Observatório da Indústria Extrativa e Mineral
O BOOM DA MINERAÇÃO E SEUS EFEITOS Por que um boom? Nos últimos 10 anos, a participação da indústria extrativa mineral no PIB cresceu 156%. Em 2000 representava apenas 1,6%, e em 2011 passou para 4,1%. A produção mineral brasileira, excluindo a atividade petroleira, alcançou patamares recordes nesse mesmo período.
Gráfico 1:
Gráfico 1: Evolução da Produção Mineral Evolução da Produção Mineral Brasileira
Brasileira em US$ bilhões
2008 = US$ 28 Bilhões
2009 = US$ 24 Bilhões
2010 = US$ 39 Bilhões
2011 = US$ 50 Bilhões
Em 2011 o Brasil produziu cerca de US$ 50 bilhões em minérios. Mais de 90% dessa produção é direcionado para o mercado internacional, o que representa quase 20% do valor total exportado pelo Brasil para o mundo. Mais de 43% de nossas exportações são destinados à China, e só o minério de ferro representa mais de 80% do volume exportado. Em 2010, foram 153 milhões de toneladas de minério de ferro enviadas para a China.
Tabela 1: Tabela 1: Resumo do comércio exterior por Resumo do comércio exterior por substância em 2011 substâcia em 2011 (em US$ mil)
50
EXPORTAÇÕES
40 30 25
Crescimento 2001/2011 = 550%
20
10
1.572.792
Ouro
5.239.841 3.784
Potássio
3.502.855
Cobre
1.142.245
20 0 20 8 0 20 9 10 20 11
6
19 98
19 9
19 9
19 92
19 84
19 80
20 04
256.564
20 06
Pedrâs Nât./
20 02
206.519
20 00
Rocha Fosfática
4
261.265
19 90
183.84
Câulim
19 86
Zinco
19 88
305.696
19 82
Manganês 19 78
0
Outros
e Gás.
43.000 43.000
35.360
Países de destino
IMPORTAÇÕES Participação (%)
Países de origem
Participação (%) 18,14
Estados Unidos
16,62
Alemanha
4,99
Belarus
11,04
Holanda
4,42
Austrália
10,12
Argentina
4,35
Chile
8,89
Coréia do Sul
4,32
Federeção Russa
5,00
Itália
3,60
Colômbia
4,94
França
2,09
Alemanha
4,14
Reino Unido
2,06
Israel
3,56
Estados Unidos
1,90
Peru
2,56
Bahrein
1,69
China
2,12
Exportação Exportação
Taiwan (Formosa)
1,67
Espanha
1,74
Importação Importação
Arábia Saudita
1,66
África do Sul
1,36
México
1,54
Índia
1,33
Suiça
1,48
Marrocos
0,87
Espanha
1,32
Emirados Árabes Unidos
0,72
Indía
1,16
Portugal
0,70
9,01
Outros
10.000 10.000
27.604 27.604
35.360
7.756
7.756
12.599
12.599
18.096
5.497
5.497
18.096
13.112
13.112
9.729
22.841
22.841
9.729
10.011
5.18510.011
15.196
5.185 15.196
6.540
11.030
4.490
6.540 4.490
5.000
33.000 33.000
Canadá
9,46
25.000
11.030
454.802 11.175.720
43,26
30.000
10.000
EXPORTAÇÕES
Total
Japão
35.000
15.000
Outros
Tabela 2: Fonte: COMEX (DNPM) Ranking dos principais países de origem e destino em 2011 49.216.316
China
35.000 40.000
20.000
518.516
Total
em US$ milhões
15.000
Fonte: COMEX (DNPM)
441.832
Revest. Orn.
40.000 45.000
**
2200 1111
2
2001 100
2
0 20 09 09
20 0
20 8 08
20 07
20 07
06 20
06
0
20
0
2.324.296
Enxofre
45.000 50.000
5.000
Ouro
Valor US$
319.030
50.000
10.000
Carvão
Alumínio
Gráfico 2: Participação da indústria da mineração no saldo comercial brasileiro
20.000
Substância
41.817.2513
Cobre
Fonte: IBRAM Fonte: IBRAM Nota: Não incluídos e Gás.Petróleo Nota: NãoPetróleo incluídos
30.000
Valor US$
Ferro
5
Previsão
25.000
Substância
Fonte: NióbioCOMEX (DNPM)1.840.9420,2
15
em US$ mil
IMPORTAÇÕES
SaldoSaldo Saldo Brasil em 2006 Saldo Brasil em 2007 Saldo Brasil em 2008 Saldo Brasil em 2009 Saldo Brasil em 2006 Saldo Brasil em 2007 Saldo Brasil em 2008 Saldo Brasil em 2009 US$ 46 Bilhões US$ 40 Bilhões US$ 24 Bilhões US$ 25 Bilhões US$ Setor 46 Bilhões US$ 40 Bilhões US$ 24 Bilhões US$ 25 Bilhões Mineral = 14% Setor Mineral = 25% Setor Mineral = 53% Setor Mineral = 50%
Setor Mineral = 14%
Setor Mineral = 25%
Setor Mineral = 53%
Setor Mineral = 50%
Saldo Brasil em 2010 Saldo Brasil em 2010 US$ 20 Bilhões US$ 20 Bilhões Setor Mineral = 136%
Setor Mineral = 136%
Saldo previsto do Brasil 2011 = US$ 23 Bilhões Saldo do Setor mineral = 143% maior.
Saldo previsto do Brasil 2011 = US$ 23 Bilhões Saldo do Setor mineral = 143% maior.
Fonte: IBRAM
Outros Total
Fonte: COMEX (DNPM)
100,00
Total
6,17 100,00
1
O boom da mineração e seus efeitos
em US$ bilhões 80
74,4
60
47,4
39,8
40
27,4
20 0
3,6
2,3
1,5
20 2010 15
Assim, o PNM-2030 apresenta diretrizes gerais para as áreas de geologia, recursos minerais, mineração e transformação mineral, inclusive para a metalurgia.
36,8
26,1
20 2023 30
O Plano Nacional de Mineração 2030 (PNM – 2030), criado em 2010, foi desenvolvido pelo Ministério de Minas e Energia como uma etapa para a formulação de políticas e planejamento dos setores energético e mineral, como função de governo e de Estado.
Gráfico 3: Investimentos previstos pelo Plano Nacional de Mineração 2030
20 2016 22
O Plano Nacional de Mineração 2030
Pesquisa Mineral Mineração Transformação Mineral Fonte: Ministério de Minas e Energia
Hoje, a indústria extrativa mineral é, então, o principal esteio da Balança Comercial Brasileira. Seu saldo é superior ao saldo do conjunto da economia brasileira. Por isso, a estratégia do governo é expandir essa indústria mais e mais. O Plano Nacional de Mineração 2030 prevê investimentos da iniciativa privada na ordem de US$ 260 bilhões até 2030 para pesquisa mineral, mineração e transformação mineral (metalurgia e não-metálicos), além de mais 30% sobre este valor em infraestrutura e logística. Não só a iniciativa privada investe no setor mineral. O governo brasileiro também tem uma política de incentivos clara para a mineração.
2
Além de realizar desonerações tributárias para as empresas de extração mineral e petroleira, o BNDES, banco público de desenvolvimento brasileiro, pratica uma política de investimentos e desembolsos pesados no setor, além da compra de ações a partir de sua subsidiária BNDESPAR. A carteira de investimentos da BNDESPAR tem mais de 53% de suas ações em petróleo, gás e mineração. São mais de R$ 32 bilhões investidos na Petrobrás, e quase R$ 20 bilhões alocados na Vale S/A e na Valepar, braço de investimentos da Vale.
Tabela 3: Previsão de produção de alguns minerais e produtos de base mineral selecionados Produto Minério de Ferro Ouro
Bem Mineral
Metalúrgica
2008
2015
2022
2030
Mt
351
585
795
1.098
t
55
120
180
200
Cobre (contido)
Kt
216
500
700
1.000
Agregados
Mt
496
727
1.063
1.524
Rochas Ornamentais
Mt
7,8
11,1
15,8
22,4
Bauxita
Mt
26,8
42,3
56,7
79,3
Alumina
Mt
7,82
13,5
18,2
25,7
Alumínio
Mt
1,66
2,04
2,51
3,18
Níquel
Mt
25,8
33,6
80
132
Aço Bruto
Mt
33,7
56,0
77,9
116
Ferro-Ligas
Mt
984
1.613
2.177
3.079
111
159
Cimento Cerâmica Vermelha Não-metálicos
Unidade
Cerâmica de Revesitmos
Fonte: Ministério de Minas e Energia
Mt
52
76
Bilhão peças
70
103
150
215
Mm²
713
1.009
1.458
2.077
Observatório da Indústria Extrativa e Mineral
Gráfico 4: Participação societárias em não-coligadas
Gráfico 5: em US$ bilhões Participação
societárias em não-coligadas em porcentagem
Petrobras
32,6
Vale S/A Valepar
17,50%
6,9
Eletrobras
46,40%
2,1
Valepar Eletrobras
9,80%
1,4
Outras
0
Vale S/A 2% 3% 5,30%
3,7
CPFL Energia Telemar Participação
Petrobras
11,2
12,3
CPFL Energia Telemar Participação
16%
10
20
30
Outras
40
Fonte: BNDES Fonte: BNDES
Tabela 4: A Carteira de Investimentos da BNDESPAR Ações
Debêntures
em porcentagem - dez/2011 em porcentagem - dez/2011
Fundos
Derivativos Isolados
Total
Petróleo e Gás
38,7
-
-
-
33,2
Mineração
21,4
14,3
-
-
20,0
Energia Elétrica
16,2
20,6
-
-
16,3
Alimentos
8,8
17,6
-
-
9,6
Telecomunicações
2,2
12,5
-
6,5
3,3
Papel e Celulose
3,2
2,9
-
-
3,1
Metalurgia
0,1
15,4
-
74,6
2,3
Transportes
1,4
2,9
-
-
1,5
Bens de Consumo
0,4
9,7
-
-
1,5
-
-
77,1
7,6
4,1
22,9
18,9
7,6
100
100
100
100
100
Fd. Priv. Equity - PIQ Outros Total
1,6
Fonte: BNDES
O que isso significa? O grande boom da mineração no Brasil significa que nosso país está investindo em um modelo de desenvolvimento insustentável, tanto do ponto de vista econômico como do ponto de vista socioambiental. Esse modelo, intensivo na extração de bens naturais e com baixíssima incorporação de tecnologias e trabalho humano, torna a economia nacional cada vez mais dependente da manutenção dos preços e das demandas de exportação do exterior. Traduz-se na exportação
de nossas riquezas para em seguida importá-las na forma de produtos industrializados. Ao mesmo tempo, essa aposta esgota nossas comunidades e nossos biomas ao esgotamento, com efeitos positivos reduzidíssimos sobre emprego e renda. Pelo contrário, como a mineração é intensiva em energia e água, a atividade mineradora consome bens comuns, gerando conflitos sociais por água e terra, e oferecendo, ainda, condições de trabalho muitas vezes degradantes
3
O boom da mineração e seus efeitos
Impactos da Mineração REPRIMARIZAÇÃO DA ECONOMIA BRASILEIRA Em 2011, minério de ferro, petróleo bruto, complexo de soja, carne, açúcar e cafe somaram 47% do valor exportado. Em 2006, essa participaçaão era de 28,4% .
A MINERAÇÃO DEVORADORA DE ENERGIA A Vale S.A., por exemplo, possui 9% de participação na Usina Hidrelétrica de Belo Monte, cuja construção, marco do desenvolvimento atual, afeta a biodiversidade e as comunidades indígenas da curva grande do Rio Xingu. Além disso, possui participações acionárias ou controla outras nove usinas hidrelétricas e quatro centrais hidrelétricas no Brasil, além de outros projetos no exterior.
A SEDE DE ÁGUA DA MINERAÇÃO Só em Minas Gerais, a título de exemplo, além dos três minerodutos em operação, há planos de se construir mais quatro. Como os minérios são transportados por pressão de água, o total de água consumido por esses minerodutos será de 8,170 milhões de metros cúbicos de água por mês. Para que se tenha uma noção, a demanda da maior cidade do estado, Belo Horizonte, é de 18,403 milhões de metros cúbicos.
O AUMENTO DOS CONFLITOS SOCIOAMBIENTAIS Somente em 2010 foram registrados 27 conflitos pela terra, e 19 conflitos pelo acesso à água, todos envolvendo a mineração. Fonte: Comissão Pastoral da Terra
4
Essa é uma publicação do núcleo Democratização do Estado e da Economia, do IBASE.
O que é o IBASE? O Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE) é uma organização da sociedade civil fundada em 1981 por, entre outros, o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho. O IBASE tem como objetivo a radicalização da democracia e a afirmação de uma cidadania ativa.
O que é o núcleo Democratização do Estado e da Economia? O papel do núcleo é monitorar órgãos do Estado, setores econômicos e conglomerados empresariais, colhendo e difundindo informações relevantes do Estado e da economia a partir de uma perspectiva de democracia, participação cidadã e sustentabilidade socioambiental. Por meio desse núcleo, o IBASE participa do Observatório do Pré-Sal e da Indústria Extrativa Mineral.
www.observatoriodopresal.com.br