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Referências bibliográficas......................................................................................................................50
Imagem: Demolições no centro de Cidade Ocidental-GO. Fotos de autoria própria. Demolições de casas no centro da cidade para realização de novos empreencimentos com unificação de lotes.
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Grandes terrenos ociosos em meios as residências, provavelmente frutos da especulação imobiliária.
Imagem: Lote vago em um bairro de Cidade Ocidental-GO. Fonte: Google Street View.
A malha urbana sendo dominada por condominios fechados de baixa renda financiados pela caixa econômica federal, atualmente uma das poucas opções de acesso a moradia para a população de baixa renda.
OS PIONEIROS DA CRÍTICA
JANE JACOBS
Reservando sua crítica mais mordaz para os urbanistas "racionalistas" (especificamente Robert Moses) dos anos 1950 e 1960, Jacobs argumentou que o planejamento urbano modernista rejeita a cidade, porque rejeita os seres humanos que vivem em uma comunidade caracterizada pela complexidade em camadas e um aparente caos. Os planejadores modernistas usaram o raciocínio dedutivo para encontrar princípios para planejar cidades. Entre essas planos, ela considerou a renovação urbana a mais violenta, e o zoneamento os mais recorrentes. Esses planos, segundo ela, destroem comunidades e inovações econômicas criando espaços urbanos isolados e não naturais.
Jacobs defendeu "quatro geradores de diversidade" que "criam pools econômicos efetivos de uso":
Usos mistos, mantendo as ruas ativas em diferentes momentos do dia; Quadras menores, permitindo a permeabilidade dos pedestres Edifícios de várias idades e estados de reparação Densidade
GORDON CULLEN
No momento em que se questionava o modelo moderno de planejamento urbano, Gordon Cullen discorre sobre a observação das cidades por meio de qualidades emotivas. Seu livro mais notório, “Townscape” tem como propósito “mostrar que, assim como a reunião de pessoas cria um excedente de atrações para toda a coletividade, também um conjunto de edifícios adquire um poder de atração visual a que dificilmente poderá almejar um edifício isolado”.
O título da publicação, “Paisagem Urbana” na língua portuguesa, é homônimo ao termo criado pelo autor em seus diversos trabalhos para a revista The Architectural Review, e que posteriormente é desenvolvido como tema desta publicação.
A publicação é considerada uma das leituras mais importantes sobre o desenho urbano no século XX, justamente por levantar uma preocupação com o espaço urbano ao observar que o homem “necessita de emoção, do dramatismo que é possível fazer surgir do solo e do céu, das árvores, dos edifícios, dos desníveis e de tudo o que o rodeia, através da arte do relacionamento”.
OS PIONEIROS DA CRÍTICA
Christopher Alexander
Em sua literatura apresenta meios para a busca da construção de um tecido urbano saudável, definindo os passos de implantação dos elementos físicos de modo a garantir um tecido urbano vivo. Ao invés do tradicional projeto desenvolvido em escritório, é proposto um processo de implantação, direto no terreno, dos elementos principais: rotas de circulação, espaços públicos, vias secundárias, espaços para os pedestres, implantação dos prédios e suas conexões, a partir dos quais os próprios habitantes constroem as suas habitações, onde o uso de padrões e códigos geradores apresenta a vantagem de incorporar soluções já adotadas em outros casos e baseadas em evidências, com base em conhecimento científico (Piccinini, 2006, p. 5).
ARNO VOGEL E MARCO ANTONIO DA SILVA
Destaco aqui a obra em conjunto desses dois autores; “Quando a rua vira casa”. A análise interdisciplinar da apropriação de espaços urbanos propõe comparar um centro de bairro tradicional com uma área nova, inteiramente planejada de acordo com parâmetros e concepções modernas, no Rio de Janeiro. Com essa finalidade os autores escolheram, respectivamente, o Catumbi e a Selva de Pedra.
A vida da rua é desenvolvida como moduladora das próprias qualidades formais do espaço, além de nele se manifestar. Os autores se debruçam em analisar categorias nativas do universo do Catumbi. E é por meio dessas categorias que constam em essência no âmbito do “concebido” e são constantemente ressignificadas na experiência do “vivido”, que o espaço é produzido. Assim, algumas polaridades apresentadas pela teoria do planejamento urbano operariam como oposições relativas, uma vez que não são contempladas no contexto do Catumbi.
O livro é arrematado com uma crítica ao discurso dos planejadores, cuja inspiração modernista os faz aferir uma discurso com viés progressista no intento de formar mitos fundadores desconectados dos modos de vida preexistentes. Quando a rua vira casa é exatamente o elogio e a incorporação das rugosidades e dos estranhamentos das interações urbanas em sistemas politéticos, não binários,
OS PIONEIROS DA CRÍTICA
Maria Elaine Kohlsdorf
Arquiteta brasileira nascida em 1943. Desenvolveu importante trabalho teórico e foi uma das responsáveis pelo desenvolvimento da dimensão morfológica do urbanismo.
A autora, Maria Elaine Kohlsdorf, se baseia em princípios de diversos teóricos da área, tais como Cullen, Parsons, Molles , Rohmer, Lee , Carr, Trieb, Fox, dentre outros. Graduada em Arquitetura e Urbanismo pela UFRJ , especialista em Configuração Urbana pela Universität Stuttgart e mestra em Planejamento Urbano pela UNB, possui renome pela sua atuação voltada para os estudos da percepção do espaço, morfologia urbana e metodologias aplicadas a projeto de espaços sociais.
A ideia central do texto de seu livro “A apreensão da forma da cidade”. parte do princípio de que a percepção humana de um espaço se dá de forma dinâmica. A partir do movimento, o entendimento espacial pode ser alterado ou sentido de forma diferente, com variantes como a velocidade em que o observador se locomove ou mesmo o transporte ou altura em que está localizado. Além dessa posição “física” do observador, também é levado em consideração suas vivências prévias, que podem ser determinantes para sua forma de apropriação do espaço.
São acompanhados os planos visuais formados em um trajeto, associados às respectivas sensações causadas. Neste momento pode-se encontrar os princípios gestálticos ao agrupar os elementos na paisagem para formar uma única linguagem. São catalogados como efeitos topológicos: envolvimento, amplidão, estreitamento, alargamento e alargamento parcial. Para cada efeito é associada também uma forma de percepção, sendo respectivamente: direcionamento, impedimento, emolduramento, mirante e realce.
Projetos de Arquitetura Concurso Renova SP – Grupo 1 – Cabuçu de Baixo 5 – 1º Lugar Coordenador: Marcelo de Oliveira Montoro Cabuçu de Baixo 5 se localiza em Brasilândia, distrito do norte de São Paulo. Começou a ser ocupado durante o processo de expansão do sistema viário da cidade e derrubada de favelas, fazendo com que os desalojados procurassem áreas mais afastadas na cidade, ocupando assim os morros de Cabuçu de Baixo. Devido a necessidade de novas vias para evitar congestionamentos e de um sistema de contenção para evitar desmoronamentos a prefeitura optou por reurbanizar a área, tendo assim que realocar 2440 unidades habitacionais. Foi convocado concurso de projeto de arquitetura e de renovação dos espaços públicos e revitalização do córrego poluído que atravessa o local sendo transformado num parque urbano linear. Nesta proposta para o concurso é interessante a diversidade de tipologias nos blocos habitacionais, o uso de áreas comunitárias partilhadas, tipologias em duplex, a implantação do bloco que faz um diálogo com a topografia contornando uma praça que abriga usos de biblioteca, comércio local e praça cultural.Consegue variar no projeto com térreo destinado para multiuso e térreo permeável, incentivando tanto a economia local gerida pelos próprios moradores quanto a criação de mais áreas caminháveis através da eliminação de barreiras para o pedestre. Destaque também para as tipologias com área destinada para expansão da residência pelos próprios moradores. O incentivando a autoconstrução, vai resultar na configuração do espaço através da criação de um caráter único para as unidades, característica também presente nas favelas.
Figura 14–Render do projeto, Fonte: concursosdeprojeto.org
Conjunto Habitacional Monterrey Escritório: Elemental Sitio: Monterrey, México
Conjunto habitacional de interesse social que devido a escolha da locação em um terreno mais central, priorizando a inclusão destes a cidade, comprometeu grande parte do orçamento. De modo que, afim de realizar uma habitação que atendesse a faixa de preço estipulada e a individualidade de cada residente, foram projetadas duas habitações - tipo, a térrea de 52m² e a duplex de 76m² . Sendo construído em concreto apenas o modulo principal contendo quarto, cozinha e banheiro, totalizando 40m², aqui também foi previsto a possibilidade de ampliação até a área máxima de cada habitação - tipo a custo e a necessidade do residente, o que agrega dinamismo e afasta a monotonia existente em conjuntos habitacionais, diminui o custo inicial do projeto e abre possibilidade para oportunidades econômicas em expansões no térreo. Entretanto vemos no projeto uma implantação em grade regular de lotes, distante da concepção da malha urbana orgânica e sinuosa das favelas. Também a falta de densidade e de diálogo com o espaço público, lembrando conjuntos habitacionais padronizados como o Minha Casa Minha Vida.
Eduardo Pizzaro – Intertícios urbanos
Eduardo Realiza estudos para requalificação dos interstícios urbanos, o desenho do espaço não construído que compõe a morfologia urbana da favela. O projeto de doutorado é direcionado para o caso da favela de Paraisópolis, segunda maior favela de São Paulo, e trabalha na revitalização dos interstícios urbanos – definidos como o conjunto de espaços abertos da cidade, ou seja, os vazios delimitados pelas interfaces verticais e/ou horizontais (PIZZARO, 2014)- de espaços públicos comunitários tanto no chão quanto na quinta fachada das edificações e também propostas de melhorias no conforto térmico para as habitações. Importante ressaltar a importância que estudo da para a quinta fachada, entendendo o espaço da laje como de suma importância para a cultura e senso de comunidade da favela.
Casa de Todo Dia – Eduardo Pizarro e Joana Gonçalves
Projeto que aplica estratégias bioclimáticas e mão de obra local na favela de Paraisópolis, a “CASA de todo dia” se trata de um protótipo construído na laje do prédio da União de Moradores da Favela da Favela de Paraisópolis. Se utilizando de um material construtivo comum que o bloco cerâmico de oito furos, foi possível aplicar estratégia de ventilação e sombreamento, assentando os blocos de maneira vazada. O espaço ainda é utiliza do como horta comunitária pelos moradores.
Brasília foi construida na década de 60, para ser a nova capital do país, durante o governo de JK. Idealizada por Lucio Costa cujo projeto foi vencedor do concurso para o planejamento da capital, a cidade se caracteriza pela arquitetura moderna de Oscar Niemeyer e do engenheiro Joaquim Cardoso e o projeto urbanístico que segue os príncipios da Carta de Atenas e os elementos pensados para a cidade pelo arquiteto franco-suíço Le Corbusier.
A Carta de Atenas assentava em quatro funções básicas na cidade: habitação, trabalho, diversão e circulação. A Carta de Atenas propunha, em termos sociais, que cada indivíduo tivesse acesso às alegrias fundamentais, ao bem-estar do lar e à beleza da cidade.
O projeto se adequou, também, à topografia do Planalto Central, sendo marcado pela horizontalidade e apenas o centro com verticalizado. O projeto do plano piloto de Brasília divide a cidade em 4 escalas: Monumental, Residêncial, Gregária e Bucólica, cortadas por dois eixos que se cruzam. Ruas e esquinas foram substituídas por pistas ou eixos, de onde sobressaem os trevos e as passagens de nível, eliminando-se os cruzamentos e separando-se a circulação de pedestre da de veículos.
Lúcio tinha o intuito que a cidade fosse moederna e ao mesmo tempo tivesse um caráter interiorano, de uma calma cidade feita para trabalhar. Percebido no cuidado do arquiteto em limitar o gabarito dos blocos residênciais a 6 pavimentos, altura na qual seria possivel que uma mãe chamasse da janela do último andar seu filho que estaria brincando nos parquinhos da superquadra.
Foto – Palácio da Alvorada em fase de conclusão. Arquivo Público do Distrito Federal, ArPDF.
Imagem – Trabalhador caminhando em frente ao Congresso Nacional em construção. Desenho de autoria própria.
Imagem – Caminhão levando trabalhadores. Desenho de autoria própria.
Nasceu do gesto primário de quem assinala um lugar ou dele toma posse: dois eixos cruzando-se em ângulo reto, ou seja, o próprio sinal da cruz.
MORAR, CIRCULAR TRABALHAR, RECREAR
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A RODOVIÁRIA
Eduardo Rossetti, 2010 “Lucio Costa assinala que a face da Plataforma debruçada sobre o setor cultural e a Esplanada dos Ministérios não seria edificada, enquanto que o centro de diversões deveria ser o vetor da atividade urbana da futura Capital, assinalando sua concepção com referências de caráter urbano inequívocos, devendo este Setor central de diversões corresponder a uma "mistura em termos adequados de Piccadilly Circus, Times Square e Champs Elysées", confirmando a expectativa sobre o grau de urbanidade destes setores e desses espaços urbanos conexos à Plataforma."
Lucio Costa, 1957 ”Na parte central da plataforma, porém disposto lateralmente, acha-se o saguão da estação rodoviária com bilheteria, bares, restaurantes, etc., construção baixa, ligada por escadas rolantes ao “hall” inferior de embarque separado por envidraçamento do cais propriamente dito. O sistema de mão única obriga os ônibus na saída a uma volta, num ou noutro sentido, fora da área coberta pela plataforma, o que permite ao viajante uma última vista do eixo monumental da cidade antes de entrar no eixo rodoviário-residencial, despedida psicologicamente desejável.”
“Eu caí em cheio na realidade, e uma das realidades que me surpreenderam foi a Rodoviária, à noitinha. Eu sempre repeti que essa Plataforma Rodoviária era o traço de união da metrópole, da capital, com as cidades-satélites improvisadas da periferia. É um ponto forçado, em que toda essa população que mora fora entra em contato com a cidade. Então eu senti esse movimento, essa vida intensa dos verdadeiros brasilienses, essa massa que vive nos arredores e converge para a Rodoviária. Ali é a casa deles, é o lugar onde se sentem à vontade. Eles protelam, até, a volta e ficam ali, bebericando. Eu fiquei surpreendido com a boa disposição daquelas caras saudáveis. E o “centro de compras”, então, fica funcionando até meia noite... Isto tudo é muito diferente do que eu tinha imaginado para esse centro urbano, como uma coisa requintada, meio cosmopolita. Mas não é. Quem tomou conta dele foram esses brasileiros verdadeiros que construíram a cidade e estão ali legitimamente. É o Brasil... E eu fiquei orgulhoso disso, fiquei satisfeito. É isto. Eles estão com a razão, eu é que estava errado. Eles tomaram conta daquilo que não foi concebido para eles. Então eu vi que Brasília tem raízes brasileiras, reais, não é uma flor de estufa como poderia ser, Brasília está funcionando e vai funcionar cada vez mais. Na verdade, o sonho foi menor que a realidade. A realidade foi maior, mais bela. Eu fiquei satisfeito, me senti orgulhoso de ter contribuído”
COSTA, Lucio. “Plataforma rodoviária” (1984). In: COSTA, Lucio. Registro de uma vivência (op. cit.), p. 311.
A QUEBRADA NA RODOVIÁRIA
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O EXEMPLO DAS FAVELAS
Maior uso de bicicletas e motocicletas, para facilidade do acesso a ruas mais estreitas. Importante destacar também a popularidade do serviço do moto-táxi tanto nas favelas quanto nas periferias, um serviço barato de deslocamento individual e que fortalece a ecônomia local. Esse uso ainda é fortalecido tendo em vista que as populações dessas áreas em sua maioria não tem condições de adquirir um automóvel, nem de usar serviços de transporte por aplicativo.
Conversa de esquina
As ruas estreitas, juntamente com a atividade constante, forçam os motoristas a se moverem lentamente através do tecido da comunidade. O ritmo lento do tráfego gera um ambiente social mais seguro e silencioso do que outras áreas da cidade que foram projetadas especificamente para o fluxo de automóveis. As ruas da comunidade tornam-se então um ponto de convergência - um espaço para trocas ocasionais e encontros frequentes. Mesmo pequenas, as crianças se reúnem para brincar fora de casa sem supervisão, mas sempre próximas dos adultos.
Costume comum das periferias; alugar uma cama elástica para celebrar o aniversário das crianças da família e colocá-la na rua rua em frente ao portão de casa. as vezes até uma tenda para que a festa inteira aconte-ça ali mesmo.
Ao transitar pelas ruas da comunidade, você pode observar as famílias sentadas em frente às casas, reunidas para conversar com os vizinhos ou cuidar de crianças. É possível ver os residentes da terceira idade se envolverem, da varanda ou da janela da sala de estar, conversando com os pedestres. Na comunidade, uma pequena unidade no piso térreo permite que uma pessoa idosa viva de forma independente e participe da vida da comunidade.
Uma porta ou janela virada para a rua é tudo o que necessário para estabelecer uma pequena loja. As iniciativas empresariais podem ser testadas sem os riscos e custos de alugar um espaço comercial. Se o negócio falhar, é possível transformá-lo e tentar novamente com uma nova e melhor ideia. Se o negócio tiver sucesso, ela pode expandir e ocupar o primeiro pavimento, enquanto a renda comercial pode ser usada para financiar a construção de um segundo pavimento destinado a habitação. Além disso, um terceiro pavimento com acesso independente pode ser convertido em um apartamento para alugar a um primo ou a um casal de inquilinos. A casa se adapta e ajusta constantemente. Pode ser subdividida quando a família cresce ou é alugada quando um membro da família se muda. Embracing the paradox of planning for informality -Site Next City
As pessoas gostam de sair a noite, uma noitada é algo especial. A maior parte das atividades de uma cidade se encerram a noite, aquelas que permanecem abertas não contribuiram significativamente para a vida noturna da cidade ao menos que estejam juntas.
VIDA NOTURNA
Diversidade de espaços públicos, criação de microespaços oriundos do encontro entre os acessos de um grupo de residências, espécies de “nós” para encontro dos moradores que vão surgindo ao longo dos becos e vielas das favelas.
Longe dos grandes campeonatos profissionais e do futebol padrão fifa, existe a várzea. Originado em São Paulo, os primeiros clubes de várzea foram criados por operários de grandes empresas que ficavam às margens dos rios, na região várzeana. Atualmente o os praticantes e fãs da várzea possuem até seus próprios uniformes customizados, que podem ser adquiridos em lojas especializadas das favelas e periferias de SP. Sinal de que os esporte tem movimentado a economia entre os proprios moradores das comunidades.
Campo do Palmeirinha em Paraisópolis (zona sul de São Paulo).
O campo foi construido em terra batida na década de 1980 e é onde joga o time de várzea da Associação Palmeirinha Paraisópolis. Em 2021, a associação venceu um edital do consulado da República Tcheca em São Paulo para realizar reformas, parte de uma inciativa mundial do governo tcheco em países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento. O campo abriga projetos sociais e outras modalidades de esporte e gere equipes de futebol de diversas faixas etárias. Interessante observar tambm sua configuração espacial devido a proximidade com as casas no entorno.
Áreas de lazer e prática esportiva para crianças cercadas pelas residências com por volta de 4 a 5 pavimentos, podendo uma mãe vigiar seu filho da janela.
Devido a alta densidade das favelas e de algumas localidades de periferia, os moradores constroem suas casas aproveitando a área total dos lotes, não restando espaço para quintal. Assim as atividades comuns ao uso desse espaço como por exemplo estender roupas em varal, criação de hortas e plantas ou galinhas, são jogadas para a laje de cobertura, aproveitando a única área exposta ao sol da casa. Além desse uso de atividades domésticas as lajes também atendem as necessidades de lazer dos moradores, é bastante comum a reunião de familiares e amigos para soltar pipa, fazer um churrasco ou tomar banho de sol nas lajes.
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A PROPOSTA
Uma proposta do que poderia ser essa quebrada utópica, um redesenho que mantém o que já funciona e tenta suprir as demandas existentes nas quebradas. Reforçando no projeto a relevância e necessidade de manutenção de alguns desses espaços de sociabilidade da periferia. Configurado por uma rua central cheia de vida destinada a uso misto atravessando um aglomerado de residências com espaços públicos abertos que surgem nos meandros dos becos e vielas da cidade.
Sendo mais importante a apropriação do que o projeto em si, o mesmo já é representado um passo a frente de si mesmo, dominado pelos usuários e por autoconstruções. Um pensamento norteador para o projeto foi a ideia de que um mesmo tipo de espaço pode ser ressignificado de várias formas de acordo com seu uso e das possíveis estruturas que fomentem essas ressignificações.
A análise de espaços deve levar em conta as atividades que se dão nos seus diversos recortes. Assim como a rua é a forma de utilizá-la, o espaço é o uso que permite. Os significados que um determinado suporte material (esquina, calçada, quintal, rua, etc.) pode assumir, resultam da sua conjugação com uma atividade e mudam de acordo com ela. Falamos de espaços e do que pode acontecer, gramaticalmente, em cada um. E o que pode acontecer varia. Mas, na variação mesma dos eventos possíveis, existe uma estrutura que torna o espaço apenas mais uma dimensão do social.(MELLO,; VOGEL; MOLLICA,1980, p.48).
6
4
1 9
1
2
1- Esportes 2-Pequenas praças 3-Lajes públicas e privadas 4-Passarelas 5-Circulação na cobertura 6-Parque e lago 7-Rua comercial para bicicletas e motocicletas 8-Microespaços públicos entre as casas. 9-Feira coberta
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7 4 3 9
Visam fomentar a possibilidade de uma cidade caminhável em nível elevado em relação ao térreo, alterando a relação do pedestre com os pavimentos das edificações e circulações entre diversas lajes.
As ruas terão uma diversidade de fachadas assim como a das favelas, o projeto habitacional deve permitir uma flexibilidade para intervenção dos moradores, que através da autoconstrução possam colocar sua identidade nas casas e adaptá-las as suas necessidades ao longo do tempo.
Diversidade de lajes públicas e privadas e espaços caminhéveis entre elas por escadas e passarelas. As ruas se toranariam densas, mas com escala humana e a diversidade de fachadas e de cenas podem tornar o trajeto por elas mais dinâmico e interessante.
TIPOLOGIAS HABITACIONAIS FLEXIVEIS
Inspirado em tipologias da Velha Déli na Ìndia, densos edifícios habitacionais com varandas largas utilizadas como quintais, térreo para comércio e cobertura utilizável como área comum.
Velha Déli, India
Área comum na cobertura, um espaço onde os moradores podem ter acesso a todas as atividades caracteristicas da cultura da laje nas favelas.
Habitações multifamiliares onde as famílias podem ter uma laje/quintal no segundo andar.
HORTA URBANA
Podem ser criados espaços de hortas nas lajes de alguns edificios comunitários da localidade, sendo aproveitados para distribuição de vegetais e hortaliças para a comunidade, assim como no caso da horta da associação de moradores de Paraisópolis.
Reaproveitamento de containers para criação das estufas e comércio das hortaliças.
estufa
expositores
1º Piso
PEQUENAS PRAÇAS PÚBLICAS
Diversidade de espaços públicos, pequenas praças para lazer em meio as residências, com quiosques e prática esportiva.
Um espaço para ser usado como centro cultural voltado para projetos sociais de incentivo a arte, sendo que sua configuração espacial típica de galpão com mesanino e pé direito duplo propicie arealização de eventos, ensaios e confecção manual de alegorias e artesanatos de diversos tipos.
Apoio WC’s Velha Déli, IndiaAdm
FEIRA DE ARTESANATO
FAU/UNB ATELIÊS DE ARTE E ENSINO
Jovem de Expressão O galpão é um tipo de espaço tradicionalmente utilizado por escolas de samba e espaços de atelie como por exemplo a FAU/UnB que apresenta tipologia semelhante. o Jovem de Expressão, projeto que ocupa o Galpão Cultural em Ceilândia-DF, contemplando sala de dança, teatro de bolso, estúdio audiovisual, galeria de arte, espaço para reuniões, palestras, aulas, cultos religiosos, terapias e várias outras atividades e que agora em 2021 está ameaçado de ser removido do local pela Administração do DF.
ESPORTES COMUNITÁRIOS
O corpo humano não gasta com o uso, ao contrário, ele gasta quando não é utilizado. Christopher Alexander, Uma lInguagem de Padrões
Espaços já presentes em algumas periferias e favelas, em sua maioria criados pelos proprios moradores em multirões como os campos de várzea oupor empresários locais como os campos de futebol society. Espaços muito comuns nas periferias americanas são as quadras prática do basquete de rua 3x3. Brincadeira mais dinâmica e democrática que o tradicional basquete de quadra com cinco jogadores pra cada lado.
PLAYGROUNDS CORPO D’ÁGUA
ARVOREDO/POMARES HORTAS
No contexto das periferias mais um espaço que nem sempre está presente são os parques urbanos. Os moradores dessas regiões sisplemente não tem acesso a grandes áreas verdes para contemplação, lazer e prática de exercícios. Como referência é interessante citar o Parque de Madureira na Zona Norte do Rio de Janeiro. Possui váriadas quadras para prática de esportes populares do subúrbio carioca, ciclovias, riachos, uma lan house pública e a Praça do Samba.
Nós viemos da água; nossos corpos são em grande parte água, a água desempenha um papel fundamental na nossa psique. Precisamos estar contato constante com a água, ela sempre deve estar ao nosso redor; e temos que de reverenciar a água em todas as suas formas. Ainda assim, nas cidades a água está sempre fora do nossa alcance.
ALEXANDER, Christopher; ISHIKAWA, Sara; SILVERSTEIN, Murray; JACOBSON, Max; FIKSDAHL-KING, Ingrid; ANGEL, Shlomo. Uma Linguagem de Padrões. A Pattern Language (op.cit.), p. 324.
Tendo em vista a falta de espaços de lazer para populações de baixa renda, principalmente em Brasília onde o uso da orla lago é em sua maior parte privatizado ou pouco acessível. As populações das cidade satélites do DF tem pouco ou quase nenhum contato com áreas paisagens naturais com a presença de água durante a vida. Seria inteteressante a criação de um parque urbano com um grande espelho d’agua para uso de banhistas. Ao lado nas imagens o exemplo do Piscinão de Ramos no Rio de Janeiro, conhecido como a praia do subúbio carioca e com grande adesão popular, foi criado para evitar o número de afogamentos nas orla e evitar o uso já que a mesma se encontrava bastante poluída. Abaixo meninos de rua fotografados banhando nos espelhos d’água da esplanada dos ministérios, prática totalmente extinta atualmente.
Parque Ambiental da Praia de Ramos Fonte: Site piscinaoderamos.com
Foto: Ivanildo Cavalcante
comunitárias
Kitui South, Quênia. Fonte: kituionline.com, 2019. Inspirado nos modo de ensinar que acontece em Burkina Faso e algumas outras regiões também carentes de infraestrutura da África, onde os professores reunem os alunos sempre embaixo de uma grande árvore, o arquiteto Francis Keré pensou escolas com coberturas que remetem o formato das copas das árvores. Quando criança o arquiteto enfrentou muitas dificuldades de acesso aos estudos, por isso o investimento na realização de uma nova escola em sua aldeia natal, junto do apoio de sua comunidade e recursos (archdaily.com.br, 2016).
Sudão. Fonte: jennygradient.wordpress.com, 2011.
Redário Estudo/ Acervo Estudo/ Acervo
Fonte: Archdaily.
Partindo dessa referência foi pensado a necessidade de dar a importância para os espaços de estudo nas favelas e periferias. Um espaço com três blocos voltados para uma praça arborizada, onde os usuários do espaço, posso usar também os espaço do exterior do edifíco, o que num contexto de pandêmia também é benéfico por ser um espaço de aprendizado ao ar livre.
O trabalho acrecenta um pouco mais ao debate que já vendo sendo sussitado pelos esforços de pensadores acadêmicos de diversas áreas do conhecimento, como o uso e pós-ocupação dos espaços da cidade, as questões complexas de como considerar a informalidade urbana no planejamento e o olhar para as territorialidades negras e periféricas nas grandes metrópoles. Seria tema de estudo extenso só analisar o caminho que as periferias do DF ou do resto país estão tomando em função do mercado imobiliário e da internvenção desmedida do estado. Nesse sentido pensar utopias se faz bastante necessário, mas além disso a atuação dos arquitetos e da população no âmbito político pelo direito à cidade, acesso a habitação digna e um planejamento urbano inclusivo são fundamentais para que as nossas utopias possam começar a se materializar na realidade.
Ato em frente a Caixa Econômica Federal em defesa da criação da Lei de Moradia por Autogestão, no ínicio de Novembro de 2021. Fotos de autoria própria.
https://wikifavelas.com.br/index.php?title=Rocinha#:~:text=A%20Rocinha%20% C3%A9%20uma%20favela,cerca%20de%2070%20mil%20habitantes.
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https://www.archdaily.com.br/br/01-77348/vende-se-dharavi-a-maior-favela-deempreendedores-do-mundo?ad_source=search&ad_medium=search_result_all https://www.archdaily.com.br/br/952571/projeto-comunitario-aplica-estrategiasbioclimaticas-e-mao-de-obra-local-em-paraisopolis https://www.boldarini.com.br/projetos/favela-nova-jaguare-setor-3/
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MELLO, Marco Antônio da Silva; VOGEL, Arno; MOLLICA, Orlando. Quando a rua vira casa. A apropriação de espaços de uso coletivo em um centro de bairro.4 ed. Rio de Janeiro:Eduff,1980
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