Significado de I Corintios

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Significado de

1 Corintios


1 Coríntios 1 1.1-3 — As palavras iniciais de Paulo são mais do que simples termos de saudação. Os primeiros versículos introduzem os temas de sua carta. Portanto, em sua saudação, Paulo estabelece sua autoridade apostólica (1 Co 9.1-27), a santificação de seus leitores (1 Co 5.1) e a unidade de todos os cristãos (1 Co 1.10-17) — temas principais da carta e preocupações com os cristãos coríntios. 1.1 — Pela vontade de Deus. A igreja de Corinto valorizava muito a sabedoria humana. Essa ênfase equivocada levou alguns da igreja a questionarem a autoridade de Paulo (v. 12; 9.1,2). Eles se esqueceram de que Jesus Cristo o chamou para seu ministério como apóstolo de Jesus Cristo (Paulo usa o mesmo título em 2 Co 1.1). 1.2,3 — A igreja de Deus local é composta de pessoas que se identificam com Deus e se reúnem para adorar e servir a Ele. Santificados em Cristo Jesus. A santidade dos coríntios era fruto de seu posicionamento em Cristo, não de sua própria bondade. O tempo do verbo santificados indica que Deus santificou os coríntios em um momento específico no passado, criando uma condição que eles ainda desfrutavam no presente. Chamados santos. A obra de Jesus Cristo santifica para sempre o cristão aos olhos de Deus. No entanto, no viver cotidiano, santificação envolve pequenas mudanças diárias (Hb 10.14). É por isso que Paulo pôde convidar os cristãos de Corinto a se tornarem santos, ainda que os problemas na igreja deles atestassem que eles estavam longe do alvo da santificação. E muito provável que em todo lugar seja uma referência a igrejas locais espalhadas por todo o Império Romano (1 Tm 2.8). 1.4-9 — A ação de graças que Paulo oferece a Deus pelos coríntios parece estranha, considerando os muitos problemas que a igreja estava vivenciando. No entanto, o apóstolo não concentra seu louvor nos cristãos atribulados, mas no Deus eternamente fiel. Paulo não elogia os coríntios por suas boas obras, como faz com algumas outras igrejas (Ef 1.15); em vez disso, ele louva o Senhor que trabalha neles. Quando nos concentramos nas falhas das pessoas, a esperança logo desvanece, e o desânimo vem em

seguida. Contudo, quando nos concentramos no Senhor, até os momentos mais sombrios podem ser cheios de louvor. 1.5,6 — Enriquecidos significa que os coríntios eram espiritualmente pobres, mas se tornaram abundantemente prósperos por meio da graça de Deus. 1.7 — Neste contexto, dom é, provavelmente, uma referência aos dons espirituais descritos nos cap. 12— 14- A despeito da jactância dos coríntios, suas muitas aptidões vieram de Deus (1 Co 12.11,18,28). Os coríntios foram ricamente abençoados com dons espirituais, porque o Senhor lhes dava tudo de que precisavam para fazer a vontade dele (12.14-27). 1.8,9 — Uma vez que Deus é fiel à Sua Palavra, Paulo estava convencido de que até os coríntios contaminados pelo pecado seriam irrepreensíveis diante do Senhor. Essa irrepreensibilidade não se refere às obras dos coríntios, mas ao seu posicionamento em Cristo, sua justificação (1 Co 3.14,15). 1.10-17 — Paulo começou a responder às notícias preocupantes acerca da igreja de Corinto ao atacar a sabedoria do mundo que havia dividido a igreja. 1.10 — Paulo rogava uma expressão exterior que fosse fruto de uma disposição interior. Digais todos uma mesma coisa. Paulo não somente incentivou os coríntios a fazerem isso e a terem uma unidade externa, mas também os encorajou a serem unidos de coração e mente, expressando a unidade do Corpo de Cristo. 1.11 — Para evitar boatos ou falar em segredo, Paulo citava abertamente sua fonte: a família de Cloe. Sabemos pouco sobre essa mulher e seus familiares, exceto o que sugere este versículo. Cloe vivia em Corinto ou Efeso, e os coríntios respeitavam o que ela dizia. 1.12,13 — A igreja de Corinto estava dividida, pelo menos, em quatro facções, que seguiam quatro líderes notórios.


1.14-16 — Paulo disse: Dou graças a Deus, porque a nenhum de vós batizei, pois os coríntios haviam criado o hábito de se identificar com seus mentores espirituais, e não com Cristo. Crispo era o chefe da 1.1-3 — As palavras iniciais de Paulo são mais do que simples termos de saudação. Os primeiros versículos introduzem os temas de sua carta. Portanto, em sua saudação, Paulo estabelece sua autoridade apostólica (1 Co 9.1-27), a santificação de seus leitores (1 Co 5.1) e a unidade de todos os cristãos (1 Co 1.10-17) — temas principais da carta e preocupações com os cristãos coríntios. 1.1 — Pela vontade de Deus. A igreja de Corinto valorizava muito a sabedoria humana. Essa ênfase equivocada levou alguns da igreja a questionarem a autoridade de Paulo (v. 12; 9.1,2). Eles se esqueceram de que Jesus Cristo o chamou para seu ministério como apóstolo de Jesus Cristo (Paulo usa o mesmo título em 2 Co 1.1). 1.2,3 — A igreja de Deus local é composta de pessoas que se identificam com Deus e se reúnem para adorar e servir a Ele. Santificados em Cristo Jesus. A santidade dos coríntios era fruto de seu posicionamento em Cristo, não de sua própria bondade. O tempo do verbo santificados indica que Deus santificou os coríntios em um momento específico no passado, criando uma condição que eles ainda desfrutavam no presente. Chamados santos. A obra de Jesus Cristo santifica para sempre o cristão aos olhos de Deus. No entanto, no viver cotidiano, santificação envolve pequenas mudanças diárias (Hb 10.14). É por isso que Paulo pôde convidar os cristãos de Corinto a se tornarem santos, ainda que os problemas na igreja deles atestassem que eles estavam longe do alvo da santificação. E muito provável que em todo lugar seja uma referência a igrejas locais espalhadas por todo o Império Romano (1 Tm 2.8). 1.4-9 — A ação de graças que Paulo oferece a Deus pelos coríntios parece estranha, considerando os muitos problemas que a igreja estava vivenciando. No entanto, o apóstolo não concentra seu louvor nos cristãos atribulados, mas no Deus eternamente fiel. Paulo não elogia os coríntios por suas boas obras, como faz com algumas outras igrejas (Ef 1.15); em vez

disso, ele louva o Senhor que trabalha neles. Quando nos concentramos nas falhas das pessoas, a esperança logo desvanece, e o desânimo vem em seguida. Contudo, quando nos concentramos no Senhor, até os momentos mais sombrios podem ser cheios de louvor. 1.5,6 — Enriquecidos significa que os coríntios eram espiritualmente pobres, mas se tornaram abundantemente prósperos por meio da graça de Deus. 1.7 — Neste contexto, dom é, provavelmente, uma referência aos dons espirituais descritos nos cap. 12— 14- A despeito da jactância dos coríntios, suas muitas aptidões vieram de Deus (1 Co 12.11,18,28). Os coríntios foram ricamente abençoados com dons espirituais, porque o Senhor lhes dava tudo de que precisavam para fazer a vontade dele (12.14-27). 1.8,9 — Uma vez que Deus é fiel à Sua Palavra, Paulo estava convencido de que até os coríntios contaminados pelo pecado seriam irrepreensíveis diante do Senhor. Essa irrepreensibilidade não se refere às obras dos coríntios, mas ao seu posicionamento em Cristo, sua justificação (1 Co 3.14,15). 1.10-17 — Paulo começou a responder às notícias preocupantes acerca da igreja de Corinto ao atacar a sabedoria do mundo que havia dividido a igreja. 1.10 — Paulo rogava uma expressão exterior que fosse fruto de uma disposição interior. Digais todos uma mesma coisa. Paulo não somente incentivou os coríntios a fazerem isso e a terem uma unidade externa, mas também os encorajou a serem unidos de coração e mente, expressando a unidade do Corpo de Cristo. 1.11 — Para evitar boatos ou falar em segredo, Paulo citava abertamente sua fonte: a família de Cloe. Sabemos pouco sobre essa mulher e seus familiares, exceto o que sugere este versículo. Cloe vivia em Corinto ou Efeso, e os coríntios respeitavam o que ela dizia.


1.12,13 — A igreja de Corinto estava dividida, pelo menos, em quatro facções, que seguiam quatro líderes notórios.

transmite sabedoria, mas também justiça, o cristão não se pode vangloriar, a não ser no Senhor.

1.14-16 — Paulo disse: Dou graças a Deus, porque a nenhum de vós batizei, pois os coríntios haviam criado o hábito de se identificar com seus mentores espirituais, e não com Cristo. Crispo era o chefe da 1.26 — Sábios se refere aos filósofos gregos; poderosos se refere às pessoas influentes e com poder político e nobres inclui todas as classes altas formadas por aristocratas. A maioria dos coríntios vinha das classes baixas. 1.26-31 — Embora os coríntios se achassem melhores, Paulo desafiou-os a examinar sua própria congregação e perceber que a maioria deles não vinha das classes altas, mas dos humildes do mundo. Paulo atacou o orgulho que era a causa de divisões ao comparar o homem com Deus (1 Co 1.20-25). Depois, ao comparar a Igreja com o mundo ao seu redor (1 Co 1.26-31). Ambos os argumentos revelam a grandeza da sabedoria de Deus ao salvar os desprezíveis do mundo para que ninguém tenha em que se apoiar para se vangloriar. 1.27 — O plano de salvação de Deus não se conforma às prioridades do mundo. Na verdade, parece loucura (nvi). Contudo, na realidade, a salvação eterna é mais valiosa do que toda a fama, riqueza e todo sucesso que o mundo busca. 1.28 — Vis... desprezíveis. Ao usar esses dois termos para se referir à classe de escravos, Paulo prenderia a atenção de seus leitores em Corinto, onde viviam muitos escravos. As que não são. Sem dúvida, muitos cristãos coríntios eram pessoas que não tinham valor aos olhos do mundo, mas acharam graça aos olhos de Deus. 1.29-31 — Deus usa o que é considerado louco e desprezível neste mundo para revelar Sua verdade, a fim de que somente Ele receba a glória. Do contrário, os poderosos se vangloriariam por terem descoberto a verdade. Em vez disso, Deus enviou Seu Filho para se tornar um carpinteiro humilde e morrer em uma cruz da maneira mais desprezível. A vida e a morte de Jesus revelam Deus e Sua sabedoria. Uma vez que Cristo não somente

1 Coríntios 2 2,1-5 — Paulo continuou a ilustrar a futilidade da sabedoria humana ao usar seu próprio ministério em Corinto como exemplo. A pregação desse apóstolo, segundo os padrões humanos, não era impressionante (1 Co 2.1), mas era o veículo do Espírito de Deus para salvar os coríntios. A fraqueza visível do apóstolo havia levado seus leitores a confiarem não nele, mas em Deus. 2.1,2 — Sublimidade de palavras ou de sabedoria. Paulo não se apoiava em sua eloquência ou na sabedoria grega para convencer seus ouvintes. Em vez disso, ele deu o testemunho de Deus que não havia sido explicado antes, mas estava sendo revelado pelo Espírito Santo (v. 10-14). O ponto principal da pregação de Paulo era Jesus Cristo. 2.3-5 — Enquanto os coríntios se gloriavam de sua força, suas riquezas e seus dons, Cristo foi glorificado em Sua humildade e morte. Paulo queria servir de exemplo da humildade de Cristo ao apresentar suas fraquezas. Então, a força da mensagem do evangelho poderia ser claramente vista. A minha palavra, provavelmente, refere-se ao modo como Paulo falava; a minha pregação talvez faça menção ao conteúdo de sua mensagem. Em palavras persuasivas [...] mas em demonstração do Espírito. Mesmo tendo muitos pontos fortes (Fp 3.4-9), Paulo queria ser achado entre aqueles que confiavam na força de Deus. Em vez de usar a retórica da época para ganhar convertidos, ele entregou uma mensagem clara. Poder de Deus. Sinais miraculosos, às vezes, acompanhavam a pregação de Paulo (2 Co 12.12; 1 Ts 1.5; Hb 2.3,4). Esses sinais tinham por objetivo engrandecer o Senhor, e não o homem que pregava. 2.6 — Entre os perfeitos. Depois de terem ouvido discursos eloquentes feitos por homens como Apoio, é possível que os coríntios tenham considerado a mensagem de Paulo elementar ou inculta. Esse apóstolo


assegurou aos coríntios que ele estava transmitindo palavras de sabedoria — a instrução que cristãos maduros valorizavam. Príncipes deste mundo. Em algumas passagens, Paulo usou a palavra poderosos para se referir a seres espirituais (Ef 6.12; Cl 2.15). Neste versículo, ele se refere a governantes terrenos, os líderes romanos e judeus que estiveram à frente da crucificação de Jesus. Se tais governantes estivessem entre os sábios, eles teriam adorado o Senhor, em vez de crucificá-lo. Que se aniquilam. As pessoas olham para a beleza, a riqueza e o poder como coisas muito desejáveis. No entanto, a morte e o juízo de Deus que há de vir deixará todo o esplendor terreno sem sentido e sem valor (Lc 16.19-29; 2 Pe 3.10-13). 2.7 — O mistério a que Paulo se referiu neste contexto está definido em Romanos 16.25,26 como a revelação [...] que desde tempos eternos esteve oculto, mas que se manifestou agora. A mensagem, que estava oculta, era conhecida somente por Deus, até que Ele optou por revelá-la (Hf 3.1-11). Isso contrasta com os ensinos dos gnósticos, um grupo de falsos mestres religiosos que se infiltrou na Igreja do primeiro século (1 Jo 2.18-27). Eles afirmavam que lá existia um conjunto de conhecimentos secretos, o qual só estava à disposição daqueles iniciados em um círculo interno de mestres espirituais.

contaram com seu próprio vocabulário e estilo o que aprenderam com o Espírito. Comparando as coisas espirituais com as espirituais. Essas palavras são difíceis de traduzir e interpretar. O termo grego sugkrino traduzido por comparando também pode significar combinar ou interpretar. O significado das duas referências a espirituais pode ser interpretado por: verdades espirituais para pessoas espirituais ou combinar verdades espirituais com palavras espirituais. A última versão parece melhor. Em outras palavras, a expressão ensina que as verdades espirituais de Deus são combinadas com o vocabulário espiritual dos apóstolos (2 Pe 1.20,21; 2 Tm 3.16). 2.14-16 — Homem natural. A pessoa natural não tem o Espírito de Deus, ao contrário do cristão (1 Co 15.44-46). O termo compreende, neste contexto, significa receber. Esse verbo não se refere a descobrir o significado de uma passagem, mas aplicar o significado à vida.

2.8 — Senhor da glória. Mesmo se tendo esvaziado de Sua majestade quando se fez homem, Jesus permaneceu totalmente igual ao Pai.

1 Coríntios 3 2.9-12 — Pelo seu Espírito. Somente o Espírito Santo poderia revelar as verdades de Deus (2 Pe 1.19-21). Sabe [...] sabe. O primeiro verbo se refere ao conhecimento inato; o segundo, ao conhecimento experimental. Sozinhos, jamais poderíamos ter descoberto os mistérios de Deus ou os benefícios da morte de Cristo. Contudo, podemos conhece-los por experiência, porque esse conhecimento nos foi dado gratuitamente por Deus. 2.13 — O Espírito Santo ensina. Paulo enfatizou que os intelectuais deste mundo não poderiam ensinar o conhecimento que ele estava passando para os cristãos coríntios. Observe que o Espírito, simplesmente, não ditou palavras para Paulo e os outros apóstolos, mas lhas ensinou. Os apóstolos

3.1 — Paulo declara que não pode falar com eles como a espirituais, mas como a carnais. Como uma pessoa pode ser espiritual e também carnal? Observe que os termos específicos, carnal e natural, não exprimem a mesma verdade. Aquele que é natural (1 Co 2.14) não possui o Espírito de Deus. O carnal não é igual ao homem natural, mas é semelhante a uma criança em Cristo. A pessoa não atingiu a maturidade espiritual, mas é considerada alguém que está unida a Cristo. O indivíduo carnal é espiritual no sentido de ter o Espírito de Deus, mas não de viver com consistência ou maturidade. Isso, muitas vezes, é o que acontece com os cristãos hoje, mas era igualmente o problema de muitos cristãos do primeiro século (Hb 5.11-14). 3.2 — Leite [...] criei. Paulo não esperava que os coríntios se tornassem maduros em Cristo no momento em que eles se convertiam. Ao depositarem


sua fé em Cristo, eles foram justificados, uniram-se com Cristo e com Sua morte na cruz (Rm 6.3-5), e, então, o Espírito de Deus passou a viver neles (1 Co 2.12; Rm 8.9). Eles foram considerados justos diante de Deus por causa da justificação de Jesus. Portanto, quando Paulo instituiu a igreja de Corinto, ele lhes ensinou como a novos convertidos, a justificados. Contudo, ele esperava que eles crescessem em sua fé, ou seja, que se santificassem. O comportamento dos cristãos em Corinto deveria ter começado a se alinhar com a posição que eles tinham como justos em Cristo. 3.3,4 — Porque ainda sois carnais. Naturalmente, faltam ao cristão imaturo muitas características cristãs, mas ninguém deve esperar que essa condição perdure. Paulo ficou surpreso ao ver que os coríntios ainda não haviam chegado à maturidade nem sido capazes de fazer distinção entre o bem e o mal (Hb 5.14). 3.5-10 — Paulo plantou, ou iniciou, a igreja de Corinto; Apoio a regou — teve um ministério importante ali depois da partida de Paulo — , mas ambos foram somente servos por intermédio de quem Deus operou. Os que plantaram e regaram a igreja não têm do que se vangloriar, porque é o Senhor quem dá o crescimento: somente Ele atrai os incrédulos para si. E nossa responsabilidade fazer nosso trabalho, sejam lá quais forem os resultados, pois Deus irá recompensar-nos por nossos esforços e pela qualidade de nosso serviço (1 Co 9.24-27). Somos como ferramentas nas mãos do artífice. Enquanto pudermos ser usados, Deus nos usará. Quando deixarmos essa função, poderemos ser colocados na prateleira ou desqualificados (1 Co 9.27). Paulo desenvolve quatro conclusões a partir de sua observação no versículo 6: (1) somos servos de Deus, auxiliadores de Cristo, que cumprem a tarefa que lhes foi designada. Sem Ele, não podemos fazer nada (Jo 15.5). Até a fé daqueles que creem por nosso intermédio é um dom de Deus; (2) os servos em suas diversas tarefas são, na verdade, um só. Eles não estão competindo uns com os outros. Todos estão fazendo a obra de Deus, o qual é aquele que dá o crescimento; (3) embora os servos sejam um, o galardão de cada pessoa estará fundamentado na qualidade do trabalho realizado. O tipo de material usado determinará o tipo de galardão que a pessoa terá; (4) Paulo conclui que a igreja é o edifício de Deus a ser

edificado pelos cooperadores de Deus (ou seja, Paulo, Apoio e outros ministros — v. 9). 3.11-15 — Paulo havia estabelecido a igreja de Corinto sobre o fundamento de Cristo. Ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha. Esses materiais de construção referem-se à qualidade do trabalho feito pelos coríntios e, possivelmente, também às suas motivações ou aos tipos de doutrinas que eles ensinavam. O Dia fala sobre o momento em que Cristo julgará os méritos do trabalho de Seus servos (2 Co 5.10), e não se eles receberão perdão pelos pecados. De igual modo, fogo não se refere ao fogo eterno da condenação (Ap 20.10), mas à avaliação das obras dos cristãos (Ap 2.18,19; 3.18; 22.12). O fogo prova a qualidade do ouro, mas consome a madeira, o feno e o restolho. Algumas “boas obras”, na verdade, consistem em uma busca por reconhecimento. O verdadeiro valor desse “serviço" ficará óbvio para todos no dia do Juízo de Deus (Ap 3.17,18). 3.16,17 — Não sabeis. Essa expressão, encontrada em outras nove passagens em 1 Coríntios 5.6; 6.2,3,7,15,16,19; 9.13,24, sempre introduz uma afirmação incontestável. Templo. Existem duas palavras gregas traduzidas como templo no Novo Testamento. Uma [hieron] se refere ao edifício do templo e a todos os seus átrios; a outra se refere mais estritamente ao santuário [nãos], o Santo dos santos onde ninguém, exceto o sumo sacerdote, podia entrar [uma vez no ano, no Dia da Expiação]. Paulo usou o último termo para descrever o santuário no qual Deus habita. Em 1 Coríntios 6.19, essa palavra [nãos] que designa o templo se refere a cada cristão; em Efésios 2.21, refere-se à igreja local, ao templo físico onde Deus é cultuado, assinalando que o Senhor leva muito a sério as nossas ações na igreja e como Igreja. Destruir. Quem perturba e destrói a Igreja por meio de divisões, maldades e outros atos prejudiciais pede a disciplina de Deus (1 Co 11.30-32). 3.18-23 — A sabedoria deste mundo não corresponde à sabedoria de Deus, a loucura do Cristo crucificado (1 Co 1.18-25). Paulo cita Jó 5.13 e Salmo 94-11 para exortar os membros da igreja de Corinto a se humilharem. Tudo é vosso. A literatura estóica da época, a qual os coríntios teriam conhecido, muitas vezes, falava que o sábio tinha tudo. Tudo o que Deus


tem feito na igreja, e em todo o universo, beneficia os cristãos. Não há espaço para a vanglória insensata nem para a competição entre cristãos. 3.21-23 — Ninguém se glorie nos homens. Essa é a conclusão do capítulo 3. Os coríntios limitaram- se seriamente ao se gloriarem em diferentes mestres, quando Cristo é a Fonte de tudo. Os mestres terrenos são simplesmente servos do Senhor para o bem do povo de Deus (v. 5). A vida e a morte pertencem ao cristão que vive e morre vitoriosamente pelo poder de Cristo (1 Co 15.55-57). Nele, não temos nada a temer no presente nem no futuro.

1 Coríntios 4 4.1-21 — Estes versículos ampliam a discussão sobre os obreiros como ministros de Cristo. A primeira epístola aos Coríntios 4.1-5 afirma que os chamados ministros de Cristo também são considerados despenseiros ou administradores a quem foi confiada uma responsabilidade. Portanto, não nos devemos comparar com outros ministros. Nossa responsabilidade é com Cristo. 4.1 — Os ministros não tinham uma posição especial, ao contrário dos despenseiros. O despenseiro era um escravo que administrava todas as questões relacionadas à família de seu senhor, embora ele mesmo não tivesse nada (compare o testemunho da igreja do primeiro século em At 4.32). José ocupava essa posição na casa de Potifar (Gn 39.2-19). Como despenseiros, os cristãos administram a mensagem e o ministério que Deus lhes confiou. 4.2-5 — Cada um receberá de Deus o louvor. O despenseiro não deveria preocupar-se com a avaliação daqueles à sua volta nem mesmo em avaliar a si mesmo; ele precisava somente agradar ao seu senhor. De igual modo, embora os cristãos possam beneficiar-se de avaliações construtivas de seus irmãos cristãos, seu supremo Juiz é o próprio Senhor. Uma vez que Deus é o Juiz, devemos ter cuidado para não fazermos uma avaliação dos outros antes do tempo.

4.6-13 — Paulo repreendeu os coríntios por causa do orgulho deles (v. 6). Ele fez com que se lembrassem de que eles se gloriavam dos dons que Deus, generosamente, havia-lhes distribuído (v. 7,8). Então, quase de um modo sarcástico, o apóstolo comparou a “grandeza” deles com a atitude servil de Apoio e dele mesmo (v. 9-13). Os homens que eles exaltavam a ponto de causar divisões na igreja (1 Co 1.11-17) viam-se como servos necessitados de Deus (v. 10-13). 4.6,7 — O termo grego manthano traduzido por aprendais está relacionado à palavra matheteuo traduzida por discípulos em Mateus 28.19. Implica o uso de uma habilidade e não apenas de conhecimento. Os coríntios sabiam o que era humildade, por isso, Paulo pediu que eles fossem humildes. Para os gregos, a humildade era um defeito, uma característica de escravos. Para os cristãos, no entanto, ela exemplifica a atitude de Cristo (Fp 2.5-8). Em nós. Paulo apresentou a si mesmo e Apoio como exemplos a serem seguidos (1 Co 4.16; 11. 1). Do que está escrito. Essa expressão, muitas vezes, é usada para introduzir uma citação do Antigo Testamento (Rm 14-11). Paulo estava exortando os coríntios a não irem além dos ensinamentos das Escrituras. Então, eles evitariam o orgulho e as dissensões que estavam dividindo a igreja. O verdadeiro ministro da Palavra de Deus usará as Escrituras para unir e fortalecer a igreja. Somente aqueles que desejam exaltar a si mesmos usarão indevidamente a Bíblia e, consequentemente, enfraquecerão e dividirão a igreja. 4.8 — Os coríntios acreditavam que os cristãos tinham de estar fartos, ser ricos e reinar no presente. No entanto, Paulo sabia que devemos passar por provações agora, se quisermos reinar quando Cristo voltar. Prouvera Deus que vocês estivessem, de fato, envolvidos no Reino de Cristo e pudéssemos estar unidos no verdadeiro Reino de Cristo. 4.9, 10 — Espetáculo se refere às execuções públicas realizadas pelos romanos. Nessas execuções, homens condenados eram levados ao Coliseu, onde eram atormentados e mortos por animais selvagens enquanto a multidão eufórica assistia a tudo. Paulo mostrou que todo o mundo e os


anjos eram testemunhas da humilhação dos servos de Deus. Com um sarcasmo mordaz, o apóstolo comparou a avaliação superior que os coríntios faziam de si mesmos com a que o mundo fazia dele. Paulo sabia que o cristão encontra a verdadeira força quando entende as próprias fraquezas e a suficiência de Cristo (2 Co 12.7-10; Fp 4.11-13). 4.11-13 — Paulo lista as dificuldades que ele sofrera no ministério de Cristo, tanto problemas físicos como insultos verbais (2 Co 11.22-30).

coração de Seu povo. Essa realidade era a garantia de que Paulo teria poder para expor e disciplinar aqueles que atribulavam a igreja de Corinto. 4.21 — Paulo usa, neste versículo, a mesma palavra grega rhabdos para vara, usada por Lucas para descrever o instrumento utilizado para espancar Paulo e Silas (At 16.22-24)- O termo também é usado de forma figurada para referir-se à autoridade de Cristo para julgar (Ap 19.15). Deus deu a Paulo autoridade para punir os agitadores em Corinto, ainda que o apóstolo preferisse não fazer valer tal poder.

4.14 — Embora os coríntios, provavelmente, tivessem vergonha de sua conduta, o objetivo de Paulo quando escreveu era advertir-lhes sobre as sérias consequências de seus atos. A expressão Como meus filhos amados enfatiza a responsabilidade que os pais têm de aplicar a disciplina correta com amor.

1 Coríntios 5 4.15 — Aos... pais. Paulo usou esses dois termos para fazer a distinção entre seu papel e o dos mestres coríntios, escravos que cuidavam dos filhos de seus senhores. O apóstolo era o líder espiritual dos coríntios. Era dele a responsabilidade final por eles e o direito de ordenar que seguissem seu exemplo. 4.16 — Paulo incentiva seus leitores a serem seus imitadores enquanto ele seguia Cristo (1 Co 11.1). A palavra se refere ao modo como um aluno imitaria um professor ou ao modo como um ator desempenharia um papel (1 Co 11.1). 4.17 — Por alguma razão, Paulo não pôde ir de imediato a Corinto, mas confiava em Timóteo para ensinar devidamente aos coríntios. Timóteo já estava fazendo o que apóstolo esperava que seus leitores começassem a pôr em prática: seguir o bom exemplo de Paulo. 4.18-20 — Alguns em Corinto, provavelmente, os preceptores que causaram dissensões (v. 15), agiam como se Paulo nunca mais fosse voltar para exigir explicações para as ações deles. Inchados. Tais pessoas eram convencidas e propensas à jactância. Neste contexto, o Reino de Deus não se refere ao reino futuro de Cristo, mas ao domínio presente de Cristo no

5.1-13 — Paulo acaba de concluir um longo segmento que trata das divisões dentro da igreja de Corinto (1 Co 1.10—4.21). Agora, ele passa para o problema do incesto na igreja e para o fato de os coríntios não conseguirem lidar com esse mal. 5.1 — A fornicação e fornicação tal do incesto era proibida pela Lei do Antigo Testamento (Lv 18.8; Dt 22.30) e pela lei romana. Paulo usou a expressão mulher de seu próprio pai, em vez de sua mãe, provavelmente, para indicar que a mulher era madrasta do transgressor. A falta de disciplina para a mulher implica que ela não era cristã. A igreja é responsável por disciplinar somente seus membros, não os incrédulos. 5.2 — Inchados. Os coríntios tinham uma visão distorcida da graça que os levou a se orgulharem de sua tolerância com relação ao homem que cometia o pecado sexual. Eles acreditavam que, uma vez que a graça de Deus não tem limites, a liberdade de que todo cristão desfruta também não tem limites. 5.3-5 — O apóstolo revela o poder apostólico do qual falou anteriormente (1 Co 4.20,21). Ele já havia julgado o pecado e dado à igreja, com a aprovação de Deus, a ordem para remover o homem da congregação. Quando uma pessoa está vivendo em pecado, ela está aberta para Satanás.


5.5 — Destruição da carne pode referir-se ao ato de Deus entregar quem cometeu o pecado sexual a Satanás para sua aflição ou mesmo morte física. Depois de estar afastado da proteção espiritual da igreja, o transgressor estaria em condições ideais para reconhecer seu pecado, arrepender-se e voltar para a igreja. Toda a disciplina da igreja tem como seu principal objetivo a restauração.

poderiam agir no mundo. Pelo contrário, o apóstolo falou sobre a imoralidade no meio deles. Eles deveriam considerar o pecado entre eles, enquanto tentavam, ao mesmo tempo, alcançar os perdidos em Corinto.

5.6-8 — O contexto para esta passagem é a Páscoa (Ex 12), quando os israelitas tiravam o fermento de sua casa para se prepararem para a festa. A retirada do fermento era para lembrar os israelitas de sua rápida partida do Egito. Eles não tinham tempo para esperar o pão com fermento crescer. A questão aqui é que um pouco de fermento tem um grande impacto ou influência sobre aquilo que o contém. A igreja de Corinto estava tolerando o pecado sexual. O fermento do pecado, embora pequeno no tamanho, era perigoso, pois poderia espalhar-se pela igreja. Como o câncer, a iniquidade exige uma cirurgia drástica.

5.10 — Sair do mundo. Os cristãos são chamados a influenciar o mundo, e não fugir dele (Mt 5.13-16). São agentes de Deus para levar a luz de Jesus Cristo a um mundo em trevas (Fp 2.14-16; IPe 2.11,12).

5.6 — Como uma pitadinha de fermento espalhando- se por um pão, o pecado que não foi questionado pode rapidamente contaminar toda a igreja. Quem cometeu o pecado sexual tinha culpa, mas toda a congregação também era responsável por ignorar a desobediência do homem e não exigir que ele prestasse conta. Se não fosse reprimido, essa transgressão poderia ter levado muitos novos convertidos a cometerem imoralidade sexual. 5.7 — O povo judeu devia tirar todo o fermento de casa ao se preparar para a Páscoa (Ex 12.15). Neste contexto, o fermento simboliza a influência poderosa do pecado. 5.8 — A festa é uma figura de linguagem para tipificar Cristo. Assim como Israel deveria retirar todo fermento na celebração da Páscoa, os coríntios não deveriam contaminar seu relacionamento com o Senhor com nenhuma maldade nem malícia. 5.9-13 — Nesta passagem, Paulo corrigiu um mal-entendido resultante de sua carta anterior (v. 9). Ele havia ordenado aos coríntios que se afastassem de pessoas sexualmente imorais. Nesta carta, Paulo explicou que não se referia à cultura pagã à volta deles. Se eles se afastassem totalmente, não

5.9 — Por carta se refere a uma carta anterior de Paulo aos coríntios que não existe mais.

5.11 — Com o tal nem ainda comais. Comer com os outros é uma parte fundamental da comunhão e da proximidade. Os coríntios não deveriam ter comunhão com os que se diziam cristãos, mas tinham a vida dominada pelo pecado. 5.12,13 — Não julgais vós [...] Deus julga. A responsabilidade da igreja é disciplinar seus membros enquanto confia ao Senhor a responsabilidade de julgar o mundo (Mt 13.30).

1 Coríntios 6 6.1-11 — Nestes versículos, Paulo instrui os coríntios a deixarem de levar suas discussões pessoais aos tribunais pagãos. Os coríntios levavam seus conflitos aos tribunais romanos e, consequentemente, expunham o cristianismo ao ridículo ao contenderem em público. Sua incapacidade de resolver suas discussões pessoais ilustrava as divisões exacerbadas na igreja (1 Co 1.10-17). O apóstolo queria esclarecer várias ideias importantes aos coríntios: o litígio público era uma vergonha para uma congregação cristã (v. 1); as discussões pessoais deveriam ser resolvidas dentro da igreja (1 Co 6.2-6); o fato de existirem contendas indica derrota espiritual (1 Co 6.7,8), e todas as injustiças, como as contendas, deveriam ter sido superadas quando os coríntios se tornaram cristãos (1 Co 6.9-11).


6.2 — Não sabeis. Paulo usa essa expressão seis vezes neste capítulo (v. 3,9,15,16,19) para apre saber. Essa expressão deve ter diminuído o orgulho de uma igreja que se enfatuou de seu conhecimento e sua sabedoria. 6.3 — Os cristãos também julgarão os anjos caídos (Ap 19.19,20; 20.10). Paulo sugeriu que, se os coríntios haveriam de julgar com Cristo em Seu futuro Reino (Mt 19.28), eles, certamente, tinham os meios para acertar suas diferenças pessoais. 6.4-6 — A frase Aos que são de menos estima se refere a juízes em cortes civis. Embora eles mesmos tivessem capacidade para julgar os casos, os coríntios levavam suas contendas ao tribunal pagão para que os juízes de lá decidissem os casos. 6.7,8 — O dano [...] o dano. Em todas as brigas, os coríntios faziam acusações levianas e até desonestas uns contra os outros. Paulo sugeriu que era melhor o indivíduo sofrer o dano causado por uma das pessoas desonestas do que desonrar seu testemunho cristão diante de pagãos. 6.9,10 — O Reino de Deus, neste contexto, parece referir-se a um tempo no futuro em que Deus governará a terra com justiça (Mt 6.10; Lc 11.2). Não erreis. Tragicamente, os cristãos, às vezes, enganam-se ao pensar que Deus não requer que levem uma vida reta. Paulo enfatizou que os tipos de pessoas listados nestes versículos não herdarão ou possuirão o Reino de Deus. 6.11 — Neste versículo, Paulo usou três termos para descrever a conversão dos coríntios. O tempo de todos os verbos indica uma ação no passado que está completa. Lavados significa espiritualmente purificados por Deus. Santificados significa separados como povo de Deus. Justificados significa declarados justos por Deus por causa da obra de Cristo na cruz. 6.12-20 — Paulo deixou de lado sua discussão sobre a relação dos coríntios com os tribunais de justiça e passou a falar da integridade pessoal no corpo e no espírito. O apóstolo lidou com a questão da liberdade cristã ao tratar de três lemas dos coríntios que refletiam as atitudes deles para com pecados

sexuais (v. 12,13,18). No processo, ele apresentou um conceito muito elevado sobre o corpo humano como algo criado por Deus Pai, resgatado por um alto preço e redimido para o serviço de Cristo, o Filho, e transformado em templo de Deus por meio do Espírito que nele habita. Assim, o Deus trino está envolvido naquilo que fazemos com nosso corpo. Chamamos o espaço onde a igreja se reúne de santuário. Na verdade, nós somos santuário de Deus — Seu templo. Que diferença faria se vivêssemos com essa consciência! Nosso corpo não é depósito de lixo. Ele é um templo! 6.12 — Todas as coisas me são lícitas era um lema que os coríntios haviam forjado para justificar sua conduta imoral. Paulo fez com que eles se lembrassem de que o fato de estarem livres das leis cerimoniais de Moisés não lhes dava licença para pecar ou se entregar ao próprio egoísmo. Isso só iria escravizá-los no pecado do qual Jesus os havia libertado. Dominar por nenhuma. O único poder que nos deveria controlar é o Espírito Santo. A iniquidade nunca deveria dominar nossa vida, porque o Espírito nos capacita para lutar contra a tentação. 6.13,14 — Os manjares são para o ventre, e o ventre, para os manjares era outra expressão que os coríntios usavam para justificar seu estilo de vida dominado pelo pecado (1 Co 6.12). O alimento é gratificante e essencial para a vida. Quando os coríntios ficavam com fome, eles comiam. S e guindo a mesma lógica, toda vez que desejavam ter relações sexuais, eles se entregavam ao desejo. Na opinião deles, nenhuma atividade física deveria afetar a vida espiritual de uma pessoa, assim como comer alimentos não afetava a espiritualidade de ninguém. O raciocínio dos coríntios tinha duas falhas: (1) O estômago e o processo digestivo, de certo modo, não passam de coisas terrenas e de nada servem na eternidade. Mas o corpo, por meio do poder de ressurreição de Cristo, é eterno. Ele foi santificado por Deus para render-lhe glória (v. 20). (2) Embora a finalidade do estômago seja digerir alimentos, não é o objetivo do corpo envolver-se com a imoralidade. Além disso, segundo Seu próprio intento, Deus pôs restrições ao ato de comer e à atividade sexual. Comer a ponto de se tornar gula e ter relações sexuais levianas fora do casamento são atos que violam o intento do Senhor e, portanto, são pecados.


6,15-17 — A vida dos cristãos sofre uma mudança muito grande quando eles estão unidos a Cristo. A união afeta tanto o cristão como Cristo. Quando o cristão se envolve com a imoralidade, ele está arrastando a união com o Salvador para o relacionamento ilícito. Ao citar: Serão[...] dois numa só carne, fazendo menção ao texto de Gênesis 2.24, Paulo ilustrou a seriedade do pecado sexual. 6.18 — Todo pecado que o homem comete é fora do corpo era outro lema usado pelos coríntios para justificar sua imoralidade (1 Co 6.12,13). Paulo mostrou que o contrário é verdadeiro: o pecado sexual é cometido contra o corpo, não fora dele. Fugi. Paulo exortou os coríntios a fugirem de qualquer tentação de ceder ao pecado sexual (Gn 39.1-12). 6.19 — O templo (1 Co 3.16,17) era a congregação de cristãos, reconhecido como a habitação sagrada de Deus. A glória (shekinah) do Senhor encheu o tabernáculo (Êx 40.34) e o templo (1 Rs 8.10,11). Agora, a glória de Deus, por intermédio do Espírito Santo, habita em cada cristão (Jo 14-16,17) e, consequentemente, em toda a igreja. Os sacerdotes do Antigo Testamento não poupavam esforços para manter o santuário puro para a presença de Deus. Todo cristão também deveria cuidar com diligência de seu corpo, o templo do Espírito Santo, para honrar o Senhor e à Igreja. 6.20 — Comprados por bom preço se refere a alguém que está comprando um escravo em um leilão. Com Sua morte, Jesus Cristo pagou o preço para nos resgatar da escravidão do pecado (Ef 1.7; 1 Pe 1.18,19). Embora seja verdade que essa obra se aplique a todas as pessoas, mesmo àquelas que negam o Senhor (2 Pe 2.1), isso tem um significado muito singular e especial para o cristão (compare com 1 Pe 2.9; 1 Tm 4.10). Paulo conclui com o imperativo glorificai, pois, a Deus no vosso corpo. Em outras palavras, use seu corpo para que outras pessoas possam ver que você pertence a Deus.

1 Coríntios 7 7.1 — Coisas que me escrevestes. Depois de falar sobre os problemas mencionados pela família de Cloe (1 Co 1.11), Paulo começou a responder a perguntas que lhe foram enviadas (1 Co 7.1— 14.40). Bom seria que o homem não tocasse em mulher. Havia duas posições extremas na igreja de Corinto. Os dois grupos falsamente separavam o físico e o espiritual, acreditando que um não afetaria o outro. O que era hedonista alegava que o pecado só tinha a ver com o corpo físico, e os cristãos podiam pecar no corpo sem nenhuma consequência para sua vida espiritual. Paulo corrigiu esse mal-entendido no capítulo 6. O outro grupo acreditava que as coisas espirituais eram boas, e as físicas, más. Além disso, criam que, para ser realmente espiritual, o indivíduo teria de reprimir todo desejo físico. Os proponentes dessa visão alegavam qíie o celibato era o único estilo de vida correto, porém, o apóstolo também corrigiu esse equívoco, explicando que, embora as relações sexuais no casamento sejam boas, ele optou pelo celibato por vontade própria. 7.2 — Por causa da prostituição desenfreada em Corinto, Paulo incentivou os que poderiam ser tentados a cometer o pecado sexual a casarem-se. E melhor desenvolver um relacionamento permanente com uma esposa ou um marido do que cair no pecado sexual. 7.3-5 — Benevolência. Marido e esposa têm o dever de manter relações sexuais um com o outro para que nenhum deles seja tentado por Satanás a ter relações fora do casamento. 7.6-9 — Digo, porém, isso como que por permissão e não por mandamento. Essa sucinta oração revela-nos um importante entendimento acerca do método de argumentação que Paulo usou e também do que nós, cristãos, devemos considerar como mandamento e como opção. Se Paulo tivesse indicado que esse ensino fosse um mandamento, estaríamos debaixo de uma obrigação. O apóstolo, por vezes, deu ordens diretas ou falou de modo tão direto sobre uma questão, que isso se tornou um ensino do Senhor. A passagem de 1 Coríntios 11.28-34, por exemplo, apresenta ordens sobre como as coisas deveriam ser conduzidas à mesa do Senhor. Os ensinos de Paulo sobre os dons em 1 Coríntios 12— 14 não são meras


opiniões, mas verdades apostólicas. No versículo 7, ele afirmou preferir que os solteiros fossem como ele, mas reconheceu que Deus tem propósitos e habilidades diferentes para Seu povo. Bom. Para os que eram casados, mas agora estão viúvos, é bom ser como Paulo, pois estar sozinho dá uma oportunidade maior para trabalhar para Cristo. Por outro lado, ele reconhece que são poucos os que podem conter-se no sentido de ficar sem relações sexuais. O bom do versículo 8 deve ser equilibrado com o ensino de Gênesis 2.18, no qual Deus diz que não é bom que o homem esteja só. E melhor casar do que abrasar-se. Os que ardem de paixão devem ir em frente e se casar, em vez de lutar contra o desejo sexual. 7.10-16 — Paulo deixou de se preocupar com os celibatários e passou a falar dos casados. Ele discorreu sobre os mandamentos que Cristo deixou sobre o tema enquanto esteve na terra, além de apresentar a visão que ele tem como apóstolo do Senhor. 7.10,11 — Não eu, mas o Senhor. Quando Cristo esteve na terra, Ele disse que não nos devemos divorciar de nosso cônjuge. Em vez de divórcio, Paulo usou a palavra chorizo traduzida pelo verbo apartar-se. A ideia é a mesma: o marido e a esposa cristãos não devem deixar um ao outro. A afirmação adicional de que, se o casal se divorciar, deve ficar sem casar condiz com o ensinamento de Jesus (Mc 10.9-12). 7.12,13 — Digo eu, não o Senhor. Paulo apresentou um problema que não foi discutido por Jesus. As vezes, o marido ou a esposa se converte, mas o outro não. Paulo exorta o cristão a continuar casado se o cônjuge não cristão não quiser divorciar-se. 7.14 — O principal significado de santificado é separado. Aqui, o termo se refere à situação especial de que a esposa ou o marido incrédulos desfrutam quando seu cônjuge é cristão, sendo expostos aos ensinos de Deus. Imundos, neste contexto, provavelmente, significa o oposto de santificado. Os filhos com um dos pais que seja cristão podem aprender coisas sobre Deus e achegar-se a Cristo.

7.15 — Se o descrente quiser se divorciar do cônjuge convertido a Cristo, o cristão não está sujeito à servidão ou obrigação de continuar casado. Acerca disso, não há conflito entre o conselho de Paulo e o de nosso Senhor em Mateus 5.32. A questão é que o padrão divino não pode ser imposto a quem não é regenerado. Não há nada que o cristão possa fazer a não ser se submeter ao divórcio. O princípio mais importante é que Deus chamou-nos para a paz. 7.16 — Donde sabes. A gramática grega sugere que Paulo tenha feito a pergunta esperando uma resposta negativa. A promessa dada em 1 Pedro 3.1-6, no entanto, lembra-nos que a constante obediência a Deus pode transformar um cônjuge cético em um cristão. 7.17-24 — Assim, cada um ande. Esta seção desenvolve o tema da fidelidade ao chamado cristão, e não à posição social. Não interessa se você é servo ou liberto — pertence à classe alta ou à baixa, tem poder ou não, é casado ou solteiro —, o importante é o chamado que recebeu de Deus (Cl 3.11). 7.25-40 — Não tenho mandamento do Senhor. Paulo claramente distingue suas palavras como apóstolo das palavras de Cristo. Virgens. Essa classificação das solteiras na igreja, provavelmente, seja menor do que a mencionada no versículo 8, que incluía viúvas e as que foram casadas antes. Embora Paulo esteja preocupado com homens e mulheres solteiros, a atenção, neste trecho, está nas mulheres. Embora o termo grego usado no versículo 25 possa referir-se a homens ou mulheres, os outros exemplos, nesta passagem, fazem menção a mulheres (v. 28,34,36,37). Por volta do segundo século, foram criados cargos importantes na igreja para virgens, viúvas e diaconisas. Uma vez que elas estavam livres dos deveres de esposa, podiam auxiliar os pastores e diáconos em batismos, no cuidado dos doentes e em outras obras de caridade. 7.26,27 — Instante necessidade. Paulo viu que os cristãos casados teriam dias turbulentos pela frente, porque, em tempos de perseguição, a consideração pela família pode fazer com que seja difícil pôr totalmente em prática as convicções cristãs. A virgem teria responsabilidades familiares


menores e não se deixaria deter pela possibilidade de repercussões que afetassem seu marido ou seus filhos. 7.28-35 — Paulo não quis que se entendesse que ele estava proibindo o casamento de virgens. Mais uma vez, a castidade foi uma preferência do apóstolo, não um mandamento apostólico. Se a virgem ou o solteiro vierem a casar-se, eles não cometerão pecado. Tendo-se casado, no entanto, eles devem considerar-se iguais aos solteiros quanto à sua dedicação na obra de Deus. Paulo exortou-os a não se deixarem envolver pelo mundo, porque ele é temporário. 7.36-38 — Uma interpretação desta passagem é que alguém se refira ao pai de uma virgem solteira. Se tiver passado a flor da idade indica que a virgem está chegando à idade na qual o casamento seria pouco provável. Sob essas circunstâncias, seria perfeitamente aceitável que o pai a desse em casamento. Uma segunda interpretação sugere que alguém do verso 36 se refere a um noivo que está mantendo a condição de celibato com a virgem, mas está tendo dificuldade para isso. N essa visão, o termo grego normalmente traduzido por tiver passado a flor da idade é traduzido por ele tem fortes desejos. Se o homem tem dificuldade para controlar seu impulso sexual, ele deveria casar (v. 9). Por outro lado, se ele consegue se controlar (com poder sobre a sua própria vontade), ele deveria manter seu celibato (v. 8). Não tendo necessidade. Se o homem consegue se controlar e se abster de atos imorais, ele deve permanecer solteiro. Por outro lado, se for fraco para controlar sua vontade, ele deve ir em frente e se casar. 7.39,40 — Ligada pela lei. Esta passagem é similar a Romanos 7.2, na qual Paulo usou o casamento para ilustrar o compromisso com a lei. Aqui, ele enfatiza que o casamento deve ser para toda a vida. Caso um dos cônjuges morra, a única restrição com relação ao novo casamento é que a pessoa se case com um cristão. Mesmo sendo permitido que a pessoa se una em matrimônio novamente, Paulo ainda acredita que é mais prudente que ela permaneça solteira (v. 8). Também [...] tenho o Espírito de Deus. O Espírito Santo capacitava Paulo não só para falar com autoridade apostólica, mas também com sabedoria espiritual.

1 Coríntios 8 8.1-13 — O capítulo 8 responde às perguntas dos coríntios sobre as liberdades cristãs que aparecem em 1 Coríntios 11.1, tendo como primeiro tema a carne sacrificada a ídolos. Na antiga cidade de Corinto, quando uma pessoa ia ao mercado para comprar alimento, em meio à carne vendida, estava uma parte que havia sido oferecida a um deus pagão. Teoricamente, uma porção do sacrifício seria levada pelo deus, sendo o restante deixado para que os sacerdotes comessem. O que eles não comiam era levado para o mercado. É possível que o cristão que comprasse a carne estivesse, inadvertidamente, comendo carne oferecida a um falso deus. Surgiram duas escolas filosóficas em Corinto que discutiam essa questão. A primeira perspectiva era de que tal carne estava contaminada pela adoração pagã, enquanto a outra visão sustentava que os cristãos poderiam comer de tal alimento. 8.1 — A declaração Sabemos que todos temos ciência parece ter sido um lema usado por certos cristãos coríntios como uma afirmação arrogante contra cristãos mais fracos, os quais acreditavam que era pecado comer alimentos oferecidos a ídolos. Outros coríntios convertidos a Cristo consideravam que tais preocupações eram absurdas, pois afirmavam que, se os ídolos não tinham valor, então, a carne oferecida a eles era apropriada para o consumo. Paulo concordava no sentido de que o alimento oferecido a ídolos não estava contaminado, mas queria que os cristãos mais esclarecidos não ostentassem seu ponto de vista. A ciência incha, mas o amor edifica. Esse é um dos cinco ataques de Paulo à arrogância de alguns membros da igreja de Corinto (1 Co 4.6,18,19; 5.2). Essas pessoas menosprezavam, com seus conhecimentos, seus irmãos e irmãs mais fracos na fé. Na verdade, deveriam usar seu saber para ajudar outros cristãos na igreja. 8.2 — Não sabemos nada sobre Deus como nos convém a menos que nosso conhecimento nos leve a amar os outros. 8.3-6 — Os cristãos coríntios que alegavam ter conhecimento admitiram prontamente que o ídolo nada é (Is 37.19; Jr 16.20; Cl 4.8) e que só existe um Deus (Dt 6.4). Contudo, Paulo não rejeita totalmente a ideia de ídolos, porque, embora esses deuses não sejam verdadeiros, eles existem na mente daqueles que os adoram (1 Co 10.20).


8.7-13 — Os cristãos instruídos estavam corretos em sua visão acerca do ídolo, mas isso não tinha importância. Se os irmãos e as irmãs mais imaturos na fé vissem outros cristãos comendo manjar oferecido a ídolos, eles também poderiam fazer isso, violando sua própria consciência. Por meio de seu conhecimento, os cristãos mais maduros estavam levando os mais fracos a tropeçarem. Paulo exortou os cristãos mais fortes a demonstrarem amor pelos mais fracos, deixando de levá-los a pecar.

fora da Lei — os gentios —, Paulo não observava o costume judeu. O apóstolo esclareceu isso, no entanto, para que ninguém entendesse mal suas ações. Por meio da obediência a Cristo (v. 21), Paulo obedecia à lei de Deus, a qual era mais ampla do que a legislação mosaica; era o cumprimento da vontade de Cristo (1 Co 11.1; Rm 13.8; Cl 6.2). 9.24-26 — Paulo tinha o desejo de cumprir seu ministério a qualquer preço. Seu desejo era semelhante ao tipo de compromisso assumido na preparação para uma competição atlética. Eu assim corro, não como a coisa incerta. O apóstolo tinha um alvo bem definido e sabia que era necessário perseverança para alcançá-lo. Para se preparar adequadamente para a corrida ou luta, ele sabia que tinha de se esforçar para manter a prática árdua e consistente necessária ao êxito.

1 Coríntios 9 9.1,2 — Não sou eu apóstolo? Paulo respaldava seu apostolado com dois argumentos: (1) ele viu o Senhor ressurreto (At 1.21,22) e (2) a igreja de Corinto era obra de Paulo no Senhor, um selo do seu apostolado. 9.3-18 — Paulo tinha direito de comer e de beber o que quisesse, ter uma mulher e receber salário por seu ministério; no entanto, ele não exercia esses direitos. Tem Deus cuidado dos bois. Deus requer que os ministros sejam pagos por seu trabalho, assim como ele requer que os animais de carga sejam compensados pelo trabalho deles. Aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho. Prover aos ministros do evangelho o que necessitam é uma ordem dada por Deus. Assim como os sacerdotes em Israel eram mantidos por seu trabalho, os ministros do Novo Testamento também deveriam ser sustentados (1 Tm 5.17,18). 9.19-23 — Fiz-me servo de todos, para ganhar ainda mais. Paulo colocou seu ministério na obra de Deus acima de seus desejos pessoais e estava disposto a se adaptar aos costumes de outros povos, fossem judeus ou gentios, para levá-los a Cristo. Para se relacionar com os judeus em Jerusalém, por exemplo, ele fez um voto de nazireu no templo (At 21.23,24). Quando estava perto daqueles que estavam debaixo da Lei — os judeus —, Paulo obedecia à Lei. Quando estava perto daqueles que estavam

9.27 — Eu mesmo não venha [...] a ficar reprovado. A palavra grega adokimos para reprovado significa desaprovado depois de ser testado. Embora alguns citem este versículo como evidência de que os cristãos podem perder a salvação, é muito provável que esta oração não se refira à salvação. Deve-se fazer uma distinção cuidadosa entre o prêmio e o dom. O dom gratuito da justificação não pode ser resultado de boas obras (Rm 4-1 8). No entanto, o prêmio ou a coroa é a recompensa pela persistência e pelo sofrimento pela causa de Cristo (Fp 1.29; 2 Tm 2.12).

1 Coríntios 10 10.1-5 — Paulo inseriu a história da infidelidade de Israel com relação a Deus após sua exortação aos coríntios a fim de que perseverassem na obra divina. O apóstolo enfatizou as bênçãos das quais os israelitas desfrutaram no deserto: todos eles tiveram a proteção e a direção do Senhor, experimentaram o milagre do livramento do Altíssimo, identificaram-se com seu líder espiritual — Moisés —, comeram o pão do céu e, por fim, beberam a água que Deus proveu. O fundamental no que o apóstolo declarou foi que, embora todos os israelitas tivessem recebido essas maravilhosas dádivas de Deus, a maioria não conseguiu agradar ao Senhor.


10.1 — Para os antigos israelitas que estiveram debaixo da nuvem no deserto, a nuvem tinha duas funções: (1) ela oferecia proteção (Ex 1419,20), fogo durante a noite em meio ao frio do deserto e sombra durante o dia do sol forte e (2) guiava o povo pelo deserto (Ex 13.21). Todos passaram pelo mar. Todo israelita que partiu do Egito no Êxodo conheceu o livramento de Deus no mar Vermelho. 10.2 — Todos foram batizados em Moisés. Os atos de Deus na nuvem e no mar uniram o povo ao seu líder espiritual, Moisés. 10.3-5 — Um mesmo manjar espiritual [...] uma mesma bebida espiritual. Todos seguiam o mesmo Deus e as mesmas leis (Jo 4-13,14; 6.32-35). 10.6-10 — E essas coisas foram-nos feitas em figura [Exemplos para nós (ara)] . A disciplina que Deus aplicou aos israelitas desobedientes deveria ser uma advertência aos cristãos de que o Senhor castigará o pecado de Seu povo. 10.6 — Os antigos israelitas falharam pela primeira vez quando cobiçaram. Eles não estavam satisfeitos com a provisão de Deus, mas lembraram-se da provisão que tinham no Egito (Nm 11.4-34). 10.7,8 — Os antigos israelitas eram notórios idólatras. Embora o Deus verdadeiro os tivesse tirado do Egito, eles insistiam em adorar ídolos sem vida. Além disso, os antigos israelitas se envolviam com imoralidade (ara), um pecado que também contaminava os coríntios (1 Co 5.1; 6.18). Vinte e três mil. O registro em Números menciona 24 mil (Nm 25.6-9). Há várias razões possíveis que explicam a diferença. Alguns sugerem que o número de Paulo reflete o número de pessoas que morreram num dia, enquanto o relato de Números pode ser um registro de todos os que morreram por causa da praga. Outra explicação possível é que o relato de Números inclua a morte dos líderes (Nm 25.4), ao contrário do número de Paulo. 10.9 — Tentemos a Cristo. Ao que parece, essa expressão está relacionada ao fato de os israelitas questionarem o plano e o propósito de Deus enquanto estavam seguiam para Canaã (Nm 21.4-6).

10.10 — Os antigos israelitas murmuraram tanto contra os líderes, que Deus lhes enviou uma praga, e muitos pereceram (Nm 16.41-49). 10.11 — Como figuras [como exemplos, ara]. Paulo enfatizou novamente que as situações as quais aconteceram a Israel não são simplesmente eventos históricos a serem interpretados, mas advertências a serem consideradas com atenção. Isso é especialmente verdadeiro na visão de Paulo, uma vez que são chegados os fins dos séculos. Os planos do Senhor estavam chegando ao clímax. O Deus que estava provocando o fim de todas as coisas é o mesmo que trouxe juízo sobre os israelitas ao matá-los — Ele poderia fazer o mesmo novamente (compare com 1 Co 11.30; Rm 11.22). 10.12 — Que não caia. Os coríntios, talvez, tivessem a atitude de que, uma vez que foram justificados por Deus, nada lhes poderia acontecer. A disciplina do Senhor, no entanto, não deve ser considerada de forma leviana. Ninguém pode pecar e permanecer impune (G1 6.7,8). 10.13 — Paulo deu aos coríntios uma palavra de conforto. As várias tentações que eles estavam sofrendo eram normais; todos os cristãos, no decorrer dos séculos, tiveram de resistir à tentação. Deus é tão bom, que não deixará que os cristãos passem por algo para o qual Ele não os preparou. O Senhor dará a todo cristão a graça e o poder para resistir. Além disso, a resistência trará sua própria recompensa (1 Co 9.24-27). 10.14— 11.1 — Nesta seção, o apóstolo Paulo discutiu o problema da idolatria na igreja de Corinto. A adoração de vários deuses estava totalmente arraigada na cultura grega. No mundo da Grécia antiga, havia ídolos nas esquinas das ruas e nas casas. Várias sociedades cívicas prestavam homenagem aos seus deuses favoritos. Cidades adotavam alguns como seus protetores especiais. Os templos pagãos eram quase sempre frequentados, especialmente em Corinto, por causa de seus atos de prostituição no templo. Além disso, grande parte do alimento no mercado havia sido oferecida em adoração a diferentes ídolos. Paulo, primeiro, discutiu a natureza demoníaca da adoração aos ídolos e, depois, expôs a natureza da liberdade cristã, especialmente no que diz respeito à comida oferecida a ídolos.


10.14-22 — Fugi da idolatria. A adoração pagã é uma violação da união do cristão com Cristo (v. 21). Os ídolos em si não são uma ameaça (v. 19); o perigo está nos demônios (v. 20), que, sem serem percebidos pelos adoradores, são os verdadeiros objetivos da adoração a ídolos. 10.21 — Não podeis beber. Paulo fez os coríntios se lembrarem da comunhão e da unidade que eles tinham quando participavam da ceia do Senhor. A participação na adoração a ídolos era uma violação dessa unidade. 10.22-24 — Todas as coisas me são lícitas. Embora tendo liberdade, também temos a responsabilidade de ajudar os outros em seu crescimento cristão. Nosso primeiro dever é com os outros, não com nós mesmos. 10.25,26 — Comei de tudo quanto se vende. Paulo não perguntou se a carne era sacrificada no templo, porque a adoração pagã não poderia contaminar o que Deus havia purificado (SI 24 • 1; At 10.15). 10.27-30 — Estes versículos apresentam um cenário em que um cristão esclarecido é convidado para jantar em uma casa particular. Se ninguém fizer caso da carne oferecida no templo, o cristão não deve insistir nessa questão, mas precisa aceitar as verdades enunciadas no verso 26. Por outro lado, se um cristão imaturo na fé, ou sem conhecimento, estiver presente e chamar a atenção daquele que é amadurecido em relação à carne oferecida na adoração pagã, o cristão esclarecido deve deixar de comê-la em consideração ao mais fraco. 10.31— 11.1 — Fazer tudo para a glória de Deus inclui incentivar os irmãos cristãos e propagar as boas-novas acerca de Cristo. Paulo fez isso quando se recusou a escandalizar judeus, gregos ou a igreja de Deus, ainda que, para isso, sua liberdade tivesse de ser restrita. Como Cristo, Paulo não procurou fazer as coisas como bem entendia para agradar a si mesmo; pelo contrário, ele desejava ajudar os outros (v. 24). Esse deve ser nosso desejo também.

1 Coríntios 11 10.31— 11.1 — Fazer tudo para a glória de Deus inclui incentivar os irmãos cristãos e propagar as boas-novas acerca de Cristo. Paulo fez isso quando se recusou a escandalizar judeus, gregos ou a igreja de Deus, ainda que, para isso, sua liberdade tivesse de ser restrita. Como Cristo, Paulo não procurou fazer as coisas como bem entendia para agradar a si mesmo; pelo contrário, ele desejava ajudar os outros (v. 24). Esse deve ser nosso desejo também. 11.2-34 — Estes versículos seguem uma seção extensa, a qual trata do modo descabido com o qual os coríntios haviam-se aproveitado de sua liberdade em Cristo. Após uma série de repreensões leves (1 Co 1.10,11; 3.1; 4.7-13,18; 5.1-3; 6.1-6; 7.1-5; 8.9-12; 10.1-14), o apóstolo começou essa seção louvando os coríntios, porque eles estavam obedecendo a certas tradições que o apóstolo lhes havia ensinado. 11.2 — E louvo-vos é uma expressão que reflete o verdadeiro apreço da parte de Paulo. Os coríntios haviam cometido muitos erros, mas não estavam totalmente corrompidos, pois tinham seguido as instruções do apóstolo em determinadas áreas. 11.3 — Mas introduz uma exceção ao elogio que Paulo havia feito aos coríntios no verso 2. Ele queria instruir os coríntios sobre outro ponto que causava confusão. Cabeça, primeiro, significa autoridade quando é usada no contexto de relacionamentos humanos. Alguns dizem que cabeça também pode significar fonte ou origem, uma afirmação que, agora, é rejeitada por autoridades no léxico grego. O varão, a cabeça da mulher. Os relacionamentos entre homens e mulheres não envolvem inferioridade, pois, na oração paralela, Cristo não é inferior a Deus, o Pai. Submissão não indica inferioridade, mas subordinação. Assim como Cristo e Deus são igualmente divinos, homens e mulheres são seres semelhantes. Contudo, assim como Jesus e Deus Pai têm papéis diferentes no plano de salvação do Senhor, homens e mulheres receberam papéis diferenciados.


11.4 — Que ora ou profetiza pode referir-se especificamente à oração de intercessão similar àquela dos profetas do Antigo Testamento (Gn 20.7; 1 Sm 12.23; Jr 27.18) ou de Ana (Lc 2.36-38), ou à combinação de línguas e oração (1 Co 14.13-16; At 2.4; 10.46).

11.11,12 — Nem... sem. Homem e mulher precisam um do outro, e, como criaturas de Deus, ambos dependem dele. Nem o homem nem a mulher podem ter algum direito a uma posição especial a não ser o que Deus intentou para eles como seu Criador.

Tendo a cabeça coberta, provavelmente, refere-se ao homem cobrindo os cabelos de sua cabeça. Desonra a sua própria cabeça. E impossível dizer se cabeça aqui faz menção à cabeça física do homem ou a Cristo, a Cabeça inquestionável do homem (v. 3). Qualquer uma das duas interpretações é possível. Talvez, Paulo quisesse que a palavra tivesse um sentido duplo.

11.13-15 — Parece que natureza se refere, segundo o uso de Paulo, ao modo como as coisas naturalmente deveriam ser (compare com Rm 1.26; 2.14,27; também leia 11.21,24; G12.15; 4.8). Para Paulo, é natural que homens e mulheres sejam diferentes. As mulheres podem expressar isso ao usarem o cabelo mais longo que o dos homens.

11.5,6 — Toda mulher que ora ou profetiza. As mulheres, obviamente, tinham permissão para orar e profetizar na congregação em Co rinto, porque não teria sentido Paulo dar instruções para algo que elas não tinham permissão para fazer.

11.16 — Não temos tal costume. O que Paulo diz aqui pressupõe sua pergunta direta no verso 13 e sua visão do que seja natural no versículo 14. Para a pergunta: “E decente que a mulher ore a Deus descoberta?”, a resposta deve ser ressonante: “E claro que não!”, isto é, se alguém quiser dar algum sentido para a discussão de Paulo sobre esta questão. Os cristãos em Corinto deveriam observar este costume universal. Nenhuma outra igreja permitia a uma mulher profetizar sem cobrir sua cabeça, e a igreja em Corinto não era diferente.

Desonra a sua própria cabeça se refere à cabeça física da mulher ou ao seu marido como sua cabeça, ou, possivelmente, às duas opções (v. 4). Não cobrir a cabeça com o próprio cabelo era tão vergonhoso para a mulher quanto ter a cabeça rapada, um sinal de desonra pública. 11.7-9 — O varão não provém da mulher, mas a mulher, do varão. A mulher foi tirada de um dos lados do homem (Gn 2.21). A mulher, por causa do homem é uma maneira de Paulo expressar o conceito da auxiliadora, presente em GÊnesis 2.20. Isso não significa que a mulher seja inferior ao homem; refere-se apenas aos propósitos de Deus para o homem e para a mulher na ordem da criação. 11.10 — As mulheres deveriam cobrir a cabeça por causa dos anjos. E óbvio que os anjos de Deus estão presentes na reunião da igreja e, na verdade, aprendem com a obra de graça do Senhor por meio da vida e da adoração do povo de Deus (Ef 3.10). Símbolo de poderio. Este poderia ser um símbolo da autoridade da mulher para profetizar na nova era da igreja, a qual foi inaugurada quando o Espírito Santo foi dado no Pentecostes (v. 5). Também poderia referir-se a um símbolo da autoridade do homem sobre a mulher (v. 3).

11.17-34 — Esta passagem diz respeito às atividades impróprias que estavam ocorrendo quando a igreja se reunia para participar da celebração da eucaristia ou ceia do Senhor. 11.17 — Não vos louvo. Em contraste com o elogio de Paulo no versículo 2, de que os coríntios haviam obedecido a muitos de seus ensinos, aqui ele expressa preocupação pelas práticas pecaminosas dos coríntios durante a adoração. Ajuntais é um termo técnico que se refere à reunião da igreja e é usado três vezes nesta passagem (v. 18,20). 11.18 — Dissensões. E tentador compararmos as dissensões aqui com os problemas que aparecem no capítulo 1, mas parece que as dissensões, nesse versículo, estão relacionadas aos eventos que aconteciam quando a igreja se reunia para a ceia do Senhor. E possível que as dificuldades estivessem acima de distinções referentes a classes de ricos e pobres, ou judeus e gentios. Quando a Igreja se reúne, todos devem se ajuntar como irmãos, mas, ao que parece, não era isso que acontecia em Corinto. Em vez da união


recomendada por Paulo em 1 Coríntios 11.17 e enfatizada novamente nos capítulos 12— 14, havia divisão entre os cristãos. 11.19 — Os aprovados (ara). Um dos resultados positivos decorrentes da divisão ou dos partidos (ara) na igreja é que se torna óbvio quem são os verdadeiros cristãos na congregação. 11.20-22 — A Ceia do Senhor era a peça central da adoração da igreja do primeiro século. Reunidos em torno de uma mesa, os irmãos se encontravam com o Senhor e uns com os outros em unidade. Cristo havia expressado esse tipo de humildade e unidade quando instituiu a ceia (Mt 26.26-30; Mc 14-22-26; Lc 22.14-23). Os cristãos coríntios estavam tomando antecipadamente a sua própria ceia, violando o espírito e o propósito da refeição. Ao agirem assim, eles mostravam desprezo pela Igreja de Deus e envergonhavam aqueles que nada têm (v. 22). 11.21 — Porque, comendo [...] um tem fome, e outro embriaga-se. Na igreja do primeiro século, a ceia do Senhor normalmente era precedida por uma refeição para comunhão, mais tarde conhecida como a Festa Àgape. No final, tantos problemas acompanhavam essas festas, que, no Concílio de Cartago (397 d.C.), elas foram estritamente proibidas. E foi o que aconteceu em Corinto. Quando se ajuntavam, os coríntios não comiam juntos; consequentemente, isso não podia ser chamado de comunhão, e o comportamento deles desonrava tanto o Senhor, que a reunião dificilmente poderia ser chamada de ceia do Senhor. Alguns, na verdade, ficavam embriagados. 11.22-25 — Eu recebi do Senhor se refere à revelação que Paulo recebeu de Cristo sobre o significado da morte e da ressurreição do Senhor representado pelos elementos da santa ceia; simbolismo que Paulo ensinou aos irmãos, explicando-os novamente. 11.24,25 — Tomai, comei [...] partido são palavras omitidas nos melhores manuscritos. Isto é o meu corpo. Sem dúvida, uma expressão não literária, mas figurativa. Ele estava ali, no meio dos discípulos, participando com eles do elemento do pão, que significa Sua encarnação. Que é [...] por vós. Isso significa o caráter sacrifical e vicário da morte de Cristo. Ele é relembrado

nesta mesa, não como um grande exemplo, ou mestre, ou mesmo profeta, mas como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória de mim. Contrastando com a reunião muitas vezes impensada e negligente dos cristãos coríntios em sua chamada festa do amor, Jesus pediu aos Seus discípulos: “Lembrai-vos de mim”. 11.26 — Anunciais a morte do Senhor, até que venha. A ceia do Senhor remonta à morte de Cristo e aguarda Sua Segunda Vinda (Mt 26.29; Mc 1425; Lc 22.18). 11.27-29 — Indignamente se refere ao modo como uma pessoa participa da ceia do Senhor. Os coríntios estavam transformando a refeição em um momento para exagerarem na comida e se embriagarem, em vez de fazerem daquela ocasião um tempo para refletirem na morte e na ressurreição do Senhor Jesus Cristo. 11.30 — Dormem, neste contexto, refere-se à morte de cristãos (1 Co 15.18; 1 Ts 4.15,16). Esta passagem se refere à morte precoce, um castigo sofrido por alguns cristãos que não se examinavam à mesa do Senhor (v. 28). 11.31,32 — Se nós nos julgássemos a nós mesmos, o Pai não precisaria corrigir-nos. Mas, quando os cristãos não estiverem dispostos a fazer este autoexame, Deus mesmo irá corrigi-los. 11.33,34 — Esperai uns pelos outros. Paulo conclui sua discussão sobre a ceia do Senhor com uma exortação prática, para que os cristãos coríntios demonstrassem a devida preocupação uns pelos outros. Ele insinua, nas palavras coma em casa, que desaprova as frequentes festas do amor. E ele mostra novamente uma preocupação pastoral quando expressa a ideia para que vos não ajunteis para condenação. Paulo não se deleita com a mão disciplinadora do Senhor. Ordená-las-ei (do grego diatasso) refere-se às providências visivelmente práticas (1 Co 16.1; G1 3.19). Qualquer outro detalhe relacionado à ceia do Senhor, Paulo esclareceria em sua visita à cidade.


1 Coríntios 12 12.1— 14.40 — Paulo continua a discutir sobre a devida ordem na igreja com o tema do exercício dos dons espirituais na casa de Deus. Ele apresenta a inter-relação correta entre unidade do corpo, mas com a diversidade de dons, a função apropriada dos dons e a primazia do amor no uso dos dons espirituais. 12.1 — Acerca. O apóstolo está respondendo à outra pergunta na carta aos Coríntios (1 Co 7.1, 25; 8.1). Dons espirituais. O texto grego não contêm a palavra dons, mas, simplesmente, diz espirituais (pneumatikon), que pode se referir a coisas ou pessoas espirituais. Muitos acreditam que se refira aos dons (charismata) de 1 Coríntios 12.4-11 (Mt 7.7-11; Lc 11.9-13), mas é provável que este não seja o caso, por causa do modo como o termo é usado nos capítulos 12— 14, especificamente em 1 Coríntios 12.1-3; 14.1-3 e 14.37. 12.2 — Os gentios eram considerados bárbaros ou incultos, termo que Paulo usa para enfatizar o estado de ignorância deles. Infelizmente, os que são ignorantes não gostam de admitir isso, assim, Paulo tem de deixar isso bem claro. Por causa de sua ignorância, eles foram levados ou ficaram entusiasmados. Paulo considera as forças demoníacas que estão por trás da adoração a ídolos (1 Co 10.20). Assim, é possível que esta ação pessoal de ser violentamente atraído esteja por trás de sua expressão. O termo reflete o erotismo de grande parte da religião pagã, no qual o participante era arrebatado e não mantinha o autocontrole característico da obra do Espírito, como ensinou o apóstolo no capítulo 14, ídolos mudos é uma expressão que seria imediatamente reconhecida pelos coríntios familiarizados com a idolatria do Antigo Testamento (compare com 1 Rs 18.26-29; SI 65.4-8; Is 46.7). Bruce sugere que Paulo tenha comparado o silêncio dos ídolos ao grande alvoroço (inspirado por demônios) dos adoradores desses objetos de adoração. 12.3 — Jesus é anátema! [...] dizer que Jesus é o Senhor. Uma pessoa que realmente esteja falando por intermédio do Espírito Santo nunca amaldiçoará (isto é, depreciará ou difamará) Jesus, e todos os que genuinamente proclamam o senhorio de Cristo agem assim graças à capacitação do Espírito.

12.4-6 — Dons. A palavra usada para dons, pela primeira vez, contrasta com pneumaúkon de 1 Coríntios 12.1. Charismata se refere a dons da graça de Deus em cada cristão, por meio dos quais Deus pode fortalecer Seu povo. Diversidade aparece nos versículos 4 ,5 e 6 sob a forma da mesma palavra grega. Observe a diversidade na obra da Trindade. No versículo 4, o Espírito distribui cada um deles ao cristão (1 Co 12.11). No versículo 5, o Filho de Deus determina ao cristão o modo específico como o dom é manifestado no corpo (1 Co 12.12-27). No versículo 6, o Pai provê a força ao cristão no exercício do dom (1 Co 12.28). Deus opera Sua vontade por meio de Seu povo de muitas maneiras. Ninguém foi colocado no corpo para ser igual a outro membro nem para exercer a mesma função. O Espírito é o mesmo [...] o Senhor é o mesmo [...] o mesmo Deus. Embora as pessoas recebam dons diferentes do Altíssimo, Deus e Sua obra estão unidos. Sejam quais forem os dons que diversas pessoas tenham ou não, o único Deus opera todas essas coisas (v. 11). 12.7-11 — A cada um para o que for útil expressa o principal ensino de Paulo sobre a obra do Espírito. Deus opera nos cristãos para beneficiar todo o corpo, não simplesmente o cristão isoladamente (v. 25,26). O cristão é um veículo por meio do qual Deus opera a fortificação e unidade de todo o corpo, e não a finalidade da obra de Deus. Porque a um [...] e a outro. As duas palavras gregas (allos [...] heteros) enfatizam a diversidade e iniciam uma lista de charismata que são distribuídos por Deus por todo o Seu Corpo. A ninguém é dado todos os dons, nem a todos é dado um único dom, como o de línguas. Pelo contrário, os vários charismata, ou dons da graça, são distribuídos para que haja diversidade no corpo unificado. Os vários dons — de ciência, sabedoria, fé, de curar, operação de maravilhas, profecia, o dom de discernir os espíritos, a variedade de línguas, a interpretação das línguas — provavelmente, eram muito perceptíveis para os coríntios, mas é difícil para nós, dois mil anos depois, conhecermos sua natureza exata. Palavra da ciência parece ser a capacidade de discursar a respeito da doutrina; não o conhecimento em si, mas a habilidade do discurso. Palavra


da sabedoria é completamente o oposto da palavra da ciência e se refere às obras práticas ou éticas do conhecimento, similares ao que se observa em Provérbios. Este dom ajudou a solucionar o problema da distribuição de alimento em Atos 6. Fé parece ser a capacidade de crer que Deus é capaz de feitos extraordinários. Operação de maravilhas, provavelmente, seria a capacidade de realizar obras como as de Moisés, os profetas, ou talvez alguns milagres da natureza que se observam nos Evangelhos. Note que Deus particularmente usou estes dons para confirmar a verdade proferida por meio dos primeiros apóstolos (Hb 2.3,4). Profecia é o prenúncio ou a predição da revelação de Deus, seja a “nova” revelação ou a elucidação divina do que já se sabe. Mais do que um simples ensino ou pregação, esta ação é fruto da capacitação, mas não da inspiração, do Espírito. Pedro demonstrou este dom no Pentecostes. O dom de discernir os espíritos pode referir-se à capacidade de distinguir as obras de Deus da atividade demoníaca na igreja. A variedade de línguas, provavelmente, faz menção à capacidade de o indivíduo falar várias línguas que jamais estudou. A interpretação de línguas é a capacidade de explicar ou interpretar as línguas faladas na congregação, para que todo o grupo de cristãos possa beneficiar-se com a oração feita (1 Co 14-16) por quem fala em línguas (1 Co 14-13,28). Como quer, não como nós queremos. Se os cristãos devem ou não buscar algum dos dons do Espírito é uma questão discutida em 1 Coríntios 12.31. 12.12-31 — Paulo tenta ajudar os cristãos coríntios carnais a abandonarem seus desejos carnais e buscarem a unidade do corpo e servirem com os dons que Deus lhes dera (v. 7,25,26). 12.12-14 — Porque [...] pois [...] Porque. Observe o desenvolvimento da ideia enquanto o Espírito de Deus continua a dar a Cristo a glória (Jo 16.1214; 1 Co 12.3). 12.12.13 — Assim é Cristo também. A analogia do corpo humano ilustra a necessidade de unidade na diversidade no Corpo de Cristo.

12.13 — Um. O apóstolo continua a enfatizar a unidade: um Espírito, um corpo, um Espírito. Paulo nega que o Espírito esteja dividido nos grupos mencionados nos capítulos 3 e 4- Todos os cristãos (v. 3) estão cheios do mesmo Deus. Todos nós fomos batizados em um Espírito. Cristo, a Cabeça do Corpo, exaltada e que ascendeu ao céu, é o Agente ativo que põe o novo membro do Corpo na esfera do Espírito Santo, para que ele seja cuidado e protegido. Todos os cristãos são batizados, formando o Corpo, na esfera do Espírito Santo e, por isso, fazem parte do Corpo de Cristo, quer judeus, quer gregos, quer servos, quer livres. Ninguém é superior a ninguém na Igreja de Cristo; todos entram da mesma forma: pela fé na promessa de Abraão (G1 3.26-29). Cada um de nós tem a mesma porção do mesmo Espírito de Deus: todos temos bebido de um Espírito (v. 13c). Alguns dos coríntios — provavelmente os pneumatikon (v. 1) — acreditavam que somente determinados indivíduos com dons estavam, es Paulo põe cada cristão em pé de igualdade no Espírito. Dificilmente, beber se refere ao fato de todos participarem do mesmo cálice da ceia do Senhor. O Espírito não somente nos envolve no batismo, mas, uma vez que temos bebido dele, também habita em nós. 12.14-27 — Estes versículos enfatizam uma ideia central: o corpo é uma imagem magnífica da unidade e da diversidade ao mesmo tempo (v. 14-19, unidade na diversidade; v. 20-27, diversidade na unidade). Ninguém deve exaltar-se por causa do dom que lhe foi dado, nem deve achar-se inferior por ter recebido um dom que alguns consideram menos importante. 12.25-27 — Para que introduz o objetivo principal, ou seja, não haja divisão no corpo. A frase Tenham os membros igual cuidado uns dos outros enfatiza o objetivo dos dons, como afirma o versículo 7: Para o que for útil. Em vez de brigarmos com outros cristãos e termos ciúme da posição ou dos dons de outras pessoas, nossa tarefa é dar algo de nós mesmos aos outros, a fim de que, se alguma parte do corpo tiver dificuldade ou sofrer danos, busquemos ajudá-la e curá-la. 12.28-30 — A expressão pôs Deus ainda enfatiza a designação soberana de dons feita pelo Espírito (v. 11), pelo Filho (v. 18) e pelo Pai (v. 28). Os dons não são de acordo com nossa escolha. Apóstolos, profetas e doutores são listados primeiro e com números ordinais, provavelmente, porque sejam


fundamentais para o Corpo de Cristo, embora os coríntios os tenham valorizado menos que os dons extraordinários, como o de línguas. As vezes, apóstolos, usado de um modo geral, aproxima-se de missionário (compare com 1 Co 15.7; 2 Co 11.5; 12.11; G11.17,19; Rm 16.7); usado deforma mais específica, refere-se a um pequeno grupo que testemunhou o Cristo ressurreto e foi especialmente designado por Ele como Seus representantes (os 12 e Paulo; 1 Co 15.5,8 e 9.1). O apóstolo fala dos profetas do Antigo Testamento em outras passagens (Rm 1.2; 3.21; 9.3; 1 Ts 2.15), mas, em 1 Coríntios e Efésios 2.20, é possível que ele use o termo como referência somente aos profetas do Novo Testamento, cuja atividade é mencionada no capítulo 14. Como na profecia do Antigo Testamento, a principal tarefa dos profetas não era profetizar, e, sim, prenunciar. Os profetas do Novo Testamento, com os apóstolos, guiaram a igreja enquanto ela era jovem. Os doutores expõem a verdade da revelação escrita de Deus, como mostram Gálatas 6.6 e 2 Timóteo 2.2. Depois dessas três principais posições, o apóstolo Paulo menciona vários outros dons úteis, colocando o de línguas, dom preferido deles, como último da lista. As perguntas finais — devemos esperar que todos sejam apóstolos, ou profetas, ou doutores, ou operadores de milagres? Todos temos vários dons, como o de cura, ou de línguas ou de interpretação? — esperam uma resposta negativa. Que tipo de Corpo seria se ele fosse uma grande mão, ou um dedo do pé, ou uma língua? Esse corpo não seria funcional. Seria grotesco! 12.31 — A tradução procurai com zelo (na a r c ) está correta, pois trata-se de um imperativo, ou poderia ser traduzida como uma indicação, uma afirmação do fato: Vós estais procurando os dons excelentes? A palavra grega zeloo, normalmente, um termo negativo, admite as duas ideias. A maioria dos intérpretes opta pelo imperativo, mas o indicativo é possível e corresponderia à correção que os capítulos 12—14 têm em vista. Em contraste com essa procura inútil, Paulo direciona os coríntios a um caminho ainda mais excelente no capítulo 13, o caminho que consiste em exercer todos e quaisquer dons somente com amor.

1 Coríntios 13 13.1-13 — O capítulo do amor está dividido em três seções: (1) a futilidade dos dons sem o fruto do Espírito, o amor; (2) a natureza do amor e (3) o caráter eterno do amor em contraste com a temporalidade dos dons. 13.1 — Línguas dos homens e dos anjos. O dom miraculoso de falar em línguas (glossolalia) incluía línguas humanas, óbvias segundo as palavras aqui (línguas dos homens) e também em outras passagens (At 2.4,6,8,11; 10.46). Contudo, as línguas na igreja de Corinto eram línguas angelicais ou provenientes de Deus, incompreensíveis pelos homens? Quem falava em línguas poderia ter pensado assim, mas Paulo talvez tenha usado uma hipérbole: “Ainda que eu falasse em alguma língua celestial”. De qualquer modo, sem amor, esse dom não teria valor. O metal que soa ou [...] o sino que tine eram instrumentos normalmente usados na adoração pagã. O exercício dos dons da graça, sem o amor cristão, seria pouco diferente das atividades de várias religiões pagãs ou religiões de mistério. 13.2 — O dom de profecia [...] todos os mistérios e toda a ciência [...] toda a fé. Os três aparecem na lista do capítulo 12. Usados sem amor, esses dons não têm valor. 13.3 — Distribuísse toda a minha fortuna. As pessoas podem fazer obras de caridade sem a motivação correta (1 Co 4-5). O meu corpo para ser queimado. Com esta imagem, Paulo usou uma hipérbole para mostrar que os dons não têm valor sem amor. Os dons são madeira, feno, palha (1 Co 3.12-15) perante o tribunal de Cristo. 13.4-7 — Agora, Paulo deixa de lado a superioridade do fruto do Espírito, a caridade (ou o amor, na ara) , e avança para características importantes dele. A caridade é sofredora, ou tolera pessoas de quem é fácil desistir. E benigna, ou seja, trata bem as pessoas que nos trataram mal. A caridade não é invejosa (do grego zeloo), não trata com leviandade, nem se ensoberbece. Promover-se a si mesmo foi uma praga que contaminou Corinto e que nos desafia hoje.


Portar-se com indecência significa agir de um modo injusto ou impróprio, como discutiu Paulo em 1 Coríntios 7.36. Busca (do grego zeteo) os seus interesses. Uma pessoa que ama se dispõe a pôr de lado seus próprios planos ou direitos pelo bem do outro. Não se irrita se refere a não se exasperar nem ser excessivamente melindroso com os outros; quer dizer não irar-se facilmente. Não suspeita mal. Quando amamos uma pessoa, não imaginamos de imediato nada de mal da parte dela. Além disso, se entendermos suspeitar (logizomai), ou pensar, como um termo que sugere prestar contas, o texto significa que não fazemos um registro nem um relatório das maldades que nos são feitas. Não folga com a injustiça [...] folga com a verdade. O amor não tem prazer no mal, de forma alguma. Quem ama não se alegra diante da queda de um irmão ou de uma irmã. Pelo contrário, o amor tem prazer em tudo o que expresse o evangelho, tanto em palavras, como em obras. Tudo sofre [...] crê [...] espera [...] suporta. O significado literal da palavra usada para suporta é apoia. O amor é o fundamento de todos os atos que agradam a Deus. O amor crê que todas as coisas nesse amor nunca desistem e nunca perdem a esperança. O amor suporta qualquer dificuldade ou rejeição, revelando sua força superior. Diante da confrontação, o amor simplesmente persiste. Amar é o grande mandamento (compare com Jo 13.34,35) e nenhuma outra força promove mais justiça. 13.8-10 — Esta terceira seção do capítulo 13 passa da natureza do amor para seu caráter permanente. A caridade nunca falha. A consistente afirmação contrasta com os dons da graça, que, na melhor das hipóteses, são transitórios. Um dia, todos os dons não serão mais necessários, mas o amor continuará para sempre. Profecias, línguas, ciência. Paulo concentra-se em três dos 16 dons para mostrar que todos eles são temporários. Profecias, serão aniquiladas. A palavra traduzida por aniquiladas (katageo) está na voz passiva. A tradução literal é as profecias serão

interrompidas. Línguas, cessarão [...] ciência, desaparecerá [será suspensa]. Profecia e ciência (que estão entre os 12 dons do Corpo para edificação) existem em parte (do grego ek merous). Eles, com todos os dons do capítulo 12, servem ao Corpo de Cristo, mas somente por hora. Conhecemos em parte, profetizamos em parte. Esses dons considerados em parte (ek merous) continuarão até quando vier o que é perfeito (do grego teleios, completo) (v. 10). A perfeição em vista aqui tem sido interpretada de maneiras muito diferentes: (1) o fim da era apostólica, na qual as doutrinas centrais da Igreja foram reveladas e ensinadas; (2) o fim do cânone das Escrituras, que assegurou a fonte inspirada e fidedigna de toda a doutrina cristã verdadeira, e (3) a segunda vinda de Cristo, momento no qual o papel e o relacionamento de todos os cristãos e a Igreja serão transformados, e o que é parcial não mais será necessário. Este tempo do fim (seja qual for a visão aceita) supera e substitui todos os dons considerados em parte. Ao contrário deles, o amor dura para sempre. 13.11,12 — Menino foi usado cinco vezes no versículo 11. Paulo utilizou a passagem da infância à fase adulta como uma ilustração para explicar seus comentários nos versículos 8-10 sobre os passos em direção ao fim. E normal e esperado que uma criança aja e pense como tal. Mas, quando uma pessoa se torna adulta, ela precisa abandonar as ações e os brinquedos da infância. Agora (usado duas vezes), vemos por espelho em enigma. É provável que o espelho seja a revelação de Deus, que, embora incompleta, está acompanhada por estes três dons. Mas, então (usado duas vezes em harmonia com agora) refere-se ao perfeito, quando conheceremos como somos conhecidos. Portanto, não haverá mais necessidade dos dons no Corpo. 13.13 — A maior [...] é a caridade. A fé, a esperança e a caridade são virtudes cristãs permanentes, mas a caridade, claramente, vem antes das outras duas. A fé é o fundamento (Hb 11.6), e a caridade é a pedra principal. A doutrina é o fundamento (1 Co 3.10; Jd 3), e a experiência é a expressão prática que atrai (Jo 13.35).


1 Coríntios 14 14.1 — Assim como 1 Coríntios 12.31, este versículo é um eixo que liga o anterior ao seguinte. 14.1,2 — Segui a caridade. A palavra grega usada para seguir (dioko) carrega significados como apressar, correr, perseguir, aspirar. Podemos levar ou deixar muitas coisas na vida, mas não a caridade. Devemos buscar a caridade como um tesouro inestimável. O fruto do Espírito prepara os cristãos para o exercício dos dons da graça do Espírito. Procurai com zelo os dons espirituais (pneumatikon; compare com 1 Co 12.1). Para a maioria dos intérpretes, a expressão significa que os cristãos devem buscar certos dons — a profecia, especialmente — para servir ao Corpo de Cristo. Dois problemas podem ir de encontro a essa visão. Primeiro, a palavra grega usada para procurar com zelo (zeloo) é a mesma usada em 1 Coríntios 12.31 e pode indicar um desejo negativo. Então, a passagem de 1 Coríntios 14.1 diria: Segui a caridade, mas vós estais procurando com zelo os espirituais, quando deveríeis, em vez disso, profetizar. Segundo, 0 termo dons não está no texto grego e, como em 1 Coríntios 12.1, deve ter sido omitido. O contexto parece indicar que espirituais (pneumatika) é um adjetivo que descreve expressões específicas, talvez, línguas estranhas. Consequentemente, em contraste ao termo espirituais que eles procuram de forma imprópria, eles deveriam procurar com zelo o dom de profetizar. Por quê? Porque o principal objetivo dos dons é edificar uns aos outros, mas só Deus entende quem fala língua estranha. Assim, ninguém o entende [...] em espírito. 14.3-5 — O que profetiza aqui pode ter todos os dons de falar em línguas (Rm 12.6; 1Ped 1.1) que edificam os outros, como mostram os resultados nos versículos 3 e 4* Edificação, exortação e consolação: Paulo prefere que o cristão coríntio exerça este dom no meio dos coríntios, em vez de falar língua estranha, por meio do qual o cristão simplesmente edifica-se a si mesmo. Eu quero que todos vós faleis línguas estranhas. Talvez, o apóstolo esteja comparando o dom de línguas dado pelo Espírito (observe o plural) com o falar língua estranha (o singular). Ou, talvez, Paulo reconheça o valor na oração pessoal em particular, feita em língua estranha, ainda que ele tenha por objetivo corrigir o abuso das línguas na adoração pública. Outra possibilidade é que não devemos extrair um sentido não explícito neste

comentário. Em outra passagem, o apóstolo desejou que todos fossem celibatários como ele (1 Co 7.7), mas, sem dúvida, não esperava que as coisas fossem assim. Para Paulo, o verdadeiro dom de línguas era proveitoso, porém, seu proveito era limitado. Profetiza é maior [...] anão ser que também interprete. Quando for interpretado, o dom de falar línguas será proveitoso para a igreja. 14.6 — Que vos aproveitaria. Se Paulo tivesse chegado aos coríntios falando línguas estranhas, de que isso serviria para eles? Os coríntios, provavelmente, teriam respondido com desinteresse (v. 11) ou com escárnio (v. 23). Em vez de usar esta abordagem inútil, ele veio com uma revelação (compare com 1 Co 2.10), profecia (1 Co 12.29), ciência (compare com 1 Co 2.12) e doutrina (1 Co 12.29; compare com 1 Co 14-26). 14.7-9 — Como instrumentos musicais que devem ser usados no momento adequado e da forma correta para que cumpram sua devida função, assim as línguas, sendo exercidas fora destas diretrizes, são como que falando ao ar. Ainda que pareçam bonitas, sejam faladas com fluência ou contenham grandes ideias, ou mesmo louvem a Deus, as línguas são irrelevantes se ninguém puder entender o que está sendo dito. 14.10,11 — Paulo novamente usa uma analogia para deixar a questão ainda mais clara. Tanta espécie de vozes. Ninguém pode dominar todas as línguas do mundo, mas elas têm um ponto em comum: todas transmitem um significado (significação). O sentido é essencial para a comunicação na língua, e não é diferente com as línguas do Espírito. Sem sentido, elas transformam quem fala em um estrangeiro (ara) (literalmente, fazendo sons sem sentido como um tórbaro) para os ouvintes. 14.12 — Dons espirituais. A palavra usada para espirituais aqui é diferente da que Paulo usou até o momento (o vocábulo dons não aparece no texto grego). Em vez de pneumatikon ou pneumatika, ele usa a palavra comum pneuma, com o sentido de espíritos. Eles desejavam espíritos (v. 2). Paulo, talvez, esteja falando com ironia, descrevendo que eles haviam voltado às antigas práticas da adoração pagã dos gregos. Ou ele, talvez, use espíritos para dizer que eles estavam falando em línguas. Paulo procura redirecionar o zelo deles às manifestações legítimas do Espírito Santo, que seriam úteis para os companheiros de adoração.


14.13 — Ore para que a possa interpretar. Se alguém fala língua estranha (ainda que em êxtase), ninguém à sua volta consegue entender (1 Co 14-2). Consequentemente, quem fala deveria pedir a Deus a capacidade de interpretar, para que toda a Igreja possa beneficiar-se.

versículos 20-22, o apóstolo orava em público em várias línguas quando visitava as diferentes sinagogas enquanto percorria o Império Romano de cidade em cidade.

14.14 — Orar em língua estranha. Mas se alguém ora em língua estranha, isto é, sem a interpretar, (o que parecia ser a prática dos coríntios), então, não há entendimento e, consequentemente, nenhum benefício para a pessoa ou para a Igreja.

14.20-22 — Irmãos. Neste novo parágrafo (possivelmente, retomando, agora, a ideia de 1 Co 13.11), Paulo desafia os coríntios a reorientarem suas ideias. Eles deveriam ser adultos, enquanto, na malícia, deveriam ser meninos. Os coríntios ainda tinham muito o que aprender. Na época em que Paulo escreveu esta carta, eles não tinham discernimento ético, embora se tivessem em alto conceito.

14.15 — Orarei com o espírito se refere, segundo o contexto, ao espírito pessoal, não ao Espírito de Deus (v. 2). Paulo deseja orar a Deus com seu espírito e com entendimento. Paulo não está disposto a se tornar um louco em sua vida espiritual, deixando sua mente de lado enquanto dá total poder ao seu espírito. 14.16,17 — Doutra maneira. Do versículo 12 em diante, Paulo mostra a falta de senso dos coríntios em promoverem seu dom favorito de um modo que não edifica, em vez de levarem o Corpo à unidade, como ensina o capítulo 2. Aqui, então, ele os força a entenderem sua lógica para que canalizem o zelo que têm (1 Co 12.31; 13.5; 14.1; 14-12). O lugar de indouto. Possivelmente, trata-se de um novo convertido. No entanto, também pode ser alguém que não tem o dom de interpretação. O Amém sobre a tua ação de graças. Era comum na adoração judaica e, ao que parece, na Igreja primitiva, a congregação mostrar que estava de acordo com a oração ao responder dizendo amém (Dt 27.14-26; Ap 5.14). Essa resposta seria impossível se ninguém entendesse a oração. 14.18,19 — Mais [...] do que vós todos. Ao que parece, falando quantitativamente, Paulo falava inúmeras línguas. Ou ele falava em línguas com mais frequência até do que os coríntios que falavam em línguas com zelo. De qualquer modo, na igreja, falar cinco palavras que pudessem ser entendidas (provavelmente profetizando) era mais útil do que uma série de palavras em língua desconhecida. A ocasião em que todos falaram em línguas, em Atos, ocorreu em público. O ensino de Paulo aqui se concentra no discurso público, embora o verso 18 possa referir-se a Paulo falando em línguas em uma oração pessoal e particular. Possivelmente, em vista dos

Na lei. Paulo avalia o propósito das línguas e o uso maduro delas pelas Escrituras, e não pela experiência pessoal. A citação de Isaías 28.11 indica que lei aqui se refere ao Antigo Testamento, e não simplesmente ao Pentecostes. 14.23-25 — Neste ponto, Paulo passa da discussão teológica para a aplicação na congregação. Tendo mostrado que o fato de eles falarem em línguas tinha valor limitado para a igreja e ainda era prejudicial a ela, Paulo mostra vividamente o que o modo desordenado de falarem em línguas estava causando aos incrédulos. Toda vez que a igreja se reunia, os indoutos ou infiéis participavam da reunião, e os coríntios estavam falando em línguas (possivelmente sem interpretação), esses cristãos pareciam loucos. No entanto, quando esses não cristãos ouviam os cristãos profetizarem na congregação, a mensagem os convencia, de modo que, lançando-se sobre seu rosto, eles adoravam a Deus. 14.26 — Paulo, agora, apresenta aos coríntios um exemplo de como deveria ser conduzida a reunião de uma igreja local. Se cada um de vós trouxer para o culto a habilidade especial que Deus vos deu e tudo for feito para edificação, a igreja como um todo será beneficiada. Salmo, provavelmente, refere-se a um salmo cantado do Antigo Testamento (compare com Cl 3.16; Ef 5.19). E muito provável que o ensino consistisse de uma apresentação de alguma verdade do Antigo Testamento ou ensinamento dos apóstolos. Embora o apóstolo tenha procurado cortar o excesso, ele ainda reconhece que havia um lugar apropriado para o dom de línguas (tem língua) com


interpretação. Aquele que recebe uma revelação pode ser o profeta que fala a palavra de Deus (v. 29-32). 14.27 — O apóstolo apresenta algumas diretrizes que tinham por objetivo manter o dom de línguas sob controle e, não obstante, permitir ao Espírito de Deus usar o dom por meio da igreja. Ele limita a três o número de manifestações desse dom em uma reunião da igreja e diz que elas devem ser em ordem (por sua vez), e cada uma dessas manifestações deve ser interpretada. Antes de falarem em línguas, eles precisam ter certeza de que há algum intérprete ou de que quem fala em línguas irá interpretar (compare os versículos 5 e l3 ). 14.28 — Se não houver intérprete, esteja calado. Se ninguém é capaz de interpretar o que é dito, então, quem fala línguas não deve falar. A palavra grega usada para calado (sigao) significa não dizer nada. 14.29 — Falem dois ou três profetas. Por mais benéfico que seja profetizar, até aqui Paulo procura ordenar a atividade. Há pouco tempo em um culto e há muito a ser feito. Os outros julguem indica que ninguém, nem mesmo uma pessoa exercendo um dom da graça, está isento de julgar a igreja (1 Co 6.5; 11.29,31). Esse julgamento poderia ser feito pelos outros profetas presentes. 14.30 — Revelada, sem dúvida, mostra que profetizar é mais do que consideramos pregar ou falar sobre os textos das Escrituras. Assemelha-se à profecia do Antigo Testamento, na qual Deus dá a revelação a um servo para que ele a entregue ao povo de Deus. Cale-se o primeiro é similar à admoestação no versículo 28 com relação a quem fala em línguas. Quem fala em línguas não deve interromper o outro. Todas as coisas devem ser feitas com ordem (v. 40). 14.31,32 — Uns depois dos outros é semelhante ao por sua vez do versículo 27 no que diz respeito a quem fala em línguas. Uma vez que a profecia serve para que todos na congregação aprendam e sejam consolados, somente este procedimento ordeiro garantirá o resultado. Sujeitos aos profetas é acrescentado para que ninguém possa afirmar: “Eu simplesmente

não consigo me controlar quando Deus me dá uma revelação do Espírito”. Paulo ensina que o Espírito Santo não se apodera do indivíduo a quem Ele dá poder. A vontade do cristão não é violada, mas deve cooperar para a obra de Deus. 14.33 — Deus não é Deus de confusão. Confusão é exatamente o que os coríntios estavam experimentando. Isso não vem de Deus, mas da carne pecaminosa. Como em todas as igrejas dos santos pode combinar com a primeira parte do versículo 33, ou servir como começo do versículo 34. A oração parece se ajustar melhor ao versículo 34, em se tratando da conduta dos cristãos nas reuniões da igreja. 14.34 — Paulo ordena que as mulheres estejam caladas nas reuniões da igreja. Esta afirmação é mais forte e mais abrangente do que a feita em 1 Timóteo 2.12. Em 1 Timóteo, ela se refere ao ensino dos homens; aqui todo tipo de conversa parece proibido. Isso parece não estar de acordo, no entanto, com a permissão anterior dada às mulheres para profetizarem em 1 Coríntios 11.5. Alguns afirmam que falar se refere a falar em línguas, enquanto outros acreditam que Paulo esteja proibindo que se fale de modo contestador. Há ainda quem acredite que Paulo tenha tentado inibir um grupo feminista em Corinto. O contexto, entretanto, diz respeito a autocontrole e a julgar os profetas. A proibição tem a ver com mulheres não se envolvendo no julgamento dos profetas. Tal julgamento seria uma expressão de autoridade sobre os homens, o que era proibido. 14.35 — Interroguem em casa a seus próprios maridos parece indicar que se trata de mulheres mais velhas, que já são casadas. A ideia de mulheres mais novas e solteiras tentando se dirigir à igreja provavelmente nunca passou pela cabeça do apóstolo. Indecente indica o forte sentimento do apóstolo e da igreja do primeiro século em geral, no sentido de ter mulheres instruindo homens na igreja, ou exercendo autoridade sobre eles. No entanto, quando as mulheres estavam cobertas e profetizavam, isso era aceitável e não era visto como exercer autoridade sobre os homens (compare com 1 Co 11.310).


14.36 — Saiu dentre vós é outro argumento para que os coríntios aceitem o ensino de Paulo. Os coríntios não inventaram a verdade que Paulo ensina. Ela começou em Jerusalém e, naquele momento, havia percorrido grande parte do mundo romano. 14.37 — Para estabelecer também seus argumentos e a autoridade de seu ensino, Paulo declara que, como apóstolo, o que ele ensina são os mandamentos do Senhor. Não são opiniões nem uma opção. Cuida ser profeta ou espiritual também mostra que as duas principais classes de pessoas com dons estão em vista no capítulo 14, ou seja, o profeta e quem fala em línguas. 14.38-40 — Para a pessoa que se nega a dar atenção à admoestação do apóstolo, Paulo simplesmente diz que, se aquela pessoa quiser ignorar, que ignore.

1 Coríntios 15 15.1,2 — O evangelho de Paulo aos coríntios centrava-se na morte física e na ressurreição de Jesus Cristo, o Filho eterno de Deus, que Se fez homem, mas nunca pecou (G1 1.6-10). Paulo iniciou a igreja de Corinto; o evangelho que os coríntios originalmente receberam vinha dele (1 Co 2.2). 15.3 — Não procedia de Paulo a proclamação de Jesus que ele entregou aos coríntios; ele simplesmente deu aos coríntios o que ele mesmo havia recebido. Ele se via como um aro em uma longa corrente de testemunhas da verdade acerca da morte e da ressurreição de Cristo. Cristo morreu por nossos pecados. A morte de Cristo cuidou definitivamente de nossos pecados. Ele sofreu em nosso lugar, a fim de suportar a ira justa de Deus contra nós. Segundo as Escrituras. Cristo viveu e morreu de acordo com as profecias a Seu respeito no Antigo Testamento (Sl 16.10; Is 53.8-10). 15.4 — A ressurreição confirma o fato de que a morte de Cristo pagou todo o preço pelo pecado. O termo grego traduzido por ressuscitou aqui está no

tempo perfeito, enfatizando os efeitos contínuos deste evento histórico. Hoje, Cristo é o Salvador ressurreto. 15.5-8 — Na época em que Paulo escreveu esta carta, é possível que uma pessoa tenha confirmado a autenticidade das afirmações do apóstolo. A maioria dos quinhentos irmãos que viram o Cristo ressurreto, bem como todos os apóstolos e Tiago (meio-irmão de Jesus), ainda viviam. Abortivo, provavelmente, seja o comentário de Paulo sobre o modo único pelo qual ele se tornou um apóstolo. Ao contrário dos outros apóstolos, que tiveram o benefício de um período de treinamento inicial com Cristo, Paulo se tornou apóstolo de modo repentino, sem oportunidade de ter contato terreno com Cristo ou com Seus ensinos. 15.9 — Paulo considerava-se o menor dos apóstolos, porque, antes, havia perseguido a Igreja (At 22.4; Ef 3.8; 1 Tm 1.15,16). 15.10 — Trabalhei muito. Mesmo tendo começado tarde e não tendo o treinamento no discipulado que os outros apóstolos tiveram, Paulo viajou mais, fundou mais igrejas e escreveu mais livros bíblicos do que todos eles (2 Co 11.23-27). Mas Paulo atribuía seu êxito à graça de Deus. 15.11 — Seja [...] ou sejam eles. Paulo não se importava com quem levava o crédito pela fé dos coríntios. Para ele, importava apenas que os coríntios cressem. 15.12,13 — Alguns dos coríntios estavam ensinando que não há ressurreição. E possível que estes oponentes de Paulo estivessem negando a realidade da ressurreição de Cristo. É possível também que eles estivessem ensinando que a ressurreição é apenas espiritual, e não física. Ou é possível que estivessem ensinando que a ressurreição já havia acontecido (2 Tm 2.18). Seja qual for o caso, eles contradiziam o ensino essencial de que Cristo ressuscitou fisicamente dentre os mortos e que, quem crer nele, algum dia, também ressuscitará. 15.14 — E vã a nossa pregação [...] é vã a vossa fé. Não é suficiente crer em algo. E absolutamente essencial que aquilo em que uma pessoa crê seja verdadeiro. O objeto de nossa fé é importante. Um salvador morto não pode


levar os pecados, livrar-nos da ira de Deus ou desenvolver um relacionamento conosco.

um homem (Adão), muitos foram feitos injustos, enquanto que, pela obediência de um Homem (Cristo), muitos serão feitos justos.

15.15 — Falsas testemunhas. Nos versículos De 5 a 8, Paulo listou várias pessoas, incluindo ele mesmo, que testemunharam o Cristo ressurreto. Negar a ressurreição era negar a veracidade do testemunho deles.

15.23 — Cada um por sua ordem indica que Deus tem um determinado desígnio para a ressurreição. A palavra ordem é um termo militar grego que também poderia ser traduzido por posição. O Comandante ressuscita primeiro; Suas tropas ressuscitam depois. Em 1 Tessalonicenses 4.13-18, Sua vinda é descrita como a volta de Cristo com aqueles que dormem (os mortos), seguida da retirada da terra de todos os cristãos vivos.

15.16,17 — Ainda permaneceis nos vossos pecados. A morte de Cristo sem Sua ressurreição não nos teria livrado de nossos pecados. 15.18 — Sem a ressurreição de Cristo, aqueles que dormiram em Cristo — os mortos — estariam perdidos ou destruídos. A palavra grega traduzida por vã, nesta passagem, fala de algo que não gera resultados. Sem a ressurreição de Cristo, a fé cristã não traz perdão nem vida futura na presença de Deus. 15.19 — Somos os mais miseráveis de todos os homens. Se os cristãos não tiverem esperança para o futuro, os pagãos podem, legitimamente, considerá-los tolos, uma vez que eles sofrem por nada. 15.20-28 — Paulo muda o clima e o tom nestes versículos. Ele declara a veracidade da ressurreição de Cristo e faz o mesmo em relação à do cristão. 15.20 — Jesus é as primícias de todos os outros que creem nele. Isso é uma metáfora no Antigo Testamento do pagamento inicial de uma colheita que prevê e garante a oferta definitiva de toda a colheita (1 Co 16.15; Rm 8.23). Uma vez que Cristo ressuscitou dos mortos, aqueles que dormem em Cristo (v. 18; 1 Ts 4.15,16) têm a garantia de sua própria ressurreição. 15.21,22 — A morte veio por um homem. O primeiro homem, Adão, transgrediu a Lei de Deus e trouxe pecado e morte ao mundo (Gn 2.17; 3.19; Rm 5.12-21); o Segundo Homem, Jesus Cristo, foi o sacrifício perfeito para levar embora o pecado e trazer vida e ressurreição àqueles que creem nele (Rm 5.15-21). Todos serão vivificados em Cristo. O princípio aqui é similar àquele registrado em Romanos 5.18,19, em que Paulo explica que, pelo pecado de

15.24 — O fim aqui se refere a todos os eventos proféticos restantes que ocorrerão após o Arrebatamento da Igreja e durante o clímax da história, quando Cristo houver aniquilado todo império (v. 25-28). Tiver entregado o Reino a Deus, ao Pai. Quando Cristo e a Igreja estiverem juntos na vinda de Cristo, Deus estabelecerá Seu Reino na terra, culminando em um novo céu e uma nova terra. Houver aniquilado todo império e toda potestade. Até o tempo do fim, o Pai subjuga tudo ao Filho (SI 110.1; Dn 2.44;7-14, 27). Cristo é Senhor sobre o universo (Cl 1.15-17). 15.25,26 — Todos os inimigos. Deus permitiu que Seu inimigo, Satanás, governasse como o príncipe das potestades do ar (Ef 2.2) e o deus deste século (2 Co 4.4), mas seu juízo final diante do Todo-Poderoso é certo. O último inimigo [...] a morte. A conquista da morte é a prova final da vitória de Deus e a inauguração do novo dia do Senhor (Ap 20.14). 15.27,28 — Claro está. Paulo esclareceu os versículos do Antigo Testamento que vinha citando. Os textos dizem que tudo está sujeito ao Filho, mas Deus Pai se excetua, ou se exclui desta sujeição, porque o Filho se sujeitará ao Pai. Para que Deus seja tudo em todos indica que não haverá oposição ao domínio soberano de Deus sobre todo o universo. Haverá paz e prosperidade universais. 15.29 — Há dezenas de interpretações para o significado da expressão os que se batizam pelos mortos neste versículo. A interpretação mais natural é que alguns dos coríntios, em conformidade com suas práticas pagãs anteriores que permitiam tais ritos, banzavam-se por alguns na igreja de


Corinto que haviam morrido sem o batismo. Sem dúvida, se eles agiam ou não assim não tem relação alguma com o fato de serem justificados ou não, mas pode ter servido a alguma função ritualista dentro da igreja. O apóstolo não aprova nem desaprova, de maneira franca, a prática incomum, embora seja dada a informação de que ele diz eles, e não nós, quando se referia à cerimônia. Nenhuma outra evidência de tal prática é encontrada na Igreja no primeiro século, exceto uma seita herege (isto é, os marcionitas). Paulo deseja, de certa forma, chegar ao âmago do problema: Se [...] os mortos não ressuscitam [...] Por que [...] então. Negar a ressurreição e, não obstante, estar envolvido nessas atividades seguramente faz com que isso pareça tolice. 15.30-32 — Por que estamos nós [...] em perigo. Paulo arriscava a vida a cada dia Fazer isso não teria sido de proveito algum sem a esperança de uma ressurreição. Por que Paulo teria de suportar dificuldades como combater em Éfeso contra as bestas? Teria sido melhor que ele adotasse a postura dos epicureus, que buscavam o prazer e evitavam a dor. A referência a bestas pode ser uma alusão aos inimigos humanos de Paulo em Éfeso. O texto de Atos 19 não registra confrontação com animais. 15.33,34 — Paulo já havia advertido os coríntios de que evitassem os irmãos cristãos que levavam uma vida imoral (1 Co 5.9-13). Citando um provérbio do poeta Menander, as más conversações corrompem os bons costumes, Paulo advertiu os coríntios a manterem distância daqueles que ensinam falsas doutrinas (2 Co 6.14—7.1). 15.35-37 — Algumas pessoas se opunham à ressurreição com o pretexto de que era muito difícil entender essa doutrina. Paulo chamou essas pessoas de insensatas. A dificuldade de entender a natureza da ressurreição não deveria levar uma pessoa a duvidar de sua realidade mais do que não entender como uma semente se torna uma planta deveria levar a pessoa a duvidar da colheita futura. 15.38-41 — A variedade encontrada na natureza entre seres vivos, como homens, animais, peixes e aves, e entre objetos, como corpos celestes e corpos terrestres, reflete o poder e a vontade do Criador. O brilho variado do Sol, da Lua e das estrelas serve como uma boa ilustração das diferenças

entre o corpo humano terreno e o corpo humano celestial. Todos esses corpos celestes e terrestres diferentes são evidências de que Deus, o Criador, pode, sem dúvida, criar um novo corpo humano glorificado de nosso velho corpo. 15.42-44 — O corpo terreno tem várias fraquezas, enquanto o celestial não as tem. O que vem da terra é corruptível, é fraco e controlado por instintos naturais. O corpo que provém do céu é incorruptível, glorioso, poderoso e controlado pelo espírito fortificado por Deus. 15.44-49 — Animal [...] espiritual. O contraste não é entre um corpo material e um imaterial, mas entre aquele sujeito à morte e o que é imortal. O termo grego traduzido por espiritual aqui se refere a um corpo controlado pelo Espírito, em oposição ao dominado pela carne (1 Co 2.15; 10.4). O primeiro homem [...] o segundo homem contrasta a natureza pecaminosa que toda pessoa herda com a nova e justificada natureza que obtemos por intermédio de Cristo. 15.50 — Mera carne e sangue não podem entrar na existência gloriosa de um corpo imortal (v. 35-49). Algo deve acontecer a essa carne para que ela se torne incorruptível (v. 42). 15.51,52 — Todos seremos transformados. O ensino aqui é similar ao fornecido aos tessalonicenses (1 Ts 4.13-18). Enquanto os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro, o cristão vivo será instantaneamente transformado em seu corpo imortal na volta de Jesus. 15.53-57 — Os vivos receberão um corpo que não está sujeito à morte (v. 50). As visíveis vitórias de Satanás no jardim do Éden (Gn 3.13) e na cruz (Mc 15.22-24) se inverteram na morte de Jesus (Cl 2.15) e em Sua ressurreição. Pela perspectiva da volta vitoriosa de Jesus, a morte e o inferno (o túmulo) não têm poder sobre os cristãos, porque Jesus já venceu os dois. Participamos da vitória de Jesus. 15.58 — Os coríntios deveriam continuar firmes na obra de Cristo, especificamente por causa da ressurreição. O vosso trabalho não é vão.


Toda a obra que fazemos para Cristo será recompensada (2 Co 5.10; Ap 22.12).

1 Coríntios 16 16.1-4 — Ora, quanto. Mais uma vez, Paulo tratou de uma pergunta feita pelos coríntios (1 Co 7.1,25; 8.1; 12.1) com relação à oferta (At 11.29,30; 24.17; Rm 15.25-28; 2 Co 8.9). No primeiro dia da semana era o dia da reunião semanal da Igreja primitiva. Ponha de parte expressa o conceito da oferta cristã no Novo Testamento. O dízimo no Antigo Testamento (de um modo geral, chegando a quase 23%) não era adotado pela Igreja do Novo Testamento, embora, obviamente, Cristo o tenha dado. Os cristãos do Novo Testamento eram incentivados a dar com liberalidade, mas nunca uma quantia ou porcentagem especificadas (Rm 12.8). Paulo queria ter certeza de que a oferta dos coríntios fosse dada antes de sua chegada, para que ele não precisasse pressionar as pessoas quando as visse (2 Co 9.5). Os que [...] aprovardes se refere às pessoas que acompanhariam Paulo (v. 4) a Jerusalém para entregar a dádiva em nome da igreja de Corinto. 16.5-7 — Irei, porém, ter convosco. Paulo esperou sair logo de Efeso para visitar Corinto, talvez até passando o inverno com os coríntios. Viajar por mar durante o inverno era perigoso (At 27.9-44). Paulo, por fim, conseguiu chegar a Corinto, mas não conforme o cronograma que traçou aqui. O fato de não conseguir chegar no tempo planejado causou-lhe problemas mais tarde com os coríntios (2 Co 1.15—2.1). 16.8,9 — As oportunidades para Paulo ministrar em Éfeso, uma cidade importante da Ásia Menor, eram grandes, assim como o era a perseguição que ele sofreu ali.

16.10-12 — Embora não pudesse partir de imediato para Corinto, Paulo queria ser representado entre os coríntios por seus cooperadores. Ele planejou enviar Timóteo, um jovem nesta época. Paulo incentivou os coríntios a não o desprezarem, pois, mesmo sendo digno de confiança, ele era mais tímido do que Paulo. 16.13,14 — O termo vigiai, muitas vezes, é usado no Novo Testamento para indicar o prenúncio de algum evento futuro (Mc 13.37; Ap 3.3). A exortação de Paulo para que eles estivessem firmes na fé é especialmente importante diante da suscetibilidade dos coríntios a falsos ensinos (2 Co 11.3). Portai-vos varonilmente também pode ser traduzido por portai-vos como homens, enfatizando não somente a coragem, mas também a maturidade. A ordem de Paulo para que fizessem tudo com caridade serve como um equilíbrio para essas fortes exortações. 16.15-18 — A família de Estéfanas estava entre os primeiros cristãos na Acaia a responder à pregação de Paulo. Estéfanas, Fortunato e Acaico, provavelmente, foram os que confirmaram a má notícia trazida pela família de Cloe, em 1 Coríntios 1.1. Eles provavelmente também foram os portadores da carta que os coríntios enviaram a Paulo (1 Co 7.1). 16.19,20 — As igrejas da Asia podem ser aquelas mencionadas em Apocalipse 2 e 3. Àquila e Prisca eram fabricantes de tendas que conheceram Paulo em Corinto. Eles o seguiram até Éfeso e colocaram sua casa à disposição para as reuniões da igreja (Rm 16.3-5). Eram conhecidos de muitos na igreja de Corinto. Osculo santo. Esse costume, adotado pelos primeiros cristãos, simbolizava amor, perdão e unidade. 16.21-24 — Minha própria mão. Deste momento em diante, Paulo deixou de ditar (Rm 16.22; G1 6.11) e concluiu a carta de próprio punho. Seja anátema. Talvez pareça cruel o fato de Paulo ter desejado a condenação de Deus para aqueles que não amam Jesus. Mas a aceitação ou rejeição de Cristo é algo sério. Aqueles que rejeitam o Senhor Jesus são inimigos de Deus (G11.8,9).


No momento seguinte, Paulo deseja a vinda de nosso Senhor com uma expressĂŁo em aramaico: Maranata, que significa Senhor, venha!

Fonte: https://bibliotecabiblica.blogspot.com/2015/09/significado-de-1-corintios1.html


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