10 minute read

COLUNAS

Next Article
MODA

MODA

AMIGDALITE CRÔNICA

Cirurgia e imunidade.

Advertisement

As amígdalas são estruturas, semelhantes a “bolinhas”, que ficam localizadas na faringe (garganta), formadas por tecido linfóide e fazem parte da defesa do organismo. Chamada de amigdalite, a inflamação das amígdalas causa sintomas como mal-estar, febre e dor de garganta, gerando prejuízo na rotina. Essas infecções, às vezes, são pontuais, e o tratamento com antibióticos pode ser o mais indicado.

Muitos pacientes, porém, têm suas amígdalas colonizadas por um biofilme, uma forma de organização na qual as bactérias se juntam e ficam mais fortes, dificultando o combate com antibióticos e causando infecções de repetição. Existem opções de tratamentos clínicos, como os lisados bacterianos, que são medicações feitas com pedaços de bactérias inativas e promovem maior agilidade do sistema imunológico. Tal tratamento tem boa eficácia na redução da frequência das amigdalites, mas nem todos respondem positivamente.

Nesses casos, assim como em complicações causadas por amigdalites, o tratamento convencional não é resolutivo, levando à indicação de cirurgia para remoção das amígdalas: a amigdalectomia. Ela é um dos procedimentos mais realizados no mundo (principalmente em crianças) e é muito comum que os pacientes tenham dúvidas a respeito. Um dos questionamentos mais comuns relacionados à cirurgia de remoção das amígdalas é: “Doutor, minha imunidade vai diminuir após a cirurgia?”

Essa questão é bastante pertinente, pois a função primordial das amígdalas é exatamente servir de apoio ao sistema imunológico na região da faringe, especialmente relacionadas com a imunidade das mucosas (chamado de sistema MALT). Mas o que nos mostra a literatura científica é bem tranquilizador.

Uma revisão sistemática publicada em 2019, procurou avaliar a imunidade de crianças antes e após a remoção das amígdalas. Demonstrou-se que a imunidade do paciente não altera de forma significativa, nem no pós-operatório imediato, nem no tardio. Nesse estudo, avaliou-se a imunidade humoral (relacionada a imunoglobulinas) e a celular (relacionada aos linfócitos). Os autores do trabalho concluem que outras estruturas linfóides (adenoide, tonsilas linguais, etc.) assumiriam o papel das amígdalas na defesa da garganta contra infecções.⠀

Resumindo, especialmente se a cirurgia for indicada por amigdalites de repetição, o efeito sobre a imunidade é bem positivo: o paciente adoece menos, reduz a ingestão de antibióticos e melhora sua qualidade de vida.

CASARÃO

Tem histórias que começam agora e outras que já começaram há um tempo. Algumas estão edificadas, outras se edificando. Em todas elas, as memórias são as ferramentas para a construção e comprovação do que já passou.

Nessas andanças por todo o lugar, a observação atenta do nosso entorno nos permite reconhecer que o passado sobrevive no tangível e no intangível. Nos caminhos percorridos, edificam-se mais do que um “amontoado de pedras” as construções que já serviram para muita coisa. Na rua que leva o nome do doutor, lá perto do velho novo e atual terminal rodoviário municipal, existe um casarão que arde em memórias. Ele é grande como o nome diz, e velho como as madeiras que o suportam: passa dos 70 anos. Pra gente que, como município, completou 87 anos de emancipação política, essa edificação é histórica, pois já acolheu uma fábrica e distribuidora de vinhos, pequenos comércios e um hotel, um dos mais antigos de Concórdia.

Nas passagens pelo lugar do tempo e do espaço onde está, as pessoas chegaram e partiram, levando com elas lembranças vividas e memórias vívidas do que se passou. Como a senhora que conta, pois quando menina, brincou nesse casarão. Correu tanto que numa subida de escada caiu e cortou a canela, marcada no corpo até hoje. O pai da menina que brincava foi quem construiu o casarão. Ele também recebia as uvas e os barris de madeira, gigantes, que ainda saltam da memória da senhora. Ao lado da fábrica existia uma casa noturna. Para que não vissem o que acontecia lá dentro, duas grandes madeiras foram colocadas na janela da vizinha para que as crianças não acompanhassem a movimentação. Dessas coisas a menina lembra também, porque memória é difícil de apagar, mas fácil de apegar.

O casarão foi acompanhando o tempo, ano após ano, ocupando a paisagem urbana. O piso de madeira foi ficando gasto, as paredes já tinham pequenas cicatrizes, como a canela da menina. Foi ficando quietinho, dividindo o espaço com prédios modernos e cheios de vidro, concreto e aço. As pessoas continuam a chegar e a partir do hotel e nos mototáxis com quem o hotel divide o lugar. As lojas no andar térreo vendem motosserras, fertilizantes, cadernos capa dura, tinta guache. A edificação, agora mais velha, mostra os sinais do tempo aos transeuntes e aos hóspedes.

Em julho de 2021, numa tarde comum de dia limpo e com sol, as rádios da cidade noticiaram uma grande perda: o Hotel Casarão pegou fogo. Sob os olhares dos concordienses, a madeira estalava, o telhado caía e o branco do hotel se transformava em puro carvão. Interditado, foi fechado sob risco de desabamento total. Ninguém sabe dizer se aquele "amontoado de pedras” voltará a abrigar qualquer coisa. As únicas coisas que sobraram desse patrimônio são aquelas que quase ninguém tira: a memória de quem viveu ou de quem viu a história ardendo em chamas.

SEGURO DE RESPONSABILIDADE CIVIL PARA MÉDICOS

Ter ou não ter, eis a questão!

Primeiramente, é necessário esclarecer que seguro de responsabilidade civil não tem nada a ver com “assessoria jurídica preventiva”. O seguro visa a proteção patrimonial do profissional, pois ele serve para custear (ou auxiliar nos custos) eventual condenação pecuniária, ou seja, serve para tratar os efeitos do problema, e não suas causas.

De todo modo, importante registrar que se utilizado como ferramenta de gerenciamento de risco legal, aliado a um bom programa preventivo (assessoria jurídica especializada), o seguro pode sim se tornar um elemento importante na defesa do médico.

Já a assessoria jurídica preventiva tem o objetivo de verificar regularmente os riscos, adotar fluxos, estabelecer critérios e priorizar medidas. Não basta ser apenas bem preparado profissionalmente e entregar um trabalho de qualidade, agindo com cautela, cuidado e perícia, é imprescindível agir de maneira diligente e ter as informações necessárias devidamente produzidas e arquivadas, cumprindo determinados requisitos legais para obter segurança jurídica.

Segundo o professor Eduardo Dantas, “a orientação legal é um elemento importante de segurança jurídica. Recomendações aparentemente simples, quando não observadas, tendem a se transformar em um problema em potencial, uma 'bomba relógio' que pode gerar consequências financeiras, e de reputação, quando não cuidadas da maneira devida”.

Nesta toada, em que pese muitos se dizerem “seguros preventivamente” em razão de terem contratado o seguro de responsabilidade civil, isso não é uma verdade absoluta.

Quando se analisa o crescente número de demandas movidas em face da classe médica, chega-se a uma única conclusão: é chegada a hora de se preparar para este enfrentamento!

Ao longo dos tempos a relação médico-paciente, que antes era uma relação totalmente verticalizada, dá lugar a uma relação mais equilibrada e horizontalizada, na qual o paciente ganha mais autonomia e, consequentemente, gera um ambiente de insegurança jurídica que facilita a existência de um maior número de demandas.

VOCÊ SE PERMITE FALHAR?

Como costuma reagir quando falha? Você se cobra demais?

Já parou para pensar quanta coisa você já deixou de fazer por medo de falhar? E será que é somente o medo de falhar ou medo do que os outros vão pensar caso isso aconteça? Gosto muito de uma frase de Freud que define exatamente isso que estou querendo dizer: “Nós poderíamos ser muito melhores se não quiséssemos ser tão bons.”

Na tentativa de sermos perfeitos, para nos sentir aceitos, muitas vezes nos tornamos exigentes e rígidos demais em nossas próprias vidas, sem perceber que o chicote da autocrítica somos nós mesmos que seguramos. Cobramos muito de nós. Exigimos muito de nós. Se quer ser melhor para si mesmo, desapega da perfeição e aceita a aventura de ser humano. Acolha as suas emoções e lide melhor com as suas falhas. Flexibilize com você mesmo e aprenda a ligar um botão chamado “não estou nem aí para o que vão pensar”.

Muitas vezes, esperamos estar prontos, preparados, capacitados, para só então iniciar algo novo, arriscar, experimentar novas possibilidades. Se pudesse te dar um conselho, seria este: Primeiro comece, depois fique bom. Não existe momento perfeito, você deve criar as próprias oportunidades (e esteja disposto a falhar – e aprender com as falhas).

Pessoas que vivem a vida com verdadeira leveza são pessoas flexíveis diante de si mesmas, da vida e dos outros. Que não se cobram tanto. O que acontece é que a inflexibilidade e autocobrança são, muitas vezes, um indício de uma enorme fragilidade na sua autoestima. É a insegurança que nos faz querer controlar a vida, endurecendo as nossas convicções, emoções e atitudes, criando exigência e rigidez consigo e com os outros.

A falta de flexibilidade e de resiliência interna torna a sua rotina pesada, te faz perder horas e horas a lamentar o que não deu certo e esgota a sua energia a tentar manter as coisas como acha que é “certo – perfeito”. Dica de ouro: Quando falhar, diga “Falhei, o que eu posso aprender com isso?”. Não se lamente. Desculpe-se e aprenda a lição. O primeiro “perdão” deve partir de você para você, e não do outro.

Experimente se flexibilizar mais, experimente flexibilizar a sua atitude e capacidade de tolerar a falha, não se cobrar tanto. Experimente relaxar a autocrítica e o autojulgamento. Experimente fazer aquilo que te faz feliz, sem medo de falhar. Experimente cobrar menos dos outros. Julgar menos os outros. Experimente.

A RECEITA DA CRIATIVIDADE

“Inovar não é ficar quebrando a cabeça atrás de algo que não existe, isso aí é tentar separar o polvilho do pão de queijo depois de assado!” Ouvi essa frase há algum tempo e achei que retrata muito bem essa questão da inovação.

Existem vários tipos de inovação, como já mencionamos aqui: Inovação é uma nova ação que gera resultados. Inovar é pensar, refletir, olhar ao seu redor, descobrir algo que incomoda você e que pode ser melhorado e, então, partir para a ação. Mas como parar e refletir? Como ter boas ideias? Como desenvolver a criatividade para inovar?

Pedro Superti, no livro Ouse Ser Diferente, compara o processo criativo a uma receita de bolo. Acredito que fica mais fácil entender com esse exemplo.

Ingredientes: Você não cria os ingredientes, eles estão disponíveis no mercado para qualquer um acessar. No caso do bolo: leite, açúcar, ovos, etc. No seu caso são suas vivências, experiências, os livros que leu, as viagens que fez, o networking com seus amigos, dentre outros. Tudo isso fica armazenado no seu cérebro para quando precisar da informação. Você vai lembrando e conectando. O papel do nosso cérebro é rearranjar tudo isso para criar novos resultados.

A receita: É o método ou a combinação dos ingredientes. No caso do bolo: o passo a passo, a fórmula ou o processo para que o bolo fique bom (e bonito, preferencialmente). No processo criativo é o momento de testar coisas diferentes. Com os ingredientes eu posso fazer inúmeras receitas, até receitas nunca feitas antes. Mas preciso testar e validar.

O problema aqui é que as pessoas têm medo de errar e por isso não querem testar. Mas, quando se fala em inovação, errar faz parte do processo! Pense nisso.

Bolo final: União dos ingredientes e a sua receita. Aqui eu acrescento a execução, que no caso do bolo é a temperatura certa e o tempo certo no forno = Resultado.

Não tenhamos pressa, mas não percamos tempo. O mundo é muito dinâmico, o timing está cada vez mais acelerado. Então, mão na massa! O segredo é utilizar os ingredientes disponíveis, mas fazer a sua receita de forma diferente. A maioria usa os mesmos ingredientes todo dia, faz a mesma receita e quer resultados diferentes.

Outro problema que ouço muito é "mas como tirar a ideia do papel?"

Tem um método que utilizo muito quando tenho uma nova ideia: - Escolha um problema para solucionar (se sua ideia não for solucionar um problema, ligue o botão de alerta!);

Liste muitas possibilidades (brainstorming ou tempestade de ideias); - Elimine as menos viáveis; - Priorize as melhores para executar; - Elabore uma planilha estilo 3W1H (What? Where? When? How?). O que precisa ser feito? Quem vai fazer? Como será feito? Quando será feito?

Além destas perguntas, adicione o status, ou situação, para acompanhar semanalmente e o andamento das execuções.

Espero que gostem dessas dicas, estou na torcida pela receita e até a próxima!

This article is from: