primeiro governo de João Paulino Vieira Filho, que sucedera Américo Dias na prefeitura. .....

O poeta Ary de Lima (ao lado), mineiro de São Sebastião do Paraíso, onde nasceu a 27 de setembro de 1914 e de onde mudou-se em 1953 para Maringá com o objetivo de gerenciar o Banco Mineiro da Produção, tendo sido vereador e deputado federal, escreveu a letra do Hino à Maringá. A música é de autoria do italiano Aniceto Matti, um maestro que, em 1948, pouco tempo depois de chegar ao Brasil, vendeu seu piano e seguiu rumo à Argentina, onde pretendia fixar-se. Em 1953, no entanto, apareceu em Londrina para conhecer o cultivo de café e acabou sendo trazido para Maringá. Na cidade, fez amizade com Joaquim Dutra, que o empregou na Rádio Cultura, e com o professor Geraldo Altoé, através do qual passou a dar aulas de educação artística no Colégio Estadual Dr. Gastão Vidigal.

HINO À MARINGÁ Música: Aniceto Matti Letra: Ary de Lima

Quem te avista, nos dias de agora, Acenando ao porvir da esperança, Adivinha a floresta de outrora Que embalou tua vida criança. Há em ti a grandeza imponente De um passado que exemplos nos dá: Se és glória da Pátria contente, És orgulho do teu Paraná.

Estribilho: Linda flor, a mais gentil, Do Norte do Paraná, (bis) És orgulho do Brasil, Nossa amada Maringá.

O teu vulto traduz a mensagem De teu passado coberto de glória, Arrancando à floresta selvagem Para eterno viver na história. Um poema de luz para o mundo O teu nome sublime será, E de nosso afeto profundo Sempre filha serás, Maringá.

Estribilho: Linda flor, a mais gentil, Do Norte do Paraná, (bis) És orgulho do Brasil, Nossa amada Maringá.

Teu encanto de hoje é retrato Das belezas que Deus espalhou Como bênçãos do céu sobre o mato Que a tua grandeza enfeitou. A poesia de todos os ninhos, É uma luz que acende fulgores, Clareando teus novos caminhos.

Estribilho: Linda flor, a mais gentil, Do Norte do Paraná, (bis) És orgulho do Brasil, Nossa amada Maringá.

Outro filho de São Sebastião do Paraíso, Reynaldo Costa, que aqui chegou aos 15 anos com a família entre 1950/51, acompanhando os pais Alfredo e Dolores e 11 irmãos, também perpetuaria seu nome na história da cidade. Desenhista e estudioso de heráldica, no começo dos anos 60, durante a primeira gestão do prefeito João Paulino Vieira Filho, ele idealizaria o brasão e a bandeira de Maringá. No brasão foram representados a Companhia de Terras, a lira (simbolizando a música que deu origem ao nome da cidade), o machado, primeira ferramenta a ser usada pelos desbravadores, o Cruzeiro do Sul (referência à brasilidade) e o campo vermelho, lembrando a bravura e a intrepidez dos pioneiros.

Da mesma forma, as três cores da bandeira têm seus significados. O branco representa a paz que marcou o desbravamento da região; o amarelo, a riqueza gerada pelo trabalho nas lavouras e, o vermelho, o espírito impetuoso e realizador dos que aqui chegaram em tempos tão difíceis.

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