Significado de
2 Timoteo
2 Timóteo 1 1.1 — Paulo se apresenta em 1 Timóteo como apóstolo de Jesus Cristo segundo o mandado de Deus (1 Tm 1.1). Em 2 Timóteo, declara-se apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade de Deus (2 Co 1.1; Ef 1.1; Cl 1.1). Segundo a promessa da vida. Paulo se considera portador de mensagem que dá vida. Esta sua mensagem de vida contrasta de forma dramática com o fato de estar escrevendo de dentro de uma prisão romana, faltando pouco para sua execução. A expressão característica em Cristo, encontrada em outras cartas de Paulo, também aparece nesta, sendo mais uma indicação da autoria de Paulo. 1.2 — Meu amado filho. Na primeira carta a Timóteo, Paulo refere-se a ele como meu verdadeiro filho nafé (1 Tm 1.2). O profundo amor e a consideração de Paulo por esse seu discípulo são demonstrados nesta segunda carta. 1.3 — Sirvo é uma expressão sacerdotal, muitas vezes associada à adoração. Antepassados se refere aos patriarcas da fé: Abraão, Isaque e Jacó. Paulo tinha grande amor por seu povo Israel (Rm 9.1-5). O motivo de Paulo se referir aqui aos antepassados possivelmente é demonstrar não estar propugnando uma nova religião, mas, sim, uma fé da qual os fiéis do passado também participaram. Faço memória de ti nas minhas orações. Embora provavelmente vivendo em um cárcere frio e úmido (2 Tm 4.13), o apóstolo, já idoso, ainda assim adorava a Deus e fazia orações em favor de Timóteo. Adoração e serviço andam de mãos dadas no ministério cristão. Quaisquer que sejam as circunstâncias, os cristãos devem orar sempre ao Pai celestial e a Ele servir, entregando tudo em Suas sábias e amorosas mãos. 1.4 — Desejando muito ver-te. Paulo ansiava por rever Timóteo talvez por perceber que sua vida logo findaria (2 Tm 4-6-17). 1.5 — A expressão traduzida por fé não fingida significa, de fato, fé autêntica, não hipócrita. Paulo se alegra em lembrar-se das fiéis avó Lóide e mãe Eunice, de Timóteo, cujo nome significa Boa Vitória. As orações, o
testemunho e a fé da mãe e da avó devotas foram fatores essenciais para o desenvolvimento espiritual de Timóteo (1 Tm 2.15). 1.6 — Despertes o dom. Timóteo é incentivado a reacender seu dom espiritual (essa ideia é expressa também em 1 Tm 4.14, embora de forma negativa). O desejo de descobrirmos, desenvolvermos e dispormos nossos dons espirituais específicos deveria ser como uma chama flamejante dentro de nós. Nossa luta constante como cristãos é sermos diligentes com relação à nossa obra para com Deus e não diminuirmos nossos passos nessa corrida espiritual. Precisamos fazer um esforço consciente para exercer nossos dons, para o bem comum do Corpo de Cristo. 1.7 — O Espírito Santo é Aquele que nos concede dons espirituais e capacita-nos para usá-los. O Espírito de Deus não dá temor nem covardia, mas, sim, fortaleza [...] amor e moderação ou autocontrole. O Espírito nos confere poder para enfrentarmos as mais diversas circunstâncias do nosso ministério. O amor que o Espírito nos dá deve ser direcionado a outros indivíduos. Todavia, enquanto usamos nossos dons espirituais para edificar a Igreja, devemos, ao mesmo tempo, exercitar nosso autocontrole, usando de nossa capacidade e nossas habilitações em momentos e situações realmente apropriados. 1.8 — Não te envergonhes, ou não recues, do testemunho de nosso Senhor — este, o encorajamento que Timóteo recebe. O testemunho é a prova do Senhor — o termo grego é a mesma fonte da palavra mártir e, segundo a tradição da Igreja, os apóstolos, em sua maioria, morreram martirizados por causa de sua fé. A preocupação de Paulo é que, diante de veemente oposição, Timóteo possa temer testemunhar Cristo. Participa das aflições do evangelho indica que a testemunha fiel do Senhor pode ter de suportar adversidades. O chamado de Paulo ao destemor, nos versículos 7-9, mostra ser Timóteo, talvez, um tanto tímido, precisando de um eventual empuxo como este para vir a ser ousado. 1.9 — A salvação e o chamado de Deus para os cristãos se dão não segundo as nossas obras. E impossível a qualquer um de nós chegar ao céu por si mesmo. A salvação se dá segundo o próprio propósito, ou o plano soberano, de Deus (Rm 8.28-30; Ef 1.11). Graça é o favor imerecido de Deus a nós. O
Senhor nos chama e salva em Cristo Jesus desde, até mesmo, antes dos tempos dos séculos. 1.10 — A revelação do plano e da graça de Deus foi manifesta, ou trazida à luz, com a terrena aparição de nosso Salvador Jesus Cristo. Ele aboliu a morte — no entanto, é possível que, mesmo assim, até hoje, o medo da repressão e da morte seja a causa de alguns cristãos evitarem dar o testemunho de sua fé. O termo grego aqui traduzido por vida é geralmente usado no Novo Testamento como referência à vida eterna. A vida de Deus, ao contrário da vida dos seres humanos, é imortal. Mediante a fé em Cristo, o cristão herda a vida eterna. N ada temos, pois, a temer — nem mesmo a morte. Podemos, portanto, proclamar com ousadia toda a nossa fé e confiança em Cristo. 1.11 — A missão de Paulo em prol do evangelho se compunha de três aspectos: como pregador, e apóstolo, e doutor dos gentios (1 Tm 2.7). 1.12 — A total e ampla confiança de Paulo no evangelho e em seu Salvador permitiu-lhe passar por humilhações e sofrimentos, sem disso se envergonhar. A expressão em quem tenho crido expressa a fé inabalável de Paulo em seu Salvador. O meu depósito não se refere a algo que Paulo haja feito por Cristo, mas, sim, pelo contrário, a algo que ele confiou ao Senhor, como se fora um depósito em um banco. Não se trata, assim, da confiança de Paulo em si mesmo, mas da fidelidade de Cristo. Ele tinha a certeza de que Deus iria guardar o seu depósito, a sua vida e a recompensa eterna do seu ministério. Estava preparando- se para a morte iminente, e, apesar disso, mantinha viva sua esperança. O apóstolo havia investido seu tempo, seus recursos, sua própria vida na proclamação do evangelho, e esse investimento no Reino de Deus lhe renderia uma recompensa generosa na eternidade (Lc 19.15; 1 Co 3.10-15; Ap 11.15,18). Deus nos protege tanto na vida como na morte. E, quando Jesus voltar, não se esquecerá das vidas que lhe tenham servido fielmente. Há pessoas ingratas ou que se esquecem do bem que fazemos a elas; mas nosso serviço fiel a nosso Salvador será por Ele lembrado e recompensado (Mt 10.42). 1.13 — Conserva é a exortação para que Timóteo persista nas sãs palavras, na sã doutrina, no ensino sadio (1 Tm 1.3-10). Há alguns que dizem falar
em nome de Cristo e que proclamam falsas doutrinas. Como Timóteo, é preciso seguirmos o ensino puro, evitando toda sorte de ensinamento que não esteja de acordo com as Escrituras, por mais doutos ou melhores que determinados mestres ou pregadores possam parecer, ou por maior que seja o número de seus adeptos e seguidores. 1.14 — O bom depósito, aqui, refere-se ao ensino recebido de Paulo por Timóteo (1 Tm 6.20). Guarda significa retém, conserva, protege. Que habita em nós descreve a habitação do Espírito Santo não apenas em Paulo e/ou em Timóteo, mas em todo cristão. 1.15-17 — Estes versículos falam daqueles que deixaram Paulo. Contudo, ele lembra com gratidão Onesíforo (nome que significa aquele que traz ajuda). Este homem, de Éfeso, recreou, reanimou Paulo, como se tivesse, por exemplo, lhe servido um copo de água fresca. Assim também devemos ser — um refrigério — uns para com os outros cristãos. 1.18 — Quanto me ajudou. Paulo parece referir- se a uma série de problemas, mas sem queixar-se, e sobretudo à ajuda dada por Onesíforo. Poucos se dão conta das pressões e dos problemas que um pastor enfrenta como parte do cuidado de sua igreja (2 Co 11.28). Que excelente recompensa hão de receber certamente, naquele dia, os que ministram ajuda na vida de um ministro!
2 Timóteo 2 2.1-13 — Paulo continua a incentivar Timóteo a perseverar e propagar fielmente o evangelho (v. 1,2). Cita três exemplos, tirados da vida diária (v. 3-7), e refere-se a seus próprios sofrimentos e aos sofrimentos e à vitória de Cristo (v. 8-13). 2.1 — Ao exortar Timóteo a ser fiel, Paulo considera provavelmente o abandono que teve de outros parceiros (2 Tm 1.15). Contudo, ao conclamar: fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus, a ênfase está na força de Cristo,
não na de Timóteo. Se confiarmos em nós mesmos, estaremos fadados ao fracasso.
enfatiza, então, que o nosso Salvador vive hoje e já reina, sentado à destra de Deus Pai.
2.2 — Confia-o. Eis a ordem dada por Paulo a Timóteo para que transmita seu ensino a homens fiéis. Todo cristão fiel tem a responsabilidade de ensinar a sã doutrina aos outros. Essa determinação de Paulo serviria de base a uma cadeia interminável de discipulado cristão, com o ensino de mestres e instrutores cristãos (Mt 28.18-20). Entre muitas testemunhas. O discipulado pode ocorrer em grupos grandes ou pequenos ou na reunião de apenas duas pessoas. Paulo enfatiza aqui o contexto de um grupo.
2.9 — As circunstâncias humanas não podem confinar a palavra de Deus. Ele usa de Sua palavra para cumprir os Seus propósitos. Inúmeros são os exemplos de pessoas, antes contrárias à verdade de Deus, que lhe entregaram a vida quando Ele as buscou e conquistou (ver, por exemplo, a conversão de Paulo, em Atos 9.1-25; 22.3-21). Não devemos ocultar o evangelho que está em nós, mas, sim, devemos deixá-lo transparecer e agir livremente, a despeito de nossas próprias limitações.
2.3-6 — Três ilustrações são dadas aqui para a fidelidade. A primeira é a do soldado. A caminhada cristã é muitas vezes representada como uma guerra espiritual. O serviço a Deus eficiente requer de nós que persistamos em um só objetivo. A segunda ilustração é a do competidor, ou militante, de uma disputa atlética. Os jogos atléticos gregos eram importantes, exigindo dos competidores um árduo treinamento (1 Co 9.25). N e nhum competidor poderia chegar à vitória e vir a ser coroado se não participasse dos jogos legitimamente preparado. Em coroado, a referência é feita à grinalda floral colocada na cabeça do vencedor da competição, consagrando-o assim como campeão. O cristão fiel receberá também de Deus sua própria coroa de vitória — não, naturalmente, a coroa real, que pertence unicamente a Jesus. Paulo está dizendo, enfim, que a atividade espiritual deve ser pautada pelas diretrizes de fé e doutrina bíblicas. Abandonar a verdadeira fé é perder a devida recompensa (2 Jo 7,8). A terceira ilustração é a do lavrador que trabalha arduamente. O trabalho árduo e consciente é necessário, para que o lavrador possa desfrutar de boa colheita. A negligência ou a preguiça não pode ser um traço de caráter de um cristão fiel.
2.10 — Tudo sofro. Paulo é capaz de suportar as mais difíceis circunstâncias pelas quais possa passar no momento — incluindo sua prisão —, porque sabe que a obra de Deus está avançando cada vez mais entre os escolhidos, os eleitos de Deus. E que o resultado final da salvação deles será para a glória eterna do Reino de Deus, que está por vir.
2.7 — Considera significa observa o ensino recebido (de Paulo); reflete nele. 2.8 — Lembra-te da ressurreição de Cristo — eis a principal conclamação, aqui, a Timóteo. Descendência de Davi enfatiza a humanidade de Jesus e o fato de que Ele cumpriu todas as promessas que Deus havia feito a Davi quanto à sua linhagem e a seu trono (2Sm7.11-16). Ressuscitou dos mortos
2.11-13 — É bem possível que esta seção seja um hino ou uma confissão, próprio da Igreja primitiva. Assemelha-se em sua forma ao paralelismo típico da poesia hebraica. Aborda os temas da morte e ressurreição de Cristo, introduzidos por Paulo no versículo 8. 2.11 — Se morrermos [...] também [...] viveremos. Os cristãos estão unidos ao Senhor em Sua morte e ressurreição (Rm 6.8), as quais se tornam nossa morte e ressurreição no momento em que cremos (Rm 6.1-4). 2.12 — Se sofrermos. Perseverarmos na fé diante do sofrimento e da perseguição resultará em generosa recompensa para nós quando Cristo voltar (Lc 19.11-27; Rm 8.17; Ap 3.21). 2.13 — O termo infiéis refere-se a falsos cristãos, imaturos, que vivem para si mesmos, e não para o Senhor e o próximo (1 Co 3.1-3,15). Ele permanece fiel. Todavia, mesmo quando os pseudocristãos o desapontam, o Senhor permanece leal, pois abandonar-nos seria contrário à Sua natureza (Jo 10.27-30; Hb 10.23; 13.5). A relação de Cristo com Pedro é um ótimo exemplo da fidelidade de Deus (Lc 22.31-34).
2.14-26 — A vida moral e espiritual do líder cristão é bastante importante ao lidar com falsos mestres e aqueles que por eles foram enganados. 2.14 — Estas coisas. As afirmações decisivas apresentadas nos versículos 11-13 são tão importantes que tornam uma verdadeira imprudência e perda de tempo nos envolvermos em contendas, com palavras insignificantes, que não nos trazem proveito algum. O pastor e o cristão fiéis se mantêm longe de questões e assuntos insensatos e sem qualquer valor. Paulo aconselha a Timóteo que lembre àqueles a quem prega e ensina a fazerem o mesmo. 2.15 — Aquele que é aprovado é o que permanece firme na fé depois de provado, como metal refinado no fogo. O significado literal da expressão que maneja bem é: que corta em linha reta. A palavra da verdade. E a verdade que define a natureza das Escrituras. A Palavra de Deus é um farol irradiando a luz da verdade, em meio à escuridão de todo tipo de engano e mentira. Por isso, o mestre ou instrutor da Palavra deve fazer o possível para saber utilizar a verdade de Deus com toda a exatidão. Não fazê-lo com prudência e discernimento é arriscar ser levado a juízo (Tg 3.1). 2.16-18 — Paulo adverte aqui Timóteo dos dois homens, Himeneu e Fileto, que ensinavam que a ressurreição dos cristãos já havia ocorrido (1 Tm 1.20). Era provavelmente uma forma de gnosticismo, heresia que enfatizava a ressurreição espiritual, em contraste com a crença cristã na ressurreição futura do corpo. 2.19 — A despeito dos atos infiéis de alguns, o fundamento de Deus fica firme. O tempo do verbo aqui indica que Paulo vê a verdade de Deus permanecendo firme não somente no passado, mas também no presente. Isaías 40.8 revela que a Palavra de Deus há de permanecer firme também no futuro, pois é eterna. O Senhor conhece os que são seus. Eis um conhecimento pessoal e empírico, somente obtido mediante uma relação, como a de Paulo, íntima com Deus. Aparte-se da iniquidade. O relacionamento íntimo, garantido, com o nosso Pai no céu deve motivar-nos a uma vida inteira de pureza.
2.20,21 — A imagem da grande casa é usada aqui para descrever duas categorias de cristãos. No caso, os vasos de ouro e [...] prata representam os cristãos fiéis e úteis no serviço a Deus; os de pau e [...] barro, aqueles que não honram ao Senhor (1 Co 3.12-15). Senhor é um termo suficientemente forte para se referir à autoridade de Deus sobre a vida do cristão, seja qual for o nível de sua maturidade espiritual. Optemos por servir com pureza, santificados no poder do Espírito Santo, para sermos realmente úteis ao nosso Senhor. 2.22,23 — Foge [...] segue [...] rejeita. Nestes versículos, Paulo descreve em termos práticos como Timóteo pode ser um vaso útil a serviço de Deus. 2.24 — Contender corresponde a um termo de natureza militar, usado para o combate corpo a corpo. O servo do Senhor não deve entrar em contenda, ou combate pessoal, mas, sim, ser manso e amável para com todos. 2.25,26 — Instruindo significa aqui também treinando ou conduzindo à maturidade. Os que resistem refere-se aos que se colocam em conflito ou em posicionamento contrário para com a pregação da verdade de Deus, como, por exemplo, os já citados Himeneu e Fileto (v. 17). O objetivo de sua correção é o seu arrependimento, ou seja, sua mudança de pensamento, para o seu bem. Paulo exorta Timóteo que persevere em corrigir seus adversários por ser imperativo conhecerem a verdade, a fim de que não mais se oponham a ela, devido a falsos ensinos, como aqueles sobre a ressurreição (v. 18), e venham, assim, a ser salvos. Paulo tem a esperança de esses equivocados, finalmente, tornarem a despertar de seus enganos. De fato, as falsas doutrinas produzem como que um efeito intoxicante, que entorpece a mente para as verdades de Deus. Timóteo deveria então persistir em corrigi-los, para que pudessem desprender-se dos laços do diabo que constituem essas ilusões fatais. O diabo deixa presos os cristãos e todos os outros que adotem e ensinem falsas doutrinas, desviando-os, e aos que os seguem, da sã doutrina. Afinal, é essa uma das táticas preferidas de Satanás: causar divisão e confusão na Igreja e na vida dos cristãos.
2 Timóteo 3 3.1-9 — O surgimento de falsos mestres e instrutores e a decadência moral cada vez maior que os acompanha são fatos comprovados de nossa era cristã. O líder cristão deve esperar por essas coisas, mas saber lidar com elas de modo decisivo. 3.1 — As exortações de Paulo a Timóteo para suportar as aflições, ser diligente, manejar bem a Palavra e ser um vaso adequado e útil ao Senhor são dadas no contexto de tempos difíceis e até trabalhosos. Os últimos dias incluem todo o tempo a partir daí, desde a escrita desta carta até a volta de Cristo. 3.2-5 — Uma longa lista de traços característicos daqueles que não servem a Cristo. 3.2 — Amantes de si mesmos, avarentos. Veja 1 Timóteo 6.10. O egocentrismo encabeça essa lista de más atitudes. Blasfemos. Indivíduos abusivos e irreverentes, sem respeito por Deus ou pelas pessoas. Desobedientes. Os que infringem os mandamentos de Deus. Ingratos, profanos. Deus requer e deseja de nós exatamente o contrário. 3.3 — Sem afeto natural denota a pessoa desafeiçoada, tanto no que se refere a amigos e conhecidos quanto a cônjuge, parentes, pais e filhos (Rm 1.31). Irreconciliáveis. Os que se mostram nada dispostos a chegar a um entendimento razoável com as outras pessoas, implacáveis sempre. Incontinentes são aqueles sem autocontrole, contrastando com o fruto do Espírito (Gl 5.22,23). 3.4 — Orgulhosos. Os soberbos (1 Tm 6.4). Mais amigos dos deleites. A busca constante e quase exclusiva de satisfação própria se torna o deus de muitos.
3.5 — Este versículo é o clímax de três, que contêm descrições sombrias a respeito da humanidade decaída. Aparência de piedade é uma aparência externa e falsa de reverência a Deus. Negando a eficácia dela, ou seja, da piedade, refere-se à atitude de cunho religioso não ligada a um vivo relacionamento com Cristo. Com o passar do tempo, na Igreja primitiva, falsos convertidos começaram a participar de atividades religiosas inteiramente vazias. Suas ações nada tinham a ver com o verdadeiro relacionamento com Deus ou com a verdadeira fé em Jesus Cristo. Esse tipo de religião ou religiosidade provoca, na verdade, a ira deDeus (Is 1.1018;Mt 23.25-28). Afasta-te é uma ordem para que Timóteo evite a má companhia desse tipo de pessoas, descritas nos versículos 2-5. Jamais devemos unir-nos em causa comum com elas (1 Co 15.33). 3.6 — Introduzem pelas casas. Os indivíduos religiosos vazios dos versículos 2-5 usavam e usam de engano para serem ouvidos, fazendo amizade e penetrando nos lares e famílias. Levam cativas usa de uma expressão militar da época, referente a fazer prisioneiros de guerra — a imagem de combate espiritual está clara aqui. Mulheres néscias, vaidosas ou ingênuas, são sempre alvo dos ataques desses falsos mestres. É bem provável que falsos mestres em Éfeso tivessem feito investidas significativas junto a um grupo de mulheres naquela comunidade ou mesmo na igreja local (1 Tm 5.13-15). Aqui, Paulo mostra o alto perigo de ignorância da Palavra, falta de humildade, vaidade e insensatez. Eis por que já antes instruíra Timóteo, dizendo: a mulher aprenda em silêncio, com toda a sujeição (1 Tm 2.11). 3.7 — Este versículo descreve mulheres que, como muitas outras pessoas, apenas aparentam o desejo de aprender a Palavra, mas que não se empenham em querer compreender realmente a verdade. Conhecimento (gr. epignõsin) inclui, aqui, o conhecimento tanto intelectual quanto empírico. 3.8 — Paulo dá o exemplo específico de dois homens que resistiram à verdade na época de Moisés. Janes e Jambres não são citados no Antigo Testamento, mas, de acordo com a tradição judaica, foram dois dos magos egípcios que se opuseram a Moisés (Ex 7.11). Homens corruptos de
entendimento resistem à verdade porque ela revela seus pensamentos e comportamento vergonhosos. 3.9 — Será manifesto o seu desvario. O caráter vazio e a religião vazia dos falsos mestres serão, por fim, expostos como tais, pois nossas ações são simplesmente fruto dos nossos pensamentos (Pv 23.1-8). 3.10-17 — A vida de Timóteo deve contrastar com a dos falsos mestres. Tendo ele seguido até agora cuidadosamente o exemplo de Paulo, no sentido de suportar as aflições por causa de Cristo (v. 10-13), deverá, doravante, continuar firme no ensino que recebeu. A verdade desse ensino pode ser atestada pelo caráter daquele que lhe tem ensinado (v. 14), mas, sobretudo, por sua base nas Escrituras (v. 15-17). 3.10,11 — Tu [...] tens seguido. Paulo faz aqui um nítido contraste entre o testemunho cristão e o caminho dos falsos mestres (v. 2-9). Observa dez qualidades diferentes de seu próprio ensino e de sua vida que Timóteo havia tido oportunidade de observar. 3.12 — Aqueles que desejam levar uma vida piedosa devem estar preparados para as perseguições, cujo significado literal é serem caçados. Deus não promete que seremos livres da perseguição, mas promete-nos, sim, livramento em meio a ela. A perseguição é um dos meios que Deus usa para desenvolver nossa capacidade de reinarmos junto com Ele em Seu futuro Reino (2 Tm 2.12; Mt 5.10-12; Ap 2.10). 3.13 — A palavra grega traduzida por enganadores também pode significar tanto feiticeiros quanto trapaceiros. Enganando e sendo enganados. Os falsos mestres enganam tanto a si mesmos como aos outros (Mt 15.18-20). Engano e autoengano são elementos intrínsecos ao pecado. 3.14 — Permanece, ou continua firme, em todas as coisas que aprendeste (2 Tm 2.2) é mais uma exortação feita a Timóteo. Permanecer na verdade de Deus é essencial à vida piedosa.
3.15 — Desde a tua meninice. Paulo enfatiza a herança piedosa de Timóteo (2 Tm 1.5). Sua mãe, Eunice, e sua avó, Lóide, haviam ensinado fielmente as sagradas letras a Timóteo, e a mãe, certamente, também o direcionara a Cristo, em quem cria (At 16.1). A Palavra e o Espírito de Deus são essenciais à nossa salvação. A Palavra de Deus sem o Espírito de Deus não tem vida; não tem poder para agir. Mas a Palavra de Deus fortalecida pelo Espírito de Deus se torna força viva em nossa vida. 3.16 — Paulo enfatiza a preeminência de toda a Escritura. Inspirada por Deus. O Senhor se envolveu ativamente na revelação de Sua verdade aos apóstolos e profetas que a escreveram. O Autor da Bíblia é o próprio Deus. Portanto, as Escrituras são verdadeiras em tudo o que afirmam e totalmente fidedignas (1 Pe 1.20,21). O estudo da Bíblia é proveitoso em, pelo menos, quatro formas diferentes. Ensinar, ou seja, doutrinar. Paulo enfatiza em primeiro lugar o ensino correto; em Atos, Lucas também enfatiza o compromisso da igreja de Jerusalém com a doutrina (At 2.42). Redarguir, no caso, é não apenas argumentar, mas argumentar com convicção uma verdade incontestável. Corrigir é disciplinar, endireitar (2 Tm 2.15). Instruir refere-se a ensinar a um novato ou uma criança. Note-se que somente um destes termos está voltado simplesmente para a informação — ensinar (1 Pe 2.2); os demais implicam mudança de vida. O conhecimento completo que não promova mudança de vida de uma pessoa é inútil. Por outro lado, viver sem entendimento de quem é Deus e do que espera de nós é arriscado e perigoso. 3.17 — O estudo das Escrituras torna o cristão perfeito, no sentido de capaz ou eficiente. Perfeitamente instruído significa plenamente preparado. A pessoa que domina a Palavra de Deus nunca perde seu caminho. Toda a boa obra. Paulo enfatiza a ligação essencial entre conhecer a Palavra de Deus e aplicá-la à vida pessoal do dia-a-dia. A doutrina correta deve produzir a prática correta.
2 Timóteo 4 4.1-8 — Estes versículos são o clímax da carta. Paulo faz a Timóteo uma última exortação para que cumpra seu ministério (v. 1-5) e respalda essa exortação com seu próprio testemunho de fidelidade diante de seu iminente martírio (v. 6-8). 4.1,2 — Conjuro-te. Paulo enfatiza aqui a seriedade e a importância de sua exortação a Timóteo, apresentando-a diante de Deus Pai e Jesus. Lembra que Jesus voltará para juízo de todos. Pregues a palavra. O alicerce de qualquer ministério é a Palavra de Deus. Pregar a verdade de Deus é tarefa árdua e sagrada, que requer perseverança e coragem. Instes significa tomar atitude firme e persistente na pregação. Timóteo deveria estar atento todo o tempo à sua responsabilidade, mesmo quando pudesse parecer ser inoportuno. Esse tipo de ministério não era para novatos (Tg 3.1). Longanimidade e doutrina. Paciência e instrução são os dois componentes essenciais de um ministério eficaz. O verdadeiro crescimento espiritual ocorre ao longo de determinado tempo, por meio de ensino consistente e aplicação correta da Palavra de Deus. 4.3 — Timóteo precisa estar atento e pronto a pregar a Palavra de Deus. Todavia, a sã doutrina, essencial à maturidade espiritual, nem sempre será aceita. Chegará a época em que as pessoas procurarão falsos mestres, para dizer-lhes somente aquilo que querem ouvir e que as faça sentir-se bem. 4.4 — As pessoas desviarão os ouvidos para evitarem escutar a verdade. Essa é a sexta vez que Paulo usa a palavra verdade nesta breve carta (2 Tm 2.15,18,25; 3.7,8). Usa-a cinco vezes na primeira carta a Timóteo (1 Tm 2.4,7; 3.15; 4-3; 6.5). Por estar diante da execução, sua preocupação era que seu filho na fé não fosse tentado a apartar-se da verdade, atraído por afirmativas de mestres falsos e enganadores. 4.5 — Sóbrio, aqui, significa vigilante. Sofre as aflições. Refere-se às perseguições ao trabalho árduo do ministério, o qual, porém, terá recompensa (2 Tm 2.12).
Obra de um evangelista. O evangelista é um dos cinco cargos ou títulos de ministérios mencionados por Paulo em Efésios 4.11. E aquele que, pregando a Palavra, prepara e incentiva os cristãos a compartilharem as boas-novas. 4.6 — Paulo sabe que o momento de sua morte está próximo. Aspersão de sacrifício era uma oferta feita derramando-se vinho no chão ou sobre o altar (Nm 28.11-31). A vida de Paulo era como se estivesse sendo derramada no serviço a Jesus Cristo, o Cordeiro (Ap 5.4-6). O tempo da minha partida está próximo. Paulo tinha certeza de que ninguém poderia tocá-lo até que o Pai celestial houvesse por bem conduzi-lo ao seu lar eterno com uma celebração de vitória. 4.7 — Paulo foi extremamente e fiel vigilante em seu serviço a Deus. Observe que Paulo não faz esse tipo de comentário antes de chegar ao final de sua corrida e estar pronto para morrer. Não salienta seu serviço nem exalta-se nele. Mostra apenas que perseverou, lutou e serviu a Deus até 0 fim (1 Co 9.24-27). 4.8 — Paulo se refere ao potencial eterno de uma vida de serviço fiel a Cristo. O Senhor voltará, trazendo recompensa a todo aquele que persista na fé e no serviço até o fim. A coroa da justiça será o galardão especial ofertado a todos os que sirvam a Deus com fidelidade (Mt 5.10-12). Haverá coroa para todo corredor que termine bem sua corrida. Todos os que amarem a sua vinda são justamente esses cristãos que hajam vivido fielmente em Cristo, na esperança de Sua volta (Tt 2.11-15; 1 Jo 2.28). 4.9 — Vir [...] depressa. Paulo, da prisão, envia um apelo sincero a seu jovem amigo Timóteo. Desejava ter ainda comunhão com Timóteo e provavelmente receber algumas palavras de consolo daquele a quem tanto havia ensinado a ter fé. 4.10 — Demas, colaborador de confiança de Paulo (Cl 4.14; Fm 24), tinha ido embora, amando o presente século. Não conseguindo suportar as
aflições do ministério, preferiu o conforto e o prazer passageiros deste mundo, em troca da recompensa eterna. 4.11,12 — Só Lucas está comigo. Não se pode deixar de ressaltar o valor de um amigo confiável em meio aos momentos difíceis. A referência de Paulo também a Marcos como útil para o ministério é sinal de carinhosa restauração. O fato de Marcos o haver abandonado na Panfília, na primeira viagem missionária do apóstolo, levou à separação de Paulo e Barnabé no começo da segunda viagem (At 15.36-40). Mais tarde, porém, Paulo e Marcos se reconciliaram, e este lhe serviu no ministério. Agora, no finai cfe sua vida, Paulo expressa seu apreço pelo serviço do evangelista. A Éfeso. Paulo estava enviando Tíquico, colaborador fiel (At 20.4; Ef 6.21; Cl 4.7), para substituir Timóteo em Éfeso. 4.13 — A capa. Paulo provavelmente se encontrava em uma prisão fria. O nome de Carpo aparece somente aqui, nas Escrituras. Livros... pergaminhos. Talvez documentos legais de Paulo, Escrituras do Antigo Testamento, relatos escritos acerca das palavras e obras de Jesus ou outros materiais do Novo Testamento, inclusive cópias das próprias epístolas de Paulo. 4.14,15 — Timóteo é advertido acerca de Alexandre. É possível que seja a mesma pessoa mencionada em 1 Timóteo 1.20 ou Atos 19.33, que causou males ao ministério de Paulo em Éfeso. Jesus advertira os apóstolos de que eles poderiam esperar oposição (Jo 15.18-21). Não precisamos procurar oposição; todavia, se não sofrermos alguma, é bem provável que não estejamos na linha de frente do ministério. 4.16 — Paulo faz eco à atitude compassiva de Cristo na cruz. Embora muitos o tivessem abandonado, Paulo pediu a Deus que não sejam cobrados por suas ações. 4.17 — A despeito do abandono de seus amigos, Paulo tem sido sustentado pelo Senhor, que sempre o fortalece e capacita. As pessoas podem nos desapontar nos momentos difíceis; mas o Senhor nunca abandona Seus filhos, por mais difíceis que sejam as circunstâncias (Lc 22.32; Hb 7.25). Deus sempre fortaleceu Paulo durante sua vida, para que pudesse continuar
a pregar a verdade aos gentios. Leão pode ser uma referência à execução na arena romana por leões, mas é bem possível que Paulo esteja usando a palavra como metáfora para o conflito espiritual do qual fora liberto. 4.18 — A expressão de confiança de Paulo em Deus vai aumentando e transformando-se em louvor, terminando com Amém. 4.19-21 — Paulo encerra a epístola com uma série de saudações e recomendações a irmãos que muito o ajudaram em seu ministério. Saúda a Prisca e a Àquila. Prisca é outro nome para Priscila. Paulo conheceu Priscila e Áquila em Corinto em sua segunda viagem missionária (At 18.1-3), e eles auxiliaram na obra de Deus em Éfeso (At 18.18,19). Onesíforo. Esta saudação mostra que Timóteo provavelmente ainda estava em Éfeso, pois Onesíforo era de lá (2 Tm 1.16-18; 1 Tm 1.3). Trófimo era membro da igreja de Éfeso (At 21.29) e viajou com Paulo para Jerusalém (At 20.4) 4.22 — A marca final deste livro e do ministério de Paulo é a graça, conclusão apropriada para esse homem de Deus e seu fiel serviço ao Senhor Jesus Cristo. O fato de o pronome aqui, convosco, ser plural pode indicar que Paulo queria que essa carta fosse lida perante toda a congregação. Fonte: https://bibliotecabiblica.blogspot.com/2015/09/significado-de-2-timoteo1.html