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Diretrizes - MMT e NBR 15220

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Dados do INMET

Dados do INMET

claras podem auxiliar com a quantidade de iluminação advinda do meio externo, ao passo que, se compostas com um material muito reflexivo, como alumínio, vidro ou afins, podem provocar ofuscamento. O controle da insolação nas fachadas e nas aberturas pode se dar pela implementação de brises, sendo um dispositivo de grande relevância para a atenuação da absorção da energia térmica pela radiação solar. Corbella e Corner (2011, p. 69) explicam que, no hemisfério sul, a orientação norte é influenciada mais significativamente pela trajetória horizontal do sol, sendo recomendado que o brise também seja disposto horizontalmente, enquanto que nas fachadas Leste, Oeste e - em menor grau - Sul, a influência da trajetória solar se dá de forma vertical, sendo preferível brises dispostos verticalmente, demonstrando como devem ser analisados do ponto de vista geométrico.

Frota e Schiffer (2007, p. 44-48) explicam que os brises possuem características distintas quando vinculados a paredes opacas ou vedações translúcidas, sendo que nesse segundo caso ainda podem ser incorporados dentro das edificações, como observado nas Figura 10, 11 e 12. Quando inseridos internamente, esse elemento arquitetônico tende a ser menos eficiente, pois, como explicam Corbella e Corner (2011, p. 70), “interceptam os raios solares depois que atravessam o vidro, produzindo o efeito estufa”, permitindo um maior acúmulo de energia térmica dentro do ambiente interno.

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Considerando, portanto, que diversos aspectos relacionando os elementos climáticos com o ambiente construído foram apresentados, julga-se pertinente abordar o caso específico de Presidente Prudente. Com isso, serão levadas em conta as recomendações para o projeto arquitetônico utilizando do Método de Mahoney Tradicional (MMT) e diretrizes construtivas descritas para a Zona Bioclimática 6 da NBR 15220 (2003).

O MMT, de forma geral, fundamenta-se em analisar os dados climáticos locais e, por meio de um diagnóstico, resulta em um total de indicadores que especificam quais as recomendações para o projeto arquitetônico na localidade especificada, como explicado por Sena (2004, p. 24). Com isso, para a realização do MMT, foram utilizados os dados climáticos de 2010 a 2020 disponibilizados pelo INMET, resultando na Tabela 4.

Portanto, foi necessário seguir as diversas etapas de análise dos dados, que consistem basicamente em:

1. dispor valores das temperaturas médias máximas, das temperaturas médias mínimas, da umidade relativa e da precipitação (chuva), sendo possível obter a amplitude térmica, a temperatura média anual (TMA) - por meio da média aritmética entre a maior temperatura média máxima e a menor temperatura média mínima - obtendo-se 23,8º C, e a amplitude média anual (AMA) - através da subtração do maior pelo menor -, obtendose 12,6º C;

2. realizar o diagnóstico do clima por meio dos parâmetros do método para os limites de conforto, responsáveis por relacionar a temperatura média anual (TMA) com a umidade relativa de cada mês, resultando em temperaturas de limite superior e temperaturas de limite inferior tanto para o período diurno (temperatura máxima), quanto para o período noturno (temperatura mínima). Dessa forma, utilizando os valores obtidos, foi possível obter os indicadores Q, C e F, diferenciando pelo seguinte critério: “Q – Quente”, quando a temperatura diurna ou noturna era maior que os limites encontrados; “C – Confortável”, quando a temperatura era maior que o limite inferior e menor que o limite superior; e “F – Frio”, quando a temperatura era menor que os limites encontrados;

3. contar a quantidade de vezes em que os seis diferentes indicadores (U1,

U2, U3, A1, A2 e A3) são apresentados na tabela, sendo necessário, portanto, seguir o método para os indicadores, responsável por relacionar o período diurno ou noturno (temperatura máxima ou mínima), com a quantidade de chuva e com a variação de umidade. Com isso, considerando que o valor “1” representa a situação em que o parâmetro foi atendido e “0”, o contrário, observa-se que Presidente Prudente possui:

a. 8 indicadores para U1 – Ventilação indispensável;

b. Nenhum indicador para U2 – Ventilação conveniente;

c. 1 indicador para U3 – Proteção contra chuva;

d. 11 indicadores para A1 - Inércia Térmica;

e. Nenhum indicador para A2 – Dormir ao ar livre;

f. Nenhum indicador para A3 – Problemas com estação fria;

4. e, por fim, relacionar a quantidade de indicadores com as recomendações para o projeto arquitetônico, baseando-se na implantação, espaçamentos, ventilação, tamanho, posição e proteção das aberturas, paredes e pisos, coberturas e a relação com o exterior, como pode ser observado na Tabela 4.

A NBR 15220 (2003), dentre outros objetivos, subdividiu o território brasileiro em oito zonas bioclimáticas, ou seja, uma região geográfica homogênea quanto aos elementos climáticos. Além disso, a norma propõe um agrupamento de diretrizes construtivas para cada zona, com a finalidade de sugerir uma melhor adequação climática em relação ao edifício, fundamentando-se nos seguintes parâmetros: tamanho das aberturas para ventilação, proteção das aberturas, vedações externas (tipo de parede externa e tipo de cobertura) e estratégias de condicionamento térmico passivo.

Além disso, a norma utilizou uma carta bioclimática, adaptada daquela apresentada por Givoni (1991), autor que buscou relacionar o homem, o clima e a arquitetura através das trocas de calor entre o ser humano e o meio, tanto pelas respostas fisiológicas e sensoriais, quanto pelos efeitos biofísicos no ambiente, como afirma Bagnati (2013, p. 40). Nesse estudo publicado em 1991, Givoni explica que as cartas bioclimáticas têm como objetivo facilitar a análise do conforto térmico de um determinado espaço, sempre com base no ponto de vista do ser humano, pois leva em conta os parâmetros psicológicos, relacionando-os à temperatura e umidade dos diferentes períodos do ano. Como resultado dessa análise, é possível obter diversas diretrizes que buscam melhorar as condições de conforto dentro do ambiente construído, as quais a norma utilizou como base para a apresentação dos parâmetros e estratégias de condicionamento térmico.

Presidente Prudente está localizada na Zona Bioclimática 6, a qual abrange 12,6% do território nacional - como observado na Figura 13 -, em que as estratégias com base na carta bioclimática da NBR 15220 (2003) se baseiam em “C - Zona de massa térmica para aquecimento”, “E - Zona de Conforto Térmico” e “I + J - Zona de Ventilação”.

Dessa forma, para a ZR6, as diretrizes construtivas são:

I) tamanho das aberturas para ventilação = médias, ou seja, a área da abertura deve ter metragem quadrada entre 15% e 25% da área do piso;

II) proteção das aberturas = sombrear aberturas, pois o sombreamento

funciona como uma barreira que controla a absorção da radiação solar, evitandose o aquecimento do ambiente (ANDRADE; 1996).

III) paredes = pesadas, ou seja, paredes que possuam transmitância térmica (U) menor ou igual a 2,20 W/m². K, atraso térmico (φ) maior que 6,5 horas e fator solar (FSo) menor ou igual a 3,5%.

IV) coberturas = leves e isoladas, ou seja, coberturas que possuam transmitância térmica (U) menor ou igual a 2,00 W/m². K, atraso térmico (φ) menor que 3,3 horas e fator solar (FSo) menor ou igual a 6,5%.

Portanto, evidencia-se a necessidade de relacionar as informações obtidas por meio do Método de Mahoney Tradicional (MMT) com as diretrizes construtivas da NBR 15220 (2003) no desenvolvimento da proposição das habitações climáticas, bem como a discussão das estratégias bioclimáticas propriamente ditas.

Figura 13 - Zona Bioclimática 6

Presidente Prudente

Fonte: NBR 15220 (2003). Edição pontual: Flávio Dantas (2021);

Tabela 4 - Recomendações do Método de Mahoney Tradicional (MMT)

Fonte: Adaptado de Königsberger, O. H. et al (1977). Elaboração: Flávio Dantas (2021)

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