Significado de Gálatas

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Significado de

Gรกlatas


Gálatas 1 1.1-5 — A introdução da carta inclui os três elementos comuns encontrados em seções de saudação epistolar: (1) o escritor — Paulo (G1 1.1), (2) os destinatários — às igrejas da Galácia (G1 1.2) e (3) a saudação — graça e paz (G 11.3). 1.1 — Paulo denomina-se apóstolo para afirmar sua autoridade dada por Deus, a fim de tratar do problema que as igrejas da Galácia enfrentavam. Ele foi constituído apóstolo não da parte dos homens, nem por homem algum, mas por Jesus Cristo e por Deus Pai. Essa é a origem do chamado especial de Paulo para ser apóstolo (G1 1.15,16); chamado que ele recebeu quando teve um encontro com Cristo na estrada para Damasco (At 26.1218). A expressão que o ressuscitou dos mortos é uma referência à ressurreição de Jesus Cristo, crença central da fé cristã (1 Co 15). 1.2 — E todos os irmãos que estão comigo. Paulo sugere que havia com ele um número considerável de cristãos, membros da família na fé. Ele se associa a esses cooperadores anônimos quando envia saudações às igrejas da Galácia. Gálatas é uma carta circular, destinada a várias igrejas de uma mesma região. 1.3 — Graça e paz, da parte de Deus Pai e da de nosso Senhor Jesus Cristo. Essa é uma variação da saudação padrão nas cartas da época de Paulo. O termo paz é a tradução grega da saudação tradicional em hebraico [shalom]. Paulo normalmente combina as duas ideias de graça e paz na introdução de suas cartas (1 Co 1.3; 2 Co 1.2). A verdadeira mensagem de salvação está baseada somente na graça de Deus (G1 1.6; 2.21), recebida pela fé (Ef 2.8), e ela traz paz com Deus (Rm 5.1). 1.4 — O qual [Cristo] se deu a si mesmo por nossos pecados. Essa frase antecipa a discussão de Paulo sobre a redenção, em Gálatas 3.13,14. E um breve resumo das boas-novas: a morte de Cristo é para vocês (1 Co 15.3). A afirmação de Paulo aqui — para nos livrar do presente século mau — é semelhante à passagem de Colossenses 1.13 — [Deus] nos tirou da potestade das trevas e nos transportou para o Reino do Filho do seu amor. As duas citações desenvolvem essa verdade

com base na obra redentora de Cristo (Cl 1.14), sugerindo que o verbo livrar refere-se à separação e livramento das tentações deste presente século. 1.5 — [Deus, nosso pai] ao qual glória para todo o sempre. Essa doxologia mostra que Deus (G11.4) merece glória em todos os momentos da nossa vida (glória para todo o sempre). O evangelho e o ministério de Paulo claramente cumpriram esse propósito (G1 1.23,24). 1.6,7 — O uso da expressão maravilho-me revela o espanto contínuo de Paulo com os gálatas por abandonarem o evangelho da graça imerecida de Deus. Inconscientemente, os gálatas haviam se encantado com outro evangelho, que não era o evangelho verdadeiro de salvação de forma alguma. Os que inquietavam os gálatas eram culpados de tentar transtornar o evangelho de Cristo, sem, no entanto, apresentar-lhes uma alternativa melhor. 1.8,9 — Paulo passa do hipotético (G 11.6,7) para o real ao denunciar que os gálatas transtornaram o evangelho. Se alguém (até mesmo os apóstolos, ou um anjo do céu) quisesse anunciar outro evangelho, deveria ser considerado anátema. Sendo assim, alguém que anunciasse uma mensagem diferente daquela que os gálatas receberam (nvi) de Paulo [o evangelho que não é segundo os homens [...] mas pela revelação de Jesus Cristo (G11.11,12)] merecia efetivamente a destruição eterna. A preocupação de Paulo com a pureza da mensagem do evangelho é revelada quando ele afirma que quem ensinasse um evangelho falso seria destruído por Deus. 1.10 — Agradar a homens não era nem a motivação de Paulo nem a fonte de sua autoridade (G1 1.1). Paulo constantemente procurava a aprovação de Deus. Ele não baseava suas decisões nas opiniões de outras pessoas. Em vez disso, tinha o firme objetivo de agradar a Deus (Fp 3.14). Como apóstolo, Paulo era um líder, mas sempre foi servo de Cristo. 1.11— 2.14 — Essa extensa passagem é uma das seções autobiográficas mais longas nas epístolas de Paulo (2 Co 11.22— 12.10).


1.11,12 — Nenhuma criatividade humana estava tornando mais atraente o evangelho anunciado por Paulo. Ele só o conheceu porque o recebeu por revelação especial de Jesus Cristo em sua conversão (At 26.12-18). 1.13,14 — Judaísmo aqui significa o estilo de vida judaico, que se baseava em parte na obediência ao Antigo Testamento e em parte em outras tradições dos pais, ou líderes do povo (Mt 15.2). A conduta de Paulo antes de sua conversão fez com que ele se sobressaísse no judaísmo de duas formas: (1) ele era cuidadoso ao guardar a Lei e as tradições, certamente mais cuidadoso do que os judaizantes na Galácia (G1 6.13); (2) ele perseguia a igreja de Deus para destruí-la (n v i), fazendo isso sob a autoridade de líderes religiosos judeus (At 8.3; 9.1,2).

1.19,20 — A visível referência a Tiago, irmão do Senhor, como sendo um dos outros apóstolos mostra que a palavra apóstolos nem sempre se restringia aos doze (Mt 10.1-4; 1 Co 15.5). A sequência, em 1 Coríntios 15.7-9, na qual Tiago, Paulo e todos os apóstolos aparecem na lista dos que viram o Cristo ressurreto, implica que Paulo pode ter aceitado que Tiago tinha, pelo menos em parte, qualificações apostólicas comuns às dele (At 1.21-26). 1.21 — Após sua breve viagem a Jerusalém (Gl 1.18,19), Paulo foi para a Síria e a Cilicia, provavelmente a mesma viagem mencionada em Atos 9.30, na qual foi de Jerusalém ao lugar onde passou a infância, Tarso, na Cilicia (At 22.3).

1.15-17 — Com palavras que fazem eco ao chamado do Servo messiânico (Is 49.1) e do profeta Jeremias (Jr 1.5), Paulo relata que Deus o escolheu para ser um apóstolo (G1 1.1) antes de seu nascimento. Paulo, como os judaizantes na Galácia, já havia tentado obter a salvação por meio de boas obras (G1 1.14). No entanto, seu chamado apostólico e sua conversão se deram por meio da graça, o favor imerecido, de Deus. Se a mensagem do evangelho de Paulo viesse de homens, ele teria precisado consultar outras pessoas para recebê-la ou validá-la. Para isso, teria tido de viajar a Jerusalém, onde estavam os outros apóstolos, para participar de tal discussão. Em vez disso, quando partiu de Damasco, onde havia ficado logo depois de sua conversão ao cristianismo. (At 9.1-22), ele foi para a Arábia (2 Co 11.32,33). Esse era o reino dos nabateus, que se estendia de Damasco até o mar Vermelho, incluindo partes da atual Síria, Jordão, Israel e Arábia Saudita.

1.22,23 — Ao que parece, notícias sobre o ministério contínuo de Paulo em Tarso e nas regiões vizinhas chegavam constantemente às igrejas da Judeia (Jerusalém), uma vez que Barnabé teve a confiança de procurar Paulo para ajudar na obra na Antioquia da Síria (At 11.25,26).

1.18 — Passados três anos. Poderiam ser 36 meses, ou um período mais curto começando no final de um ano, atravessando um ano inteiro e terminando no início do terceiro ano. Os três anos podem ter sido contados a partir da conversão de Paulo (Gl 1.15,16), ou de sua partida para a Arábia (Gl 1.17). Sem dúvida, Paulo e Pedro conversaram demoradamente sobre Cristo e o evangelho durante os quinze dias em que Paulo esteve em Jerusalém.

2.1-10 — Essa seção da narrativa pode corresponder a Atos 11.30; 12.25, se a carta foi escrita antes, ou a Atos 15, se foi escrita mais tarde. Parece que o contexto favorece a visita narrada em Atos 11 e 12, embora o tema seja o mesmo de Atos 15.

1.24 — E glorificavam a Deus a respeito de mim. Isso foi resultado do ministério de evangelismo de Paulo, de acordo com a glória constante e eterna que Deus tem (Gl 1.5).

Gálatas 2

2.1 — Depois, passados catorze anos pode referir-se a doze anos inteiros, a partir da conversão de Paulo, ou dos últimos [três] anos mencionados em Gálatas 1.18. Esse período de tempo poderia datar da visita anterior de Paulo a Jerusalém (Gl 1.18,19), mas muito provavelmente é contado a partir de sua conversão (Gl 1.15,16). Foi nesse momento que Paulo recebeu a


mensagem do evangelho, o foco de discussão de toda essa extensa seção (Gl 1.11—2.14). Subi outra vez a Jerusalém. Se a carta aos gálatas foi escrita antes do Concílio de Jerusalém, essa viagem é a que está registrada em Atos 11.30. Do contrário, é uma referência ao Concílio de Jerusalém (At 15). Barnabé é um codinome hebraico que significa filho da consolação (At 4.36). Barnabé encontrou-se rapidamente com Paulo em Jerusalém durante a primeira visita deste após sua conversão (At 9.26,27). Mais tarde, serviram juntos nos episódios narrados em Atos 11.25-30; 12.25—15.39 Tito não é mencionado em Atos, mas se converteu graças à pregação de Paulo (Tt 1.4) e foi um eficiente companheiro de ministério deste ao longo de vários anos (2 Co 2.13). 2.2 — E subi por uma revelação. Revelação aqui pode referir-se à profecia de Ágabo em Atos 11.27-30, ou pode referir-se a uma revelação particular do Senhor a Paulo, talvez semelhante à que ele recebera antes, em Jerusalém (At 22.17- 21). Mais tarde, Jesus apareceu a Paulo em outra visão (At 23.11). E lhes expus o evangelho que prego entre os gentios. O pronome lhes aqui pode referir-se à Igreja em Jerusalém, ou particularmente aos que estavam em estima, provavelmente o círculo interno formado por Tiago, Cefas (Pedro) e João (Gl 2.9). O fato de Paulo ter exposto seu evangelho a esses líderes particularmente não significa que Paulo pensou em alterá-lo, como mostra com clareza a seção seguinte (G1 2.3-10). Para que de maneira alguma não corresse ou não tivesse corrido em vão. A expressão em vão não se refere à eficácia do evangelho de Paulo, mas, em vez disso, a seus esforços para manter uma unidade na Igreja sem sacrificar a verdade do evangelho (G1 2.5). 2.3 — Tito (G1 2.1) era um gentio que estava sendo provado. O termo circuncidar-se introduz um tema central dos falsos mestres judaizantes, que Paulo discute repetidamente em Gálatas (G1 5.2,3,6). Ao contrário de Timóteo, a quem Paulo circuncidou porque a mãe de Timóteo era judia, Tito não foi circuncidado. Circuncidá-lo teria sido um sinal para todos os outros gentios de que o homem deveria seguir a Lei judaica para se tornar cristão. Como Paulo explica nesta carta, isso seria uma rejeição das boasnovas de que a salvação é dom de Deus para aqueles que creem em Seu Filho.

2.4 — Falsos irmãos. Ao que parece, essa expressão indica que, embora essas pessoas se passassem por cristãs de maneira convincente, havia razão para ver a profissão de fé delas como um fingimento. Esses pseudocristãos não anunciavam seu objetivo, que era restringir a liberdade cristã (Gl 5.1,13) e levar Paulo e os novos convertidos à servidão do legalismo judaico (Gl 6.12-15). Esses falsos irmãos afirmavam que o cristão tinha de cumprir a Lei judaica para ser salvo. Eles se recusavam a confessar que a salvação era dom de Deus por meio da fé em Cristo, e nada mais. Por essa razão, Paulo não os reconhecia como verdadeiros cristãos. 2.5 — A mensagem de Paulo sobre a verdade do evangelho nunca cedeu à mensagem dos falsos mestres, fosse em Jerusalém (Gl 2.1-10), na Antioquia da Síria (Gl 2.11-14), ou na Galácia. Os cristãos gálatas podiam confiar na constante defesa que Paulo fazia de seu evangelho, que era revelado por Deus (Gl 1.11,12). 2.6 — Embora reconhecesse a liderança de Tiago, a de Cefas (Pedro) e a de João (Gl 2.9) como colunas da Igreja em Jerusalém, Paulo mostrou que eles não eram, de modo algum, superiores a ele quanto à compreensão do evangelho. Tampouco o eram aqueles que se vangloriavam e aparentavam ser alguma coisa. Sobre estes, Paulo declara: Não me acrescentaram nada (nvi) . Por outro lado, os outros apóstolos estavam satisfeitos com o modo de Paulo entender o evangelho. 2.7-10 — Não havia dois evangelhos diferentes, um para os gentios incircuncisos (nvi) e outro para os judeus circuncisos (nvi). Mas o ministério apostólico de Paulo tinha como principal alvo os gentios (Rm 11.13), enquanto o apostolado de Pedro estava, em primeiro lugar, voltado para os judeus. O fato de que Deus operou eficazmente por meio de Pedro para alcançar os judeus e com a mesma eficácia por meio de Paulo para alcançar os gentios era uma prova convincente da comissão apostólica de Paulo para os líderes em Jerusalém (Rm 1.5). E conhecendo Tiago, Cefas e João, que eram considerados como as colunas, a graça que se me havia dado, deram-nos as destras, em comunhão comigo e com Barnabé, para que nós fôssemos aos gentios e eles, à circuncisão (v. 9). As destras, em comunhão eram um sinal de aceitação e amizade entre eles. Indicava o pleno reconhecimento de Paulo pelos representantes da igreja de Jerusalém.


Segundo Paulo, o pedido de Tiago, Cefas e João foi apenas para que ele e Barnabé se lembrassem dos pobres — provavelmente dos pobres da Igreja na Judeia (At 11.29,30), o que reflete uma constante preocupação de Paulo (Rm 15.26). 2.11,12 — Antioquia era a maior cidade da província romana da Síria. Tornou-se um centro missionário para outras cidades gentílicas na Âsia Menor e na Macedônia (At 13.1-3). Após o encontro anterior em Jerusalém (Gl 2.1-10), a conduta de Pedro na Antioquia foi contraditória e hipócrita (Gl 2.12,13). Considerando a grande influência de Pedro, Paulo não teve outra escolha senão expor a hipocrisia de forma direta (Gl 2.11,14). O apóstolo confrontou Pedro porque antes este até comia com os gentios, mas depois passou a contradizer o que há muito ele mesmo havia reconhecido: que o evangelho era também para os gentios. Antes que alguns tivessem chegado da parte de Tiago. Esse trecho indica que eles vinham com a autoridade de Tiago, um dos líderes da igreja de Jerusalém (Gl 2.9). No entanto, é pouco provável que representassem exatam ente as concepções de Tiago (Gl 2.7-10). Seja o que for que tenham dito para Pedro, suas palavras causaram-lhe uma reação tão forte que ele se foi retirando e se apartou da comunhão com os gentios. Ao que parece, Pedro estava temendo m anchar sua reputação como apóstolo da circuncisão (Gl 2.7,8). 2.13 — O exemplo de Pedro foi tão decisivo que os outros judeus da igreja em Antioquia da Síria, incluindo Barnabé, fizeram o mesmo que ele. Todavia, as ações de Pedro não expressavam convicção, mas dissimulação. 2.14 — O exemplo hipócrita de Pedro sugeria que os gentios tinham de se comportar como judeus para receberem a graça do Senhor. Dessa forma, Pedro não estava andando bem e diretamente conforme a verdade do evangelho da graça de Deus. Já havia sido decidido (Gl 2.1-5) que não convinha obrigar gentios a viverem como judeus (nvi) porque a salvação se dava apenas por meio da fé. 2.15-21 — Essa seção pode representar a continuação do confronto de Paulo com Pedro ou pode representar uma afirmação do ponto central de sua carta: que os cristãos são justificados pela fé em Jesus Cristo somente.

2.15-17 — Paulo não está negando que os judeus de nascença sejam pecadores, como são todos os gentios (Rm 3.23). Ao contrário, ele está sugerindo que os judeus desfrutam de privilégios espirituais (Rm 9.4,5) que deveriam fazer com que eles entendessem mais a questão de como ser justificados diante de Deus (Rm 3.6; Gn 15.6). Os judeus deveriam saber que ninguém pode ser declarado justo ou justificado pela obediência à Lei de Moisés (Rm 3.10-21). 2.16 — Pela graça de Deus (Gl 2.21), a única maneira de ser justificado (declarado justo ou perdoado) é por meio da fé em Jesus Cristo. Qualquer outra maneira dá margem a que as obras - seja guardar a lei de Moisés ou fazer boas ações, em geral - desempenhem um papel na justificação. Este é o ponto principal da carta de Paulo aos Gálatas: a salvação ou a justificação não podem ser obtidas pela observância da Lei. A salvação só se dá por meio da fé em Jesus Cristo (Rm 3.20). 2.17-19 — Paulo contundentemente rejeita a conclusão equivocada de que ser justificados pela fé em Cristo, na verdade, tornava os judeus pecadores, retratando, assim, Cristo como um promotor do pecado. Aqueles que tentam ser justificados pelas obras da lei são malditos (Gl 3.10). Se o indivíduo tenta reafirmar que as obras da lei têm algum papel na justificação diante de Deus, a própria lei o culpa de ser um transgressor (Gl 3.19- 25). A Lei em si não é pecaminosa; seu objetivo é convencer o indivíduo de sua morte espiritual no pecado fora da fé em Cristo (Rm 7-7-13). 2.20 — Paulo e todos os cristão foram crucificados com Cristo a fim de morrer para o pecado, para a Lei e para o presente século mau (Gl 1.4). Embora os cristãos vivam no corpo físico, Cristo também vive neles espiritualmente. O poder da ressurreição de Cristo, por meio do Espírito, opera no cristão (Rm 6.4-11) que opta por viver na fé do Filho de Deus. 2.21 — Se a justiça pode ser alcançada pela observância da lei de Moisés, então o ato gracioso de Deus de enviar Cristo para morrer na cruz a fim de pagar pelo pecado foi desnecessário e em vão (Rm 3.4-26).


Gálatas 3 3.1 — A palavra insensatos não indica falta de inteligência, mas falta de sabedoria. Paulo queria saber se era alguma espécie de feitiço que impedia os gálatas de se lembrarem do evangelho do Cristo crucificado, que já havia sido representado ou pregado para eles. O apóstolo usa um jogo de palavras - perante os olhos de quem - para enfatizar a duplicidade deles diante da verdade que lhes havia explicado com cuidado. 3.2 — Nesse versículo, Paulo compara a obediência à Lei com a fé. É provável que a pregação da fé fosse o que Paulo tinha em mente em Romanos 10.17, quando disse: De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus. A pregação da fé também pode estar muito relacionada com o conceito de Paulo sobre a obediência à fé, uma vez que a palavra grega para ouvir também pode ser traduzida por prestar atenção ou obedecer (Rm 1.5; 16.26). 3.3 — Paulo lembra aos gálatas que a vida cristã deles havia começado pelo Espírito por meio da fé unicamente (Gl 3.2; 2.16). A expressão acabeis agora pela carne indica que os gálatas estavam enganados quando tentavam alcançar a perfeição mediante os próprios esforços, especialmente por meio da circuncisão. 3.4 — Essa afirmação implica que os cristãos gálatas já haviam padecido por causa de sua fé, antes de serem enganados pelo falso evangelho. 3.5 — O que Paulo queria dizer aqui com a operação de maravilhas é incerto. Talvez o fato de ter ressuscitado da experiência de quase-morte depois de ser apedrejado (At 14-19,20) seja parte do que ele tinha em mente. 3.6 — Há várias razões para Paulo se referir à fé de Abraão como exemplo. (1) Abraão era o pai da nação judaica (Gn 12.1-3). (2) Abraão é o exemplo mais claro de justificação no Antigo Testamento. (3) E quase certo que os judaizantes estivessem recorrendo a Abraão, provavelmente no que dizia respeito à circuncisão (Gl 2.3; 5.2,3). O exemplo da fé de Abraão também é desenvolvido em Romanos 4; Hebreus 11; Tiago 2. Paulo cita Gênesis 15.6 na tradução grega do Antigo Testamento para mostrar que Abraão foi

justificado somente pela fé. Esse versículo expressa precisamente o que Paulo chamou de a verdade do evangelho (Gl 2.5,14). 3.7 — Os que são da fé são filhos [espirituais] de Abraão, ainda que não sejam judeus. Eles fazem parte do povo de Deus. 3.8,9 — A Escritura é representada como um pregador que prenuncia que Abraão e seu exemplo de fé (Gn 15.6) se tornariam uma bênção para todas as nações com consequências para toda a vida (Gn 12.3; Mt 28.19) enquanto o evangelho se propagasse. Todos os que têm fé, como Abraão teve, participam de sua condição como benditos. Crente (gr. pistos). Esse termo também poderia ser traduzido por fiel, mas o contexto favorece crente ou cristão. Essa é a única forma em que a palavra é usada em Gálatas. 3.10 — Estar debaixo da maldição por tentar ser justificado pelas obras da lei é comparado com ser abençoado como um cristão (Gl 3.9). A citação de Deuteronômio 27.26 diz que aquele que não cumpre toda a Lei é maldito, provando que todos os que seguem estritamente a Lei são malditos, porque todos estão aquém dos padrões da Lei (Rm 1.17; 3.10-18,23). 3.11, 12 — Paulo cita Habacuque 2.4 para mostrar que o indivíduo só pode ser justificado por meio da fé. Ele menciona Levítico 18.5 com o intuito de provar que guardar a lei para ganhar a salvação é totalmente contrário à fé. 3.13, 14 — Paulo sabia que muitos de seus leitores perceberiam que estavam, na verdade, debaixo da maldição da lei (Gl 3.10; Dt 27.26). Para eles, assim como para nós, é muito cômodo saber que Cristo se tornou maldição por nós na cruz (Dt 21.23). A imagem é a da ira de Deus pairando sobre nós - como a espada de Dâmocles -, mas Cristo levou aquela ira. Portanto, a maldição é suspensa pela fé na redenção de Cristo, na bênção de Abraão e na promessa do Espírito para todos os cristãos. È provável que os falsos mestres judeus estivessem afirmando que a bênção era fruto da observância da Lei mosaica e que o povo seria maldito se não a cumprisse. 3.15 — E provável que o significado de testamento aqui seja o “último desejo”, que não pode ser mudado depois de confirmado. Grande parte dos


empregos da palavra no Novo Testamento refere-se a uma aliança ou um acordo que Deus fez com Seu povo. 3.16 — Jesus Cristo é o cumprimento da aliança (Gl 3.15) que Deus fez com Abraão. Embora, de certo modo, todos os judeus sejam a descendência física de Abraão, Cristo é o foco final das promessas de Deus, a maior posteridade. Os cristãos são descendentes espirituais de Abraão (Gl 3.29). 3.17 — Quatrocentos e trinta anos foram o período de tempo que Israel permaneceu no Egito antes do Êxodo (Ex 12.40,41). A lei, que foi validada no final desses séculos, não anula nem invalida a aliança (n v i) permanente com Abraão (Gn 15.18). 3.18 — A lei de Moisés e a promessa que Deus fez a Abraão estavam em desacordo uma com a outra. Paulo mostrou que a visão dos falsos mestres de que a Lei era o cumprimento da aliança abraâmica não tinha base nas Escrituras. 3.19, 20 — O propósito da Lei (nvi) de Moisés não era justificar a humanidade aos olhos de Deus (Gl 2.16). Em vez disso, a Lei foi acrescentada (nvi) depois da promessa de Deus a Abraão (Gl 3.16,17) para esclarecer a questão do pecado até que viesse Cristo, a posteridade (Gl 3.16). De acordo com o sermão de Estêvão, em Atos 7, a Lei foi dada por anjos a Moisés como o medianeiro humano (At 7.38). Essa visão estava de acordo com o ensino judaico da época do Novo Testamento. Nenhum mediador, ou intermediário, era necessário com a aliança abraâmica, uma vez que a promessa era totalitária, ou unilateral. Deus pôs um “profundo sono” sobre Abraão e consumou o decreto cerimonial da aliança sozinho (Gn 15.12-17).

3.23-25 — Paulo dá duas ilustrações diferentes sobre a função da lei antes da vinda de Cristo (Gl 4-4,5). A Lei funcionava como um guarda que mantinha a humanidade sob custódia até que a fé em Cristo viesse a se manifestar. Mas a Lei também servia de aio, ou tutor. N a antiga cultura grega, o tutor acompanhava as crianças que estavam sob seus cuidados, instruindo-as e disciplinando-as quando necessário. A Lei era como um tutor porque corrigia e instruía os israelitas nos caminhos de Deus até que Cristo fosse revelado, e esse tutor não era mais necessário (Gl 4.1,2). 3.26, 27 — Pela fé em Cristo Jesus, os cristãos não somente são abençoados como filhos de Abraão (Gl 3.7,9), mas também como filhos de Deus (Jo 1.12) e Seus herdeiros (Gl 4-7). Os cristãos foram adotados pelo próprio Deus. Embora fôssemos seus inimigos, fomos feitos Seus filhos. Ainda que mereçamos o juízo, receberemos a herança eterna de nosso Pai. 3.28 — O contexto desse versículo é a justificação pela fé em Cristo Jesus, o fato de Jesus ter redimido todos aqueles que creem nele, seja judeu ou gentio (Gl 3.26— 4-27). Distinções raciais, sociais e sexuais que tão facilmente causam divisões não impedem uma pessoa de chegar a Cristo para receber sua misericórdia. Todas as pessoas podem se tornar herdeiros de Deus e receber suas promessas eternas (Gl 4-5-7). 3.29 — Ser de Cristo por meio da fé (Gl 3.26,27) também significa ser filho (descendência) de Abraão (G13.7) e abençoado (herdeiro) com Ele (Gl 3.9), conforme a promessa de Deus (Gn 12.3).

Gálatas 4 3.21, 22 — A relação da lei e das promessas de Deus não é de competição, mas de necessidade e cumprimento. A Lei não foi idealizada por Deus para dar vida (nvi) eterna e justiça. Ao contrário, mostrava a necessidade que a humanidade tinha da promessa de vida (nvi) pela fé em Jesus Cristo (Gl 3.9 ; 2.16), uma vez que encerrou todas as pessoas debaixo de seu pecado (Rm 3.23; 6.23).

4.1, 2 — Baseando-se na ilustração do aio e dos herdeiros em Gálatas 3.2429, Paulo desenvolve a ideia do que significa ser um filho adotivo de Deus. N a sociedade antiga, o menino tinha de esperar o momento certo para que pudesse herdar o que era seu. Paulo usa esse exemplo para explicar por que Deus postergou a vinda de Jesus Cristo, deixando Sua Lei como guia para as pessoas (Gl 3.23-25).


4.3 — Nós, quando éramos meninos, estávamos reduzidos à servidão faz um paralelo com menino e servo de Gálatas 4.1. Alguns acreditam que os rudimentos aos quais Paulo se refere nesse versí culo sejam as forças espirituais básicas. Como na astrologia hoje, os povos antigos associavam for ças espirituais aos elementos, como a terra, o ar, o fogo e a água. Mas o contexto e a palavra usada por Paulo em outra passagem (Cl 2.8,20) favorecem uma compreensão de rudimentos como princípios ou ordenanças elementares; talvez a Lei judaica ou aspectos dela (compare Hb 5.12— 6.3). Isso se confirma no contexto, pois rudimentos do mundo fazem um paralelo com tutores e curadores em Gálatas 4-2, bem como a função da Lei em Gálatas 3.23-25. Esses rudimentos são descritos como fracos e pobres de Gálatas 4-9 e estão ligados ao que parecem ser observâncias do calendário judaico de Gálatas 4.10. 4.4, 5 — A plenitude dos tempos é o tempo perfeito na história, o tempo determinado por Deus Pai (Gl 4.2) para seu Filho nascer e, mais tarde, morrer pelos pecados do mundo. Nascido de mulher fala da humanidade de Cristo e talvez se refira ao Seu papel como a maior posteridade da mulher (Gl 3.16; Gn 3.15). Nascido sob a lei significa que Cristo estava sujeito à Lei judaica (Mt 5.17-19), confirmando, mais adiante, sua identificação com todas as pessoas que estão sujeitas à Lei. Remir, com o sentido de comprar do mercado de escravos, é um termo usado somente por Paulo no Novo Testamento (Gl 3.13; Ef 5.16; Cl 4.5). O verbo descreve o pagamento mais alto e definitivo de Cristo pelos pecados da humanidade (Rm 3.23-25). Esse pagamento, a morte de Cristo na cruz, liberta da maldição da Lei e da escravidão do pecado os que creem nele. Esse pagamento decisivo e sua consequente liberdade abrem caminho para que os cristãos se tornem filhos de Deus. Embora haja somente um Filho natural na família de Deus, Jesus Cristo (Gl 4.4,6), Deus, por sua bondade, adotou todos os cristãos como Seus filhos. Não somos mais escravos do pecado, nem filhos que estão sob a tutela da Lei. 4.6 — Assim como Deus enviou seu Filho na plenitude dos tempos na história do mundo (Gl 4.4), assim Deus enviou [...] o Espírito de Cristo no momento certo para todo aquele que nele crê. O fragmento aos nossos corações atesta que os cristãos podem experimentar a intimidade com o Pai por causa do Espírito que habita neles (Rm 8.1-17).

4.7 — Paulo resume as ilustrações e o ensino da seção anterior (Gl 4-1-6) ao falar da transformação do cristão quando deixa de ser um servo espiritual para ser um filho com plenos direitos. Ser herdeiro de Deus aplica-se a todos os filhos de forma incondicional. No entanto, é preciso distinguir esse título do de herdeiro do reino. As Escrituras falam de duas heranças (Rm 8.17). Todos os filhos de Deus pela fé (Jo 1.12) têm uma herança no céu que jamais poderá perecer (1 Pe 1.3-5), mas a herança no reino terreno de Cristo é obtida como consequência de nossos sofrimentos por Ele (2 Tm 2.12). 4.8, 9 — As palavras servir e rudimentos remetem a Gálatas 4.3. Paulo estava, na verdade, perguntando aos gálatas: “O progresso espiritual deve se deixar escravizar outra vez por observâncias e rituais fracos e pobres (Gl 4.10)? Conhecendo a Deus (nvi), como vocês podem voltar às coisas de menino (Gl 4-3)?” Os gálatas vieram a conhecer a Deus por meio da fé em Jesus Cristo (Jo 17.2,3), que os adotou como Seus filhos, mas eles estavam voltando à Lei que antes os havia escravizado. Estavam no processo de deixar a luz e a liberdade do cristianismo pela sombra e escravidão do legalismo. As observâncias ritualísticas são pagãs em princípio. São um sistema de escravidão contrário à graça de Deus. Como alguém pode querer trocar o manto de justiça de Cristo pelo trapo imundo do paganismo, do judaísmo ou de qualquer outro ismol. 4.10 — A palavra dias provavelmente se refere aos sábados ou a festas especiais. Meses e tempos dizem respeito a observâncias mais longas, como as celebrações entre a Páscoa e o dia de Pentecostes. Anos. Provavelmente indica o Ano do Jubileu, o quinquagésimo ano no qual os escravos deveriam ser libertos, as terras das famílias, devolvidas aos seus primeiros proprietários e a terra, alqueivada (Lv 23— 25). Os judeus comemoravam todas essas festas para agradar a Deus. 4.11 — Nessa seção (Gl 4-8-20), Paulo usa duas variações sobre o conceito de trabalho: (1) Inicialmente, ele fala de ter trabalhado em vão para convosco quando vos anunciei o evangelho (Gl 4-13); (2) Em seguida, ele usa a analogia das dores de parto para descrever a dificuldade de promover o crescimento cristão dos gálatas até que Cristo seja formado em vós (Ef 4.13).


4.12 — Rogo-vos. Para ir além do presente dilema, Paulo apela aos gálatas para que sigam seu exemplo (1 Co 11.1). Ele havia abandonado as regras e as ordenanças cerimoniais ligadas ao judaísmo para que pudesse pregar livremente o evangelho de Cristo para judeu e gentio de igual modo nas cidades da Galácia. Os gálatas também não deveriam criar empecilhos para o evangelho de Cristo com leis e ordenanças. 4.13-15 — Paulo descreve a proximidade e o entendimento que existiam entre ele e os gálatas quando ele lhes anunciou o evangelho inicialmente. Ele lembra como os gálatas cuidaram dele em sua doença, tratando-o como fariam a um anjo, ou até ao próprio Cristo. A fraqueza da carne de Paulo poderia ter sido uma doença contraída a caminho da Galácia, uma consequência de ter ficado cego na estrada para Damasco (At 9.3,8) ou uma consequência de ter sido apedrejado (At 14-19). Alguns sugerem que Paulo estava praticamente cego. Isso explicaria a referência aos olhos, bem como ao tamanho de suas letras, mencionado em Gálatas 6.11. Poderia ter sido a enfermidade sobre a qual Paulo escreveu em sua carta aos Coríntios. Paulo pediu várias vezes a cura para o Pai, mas Deus se negou a curá-lo porque a fraqueza do apóstolo mostrava a força do Senhor (2 Co 12.7-10). 4.16 — Uma pessoa com motivos puros e amizade verdadeira nem sempre diz coisas que são agradáveis de ouvir. Paulo estava dizendo a verdade aos gálatas, e, consequentemente, estava sendo chamado de inimigo deles. Às vezes, a verdade dói, mas um amigo fiel diz a verdade com coragem. 4.17, 18 — A própria ocupação de Paulo de perseguir os cristãos provava que o zelo pode ser tragicamente mal orientado (Gl 1.13,14). Paulo foi contundente em sua declaração de que os falsos mestres na Galácia estavam cometendo o mesmo erro que ele havia cometido antes de sua conversão. O zelo que tinham pela Lei os estava deixando cegos para a liberdade e a verdade encontradas em Jesus Cristo. 4.19 — De um modo mais carinhoso, Paulo chama os cristãos gálatas de seus filhinhos por causa da falta de crescimento espiritual e profundidade deles. O apóstolo também descreve a si mesmo como a mãe espiritual dos gálatas. Paulo estava sentindo as dores de parto por causa deles de novo porque eles haviam caído em um erro sério.

4.20 — Paulo conclui seu apelo bastante pessoal aos gálatas (Gl 4-8-20) ao declarar que deseja estar presente com eles e que as coisas sejam diferentes. Mas, considerando o falso ensino que havia no meio deles, o apóstolo tem um bom motivo para estar perplexo com a condição espiritual dos gálatas. 4.21-31 — Nessa seção, Paulo desenvolve uma alegoria para complementar seu argumento de que a justificação sempre foi pela fé e que isso não mudou por causa do surgimento da Lei (Gl 3.6-25). Embora haja outros exemplos bíblicos de alegoria — ou seja, dar um sentido figurado aos detalhes de uma história (Is 5.1-7) — , Paulo não está re comendando, nem mesmo aceitando, o uso da interpretação alegórica. A alegoria é uma legítima figura de linguagem para expressar uma verdade literal, enquanto a alegorização é uma distorção ilegítima de fatos históricos para criar um sentido espiritual oculto mais profundo. Paulo está baseando-se em uma perspectiva judaica comum na época, provavelmente usada pelos falsos mestres na Galácia para tentar respaldar as concepções deles. Paulo talvez esteja “invertendo as posições” ao usar o próprio método deles para levá-los ao descrédito. 4.21,22 — Mais uma vez, Paulo menciona a lei e a experiência de Abraão, dando atenção ao respeito fundamental dos falsos mestres por Abraão (Gl 3.6-9) e à obsessão dos gálatas por viverem debaixo da Lei. Para encerrar seu extenso argumento sobre a escravidão da Lei e a liberdade encontrada em Cristo, Paulo usa como exemplos os dois filhos de Abraão: Ismael, que nasceu da escrava Agar (Gl 4-24), e Isaque, que nasceu de Sara, a esposa legítima e livre. De um modo adequado, Paulo se opõe ao zelo dos falsos mestres judeus pela Lei com um argumento baseado na Lei, o Pentateuco (Gn 16.15; 21.2). Ele usa a alegoria para provar o que quer dizer porque era uma técnica retórica que os falsos mestres usavam. Em outras palavras, Paulo estava mostrando que, assim como eles, também poderia argumentar com a Lei , mas para provar que a Lei de Moisés apontava para o Messias, Jesus Cristo. 4.23 — Em Gênesis 16, Abraão e Sara tentaram cumprir a promessa de Deus por meio da própria força, usando Agar, uma escrava. A despeito das complicações causadas por aquela alter nativa carnal, Sara, a livre, no final


viu o milagre da promessa de Deus sendo realizado no nasci mento de Isaque (Gn 12.2; 15.4). 4.24 — Alegoria. Paulo estava usando o método alegórico comum dos judeus da época para defender seu ponto de vista. Ele usou essa figura de linguagem para fazer um forte contraste entre dois concertos bíblicos divergentes nas igrejas na Galácia: a promessa abraâmica (Gn 12.1-3) e a Lei de Moisés que Deus deu a Israel no monte Sinai. 4.25 — Paulo comparou Jerusalém, o centro da vida judaica, ao monte Sinai, o lugar onde surgiu a Lei de Moisés. 4.26 — A Jerusalém que é de cima representa a esperança judaica do céu finalmente vinda à terra (Ap 21; 22). Uma vez que a expressão todos nós obviamente se refere ao que é livre por meio da fé em Cristo (Gl 4.7), para Paulo, o que estava em questão não era a lealdade a Jerusalém, mas a lealdade à qual Jerusalém - a nova ou a velha? Os gálatas seguiriam a presente Jerusalém, lega lista e de visão estreita, ou a liberdade da Jerusalém celestial? 4.27 — Paulo cita Isaías 54.1, usando a pro fecia segundo a qual Israel seria restaurado do juízo e do exílio para ilustrar como os filhos da promessa que nasceriam mais tarde, por fim, acabariam excedendo em número a descendência anterior. 4.28-30 — Essa parte da alegoria de Paulo está baseada em Gênesis 21.9,10. Ismael continuamente perseguia seu meio-irmão mais velho, Isaque. Por fim, Ismael e sua mãe, Agar, foram expulsos porque Ismael não era visto por Deus como herdeiro (nvi) de Abraão. Ao criar um paralelo entre a história de Gênesis e a situação dos gálatas, Paulo mostra que (1) já era de se esperar a perseguição pelos legalistas judeus de sua época e (2) ela não continuaria por tempo indeterminado porque os legalistas logo seriam expulsos. 4.31— 5.1 — Assim representa a conclusão da seção anterior, enquanto pois sinaliza que Paulo vai aplicar essa verdade espiritual à vida dos cristãos gálatas. Ser filhos da escrava (nvi) é ser escravos da aliança feita no monte

Sinai (Gl 4.24,25), a Lei de Moisés. Ser filho da livre é seguir o exemplo de fé de Abraão (Gl 3.6-9), ser nascido segundo o Espírito (Gl 3.2; 4.29) e estar destinado à Jerusalém que é de cima (Gl 4.26). Ao entender essas realidades, os crentes em Cristo devem estar sempre firmes na liberdade de não terem de cumprir a Lei de Moisés para serem salvos. Os gálatas estavam na iminência de se tornar escravos da Lei novamente.

Gálatas 5 5.2-4 — Os mestres judeus legalistas na Galácia estavam incitando os cristãos a se deixarem circuncidar (Gl 6.12,13). Paulo ressalta que ser circuncidado muda inteiramente a orientação da salvação, que, em vez de ser pela graça de Deus, passa a ser pelas ações do indivíduo. Quem é circuncidado na tentativa de obter a aceitação de Deus é obrigado a guardar toda a lei, o que a história mostrou amplamente que ninguém pode fazer (Rm 3.10-18). E uma perda dupla: não podemos ser justificados pela lei (Gl 2.16, n v i), e os que tentam fazer isso separam-se [totalmente] de Cristo (nvi) , fazendo com que Sua morte redentora na cruz de nada lhes sirva. O que os mestres legalistas judeus fizeram com respeito à circuncisão não é diferente em princípio do que fazem mestres legalistas de todas as épocas. 5.4 — Alguns entendem a expressão caíram da graça (nvi) como uma referência à perda da salvação. No entanto, caíram da pode referir-se à atitude deles e à mensagem que essa atitude transmite, e não à sua salvação eterna. 5.5 — A fé em Cristo suscita não somente a justificação diante de Deus, mas também o crescimento na vida cristã até sermos completa mente glorificados por Deus e estarmos livres da presença do pecado. Essa é a esperança da justiça. Podemos ter a certeza de que seremos declarados justos diante do Senhor naquele último dia, por que já podemos usufruir agora daquela justiça vinda do Espírito que vive em nós (2 Co 5.5). 5.6 — Pela fé é possível cumprir a ordem d amor ao próximo dada por Cristo (Gl 4.13,14; Jo 13.34,35).


5.7,8 — Corríeis bem. A forma promissora com que os gálatas iniciaram a corrida da vida cristã não teve continuidade. Sem dúvida, seu retorno ao legalismo não era da vontade de Deus. 5.9, 10 — O fermento simboliza os intrusos com sua falsa doutrina e má influência. Eles es tavam tirando dos gálatas o evangelho do perdão gratuito. Quem causa um mal assim sofrerá a condenação de Deus (2 Co 5.10). 5.11 — Eu, porém, irmãos. Paulo compara-se com os legalistas. Os legalistas acusavam Paulo de inconsistência e duplicidade. Eles interpretaram mal o ato de Paulo de ter circuncidado Timóteo (At 16.3). Paulo não poderia pregar a circuncisão e a cruz ao mesmo tempo, pois ambas são contraditórias. A cruz causa escândalo porque proclama a graça imerecida da parte de Deus (Gl 2.21), não deixando espaço para as boas obras do homem. 5.12 — Cortados. O dano espiritual causado pelo ensino legalista com relação à circuncisão e à Lei era tão sério que Paulo usou palavras fortes e sarcásticas para enfatizar seus argumentos. Os falsos mestres deveriam ir além da mera circuncisão e mutilar a si mesmos. Essa afirmação exa gerada revela a frustração de Paulo com aqueles que enlameavam a clara mensagem do evangelho da graça de Deus. 5.13,14 — A liberdade apresenta uma tentação contrária ao legalismo. A pessoa pode ser tentada a ver a liberdade em Cristo como uma ocasião [egoísta] à carne, em outras palavras, uma oportunidade para fazer tudo o que queira fazer. Contudo, Paulo mostra que a verdadeira liberdade cristã serve para que os cristãos sirvam uns aos outros (nvi) em caridade (Gl 5.5,6). 5.15 — Quando os cristãos seguem seus de sejos pecaminosos (Gl 5.13), eles começam a criticar uns aos outros e a contender entre si. Essa conduta egoísta causa seu próprio fracasso. Aqueles que criticam e atacam normalmente acabam por se destruírem (n v i) em brigas inúteis.

5.16-18 — Esses versículos introduzem o contraste entre a obra do Espírito e a obra da carne na vida do cristão. O Espírito deveria ser entendido como uma referência ao Espírito Santo ou ao espírito humano? A carne é a propensão pecaminosa que habita em nós como consequência da queda. Satanás opera por meio da carne para nos levar ao pecado, enquanto Deus trabalha por meio de nosso espírito humano pelo seu Espírito Santo para produzir virtudes cristãs que lhe agradem. Independente de ser Espírito ou espírito, a verdade desses versículos permanece imutável. 5.16 — A única maneira consistente de vencermos os desejos pecaminosos de nossa natureza humana (a carne) é vivermos dia após dia no poder do Espírito Santo enquanto Ele opera por meio de nosso espírito (Gl 5.25). A forma futura na negativa (não cumprireis) é uma notável pro messa. Andar a cada momento pela fé na palavra de Deus sob o controle do Espírito é garantia de vitória absoluta sobre os desejos de nossa natureza pecaminosa. 5.17 — O potencial da carne estimulada por Satanás na vida do cristão não deveria ser subestimado. Se não tiver rédeas, a carne controlará nossas escolhas, levando-nos a fazer o que sabemos que não deveríamos fazer. Esse conflito interior entre a carne e o Espírito é muito real, mas as opiniões sobre seu significado preciso divergem consideravelmente. Alguns acreditam que carne aqui se refira a uma “natureza pecaminosa” que persiste após a salvação, enquanto outros a veem como simplesmente a carne física e suas tendências naturais. Há ainda quem se concentre nos hábitos e padrões “carnais” ou “mundanos” que persistem após a justificação. Embora o significa do preciso de carne seja incerto, a intenção de Paulo é clara. Os desejos de nossa carne estão em conflito com o que o Espírito Santo deseja para nós: sermos livres do pecado. 5.18 — Aqueles que são guiados pelo Espírito Santo exibem uma qualidade de comportamento (Gl 5.22,23) que vai além das exigências do código mosaico. 5.19-21 — As obras da carne incluem porfias e emulações destrutivas, mas vão muito além de las. Onde existe esse comportamento existe a prova de que a pessoa não está vivendo no poder do Espírito Santo (Gl 5.16,18,22,23), mas está sendo instigada por Satanás e suas hostes (Mt


16.23; At 5.3). A carne se expressa na imoralidade sexual e na indecência (prostituição, lascívia), na adoração a ídolos e no ocultismo (feitiçarias), e em outros atos como homicídios, bebedices e festas extravagantes (glutonarias). Mas ela também se manifesta nestes pecados socialmente aceitos como inimizades, iras, pelejas, dissensões, heresias (gr. haireseis, falsas crenças), e até invejas. E coisas semelhantes a estas mostram que essa é uma lista representativa, e não uma lista completa desses pecados (veja outra lista em 1 Co 6.9,10). 5.22,23 — Espírito. A dúvida aqui é se Paulo se refere especificamente às obras realizadas pelo espírito humano regenerado ou às obras realizadas pelo Espírito Santo na vida do cristão. A analogia do fruto relembra o ensino de Jesus sobre a videira, as varas e a boa colheita (Jo 15.1-5). Convém ao cristão lembrar que, sem Cristo e sem o Espírito Santo (Gl 4.6), nada [poderá] fazer (Jo 15.5). Uma vez que fruto está no singular, tudo indica que as seguintes características (caridade, temperança) são vistas como uma unidade harmoniosa. Trata-se de um prisma multifacetado que exibe sua beleza de formas diversas, porém integradas. Portanto, haverá temperança na mesma medida em que houver caridade. Uma vez que a caridade foi mencionada em Gálatas 5.6,13,14 de um modo que resume a qualidade da vida cristã, é provável que a caridade apareça como o item mais abrangente da lista. Sem dúvida, essa complexa descrição do caráter assemelha-se à de Jesus, a qual se ajusta ao cristão que está em Jesus Cristo pela fé (Gl 5.5,6) e que tem o Espírito de Cristo em seu íntimo (Gl 4.6) e guiando seus passos (Gl 5.18). 5.24 — O cristão está espiritualmente crucificado com Cristo (Gl 2.20). Ele não mais precisa obedecer aos valores ou desejos do mundo (Gl 6.14). No entanto, ainda lhe é difícil aplicar a realidade espiritual às paixões (afeições) e concupiscências (desejos) da carne (v. 16). Os que dominaram esses desejos pecaminosos são os que mantiveram o foco em Deus (Jr 9.23,24; Dn 11.32; Jo 17.3; Hb 12.1-3). 5.25,26 — Nesses versículos, Paulo exorta os gálatas para que andem no Espírito porque eles já estão vivendo no Espírito. Essa ação deveria ser natural, mas, infelizmente, estamos em guerra com a carne. Andemos também no Espírito significa obedecer ao impulso do Espírito Santo. Os

cristãos que seguem a direção do Espírito (v. 16) não serão cobiçosos, não provocarão os outros nem terão inveja.

Gálatas 6 6.1-5 — Paulo deixa de falar da responsabilidade do cristão para com o pecado a fim de discutir a restauração espiritual dos pecadores (Gl 6.1) e dos irmãos sobrecarregados (Gl 6.2) antes de considerar também a responsabilidade pessoal (Gl 6.3-5). 6.1 — Alguma ofensa provavelmente evoque as obras [pecaminosas] da carne em Gálatas 5.19-21. Chegar a ser surpreendido significa ser pego desprevenido, talvez em um momento vulnerável. Os irmãos precisam abordar com mansidão (Gl 5.22) o cristão que teve a vida destruída pelo pecado. Aqueles que não são controlados pelo Espírito Santo muitas vezes se vangloriam quando se comparam com o cristão que caiu (Gl 6.3,4). Assim como um médico pode contrair uma doença enquanto está tratando de um paciente, aquele que está restaurando um pecador caído pode ser tentado a cair em pecado. Cuide-se, porém, cada um para que também não seja tentado (nvi). Vale a pena considerar esse perigo. 6.2 — É provável que a lei de Cristo mencionada aqui seja a suma da Lei: Amarás o teu próximo (Gl 5.14; Mt 22.39; Jo 13.34,35). O termo cumprireis sugere que optar por levar os fardos (Gl 6.2 , nvi) de outro cristão (ou restaurar outro cristão de um pecado grave, Gl 6.1) é exatamente o que Cristo espera de todos os cristãos. A palavra grega usada para fardos referese a algo que vai além da capacidade normal de carregar, em oposição a uma carga (Gl 6.5), que é o que se espera que uma pessoa possa carregar. 6.3, 4 — Quem conclui ser alguma coisa especial, por meio de autocomparação com aqueles que parecem ter caído, na verdade engana-se a si mesmo. Em vez de examinar e julgar os outros, o cristão deve sempre examinar a sua própria obra para ver se ele está seguindo à risca o exemplo de Cristo (1 Co 11.31; 2 Co 13.5).


6.5 — Cada qual levará a sua própria carga para não sobrecarregar outros cristãos, ou pôr um fardo indevido (Gl 6.2, n v i) sobre eles. Embora seja uma prioridade fazer o bem, principalmente para outros cristãos (Gl 6.10), há limites de tempo e de outros recursos que devem ser considerados.

Fonte: https://bibliotecabiblica.blogspot.com/2018/03/significado-de-galatas1.html


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