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A Benção de Ser Nosdestina

A Benção de Ser Nordestina

Sei que o importante na vida, é poder compor sua história, mas tem coisas que já veem definidas, no bojo do nosso destino. Por isso, quem tiver, aproveite, a sorte de nascer nordestino!

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O Nordeste está bem longe, do modelo estereotipado, e cheio de preconceito, de seca, dor, miséria e solidão presente de forma malvada nas telas da televisão.

Hoje já se tem fartura e muita exportação na plantação duplicada e a esperança ampliada com as bençãos do Velho Chico, por meio da transposição.

Assim, ser do Nordeste é ter o privilégio de provar: mungunzá, xerém tapioca, comer canjica, cocorote e bolo de mandioca. De fazer um lanche bacana com bolo de rolo, pão doce e caldo de cana.

É ter na mesa: inhame, carne de sol, galinha de capoeira, milho cozido, cuscuz, assado de bode e isso não é pra quem quer, isso é só pra quem pode!

O Nordeste tem cultura surgindo por toda parte: da música à poesia, capoeira, cantoria e toda sorte de Arte, que vai da quadrilha junina, do pastoril das meninas, até ao bacamarte.

Tem o barro escorrendo dos dedos de Vitalino, transformado em mil bonecos, que nunca são iguais, guardando originalidade, respeita a identidade de quem compra e de quem faz.

Tem coco de roda, caboclinhos e maracatus nas belas áreas rurais E ciranda embalando as ondas nas praias dos litorais.

Bonecos gigantes em Olinda, subindo e descendo ladeira no fogo da brincadeira fazendo todos iguais.

Em Itamaracá tem Lia dizendo que essa ciranda

pode ser de todos nós e que, na vida, a principal melodia é sempre a primeira voz.

Ser nordestino é ser das terras de Elba e Zé Ramalho. Dizer em alto e bom tom que conheceu Gonzagão, Dominguinhos, Fagner e a divina Marrom.

São nove estados encantados, pela vida enamorados, de povo alegre, forte e guerreiro, que trabalha o ano inteiro pra a ninguém ser pesado.

Não esperem do Nordeste, humildade e subserviência, pois nós temos consciência, temos um rumo, um norte. Fazemos a nossa sorte, sem medo nem distração.

Por isso, mesmo que em tempo curto, em 1817, já fomos uma Nação. Nação forte e aguerrida, forjada na força da vida, banhada pela paixão, nascida do amor verdadeiro, dos noivos da revolução.

Ser nordestino é dançar o xaxado, inventado por lampião; é também dançar forró, xote, frevo, ciranda e baião.

É andar na Serra da Capivara, é ver o Pelourinho, e os lençóis maranhenses, ouvir histórias encantadas, contadas por nossa gente.

Ir à missa do vaqueiro, esperar o ano inteiro, pra subir o Morro da Conceição. Fazer romaria pra Juazeiro, tomar a bênção a Padim Ciço, e orar pra frei Damião.

É passar lá na Bahia e ver as obras de Irmã Dulce que, de tão boa, virou Santa! Sua profissão foi o amor.

Por meio de sua bondade, promoveu a igualdade, matou a fome do povo, lutou por dignidade e aplacou a sua dor.

Se você vier ao Nordeste, vai ver o sol se pôr na Praia do Jacaré, em amarelo alaranjado como se fosse queimado, aquarelando o céu. Viver o momento mágico, dele sendo acompanhado, pelo bolero de Ravel.

No sertão o sol se deita em desatada alegria; os pássaros em cantoria, com tom alto de alarido, agradecem ao Criador, por mais um dia vivido.

Depois se recolhem aos ninhos e esperam o luar mansinho, com os seus raios prateados, pra lhes fazer um carinho. Vendo esse espetáculo, a gente entende com clareza que o poeta fala a verdade, quando diz em sua canção, que “não há ó gente, ó não, luar como esse do sertão”!

Mas no Nordeste, seu moço, é igualmente lindo, a lua saindo do mar, do imenso mar azul. Ela acende as estrelas e no céu podemos vê-las, até o Cruzeiro do Sul.

Se ficar em cantoria, Pode-se ver o raiar do dia, o sol mandando seus raios, abrirem as portas do mundo e o chamar para a vida, distribuírem luz e calor, dando energia pra lida.

Por isso, sigo assim, pelo Nordeste encantada e sei desde que era menina, que não preciso de nada, pois tive a sorte ampliada pela bênção de ser nordestina!!

autora Magali Ribeiro

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