Portfólio EdClin

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Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa Licenciatura em Radioterapia 2º Ano Ano Lectivo 2014/2015

Portfólio do Módulo de Radioterapia Externa

Educação Clínica em Radioterapia 2º Semestre

Docente: Margarida Eiras

Discentes: Ana Henriques nº2013212 Andreia Ramos nº2013237 Flávia Ferreira nº2013227

Abril de 2015


Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa

Portfólio do Módulo de Radioterapia Externa Educação Clínica em Radioterapia

Docente: Margarida Eiras Discentes: Ana Henriques; Andreia Ramos; Flávia Ferreira

Abril de 2015 1


Índice 1.

Introdução ...................................................................................................................... 4

2.

Compreender a definição de Portfólio Digital e a sua estrutura ...................................... 5 2.1

Diário de Trabalho ................................................................................................... 5

2.2

O conceito de Portfólio Digital ................................................................................. 6

3. Caracterização de técnicas de irradiação empregues no tratamento de algumas patologias .............................................................................................................................. 9 3.1

Diário de trabalho .................................................................................................... 9

3.2 Caracterização de técnicas de irradiação empregues no tratamento de algumas patologias .........................................................................................................................10 3.2.1

Radioterapia convencional ..............................................................................10

3.2.2

Radioterapia Conformacional Tridimensional (3D-CRT) ..................................10

3.2.3

Radioterapia de Intensidade Modelada (IMRT) ...............................................11

3.2.4

Radioterapia de Imagem Guiada (IGRT) .........................................................12

3.2.5

Radioterpia Intraoperatória (IORT) ..................................................................13

3.2.6

Total Body Irradiation (TBI) .............................................................................14

3.2.7

Irradiação Estereotáxica..................................................................................14

4. Caracterizar os sistemas de imobilização utilizados pelos doentes com vista a assegurar a reprodutibilidade diária do tratamento ...............................................................................16

5.

4.1

Diário de trabalho ...................................................................................................16

4.2

Desenvolvimento ....................................................................................................17

4.2.1

Sistema de imobilização da região anatómica de cabeça e pescoço ..............18

4.2.2

Sistema de imobilização da região anatómica da mama .................................22

4.2.3

Sistema de imobilização da região torácica.....................................................23

4.2.4

Sistema de imobilização da região pélvica ......................................................25

4.2.5

Outros Sistemas..............................................................................................26

Noções gerais sobre a constituição de uma unidade de terapia e o seu funcionamento 27 5.1

Diário de trabalho ...................................................................................................27

5.2 Noções gerais sobre a constituição de uma unidade de terapia e o seu funcionamento ..................................................................................................................27 5.2.1

Componentes de uma unidade de terapia .......................................................28

5.2.2

Área de tratamento .........................................................................................29

5.2.3

Área de controlo ..............................................................................................30

2


5.2.4

6.

Equipamento necessário ........................................................................... 30

5.2.5

Equipa de Profissionais de Saúde ...................................................................31

5.2.6

Funções dos técnicos de Radioterapia ............................................................31

Compreender a importância dos diferentes meios de proteção num campo de irradiação 33 6.1

Diário de trabalho ...................................................................................................33

6.2

Desenvolvimento ....................................................................................................34

.........................................................................................................................................35 7.

Perceber a importância da Relação Técnico/Doente .....................................................36 7.1

Diário de trabalho ...................................................................................................36

7.2

Importância da relação técnico/doente ...................................................................37

7.2.1

O técnico de radioterapia ................................................................................37

7.2.2

Modelo holista de centração no paciente ........................................................37

7.2.3

Antes do tratamento ........................................................................................38

7.2.4

Informação e comunicação durante o tratamento............................................39

7.2.5

Após o tratamento/ Follow-up..........................................................................40

7.2.6

Perspectiva dos pacientes ..............................................................................40

7.2.7

Comunicação eficaz ........................................................................................42

7.2.8

Conclusão .......................................................................................................43

8.

Conclusão .....................................................................................................................44

9.

Bibliografia ....................................................................................................................46

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1. Introdução No âmbito da Unidade Curricular de Educação Clínica em Radioterapia I, foi-nos proposto a realização do presente portfólio, no módulo de radioterapia externa, sob a orientação da docente Margarida Eiras. Este trabalho foi iniciado com o estabelecimento de objetivos baseados no programa do módulo e a respectiva divisão pelos membros do grupo. Assim, ficaram definidos os seguintes objetivos:  Compreender a definição de portfólio digital e a sua estrutura.  Caracterizar técnicas de irradiação empregues no tratamento de algumas patologias.  Caracterizar os sistemas de imobilização utilizados pelos doentes com vista a assegurar a reprodutibilidade diária do tratamento.  Noções gerais sobre a constituição de uma unidade de terapia e o seu funcionamento.  Compreender a importância dos diferentes meios de proteção num campo de irradiação.  Perceber a importância da Relação Técnico/Doente. Todos os objectivos definidos anteriormente baseiam-se na radioterapia externa, sendo que irão ser expostas diversas técnicas de irradiação, acessórios utilizados para posicionamento e imobilização do doente bem como os diferentes meios de protecção. Também irá ser referido a logística de um serviço de radioterapia e ainda a relevância da relação de um técnico de radioterapia com o doente. Este portfólio foi iniciado com uma pesquisa geral e esclarecedora do conceito do mesmo, uma vez que não tínhamos qualquer noção do que se tratava nem da estrutura que deveríamos adotar. Baseado na informação recolhida de várias pesquisas chegámos a um modelo final da estrutura que decidimos utilizar. Assim, todos os tópicos que irão ser desenvolvidos contarão com uma pequena explicação da metodologia de pesquisa e de algumas opiniões relevantes, utilizada para a concretização dos mesmos. Ainda com o intuito de tornar este trabalho mais claro, decidimos apresentar as nossas referências bibliográficas também elas por tópicos, para que se tornasse mais fácil seguir a sua leitura. A nossa pesquisa foi baseada em artigos, documentos, dissertações, plataformas na internet, informações publicadas por hospitais e fabricantes da área. A informação recolhida não foi necessariamente de base científica sendo que cabia aos membros do grupo fazer uma avaliação crítica da mesma. Consideramos ainda este trabalho como fundamental para a aquisição, desenvolvimento e cimentação de conhecimentos cruciais para o nosso percurso como estudantes desta licenciatura bem como futuros técnicos de radioterapia.

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2. Compreender a definição de Portfólio Digital e a sua estrutura 2.1 Diário de Trabalho Segunda, 2 de Março de 2015 Através da leitura de um blog, gerido por Domingos Oliveira, foi-nos possível clarificar a definição do que é um portfólio eletrónico, também chamado de portfólio digital ou ePortfolio. Esta leitura permitiu que percebêssemos a importância de um portfólio digital, o porquê da sua utilização e as suas vantagens em relação a um portfólio em papel e apresentou uma ideia geral da sua constituição. Quinta, 5 de Março de 2015 Após termos uma ideia global acerca da definição de e-Portfolio com a leitura do blog anteriormente referido, encontrámos um artigo que trata do mesmo assunto. Os autores, George Lorenzo e John Ittelson, consideram neste documento três tipos de e-Portfolios: ePortfolios de estudantes, e-Portfolios de ensino e e-Portfolios institucionais. Com este artigo, os autores pretendem caraterizar os vários tipos de e-Portfolios, apresentam exemplos de ePortfolios e expõem alguns problemas da adoção dos portfólios digitais. Depois de lidas e analisadas algumas ideias acerca dos portfólios digitais encontrámos um website da Universidade Estadual da Pensilvânia com uma abordagem interessante e bastante organizada da sua visão do e-Portfolio e da forma como o vêm como um elemento essencial no seu método de aprendizagem. Sábado, 7 de Março de 2015 Encontrámos um documento referente à estrutura de um portfólio, documento pelo qual nos guiámos e baseámos na construção da estrutura do nosso portfólio. Este documento apresentou-nos uma proposta de estrutura, a qual nós decidimos adaptar consoante as nossas necessidades de pesquisa e apresentação do presente trabalho.

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2.2 O conceito de Portfólio Digital O conceito de portfólio electrónico tem vindo a ser cada vez mais comum em contexto escolar, académico e no trabalho. Com o avançar da tecnologia, os meios de armazenamento de informação foram inevitavelmente sofrendo modernização, sendo que, com o e-Portfolio, há a vantagem de ser possível atualizar a informação ao longo do percurso académico ou mesmo ao longo da vida.[1] Os e-Portfolios de estudantes, como o presente caso, tiveram origem nos portfólios impressos em papel, que remontam aos anos 80, e ganharam proeminência durante os anos 90 em contexto académico. Um portfólio eletrónico é uma apresentação organizada de trabalhos realizados pelo autor, documentos e informação retirada de diversos sítios, imagens, ficheiros multimédia, recolhas de blogs e links. Todos estes materiais são disponibilizados e apresentados normalmente online ou através de ferramentas digitais (documentos Word, PDF, apresentações PowerPoint ou noutras plataformas). Além destes materiais, um e-Portfolio surge com um caráter pessoal pois inclui também pensamentos, ideias, reflexões, opiniões e comentários acerca dos materiais expostos ao longo do trabalho. Isto vai possibilitar ao leitor/avaliador do portfólio uma melhor compreensão do ponto de vista do aluno/autor em relação ao trabalho que continuamente desenvolveu e, consequentemente, uma melhor percepção do processo de aprendizagem do mesmo.[2] A utilização de um e-Portfolio mostra-se vantajosa não só para o autor do mesmo, pelo facto de poder actualizá-lo ao longo do tempo (como já referido), mas também por possibilitar uma melhor aprendizagem dos conteúdos em estudo devido à utilização de uma linguagem simples e informal, sem desvalorizar o teor técnico, que facilita a compreensão dos temas abordados não só na ótica do autor, como também na ótica do leitor ou do avaliador do portfólio. Segundo Domingos Oliveira, autor do blog www.superdom.blogs.sapo.pt, “o processo de criação de um e-Portfolio pode ser resumido nas seguintes acções: colecionar, selecionar, refletir e relacionar.” Esta definição consegue resumir de forma simples os passos necessários a seguir na criação de um e-Portfolio.[1] Após uma breve leitura do resumo do artigo “An Overview of E-Portfolios” ficaram claras algumas das utilizações dos portfólios eletrónicos. Para além do teor académico em aconselhar e seguir a evolução do estudante, os e-Portfolios seguem um método que pode ser utilizado: na preparação de carreira futura; como uma forma de partilhar experiências, opiniões e práticas de ensino; de forma a apoiar o desenvolvimento do estudo individual; em processos de validação de conhecimentos a nível institucional.[2]

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O objetivo é que sejam evidentes as capacidades, desempenho e conhecimentos adquiridos ao longo do tempo, permitindo uma avaliação contínua do trabalho realizado. Optámos por fazer a apresentação este portfólio através da utilização do ISSUU, uma plataforma digital de publicação de documentos online. Esta escolha deve-se ao fato de os temas que irão ser tratados ao longo deste portfólio derivarem de um ramo comum – a Radioterapia externa – e que, por isso, não se vão diversificar de forma a ter elementos suficientes para criar um website, com a componente interativa. Assim, desviamo-nos do conceito original de e-Portfolio, segundo o blog referido – um website, e vamos expô-lo online através desta plataforma que propõe uma apresentação simples, organizada e atrativa do ponto de vista estético. Apesar da nossa decisão, a Universidade Estadual da Pensilvânia afirma no seu website: “All e-portfolios are websites, but not all websites are e-portfolios.”. Seguindo este princípio, esta universidade nos EUA disponibiliza diversas informações, tutoriais e ferramentas de criação de e-Portfolios, defendendo que os portfólios académicos favorecem uma aprendizagem personalizada, ativa e multimodal. Ao continuar a explorar o site desta universidade encontrámos uma secção de leituras recomendadas que disponibiliza o acesso a alguns artigos com o objetivo de enfatizar a importância do e-Portfolio como a chave para uma aprendizagem de sucesso, leiam-se os títulos: “A Framework for General Education Assessment: Assessing Information Literacy and Quantitative Literacy with ePortfolios”; “ePortfolios and Audience: Teaching a Critical Twenty-First Century Skill”; “Exploration of ePortfolios for Adding Value and Deepening Student Learning in Contemporary Higher Education”; “The ePortfolio as a Living Portal: A Medium for Student Learning, Identity, and Assessment”; e “What Difference Can ePortfolio Make? A Field Report from the Connect to Learning Project”.[3] Quanto à estrutura do e-Portfolio foi mais difícil encontrar um modelo uniforme. Assim, após analisarmos alguns exemplos e encontradas várias propostas de estrutura a seguir, decidimos guiar-nos por aquela que nos pareceu mais completa, de forma a ser possível um fácil acompanhamento do nosso desenvolvimento na compreensão dos diversos temas a tratar, bem como uma exposição organizada dos mesmos. Desta forma, o nosso e-Portfolio vai seguir o seguinte modelo estrutural: capa, folha de rosto, índice ou sumário, introdução, diário de pesquisa e leitura (designado neste trabalho como diário de trabalho), desenvolvimento, conclusão e anexos. Foi para nós uma novidade o confronto com as secções “diário de pesquisa” e “diário de leitura”, por isso, tentámos esclarecer qual o seu propósito na composição de um portfólio. O diário de pesquisa funciona como uma planificação contínua do trabalho, expondo as pesquisas que são efectuadas, problemas com o projeto ou com o grupo que possam eventualmente surgir, entre outros tópicos. Já o diário de leitura vai fazer o registo das leituras efetuadas, apontar algumas opiniões sobre o texto e 7


apresentar os tópicos principais sobre o assunto que irá ser aprofundado posteriormente no desenvolvimento por temas do portfólio.[4) Depois de clarificada a definição destes dois novos termos, e discutida a sua pertinência no nosso portfólio digital, decidimos adotá-los, juntandoos numa secção que aparece imediatamente antes da introdução de cada tópico a tratar neste portfólio.

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3. Caracterização de técnicas de irradiação empregues no tratamento de algumas patologias 3.1 Diário de trabalho Dia 2 de Março de 2015 Neste dia iniciou-se a pesquisa relativamente às técnicas de irradiação em Radioterapia. Pesquisamos em diferentes plataformas sobre “tipos de radioterapia”, “técnicas em radioterapia”, “techniques in radiation therapy”, entre outras. A partir daí tivemos acesso a documentos publicados pela Agencia Internacional da Energia Atómica, e a informações publicadas por hospitais. Recorremos ainda a material fornecido por docentes em Unidades Curriculares anteriores.

Dia 4 de Março de 2015 Continuamos a pesquisa relativamente às técnicas de irradiação empregues em Radioterapia, onde encontramos mais alguns documentos publicados como uma dissertação e encontramos ainda informações úteis na plataforma da “Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein”. A partir daqui decidimos que tínhamos informação suficiente para começar a redigir este tópico. Dia 12 de Março 2015 Sentimos alguma necessidade de procurar mais alguma informação para tornar este tópico mais completo, encontramos então mais um documento publicado pela Agência Internacional da Energia Atómica que continha a informação de necessitávamos para proceder à conclusão da redação deste tema.

Dia 25 de Março de 2015 Por fim, pesquisamos algumas imagens que ilustrassem algumas das técnicas referidas.

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3.2 Caracterização de técnicas de irradiação empregues no tratamento de algumas patologias Como sabemos, o maior objetivo da radioterapia é destruir o máximo de células malignas com a maior eficácia possível, poupando ao máximo os tecidos sãos. Para isso, ao longo dos anos e com a evolução da tecnologia foram-se desenvolvendo técnicas para que fiquemos cada vez mais próximos de atingir esse objetivo. Sendo assim, neste objetivo pretendemos perceber em que consistem as técnicas utilizadas em Radioterapia, bem como as vantagens e desvantagens de cada técnica, associando-as a patologias em que estas se adaptem. As técnicas que iremos abordar serão: 

Radioterapia convencional

3D CRT

IMRT

IGRT

IORT

TBI

Irradiação estereotáxica

3.2.1 Radioterapia convencional A radioterapia convencional ou radioterapia a 2D é uma técnica simples em que o feixe é retangular independentemente da forma e da geometria do tumor, isto é, não existe uma tentativa de moldar os campos de tratamento. A dose é depositada homogeneamente na área irradiada. [1, 2] Na radioterapia convencional o tratamento é planeado com base na radiografia convencional. Atualmente, é uma técnica pouco utilizada pois é uma técnica que não poupa os tecidos sãos adjacentes, agravando os efeitos secundários. No entanto, esta técnica pode ainda ser utilizada em tratamento paliativo ou outras situações específicas. [3]

3.2.2 Radioterapia Conformacional Tridimensional (3D-CRT) A 3D CRT ou radioterapia conformacional tridimensional é utilizada em radioterapia externa e foi a primeira técnica desenvolvida a partir da radioterapia convencional. [2, 4] É feita com base nas imagens adquiridas através de TC, RM ou PET-TC, obtendo assim uma imagem tridimensional do tumor. Desta forma, é possibilitado a conformação de

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múltiplos feixes com intensidade uniforme, com uma geometria muito próxima à do tumor e com as margens de segurança delimitadas. [1, 2] Esta técnica é mais eficaz que a radioterapia convencional pois há maior controlo da dose depositada no volume alvo e poupando os tecidos sãos adjacentes em simultâneo. Isto permite ainda, o aumento da dose administrada ao tumor sem que ocorra um aumento da toxicidade dos órgãos de risco e consequentemente, uma melhor resposta ao tratamento

[2, 3]

Esta técnica só é possível com o aparecimento de diversos acessórios como os filtros, blocos e dos MLC ou colimadores multilâminas.[2]

3.2.3 Radioterapia de Intensidade Modelada (IMRT) A IMRT ou radioterapia de intensidade modulada é uma evolução da 3D CRT desenvolvida no final dos anos 90. [3, 4] É uma técnica mais sofisticada de radioterapia 3D que permite uma distribuição da dose altamente modulada à forma do tumor, mesmo que este esteja envolvido e/ou empurrado por estruturas sãs ou órgão de risco, ao contrário da 3D CRT que tem uma distribuição homogénea da dose.[1, 2, 3] A IMRT utiliza centenas de pequenas “folhas” de colimação para conformar o feixe de radiação, mais conhecidos como MLC, sofisticados sistemas computorizados e filtros compensadores. Os MLC’s podem ser estacionários ou podem mover-se ao longo do tratamento. Este tipo de conformação da dose possibilita que diferentes regiões do tumor e tecidos adjacentes recebam diferentes doses de radiação, isto é, uma distribuição heterogénea da dose. [2, 3, 5, 6] Graças a esta técnica, é possível administrar uma dose mais elevada, sem prejudicar tecidos sãos adjacentes, o que proporciona uma melhor resposta ao tratamento e melhor controlo tumoral.[3]

Figura 1: Aplicação da técnica de IMRT no planeamento

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3.2.4 Radioterapia de Imagem Guiada (IGRT) A Radioterapia de Imagem Guiada (IGRT) surgiu da necessidade de localizar de forma mais precisa o tumor no momento do tratamento, para que houvesse uma melhor correlação com as imagens de referência. A partir da IGRT foi permitido aplicar a dose precisa ao tumor sem afetar os tecidos sãos adjacentes controlando incertezas como o movimento dos órgãos, set-up, alteração dos tecidos, entre outras. [7, 8] Esta técnica é utilizada em patologias como próstata, pulmão, fígado, coluna, tumores intra-abdominais e tumores intra-pélvicos, que são exemplos de patologias sujeitas a maiores deslocações e alterações. [7] No entanto, para utilizar esta técnica é necessário recorrer a avançada tecnologia.

3.2.4.1 Cone beam cumputed tomography (CBCT) Possibilita a visualização da localização exata do tumor antes do tratamento, no acelerador linear, através da aquisição de imagem. A energia utilizada pode ser Kilovoltagem ou Megavoltagem.[5]

3.2.4.2 Tomoterapia A tomoterapia é uma técnica de IGRT que correlaciona o posicionamento do doente, a dose administrada e o planeamento do tratamento, ajustando a radiação ao tumor. Consiste num Linac adaptado a uma TC, como uma gantry em anel, permitindo que esta rode em torno do doente. A mesa vai avançado ao longo do tratamento e a dose é aplicada de forma helicoidal, ao redor do volume alvo. [5, 8] Com esta técnica é permitida a aquisição de imagens MVCT em qualquer altura do tratamento. [9]

Figura 2: Exemplo de equipamento de Tomoterapia

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3.2.4.3 The BAT system (B-Mode Acquistion and Targeting) Consiste numa unidade de ultrassom posicionada perto do Linac, utilizada pelo radioterapeuta antes de cada fração, para observar a localização do volume alvo e permitindo o ajuste do posicionamento do doente.[5] Este sistema é mais utilizado em patologias pélvicas como por exemplo próstata, porque é uma suscetível a deslocações devido às alterações fisiológicas da bexiga e do reto. [5]

3.2.5 Radioterpia Intraoperatória (IORT) Um dos maiores desafios da radioterapia é a irradiação do volume alvo sem atingir os tecidos saudáveis adjacentes, o que impulsionou a o desenvolvimento de técnicas como a Radioterapia Intraoperatória (IORT) que consiste numa única fração com uma dose mais elevada (entre 10 a 20 Gy) em que a irradiação é feita durante o ato cirúrgico. [5] O cirurgião e o médico radioncologista delimitam a área tumoral e a área em que ainda é for possível encontrar tumor. Posteriormente, durante o ato cirúrgico, é colocado um cone metálico que direciona a radiação para a área de interesse, afastando os tecidos normais da zona de irradiação. [5] Esta técnica é vantajosa nos seguintes aspetos: [9] 

Poupa os tecidos e órgãos são adjacentes.

Maximiza os resultados porque ajuda a destruir células tumorais residuais.

Poupamos tempo tendo em conta que é feita apenas uma única fração de 4 a 5 minutos, ao contrário do tratamento de radioterapia externa “comum”, que demora cerca de 5 a 6 semanas.

Pode ainda funcionar como “boost” para os doentes que são submetidos a radioterapia após a cirurgia, podem receber uma “dose extra” de radiação através da IORT.

Normalmente esta técnica é utilizada essencialmente em sarcomas, neuroblastomas, recidivas pélvicas malignas, tumores abdominais e mama, e pode ser complementada com radioterapia externa. [10, 11]

Figura 3: Técnica de Radioterapia Intraoperatória

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3.2.6 Total Body Irradiation (TBI) TBI provém do inglês “Total Body Irradiation” que significa Irradiação Total do Corpo, ou seja, é uma técnica que fornece uma dose uniforme de aproximadamente 10% da dose prescrita ao corpo todo do doente. Nesta técnica podem ser utilizados feixes de fotões (megavoltagem), raios gama Co60 ou raios X (Megavoltagem). A TBI abrange ainda todas as irradiações com campos de grandes dimensões, como por exemplo, a irradiação a metade do corpo (half-body), irradiação nodal total, e irradiação total do corpo à exceção de órgãos específicos determinados. [5] Esta técnica pode variar consoante o estado clínico.[5] 

TBI de alta dose, consiste na administração de uma dose de 1200cCy, numa única fração ou dividida até seis frações de 200cGy por fração, em três dias.

TBI de baixa dose, onde a dose é administrada em 10 a 15 frações de 10 a 15cGy em cada fração.

Irradiação de metade do corpo é a administração de 8Gy, numa só fração, a metade do corpo (superior ou inferior).

Irradiação nodal total com uma dose de 40Gy distribuída por 20 frações.

Esta técnica é essencialmente utilizada para patologias como leucemias, linfomas malignos e anemia aplástica. [5]

3.2.7 Irradiação Estereotáxica A Irradiação Estereotáxica é uma técnica de irradiação focal que fornece uma dose prescrita de radiação ionizante nas lesões pré-selecionada e estereotáxicamente localizada. Esta técnica é utilizada essencialmente no cérebro, mas também em problemas vasculares, distúrbios funcionais, tumores benignos e malignos e metástases. [5] É vantajosa para evitar hemorragias, infeções e a possibilidade de desconfiguração bem como a administração de anestesia visto que não é uma técnica invasiva. Também é vantajosa na sua utilização em lesões rodeadas por estruturas críticas e de difícil acesso e ainda na retoma rápida do doente à sua atividade normal.

[5, 12]

As doses prescritas são entre 10 a 50Gy com PTV de pequenas dimensões variando entre 1 a 35mm3. [5] Por fim, esta técnica está dividida em radiocirurgia estereotáxica e radioterapia estereotáxica.

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3.2.7.1 Radiocirurgia estereotáxica (RC) Nesta técnica utiliza uma dose dose elevada (entre 10 a 30 Gy) e é aplicada numa única fração com o intuito de inativar o potencial de crescimento das células dentro do volume alvo. Permite o tratamento de estruturas com órgãos de risco adjacentes e o tratamento de mais do que uma lesão. No entanto, necessita de equipamentos de elevado custo bem como uma equipa altamente especializada.[5] Em caso de Radiocirurgia intracraniana é utilizado um equipamento estereotáxico invasivo, fixo ao crânio do doente, possibilitando uma melhor localização do volume alvo.[5]

3.2.7.2 Radioterapia Estereotáxica (SBRT) A radioterapia estereotáxica é uma técnica de radioterapia em que é várias frações com um intervalo de seis horas entre elas e com uma dose baixa. Esta técnica é realizada com a intenção de preservar a função das células normais no volume alvo e dos tecidos sãos adjacentes.[5] Uma das características desta, é ainda a sua precisão na aplicação do tratamento e na proteção dos tecidos saudáveis.[5]

3.2.7.3 CyberKnife O CyberKnife é como um “Mini-Linac” (6MV) que possui um braço robótico monitorizado que consegue movimentar-se em qualquer direção. Neste equipamento, a localização do PTV é realizada por imagem guiada.[5] Este aparelho é uma boa opção à radiocirurgia estereotáxica intracraniana pois possui algumas vantagens relativamente a esta como a possibilidade de tratamento fracionado de tumores malignos intracranianos, lesões na coluna vertebral, permite a radiocirurgia em outros órgãos e por último como é uma técnica guiada por imagem permite-nos monitorizar o movimento do volume alvo.[5]

Figura 4: Exemplo de um aparelho de CyberKnife

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4. Caracterizar os sistemas de imobilização utilizados pelos doentes com vista a assegurar a reprodutibilidade diária do tratamento 4.1 Diário de trabalho Quinta-feira, 5 de Março de 2015 Aquando de algumas pesquisas surgiu uma dissertação de Lina Márcia Custódio da Silva cujo título despertou interesse “Efeito da Imobilização na Radioterapia do Cancro do Pulmão”. Após leitura de alguns tópicos e análise dos mesmos e apesar de a dissertação se focar na patologia de pulmão, foi possível retirar informações relevantes da mesma, referentes à importância e à função dos sistemas de imobilização. Também é descrito alguns dos acessórios utilizados em doentes de pulmão. Quinta-feira, 5 de Março de 2015 Após uma rápida pesquisa no motor de busca sobre o tema a ser trabalhado encontrase o website do Instituto Oncoguia. Neste portal existe uma categoria de Radioterapia onde apresentam um pequeno texto sobre os “Sistemas de Imobilização para o Tratamento de Radioterapia” e assim como na dissertação é referido a importância da imobilização e ainda é referido um dos acessórios que é utilizado em algumas patologias, como por exemplo cabeça e pescoço, as máscaras de imobilização. Quarta-feira, 11 de Março de 2015 Recorrendo à base de dados MEDLINE/PubMed, fazendo uma pesquisa avançada através das palavras radiotherapy e immobilization systems e filtrando a pesquisa para Free full text são sugeridos quatro resultados, entre estes encontra-se o artigo “Comparison of the effectiveness of diferente immobilization systems in different body regions using daily megavoltage CT in helical tomotherapy”, este pertencente a uma revista científica. Tal como os anteriores refere a importância dos sistemas de imobilização. Quarta-feira, 11 de Março de 2015 Pesquisando no motor de busca “suportes para cabeça e pescoço radioterapia” encontra-se uma dissertação de mestrado de Marco Alexandre Amador Caetano, “Estudo de três sistemas de imobilização utilizados em Radioterapia – perspetiva atual e futura”, onde se retira informações a cerca dos acessórios utilizados na patologia de cabeça e pescoço, de mama e da região pélvica. 16


Quarta-feira, 11 de Março de 2015 Pesquisando no motor de busca “retrator de ombros” encontra-se um “Programa de Qualidade em Radioterapia” do Instituto Nacional de Câncer onde se encontra muita informação referente à importância dos sistemas de imobilização e também em relação a muitos acessórios de imobilização. Tendo sido uma grande base para o desenvolvimento do objetivo a tratar. Quinta-feira, 12 de Março de 2015 Pesquisando no motor de busca “máscaras termoplásticas”, este remete-nos para o website “Oxigen”, que apresenta informação bastante relevante acerca das máscaras. Quinta-feira, 12 de Março de 2015 Pesquisando no motor de busca “colchão de vácuo” este remete-nos para os websites “Oxigen”, “Medintec” e “Civco”, que apresentam informação bastante relevante acerca dos mesmos. Quinta-feira, 12 de Março de 2015 Pesquisando no motor de busca “bite block” este remete-nos para o website cuja hiperligação é “http://www.ebah.pt/content/ABAAAfPcQAA/radioterapia-ung-2-2012”, onde se encontra um PowerPoint que apresenta informação bastante relevante não só acerca do bite block como também do alpha cradle. Sexta-feira, 20 de Março de 2015 Após pesquisa no Repositório Científico do Instituto Politécnico do Porto (RECIPP) e formatando a pesquisa para Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Porto e para Radioterapia encontra-se nos registos um trabalho de título “Controlo da Qualidade em Radioterapia Externa”, cujo autora é Isabel Faria. Após leitura dos tópicos concluísse que não existe nada que seja relevante para o tema, no entanto e lendo o restante trabalho há uma frase que é importante e uma bom ponto de partida para a continuação do tema.

4.2 Desenvolvimento O objetivo da radioterapia é maximizar o controlo do tumor e minimizar as complicações nos tecidos normais circundantes. Os tratamentos de radioterapia são feitos de forma fracionada, com aplicações diárias [2], por isso o êxito do tratamento “ (…) está muito ligado à precisão com a qual se administra o tratamento que se pretende.” [3] 17


Muitos estudos têm demonstrado que um sistema de imobilização eficiente pode reduzir variações no posicionamento diário do doente e melhorar o resultado do tratamento de radioterapia, uma vez que a imobilização inadequada pode resultar na localização incorreta dos campos de irradiação, área a ser tratada. Compreende-se então que é de extrema importância assegurar a reprodutibilidade do posicionamento do doente durante o tratamento, ou seja, o técnico de radioterapia deve-se certificar de que o doente deverá em cada tratamento ser posicionado e imobilizado da mesma forma que foi definido inicialmente no planeamento, utilizando para isso um sistema de imobilização.[4,5] Dependente da região anatómica a ser irradiada os sistemas de imobilização podem ser classificados em diferentes grupos.

4.2.1 Sistema de imobilização da região anatómica de cabeça e pescoço 4.2.1.1 Suportes para cabeça e pescoço São bases, utilizadas na patologia de cabeça e pescoço, de espuma de poliuretano revestidas que apresentam conformações variadas, proporcionando ao doente um posicionamento confortável e assegurando a igualdade da extensão da coluna cervical todos os dias. São identificados usualmente por letras, o que facilita sua identificação, dado que estes variam na angulação que conferem ao pescoço.[2,6]. Existem ainda suportes para cabeça e pescoço personalizados, ou seja, individuais para cada doente. São constituídos por gesso, espuma ou isopor e são confecionados de modo a viabilizar o posicionamento desejado.[2,7] Os suportes para cabeça e pescoço podem ser colocados em apoios que conferem diferentes angulações.

Figura 5: Exemplo de diferentes suportes para cabeça e pescoço

Figura 6: Suporte de cabeça para decúbito ventral

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Figuras 7 e 8: Exemplos de diferentes apoios com angulação

4.2.1.2 Máscaras termoplásticas As máscaras termoplásticas são utilizadas na patologia de cabeça e pescoço viabilizando um posicionamento personalizado, rápido e seguro dos doentes.[2] Essas máscaras são feitas de material sintético que tem a propriedade de amolecer quando são aquecidas, isto é, a temperaturas próximas dos 70ºC tornam-se plásticas, permitindo moldar o contorno do doente. “Devido à sua baixa capacidade térmica, a máscara termoplástica perde rapidamente a temperatura em contato com superfícies frias, tal como uma toalha, possibilitando a aplicação imediata no paciente com segurança.” [8] Aquando da moldagem, a máscara é presa ao sistema de fixação de máscaras indexado previamente à mesa de tratamento. [2] A máscara por princípio é utilizada do início ao fim do tratamento. No entanto, devido a fatores como o emagrecimento dos doentes ou uma diminuição significativa da lesão, esta pode ficar desajustada. Quando isto acontece, confeciona-se uma nova máscara e realiza-se um novo planeamento para garantir a correta irradiação do volume alvo de tratamento.[7] Uma grande vantagem de utilização de máscara prende-se com o facto de não ser necessário fazer marcações na pele do doente. As referências usadas para a localização da zona de tratamento são colocadas na própria máscara.[7]

Figuras 9 e 10: Exemplos de máscaras termoplásticas

Figura 11: Exemplo de sistema de fixação de máscaras

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4.2.1.3 Colchão de vácuo O colchão de vácuo é preenchido com micro esferas de Poliestireno Expandido, que ao ser retirado o ar do seu interior com a ajuda de uma bomba, forma um molde rígido em torno do doente. Desta forma é possível facilitar o posicionamento e garantir a reprodutibilidade durante o tratamento.[9,10] Uma das vantagens da utilização do colchão de vácuo é a sua capacidade de reutilização após o ciclo de tratamento do doente estar completa.[11] Este acessório de imobilização confere segurança e reprodutibilidade ao tratamento, além de propiciar conforto ao doente. [2]

Figura 12: Exemplo de colchão de vácuo de cabeça e pescoço

4.2.1.4 Alpha cradle É um acessório de imobilização personalizado para cada doente.

[2]

Ao contrário do

colchão de vácuo, o alpha cradle não utiliza o vácuo para definir os contornos do doente. É utilizada uma mistura de dois agentes químicos, protegidos por um plástico, que após quinze minutos provoca uma reação e forma um produto aparente a espuma.

[12]

O alpha cradle não

permite reaproveitamento. Assim como no colchão de vácuo, o alpha cradle confere segurança e reprodutibilidade ao tratamento, além de propiciar conforto ao doente. [2]

Figura 13: Exemplo de alpha cradle de cabeça e pescoço

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4.2.1.5 Bite block Este acessório consiste num molde dentário usado para manter o mento estendido e manter a língua fora do campo de irradiação. O bite block pode ainda ser associado ao alpha cradle.[12]

Figuras 14 e 15: Exemplos de bite block

4.2.1.6 Retrator de ombros O retrator de ombros é um acessório que tem como objetivo afastar os ombros do campo a ser tratado. Uma das suas formas de utilização é o doente ser posicionado em decúbito dorsal e segurar duas alças que são apoiadas sobre os seus pés.[2]

Figuras 16, 17 e 18: Exemplos de retrator de ombros

4.2.1.7 Protetores Oculares A preservação da visão é um aspeto importante na qualidade do tratamento. Os protetores oculares são lentes de chumbo revestidos de cerâmica, que são colocados sobre a córnea do paciente para proteção do cristalino e diminuição dos riscos de catarata actínica.[2]

Figura 19: Exemplos de protetores oculares

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4.2.2 Sistema de imobilização da região anatómica da mama 4.2.2.1 Plano inclinado de mama (Breast Board) É uma mesa de suporte para tratamento da mama. Consiste em uma prancha apoiada numa base anexa que permite a angulação do doente de forma a horizontalizar a parede torácica. Para além disso ainda tem um apoio onde se repousa o braço acima da cabeça de acordo com o posicionamento.[2]

Figura 20: Exemplo de plano inclinado de mama

4.2.2.2 Apoio de mama em pronação Dispositivo utilizado em mulheres que têm mamas de grandes dimensões e pendentes o que pode causar maior dificuldade na altura do posicionamento. O objetivo da sua utilização é afastar a mama irradiada do tórax, diminuindo a dose no pulmão e na mama contra lateral.[7]

Figura 21: Exemplo de apoio de mama em pronação

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4.2.2.3 Máscara termoplástica de mama As máscaras termoplásticas tal como são utilizadas em cabeça e pescoço também podem ser utilizadas em mama.

Figura 22: Exemplo de máscara termoplástica de mama

4.2.2.4 Acessório de mama (soutien) Este acessório é utilizado com o mesmo intuito das máscaras termoplásticas de mama, imobilização da mama.

Figuras 23 e 24: Exemplo de acessório de mama (soutien)

4.2.2.5 Alpha Cradle O alpha cradle é utilizado também em mama assim como é utilizado em cabeça e pescoço.

Figura 25: Exemplo de alpha cradle na mama

4.2.3 Sistema de imobilização da região torácica 4.2.3.1 Apoio de pulmão O tratamento da região do tórax quando necessita de campos laterais ou oblíquos precisa que o doente eleve os membros superiores. Essa posição é muito incómoda e 23


compromete a imobilização, uma vez que o doente fica sem apoio. Este acessório permite que o doente possa apoiar os braços, possibilitando uma maior imobilização e conforto. [2]

Figuras 26 e 27: Exemplos de apoio de pulmão

4.2.3.2 Colchão de vácuo O colchão de vácuo é utilizado também em pulmão assim como é utilizado em cabeça e pescoço.

Figura 28: Exemplo de colchão de vácuo no pulmão

4.2.3.3 Body Fix e Body Pro-Lok Em conjunto com os sistemas de imobilização, têm sido usados sistemas que permitem a redução do movimento respiratório. Um deles é o Body Fix que usa dois sistemas de vácuo, um colchão para o corpo inteiro que é colocado por baixo do doente e outro que é colocado por cima. Com este posicionamento a respiração do paciente é minimizada. Um outro sistema é o Body Pro-Lok que é constituído por uma placa de compressão que apresenta um parafuso que permite baixar a placa de compressão limitando o movimento respiratório a nível abdominal. [5]

Figura 29: Exemplo de Body Fix

24 Figura 30: Exemplo de Body Pro- Lok


4.2.4 Sistema de imobilização da região pélvica 4.2.4.1 Belly Board A Belly Board é utilizado em doentes de reto, próstata ou ginecológico que apresentam um abdómen em avental, tendo estes que ser posicionados em decúbito ventral. Este acessório consiste numa mesa com um orifício central para acomodar o abdómen do doente e diminuir o volume do intestino delgado irradiado.[2]

Figura 31: Exemplo de Belly board

4.2.4.2 Alpha cradle O alpha cradle é utilizado também na região pélvica assim como é utilizado em cabeça e pescoço e mama.

Figura 32: Exemplo de colchão de vácuo na região pélvica

4.2.4.3 Protetores Testiculares Os protetores testiculares são um invólucro de chumbo que envolvem e protegem essa estrutura anatómica. São apoiados em base especial para aumentar o conforto do doente. Este acessório é utilizado uma vez que a radiação tem efeitos de esterilização e em muitos casos a irradiação de áreas próximas aos testículos aumenta os riscos desse efeito colateral.[2]

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Figura 33: Exemplo de protetores testiculares

4.2.4.4 Travesseiro para decúbito ventral O travesseiro é utilizado em posicionamentos de decúbito ventral onde a utilização de um travesseiro convencional pode comprometer a imobilização do doente. Este acessório é um suporte com a base vazada onde o doente acomoda sua face.[2]

Figura 34: Exemplo de travesseiro para decúbito ventral

4.2.5 Outros Sistemas 4.2.5.1 Apoio Popliteu e Apoio Tibiotársico São dois acessórios que podem ser utilizados em separado ou em conjunto (combifix), servem para evitar a rotação das pernas e dos pés do doente e para aumentar o conforto deste durante o tratamento.

Figuras 35, 36 e 37: Exemplos de apoio popliteu e tibiotársico

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5. Noções gerais sobre a constituição de uma unidade de terapia e o seu funcionamento 5.1 Diário de trabalho Dia 28 de Março de 2015 Iniciámos a pesquisa sobre o funcionamento de uma unidade de terapia e a sua composição no entanto não encontramos muita informação sobre a mesma.

Dia 29 de Março de 2015 Continuámos a pesquisa sobre este tema onde encontramos um documento publicado pela Ordem do Médicos que nos eus várias informações sobre a equipa de trabalho numa unidade de terapia, bem como as suas funções e ainda sobre os equipamentos necessários à unidade.

Dia 1 de Abril de 2015 Tendo em conta a pouca informação encontrada foi necessário recorrer a material fornecido por docentes de outras Unidades Curriculares.

5.2 Noções gerais sobre a constituição de uma unidade de terapia e o seu funcionamento Neste tópico iremos abordar as noções gerais sobre a constituição de uma unidade de terapia e o seu funcionamento. Iremos começar por perceber como é constituída uma unidade de terapia e como é constituída e os objetivos dos seus constituintes, alguns dos quais “opcionais”. Posteriormente mencionaremos como se constituí a equipa multidisciplinar presente numa unidade bem como as características das mesmas. Iremos ainda compreender que uma unidade de terapia terá de ter como objetivo principal tratar o doente da melhor forma possível.

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5.2.1 Componentes de uma unidade de terapia Uma unidade de Radioterapia é constituída por: 

Sala de espera é um espaço amplo, acolhedor, luminoso e agradável. É aqui que o doente aguardará pela sua vez de entrar quer para uma consulta, tratamento ou aquisição de imagens. Esta sala inclui a receção, local onde o doente pode ter acesso a determinadas informações bem como onde o doente fornece dados para identificação do mesmo.

Gabinetes médicos é onde o doente se encontra com o médico antes de iniciar todo o processo de tratamento. Aqui, é onde ocorre a primeira consulta de decisão terapêutica.

Gabinetes de acolhimento são utilizados por técnicos e/ou enfermeiros para se encontrarem com o doente para puder esclarecê-lo e ajudá-lo sobre cuidados que o doente precisa de ter por exemplo com a zona que está a ser irradiada de forma a amenizar o prevenir complicações, ou até mesmo conselhos sobre a alimentação que o doente deverá ter.

Sala da TC de planeamento, é a sala onde se encontra a TC de planeamento, onde são adquiridas imagens fundamentais para o planeamento do tratamento do doente. Estas imagens são adquiridas já na posição mais apropriada ao tratamento que irá realizar o tratamento (tendo sempre em conta dificuldades ou limitações que o doente possa ter) inclusive com os acessórios de posicionamento e imobilização necessários. Após aquisição destas imagens o médico radio-oncologista delimita a área a irradiar e também estruturas que são necessárias proteger (como órgãos de risco), de forma a podermos prosseguir com o planeamento que será realizado pelo departamento da física médica e da planimetria.

Sala de moldes é um espaço dedicado à produção de moldes e acessórios bem como a adaptação dos mesmos ao doente. Também é aqui que ficam armazenados estes equipamentos. Esta é uma sala que não existe em todas as unidades de terapia pois é possível realizar estas tarefas noutras salas como por exemplo na sala da TC.

Gabinete de planimetria e física médica é um espaço dedicado ao(s) físico(s), dosimetrista(s) e técnicos de radioterapia e é aqui que este profissionais realizam uma análise de forma a garantir que tumor recebe a dose pretendida e que os órgãos de risco são salva guardados.

Sala de simulação é a sala onde encontramos o simulador, que é um aparelho idêntico ao Linac porém, apesar de outras diferenças aquilo que mais os distingue é a utilização de Kilovoltagem (KV). Aqui verificamos se todo o trabalho realizado no espaço anterior, foi feito corretamente e se podemos prosseguir para o tratamento com 28


os requisitos pretendidos. Apesar da simulação ser um passo imprescindível, o simulador e consequentemente esta sala podem não ser imprescindíveis visto que podemos realizar a simulação no próprio Linac. Cabe à administração da unidade de terapia se é justificável a existência do mesmo ou não. 

Vestiários são imprescindíveis para o bem-estar, conforto e privacidade do doente. Local dedicado exclusivamente ao doente, em que este terá proteção da sua intimidade para trocar a sua roupa para realização do tratamento.

Sala de tratamento é o espaço dedicado ao doente e onde se encontra o Linac ou acelerador linear. Esta sala é provida de toda a segurança radiológica para o doente e profissionais que trabalhem na unidade de terapia. Aqui o doente é deita-se na mesa de tratamento e é posicionado da forma determinada anteriormente bem como os acessórios de imobilização e posicionamento, garantido a reprodutibilidade diária do tratamento. Junto a esta sala, porém exterior à mesma, estará uma área de controlo, onde se encontra a consola que comanda o Linac. Nesta área, os técnicos conseguem observar constantemente o doente bem como ouvi-lo de forma a assegurar o bemestar, a imobilidade e a segurança do doente.

Sala de Braquiterapia é o espaço que podemos encontrar fontes de radiação seladas para o tratamento de patologias, bem como, onde é realizado este tipo de tratamento.

Todos os estes espaços são feitos a pensar no bem-estar do doente. O armazenamento da informação clínica e pessoal do doente é feito no sistema de gestão de doentes.

5.2.2 Área de tratamento A sala de tratamento tem dimensões e formato consoante o Linac pretendido. Esta tem de ter dimensões para que não ocorram colisões do aparelho com qualquer estrutura e deve respeitar todas a medidas de proteção e segurança radiológica. O acesso a esta sala deve ser feito através de um bunker que dará acesso a um labirinto que nos levará finalmente à zona onde se encontra o Linac. O Linac é um acelerador de partículas e utiliza energia na ordem da megavoltagem (MeV). O labirinto funciona como uma barreira para que não haja dispersão de radiação e o bunker é uma porta blindada que é controlada eletronicamente pelos técnicos, no entanto, é provida de um mecanismo manual para situações de emergência. A sala de tratamento é ainda provida de locais de arrumação para acessórios de posicionamento dos diversos doentes para diminuir o tempo de set-up. Ainda para nos ajudar à reprodutibilidade diária do tratamento a sala é dotada de lasers que nos ajudam a definir os 29


planos anatómicos (axial, sagital, coronal e transversal) no corpo do doente, e que a com a ajuda das tatuagens, das marcações feitas na pele do doente e do isocentro (ponto de interseção dos lasers com eixo de rotação da gantry e o eixo de rotação da mesa), conseguimos garantir o posicionamento diário correto. Durante o tratamento, o doente está devidamente posicionado na mesa de tratamento rígida, plana, horizontal, radiotransparente e móvel. A mesa move-se no sentido longitudinal, vertical, lateral e rotacional, e tal como o bunker é movida pelo técnicos eletronicamente, porém também dispõem de um sistema manual de segurança para situações de emergência. Existe ainda um sistema de renovação do ar para que o ar ionizado seja eliminado.

5.2.3 Área de controlo Numa unidade de terapia, além da sala de tratamento é imprescindível uma sala de controlo adjacente a esta, esta zona terá de comtemplar das devidas regras de proteção e segurança radiológica para que os técnicos não corram riscos tendo em conta a proximidade com a sala de tratamento e ainda de alguma privacidade de forma a proteger a intimidade do doente. Esta é a zona onde os técnicos de radioterapia controlam o tratamento através da consola bem como mantém o doente sobre observação e escuta durante todo o tratamento. Esta deve estar próxima do bunker para que os técnicos consigam manter uma vigilância permanente pra garantir que a porta fecha devidamente e que não é permitido o acesso à sala a ninguém no decorrer do tratamento. A sala deve ser espaçosa o suficiente de forma a incluir o mobiliário e os equipamentos de controlo e dosimetria. É importante a instalação de uma chave geral para desligar todos os equipamentos, no caso de ocorrer uma emergência, a fim de evitar estragos. Por fim, é importante a existência de sinalização no bunker que remonte para a presença de radiação.

5.2.4 Equipamento necessário Para o bom funcionamento de um serviço de radioterapia, que garanta uma boa prática e qualidade dos serviços prestados são necessários os seguintes equipamentos: 

TC de planeamento bem como acesso a outros meios de aquisição de imagem como a RM e PET-TC.

Sistema de planamento dosimétrico computorizado tridimensional.

Sistemas de posicionamento e imobilização.

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Dois Aceleradores Lineares com sistema de verificação por imagem portal, em que pelo menos um deles deverá se “dual” com eletrões.

Sistema de braquiterapia.

Ligação dos sistemas em rede informática.

Equipamento de dosimetria básica de controlo de qualidade e proteção e segurança radiológica.

Equipamento e elementos que permitam a capacidade para elaboração ou fabrico de compensadores, proteções de cerrobend, máscaras e moldes.

5.2.5 Equipa de Profissionais de Saúde Uma unidade de terapia é composta por uma equipa multidisciplinar, ou seja, com profissionais com diferentes competências de forma a garantir a qualidade dos tratamentos e a boa prática dos mesmo. Esta equipa é composta por: 

Médicos especialistas em radioterapia, que é responsável por avaliar o estado clínico do doente antes do tratamento, definir a estratégia terapêutica, aprovar o planeamento do tratamento, acompanhar o estado clínico do doente durante e após o tratamento.

Físico qualificado em física médica que é responsável pelo o controlo de qualidade dos equipamentos, dosimetria, planimetria, controlo de qualidade dos tratamentos e proteção radiológica.

Enfermeiros responsáveis pela prestação de cuidados de enfermagem ao doente.

Pessoal administrativo responsáveis pela administração do serviço.

Auxiliares

Técnicos de radioterapia que têm um papel fundamental no serviço, dividindo-se este por quatro locais fundamentais: simulador, acelerador, planimetria e TC de planeamento.

5.2.6 Funções dos técnicos de Radioterapia As funções de um técnico de Radioterapia dependem do local em que estão a exercer (simulador, acelerador, planimetria ou TC de planeamento). De entre as diversas funções destacam-se: 

Execução e controlo dos meios de imobilização e proteção dos doentes.

Aquisição de imagens para concretização do planeamento na TC e/ou no simulador.

Concretização do planeamento dosimétrico de acordo com as especificações do médico especialista em radioterapia, sob responsabilidade do físico.

Posicionamento e imobilização dos doentes e execução dos tratamentos previamente aprovados. 31


Manuseamento dos equipamentos de radioterapia.

Registo de todas as falhas, reparações e alterações detetadas no uso do equipamento e obrigação de reportar, imediatamente, ao físico.

Análise de todas as queixas inesperadas, súbitos agravamentos ou alterações incomuns no doente.

Aquisição de imagens no ao longo do tratamento para verificação e ajuste dos campos, sob a responsabilidade do médico especialista em radioterapia.

Preparação de fonte radioativas e programação de equipamentos afterloading.

Realização de moldes de acordo com o plano dosimétrico aprovado.

Responsabilidade pelo treino e educação técnico-científica dos estudantes quando estes participarem em estágios.

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6. Compreender a importância dos diferentes meios de proteção num campo de irradiação 6.1 Diário de trabalho Quarta-feira, 11 de Março de 2015 Utilizando um documento já antes procurado, reescrevo o processo de procura “Pesquisando no motor de busca “retrator de ombros” encontra-se um “Programa de Qualidade em Radioterapia” do Instituto Nacional de Câncer”. Neste documento foi possível retirar informações acerca dos MLC. Domingo, 22 de Março de 2015 Pesquisando no motor de busca “Divergência do feixe blocos de proteção” encontrase uma dissertação de mestrado de Victor Daniel Ocariz Ayala, cujo título é “Desenvolvimento de um sistema para verificar os programas utilizados nos planejamentos em Teleterapia com feixes de fótons” onde é possível retirar informações a cerca dos blocos de proteção e das cunhas. Quarta-feira, 1 de Abril de 2015 Pesquisando no motor de busca “blocos de proteção de cerrobend em radioterapia” este remete-nos para o website da “Oxigen” onde se encontra informação sobre as bandejas onde se indexam os blocos de proteção e após ir à categoria dos produtos e depois escolher outros é possível retirar informação sobre os MLC. Segunda-feira, 6 de Abril de 2015 Pesquisando no motor de busca “colimador secundário de multi folhas” este remetenos para o website da “Clínica de Radioterapia do Porto”, que apresenta informação sobre os MLC. Segunda-feira, 6 de Abril de 2015 Utilizando o Power point “Outras técnicas usadas em radioterapia externa” facultado pela docente Margarida Eiras foi possível construir o alicerce do tópico a ser tratado.

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6.2 Desenvolvimento Existem diferentes meios de proteção num campo de irradiação. Entende-se por campo de irradiação a zona que está a ser tratada. Os meios de proteção têm por base modificar o feixe, contribuindo para o aumento da qualidade do tratamento e evitando a exposição de órgãos sãos desnecessária à radiação.[1] Existem dois tipos de modificador de feixe, os que modificam a forma do campo e os que modificam a forma das curvas de isodose. A forma de isodose pode ser modificada introduzindo um modificador na totalidade ou em parte do feixe. A intenção é conseguir uma melhor distribuição da dose.[2] Dentro dos que modificam a forma do campo temos os blocos de proteção e os colimadores multilâminas (MLC). Os blocos de proteção são acessórios colocados entre o doente e o feixe. A espessura dos blocos varia de acordo com a energia do feixe.[1] Dado o peso que os blocos apresentam, estes são indexados a uma bandeja compatível com os aceleradores, normalmente fabricados em acrílico ou policarbonato.[3] Os blocos de proteção podem ser divididos em blocos focalizados, isto é, blocos que acompanham a divergência do feixe ou em blocos não focalizados, que contrariamente aos focalizados não acompanham a divergência do feixe. Os blocos focalizados são sobretudo utilizados em campos complexos ou quando existem órgãos críticos próximos da área de tratamento.[2] Para além desta divisão, os blocos também se podem dividir em blocos fixos/individualizados ou em blocos não fixos/standardizados. Os blocos não fixos são feitos de chumbo e normalmente não possuem divergências (blocos não focalizados), são usados para todos os doentes e têm que ser colocados diariamente pelos técnicos.[1] Os blocos personalizados (fixos) são normalmente fabricados em Cerrobend devido ao baixo ponto de fusão que apresentam, sendo possível aquecer na unidade de terapia.[4,5] Estes blocos têm a vantagem de apresentarem maior precisão, uma vez que ficam com as particularidades anatómicas do doente.[1] No entanto, apresentam um custo mais elevado. Os colimadores multilâminas ou MLC é um sistema de colimação constituído por pares opostos e paralelos de lâminas de tungstênio, que deslizam entre si, tendo cada uma um mecanismo de abertura independente dado que também têm um motor independente. O MLC tem como finalidade moldar os contornos do feixe, podendo ser utilizado apenas em feixes de fotões, para isso o sistema é dotado de 60 pares de lâminas, podendo variar dependente do fabricante.[5,6,7]

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Em relação aos blocos de proteção os MLC apresentam vantagens como a rápida programação computorizada, a possibilidade de tratamentos dinâmicos e a diminuição do tempo total de set-up.[5,7]

Figura 39: Exemplo de MLC Figura 38: Exemplo de blocos de proteção

Dentro dos que modificam a forma das curvas de isodose temos os filtros e o bólus. Os filtros são acessórios em forma de cunha que tem como objetivo homogeneizar a distribuição de dose quando a superfície irradiada não é plana. Existem filtros com diferentes angulações (15º, 30º, 45º, 60º). Os filtros podem ser manuais, ou seja, têm que ser colocadas pelos técnicos sempre que utilizados ou podem ser dinâmicos, ou seja, é um sistema de colimação do acelerador. Os segundos diminuem o tempo de set-up.[1,2] O bólus é um material que tem propriedades equivalentes ao tecido, de forma a superficializar as curvas de isodose, modificando a dose à pele e à profundidade. Este acessório pode ser feito de parafina, superflas (plástico) ou de perspex e pode apresentar diferentes espessuras. O técnico deve garantir que este está bem aderente à pele do doente.[2,7]

Figura 40: Deformação das curvas de isodose com a aplicação de filtros.

Figura 41: Exemplo de bólus.

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7. Perceber a importância da Relação Técnico/Doente 7.1 Diário de trabalho Quarta-feira, 18 de Março de 2015 Feita a leitura do documento “Making your Radiotherapy Service more Patient-friendly”, da autoria da Royal College of Radiologists, é de notar a elevada importância que é dada à relação entre os doentes oncológicos e a equipa técnica, o staff. Este documento aborda um conjunto de normas que devem ser seguidas com vista a providenciar o melhor serviço aos pacientes. Está seccionado em diversos momentos, nomeadamente nas diferentes alturas de contacto dos pacientes com os técnicos e as preocupações a ter em conta em cada um deles. A natureza deste documento é um exemplo claro de representação do modelo centrado no paciente – o modelo holista, aplicado na medicina atualmente. Sábado, 21 de Março de 2015 Uma breve leitura de alguns dos tópicos do Relatório de Estágio para candidatura ao grau de Mestre em Enfermagem Oncológica da autoria de Catarina Lopes permitiu uma visão global dos cuidados prestados ao doente oncológico seguindo o modelo centrado no paciente. Apesar de ser um relatório da área da enfermagem oncológica, estão presentes alguns princípios fundamentais das necessidades do paciente e algumas bases que devem ser tidas em conta no contato entre os profissionais de saúde e o doente oncológico. A leitura do artigo “Patients’ perspectives on the role of radiation therapists” proporciona uma visão diferente do que foi lido até agora acerca do papel da comunicação entre técnico/doente em radioterapia. Com este estudo vimos que os pacientes conseguiam alcançar um estado de conforto emocional de duas formas: criando relações com os técnicos de radioterapia e ganhando informação. Neste artigo, para além de serem abordadas as competências de comunicação que os profissionais de saúde devem ter, é exposta também a visão dos pacientes de como estes profissionais as aplicam enquanto se relacionam com eles. O estudo feito neste artigo demonstrou a importância da criação de uma relação entre o doente e o técnico de radioterapia, mostrando claramente os benefícios que esta traz aos doentes, sendo que estes se sentem mais confiantes e confortáveis para falar abertamente com os técnicos de radioterapia que os acompanham. Como em qualquer estudo, foi também possível ver que nem todos os técnicos mantêm uma boa relação com os doentes oncológicos e aqui podemos perceber que este foi um dos fatores que provocavam mais ansiedade e medo nos pacientes, que não conseguiam estabelecer relação nem comunicar com o técnico.

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No artigo “Comunicação em saúde e segurança do doente” são abordados dois temas principais: a comunicação entre o profissional de saúde/doente e a comunicação entre os profissionais de saúde. Para a pesquisa realizada no âmbito deste objectivo “Importância entre técnico/doente” apenas será considerada a informação do primeiro tema do artigo: comunicação entre o profissional de saúde e o doente. Como este artigo tem um caráter mais técnico e orientado para as consequências da falha da comunicação que consequentemente resultam em erros que podem custar a vida dos pacientes, a informação que nos interessa daqui será somente baseada na parte “Fornecimento de informação e comunicação em situações de exames complementares de diagnóstico e de tratamento”, que nos indica qual a informação que os técnicos devem dar ao paciente e como deve esta informação ser transmitida de forma a ser entendida.

7.2 Importância da relação técnico/doente “If you can’t communicate, it doesn’t matter what you know.” – Gardner, 1982

7.2.1 O técnico de radioterapia Segundo a definição da ESTRO, no documento “Recommended ESTRO Core Curriculum for RTTs”, os técnicos de radioterapia (TRT) são “o grupo de profissionais com responsabilidade direta pela administração da radioterapia a doentes com cancro. Isto engloba a administração segura e precisa da dose de radiação prescrita e os cuidados clínicos e apoio do paciente diariamente ao longo da preparação do tratamento, durante o tratamento e nas fases imediatamente após o tratamento. Os técnicos de radioterapia são muitas vezes quem estabelece a ligação entre o paciente e a equipa multidisciplinar que compreende essencialmente o oncologista, o especialista em física médica e o técnico de radioterapia. Os TRT entram em contacto com todos os profissionais associados para garantir que as necessidades do paciente são atendidas”.[1] Assim, o técnico de radioterapia assume um papel de elevada importância para o doente oncológico, sendo ele a pessoa que o vai acompanhar durante todo o processo de tratamento. Isto implica que o técnico tenha uma série de competências que lhe permitam a criação de uma relação eficaz com o paciente, estabelecida por uma comunicação adequada e centrada no paciente.

7.2.2 Modelo holista de centração no paciente O modelo de relação/comunicação centrado no doente é um modelo holista, em que existe uma partilha de autoridade entre o profissional de saúde e o próprio paciente. Com isto 37


pretende-se construir uma aliança terapêutica que trará benefícios ao nível da construção de uma relação baseada na confiança em que o paciente se torna um membro ativo no seu processo de tratamento. O profissional de saúde deve compreender a perspetiva do doente e partilhar com ele o processo de decisão terapêutica.[2] No entanto, duas caraterísticas são fundamentais para que o técnico/profissional de saúde se mantenha imparcial na relação com o paciente sem cair na condescendência, são elas: a capacidade de descentração de si próprio, ou seja, colocar-se na perspectiva do doente de forma abrangente, com os seus valores e preferências pessoais, tradições e cultura de modo a aprender a realidade do doente; e a flexibilidade, em que tem de ser capaz de adequar o estilo de relação e de comunicação ao doente e à situação.[3] Este modelo vai levar a um aumento de satisfação do paciente, bem como a uma melhoria da adesão ao tratamento e a um restabelecimento mais rápido do doente. Trará também uma diminuição da perturbação emocional do doente e diminuição dos erros médicos, o que, consequentemente leva a uma maior satisfação profissional por parte dos profissionais de saúde. Os cuidados centrados no paciente devem estar baseados na comunicação em dois sentidos na qual o doente é informado sobre a sua doença e respetivo tratamento e é simultaneamente encorajado a participar, sendo entendido como especialista em si.[2]

7.2.3 Antes do tratamento Antes de iniciar o tratamento, alguns pacientes têm crenças eradas sobre o mesmo, que podem ser motivo de grande ansiedade e preocupação, tais como acreditarem que a radioterapia faz cair o cabelo e provocar náuseas e vómitos tal como a quimioterapia. É o papel do técnico de radioterapia perceber rapidamente a razão da ansiedade e medo dos pacientes e esclarecê-los de modo a que encarem a radioterapia como uma contribuição positiva no seu processo de tratamento. Uma forma eficaz de reduzir a ansiedade antes do início do tratamento de radioterapia é fazer uma visita guiada ao serviço. Esta pode ser feita de forma individual ou coletiva, com a organização de open days ao serviço. Neste primeiro contato do doente com o serviço, seria de valorizar a apresentação da equipa técnica que o vai acompanhar ao longo do tratamento, nomeadamente o técnico de radioterapia que irá estar em contato direto com o doente diariamente. Para além disto, é importante que antes do início do tratamento sejam explicados ao doente os possíveis efeitos secundários do tratamento e como estes poderão condicionar a 38


sua vida. Deve também ser dado ao paciente um contato da equipa técnica ao qual possam recorrer em caso de dúvidas. Pequenos detalhes como perguntar ao doente se gostaria de ter música durante o tratamento e encorajá-lo a trazer a sua própria música, bem como deixá-los à vontade para propôr estratégias que ajudem a passar melhor o tempo do tratamento vão fazer com que o doente se sinta menos ansioso e facilitar o trabalho da equipa técnica.[4]

7.2.4 Informação e comunicação durante o tratamento Ao longo do tratamento, é da responsabilidade do técnico fazer o acompanhamento do doente tanto a nível físico (efeitos secundários que possam surgir), como a nível psicológico. Assim, é de extrema importância que exista uma boa relação entre o técnico e o paciente de forma a que este se sinta à vontade para falar com o técnico e colocar quaisquer dúvidas que surjam ou falar acerca das suas modificações corporais e emocionais. Desta forma, é possível ao técnico ajudar o doente, aconselhando-o. Se este tipo de relação não existir e o paciente não confiar no técnico ou na equipa médica, isto vai levar a uma repressão de emoções e a um aumento inevitável dos níveis de ansiedade do doente oncológico, o que não só é considerado como factor de mau prognóstico, como pode também desencadear no agravar de efeitos secundários não revelados à equipa técnica. Para além da comunicação pessoal, é também importante que sejam fornecidas ao paciente informações escritas, na forma de panfleto, por exemplo. A informação escrita permite ao paciente focar os pontos importantes acerca do tratamento que vai realizar, dos cuidados a ter com a área irradiada, das marcas permanentes na pele e dos efeitos secundários do tratamento de radioterapia. Uma das vantagens deste tipo de informação é o paciente poder consultá-la todas as vezes que desejar. Poderão estar também incluídos neste panfleto alguns sites com informação confiável e de fácil compreensão para o doente. Uma opção para a informação escrita é a recomendação de filmes ou entrega de fotografias e desenhos, por exemplo, para pacientes analfabetos. Um dos pontos fulcrais para uma boa comunicação é a consistência da informação transmitida ao paciente pela equipa técnica. O tratamento de radioterapia envolve a intervenção de uma equipa multidisciplinar, sendo que vários profissionais de saúde estão envolvidos no tratamento individual do paciente. A transmissão de diferentes informações por diferentes profissionais pode ser um factor potenciador de grande ansiedade e falta de confiança na equipa técnica. Assim, é crucial a consistência de informação não só entre a equipa e o paciente, como também dentro da própria equipa.

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Durante o tratamento, outro dos aspetos a ter em conta é a privacidade e a dignidade do paciente. Há que ter em conta que os doentes oncológicos são doentes que se podem encontrar mais ou menos fragilizados a nível físico e emocional e, portanto, devem ser tratados com respeito e cautelosamente pelos profissionais de saúde. Com efeito, é de máxima relevância informar o paciente quais as áreas do seu corpo que vão estar descobertas e proporcionar o maior conforto durante as trocas de vestuário, assegurando que os pacientes que vão efectuar o tratamento não se cruzam com pacientes à espera de receber o tratamento ou que não são deixados expostos perante a presença de profissionais que desconhecem/não lhes foram apresentados como relevantes para o seu tratamento. A existência de uma forma de comunicação de emergência enquanto se está a realizar o tratamento é obrigatória e o paciente não deve ter receio de recorrer à mesma caso necessário. No entanto, o técnico de radioterapia deve realçar que este método deve ser utilizado apenas e só em caso de emergência, alertando o paciente para a importância da realização contínua do tratamento.[4]

7.2.5 Após o tratamento/ Follow-up Muitas vezes, no fim do tratamento, os pacientes podem vivenciar sentimentos de solidão e incerteza quanto aos resultados do tratamento. Se nada for feito, estes sentimentos podem gerar uma revolta do paciente. É importante o técnico seguir a evolução do doente ao longo do tratamento e não descuidar na fase final do mesmo. É muito importante que o técnico se assegure que o paciente entende que as sessões de radioterapia acabaram mas que poderão continuar a surgir efeitos secundários do tratamento, bem como é importante que perceba que os resultados da radioterapia podem não ser verificados imediatamente após a conclusão da mesma. Para que o doente se sinta apoiado e que cumpra as indicações a seguir após a conclusão dos tratamentos, deve ser dado ao paciente um contato ao qual possa recorrer sempre que necessário e pelo qual o mesmo poderá ser contatado pela equipa médica de forma a continuar a ser acompanhado.[4]

7.2.6 Perspectiva dos pacientes Os profissionais de saúde na área da radioterapia têm um papel importante em informar os pacientes acerca do tratamento, assegurando que se sentem confortáveis e preparados para receber o tratamento. Para que os pacientes consigam alcançar um estado de conforto emocional foram destacados dois passos essenciais: formando relações com os técnicos de radioterapia e obtendo informação.[5] 40


7.2.6.1 Construir uma relação São considerados três passos essenciais na formação de uma relação com o técnico de saúde: conhecer os técnicos de radioterapia, discutir com o técnico de radioterapia e o contato com técnicos de radioterapia familiares ao paciente.[4]

7.2.6.2 Conhecer o técnico de radioterapia O fato de os técnicos de radioterapia se apresentarem ao doente antes do início do tratamento é um factor extremamente valorizado pelos pacientes. Uma vez conhecidos os técnicos de radioterapia, os pacientes sentem-se mais aliviados e capazes de relaxar devido ao factor de ansiedade por desconhecer quem iria administrar o tratamento ter sido resolvido. Quando o técnico de radioterapia assume o papel ativo no desenvolvimento da relação, os pacientes começam a confiar mais neles e sentemse mais confortáveis para colocar questões.[4]

7.2.6.3 Discutir com os técnicos de radioterapia Vários pacientes sentem que não querem distrair a equipa técnica ao fazer perguntas pois têm medo que isto aumente o risco de erros no tratamento. Quando os técnicos de radioterapia se esforçam por desenvolver um bom relacionamento com os pacientes, estes sentem-se integrados e mais à vontade para interagir com a equipa porque os técnicos de radioterapia tiveram tempo para falar com eles e mostraram-se disponíveis para conversar dentro e fora da sala de tratamentos.[4]

7.2.6.4 Contacto com técnicos de radioterapia familiares ao doente Uma equipa técnica constante na administração do tratamento faz com que o doente se sinta integrado e que possa falar com profissionais de saúde com os quais já criou uma relação de confiança. Alguns pacientes podem não se sentir confiantes sobre a precisão do tratamento se a equipa estiver constantemente a mudar. Várias componentes tornam o tratamento mais fácil ou mais difícil para os pacientes: as apresentações iniciais fornecidas pelo pessoal; as oportunidades disponíveis para conversar com os técnicos; a possibilidade de ver sempre os mesmos técnicos e de se familiarizar com os mesmos; e as personalidades e as caraterísticas individuais dos radioterapeutas.[4]

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7.2.6.5 Obtenção de informação Os pacientes devem receber informações pelos técnicos de radioterapia pois são estes os profissionais de saúde que vão ver diariamente. O processo de troca de informações permite um fortalecimento da relação entre o técnico de radioterapia e o doente. Quando os técnicos de radioterapia fornecem informação aos pacientes, estes não só começam a sentirse mais confiantes acerca do tratamento como também desenvolvem respeito e confiança pelos técnicos que os estão a tratar. Os técnicos de radioterapia podem transmitir informação recolhida sobre os pacientes, mantendo pequenas notas acerca dos mesmos para que, quando necessário trocar os técnicos responsáveis pela administração do tratamento, consigam providenciar ao doente um sentimento de familiaridade e continuidade do tratamento.[4]

7.2.7 Comunicação eficaz A interação com o doente deve desenvolver-se no sentido de inclusão deste ao longo de todo o tratamento, segundo o modelo holista de centração no paciente referido anteriormente neste trabalho. Isto implica a transmissão, por parte do profissional de saúde, de informação adaptada ao indivíduo e à situação, ou seja, que promova a sua total compreensão, dirigida às suas necessidades, tendo em conta o seu nível cultural, o seu grau de literacia, bem como o seu grau de desenvolvimento cognitivo. Uma estratégia que pode contribuir para melhorar a eficácia da comunicação do profissional de saúde consiste no pedido ao doente para repetir a informação recebida, o que permite ao profissional verificar até que ponto ela foi compreendida e memorizada, procedendo, quando necessário, à clarificação e adequação da informação ao doente.[6]

Figura 1 - Processo interactivo de comunicação do profissional de saúde - doente (adaptado de Schillinger et al., 2003)[5]

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7.2.8 Conclusão O técnico de radioterapia desempenha um papel de máxima relevância para o doente oncológico, sendo que vai interagir com este diariamente na administração do tratamento de radioterapia. Assim, é crucial que o técnico disponha de competências que permitam a criação de uma relação com o paciente, utilizando uma comunicação eficaz e adequada, seguindo o modelo médico holista de centração no paciente. No modelo holista, é essencial que o técnico de radioterapia se mantenha imparcial na relação com o paciente sem cair na condescendência, sendo essencial que este tenha a capacidade de descentração de si próprio, ou seja, colocar-se na perspectiva do doente, considerando os seus valores, tradições e cultura; e que seja flexível, que seja capaz de adequar o estilo de relação e de comunicação ao doente e à situação. Segundo este modelo, a comunicação entre o técnico e o doente desenvolve-se em dois sentidos: o doente é informado sobre a sua doença e respectivo tratamento e é simultaneamente encorajado a participar pelos profissionais de saúde. A preparação do doente antes do início do tratamento é essencial para diminuir os níveis de ansiedade do mesmo, bem como esclarecê-lo sobre possíveis mitos e dúvidas que tenha. O acompanhamento físico e psicológico ao longo do tratamento é da responsabilidade do técnico de radioterapia e é este o responsável pela criação de uma relação de empatia com o doente que tenha por base a confiança. Na perspectiva dos pacientes acerca dos técnicos de radioterapia são considerados vários elementos que os doentes oncológicos vêm como fulcrais para a alcançar um estado de conforto emocional. É necessário a construção de uma relação com os técnicos de radioterapia e a obtenção de informação para que este estado seja atingido. Assim, os pacientes sentem-se confiantes durante o tratamento e confortáveis para colocar questões e falar com os técnicos responsáveis, dentro e fora da sala de tratamento. Desta forma, é notável a importância da utilização de uma comunicação eficaz por parte dos técnicos de radioterapia na construção de uma relação com o doente oncológico de forma a assegurar a continuidade dos tratamentos bem como o desenvolvimento de uma atitude positiva baseada numa relação de confiança.

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8. Conclusão Em suma, o portfólio digital que elaboramos foi uma forma de através de pesquisas, resumos e elaboração de textos tomarmos conhecimento de diversos assuntos referentes à radioterapia externa. A vantagem de realizar o portfólio é não só aumentar a nossa capacidade de pesquisa, de recolha de informação e de síntese, mas também conseguirmos adquirir conhecimentos através de uma plataforma inovadora para nós. Como referido anteriormente sendo esta uma plataforma nova despertou maior interesse da nossa parte, sendo consequentemente de fácil aprendizagem e compreensão. Os objetivos (tópicos) que nos foram propostos são também eles adequados, dado que, abrange uma panóplia de conceitos todos eles de elevada importância para a radioterapia e para a correta execução do tratamento. A realização deste portfólio permite-nos não só a aprendizagem dos diversos temas acerca da radioterapia externa enquanto estudantes, como também nos permite ficar com uma ferramenta para o futuro com as bases necessárias para a compreensão do trabalho de um técnico de radioterapia A partir do tópico das técnicas de irradiação pudemos concluir que todas as técnicas têm o objetivo comum de irradiar com a maior eficácia possível o volume alvo porém protegendo em simultâneo os órgãos de riscos e tecidos saudáveis adjacentes. Como podemos observar essas técnicas passam por melhoramento dos meios de planimetria utilizados, como pelos equipamentos de tratamento ou até na precisão de administração da dose e/ou posicionamento do doente. Estas técnicas colaboram ainda para uma melhor resposta ao tratamento e para uma melhor recuperação do doente. Acerca da eficácia dos sistemas de imobilização podemos concluir que estes reduzem as variações no posicionamento diário do doente, melhorando o resultado do tratamento. Chegamos também à conclusão que os acessórios se podem classificar em três diferentes grupos, dependente da região anatómica para que são indicados. Podem se dividir em sistema de imobilização da região anatómica de cabeça e pescoço, sistema de imobilização da região anatómica da mama, sistema de imobilização da região torácica e sistema de imobilização da região pélvica. Ainda neste tópico foi descrita em breves palavras o que era cada acessório e para que eram utilizados. Com este portfólio observamos ainda como funciona unidade de terapia e como é constituída ao nível das instalações, profissionais e de equipamentos. Constamos que para oferecer um tratamento com os requisitos de qualidade o serviço teria de dispor de determinados equipamentos bem como de uma equipa de profissionais multidisciplinar de forma a chegar às necessidades dos doentes, e ainda de instalações que possibilitem o 44


tratamento obedecendo às medidas de segurança exigidas. Este objetivo abrangeu ainda as funções dos técnicos de radioterapia num serviço o qual fizemos questão de aprofundar um pouco mais percebendo assim a devida importância dos mesmos na unidade. De forma a proteger os campos de irradiação existem diferentes meios de proteção. Estes meios de proteção modificam o feixe e dividem-se em os que modificam a forma do campo e em os que modificam a forma das curvas de isodose. Dentro dos que modificam a forma do campo temos os blocos de proteção e os colimadores multilâminas (MLC) e dentro dos que modificam a forma das curvas de isodose temos os filtros e o bólus. A comunicação na relação técnico/doente é um aspeto essencial para o sucesso do tratamento de radioterapia. A construção de uma relação baseada na confiança vai fazer com que o doente se sinta à vontade para falar com os técnicos de radioterapia e expor as suas questões, bem como sentimentos e preocupações. O papel do técnico de radioterapia está bem definido e tem por base um modelo holista – modelo de centração no paciente. O profissional deve saber colocar-se na prespetiva do paciente e ser flexível, adequando a comunicação ao doente e à situação em que se encontra. Assim, uma comunicação de sucesso na relação técnico/doente é um aspeto essencial para o sucesso do tratamento de radioterapia.

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