As Parábolas de Jesus

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As Parรกbolas de Jesus


As Parábolas de Jesus As parábolas de Jesus são ensinamentos onde nosso Senhor tratou de forma simples, objetiva e ao mesmo tempo elaborada, os temas essenciais da mensagem do Evangelho. Através de suas parábolas, Jesus ensinou acerca do amor; da graça; da misericórdia de Deus; do reino dos céus e o seu governo; do novo padrão de vida que deve caracterizar seus seguidores; a realidade de sua segunda vinda iminente e o destino final e eterno de todos os homens. As parábolas de Jesus não podem ser comparadas a nenhuma outra parábola existente, devido à tamanha originalidade e propósito. De forma geral, as parábolas de Jesus possuem uma mensagem central bastante clara acerca das coisas do reino de Deus, mas ao mesmo tempo também são muito profundas em suas aplicações. Por isso somente os verdadeiros seguidores do Senhor Jesus podem compreendê-las plenamente. Geralmente a lista das parábolas de Jesus contém cerca de 40 parábolas. Sem dúvida, as parábolas de Jesus Cristo são fundamentais a todo cristão verdadeiro, pois revelam a vontade e a Palavra de Deus.

Índice Evangelho Segundo Mateus 1. O joio — Mateus 13.24-30 2. O tesouro escondido — Mateus 13.44 3. A pérola — Mateus 13.45-46 4. A rede — Mateus 13.47-50 5. O credor incompassivo — Mateus 18.23-24 6. Os trabalhadores no vinhedo — Mateus 20.1-16 7. Os dois filhos — Mateus 21.28-31 8. A festa das bodas — Mateus 22.2-14 9. O ladrão da noite – Mateus 24:42-44

10. As dez virgens — Mateus 25.1-13 11. As ovelhas e as cabras — Mateus 25.31-36 12. Os Talentos - Mateus 25:14-30 e Lucas 19.12-27 Evangelho Segundo Marcos 1. O retorno do proprietário — Marcos 12.1-9 2. A semente que cresce — Marcos 4.26-29 Evangelho Segundo Lucas 1. A roupa nova — Lucas 5.36 2. O vinho novo em odes velhos — Lucas 5.37-38 3. Os dois alicerces — Lucas 6.47-49 4. Meninos na praça - Lucas 7:31-35 e Mateus 11:16-19 5. Os dois devedores — Lucas 7.41-43 6. O semeador — Lucas 8.5-8 7. A lamparina — Lucas 8.16-18 8. O bom samaritano — Lucas 10.30-37 9. O Amigo Importuno — Lucas 11.5-8 10. O rico sem juízo — Lucas 12.16-21 11. Os empregados alertas — Lucas 12.35-40 12. O servo vigilante — Lucas 12.42-48 13. A figueira sem figos — Lucas 13.6-9 14. A semente de mostarda — Lucas 13.18-19 15. O fermento — Lucas 13.20-21 16. Os Primeiros Lugares - Lucas 14:7-14 17. A grande festa — Lucas 14.15-24 18. A construção duma torre — Lucas 14.28-33 19. A ovelha perdida — Lucas 15.4-7 20. A moeda perdida — Lucas 15.8-10 21. O filho (perdido) pródigo — Lucas 15.11-32 22. O administrador desonesto — Lucas 16.1-8 23. O homem rico e Lázaro — Lucas 16.19-31 24. Os servos — Lucas 17.7-10 25. A viúva e o juiz — Lucas 18.2-5 26. O fariseu e o cobrador de impostos — Lucas 18.10-14 27. Os lavradores maus — Lucas 20.9-16 28. A figueira sem folhas — Lucas 21.29-31


Evangelho Segundo Mateus 1. Parábola do Joio e do Trigo

Mateus 13:24-30

O próprio Jesus explicou a Parábola do Joio e do Trigo aos seus discípulos. Eles não tinham entendido esta parábola, e depois de Jesus ter despedido a multidão, eles lhe pediram explicação. Jesus explicou a parábola dizendo que o homem que semeia a boa semente é o Filho do homem, ou seja, Ele próprio. Vale saber que o título ―Filho do homem‖ é a autodesignação mais utilizada por Jesus. Este é um título muito significativo que aponta tanto para sua plena humanidade quanto para sua plena divindade. O campo, na parábola, serve como representação do mundo. A boa semente de trigo representa os filhos do Reino, enquanto que o joio representa os filhos do maligno. Consequentemente, o inimigo que semeou o joio é o diabo. Por último, a ceifa representa a consumação dos séculos, e os ceifeiros, aos anjos. Os anjos ao serviço do Senhor no dia final, como ceifeiros, tirarão do Reino todo joio, ou seja, tudo o que foi semeado pelo diabo, isto é, os ímpios, aqueles que praticam o mal e são motivos de tropeço. Eles serão lançados na fornalha ardente, onde haverá choro e ranger de dentes. Por outro lado, a boa semente, isto é, os justos, brilharão como sol no Reino de Deus (Mateus 13:3643). O objetivo de Jesus em expressar a ideias de semelhança e contraste é perfeitamente alcançado no uso das duas sementes. O joio da qual Jesus fala nesta parábola, trata-se de uma erva terrível chamada tecnicamente de Lolium Temulentum. Esta erva é uma praga relativamente comum em muitas lavouras de trigo. Em seus primeiros estágios, enquanto ainda está em folhas, ela se assemelha muitíssimo ao trigo, tornando inviável arrancá-la do meio do trigo. Mas as semelhanças param por aqui. O joio pode ser hospedeiro de um fungo que produz toxinas venenosas que podem causar efeitos gravíssimos se consumido por animais e humanos. Portanto, enquanto o trigo é base dos mais variados alimentos, o joio é uma erva daninha. Mas ao amadurecer, quando as espigas são formadas, as semelhanças entre essas duas sementes acabam. No dia da colheita, nenhum ceifeiro comete o erro de colher joio em lugar do trigo.

A Parábola do Joio e do Trigo fala do caráter heterogêneo atual do Reino, mas também ressalta sua consumação futura em plena pureza e esplendor. Assim como em uma lavoura que enquanto as plantas crescem ervas indesejadas também crescem junto, assim também ocorre no Reino. Mas no final, tanto a lavoura quanto o Reino, são submetidos a uma rigorosa limpeza. Isto ocorre no dia da ceifa. Neste dia os ceifeiros separam o resultado da boa semente da praga que cresceu no meio dela. Então o significado da Parábola do Joio e do Trigo aponta para a realidade da existência do mal entre o bem no Reino. Em determinados estágios, o mal se alastra de uma forma tão sorrateira, que é praticamente impossível diferenciá-lo. Mas o significado desta parábola também revela a verdade de que no final o Filho do homem cuidará, através de seus anjos, de separar os bons dos maus. Nesse dia os ímpios serão tirados do meio dos redimidos. Os filhos do maligno serão perfeitamente distinguidos dos filhos de Deus e serão lançados no lugar de tormento. Mas os fiéis entrarão na bem-aventurança eterna. Eles estarão para todo sempre ao lado do Senhor. Eles não brotaram como uma erva daninha no campo, mas foram plantados pelas mãos do grande Semeador. Eles são frutos da boa semente, e a boa semente jamais resultará em praga. Apesar de muitas vezes terem que dividir a lavoura com o joio, o celeiro daquele que os plantou está reservado exclusivamente para recebê-los. Jesus conclui esta parábola com as conhecidas palavras: ―Aquele que tem ouvidos, então ouça‖ (Mateus 13:43). Certamente a Parábola do Joio e do Trigo, através de seu significado central, nos ensina valiosas lições e devemos estar atentos a ouvi-las. A necessidade da paciência diante do joio A principal lição que devemos tomar da Parábola do Joio e do Trigo diz respeito à paciência. A ordem para deixar que o joio cresça no meio trigo fala exatamente disto. Mas ao contrário do que alguns pesam, esta não é uma ordem para que o pecado seja tolerado no meio da Igreja. Sobre isto, W. Hendriksen ressalta que o ensino de Jesus neste ponto é que simplesmente seus servos devem estar dispostos a esperar pacientemente pela decisão do Filho do homem no dia da ceifa.


O joio está misturado no meio do trigo Satanás se empenha em falsificar a mensagem do Evangelho, de modo que seus representantes se misturam no meio do verdadeiro povo de Deus. É interessante notar que o joio não foi semeado numa lavoura vizinha de onde o trigo foi semeado. O joio semeado pelo maligno está no meio da igreja visível. Eles se misturam e se tornam muitas vezes imperceptíveis, e buscam entrelaçar suas raízes com o intuito de fazer com que os verdadeiros crentes tropecem em seus enganos. Portanto, aqueles que professam o falso evangelho se parecem com trigo, mas na realidade são ervas daninhas. Eles jamais poderão ser genuínos embaixadores do Reino, pois são agentes de Satanás. O joio será definitivamente separado do trigo Por mais que o joio cresça no meio do trigo, esta aparente união não será definitiva. Como foi dito, o joio cresce na mesma lavoura do trigo, sobre a mesma terra. Ele recebe os mesmos nutrientes, o mesmo adubo e é regado pela mesma água. Mas um carrega em si a vida, enquanto outro carrega em si a morte. Por ocasião do juízo, os filhos de Deus e os filhos do diabo serão permanentemente separados. No dia do juízo final toda impureza será arrancada do Reino. Tudo aquilo que afronta e transgride a Lei de Deus será removido. A verdadeira Igreja estará finalmente reunida em todo esplendor com Aquele que a plantou e que lhe foi sua Pedra Angular. Então os redimidos viverão por toda a eternidade no universo transformado, não mais sujeito aos efeitos do pecado. Mas é importante que jamais nos esqueçamos: esta separação ocorrerá somente no dia da ceifa, não antes disto. 2. A Parábola do Tesouro Escondido

Mateus 13.44

Jesus conta a história de um homem que, cavando um buraco num campo, encontrou um tesouro que havia sido escondido ali. Essa era uma prática considerada comum naquela época, pois as casas não eram tão seguras contra invasões de ladrões, além de que, na antiga Palestina, sempre existia algum risco de um possível conflito estourar o que poderia ocasionar eventuais saques de bens. Portanto, os chefes de família muitas vezes enterravam uma parte, ou quase toda a totalidade de seus bens. A parábola não esclarece quem enterrou o tesouro, nem mesmo por quanto tempo ele ficou enterrado no campo. O problema dessa prática é que muitas

vezes o chefe de família não contava a ninguém onde havia enterrado o tesouro. Logo, quando um proprietário morria, a localização de seu tesouro permanecia um segredo. Nesta parábola, o caso parece ser este. Também não sabemos a identidade do homem que encontrou o tesouro, nem mesmo com direito ele cavava ali. O homem poderia ser um empregado ou mesmo um arrendatário daquele campo. Sabemos apenas que ele estava cavando no campo, o significava que ele tinha direito para tal. A parábola também mostra de forma implícita o fator ―surpresa‖, isto é, seja qual fosse o motivo que levara o homem a cavar àquele campo, certamente ele não o fazia em busca de um tesouro. Foi algo inesperado. A parábola mostra também a honestidade daquele homem que, ao invés de fugir com o tesouro encontrado, o enterrou novamente a fim de adquirir legalmente o direito sobre ele ao comprar o campo. Para adquirir o campo, o homem precisou vender tudo o que tinha, mas ele não se importou com isso, pois a alegria em possuir o tesouro era muito maior. Pelo fato de o campo estar à venda, isso também nos leva a concluir que não havia sido o atual proprietário que enterrou tal tesouro. O significado desta parábola pode ser encontrado nas palavras do apóstolo Paulo: ―Mais do que isso, considero tudo como perda, comparado com a suprema grandeza do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor, por cuja causa perdi todas as coisas. Eu as considero como escória para poder ganhar a Cristo e ser encontrado nele, não tendo a minha própria justiça que procede da lei, mas a que vem mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus e se baseia na fé. (Filipenses 3:8,9) Tal como o homem que cavou no campo, o Apóstolo Paulo também havia se deparado inesperadamente com esse tesouro no caminho para Damasco (At 9:1-19). Como acontece com todas as Parábolas de Jesus, nesta, as pessoas também insistem em aplicar significados alegóricos aos elementos descritos, dentre os quais, o mais conhecido é aquele que defende que o campo é a Palavra. Porém, o exemplo de Paulo mostra que não devemos restringir dessa forma a aplicação desta parábola, já que o Apóstolo não estava lendo as Escrituras quando se deparou com o tesouro. O mesmo aconteceu com Natanael (Jo 1:46-51), com a mulher samaritana (Jo 4:1-44) e com tantos outros. Certamente o ensino principal da parábola consiste em que o tesouro escondido é o próprio Cristo e seu reino, inclusive a salvação, que nos proporciona o grande privilégio de assim sermos transformados


definitivamente. A parábola não está ensinando que devemos comprar a salvação, ao contrário, o recurso utilizado por Jesus Cristo tem o objetivo de mostrar a tamanha preciosidade e seu valor incalculável na vida daquele que a encontra sem ao menos ter procurado por ela, a ponto de renunciar tudo o que possui apenas pelo prazer de desfrutar de sua posse. Lição importante da Parábola do Tesouro Escondido Além do ensino principal desta parábola que já foi citado, temos uma lição importante que devemos sempre aplicar em nossas vidas: Encontramos um tesouro incalculável: talvez quando os amigos daquele homem o viram vender tudo sem motivo aparente pensaram que ele estava cometendo um terrível erro, ou até mesmo, quem sabe, enlouquecendo. Esse é o comportamento de muitos que nos cercam ao não compreenderem o grande valor do tesouro que possuímos. Eles não entendem quando renunciamos as facilidades dessa vida, a possibilidade de nos dar bem a qualquer custo, ou mesmo quando deixamos passar oportunidades ―imperdíveis‖ por amor ao Reino de Deus. Talvez as poucas linhas de um antigo hino nos ajude a explicar essa condição inexplicável: Tudo, sim, por ti darei! Resoluto, mas submisso, Sempre, sempre, seguirei! Tudo entregarei! Tudo entregarei! Sim, por ti, Jesus bendito, Tudo deixarei! 3. A Parábola da Pérola de Grande Valor

Mateus 13.45-46

Nessa parábola, Jesus conta a história de um homem mercador que está à procura de pérolas. Durante essa procura, ele encontra uma pérola de valor excepcional, porém, para comprá-la, esse homem precisa vender tudo o que têm. Prontamente ele faz o que precisa ser feito, ele vende as suas posses para poder adquirir a pérola de grande valor. Nos dias de Jesus as pérolas eram muito procuradas, e seu valor já era conhecido. Geralmente as pérolas de maior valor eram obtidas do Golfo Pérsico ou do Oceano Índico, sendo que os mercadores podiam ir até a região da Índia em busca de boas pérolas. As pérolas mais baratas e com qualidade inferior

vinham quase sempre do Mar Vermelho. Tudo isso deixa claro que para que alguém conseguisse as pérolas mais valiosas era preciso viajar muito. O homem da história contada por Jesus estava buscando as melhores pérolas. Não sabemos para onde ele viajou, sabemos apenas que sua busca foi bem sucedida. Note que o texto diz que esse homem ―busca boas pérolas‖. Isso significa que, quando ele encontra a pérola que o surpreende, ele está em plena atividade de seu trabalho. Ele estava buscando pérolas, mas, mesmo buscando, o que ele encontra o surpreende. Ele encontrou a melhor pérola que já havia visto em toda sua vida. Aqui podemos ver certa semelhança no tocante a ―surpresa‖ tal como encontramos na Parábola do Tesouro Escondido. Na Parábola do Tesouro Escondido o homem não está procurando tesouro algum e é surpreendido, enquanto nessa, ele está procurando pérolas, mas é surpreendido com o resultado de sua busca. O ensino principal dessa parábola é o mesmo da Parábola do Tesouro Escondido. Essa parábola trata da disposição de se entregar tudo em favor de um bem de valor incalculável, do próprio Cristo e seu reino. Tal como na parábola anterior, aqui o mercador vende tudo o que têm para poder comprá-la. É importante ressaltarmos que esse ensino não implica em um tipo de ―compra‖ da salvação. Sabemos que a salvação é um dom gratuito de Deus, e o ato de ―comprá-la‖ é no sentido de obtermos posse lícita sobre ela, e isso fazemos não pela nossa própria capacidade ou recursos, mas pela graça, mediante a fé em Cristo, de modo que até mesmo a fé que exercemos é dom divino (Ef 2:8). Lição importante da Parábola da Pérola de Grande Valor Além do ensino principal desta parábola que já foi citado, podemos perceber uma lição importante que se encaixa na vida de muitos cristãos quando encontraram Cristo: Alguns encontram buscando diligentemente: aqui é interessante fazer um paralelo entre as duas parábolas (O Tesouro Escondido e A Perola de Grande Valor). Ambas as parábolas englobam a vida de todos os cristãos. Uns encontram o maravilhoso tesouro sem ao menos estarem procurando, enquanto outros encontram a pérola de grande valor após uma busca incessante. Todos nós nos enquadramos em uma das duas situações. Sabemos que ao homem caído e corrompido pelo pecado é impossível buscar por si mesmo a Cristo, mas muitos cristãos, antes de sua conversão, buscavam algo que poderia satisfazêlo. Procuraram e procuraram por um longo tempo, muitas vezes sem ao menos saber o que estavam procurando, ate que, nessa procura, se depararam com o


precioso tesouro da salvação e de uma nova vida pelo Espírito. Eles ficam exultantes, eles encontraram o Cristo. Mesmo tendo procurado, se surpreendem com o imenso tesouro que encontraram. Se na Bíblia temos exemplos de pessoas que encontraram o tesouro escondido sem ao menos procurá-lo, como o Apóstolo Paulo no caminho de Damasco (At 9:1-19), também temos exemplos de pessoas que encontraram a pérola de grande valor após uma busca diligente, como por exemplo, o eunuco etíope (At 8:26-38), Cornélio (At 10:1-33), o carcereiro (At 16:29-34) e tantos outros. 4. A Parábola da Rede

Mateus 13.47-50

Como vimos acima, a rede apanhava tanto os peixes próprios para o consumo quanto os impróprios. Em outras palavras, a rede trazia peixes bons e maus. Devemos nos lembrar também que muitas espécies eram consideradas impuras de acordo com as tradições judaicas. Peixes sem barbatanas e sem escamas não podiam ser utilizados (Lucas 11:10). Então eles deveriam ser lançados de volta à água. Os peixes comestíveis e comerciáveis eram separados em baldes e barris, enquanto os demais eram descartados. Essa ideia de seleção deve ser mantida em mente para entendermos o ensino principal dessa parábola que claramente focaliza o dia do juízo final. Usando elementos do cotidiano de seus discípulos, Jesus conseguiu ensinar e comunicar uma verdade espiritual de que devemos nos ocupar com a tarefa que nos foi confiada. Devemos pescar homens com a pregação do Evangelho da salvação. Devemos convidar todos ao arrependimento, sem distinção. Mas devemos apontar para a forte realidade que o grande dia do juízo virá. Nesse dia, então, o ímpio e o justo serão separados. Como dissemos, essa parábola possui muitas semelhanças com a Parábola do Joio e do Trigo. Da mesma forma como o joio e o trigo crescem juntos na lavoura, sem que sejam separados até o tempo da colheita, também os peixes, bons e ruins, são apanhados na rede e permanecem juntos até que a rede seja arrastada à praia. Mateus 13:49 explica que esse dia ocorrerá no fim deste século. A função dos anjos também é essencialmente a mesma em ambas as parábolas (Mateus 13:41,49). Por fim, o destino dos ímpios é descrito em dois versículos idênticos: E lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali haverá pranto e ranger de dentes. Mateus 13:42 (Parábola do Joio e do Trigo)

E lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali haverá pranto e ranger de dentes. Mateus 13:50 (Parábola da Rede) Lições da Parábola da Rede A Parábola da Rede ensina que haverá uma seleção. Da mesma forma com que a rede é lançada e peixes variados são apanhados até que, num determinado momento, ocorre a seleção, também o Evangelho da Salvação é ofertado e está constantemente pescando os homens (Lucas 5:10). Mas nem todos aqueles que são pescados por essa ―rede‖, ou seja, nem todos os que aparentemente entram no Reino e pertencem a Igreja visível são verdadeiramente salvos. Embora a rede esteja carregada de peixes, haverá o momento da separação. Jesus deixa claro que esse momento ocorrerá no dia do juízo. Nesse dia os anjos separarão os ímpios dos justos. A Parábola da Rede ensina que a rede é lançada a todos. A rede traz todos os peixes misturados, de forma que os pescadores, no momento da pesca, não podem escolher quais peixes devem ser pescados. De modo semelhante, nós, os seguidores de Cristo, escolhidos para sermos pescadores de homens, não podemos selecionar a quem o Evangelho deve ser anunciado. Isso significa que a pregação do Evangelho é dirigida a todos, sem qualquer discriminação. Esse princípio está diretamente ligado à outra parábola de Jesus: a Parábola das Bodas do Filho do Rei (Mateus 22:1-14). Nessa parábola os servos saem pelas ruas e reúnem todas as pessoas que encontram, tanto boas quanto más. Mas no final da parábola Jesus cita uma frase que também cabe muito bem ao contexto da Parábola da Rede. Ele diz: “Porque muitos são chamados, mas poucos os escolhidos”. A rede chama e carrega uma grande quantidade de peixes, mas na praia os escolhidos são selecionados. A Parábola da Rede ensina que só existem dois grupos. Sim, a rede reúne toda qualidade de peixes, ou seja, peixes de várias espécies e tipos. Entretanto, quando chega a hora da seleção, todas essas espécies se resumem em apenas dois grupos: os bons e os maus. Com isso aprendemos que, aos olhos humanos, embora exista uma variedade de pessoas, cada uma com suas qualidades e defeitos, de forma que uns se destacam mais do que outros e são reconhecidos como mais importantes sobre os demais, aos olhos de Deus todos se resumem a dois grupos: justos e ímpios. A Parábola da Rede ensina às vezes os ímpios podem ter aparência de piedade. É comum quando se fala em ímpio logo vir em nossa mente a ideia de


alguém nitidamente distante dos mandamentos de Deus, afundado no costume do pecado e praticando as mais diversas perversidades. Mas o termo ―ímpio‖ é muito mais abrangente, de forma que existem ímpios até mesmo dentro da Igreja. Às vezes olhamos para alguém e acreditamos fielmente estar diante de um justo, mas na verdade estamos diante de um hipócrita. Muitas pessoas aparentemente fazem parte da Igreja, mas na realidade, lá no íntimo onde só Deus conhece, elas não possuem qualquer ligação com a Igreja verdadeira. Com a boca elas confessam a Cristo, mas em seus corações não creem genuinamente n’Ele. 5. Parábola do Credor Incompassivo

Mateus 18:23-35

Jesus formulou uma narrativa com elementos bastante familiares aos seus ouvintes. Ele fala de um senhor poderoso, um rei, que chama seus servos para acertar as contas com eles. Esses servos logicamente parecem ser oficiais de grande importância em seu reino. Talvez Jesus tivesse em mente os governadores de províncias que tinham o dever de cobrar os impostos reais e repassar o valor arrecado ao rei. Isso pode explicar o tamanho da dívida do servo incompassivo. O servo devia dez mil talentos. Um talento era a mais alta unidade monetária da época. Um talento equivalia a no mínimo seis mil denários romanos ou dracmas gregas. Um denário ou uma dracma era o soma paga como salário pela jornada diária de um trabalhador. Isso significa que um operário precisaria de mil semanas para ganhar um só talento. Então mesmo para um administrador de província a soma de dez mil talentos era uma quantia impagável. Alguns comentaristas arriscam uma projeção do que significaria uma quantia de dez mil talentos na atualidade e sugerem um montante de no mínimo dez milhões de dólares. Jesus não explica como o servo incompassivo acumulou uma divida tão grande. Na verdade esse detalhe não tem importância para a mensagem da parábola. O grande objetivo é mostrar que o servo tinha uma dívida a qual não podia pagar. O fato de o rei ter ordenado que o servo devedor fosse vendido para o pagamento da dívida, juntamente com sua família e seus bens, está de acordo com o contexto histórico da época. Essa prática não era incomum naquele

tempo. Além disso, parece claro que mesmo essa ação pagaria apenas parte da dívida. Após ter tido sua dívida perdoada, Jesus diz que o servo incompassivo também tinha um devedor. Mas seu devedor lhe devia apenas cem denários. Isso equivalia a seiscentésimo milésimo da divida cancelada de dez mil talentos. Mesmo assim ele não demonstrou compaixão e agiu com maldade para com seu devedor. A dívida era tão pequena que ele não tinha o direito de vender seu conservo para reaver o valor; mas legalmente ele poderia exigir sua prisão e submetê-lo a trabalhos forçados para liquidar a dívida. Quando o rei soube disso, entregou o servo incompassivo aos torturadores. O texto original usa um termo grego que indica oficiais designados pelos tribunais, cuja tarefa era torturar aqueles que tinham cometido crimes terríveis. Quando o rei diz que o servo incompassivo deveria ser torturado até que a dívida fosse paga, obviamente isso significava que ele jamais escaparia de seu tormento. Isso porque sua dívida era impagável. Como fica claro, a Parábola do Credor Incompassivo ilustra o ensinamento de Jesus acerca de como se deve tratar a um irmão culpado. O significado principal dessa parábola é demonstrar a importância de se ter um espírito generoso que está disposto a demonstrar misericórdia àqueles que o ofende. A alta quantia da dívida que o rei perdoou ilustra a imensurável dívida do pecado que todos os homens possuem diante de Deus. Ninguém seria capaz de pagar tamanha dívida! Mas em Cristo Jesus, Deus perdoou todos os nossos delitos. Na cruz, Jesus não apenas pagou o preço pelo pecado de forma geral, mas quitou todos os nossos delitos; Ele eliminou a culpa de cada um dos nossos atos particulares de pecado (Colossenses 2:13). Então o pecador perdoado deve sempre agir sob a base da misericórdia perdoadora. O mínimo que se espera daquele que foi perdoado é que também demonstre perdão. Na verdade um coração que não perdoa também é um coração não perdoado. Por isso nesse ponto deve haver muito cuidado. W. Hendriksen observa que a Parábola do Credor Incompassivo nos ensina que os homens só podem ter certeza de que suas dívidas foram canceladas, se eles mesmos também cancelarem as dívidas daqueles que estão endividados em relação a eles. Isso significa que eles só podem experimentar a certeza do perdão, se estiverem dispostos a perdoar as ofensas cometidas contra eles. Além disso, por parte daquele que foi perdoado jamais deveria ser


difícil perdoar, visto que a divida que Deus lhe perdoou é infinitamente maior do que aquela que os homens lhe devem. Um verdadeiro cristão jamais deve se comportar como o credor incompassivo. Seu exemplo maior de perdão e misericórdia é Cristo. Todos nós somos devedores de Deus. Mas assim como Deus nos perdoa, devemos estar sujeitos a perdoar a todos aqueles que pecam contra nós. Esse perdão deve ser abundante, não apenas sete vezes mais, mas setenta vezes sete! 6. Parábola dos Trabalhadores da Vinha

Mateus 20.1-16

Sem dúvida a Parábola dos Trabalhadores da Vinha traz a ideia principal de que a recompensa de Deus é dada conforme a sua soberana vontade. Ele é justo e totalmente bondoso, embora essa justiça não pareça coerente aos olhos humanos. Na nossa mera interpretação humana, realmente pode parecer ter sido injusto o fato de o fazendeiro prover o mesmo pagamento para todos os trabalhadores da vinha. Mas os trabalhadores que chegaram por último na vinha, também precisavam sustentar as suas famílias da mesma forma que os que chegaram primeiro. Dessa forma, o proprietário foi generoso e bom para com todos. O interessante é que a bondade do proprietário pareceu ser injusta e má aos olhos dos outros trabalhadores. Por isso o proprietário da vinha disse: “Amigo, não estou sendo injusto contigo. Não combinamos que te pagaria um denário pelo dia trabalhado? Sendo assim, toma o que é teu, e vai-te; pois é meu desejo dar a este último tanto quanto dei a ti. Porventura não me é permitido fazer o que quero do que é meu? Ou manifestas tua inveja porque eu sou generoso?” (Mateus 20:13-15). Por isso podemos perceber que o princípio desta parábola fica claro na seguinte sentença: “Assim, os últimos serão primeiros, e os primeiros serão últimos” (Mateus 19:30; 20:16). Basicamente quando Jesus incluiu o elemento tempo de forma extremamente sábia, Ele queria ensinar o que o apóstolo Paulo entendeu perfeitamente em Efésios 2:9.

A recompensa imerecida dos trabalhadores Em Efésios 2:9 entendemos que a recompensa não vem pelas obras, para que ninguém se glorie. Não é pela importância de uns sobre os outros. Não é pela quantidade de serviços feitos ou por tempo de casa, afinal, a salvação

não é aposentadoria. A recompensa é pela graça, determina segundo a soberana, justa e perfeita vontade de Deus. Em algumas traduções, Mateus 20:16 traz a frase: “Porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos”. Esta frase cabe muito bem neste ensino. Ela reforça a lição de que muitos possuem a preocupação do que poderão ganhar para si mesmos, tanto no mundo presente quanto no mundo futuro, ao seguirem o Evangelho. Mas o resultado disto é que apenas poucos são os que entendem que não é por mérito e recompensa, mas, por favor, imerecido. Alguns estudiosos também aplicam nesta parábola uma interpretação mais exclusiva relacionada aos judeus e aos gentios. Dessa forma, embora o Evangelho tenha sido pregado primeiro aos judeus, posteriormente também foi anunciado aos gentios. Mas os gentios receberam os mesmo privilégios e vantagens dos judeus que foram chamados primeiro. Lições práticas da Parábola dos Trabalhadores da Vinha Todos nós podemos nos ver dentro da Parábola dos Trabalhadores da Vinha. Certamente podemos extrair dessa parábola muitas lições para aplicarmos em nossas vidas. Vamos meditar em algumas dessas lições. 1) Éramos imprestáveis: nós estávamos ociosos, sem proveito algum, mortos em delitos e pecados e escravos do mal. Mas Deus nos chamou! Ele veio ao nosso encontro e nos convocou para um trabalho em sua obra. Esse trabalho basicamente se resume em anunciar o Evangelho, e quem nos recompensará por isso é Deus. Essa recompensa, porém, não está baseada no fato de termos trabalhado, mas simplesmente no fato de termos sido chamados para esse trabalho. Isso deixa claro que não somos merecedores de reconhecimento algum. Por isso é que Ele nos recompensa unicamente por sua graça, porque mesmo que fizéssemos tudo, ainda seríamos servos inúteis. Logo, todo o mérito é d’Ele. Ele é o proprietário, Ele foi ao nosso encontro e Ele nos chamou. Alguns ele chamou logo pela manhã, outros no meio do dia, outros um pouco mais a tarde, e ainda outros quase ao fim do dia. Mas de forma geral, todos éramos igualmente imprestáveis. Estávamos perdidos, de modo que não havia um justo se quer (cf. Romanos 3). 2) Muitas vezes somos invejosos: outra lição muito importante na Parábola dos Trabalhadores da Vinha é em relação à inveja. Quantas vezes questionamos a Deus por ter abençoado alguém que julgamos ser ―menos digno‖ do que nós?


Às vezes vemos uma pessoa recém-chegada na obra de Deus sendo grandemente abençoada e aquilo nos afeta. Devemos lutar contra esse tipo de sentimento de todas as formas, pois Deus manifesta a sua extraordinária graça a quem Ele quer. Quanto a nós, devemos apenas ser gratos por também termos sido alcançados por essa mesma graça. 3) No dia da recompensa final teremos surpresas: muita gente se surpreenderá com quem encontrará na consumação do Reino dos céus. Algumas pessoas são chamadas no final de suas vidas, mas mesmo assim elas são para Deus tão importantes quanto aquelas que serviram na obra durante muitos anos. Devemos nos lembrar de que lá encontraremos tanto o ladrão que se arrependeu prestes a morrer ao lado de Jesus na cruz, como também Timóteo que trabalhou na obra desde a sua mocidade. 4) Devemos entender o nosso lugar: esta é a lição prática mais importante de todas presente nessa parábola contada por Jesus. Precisamos entender que Deus não deve nada para homem algum, e é impossível para o homem negociar com Deus. A recompensa é d’Ele, e Ele dá a quem quiser, o quanto quiser e da forma que quiser. Cabe a nós reconhecermos que Ele é sempre justo em todas as suas decisões. 7. Parábola dos Dois Filhos

Mateus 21:28-32.

O significado da Parábola dos Dois Filhos fica bastante claro quando se percebe que os dois filhos e seus comportamentos representam dois grupos de pessoas. O primeiro filho que inicialmente disse não ao pai, mas depois se arrependeu e foi trabalhar em sua vinha, representa os publicanos e as prostitutas. Essas eram pessoas excluídas e consideradas indignas perante a religiosidade judaica. Mas embora com seu modo de viver inicialmente recusavam os mandamentos de Deus, por fim elas se arrependiam e passavam a fazer a sua vontade. Por outro lado, aqueles religiosos judeus agiam como o segundo filho. Aparentemente eles concordavam em seguir a Palavra de Deus, mas no final o resultado real era apenas a desobediência. No versículo 31, Jesus deixa isso bem claro ao dizer que aqueles desprezados pecadores, estavam entrando no Reino de Deus antes daqueles que insistiam em manter uma imagem aparentemente irrepreensível, mas fatalmente corrompida. Estes últimos diziam que obedeciam a Deus, mas não estavam obedecendo. Seu falso ―sim‖ nada mais era do que um verdadeiro

―não‖. Já o espontâneo ―não‖ dos pecadores rejeitados, era o início de um ―sim‖ de arrependimento. Lições da Parábola dos Dois Filhos A Parábola dos Dois Filhos traz advertências que são importantíssimas para nós. Vamos destacar três delas: 1) Não existe vida com Deus sem arrependimento: na Parábola dos Dois Filhos Jesus nos mostra a grandeza da importância do arrependimento. O arrependimento é mais importante do que qualquer aparência. Ele é mais importante do que qualquer intelectualidade, do que qualquer religiosidade e do que qualquer intenção. O arrependimento é o ponto principal do ―fazer a vontade de Deus‖. É o resultado de uma vida regenerada, que antes possuía a convicção do ―não‖, mas, de uma forma inexplicável do ponto de vista humano, agora faz a vontade do Pai. O arrependimento verdadeiro é o reflexo do Espírito Santo em nossas vidas, o único que pode nos convencer dos erros do nosso ―não‖. 2) Para Deus, a condição do homem é de apenas pecador: quando Jesus usou como exemplo duas classes de pessoas tão rejeitadas pela sociedade da época, e os colocou acima dos mais influentes daquela sociedade, Ele demonstrou que não existe nada que possamos fazer para tentarmos impressionar a Deus. Todos são pecadores, desde os mais importantes até os mais rejeitados da sociedade, pois a condição do homem é uma só. A boa notícia é que o sangue de Jesus é poderoso para resgatar o pior dentre os homens. 3) Palavras são apenas palavras: ninguém pode surpreender Deus. Não podemos enganá-lo jamais! Muitos acreditam que conseguem manter as aparências diante d’Ele, mas perante Deus todas as máscaras caem. Ele sabe como é o nosso rosto por de trás da maquiagem. Ele conhece o nosso coração e julga as nossas intenções. Podemos enganar as pessoas com palavras bonitas, com louvores incríveis ou com orações eloquentes. Mas Deus conhece se esse comportamento é sincero ou não. Precisamos estar atentos as nossas palavras. Precisamos examinar se nossas atitudes refletem o que pregamos. Por fim, devemos tomar cuidado com possíveis distrações, porque às vezes nos comprometemos com algo, mas alguma coisa nos distrai e acabamos nos esquecendo do nosso compromisso.


De qualquer forma, só existem dois filhos! Não há um terceiro filho. Ou somos como o primeiro ou inevitavelmente seremos como o segundo filho. A Parábola dos Dois Filhos deixa muito clara essa advertência. 8. Parábola das Bodas

1.

Mateus 22.2-14

A Parábola das Bodas do Filho do Rei (ou do Banquete de Casamento) é encontrada no Evangelho de Mateus 22:1-14. Embora pareça similar à outra parábola encontrada no Evangelho de Lucas 14:16-24, não se trata da mesma parábola. Ao analisarmos as duas parábolas, fica claro que cada uma possui características diferentes e pertencem a ocasiões diferentes no ministério de Jesus. O contexto da parábola das Bodas do Filho do Rei é a discussão entre Jesus e as autoridades religiosas judaicas. Esse embate começou no capítulo anterior (21) após dois eventos importantíssimos: a entrada triunfal e a purificação do templo. Então, sendo questionado pelos religiosos judeus, Jesus usou três parábolas. São elas: a Parábola dos Dois Filhos, a Parábola dos Lavradores Maus e a Parábola das Bodas. Basicamente o ensino principal de Jesus nessa discussão é que o reino foi rejeitado pelos herdeiros e, portanto, o reino foi oferecido a outros. Essa rejeição pode ser facilmente percebida logo no começo da parábola (versículos 1-6). Note que o rei insistiu com seu convite por duas vezes. Inclusive, na última vez, alguns dos convidados, além de rejeitarem o convite, ainda mataram os servos do rei que estavam encarregados de convidá-los. Os versículos 7 e 8 mostram o juízo do rei sobre os convidados iniciais. Eles foram destruídos! O rei também afirma que aqueles que rejeitaram seu convite não eram dignos. Aqui também podemos notar a gravidade dessa rejeição, bem como a inconsequência dos convidados. Eles estavam rejeitando um convite para o casamento do filho do rei! No versículo 9, o rei então ordena que os seus servos convidem todas as pessoas que encontrarem no caminho. Já no versículo 10 podemos ver que as pessoas convidadas por último foram à festa, tanto os bons quanto os maus. No entanto, no versículo 11 notamos um homem que não estava com as vestes nupciais. Esse homem acabou sendo expulso da festa (Mateus 22:13). O significado da Parábola das Bodas do Filho do Rei nos ensina muitas lições práticas. Citaremos algumas delas a seguir.

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Nitidamente a Parábola das Bodas do Filho do Rei trata inicialmente sobre a questão da rejeição de Israel ao Evangelho. Jesus deixa claro que os judeus foram convidados, mas recusaram. Eles fizeram pouco caso da autoridade do Rei; ignoraram o convite; menosprezaram o Filho do Rei e ainda espancaram e mataram os servos que o Rei havia mandado para generosamente convidar-lhes ao reino dos céus. O convite então foi estendido a todas as pessoas, boas e más, sem distinção. A ordem “ide, pois, às saídas dos caminhos”, originalmente trás a ideia de ―transcender os limites da cidade‖ ou ―ir à campo aberto‖. Essa é a missão da Igreja. Os servos de Deus devem anunciar o Evangelho a todas as pessoas sem distinção (Mateus 22:9). O fato de receber o convite e até comparecer às bodas, não significa que tal pessoa esteja inclusa no reino de Deus. Os convidados que realmente entram no reino e participam das bodas possuem vestes adequadas. As vestes referidas nessa passagem foram fornecidas pelo anfitrião, no caso o rei. Não era raro que em situações assim o anfitrião, sendo rico e poderoso, fornecesse a roupa apropriada para que todos estivessem vestidos adequadamente. O fato de que muitas pessoas diferentes foram convidadas às bodas, reforça esse entendimento. Se até o versículo 10 a parábola possui um significado mais amplo (grupo de pessoas), a partir do versículo 11 ela se torna extremamente pessoal. Não é mais o grupo de convidados que esta sendo tratado, nem mesmo alguma divisão dentro dele (pessoas boas ou más). A partir do versículo 11 a individualidade de cada convidado é destacada. Note que foram à festa homens bons e maus. Porém, acerca do convidado que não estava vestido adequadamente, nada é dito sobre qual grupo ele se encaixava. O texto bíblico apenas diz que ele não estava vestido adequadamente. Alguns defendem que aquele homem não havia sido convidado, por isso não estava vestido com as roupas de núpcias. Porém, se considerarmos a ordem “convidai a todos” presente no versículo 9, e a conclusão no versículo 14 de que “muitos serão chamados, mas poucos escolhidos“, parece certo que aquele homem também havia sido convidado. O ponto anterior reforça a condição de que a entrada no reino de Deus, nas bodas do Filho do Rei, não depende de méritos próprios. Bons e maus são iguais perante o convite do Evangelho. Isso significa que nenhuma conduta ou obra humana, por mais que seja boa, credencia alguém a entrar no reino de Deus. Esse privilégio é alcançado pelas vestes apropriadas e fornecidas


pelo anfitrião, as quais nós nunca poderíamos adquiri-las pelas nossas próprias forças. Somente quem está vestido com a justiça de Cristo pode estar apresentável diante do Senhor. 6. Não podemos confeccionar a nossa própria roupa, por mais bonita que ela pareça ser. Aquele homem do versículo 11 é um exemplo claro daqueles que tentam buscar a justificação por meio de obras. Essas pessoas são hipócritas! Elas aceitam o convite, comparecem às bodas, passam despercebidos no meio dos convidados; porém não resistem ao olhar do Rei. Elas nem mesmo possuem argumentos que possam justificar suas loucuras! Porém, aqueles que reconhecem que não são dignos e sabem que só merecem a condenação eterna, alcançam a misericórdia de Deus. Estes se assentam à mesa com Abraão, Isaque e Jacó no reino dos céus (Mateus 8:11). 7. Há quem ouviu o convite e se recusou a ir. Há quem ouviu o convite, se recusou a ir e ainda fez o mal para quem o convidou. Há também quem ouviu o convite, o aceitou, foi às bodas, porém estava de forma inadequada. Parecem situações e implicações diferentes, mas no versículo 14 podemos entender que não existe diferença nenhuma entre essas pessoas. Todos elas são indignas! Elas pertencem apenas aos ―muitos chamados‖. Então para elas só restam a dor e o desespero por terem sido excluídas do reino (Mateus 22:14). Mesmo que muitos falem em nome de Deus, expulsem demônios, curem doentes e se infiltrem nas igrejas, isso não significa que eles estão com vestes justificadas. No dia das Bodas do Cordeiro, o Senhor dirá que nunca os conheceu (Mateus 7:22,23). Só estarão vestidos realmente com vestes de linho fino aqueles ―poucos escolhidos‖ (Apocalipse 19:8). Estes, realmente escutaram o chamado “vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos” (Mateus 11:28), e foram recebidos com graça, porque foi o Pai quem os trouxe (João 6:44). Por isto, eles jamais serão lançados fora (João 6:37).

9. Parábola do Ladrão de Noite

Mateus 24:42-44

Como fica claro, o significado da Parábola do Ladrão de Noite é uma exortação à vigilância. Essa parábola ensina que assim como ninguém sabe a hora em que o ladrão chegará, assim também ninguém conhece a hora do retorno de Jesus e a consequente chegada do Dia do Senhor.

Portanto, a grande lição da Parábola do Ladrão de Noite pode ser resumida numa única ordem: vigiai! A vigilância é um estado de espera ativo, e não uma espera passiva. Não basta apenas esperar, mas é preciso esperar vigilantemente. A Parábola do Servo Bom e do Servo Mau destaca a diferença entre esses dois tipos de espera (Mateus 24:45-51). Mas o que seria esperar em vigilância? Jesus responde esta pergunta na sequência de seu sermão ao ensinar a Parábola das Dez Virgens (Mateus 25:113). Ele destaca que a vigilância correta é aquela que se traduz num zelo perseverante, e que distingue o prudente do tolo. Também é preciso destacar a forma com que Jesus enfatiza a verdade de que ninguém sabe a hora em que Ele voltará. Isso significa que qualquer um que se levantar alegando saber a data do fim dos tempos, é um mentiroso e falso profeta. Por isto os verdadeiros seguidores do Senhor Jesus devem estar preparados o tempo todo. Dessa forma eles jamais serão surpreendidos com o retorno de Cristo. Felizmente a Palavra de Deus esclarece que os remidos não estão em trevas, para que esse dia os surpreenda como ladrão (1 Tessalonicenses 5:1-4). 10. A Parábola das Dez Virgens

Mateus 25.1-13

Ao longo dos anos, grandes teólogos aplicaram interpretações diferentes sobre a Parábola das Dez Virgens. Todos concordam que o Noivo é Cristo. Sobre o direcionamento da parábola, alguns defendem que ela se aplica exclusivamente aos judeus, enquanto outros acreditam que ela se refira a todos os que professam a fé cristã (verdadeiros e nominais). O principal argumento utilizado por quem defende a aplicação exclusiva aos judeus, é que a Igreja é a noiva e não as madrinhas. Também defendem que a voz que anuncia o Noivo é a voz dos profetas que proclamaram que o Messias viria. Sob este aspecto as virgens loucas são os judeus que acreditavam que sua religiosidade seria suficiente e não se prepararam para Ele, enquanto as prudentes seriam os judeus que reconheceram que Jesus é o Cristo e, estes, pertencem então aos remanescentes que serão salvos (Rm 9:27). Ainda dentro da linha que defende ser esta uma parábola direcionada ao povo judeu, estão os que acreditam que essa parábola será cumprida durante o período de Grande Tribulação, após um arrebatamento secreto da Igreja, onde


haverá ―ausência‖ do Noivo que estará nas bodas juntamente com a noiva (Igreja). Dentre os que defendem que a parábola se aplica aos cristãos, existe uma grande variação de interpretação que basicamente divergem entre si sobre o que representa os elementos principais da parábola. Por exemplo: alguns acreditam que as virgens loucas são verdadeiros cristãos que perdem a salvação pela apostasia, enquanto outros defendem que não se trata de cristãos verdadeiros, mas de crentes nominais. A figura do azeite também é discutida, sendo que há os que acreditam representar o Espírito Santo, outros o amor e ainda outros a Graça de Deus. O sono que acometeu as virgens, para alguns se trata da morte física, para outros momentos de fraqueza espiritual, e ainda outros, defendem que o sono representa simplesmente a demora da volta de Cristo provando os que o esperam. Como vimos, existem diferentes opiniões sobre a Parábola das Dez Virgens. Grandes expositores da Palavra de Deus ao longo da história da Igreja fizeram sermões incríveis com pontos de vistas diferentes sobre esse texto, como: Agostinho, Calvino, Mathew Hanry, Robert M´Cheynee e outros. O interessante é que nenhum deles distorceu o verdadeiro ensino de Jesus nessa parábola, o que talvez nos mostra tamanha abrangência do princípio contido nela. Creio que das interpretações citadas acima, a que mais causa problemas e, para mim, trata-se de um erro teológico, é a interpretação que defende que tal parábola se aplica aos judeus no período de Grande Tribulação, após a Igreja não estar mais na terra. Esse tipo de ensino é fundamentado por uma interpretação bíblica profundamente confusa e equivocada. Embora seja possível nessa parábola fazer alguns paralelos com os judeus em relação à primeira vinda de Cristo na terra, penso que se considerarmos o capítulo anterior (capítulo 24), e naturalmente percebermos a continuação dos ensinos apresentados nele ainda na composição do capítulo 25, será impossível não aplicá-la sob as verdades do dia do Juízo de Deus, da separação entre os bons e os maus, dos cristãos verdadeiros e dos hipócritas.

Lições da Parábola das Dez Virgens: Seja qual for a interpretação adotada nessa parábola, tais verdades não podem ser negadas:

Todas eram virgens: historicamente a virgindade sempre esteve relacionada à religiosidade e ao sagrado. Na parábola tanto as prudentes quanto as loucas eram virgens. Isso não significa que alguns perderão a salvação, mas que alguns nunca a tiveram. As virgens loucas em nenhum momento foram prudentes, e as prudentes em nenhum momento se tornaram loucas. A parábola começa e termina com cinco prudentes e cinco loucas. Se aqui a virgindade se refere à religiosidade, claramente podemos perceber então que tal religiosidade não poderá salvar ninguém. Não basta ser virgem, é preciso ter o azeite. As loucas eram virgens, tinham lâmpadas, mas saíram sem o azeite (Mt 25:3). As aparências enganam: as dez eram virgens, possuíam lâmpadas e, pelo que o versículo 8 nos diz, saíram ao encontro do esposo com as lâmpadas acessas. Nesse momento talvez fosse praticamente impossível humanamente separá-las, pois aparentemente eram idênticas. Realmente é muito difícil conseguir separar alguns crentes nominais dos crentes verdadeiros. Eles frequentam as mesmas igrejas, ouvem os mesmos sermões e cantam os mesmos louvores. Alguns se destacam e acabam fazendo grandes prodígios. Eles oram fervorosamente, pregam eloquentemente, curam doentes, expulsam demônios e dizem levar o nome de Cristo. Eles enganam os homens, mas não enganam a Deus. Curiosamente na Parábola das Dez Virgens (vers. 12) Jesus usa praticamente a mesma expressão que Ele já havia utilizado em Mateus 7, “[…] Nunca vos conheci; apartai-vos de mim […]” (Mt 7:23). Nosso Deus é justo, e naquele dia não haverá intruso (cf. Mt 22:1-14). As lâmpadas apagaram: se por um lado inicialmente é muito difícil perceber quem são os prudentes e quem são os insensatos, há um momento em que essa diferença se torna duramente visível: ao apagar das lâmpadas. O cristão nominal, com sua fé histórica, não conseguirá manter sua lâmpada acessa no momento em que o Noivo vier. Sua hipocrisia, sua religiosidade e sua aparência podem até iluminar o caminho de sua vida por um tempo, e de maneira tal que há quem o siga. Quando olhamos para a lua durante a noite ficamos admirados por sua luz, mas logo de manhã a verdade de que ela não possui luz alguma vem à tona. Ela reflete uma luz que não é dela. A fé histórica é assim, brilha por um tempo, mas nunca terá o brilho definitivo da verdadeira fé salvadora. O azeite é pessoal: como já dissemos, nesse ponto os estudiosos defendem significados diferentes para a figura do azeite, porém seja a


Graça de Deus ou a presença do Espírito Santo, ambos os significados são insubstituíveis, indivisíveis e notórios na vida do verdadeiro salvo em Cristo Jesus. Quando a Graça de Deus alcança o pecador ele é regenerado pelo Espírito Santo e passa conhecer a fé salvadora. Esse azeite não se pode dividir, é pessoal, suficiente apenas para os prudentes. O azeite não pode ser obtido por esforço humano: talvez as virgens loucas da parábola não levaram consigo azeite porque acharam que o noivo viria rapidamente. Quando perceberam que o noivo tardou em vir, então desesperadamente tentaram comprar o azeite que lhes faltava. A parábola termina com as virgens loucas batendo à porta do Noivo, e sendo por Ele rejeitadas. Pode ser que elas queriam mostrar que se ―esforçaram‖ para estarem ali, correram em busca de azeite para que pudessem participar das bodas, mas seus esforços nada puderam fazer por elas. A prudência e a vigilância: muitos pregadores de maneira equivocada pregam apenas que as virgens loucas dormiram, mas as prudentes também dormiram. Como vimos anteriormente, existem diferentes opiniões sobre a natureza desse sono, mas uma coisa é certa: o sono não foi o sinal de loucura, ou seja, as virgens prudentes não passaram a ser loucas pelo fato de terem dormido. Isso quer dizer que a prudência não está relacionada ao sono, mas ao fato de ter ou não o azeite, isto é, ser prudente e estar preparado é possuir o azeite. A lição principal dessa parábola é o mandamento de “vigiar”. A vigilância prudente é aquela que nos prepara para uma longa espera. É fácil esperar pouco tempo. Na fila de um banco, quando o tempo de atendimento é curto, todos permanecem esperando, mas quando a fila é imensa e demorada muitos desistem. A demora da volta de Cristo separa os prudentes dos loucos, os sábios dos tolos. Precisamos ser zelosos todo o tempo de nossas vidas. O zelo temporário pela volta de Cristo não serve para nada. Precisamos estar prontos, e isso pode significar uma longa espera. Algumas pessoas acham que vigiar é esperar pela volta de Cristo a qualquer momento, mas na verdade vigiar é estar preparado para a volta dEle a todo tempo. Isso até parece ser a mesma coisa, mas acredite, não é. Essa parábola nos ensina tal diferença, as virgens néscias esperaram o Noivo a qualquer momento, mas apenas as prudentes esperaram a todo tempo. Elas tinham o azeite, elas estavam preparadas para uma longa espera, elas vigiaram. Para concluir, nada melhor do que as próprias palavras de Jesus:

Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora em que o Filho do homem há de vir. (Mateus 25:13) Meu desejo sincero é que possamos, naquele dia, desfrutar do óleo, ao invés de tentar compra-lo em sinal de loucura. A Parábola das Dez Virgens certamente é um alerta importante para todos nós. 11. Parábola das Ovelhas e dos Bodes

Mateus25 31: 46

É nos versículos 32 e 33 que encontramos as características de uma parábola, quando Jesus compara os justos e os ímpios com ovelhas e bodes respectivamente. Essa comparação utilizada por Jesus não foi por acaso, ao contrário, serviu com perfeição ao ensino de Jesus a respeito do Juízo Final. Embora que, para muitos de nós, uma referência sobre a vida no campo possa não parecer tão clara, isso devido ao nosso estilo de vida urbano na atualidade, nos tempos de Jesus tais referências eram facilmente entendidas. É comum em muitos rebanhos que os bodes fiquem junto com as ovelhas, ou seja, no mesmo espaço de pastagem. Porém, ao entardecer, com o chamado do pastor do rebanho, as ovelhas prontamente lhe obedecem, mas curiosamente os bodes o ignoram. Outro fato importante é que as ovelhas valem mais do que os bodes, isto é, sua produção de lã proporciona maiores resultados ao pastor. É exatamente sob esse conceito que Jesus Cristo insere essa comparação em Seu ensinamento. A lã branca das ovelhas pode ser destacada como símbolo de pureza e justiça, ao contrário da pelagem malhada e manchada dos bodes. Desde o Antigo Testamento a figura do bode é utilizada para se referir ao ímpio, a conduta de pecado ou o mal. As ovelhas simbolizam os justos, os que seguem o Salvador, com mansidão e obediência. Já os bodes simbolizam os ímpios, com seu comportamento inconsequente, desobediente e destrutivo. Jesus afirma que no dia do juízo todas as pessoas, de todas as nações, tanto os justos como os ímpios, os bons e os maus, sem exceção, todos estarão diante do trono do grande Rei, a saber, Cristo. Sendo assim, todas as pessoas que já viveram sobre essa terra são comparadas a ovelhas e bodes. Jesus prossegue o relato dizendo que as ovelhas serão colocadas à direita, enquanto os bodes serão postos a esquerda. Com isso entendemos que a separação será clara, evidente e sem confusão. As ovelhas e os bodes estarão de lados opostos.


Jesus também fornece algumas características sobre a conduta das ovelhas e dos bodes (dos justos e dos ímpios) durante suas vidas. Jesus dá seis exemplos onde os justos agiram com piedade, e utiliza os mesmos seis exemplos, porém de forma negativa, para descrever a conduta desprezível dos ímpios. Na parábola, os justos e os ímpios, perguntaram ao Rei quando foi que lhes fizeram o que o Rei havia descrito. O Rei respondeu dizendo que quando fizeram (justos), ou deixaram de fazer (ímpios) a um de Seus ―pequenos irmãos‖, a Ele haviam feito. Estes ―irmãos‖ descritos aqui, se tratam dos seguidores de Cristo, dos eleitos de Deus, as ovelhas a quem o Pai deu ao Filho e que, de maneira nenhuma, Ele, as lançará fora (Jo 10). Essa simples expressão ―meus irmãos‖ demonstra de forma solene a profundidade do relacionamento entre Cristo e seus seguidores, a ponto de que quando fazemos algo para Seus discípulos neste mundo, estamos fazendo diretamente para o próprio Jesus, da mesma forma que quando o ímpio ignora um dos mensageiros de Cristo, e não se compraz por suas necessidades, rejeitando o Evangelho, particularmente e, diretamente, estão rejeitando o próprio Rei que será o Juiz naquele grande dia. Jesus termina a parábola dizendo que os que foram postos do lado esquerdo serão destinados ao castigo eterno, mas os justos, que foram postos do lado direito, herdarão a vida eterna. Lições da Parábola da Separação das Ovelhas e dos Bodes: Podemos tirar várias lições de alguns detalhes desse ensino de Jesus, porém a mensagem principal desse ensinamento, que é a realidade do juízo sobre todas as pessoas, não pode ser esquecida. Vamos refletir sobre algumas dessas lições:  Apenas ovelhas e bodes, lado direito e esquerdo: de forma direta aprendemos que não existe meio termo, ninguém ficará em cima do muro. No dia do juízo haverá ovelhas e haverá bodes, uns ficaram do lado direito e outros do lado esquerdo. O mundo prega que Deus é amor, que no final tudo dará certo, como se não existissem lados. Com certeza esse não é o ensinamento dado por Jesus. Naquele dia, surpresos, os ímpios perguntarão: quando foi que lhe rejeitamos Senhor? Será tarde demais.  Durante o dia todos convivem juntos, mas ao cair da noite a separação ocorrerá: durante Seu ministério aqui na terra, Jesus, várias vezes, alertou sobre a separação que haverá no dia do juízo. Ele ensinou que o joio será separado do trigo (Mt 13:30), o trigo será juntado no seleiro enquanto a

palha será queimada (Mt 3:12), os justos serão separados dos maus (Mt 13:49,50), as virgens prudentes serão separadas das loucas (Mt 25:12), o servo bom será distinguido do servo mau (Mt 25:30), e, por fim, as ovelhas serão separas dos bodes. Da mesma forma como o joio cresce no meio do trigo, mas no dia da ceifa ele é separado e queimado no fogo, os bodes durante o dia pastam junto com as ovelhas. Esse ensinamento é muito profundo. O joio recebe o mesmo adubo do trigo, é regado junto com o trigo e ambos estão dentro da mesma plantação. Os bodes também estão no mesmo rebanho, sob a mesma pastagem das ovelhas. A diferença é que ao final do dia o Pastor irá separar o rebanho. Nessa hora, apenas as ovelhas atendem o chamado do Pastor. Os detalhes serão lembrados: note que Jesus cita seis coisas que os justos fizeram e que os ímpios deixaram de fazer. Dentre as seis coisas, não podemos encontrar nenhuma grande realização. Na parábola, quando o Rei relata as obras que os justos praticaram, nem mesmo os próprios justos se lembraram de as terem feito. Isso mostra que foram obras legitimas, despretensiosas, sem objetivo de reconhecimento. Às vezes fazemos coisas que parecem ser tão pequenas e sem importância, mas o justo Juiz não deixará com que nenhuma delas passe despercebida. Da mesma forma, a negligência do ímpio, por menor que ela tenha sido, será lembrada. Os justos demonstraram fidelidade e diligência nas pequenas coisas do dia a dia, e os ímpios, também nas coisas comuns dessa vida, mostraram insensatez e loucura. Quem em juízo perfeito negaria um copo de água ao juiz responsável por julgar a sua causa? Outro fato importante aqui, é a ênfase que Jesus deu aos pecados de omissão. Note que nenhum pecado como a idolatria, adultério e homicídio foi citado. Com isso, o que Jesus quis enfatizar, é o tamanho da gravidade ao se negligenciar a mensagem do Evangelho anunciada pelos mensageiros do Senhor. O valor dos “pequenos” para Deus: quando o Rei se refere aos Seus seguidores como ―irmãos‖, já fica evidente a importância destes para o reino. Porém, ao adicionar a expressão ―o que vocês fizeram a algum dos meus menores irmãos, a mim o fizeram―, Jesus torna ainda mais maravilhosa a certeza de que até mesmo os menores dentre os Seus irmãos, O representam com tamanha importância e autoridade. Deus está atento aos pequeninos, àqueles a quem muitos não dão o mínimo valor, aqueles que não são julgados como importantes pelos homens, não são temas de revistas, não aparecem em websites, não possuem CD’s gravados, nem livros


publicados, não são pregadores renomados, nem presidentes de ministérios, às vezes nem mesmo dentro de suas próprias congregações são reconhecidos, mas o Rei está com Seus olhos postos neles, e o favor feito a estes pequeninos, embora esquecido por quem o praticou, será lembrado pelo próprio Deus. A herança não vem pelas obras: certamente no dia do juízo as obras serão reveladas, porém, não serão elas que farão com que os justos herdem o Reino. Note que o Reino já está preparado para o justo desde a fundação do mundo (vers. 34) e não em decorrência de suas boas obras. O Reino preparado para o justo é unicamente um ato da vontade de Deus, concebido ainda na eternidade, que elegeu este justo, por sua maravilhosa graça, para ser uma das ovelhas de Seu rebanho (Ef 1:4). As obras praticadas pelo justo não servem como fundamento para sua salvação, mas servem apenas para refletir o comportamento esperado daquele a quem Deus escolheu, e preparou de antemão tais obras para que este justo as praticasse (Ef 2:810). Se praticamos boas obras o mérito não é nosso, mas totalmente de Cristo que nos escolheu para Seu Reino antes de tudo existir, antes de qualquer bem ou mal ter sido praticado. 12. Parábola dos Talentos

Mateus 25:14-30

O significado da Parábola dos Talentos fala sobre responsabilidade e prestação de contas no juízo. Algumas pessoa confundem essa parábola com a Parábola das Dez Minas registrada em Lucas 19:12-27. Mas as duas parábolas não são idênticas e foram pronunciadas por Jesus em ocasiões diferentes de seu ministério. Jesus fala nessa parábola sobre um homem dono de muitas propriedades. Prestes a viajar, esse homem confiou seus bens a seus servos. Para um servo ele deu cinco talentos; para outro servo deu dois talentos; e para o último servo deu um talento. Esse ―talento‖ confiado aos servos era uma unidade monetária em uso na época. Estima-se que o talento equivalia a seis mil denários; sendo que um denário era o salário pago pela diária de um trabalhador comum. Logo, um talento equivalia a quase 20 anos de trabalho para a maioria dos trabalhadores da época. Saiba o que é um denário na Bíblia.

Naturalmente esse proprietário era um homem muito rico, e em sua ausência ele esperava que seu dinheiro não ficasse parado. Quando ele confiou tais quantias a seus servos, obviamente ele esperava por rendimentos. Outra característica interessante é que esse senhor confiou quantidades diferentes de talentos a cada servo. Isso significa que ele sabia muito bem que uns possuíam mais habilidades para os negócios que outros. Sob essa lógica, cada servo recebeu uma quantidade adequada de talentos para administrar. O servo que recebeu cinco talentos conseguiu dobrar esse patrimônio. O mesmo também fez o servo que recebeu dois talentos. Já o servo que recebeu apenas um talento, enterrou esse talento e ficou aguardando a volta de seu senhor. O costume de enterrar no chão quantias de dinheiro ou tesouros diversos, era uma prática comum da época. Quando o patrão retornou de sua viajem, os servos que multiplicaram os talentos apresentaram seus resultados. O proprietário aprovou os resultados obtidos, e ainda prometeu confiar aos servos bons bens ainda maiores. Além disso, ele também convidou os servos a participar de sua alegria, ou seja, comemorar com ele. Essa expressão remonta a uma ideia de confraternização; uma espécie de festa onde os servos sentariam à mesa com seu senhor para juntos se alegrarem por causa dos resultados. Já o servo que recebeu um talento e o enterrou, foi chamado pelo proprietário de mau, negligente e inútil. Diferentemente dos outros, ele não foi convidado à participar da confraternização com seu senhor. Ao contrário disso, ele perdeu qualquer privilégio que tinha, restando-lhe apenas um terrível lamento. Conheça também a explicação de outras Parábolas de Jesus. Ao longo dos anos diferentes interpretações surgiram sobre a Parábola dos Talentos. Duas interpretações se destacam das demais como principais. Uma defende que esta parábola se refere ao povo judeu. Já a outra sugere que o ensino desta parábola abrange a totalidade dos cristãos, incluindo os cristãos verdadeiros e os nominais. Claro que esta parábola foi dirigida primeiramente aos discípulos de Jesus; e provavelmente eles conseguiram estabelecer paralelos claros entre o significado da parábola e as características históricas do ambiente em que viviam. Porém, obviamente o significado da Parábola dos Talentos não ficou limitado aos discípulos, mas alcança a todos os cristãos de todas as épocas. Também muitas interpretações erradas e alegóricas foram feitas sobre esta parábola. No geral, essas interpretações buscam atribuir significados específicos para cada elemento descrito por Jesus (senhor, servos e talentos).


Seja como for, o mais importante é estar atento para não ignorar a mensagem principal da parábola. Na maioria das vezes o excesso de alegorias acaba distorcendo o ensino fundamental transmitido por Jesus. Seja qual for a interpretação, nenhuma delas pode ignorar que o grande significado da Parábola dos Talentos enfatiza o princípio de que cada um recebe dons e oportunidades. O servo fiel é aquele que, independentemente da quantidade de talentos recebida, age com responsabilidade e diligência. O servo fiel valoriza os bens do seu Senhor. Lições da Parábola dos Talentos Podemos aplicar em nossas vidas várias lições presentes na Parábola dos Talentos. Aqui destaco as seguintes: 1. A Parábola dos Talentos ensina que Deus não é injusto. Nosso Deus nos concede talentos (dons, habilidades, oportunidades) de acordo com nossa capacidade. Ele seria injusto se confiasse a nós algo que não pudéssemos administrar. Por exemplo: uma pessoa sem o preparo necessário jamais pode ser coloca na presidência de uma grande empresa em crise com a finalidade de salvá-la. Seria injusto colocar uma pessoa numa situação tão difícil sem que ela tenha a capacitação necessária. Da mesma forma Deus nos colocaria em situação muito complicada se confiasse a nós uma quantidade de talentos que não pudéssemos administrar com propriedade. 2. A Parábola dos Talentos ensina que o pouco é muito. Algumas pessoas enfatizam o fato de que o servo inútil recebeu apenas um talento. Mas aquele único talento já representava um montante equivalente a vinte anos de salários acumulados de um trabalhador de sua época. Acredite, isso era mais que o suficiente para realizar muitas aplicações a fim de que aquele dinheiro rendesse. Com isto, aprendemos que o que parece pouco na verdade é muito. Alguns intérpretes defendem que aqueles servos da parábola eram escravos, e nem possuíam salário. Mas se considerarmos que aqueles servos eram trabalhadores comuns da época, o servo que recebeu apenas um talento teve em suas mãos uma quantia que muito provavelmente nunca havia ganhado em toda sua vida. Por causa da expectativa de vida daquele tempo, boa parte das pessoas não chegavam aos vinte anos de trabalho. Mesmo que aos olhos de alguém pareça ser pouco, o que Deus nos confia é muito mais do que poderíamos conseguir por conta própria.

3. A Parábola dos Talentos ensina que nada do que temos é de fato nosso. Somos apenas depositários, não somos donos dos talentos que recebemos. Nossa função é administrar e zelar por aquilo que Deus nos dá. Ele é o dono dos talentos e continuará sendo. Algumas pessoas se vangloriam diante de suas realizações e capacidades. Mas elas não conseguem enxergar que um dia terão que prestar conta de tudo ao verdadeiro dono. 4. A Parábola dos Talentos ensina que devemos multiplicar o que Deus nos dá. Ao recebermos os talentos, em gratidão a Deus por ter depositado em nós tamanha confiança, devemos aperfeiçoa-los a fim de que eles sejam uteis para a expansão do reino. O resultado dos talentos que recebemos deve glorificar unicamente ao nosso Senhor. 5. A Parábola dos Talentos ensina que os talentos são valiosos, mas há algo ainda mais valioso. Na Parábola dos Talentos os dois servos bons receberam uma promessa de que devido ao sucesso diante das responsabilidades que exerceram, ambos seriam colocados em responsabilidades ainda maiores. Podemos notar a importância dessa promessa quando calculamos o valor do patrimônio que foi confiado ao primeiro servo. Ele ficou responsável por uma quantia que equivalia a cem anos de salários de um trabalhador de sua época. Isso realmente era muita coisa! Porém, o senhor dele comparou essa enorme quantia como sendo pouco em relação ao que ele receberia no futuro. Muitas pessoas gostam de fazer alegorias com esse detalhe da parábola, principalmente focando resultados materiais. Mas penso que a melhor interpretação é considerar que nada do que conhecemos ou recebemos nesta terra, por mais valioso que seja, se compara a promessa de que eternamente participaremos da alegria do nosso Senhor. Quando o proprietário convidou os servos fiéis para participarem de sua alegria, ele ofereceu aos empregados a oportunidade de ocuparem uma posição a qual não tinham direito. Eles se sentaram à mesa com seu senhor. Juntamente com ele, os servos regozijaram se lembrando do trabalho que foi desempenhado. O cristão verdadeiro será convidado a participar de uma mesa a qual não tinha direito algum de participar. Porém, não por seus méritos, mas pelos méritos de Cristo, pela infinita misericórdia e bondade do Senhor que confiou a ele os seus talentos, esse servo fiel estará presente no grande banquete celestial.


6. A Parábola dos Talentos ensina que o servo mau, além de negligente, é perverso e não assume a sua culpa. Se não lermos atentamente essa parábola, poderemos até pensar que o servo inútil não aplicou o seu talento porque se sentiu inferior aos outros; ou porque realmente teve medo de perder o talento de seu senhor. Algumas pessoas acabam até sentindo pena daquele servo. Porém isso está errado! Aquele servo não era inocente. É possível notar claramente que aquele servo era mau e perverso. Nas contradições de suas palavras ele revelou uma natureza egoísta que foi incapaz de perceber a bondade de seu senhor. Ele disse: “eu sabia que o senhor é um homem severo, que colhe onde não plantou e junta onde não semeou”. Já escutei alguns pregadores interpretarem essa expressão como um tipo de elogio. Alguns até enfatizam que “nosso Deus colhe onde não planta”, como se isto fosse um tipo de milagre. Porém essa afirmação do servo mau na verdade foi uma acusação contra o seu senhor. Com seu comportamento e sua declaração, ele estava acusando o proprietário de ser cruel e maldoso. Quando ele diz que seu patrão “colhe onde não plantou”, ele está querendo dizer que seu senhor exige algo a qual não tem direito de exigir, pois quem não planta não deve colher. Basicamente, em outras palavras ele está dizendo: “O senhor é cruel, e fiquei amedrontado. Não apliquei seu dinheiro e a culpa é totalmente sua”. A verdade é que aquele senhor só teria sido injusto tentando colher onde não plantou, se ele não tivesse dado nenhum talento para aquele servo. No final da parábola notamos que o patrão declarou que o servo se enforcou em suas próprias palavras: “Você sabia que eu colho onde não plantei e junto onde não semeei? Então você devia ter confiado o meu dinheiro aos banqueiros, para que, quando eu voltasse, o recebesse de volta com juros”. Perceba que ele simplesmente está falando: “Se você realmente pensa isso de mim, então deveria ter pelo menos deixado o talento com os banqueiros para que você pudesse me apresentar algum juro e talvez ser poupado da minha crueldade”. O servo incompetente não assume seus erros, ao contrário, ele busca apresentar desculpas. 7. A Parábola dos Talentos ensina que até o pouco que se tem será tirado. O servo inútil era também mentiroso. Quando ele afirmou que devolveria tudo o que pertencia ao seu senhor ele estava mentindo. O que de fato pertencia ao seu senhor não era apenas o talento, mas também o rendimento sobre o talento.

Quando depositamos uma quantia no banco esperamos reavê-la corrigida por juros. Esse é o nosso direito, caso contrário estaríamos sendo roubados. Aquele servo mau também roubou o seu senhor quando enterrou o talento e deixou de pelo menos aplicá-lo com os bancários. Daí vem a ordem para tirar-lhe até o pouco que tinha, pois naquele momento ele passou a ser devedor de seu senhor. 8. A Parábola dos Talentos ensina que receber talentos não significa ser aprovado por Deus. Algumas pessoas interpretam esta parábola de forma totalmente errada. Confundem os talentos com a graça salvadora de Deus, ou pior, identificam a administração dos talentos como sendo uma obra que pode conduzir alguém à salvação. Definitivamente esse não é o princípio ensinado na Parábola dos Talentos! Os talentos jamais servirão para absolver alguém no juízo vindouro (cf. Mateus 7:22,23). Ninguém poderá apresentar a multiplicação dos talentos que recebeu como um resultado meritório para a salvação eterna. Mas se fossemos aplicar o conceito de salvação, seguramente podemos dizer que o servo mau não perdeu a salvação como muitos alegam, na verdade ele nunca a teve. Embora fosse chamado de servo, ele não conhecia o seu senhor e o julgava de maneira completamente equivocada.

Evangelho Segundo Marcos 1. Parábola da vinha

Marcos 12.1-9

Após ter sua autoridade questionada pelos líderes religiosos de Jerusalém, Jesus Cristo conta a parábola da vinha. Sua intenção é mostrar que Israel é a vinha, os servos maltratados foram os profetas e ele era o próprio filho do dono da vinha (Marcos 12.1 – 9). Ao acreditar que respeitariam o seu herdeiro, o dono da vinha o envio. Contudo, o destino dele foi pior que o de seus antecessores, pois o agarram e assassinaram para ficar coma herança. Ao perceber que era contra eles que o Senhor Jesus falava, as autoridades religiosas começaram a procurar meios para prendê-lo. A partir daí passaram a organizar todo tipo de armadilha para o Senhor Jesus.


A questão dos impostos As autoridades religiosos perguntam a Jesus Cristo se era necessário pagar os impostos. Eles sabiam que qualquer um que negasse isso, tornava-se inimigo do império romano. Contudo, o Mestre mais uma vez impressiona a todos. Ele deixa claro que como cidadão temos direitos e deveres para com o Estado (Marcos 12.14– 17. Jesus não nega a nossa cidadania. Com isso, ele diz que devemos dar ao governo o que lhe pertence e a Deus o que lhe pertence.

A ressurreição dos mortos e os saduceus Os saduceus era um dos grupos religiosos de Israel que não acreditavam na ressurreição do mortos. Com isso foram a Jesus questioná-lo sobre o assunto. A resposta do Mestre é esclarecedora e mostra a soberania de Deus (12.18–27). Um dos mestres da lei, após ouvir a resposta de Jesus Cristo aos saduceus, ficou maravilhado. Isso o inspirou a falar com o Mestre. A pergunta dele foi sobre qual seria o maior mandamento. O Senhor Jesus respondeu, que o maior mandamento é o amor absoluto a Deus e o amor ao próximo como a si mesmo. Após essa série de armadilhas, Jesus Cristo adverte sobre a malícia dos mestres da lei. Ele nos adverte a ter cuidado com a aparência religiosa delas, pois não passa de hipocrisia (2.35 – 40). Jesus e a oferta da viúva O Mestre ao observar as pessoas que ofertavam, percebeu que uma pobre viúva deu duas moedas. Essas moedas eram a menor porção monetária da moeda daqueles dias. O Senhor destaca não a quantidade da oferta, mas a qualidade dela. A mulher pegou tudo o que tinha e entregou como oferta (Marcos 12.41 – 44). Ela se recusou a não ofertar. 2. Parábola da Semente que cresce

Marcos 4:26-29

Na Parábola da Semente Germinando Secretamente Jesus descreve o Reino de Deus. Ele compara o crescimento do reino com um agricultor que

espalha as sementes sobre a terra. Então, misteriosamente, as sementes germinam. Com isso Jesus enfatiza que o agricultor não sabe explicar como esse crescimento ocorre. Até é possível descrever, documentar cientificamente, conhecer as etapas do processo de germinação; porém entender completamente esse processo ninguém consegue. É o mistério da vida! O homem tenta imitar artificialmente, mas não consegue, de fato, reproduzir a vida. Jesus então ressalta que tudo o que o agricultor faz é confiar. Ele sabe que a semente germinará, crescerá, amadurecerá e, por fim, chegará o momento certo da colheita. Podemos notar esse mesmo princípio no Reino de Deus. Não sabemos exatamente como explicar a germinação, o crescimento e a frutificação do Evangelho no coração do homem. Esse desenvolvimento pertence somente a Deus. Sabemos apenas que ele ocorre de maneira perfeita, preparando o homem para o ―dia da colheita‖. O apóstolo Paulo também fala sobre esse processo: Eu plantei, Apolo regou, mas Deus é quem fez crescer. (1 Coríntios 3:6) Quem é o homem agricultor da Parábola da Semente? Aqui, muitas tentativas de alegorização acontecem. As pessoas geralmente procuram atribuir significados individuais a cada elemento das parábolas de Jesus. Isso com certeza é um erro! Nesta parábola em questão, geralmente os pregadores identificam o homem agricultor como sendo Jesus, que semeou e, na ocasião certa, virá para a ceifa. Claro que existem fundamentos bíblicos para tentar supor esse significado. Um exemplo disso é a Parábola do Joio e o Trigo. Nela, o próprio Jesus atribuiu o papel de semeador ao Filho do Homem (Mateus 13:37). O mesmo ocorre no livro do Apocalipse, onde o Filho do Homem é descrito como tomando a foice e ceifando (Apocalipse 14). O problema com essa aplicação é que se Jesus for identificado como o agricultor desta parábola, outros problemas incontornáveis acontecerão; como por exemplo, a implicação de que Jesus é o homem que dorme noite após noite e acorda dia após dia, sem ter controle algum sobre a germinação da semente. Claro que não faz sentido pensar que Jesus desconhece o processo de germinação e crescimento a qual o desenvolvimento do Reino de Deus foi comparado. Certamente essa ideia é completamente estranha ao texto bíblico. A melhor interpretação identifica o agricultor como apenas um auxiliar, isto é,


um operário que trabalha em prol do Reino de Deus. João Calvino também propôs essa interpretação ao entender que o agricultor desta parábola é o ministro do Evangelho. Essa interpretação também concorda com o que escreveu o apóstolo Paulo em 1 Coríntios 3:6 e Filipenses 1:6. Uma dica válida para quem quer aprender a interpretar as Parábolas de Jesus, é sempre se concentrar no ensino principal da parábola, ao invés de tentar aplicar significados a cada elemento dela, pois isso certamente provocará alegorias que desviarão o foco central do texto. Lições da Parábola da Semente Germinando Secretamente Podemos tirar algumas lições valiosas desta pequena parábola. Em primeiro lugar, a Parábola da Semente Germinando Secretamente ensina que Deus é soberano e somente Ele tem o controle da operação da salvação. É Deus quem dá o crescimento, e isso é uma obra exclusiva dele. Algumas pessoas acreditam que podem colaborar com Deus no processo de salvação. Mas perceba a expressão “porque a terra por si mesma frutifica”. Essa declaração no original literalmente se traduz como ―automaticamente‖, isto é, ela ocorre sem nenhuma influência externa. Em segundo lugar, a Parábola da Semente Germinando Secretamente ensina que Deus dá o crescimento e sabe o tempo de colher. Quando uma semente é plantada, ela germina, cresce, amadurece, produz frutos e, se não for colhida no tempo certo, acaba morrendo. Esse princípio também traz uma lição importante sobre o agir de Deus. É Ele quem dá o crescimento, e também é Ele quem sabe o momento da colheita. Esse momento já está determinado desde a eternidade, segundo o bom propósito da vontade soberana de Deus. Em terceiro lugar, a Parábola da Semente Germinando Secretamente ensina que a colheita é o momento da vitória. A colheita terá hora certa para acontecer. Ela não ocorrerá nenhum minuto antes e nenhum minuto depois. Devemos aguardar ansiosamente esse dia, confiando que Deus está no controle. Mas apenas Ele é quem sabe quando esse dia virá. Nesse dia tão glorioso, os ímpios serão separados dos santos, e o reino de Deus será revelado em todo seu esplendor. Nesse dia estaremos para sempre com Ele. Em quarto lugar, a Parábola da Semente Germinando Secretamente ensina que o crescimento do Reino de Deus no coração do homem é um mistério. As pessoas muitas vezes tentam explicar a forma com que o Evangelho impacta a vida de alguém, mas isso é impossível. Somente Deus conhece esse processo plenamente.

Alguns tentam estabelecer métodos que supostamente possam manter as pessoas na Igreja. No entanto, nosso papel é, no máximo, regar; pregando simplesmente a verdadeira Palavra, pois o crescimento quem dá, de fato, é Deus. Algumas pessoas se julgam estrategicamente importantes, como se pela sua capacidade de pregar ou liderar uma igreja local, alguém fosse realmente salvo. Alguns dizem: “Esta igreja está lotada por que eu prego aqui todos os domingos”; ou então: “Aquela pessoa só se converteu depois da minha pregação evangelística”. Coitados! Indiscutivelmente o apóstolo Paulo foi um grande homem de Deus; Apolo é reconhecido entre os estudiosos como um dos maiores pregadores da História da Igreja, porém nenhum deles foi responsável pelo crescimento do Evangelho no coração do homem (1 Coríntios 3:6). O mesmo Paulo reconhece a incapacidade humana nesse processo. Por isso ele afirma de forma extraordinária que “aquele que começou a boa obra em vós há de completá-la até o dia de Cristo Jesus” (Filipenses 1:6). Em quinto lugar, a Parábola da Semente Germinando Secretamente ensina que o cristão deve ser paciente como um agricultor. Para nós que pregamos a Palavra de Deus, a perseverança e a paciência é algo essencial. Quando semeamos o Evangelho não devemos desanimar quando não vemos resultados imediatos. Jesus nos ensinou que esse processo exige paciência. O agricultor dorme e acorda, dia após dia, até que, de repente, de maneira maravilhosa, a semente germina e desponta na terra. Assim como a semente amadurece no tempo certo, assim também o fruto do trabalho do pregador aparecerá. Tiago escreve: “Tende, pois, paciência, meus irmãos, até a vinda do Senhor. Vede o lavrador: ele aguarda o precioso fruto da terra e tem paciência até receber a chuva do outono e a da primavera. Tende também vós paciência e fortalecei os vossos corações, porque a vinda do Senhor está próxima” (Tiago 5:7,8). Como foi dito, apesar de a Parábola da Semente Germinando Secretamente ser uma das parábolas mais curtas que Jesus ensinou, seu significado e suas lições são fundamentais para todos os verdadeiros seguidores do Senhor.


Evangelho Segundo Lucas 1. A roupa nova

Lucas 5.36

Lucas salienta que quem está habituado às estruturas do velho sistema, e não se predispõe à mudança, jamais aceita a novidade trazida por Jesus. Ninguém costura: Cristo destaca aqui o intento de remendar o velho manto do judaísmo com o tecido novo dos ensinos dEle. Remendo: os ensinos de Jesus não eram tão somente um remendo que seria aplicado ao desgastado sistema religioso judaico. Vestido velho: o judaísmo, como um velho e desgastado vestido chegara ao ponto de ser descartado. Há muito tempo já havia sido perdido o espírito original da religião judaica entre a maioria dos que a praticavam. Havia se tornado apenas um sistema de normas. Cristo procurou mostrar aos discípulos de João Batista a inutilidade de remendar Suas mensagens com as velhas e desgastadas observâncias da tradição Judaica. Se faz pior: o que tem por objetivo melhorar o velho vestido remendando-o com um novo tecido só terá como resultado ressaltar ainda mais os defeitos do velho. 2. Parábola do Vinho Novo em Odres Velhos Mateus 9:16,17; Marcos 2:21,22; Lucas 5:36-38 O significado da Parábola do Remendo Novo em Pano Velho e Vinho Novo em Odres Velhos diz respeito ao contraste entre a Lei Mosaica e a Nova Aliança. Essa parábola fala que as velhas formas cerimoniais da Lei Mosaica são inadequadas à Nova Aliança em Cristo, à mensagem do Evangelho da graça. Ao falar sobre o remendo novo em pano velho, Jesus diz que é inapropriado tentar costurar a Nova Aliança nas antigas práticas cerimoniais judaicas. Ao falar do vinho novo em odres velhos, Jesus diz que esses rituais cerimoniais da Antiga Aliança não comportam a realidade da Nova Aliança. Os odres eram recipientes feitos de pele de animais. Por causa da elasticidade do couro, as pessoas utilizam esse material no processo de

fermentação do vinho. O vinho novo era colocado em odres; mas à medida que ele fosse fermentando, a pressão aumentava e esticava os odres. Um odre velho já havia sido dilatado ao máximo e não possuía mais a elasticidade necessária para um novo processo de fermentação. Um vinho novo posto em um odre velho seria desperdício. Tudo isso significa que os rituais da Antiga Aliança apenas apontavam para a Nova Aliança. Eles cumpriram seu papel e cessaram. Tentar continuá-los após a chegada do Messias seria como usar remendo novo em pano velho; ou colocar vinho novo em odres velhos. Vimos que essa parábola foi motivada devido a um questionamento acerca

do jejum. Então em outras palavras, de forma mais específica, Jesus responde aos discípulos de João Batista dizendo que o jejum cerimonial ou qualquer outra prática mosaica observada por eles e pelos fariseus, nada tinham a ver com o Evangelho.

3. Parábola Dos Dois alicerces

Mateus 7:24-27 e Lucas 6:47-49

Ao analisarmos as características das construções rurais dos dias de Jesus, podemos facilmente entender a ilustração que Jesus utilizou. As casas eram bem diferentes das construções que estamos habituados hoje em dia. As paredes não eram tão sólidas, ao contrário, eram feitas com uma mistura de barro endurecido, de modo que era comum que ladrões furassem as paredes para entrar nas casas (Mt 6:19). O telhado também era frágil, feito com uma mistura de terra e palha, podia tranquilamente ser aberto (Mc 2:3,4). Algumas pessoas preferiam construir suas casas bem longe do leito de um rio, porém isso também poderia ser um problema, pois era muito importante para o estilo de vida da época, ter um riacho nas proximidades da casa. Isso favorecia a criação de animais, as plantações, e o abastecimento da própria casa. Logo, era preferível construir uma casa perto do leito de um rio, mesmo que ele estivesse seco, pois quando a estação das chuvas chegava, o riacho que se formava garantia a água necessária até mesmo para atravessar o período de seca. Muitas vezes as tempestades também ocasionavam o transbordamento dos rios, principalmente com mudanças climáticas repentinas que são comuns naquela região. Quando percebermos a fragilidade das construções da época, e consideramos o padrão climático da região, fica nítida a importância que havia no alicerce da casa. O construtor prudente escolhe bem o local onde sua casa


será construída. Ele tira a terra solta, cava buracos profundos até encontrar a rocha, e, então, ele constrói o alicerce na rocha (Lc 6:48). Já o construtor insensato não faz nada disso. Ele edifica sua casa na terra árida e solta, em plena areia. O insensato não considera as mudanças climáticas. Ele se ilude com o sol brilhando fortemente no período de seca, e não pensa nas tempestades que certamente virão. A mensagem principal da parábola é bastante óbvia: o construtor prudente é o que constrói a casa sobre uma base sólida. O próprio Jesus, na introdução da parábola, explica que o significado figurativo do alicerce é ―estas minhas palavras‖ (Mt 7:24; Lc 6:47). Podemos entender que essa expressão ―estas minhas palavras‖, não se refere apenas ao Sermão do Monte, mas a todas as palavras de Jesus, e, por extensão, a toda Escritura como a infalível Palavra de Deus. Visto que as Escrituras revelam Cristo como Filho de Deus, também é correto dizer que, no significado espiritual da parábola, o próprio Cristo é a Rocha (Is 28:16; 1Pe 2:6; Rm 9:33; 1Co 3:11; 10:4). Jesus também deixa claro que praticar o Evangelho, ao invés de apenas ser um ouvinte, diferencia o prudente do insensato. Lições da Parábola dos Dois alicerces  Todos nós estamos construindo: nossa própria vida é uma construção. Todos os dias acrescentamos tijolos na nossa edificação. A estrutura da nossa vida vai sendo edificada em cada palavra, em cada pensamento, em cada desejo, a cada atitude e a cada realização. Porém, nem todos são iguais, alguns são prudentes, outros são insensatos.  Devemos ser praticantes e não apenas ouvintes do Evangelho: muitas pessoas apenas ouvem a Palavra de Deus, e acham que isso já é o suficiente. Entretanto, o próprio Jesus adverte que é preciso praticá-la. O construtor prudente ouve as palavras de Jesus, e entende que Ele é o único fundamento seguro sobre o qual se deve construir. O apóstolo Paulo fala exatamente sobre esse princípio: Segundo a graça de Deus que me foi dada, pus eu, como sábio arquiteto, o fundamento, e outro edifica sobre ele; mas veja cada um como edifica sobre ele. Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo. (1 Coríntios 3:10,11)  Só há dois tipos de construtores: geralmente costumamos dividir as pessoas em várias classes, porém Jesus divide os homens apenas em duas: os prudentes e os insensatos (Mt 6:22,23; 7:13-18; 10:39; 13:11-50; 22:1-

14; 25:2). Não há uma terceira opção, ou pertencemos ao grupo dos tolos ou ao grupo dos sábios, ou somos ímpios ou somos justos. As diferenças aparecem nas tempestades: enquanto a chuva não cai, o vento não sopra forte, e a correnteza não vem de encontro às casas, ambas parecem idênticas. Enquanto o sol está brilhando, o trabalho do construtor insensato parece ser tão bom quanto o trabalho do construtor prudente. Dentro das próprias igrejas podemos ver esse padrão acontecendo. Às vezes as semelhanças superficiais impressionam. Mas um dia os céus se escurecem, as tempestades acontecem, as chuvas transbordam os rios, e as duas casas são postas a prova. Nesse momento as semelhanças desmoronam junto com a insensatez do construtor que não fez sua edificação sobre a Rocha. Os méritos são de Cristo: algumas pessoas interpretam essa parábola de maneira completamente equivocada. Eles tentam defender um possível mérito, ou colaboração do homem, no processo de salvação. Pensar assim é um erro, e fatalmente culminará em uma salvação por obras, uma doutrina completamente estranha às Escrituras. É fácil perceber que ambos os construtores utilizaram o mesmo material para levantar as paredes e fazer o telhado. Elas eram idênticas superficialmente, talvez eu não ficasse surpreso se a aparência da casa que foi construída sobre a areia parecesse ser mais sofisticada, já que seu tolo construtor não gastou tempo cavando para alicerçá-la na rocha. Mas perceba que não foi a construção em si que manteve uma casa de pé enquanto a outra desmoronava. O segredo estava no fundamento, no alicerce sobre a rocha. Um princípio claro dessa parábola é que o fundamento da bem aventurança eterna do homem não está no próprio homem, e, sim, em Cristo e Suas palavras. O ímpio confia em sua própria capacidade, e acha que isso o livrará. O prudente entende que nenhuma de suas realizações poderá livrá-lo do juízo que virá, mesmo que ele seja um exímio construtor. Diante das provações que vem sobre o justo e sobre o injusto, a capacidade humana é tão transitória quanto a areia. Apenas a Rocha poderá manter sua casa de pé. Apenas os méritos de Cristo poderão satisfazer a justiça de Deus no grande dia do juízo.

4. Parábola dos Meninos na Praça Lucas 7:31-35 e Mateus 11:16-19 Jesus contou uma parábola que descreve um grupo de crianças brincando numa praça. Essa era uma cena extraída diretamente do cotidiano. O relato


consiste na ação de alguns meninos e meninas que queriam brincar de casamento. Eles precisavam de alguém para fazer o papel de noiva, outro para ser o noivo, e mais outro para tocar flauta para que o restante dançasse. Entretanto, o restante das crianças se recusou a dançar, pois não estavam interessados em brincar de casamento. Mudando de brincadeira, ao invés de tocarem flauta, as crianças começaram a entoar cantos de lamentos, na representação de um funeral. Agora eles estavam propondo que brincassem de enterro. Um deveria se fingir de morto, outros deveriam entoar cantos de lamentações enquanto o restante deveria chorar, como as carpideiras profissionais da época. Tal como na brincadeira do casamento, o resto das crianças se recusaram a brincar de funeral. Então, as crianças que haviam proposto as brincadeiras disseram aos outros: ―Nós tocamos flauta e vocês não dançaram; cantamos lamentações e vocês não choraram‖. Em outras palavras eles estavam dizendo: ―A brincadeira do casamento era alegre de mais para vocês; a brincadeira do funeral era triste demais. Vocês nunca estão satisfeitos com nada!‖. Então começa uma pequena discussão entre eles. As crianças ficam irritadas e mostram a infantilidade pertinente à idade que possuem, sendo volúveis e inconstantes. Isso é algo que provavelmente já aconteceu com todos nós na infância. Ficávamos ansiosos para brincar de uma determinada coisa, mas, com menos de cinco minutos de brincadeira, mudávamos de ideia e não queríamos mais brincar. Se estivéssemos em um grupo, esse era o momento propício para uma discussão. O que antes nos entusiasmava tanto, tão logo havíamos perdido o entusiasmo. É exatamente sobre isso que Jesus fala. Com essa parábola Jesus coloca ênfase no modo de vida infantil que os críticos viviam. Eles agiam de maneira inconsistente, irresponsáveis e de forma contraditória, de modo que nunca estão satisfeitos. Primeiro, se entusiasmaram com João, mas logo se incomodaram com seu jeito duro, pouco social e sua mensagem severa. Depois, se voltam contra o próprio Jesus, e o acham sociável demais. Quanto à interpretação dessa parábola, os comentaristas basicamente defendem dois modos diferentes de interpretação. A primeira interpretação defende que os meninos que sugeriram as brincadeiras de casamento e funeral representam Jesus e João Batista, respectivamente. Já as crianças que se recusaram a brincar são os judeus.

A segunda interpretação é exatamente o oposto da primeira. Os meninos que sugeriram as brincadeiras são os judeus que queriam que João Batista fosse alegre e que Jesus se lamentasse. Quando viram que nenhum dos dois viveu conforme a expectativa que tinham, então começaram a reclamar. Entre as duas interpretações, a segunda parece ser a mais coerente considerando a construção do texto, pois estabelece uma ligação entre ―os homens da presente geração‖ com o grupo de crianças que fazia recriminações, ou seja, os judeus estavam descontentes com João Batista e com Jesus, tal como as crianças estavam insatisfeitas com os seus companheiros, além de organizar em ordem cronológica as queixas aplicadas a João Batista e Jesus, isto é, João era recluso em seu estilo de vida e foi acusado de estar possuído por demônios, enquanto Jesus, se mostrando muito mais participativo na socialização, foi acusado de ser um glutão e beberrão, digno de ser punido pela Lei. Entrando, particularmente não sou favorável a nenhuma dessas interpretações que dividem as crianças em dois grupos. Penso que ao fazermos isso, estamos tirando o foco principal da mensagem de Jesus que era simplesmente apontar para as características das crianças quando estão brincando. Jesus não estava querendo identificar cada grupo com um elemento da parábola, mas demonstrar que, tal como as crianças agem em suas brincadeiras diárias, assim muitos estavam se comportando, agindo de maneira contraditória, infantil e volátil. Jesus finaliza a parábola dizendo: ―Mas a sabedoria é justificada por suas obras‖. No Evangelho de Lucas a frase é: ―Mas a sabedoria é justificada por todos os seus filhos‖. Embora exista essa diferença na construção da frase, ela não altera o sentido principal da mensagem transmitida. A sabedoria citada refere-se à sabedoria de Deus, ou seja, a expressão usada por Mateus enfatiza que as obras realizadas por Jesus são provas da sabedoria de Deus, enquanto o Evangelho de Lucas enfatiza a condição de que os filhos de Deus são testemunhas vivas de sua sabedoria, isto é, João Batista e Jesus tinham cada um uma missão distinta a cumprir, e muitas pessoas viram neles a sabedoria de Deus revelada, de maneira que os filhos da sabedoria são todos aqueles que foram sábios o suficiente para receber sinceramente a mensagem anunciada por João Batista e, depois, pelo próprio Cristo. Lição da Parábola dos Meninos na Praça que podemos aplicar em nossas vidas


Embora essa parábola tenha um significado bem específico dentro de seu contexto, podemos tirar uma aplicação muito importante que serve para todos nós:  Existe uma diferença entre inocência e infantilidade: Jesus nos ensinou uma mensagem muito clara em seu ministério de que precisamos ―ser como crianças‖, dando ênfase na questão da inocência. Porém há uma diferença muito grande entre o ―ser como criança‖ e o ―ser infantil‖. Enquanto a primeira condição é elogiada pelo mestre, a segunda é condenada explicitamente. Sobre esse aspecto, podemos refletir em nossas próprias vidas qual o tipo de conduta que estamos tendo. Será que estamos agindo de maneira infantil, imatura e volátil com as questões do reino de Deus? 5. Parábola dos Dois Devedores

Lucas 7:41-13

Como fica claro, o significado da Parábola dos Dois Devedores ensina sobre a sincera gratidão diante do perdão. Quanto maior for a divida perdoada de um devedor que não poderia pagá-la, maior deverá ser sua gratidão para com quem a perdoou. Quando alguém realmente entende o tamanho do perdão que lhe sobreveio, não há outra possibilidade a não ser demonstrar amor e gratidão. Foi isso o que aquela mulher fez. Ela não se importou com a opinião de quem se sentiria ofendido. Ela não se intimidou com a possibilidade de ficar com sua reputação ainda mais arruína na cidade, ao quebrar os costumes de seu tempo. Sua única preocupação era poder demonstrar, com ações concretas, o quanto estava agradecida. Talvez ao ver a forma com que Jesus recebeu aquela mulher pecadora, o fariseu pensou ter comprovado que não havia nada de especial em Jesus. Como Ele poderia ser divino se parecia não saber quem era aquela mulher pecadora? Mas a Parábola dos Dois Devedores não só demonstra que Jesus conhecia toda a história daquela mulher, como também sondava o coração e os pensamentos de Simão. O desconfiado Simão é que não entendia estar na presença do Filho de Deus, plenamente humano e plenamente divino. Ali estava alguém infinitamente superior a qualquer profeta, e isto pode ser visto nas seguintes palavras: “Portanto, eu lhe digo que os pecados dela, ainda que muitos, estão perdoados, pois ela muito amou; mas a pessoa a quem pouco se perdoa, pouco ama” (Lucas 7:47).

Simão pensava estar justificado, enquanto desprezava a mulher pecadora. Mas a Parábola dos Dois Devedores deixou claro que quem havia recebido o grande perdão, havia sido aquela mulher. Através da fé, um dom da graça de Deus, a mulher compreendeu o significado do perdão que havia sido derramado sobre ela. 6. Parábola do Semeador

Mateus 13:3-9; Marcos 4:2-9; Lucas 8:5-8

O próprio Senhor Jesus explicou o significado da Parábola do Semeador. Apesar de Ele ter contado a parábola à multidão, Ele explicou seu significado apenas aos seus discípulos. Jesus explicou que quando alguém ouve a mensagem do reino, mas não entende, o maligno vem e arrebata o que foi semeado em seu coração, tal como as aves comem as sementes que caem pelo caminho. Já o solo rochoso no qual algumas sementes caíram, representa aquela pessoa que, ao ouvir a mensagem, rapidamente e impulsivamente a recebe com alegria. Mas pela falta de raiz isso dura pouco tempo. Logo que surge a aflição ou a perseguição por causa da mensagem, essa pessoa se ofende e a abandona. Há também aquela pessoa que ouve a mensagem, mas as preocupações deste mundo e a sedução das riquezas sufocam a mensagem, tornando-a infrutífera. Esse é aquele que foi semeado entre os espinhos. Contudo, o exemplo da semente que foi semeada em bom solo representa aquele que houve e atende a mensagem. Esse dá fruto, produzindo, em um caso, a cem, noutro, a sessenta, e noutro, a trinta. Aqui já há uma clara indicação do significado de três elementos dessa parábola. Primeiro, a semente da Parábola do Semeador é uma representação da Palavra de Deus. Segundo, o semeador é uma figura do próprio Cristo e, consequentemente, de todo aquele que se ocupa do serviço de proclamar o Evangelho. Terceiro, o solo citado na Parábola do Semeador, cada qual com sua particularidade, é uma indicação do coração humano. A Parábola do Semeador traz lições muito importantes derivadas de seu significado principal. Aqui destacamos três delas. Em primeiro lugar, a Parábola do Semeador ensina que a semente do Evangelho alcança diferentes solos e apresenta resultados distintos em cada um deles. A maioria das pessoas, por diversos motivos, não recebe as boas novas para a salvação. Algumas pessoas possuem um coração insensível que não responde positivamente ao convite do Evangelho. Essas pessoas nem mesmo refletem na


mensagem anunciada. Outras possuem um coração impulsivo que no calor da emoção acaba recebendo superficialmente a mensagem. Uma vez que a emoção passa, essas pessoas voltam à sua antiga vida de pecado. Outras pessoas possuem um coração muito ocupado com as coisas desta vida. Ludibriadas com desejos terrenos e ilusões de riquezas, essas pessoas desprezam o verdadeiro tesouro que poderiam encontrar. Mas finalmente há aquelas pessoas que possuem um coração bem preparado, um coração que responde positivamente à Palavra de Deus. Consequentemente, em segundo lugar, é inegável que essa parábola destaca, entre outras coisas, a responsabilidade humana. A responsabilidade pelo resultado da germinação da semente é colocada na condição do solo. W. M. Taylor diz que o caráter do ouvinte determina o efeito da Palavra sobre ele. Na Bíblia Sagrada a soberania de Deus jamais é vista como um problema à responsabilidade humana. Na verdade a Parábola do Semeador trata essa questão com muita naturalidade. Enquanto a responsabilidade humana é enfatizada na forma com que cada pessoa responde à mensagem do Evangelho, a soberania de Deus é enfatizada na verdade de que o bom solo que recebe apropriadamente a semente é aquele que, primeiro, foi preparado. O coração que recebe eficazmente a semente do Evangelho não é comparado ao solo duro dos caminhos que cortavam os campos; não é comparado ao solo rochoso; também não é comparado ao solo infestado de raízes espinhosas. O coração cujo Evangelho cria raízes é comparado ao bom solo. Obviamente o bom solo de uma plantação é aquele devidamente arado e tratado para receber a semente. Nesse ponto é possível dizer que a Parábola do Semeador aponta para a obra do Espírito Santo. Ele é quem prepara e regenera o coração do homem, tornando-o boa terra para a semente do Evangelho. Ele é quem aplica a obra redentora de Cristo no pecador. Em terceiro lugar, a Parábola do Semeador mostra que a frutificação é uma marca do verdadeiro cristão. Todo genuíno discípulo de Jesus Cristo necessariamente irá frutificar para a glória de Deus. O próprio Jesus fala claramente disso na alegoria da Videira e os Ramos (João 15). Todavia, o grau de frutificação não é igual para todos. Uns produzem cem por cento; outros sessenta; e outros trinta. 7. Parábola da Candeia

Lucas 8.16-18

A Parábola da Candeia nos mostra que tentar viver uma vida dupla, fazendo coisas que desagradam a Deus às escondidas é inútil. O Senhor Jesus enfatiza alguns pontos que devem sempre ter a nossa atenção, em nossa intimidade com Deus. Estudar esta parábola nos ajudará a refletir sobre a necessidade de sermos verdadeiros e viver um estilo de vida que agrade a Deus e revele sua glória. O Lugar Apropriado Uma das marcas dessa parábola é que a luz deve estar no lugar apropriado, pois a sua função é iluminar. Observe o seguinte: A cama a qual Lucas 8:16 se refere, era um tipo de colchonete, que quando não estava sendo usado, era enrolado. Jesus diz que ―ninguém‖ ao ascender uma lâmpada, pensaria em cobri-la ou colocá-la debaixo de um colchão enrolado. O lugar da lâmpada é no candeeiro. Apenas ali, ele cumpre seu propósito. Seguindo esse raciocínio, para o Senhor Jesus era natural que os seus discípulos deixassem sua luz brilhar neste mundo. Sua vida, escolhas, obras, tudo deveria refletir a presença e influência de Cristo. Para isso, a Palavra de Deus, isto é a boa semente, deve germinar e brotar em nossos corações de forma que o nosso caráter seja transformado e influenciado por ela. A Revelação do Oculto A humanidade vive como se não houvesse Deus. Os ensinamentos bíblicos, os valores cristãos e o amor a Deus e ao próximo estão, dia-após-dia sendo deixados de lado. Contudo, a Parábola da Candeia nos revela que nada ficará oculto para sempre, tudo será revelado (Lucas 8:17). Isto significa, que o estilo de vida longe de Deus será confrontado no final. Por mais que hoje, as pessoas vivam como se Ele não existisse e aparentemente se dão bem com isso, por não haver muitas vezes uma resposta imediata ao pecado, o juízo de Deus se revelará sobre a iniquidade. A instrução de Paulo aos Coríntios, nos revela que há um dia em que o Senhor Deus trará tudo à luz (1 Coríntios 4:5). Mas mesmo em nossos dias, muitas pessoas fazem muitas coisas, acreditando que nunca serão descobertas, mas acabam sendo. A Parábola da Candeia e os Nossos Deveres


Já percebemos que as parábolas de Jesus expressam profundas verdades espirituais. E com esta não é diferente. Aqui, assim como na parábola do semeador, o Mestre nos exorta a estar atento. Isto é, a ouvir suas palavras, prestar atenção e praticar (Lucas 8:18). Com isso, pelo menos três exigências: 1. Ouvir (Lucas 8:8b); 2. O que devem ouvir (Marcos 4:24); 3. Como ouvir (Lucas 8:18); Deve haver em nós atenção total ao ensino de Cristo, pois a maturidade e profundidade da nossa fé, está diretamente ligada a essa devoção. Com isso entendemos, que no Reino de Deus quanto mais avançamos no conhecimento e na prática, mais ganhamos. Sendo o contrário verdade, quanto mais conhecemos e não praticamos, mais perdemos. A Parábola da Candeia nos ensina que a nossa vida deve resplandecer a luz de Cristo. Deve ser expresso através da nossas vidas, escolhas e atitudes a vontade de Deus e um estilo de vida que o agrada e revela Jesus Cristo. Tentar se esconder é inútil, pois no devido tempo tudo será revelado e não há absolutamente nada que esteja encoberto diante do nosso Deus. Dessa forma, devemos estar atento a nossa obediência, devoção e atenção aos ensinos do Senhor Jesus. 8. Parábola do Bom Samaritano

Lucas 10.30-37

O significado da Parábola do Bom Samaritano fica claro diante da pergunta que precede a narrativa de Jesus: “Quem é o meu próximo?” (Lucas 10:29). Na Parábola do Bom Samaritano Jesus responde que o próximo é todo aquele que necessita de amparo, independentemente de quem seja. Esse próximo, na maioria das vezes, não faz parte do nosso círculo familiar ou do nosso grupo de amigos. Frequentemente o próximo é um estranho, alguém que não é atraente aos nossos interesses. Talvez, pode ser até que esse próximo seja um inimigo, como no caso do samaritano e o judeu. Mas também é fácil perceber que na parábola Jesus posiciona essa pergunta em sua forma correta. O ponto principal não é se perguntar “Quem é o meu próximo?”. A pergunta correta deve ser: “Eu estou sendo um bom próximo para os necessitados ao meu redor?”.

Jesus termina a Parábola do Bom Samaritano perguntando ao doutor da Lei quem provou ser o próximo do homem ferido. O estudioso teve de dizer que foi o homem que teve piedade dele, isto é, o bom samaritano. Então Jesus concluiu: “Vá e continue fazendo o mesmo” (Lucas 10:37). Aqui devemos nos lembrar de que a primeira pergunta do estudioso foi acerca de como ele poderia obter a vida eterna. Então com a Parábola do Bom Samaritano, Jesus indica que guardar a Lei do Senhor, cujo princípio básico é o amor a Deus seguido pelo amor ao próximo, é um comportamento que caracteriza àqueles que são herdeiros da vida eterna. Jesus não ensina que as boas obras e o cumprimento da Lei levam à

salvação. O que Ele ensina é que aqueles que são salvos andam nas boas obras, e, como regra de gratidão, guardam os mandamentos do Senhor (cf. Efésios 2:10). Nesse sentido o significado da Parábola do Bom Samaritano pode ser resumido no conselho de Tiago: “Tornai-vos, pois, praticantes da palavra, e não apenas ouvintes, enganando-vos a vós mesmos” (Tiago 1:22). 9. Parábola do Amigo Importuno

Lucas 11:5-8

O ponto principal que expressa o significado da Parábola do Amigo Importuno pode ser identificado entre os versículos 9 e 13. Veja: “E eu vos digo a vós: Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-sevos-á; Porque qualquer que pede recebe; e quem busca acha; e a quem bate abrir-se-lhe-á. E qual o pai de entre vós que, se o filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou, também, se lhe pedir peixe, lhe dará por peixe uma serpente? Ou, também, se lhe pedir um ovo, lhe dará um escorpião? Pois se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais dará o Pai celestial o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?” (Lucas 11:9-13) A mensagem que se destaca nessa parábola é a seguinte: mesmo os homens, que são maus, e geralmente precisam de alguma motivação para fazer o bem, oferece ajuda a um amigo, ou dá boas dádivas aos filhos; o que esperar então do Pai celestial, que é longânime, e cuja nobre motivação não pode ser questionada de forma alguma? Certamente Ele responderá generosamente nossas petições. Lições da Parábola do Amigo Importuno


A Parábola do Amigo Importuno nos ensina várias lições. Destacaremos algumas delas aqui. Em primeiro lugar, a Parábola do Amigo Importuno nos motiva a pedir. O versículo 9 mostra três exortações e três promessas que vão aumentando de intensidade. Pedir subentende humildade, e um reconhecimento da necessidade. O ―pedir‖ em nossas orações também tem importância, pois pressupõe confiança num Deus pessoal com quem podemos ter comunhão. Ao pedirmos, esperamos uma reposta, e isso implica fé no Deus que pode nos responder. Ter esse tipo de fé torna nossa oração fervorosa e pessoal. Diante da primeira exortação que é ―pedir‖, temos a primeira promessa de que seremos ouvidos. Em segundo lugar, a Parábola do Amigo Importuno nos motiva a buscar. Essa é a segunda exortação. Buscar é ―pedir + agir‖, ou seja, é um pedido com ação. Isso significa que nossa petição deve ser sincera e acompanhada de atitudes diligentes que estão em harmonia com o que estamos pedindo. Por exemplo: se alguém ora a Deus pedindo que Ele lhe conceda mais sabedoria no entendimento da Bíblia, essa pessoa também deve constantemente examinar as Escrituras (cf. João 5:39; Atos 17:11). Ela também deve frequentar a Escola Bíblica Dominical e os cultos (cf. Hebreus 10:25). Além disso, ela deve viver de acordo com a vontade de Deus (cf. Mateus 7:21, 24, 25; João 7:17). O crente é exortado a buscar, e consequentemente ele recebe a promessa de que, ao buscar, ele encontrará. Em terceiro lugar, a Parábola do Amigo Importuno nos motiva a bater. Essa é a ultima exortação da sequência ―peça, busque e bata‖. Bater é ―pedir + agir + perseverar‖. Aqui há um convite à perseverança. Quando pedimos com sinceridade, buscamos segundo a vontade de Deus, e batemos com perseverança, o resultado será a última promessa: “a porta lhes será aberta”. Em quarto lugar, a Parábola do Amigo Importuno ensina que para Deus nunca é tarde da noite. Isso significa que não existe hora inapropriada para recorremos a Ele. Nosso Pai celestial nunca é importunado quando um de seus filhos o procura, e o melhor, Ele nunca é pego de surpresa. Em quinto lugar, a Parábola do Amigo Importuno nos ensina que às vezes recebemos algo diferente do que pedimos. Essa é uma lição que precisa ser compreendida. As pessoas às vezes se queixam por Deus não lhes dar exatamente o que pediram. Diante disso uma pergunta deve ser feita: será que pediram o Espírito Santo e buscaram consolo na graça que Ele comunica; uma graça que é suficiente para fazer com que nos alegremos mesmo em meio as nossas dores, aflições e frustrações?

Em sexto lugar, a Parábola do Amigo Importuno nos ensina que Deus não é nosso mordomo. Essa é outra lição muito importante. Infelizmente algumas pessoas entendem essa parábola de forma completamente errada. Elas tentam colocar Deus na posição de mordomo. Essa parábola não dá base alguma para a defesa da tão famosa Teologia da Prosperidade. Na Parábola do Amigo Importuno Jesus traz uma mensagem conectada ao ensino de como orar corretamente (Lucas 11:1-4). Ele havia revelado um modelo de oração (O Pai Nosso), e agora estava mostrando a importância da perseverança na oração. É o mesmo ensino do apóstolo Paulo ao dizer: “orai sem cessar” (1 Tessalonicenses 5:17). Esse ensino de que Deus dará tudo o que alguém desejar ou determinar não pode ser sustentado quando lemos o texto inteiro; principalmente quando consideramos os primeiros versículos do capítulo. Perceba que, antes de Jesus dizer: “pedi, e dar-se-vos-á, buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á”, ele já havia dito: “seja feita a tua vontade” e “dá-nos cada dia o nosso pão cotidiano”. A Bíblia certamente nos ensina que Deus ouve nossas petições, e conhece nossas necessidades. Mas ela também ensina que a vontade soberana d’Ele sempre estará acima dos nossos desejos e ansiedades. Podemos aprender a mesma lição em Mateus 6:33 que diz: “Buscai primeiro o reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas”. Se lermos o capítulo 6 de Mateus inteiro, saberemos que o “todas essas coisas” se refere ao “nosso pão cotidiano”, ou seja, os elementos básicos para nossa sobrevivência (Mateus 6:31). Ainda em Mateus, no capítulo 7 e versículo 11, temos a mesma descrição que encontramos em Lucas 11:13. Veja: Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas dádivas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará boas coisas aos que lhas pedirem? (Mateus 7:11) Usando a passagem de Lucas para nos ajudar a interpretar essa passagem de Mateus, descobrimos que a expressão “boas coisas” é interpretada em Lucas como “Espírito Santo”. As duas versões estão corretas e em perfeita harmonia, já que sabemos que o Espírito Santo é a Fonte de tudo o que é bom em nossas vidas. Definitivamente a Parábola do Amigo Importuno não transmite qualquer base para um ensino contrário a Palavra de Deus como a Confissão Positiva ou qualquer ramo da Teologia da Prosperidade.


10. O rico sem juízo

Lucas 12:16-21

O significado da parábola do rico insensato fala sobre a tolice em se preocupar demasiadamente com os bens do mundo, visto que a própria vida é o mais importante. O homem da parábola se achou tão seguro pelos bens que tinha juntado, que esqueceu que sua vida estava além daquilo. Ele fez provisões para sua vida terrena, e pensou que seus bens iriam garantir o bem-estar de sua alma. Mas a sua alma, perante o juízo de Deus, não tinha absolutamente nada. Na verdade o significado da Parábola do Rico Insensato pode ser facilmente entendido diante das palavras de Jesus que precedem imediatamente o seu início: “Porque a vida de um homem não consiste na abundância de suas possessões” (Lucas 12:15). O rico insensato da parábola de Jesus não apenas demonstrava avareza, mas também egoísmo. Em nenhum momento ele pensava em repartir a abundância de seus bens no auxílio aos necessitados. Ele preferia derrubar seus celeiros para construir outros maiores do que compartilhar suas sobras com quem precisasse. Ele queria tudo para si, e queria mais e mais! Lembre-se que a Parábola do Rico Insensato faz parte da advertência de Jesus sobre a cobiça. A palavra grega empregada no texto e traduzida como ―cobiça‖ significa literalmente ―sede de ter sempre mais‖. Todo esse comportamento egoísta e soberbo também se harmonizava com sua falta de gratidão a Deus. Em nenhum momento aquele homem rico agradeceu e glorificou ao Senhor por tamanha abundância que estava recebendo. Ele se esqueceu de que até mesmo cada fio de cabelo da cabeça de um homem está sob o controle de Deus (Lucas 12:7). Ele engrandeceu a si mesmo! Ele se orgulhou dos bens que, em sua insensatez, pensou ser o único responsável por ter juntado. O rico insensato também caiu no erro de pensar que era o senhor de si. Ele juntou seus bens contando que viveria ―muitos anos‖. Ele pensou ter controle de seus dias assim como tinha controle dos grãos que juntava em seu celeiro. Ele pensou ser completamente independente de Deus, e este foi seu maior erro. Mas o Deus que ele pensou não precisar depender, estava requerendo sua alma. Curiosamente isso não aconteceu depois de muitos anos, quando suas provisões talvez já tivessem chegado ao fim. A alma do rico insensato foi requerida naquela mesma noite.

Certamente podemos aprender muitas lições práticas com a Parábola do Rico Insensato nas quais devemos refletir. Mas sem dúvida a principal delas diz respeito a forma com que olhamos para a doutrina da providência divina. Nós devemos aprender com a Parábola do Rico Insensato a reconhecer a soberania de Deus em todas as coisas. Seja na continuidade de nossa vida ou mesmo no fim dela, que Deus seja glorificado em tudo (Romanos 14:8-10). Dessa forma, precisamos saber identificar quais realmente devem ser as nossas prioridades. Algumas pessoas pensam que essa parábola desencoraja os seguidores de Cristo a lutar pelos seus direitos. Obviamente essa não é a questão. O problema acontece quando objetivamos de tal forma coisas meramente passageiras, como se toda nossa satisfação e felicidade dependessem delas. Quando agimos assim, claramente não estamos colocando em primeiro lugar aquilo que realmente é prioridade. Mas se entendermos que Deus controla todas as coisas, não teremos dificuldade em buscar em primeiro lugar o seu reino e sua justiça, confiando que Ele acrescenta aquilo que nos é necessário para sobreviver (Mateus 6:33). Que não venhamos a ser como o rico insensato, mas que possamos reconhecer a cada dia a nossa total dependência de Deus. A bem-aventurança de nossa alma não é garantida pelo acumulo de tesouros terrenos, mas pela justiça de Cristo imputada em nosso favor. O Espírito Santo é o penhor da nossa verdadeira herança eterna! 11. Os servos vigilantes

Lucas 12.35-40

Este texto se trata de uma parábola, intitulada como a parábola do servo vigilante, é uma parábola profética, ou seja, aponta para o fim dos tempos, mais precisamente sobre a segunda vinda de Cristo. Existe uma série de parábolas proféticas, como a da figueira, das 10 virgens, dos talentos, que apontam para as mesmas ideias que se destacam na temática dessa parábola, de estar preparado para a vinda de Cristo. Na ótica dessa parábola todos nós cristãos somos os servos dessa casa espiritual chamada igreja cujo dono é o Senhor Jesus, todos precisam estar preparados para essa segunda vinda de Jesus. O objetivo dessas parábolas não é gerar medo nos cristãos com relação a volta de Cristo, mas gerar um sentimento de comprometimento com a obra de


Deus e, principalmente, gerar esperança nos nossos corações com relação a volta de Cristo. Jesus vai voltar, essa é a nossa grande esperança, se Jesus não fosse voltar o Evangelho não teria sentido pra nós, Mas ele prometeu que ia voltar, e pela fé na sua promessa devemos aguardar com muita expectativa por esse momento. Eis o perfil do servo que Jesus espera encontrar no seu retorno: servos cingidos que mantenham acesas as suas lâmpadas. ―Cingindo esteja o vosso corpo…‖ vs 35 Os discípulos devem estar preparados. Estar cingido se refere a estar pronto para servir, as vestes da época eram túnicas e elas eram desconfortáveis para o trabalho, tirava a mobilidade, para dar mobilidade as pessoas fazerem algum serviço, as pessoas se cingiam, colocavam um cinto pra ajustar a roupa pra facilitar a mobilidade. Em ultima análise, ativas no serviço cristão. ―… e acessa as cossas candeias‖ vs 35 E sobre o manter acessa a candeia, me lembro, das parábolas das 10 virgens, e da parábola da candeia, que mostra pra nós em ultima analise a necessidade de estarmos cheios do Espirito Santo. Esse é o tipo de servo que Jesus quer encontrar na sua vinda, servos cheios do Espirito Santo e ativas no serviço cristão. Nessa parábola Jesus compara o estado de alerta a homens que esperam pelo seu Senhor, ao voltar ele das festas de casamento; para que, quando vier e bater à porta, logo a abram – (v.36). Assim devemos estar atentos pra vinda de Jesus. Não sabemos se a volta de Jesus vai acontecer na nossa geração ou daqui a 100 anos, ou daqui há mil anos, não importa, precisamos viver com essa esperança como se sua vinda fosse iminente, porque pode ser que seja hoje e pode ser que não seja, ninguém sabe a hora exata, é um segredo divino. Mas há alguns indícios, Jesus mesmo deu alguns indicativos. Não cabe aqui ressaltar esses sinais, mas ainda na expositiva de Lucas vamos ver alguns desses indicativos. Mas independente do tempo devemos aguardar vigilantes por sua vinda. Todos devem esperar de igual modo sem revezamento na espera. Nesta parábola, todos os servos que estão esperando pelo Senhor, devem abrir a porta quando Ele bater. Não é uma única pessoa que esta esperando o Senhor, mas todos quando ouvir o bater da porta, devem abri-la – (V.36 e 37)

O bater na porta nos lembra a Igreja de Laodicéia (Apocalipse 3:20) – Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo. No versículo 37 dessa parábola percebemos uma serie acontecimentos inesperados, temos servos cingidos, com suas candeias acesas, vigilantes, abrindo a porta pra esse senhor, com tudo pronto para serví-lo, no entanto o senhor ao encontrar esses servos vigilantes se cinge, dá aos seus servos lugar a mesa e os serve. É isso que vai acontecer com aqueles que aguardam a volta de Cristo como estes servos vigilantes. E nos não temos noção da glória que nos há de ser revelada. ―Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam.‖ 1 Coríntios 2:9. Pense aí que com toda a capacidade intelectual que você tem, você não é capaz de imaginar o que Deus tem preparado pra você no reino Dele. Sabe as visões que João teve sobre Jesus, sobre a nova Jerusalém? Pra aqueles que estão acompanhando os estudos de Isaias, lembra da visão de Isaías? Eu não sei você, mas eu leio esses textos e fico maravilhado a respeito dessas visões, aí Paulo diz para gente que nem olhos virão nem ouvidos ouviram nem jamais passou pela mente humana o que Deus tem preparado. A palavra ―bem-aventurado‖ ocorre na parábola por três vezes isso mostra a ênfase que Jesus dá na plenitude da sua vinda. Note que antes de valorizar o que o servo deve fazer, Jesus valoriza quem o servo deve ser. Porque é possível ser um servo aparentemente bom mas não ser de fato bom. Serve bem porque está diante do senhor, mas na ausência do senhor maltrata os seus conservos, ou serve porque está de olho na recompensa, porque tem medo de ser punido. Por isso Jesus valoriza primeiramente quem o servo é e só depois o que ele faz, V42, ―quem é pois o mordomo fiel e prudente a quem o senhor confiará os seus conservos para darlhes o sustento a seu tempo‖? Fidelidade e prudência também são características que Jesus procura em seus servos. A fidelidade deve acompanhar todas as nossas atitudes tanto para com Deus quanto para com o nosso próximo. Devemos ser fieis… Fieis no falar. Sua palavra deve ser, sim, sim e não, não. (Mt 5.37) Fiel a comunhão da igreja. (Hb 10.25) (não deixemos de congregar) sendo participativos, envolvidos, comprometidos com o trabalho. Fiel na Assistência Social, Socorro aos necessitados, órfãos e viúvas. Mt 25.42-43. No cuidado da família. (I Tm 5.8) ―Ora, se alguém não tem cuidado


dos seus e especialmente dos da própria casa, tem negado a fé e é pior do que o descrente.‖ Fiel nos compromissos. Nas compras efetuadas não dar calote, não deixar de pagar o aluguel, pedir dinheiro emprestado e não pagar; Com relação ao uso dos objetos alheios, se pegar algo emprestado devolver; se esse algo estragar não devolver estragado; Com relação aos horários previamente marcados não chegar atrasado ou faltar aos compromissos deixando a pessoa na mão, Fiel nos relacionamentos; com relação ao relacionamento conjugal, não destrua seu casamento com o adultério; com relação aos filhos não deixe de cumprir suas promessas, seja exemplo naquilo que você mesmo exige do seu filho, ―pais não irriteis os vossos filhos‖ (Cl 3.21), Com relação aos amigos ou irmãos em Cristo saiba guardar segredo, não faça fofoca, saiba dar bons conselhos. Fiel no pouco e no muito. Seja fiel nas riquezas materiais e o senhor te confiara a verdadeira riqueza. (Lc 16.10). Fiel até a morte. (Ap. 2.10). Seja morte matada ou morte morrida, seja fiel ao senhor por toda a vida. Não só de vez em quando. Outra coisa que precisamos ser é prudentes. Jesus já falou sobre o homem prudente, (mt 7.24) ―Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras, e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha‖. O homem prudente edifica sua vida sobre o evangelho de Jesus, ouvindo e colocando em pratica aquilo que aprende. 4 perfis de servos e o que acontecerá com eles na volta do senhor Cada tipo de servo terá um tratamento diferente, cada um recebera segundo as suas obras ―(Deus)…que retribuirá a cada um segundo o seu procedimento‖ (Rm2.6) 1) Servo fiel e prudente, cheio do espirito, ativos no serviço cristão. Estes terão lugar a mesa do seu senhor. – (v.37) 2) Anti-servo. Não terão lugar a mesa do Senhor, serão castigados e a sua sorte será com os infiéis, incrédulos – (v.45,46) (Mateus 7:21) – Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a VONTADE de meu Pai, que está nos céus. 3) Servo que conhece a vontade de seu Senhor mas não se aprontou pra sua vinda. Serão punidos com muitos açoites – (v.47) 4) Servo que não conheceu a vontade do Senhor, mas fez coisas dignas de reprovação. Serão punidos com poucos açoites – (v.48)

(Mateus 5:19) – Qualquer, pois, que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no reino dos céus. Que tipo de servo você é? 12. Parábola do Servo Vigilante

Lucas 12:42-46 e Mateus 24:45-51

A Parábola dos Dois Servos é uma história ilustrativa. Nela Jesus Cristo aplica uma cena muito comum que persiste até hoje. Provavelmente Ele tinha em mente um homem rico que estava prestes a viajar. Antes de partir, porém, o homem rico colocou seu empregado de maior confiança como responsável por todos os demais empregados. Esse empregado que foi colocado como administrador da casa, deveria não apenas supervisionar o trabalho dos demais, mas também garantir que nada lhes faltasse. O servo que se atenta à tarefa delegada por seu senhor e a cumpre diligentemente, é um servo bom e fiel. Mas o servo que age com descaso e inconsequência diante da responsabilidade que recebeu, é um servo mau e infiel. A narrativa da Parábola dos Dois Servos registrada em Lucas possui uma conclusão adicional que não aparece no texto de Mateus. Nessa conclusão Jesus diz: “E o servo que soube a vontade do seu senhor e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites. Mas o que a não soube e fez coisas dignas de açoites com poucos açoites será castigado. E a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá‖ (Lucas 12:47,48). O significado da Parábola dos Dois Servos fala sobre vigilância e comprometimento. O patrão que antes de viajar delega responsabilidade ao seu servo representa Jesus. Nosso Senhor espera encontrar na ocasião de seu retorno, servos bons que cuidaram da responsabilidade que lhes fora dada com diligência. Os servos bons representam os verdadeiros cristãos que cuidam de administrar com zelo e a favor dos outros os tesouros espirituais que Deus lhes confiou. Os servos bons fazem a vontade do Senhor e cuidam daqueles que se acham necessitados, tanto espiritualmente quanto materialmente. Os servos bons, que são os crentes genuínos, aguardam a volta de Cristo com comprometimento e fidelidade. Tal como o senhor da parábola,


quando Jesus voltar Ele colocará todos os seus servos fieis num grau eterno de glória e honra. Já os servos maus representam pessoas iníquas e hipócritas que serão severamente castigadas no dia do juízo. Essas pessoas se mostram despreocupadas com as coisas de Deus. Ao invés de cuidarem dos necessitados, os servos maus fazem crueldades contra eles. Os servos maus não agem com prudência, ao contrário, se comportam de forma leviana e inconsequente. Por isso eles serão lançados num lugar de eterna desgraça e desesperança. A conclusão adicional da Parábola dos Dois Servos no Evangelho de Lucas ainda ensina que a revelação de Deus ao mundo torna todas as pessoas indesculpáveis; mesmo que em diferentes graus. Então nenhum servo mau poderá se justificar apelando para uma suposta ignorância; isso porque a ignorância nunca é absoluta (Romanos 1:20,21; 2:14-16). W. Hendriksen resume o significado da Parábola dos Dois Servos de uma forma muito interessante. Ele diz que a mensagem desta parábola nos ensina a permanecer ativamente leais ao Senhor; desempenhando de forma prudente e alegre a tarefa designada por Ele, no interesse daqueles que lhe são preciosos. 13. Parábola da Figueira Estéril

Lucas 13:6-9

Considerando o contexto apresentado acima, não é difícil entendermos a Parábola da Figueira Estéril. Jesus contou nessa parábola que um homem tinha uma figueira planta em sua vinha, e quando foi procurar fruto nessa figueira ele não encontrou. Era comum entre os judeus que figueiras fossem plantadas em vinhas. Isso também significa que quando plantadas nas vinhas, as figueiras recebiam cuidados especiais. Jesus também nos informa que o homem havia procurado por frutos na figueira durante três anos, e nada tinha encontrado. É importante entender que não se tratavam dos primeiros três anos de vida daquela figueira. Vale lembrar de que na Lei de Moisés havia uma condição de que apenas a partir do quinto ano os frutos de uma árvore poderiam ser consumidos. Os frutos dos três primeiros anos deveriam ser descartados, e os frutos do quarto ano deveriam ser ofertados ao Senhor (Lv 19:23-25).

Logo, aquele homem estava procurando frutos na figueira no quinto, sexto e sétimo ano, mas não os encontrou. Então ele ordenou ao viticultor para que cortasse a árvore. Além disso, ele também fez uma observação interessante: “Por que deixá-la inutilizar a terra?” (Lc 13:7). Aqui percebemos que aquela árvore não era apenas inútil, ela era pior do que isto. Além de não produzir fruto a figueira estéril causava prejuízo, pois ocupava o espaço no solo que poderia ser utilizado de uma forma melhor, e também suas raízes absorviam os nutrientes da terra prejudicando as demais plantas que estavam ao seu redor. Então o homem que cuidava da vinha pediu para que o proprietário tivesse só mais um pouco de paciência, e esperasse mais um ano. Durante esse prazo ele iria adubá-la e se ela não produzisse fruto a figueira poderia ser cortada. Lendo o diálogo entre o viticultor e o dono da vinha, podemos perceber que o viticultor demonstrava um interesse especial naquela figueira estéril. Ele não só pediu para que ela não fosse cortada, como também se comprometeu a fazer tudo o que tivesse ao seu alcance para que a árvore pudesse produzir. A parábola termina é nada é dito se a figueira finalmente produziu fruto ou se foi cortada. Claro que isso foi intencional, ou seja, com isso, Jesus propôs que cada um analise sua própria vida, se somos como uma figueira estéril ou se somos como árvores frutíferas. É possível que exista um significado simbólico na figura da figueira plantada na vinha. Tanto a videira quanto a figueira, tinha um papel importante para os judeus, de modo que no Antigo Testamento várias vezes a prosperidade de Israel ou sua reprovação foi indicada com referências à essas árvores (1Rs 4:25; Mq 4:4; Jr 8:13; Os 9:10; Hc 3:17; cf. Is 5:1-7). Assim, podemos entender que a figueira plantada em uma vinha é uma figura da posição privilegiada que Israel desfrutou na antiga dispensação. No entanto, esse privilégio também trouxe responsabilidade, e sabemos que Israel, como nação, não respondeu a esse privilégio e não se voltou para o Senhor (Lc 20:16; 21:20-24). Portanto, a falta de figos na figueira simbolizava a reprovação de Deus e seu juízo iminente: se não produzisse fruto a figueira seria cortada. O significado central dessa parábola não se resume apenas a Israel, mas a todos que ouvem e leem essas palavras de Jesus. Essa parábola nos mostra a verdade de que se um simples homem se importou com a figueira estéril de tal modo que se comprometeu a trabalhar


nela por mais uma ano, mais ainda Deus se importa com o homem e se mostra magnânimo e paciente. Porém, Sua paciência tem um tempo limite. Aqui aprendemos que Deus é misericordioso, mas chegará o tempo em que o dia do juízo virá. Hoje os homens estão vivendo num tempo de oportunidade, mas chegará o momento em que a oportunidade de salvação será tirada, a figueira estéril será cortada e se perderá para sempre. Assim, o ensino principal da parábola da figueira estéril é que a paciência de Deus resulta em julgamento ao pecador impenitente. Esse é o mesmo ensino expresso na Epístola aos Hebreus, quando seu autor escreveu que se toda transgressão e desobediência recebeu justa retribuição, “como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação” (Hb 2:2,3). Quando meditamos na Parábola da Figueira Estéril podemos facilmente nos lembrar das palavras do profeta Isaías: ―Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto. Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno, os seus pensamentos e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar” (Is 55:6,7). Quando o tempo permitido pelo Senhor para que o homem se arrependa tiver se esgotado, então ninguém poderá escapar do juízo de Deus. Essa parábola, sem dúvida, enfatiza a responsabilidade humana. Deus é soberano e a Bíblia ensina claramente a doutrina da justificação pela graça mediante a fé, mas isso não anula a responsabilidade do homem. O homem, depravado e corrompido pelo pecado, não poderá culpar Deus pela sua negligência. No dia do juízo ninguém poderá reclamar da paciência e da misericórdia do Senhor, nem mesmo questionar Sua justiça. 14. Parábola do Grão de Mostarda Mateus 13:31,32; Marcos 4:30-32; Lucas 13:18,19 O que Jesus esta ensinando na Parábola do Grão de Mostarda é uma clara comparação entre a pequena semente de mostarda e o reino dos céus. Olhando para o pequeno grão de mostarda parece que ele jamais atingirá tamanha robustez. Foi assim também com o reino dos céus na terra. Ainda que muitas vezes ele parecesse insignificante, principalmente em seu início, certamente ele haveria produzir grandes resultados. É até possível classificar a Parábola do Grão de Mostarda como uma profecia. Essa parábola possui grande semelhança com algumas passagens do

Antigo Testamento (cf. Daniel 4:12; Ezequiel 17:23). Na verdade, ao contar essa parábola, muito provavelmente Jesus tinha em mente uma profecia do profeta Ezequiel que traz uma parábola messiânica: “No monte alto de Israel o plantarei, e produzirá ramos, e dará fruto, e se fará um cedro excelente; e habitarão debaixo dele aves de toda plumagem, à sombra dos seus ramos habitarão”. (Ezequiel 17:23) O ensino principal dessa parábola é descrever o começo humilde e pequeno do reino dos céus na terra, e mostrar que seu impacto grandioso estava garantido. Tão certo quanto o crescimento da pequena semente de mostarda ao ser plantada, assim também era certo o desenvolvimento do reino dos céus. Isso faz todo sentido quando analisamos o ministério de Jesus e o início da pregação do Evangelho por seus discípulos. A aplicação da Parábola do Grão de Mostarda na história da Igreja Comparado com a população do Império Romano da época ou apenas com o número de pessoas que viviam na palestina, aos olhos humanos o reino dos céus parecia insignificante. Os seguidores de Cristo eram um grupo de pessoas rudes; eram pescadores ou trabalhadores que ocupavam cargos sem expressão alguma. A maioria de seus discípulos era formada por galileus, pessoas sem muito prestigio. Esses seguidores acompanhavam um carpinteiro desprezado e rejeitado entre os homens (cf. Isaías 53:3). Diante dessas características, a Parábola do Grão de Mostarda foi uma maravilhosa profecia para trazer alento aos seus seguidores. É como se Jesus estivesse dizendo: “Calma! Fiquem tranquilos, tenham fé e perseverem. Aos olhos de vocês até pode parecer impossível que essa obra prospere; mas saibam que os planos de Deus não fracassarão, e o reino crescerá e se tornará notável”. Aquele pequeno grupo recebeu uma missão: pregar o Evangelho a toda criatura. Aquelas poucas pessoas obedeceram essa ordem e incendiaram o mundo com a Palavra de salvação. Quarenta anos depois da ascensão de Cristo ao céu, o Evangelho já havia alcançado desde os grandes centros do Império Romano até os lugares mais afastados.

É Deus quem dá o crescimento ao grão de mostarda Ainda no primeiro século, a Igreja foi perseguida duramente pelo Império Romano. Muitos cristãos foram mortos naquele período. Aos olhos humanos aquele parecia ser o fim da Igreja. Quais seriam as chances de um


pequeno grupo de pessoas que anunciavam a ressurreição de um carpinteiro que havia sido crucificado anos antes, frente ao exército mais poderoso do mundo naquela época? A planta parecia que iria morrer, mas os propósitos de Deus nunca são frustrados. O Império Romano caiu, enquanto a planta continuou crescendo e servindo de benção para homens de toda raça, tribo, língua e nação. Assim como as aves do céu encontram abrigo nas grandes árvores, pessoas de todas as partes do mundo encontram também refúgio e descanso sob as sombras oferecidas pelo reino dos céus. Ainda hoje essa planta cresce e continuará a crescer. Isso permanecerá até que o último eleito seja selado; até que o último mártir tenha seu sangue derramado (Apocalipse 6:11; 7:3); até que Cristo venha novamente, de forma gloriosa, para a grande colheita. Lições da Parábola do Grão de Mostarda Pelo menos duas importantes lições podem ser destacadas na Parábola do Grão de Mostarda. Em primeiro lugar, a Parábola do Grão de Mostarda ensina que grandes resultados começam com pequenas iniciativas. Muitas vezes pensamos em não fazer algo na obra de Deus por acreditar que aquilo não terá grande importância. Nessas horas devemos nos lembrar de que as maiores árvores crescem a partir de pequenas sementes. Por exemplo: um simples evangelismo que hoje parece não ter tido resultado, pode ser que amanhã se revele como o veículo pelo qual Deus chamou um grande pregador do Evangelho. Em segundo lugar, a Parábola do Grão de Mostarda ensina que a planta crescerá. Às vezes diante das dificuldades que nos confrontam, nossas ações parecem insignificantes. O evangelismo parece que não está dando resultado. A Escola Bíblica parece que não está sendo eficiente. O plantio da nova congregação parece que não irá para frente. Porém, a promessa que foi feita diz que a planta continuará crescendo, mesmo que nossos olhos não percebam. Por mais que somos bem-aventurados em participar e trabalhar na expansão do reino, o crescimento, de fato, quem dá é o próprio Deus (Marcos 4:26-29). 15. Parábola do Fermento

Lucas 13:20,21 e Mateus 13:33

Embora essa parábola seja pequena e simples, muitas sugestões de interpretações podem ser encontradas. Alguns entendem que a mulher representa a Igreja. Outros argumentam que as três medidas se referem ao

corpo, alma e espírito, ou ao coração, a alma e a mente. Há também que defenda que essas três medidas representam os judeus, gentios e samaritanos, ou então algo escatológico. Outra discussão entre os intérpretes é sobre a questão da levedura. Alguns defendem que o fermento (ou levedo), simboliza algo ruim e corrupto, prejudicando a comunhão com Deus. Quem defende essa ideia argumenta que em toda Bíblia o levedo indica algo mau. Porém, essa posição não pode ser sustentada, pois contradiz totalmente o contexto da parábola. Podemos usar como exemplo a palavra ―serpente‖. Geralmente essa palavra é associada ao mal nos textos bíblicos (Gn 3:13; Sl 58:4; 140:3; Pv 23:32; Is 27:1; Mt 23:33; 2Co 11:3; Ap 12:9; 20:2), entretanto, em Números 21:8 e João 3:14, a serpente claramente está representando o Filho do homem. Outra referência que pode ser utilizada é Mateus 10:16, onde somos aconselhados a ser ―prudentes como as serpentes‖. Uma regra básica para interpretar textos bíblicos é se atentar ao contexto, pois será ele que decidirá o sentido simbólico empregado no texto, caso haja algum. No caso dessa parábola o contexto deixa óbvio que o fermento representa o reino do céu, e em nada está relacionado ao mal ou ao pecado. O mesmo também serve para o excesso de interpretação, que fatalmente culmina em alegorias que distorcem a mensagem principal do texto. Querer aplicar significados as três medidas de farinha, ou descobrir quem é a mulher que está fazendo a massa é entrar por um estilo interpretativo sem propósito, além de tirar o foco do verdadeiro ensino de Jesus nessa parábola. Lições da Parábola do Fermento Podemos citar pelo menos três importantes lições dessa parábola: 1. O invisível demonstra resultados visíveis: o fermento fica invisível na massa, mas todos podem ver o seu efeito. Da mesma forma o reino de Deus, reconhecido no coração e vida dos cidadãos desse reino, ainda que pareça invisível no mundo de hoje, ele está presente, agindo ativamente, e, em resultados visíveis, podemos perceber seu poder e sua presença. 2. O fermento atinge cada parte da massa: enquanto a massa está descansando em seu processo de levedura, cada partícula dela está sendo atingida, afim de que ela cresça. Nós, como seguidores de Cristo, devemos fazer com que o reino do céu atinja cada segmento das nossas vidas. Os cidadãos do reino devem combater as condições de miséria no mundo,


devem ficar atentos às necessidades dos pobres, prezar pela melhoria na educação, devem ser solidários à causas sociais legitimas, precisam defender a justiça frente às injustiças praticadas, devem exigir honestidade dos que foram eleitos para governar, precisam promover a moralidade e a decência, etc. Resumindo, devemos agir com integridade em todas as áreas, afim de que os ensinamentos das Escrituras sejam relevantes em todos os lugares. Os cristãos devem fazer com que a obediência à Cristo reflita em todas as esferas da vida. 3. Essa lição integra a missão da Igreja: a conduta que é esperada de nós, seguidores de Cristo, em cada segmento das nossas vidas, não é algo à parte da evangelização do mundo, ao contrário, nossa conduta diante da sociedade está diretamente conectada ao ―evangelizar‖, de modo que é parte integrante da nossa missão. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus. (Mateus 5:16) 16. A Parábola dos Primeiros Lugares

Lucas 14:7-14

Diante daquele clima de soberba e arrogância, Jesus começou a contar a Parábola dos Primeiros Lugares. Na parábola Jesus usa a figura de uma festa de casamento, uma celebração onde as regras deviam ser observadas ainda com mais rigidez. Jesus aconselha que em tal festa não é prudente que alguém se apresse em ocupar um lugar de grande honra, pois é possível que o anfitrião tenha convidado uma pessoa ainda mais eminente, e, quando tal pessoa chegar à festa, não restará outra alternativa ao anfitrião a não ser pedir para que quem se sentou no lugar que não lhe era destinado que saia e ocupe um lugar inferior. Obviamente essa pessoa ficará muito envergonhada pela humilhação que sua própria soberba lhe submeteu. Jesus exorta que é muito melhor que a pessoa ocupe primeiramente um lugar inferior, para que, quando o anfitrião chegar, possa convidá-lo a ocupar um lugar de mais importância, sendo este então honrado diante de todos os convidados. O significado da Parábola dos Primeiros Lugares é bastante claro, e fica expresso na sentença do versículo 11, onde lemos: “Porque todo aquele que se exalta será humilhado, e aquele que se humilha será exaltado”.

Jesus estava ensinando nessa parábola uma importante lição sobre a humildade e a auto-depreciação. A lição principal dessa parábola é o mesmo ensino transmitido em um dos provérbios do rei Salomão: ―Não te glories na presença do rei, nem te ponhas no lugar dos grandes; porque melhor é que te digam: Sobe aqui; do que seres humilhado diante do príncipe que os teus olhos já viram” (Provérbios 25:6,7). Obviamente os escribas e fariseus conheciam muito bem essas palavras, porém certamente as ignoravam com frequência, pois o próprio Jesus, em outras ocasiões, alertou para o fato de que eles amavam os lugares de destaque (Mt 23:6; Mc 12:38,39; Lc 20:46). Logo, muito apropriadamente Jesus finalizou a parábola com as palavras do versículo 11, um ensino tão importante que também aparece na conclusão da Parábola do Fariseu e o Publicano (Lc 18:14) e em outras passagens bíblicas (Mt 23:12; cf. Jó 22:29; Pv 29:23; Tg 4:6; 1Pe 5:5). Esse ensino expressa uma verdade bíblica que pode ser conferida por toda a Escritura. Temos vários personagens bíblicos que provaram na prática esse ensino, como por exemplo, a princesa Jezabel, o rei Nabucodonosor e Herodes Agripa I, exaltados que foram humilhados (1Rs 21:7,23; 2Rs 9:30-37; Dn 4:30-33; At 12:20-23); enquanto José no Egito, Ana, e o próprio publicano da parábola, são exemplos de humilhados que foram exaltados (Gn 41:41; 1Sm 1:12-20; Lc 18:9-14). Por fim, ainda que a exaltação não venha nessa terra, a história do Rico e Lázaro prova que tanto a exaltação quanto a humilhação final e plena se dará na vida porvir (Lc 16:19-31), um ensino que também foi compreendido pelo levita Asafe (Sl 73). Apesar de a parábola terminar no versículo 11, o ensino de Jesus continua nos versículos seguintes. A parábola foi dirigia aos convidados, mas a lição presente entre os versículos 12 a 14 foi direcionada ao anfitrião. Para ele, Jesus ensina que não se deve convidar pessoas para sua ceia apenas com a intenção de ser recompensado. Jesus havia notado que naquele banquete havia muitas pessoas importantes que competiam umas com as outras em busca do lugar mais honrado. Jesus diz ao anfitrião que convide também as pessoas oprimidas. Ele não estava dizendo que só era licito convidar os oprimidos, mas com essa exortação ele estava chamando a atenção para a necessidade do amor desinteressado, da compaixão para com o próximo e do espírito humilde.


Em outras palavras, Jesus estava alertando sobre a importância que há em se dividir recursos com aqueles que nada têm. Diferente das pessoas importantes da sociedade que poderão lhe recompensar, quando se age com compaixão para com os oprimidos a recompensa vem do próprio Deus (Mt 25:34-50).

Lições da Parábola dos Primeiros Lugares A lição principal da Parábola dos Primeiros Lugares certamente é sobre a importância da humildade, e o ensino que se segue com o conselho ao anfitrião é uma exortação ao amor desinteressado dispensado ao próximo. Com base nisso, podemos refletir sobre algumas lições práticas.  A humildade é indispensável aos verdadeiros seguidores de Cristo (Mt 18:4; 20:25-28; 23:12; Lc 22:27; João 13:1-15; Fp 2:5-8; Tg 4:6; 1Pe 5:5). Quando somos verdadeiramente humildes, não nos resta qualquer outra possibilidade a não ser reconhecer que em nós mesmo não há qualquer motivo de vanglória (Rm 3:27).  A regra dos assentos importantes é bem simples, porém amplamente ignorada por muitos cristãos. Infelizmente até mesmo dentro das comunidades cristãs existem pessoas se estapeiam em busca dos primeiros lugares, pois precisam de reconhecimento, de honra e de glória por parte dos homens. Esse não é o comportamento condizente com o verdadeiro caráter cristão que revela o fruto do Espírito Santo produzido em nós. O cristão genuíno é capaz de reconhecer que a cruz de Cristo é seu único motivo de glória (Gl 6:14).  Os lugares mais inferiores revelam uma possibilidade maravilhosa, isto é, ser convidado a ocupar uma posição mais importante, já que para quem ocupa a posição mais inferior seu único rumo possível é para cima. Já os lugares superiores podem revelar uma possibilidade aterrorizante, ou seja, a terrível humilhação de ser convidado a deixar o lugar de honra. É melhor ser humilde em uma posição inferior do que um usurpador em uma posição superior.  Quando repartimos nossos recursos com aqueles que nada têm, desfrutamos do grande privilégio de contemplar a alegria que há no olhar de quem é abençoado. O ensino bíblico é muito claro de que devemos demonstrar hospitalidade para com os necessitados (Rm 12:13; 1Tm 3:2; Tt 1:8; 1Pe 4:9), e quem entende essa norma bíblica certamente compreende na pratica a verdade que há nas palavras do próprio Senhor Jesus, que disse: “Há maior felicidade em dar do que em receber” (At 20:35).

17. A grande festa — Lucas 14.15-24 Nesta parábola, Jesus conta que um homem muito rico havia planejado um grande jantar em sua casa. Ele organizou tudo, contratou cozinheiras, garçons e, provavelmente, até uma banda para animar o evento. No dia do banquete, aquele homem pediu para que um de seus funcionários fosse até os convidados para avisá-los de que tudo estava preparado e a mesa já estava posta. Os convidados, porém, não fizeram muita questão do aviso e apresentaram várias desculpas para justificar a ausência na festa. Eles estavam mais preocupados com as suas coisas do que com aquele jantar. Entristecido com a recusa daquelas pessoas, o homem disse ao funcionário para que trouxesse ao banquete todos os pobres que ele encontrasse pelo caminho. O QUE PODEMOS APRENDER? O homem que preparou aquela grande festa é o próprio Deus. Ao contar essa parábola, Jesus nos lembra que o Pai deseja que os seus convidados participem do banquete de amor e alegria que ele vem preparando há muito tempo. Esse banquete nada mais é do que o "...Reino de Deus que está preparado desde a criação do mundo" (Mateus 25:34) e que agora, "...na plenitude do tempo" (Gálatas 4:4), o Senhor convida todos a aproveitarem essa festa ao Seu lado! É o melhor de todos os convites! Porém, aqueles que foram convidados primeiro, não mostraram o menor interesse em se assentar à mesa com o Senhor. Fizeram pouco caso, preferiram cuidar dos seus interesses do que ceiar com Ele. A parábola mostra como os escribas e fariseus, apesar de suas palavras, desvalorizavam o Reino de Deus. Deus então, manda chamar os "os pobres, os aleijados, os cegos e os mancos" para ocupar os lugares em Sua mesa. Sabe quem são essas pessoas? Você e eu! Nós não éramos dignos de estarmos na presença do Senhor, mas mesmo assim, Ele escolheu nos convidar para a Sua grande festa, para o Seu Reino. Jesus quer nos dizer nessa parábola que o Reino de Deus é de graça, e que aqueles que estão cheios de si mesmos não terão vontade de desfrutar da comunhão de Deus. E por fim, Ele disse que nenhum daqueles que rejeitaram o convite provará do banquete, seja aqui na Terra ou na Eternidade (Lucas 14:1624).


PARA REFLETIR Imagine só a seguinte cena: a campainha da sua casa toca. Você atende a porta e se depara com um entregador. Ele te dá um envelope bonito, feito de um papel muito refinado e com uma fita dourada. Dentro dele há um convite escrito: "O Grande Eu Sou, Deus do Universo, te convida para um jantar em Seu palácio. Contamos com a sua presença". O que você faria? Abriria mão de todos os outros compromissos que você tem naquele dia, para ir ao banquete, ou agradeceria o "Anfitrião", mas recusaria o convite com a desculpa de que sua agenda está lotada? Deus nos envia convites para a Sua festa todos os dias, com a esperança de receber uma resposta positiva de nossa parte. Pense nisso! 18. Parábola do Construtor da Torre e o Rei Guerreiro Lucas 14:28-33 Jesus usou duas cenas distintas em seu ensino. Primeiro, na Parábola do Construtor da Torre, Jesus utilizou o cenário rural e a vida no campo. Depois, na Parábola do Rei Guerreiro, o cenário passou a ser o palácio e as decisões militares. Na Parábola do Construtor da Torre, Jesus supõe a construção de uma torre em uma fazenda. O texto não explica que tipo de torre seria essa. Poderia ser uma torre de vigia para o fazendeiro proteger seu campo, ou uma torre para armazenagem de ferramentas e suprimentos que também poderia ser utilizada como residência temporária. Considerando a ênfase dada por Jesus ao custo da torre, é provável que a última possibilidade seja a mais correta, já que uma simples torre de vigia em uma vinha tinha um custo muito menor do que um tipo de edifício agrícola. O que se sabe é que na época possuir uma torre em sua fazenda representava mais prestigio para o fazendeiro, além de valorizar sua propriedade. Todavia, Jesus ensina que se não for feito um planejamento correto dos custos da construção os recursos poderão acabar antes que o empreendimento esteja completo, então todo o respeito, prestígio e valorização que tal torre poderia trazer ao fazendeiro irão por água a baixo, e em vez disso ele será alvo de chacota e ganhará fama de imprudente. Já na Parábola do Rei Guerreiro, Jesus fala da avaliação estratégica que deve ser feita por um rei antes de entrar em batalha, a fim de analisar se

com seu exército de 10 mil soldados poderá enfrentar um exército que possui o dobro do tamanho do seu. Essa avaliação precisa ser muito honesta e sincera, para que se caso julgar não ter condições de enfrentar seu oponente, o rei possa enviar uma comissão de embaixadores para apresentar um acordo de paz antes que o exército inimigo venha até ele. Assim não apenas seus recursos serão poupados, mas a vida de seus homens também. As duas parábolas são curtas e objetivas. Na Parábola do Construtor da Torre a lição é bem clara: planeje e avalie o custo antes de agir. Já na segunda parábola a lição que segue é: avalie as possibilidades de sucesso, tome uma ação e esteja disposto a ceder. Entretanto, quando colocamos essas duas parábolas como partes de um mesmo ensino, podemos perceber uma importante verdade. Na primeira parábola o fazendeiro precisa tomar uma decisão, isto é, ele pode fazer ou não fazer a torre. Na segunda parábola o rei também precisa tomar uma decisão, porém ele não tem a liberdade do fazendeiro, ele obrigatoriamente precisa fazer alguma coisa, ou seja, ou vai à guerra ou cede um acordo de paz. Para entendermos esse ensino não podemos anular o contexto dessa parábola. Jesus pronunciou essas palavras para uma multidão infestada de seguidores superficiais. Num primeiro momento essas pessoas aparentavam desfrutar de uma liberdade de ação, isto é, construir ou não construir? Buscar verdadeiramente o reino de Deus ou continuar sonhando o ideal nacionalista esperando um reino terreno? Se apoiar no fato de terem comido do maná no deserto ou comer do verdadeiro Pão que desceu do céu enviado por Deus (Jo 6:48-50)? Todavia, o ensino prossegue e Jesus mostra que não existe a possibilidade da neutralidade, ensinando então três princípios claros: 1. É preciso ponderar e planejar antes de tomar a ação; 2. Mas é necessário que a ação seja tomada; 3. Porém, é preciso tomar a ação da maneira correta, isto é, partir para a direção certa, e estar disposto a ceder. Essas pessoas precisavam ser confrontadas, precisavam entender que não poderiam permanecer como estavam, elas tinham que saber o que realmente significava ser um discípulo do Senhor. Nesse mesmo capítulo Jesus repete


três vezes a sentença “não pode ser meu discípulo” (Lc 14:26,27,33), ressaltando que não era qualquer um que poderia segui-lo. Você se lembra de que as duas parábolas estão dentro da seção do capítulo 14 que trata do custo do discipulado? Com a Parábola do Construtor da Torre Jesus enfatiza que seus seguidores precisam compreender que segui-lo não é ―um mar de rosas‖, por isso é preciso avaliar e refletir sobre o que verdadeiramente é ser um cristão, enquanto que na segunda parábola Ele ensina que a genuína compreensão desse assunto conduz seus seguidores a autonegação e a capacidade de ceder e renunciar a tudo e a todos por causa do Evangelho (Lc 33). Em outras palavras, o ensino dessas duas parábolas mostra que Jesus não precisa de seguidores que não estejam completamente comprometidos com sua causa. Estes são como as sementes que caem nos lugares rochosos na Parábola do Semeador, eles se empolgam, crescem rápido, mas não possuem raízes. Quando são submetidos a uma condição de teste, sofrimento e negação, eles desistem (Mt 13:20,21). O problema é que quando isso ocorre a condição dessas pessoas passa a ser pior do que antes. Tentar construir a torre e não terminá-la traz sérios problemas para o fazendeiro, que se torna objeto do ridículo, como da mesma maneira o prejuízo de uma batalha inconsequente é irreversível. É por isso que é muito apropriada a conclusão presente nesse mesmo capítulo, onde nela Jesus fala sobre a inutilidade do sal insípido, ou seja, o sal que não tem sabor. Jesus claramente afirmou que esse tipo de sal não serve para mais nada, ou seja, assim como o vexame da desastrosa construção da torre inacabada não pode ser apagado da mente das pessoas; assim como as vidas que foram perdidas não podem ser recuperadas após uma decisão equivocada que conduziu a uma guerra fracassada; e assim como o sal que perdeu o sabor não pode mais ser restaurado; da mesma forma é impossível que aqueles que foram instruídos no conhecimento da verdade, mas resolutamente negaram à exortação do Espírito Santo, sejam também renovados para o arrependimento (Hb 6:4-6). Ao mesmo tempo em que a Bíblia ensina que um genuíno seguidor de Cristo jamais se perde (1Jo 10:27,28; 1Jo 2:19), também ensina que há muitas pessoas que parecem comprometidas com o Evangelho, caminham entre a multidão que segue o Senhor, mas acabam se revelando como construtores imprudentes e reis insensatos. Para estes, resta apenas uma terrível expectação de juízo (cf. Mt 12:32; Hb 6:4-6; 10:26,27,38).

E você, compreende o que realmente é ser um seguidor de Cristo? Compreende a verdadeira causa do Evangelho? Está disposto a negar-se a si mesmo? Meu desejo sincero é que possamos dizer as mesmas palavras escritas pelo autor da Epístola aos Hebreus: “Nós, porém, não somos daqueles que se retiram para a perdição, mas daqueles que creem para a conservação da alma” (Hb 10:39). 19. Parábola da Ovelha Perdida

Mateus 18:12-14; Lucas 15:4-7

Presenciar pastores apascentando ovelhas era algo corriqueiro e familiar naquele tempo. Isso significa que na Parábola da Ovelha Perdida mais uma vez Jesus usou uma prática muito comum para compor sua história e transmitir o seu ensino. Então os ouvintes de Jesus estavam bem habituados com a cena descrita por por Ele. Além disso, todos eles, principalmente os fariseus e os escribas, conheciam muito bem as passagens do Antigo Testamento que mostram Deus como o Pastor de suas ovelhas (cf. Salmos 23:1; Isaías 40:11; Ezequiel 34:15,16). Jesus começou a Parábola da Ovelha Perdida perguntando: “Qual de vocês, se tiver cem ovelhas e tiver perdido uma delas, não vai em busca da ovelha perdida?‖ (Lucas 15:4). Nessa pergunta Jesus ensina que todo pastor bom e zeloso, necessariamente buscará a ovelha perdida. Ele agirá dessa forma mesmo que isso implique em deixar as outras noventa e nove ovelhas enquanto busca uma única ovelha desgarrada. Na sequência da parábola Jesus faz questão de descrever a alegria do pastor ao encontrar sua ovelha perdida (Lucas 15:5,6). Ele reúne seus amigos e vizinhos para juntos festejarem. Essa cena é a que prepara a lição principal da parábola que indica que há uma grande festa no céu quando um pecador perdido é encontrado (Lucas 15:7). Essa alegria é resultante da busca e do cuidado providencial do Bom Pastor. Sobre isso, o próprio Jesus com suas palavras e sua obra revelou o tamanho desse cuidado. No Evangelho de João lemos a seguinte declaração do Senhor Jesus: Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas‖ (João 10:11). Quem são as noventa e nove ovelhas?


Em Lucas 15:7 o Senhor Jesus diz: “Digo-vos que assim haverá alegria no céu por um pecador que se arrepende, mais do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento”. Os estudiosos consideram essa declaração difícil de interpretar. Perceba que nas palavras de Jesus as noventa e nove ovelhas representam pessoas justas que não precisam de arrependimento. Então quem seriam essas pessoas? Existem diferentes interpretações que tentam responder essa pergunta. Citaremos aqui as duas principais: 1. A primeira interpretação considera que os noventa e nove justos são aquelas pessoas que verdadeiramente fazem a vontade de Deus e seguem seus mandamentos. Também há alegria no céu pela conduta de vida dessas pessoas. No entanto, quando um pecador se arrepende, então a alegria é ainda maior. É como uma ovelha desgarrada que foi recuperada, uma dracma perdida que foi encontrada e um filho perdido que retornou à casa do pai. 2. A segunda interpretação considera que os noventa e nove justos são pessoas que apenas possuem aparência de justiça. Em outras palavras, elas são pessoas justas a seus próprios olhos e por isso elas pensam não precisar de arrependimento. Isso porque alguém que se julga justo obviamente não deve ter nada do que se arrepender. Embora as duas interpretações sejam boas e demonstram verdades confirmadas pelas Escrituras, a segunda interpretação é aquela que mais se harmoniza ao contexto da Parábola da Ovelha Perdida no Evangelho de Lucas. Quando Jesus contou essa parábola ele estava junto dos miseráveis pecadores que o cercavam para ouvir suas palavras. Enquanto isso ali também estavam alguns representantes dos religiosos, que se orgulhavam em cumprir a Lei. Essas pessoas se consideravam justas e murmuravam diante da atitude de Jesus. Sob esse aspecto parece claro que Jesus estava falando dos fariseus e dos escribas, juntamente daqueles que os seguiam. Portanto, provavelmente os noventa e nove justos representam os murmuradores que confiavam em suas próprias obras. Aqui vale lembrar que antes disso Jesus já havia sido censurado pelos fariseus por se ajuntar com pessoas reprováveis. Mas o Senhor Jesus sempre deixou claro que Ele não veio chamar os justos ao arrependimento, mas, sim, os pecadores (Lucas 5:30-32). Através de uma parábola, em outra ocasião Jesus também repreendeu algumas pessoas que pensavam ser justas, confiavam em si mesmas e desprezavam os outros (Lucas 18:9).

Mas independentemente da interpretação adotada, o importante é entender que a ênfase da Parábola da Ovelha Perdida está justamente na ovelha que se perdeu, foi buscada, encontrada e celebrada. Isso significa que a mensagem de Jesus nessa parábola demonstra que se um pastor humano deixa as noventa e nove ovelhas para buscar uma única que se perdeu, o que se pode esperar então do Bom Pastor, que dá sua vida pelas ovelhas? Ele certamente buscará e resgatará o pecador perdido. Lições da Parábola da Ovelha Perdida A Parábola da Ovelha Perdida ensina muitas lições de extrema importância para a vida cristã. Em primeiro lugar, a parábola ensina que uma única pessoa já faz falta. Muitas vezes estamos acostumados a situações em que fatalmente pensamos que um a mais ou um a menos não faz diferença. Isso acontece porque humanamente estamos propensos a olhar muito mais para as noventa e nove ovelhas do que para uma única ovelha que ficou desgarrada. Mas felizmente o Bom Pastor não age dessa maneira. Para Ele, uma única ovelha já faz falta, pois nenhuma de suas ovelhas poderá ficar definitivamente perdida (João 10:28). Em segundo lugar, a Parábola da Ovelha Perdida ensina que o pastor busca suas ovelhas. Quem já viu alguma vez um rebanho de ovelhas e se atentou ao comportamento delas, sabe o quão limitadas elas são em todos os sentidos. As ovelhas são completamente dependentes do pastor que as apascenta. É por isso que o pastor de ovelhas sempre está atento a qualquer problema que possa ocorrer com seu rebanho. Ele se compromete a proteger o rebanho de qualquer imprevisto. Da mesma forma Cristo, como um pastor, vai à procura do homem que é totalmente incapaz de fazer qualquer coisa por si mesmo. É o pastor que vai em busca da ovelha, e não a ovelha que vai em busca do pastor. A salvação é obra da soberana graça divina! Deus é quem vai em busca do homem, não o homem quem vai em busca de Deus. O homem por si só, mesmo pensando consigo possuir muitas habilidades e capacidades, não possui qualquer condição de encontrar o caminho para o aprisco da salvação. Sozinha a ovelha perdida nunca teria sido encontrada! De igual modo, Deus encontra o pecador que está perdido no pecado e que sozinho nunca conseguirá escapar de cair no abismo. Os homens passam suas vidas buscando alento em muitas coisas. Alguns buscam em religiões; outros em bens materiais; e outros em status e fama ou


qualquer outra coisa que possa satisfazê-los. Porém, quando o pecador é resgatado de sua perdição e se sente acolhido nos braços do Bom Pastor, não resta outra coisa a ele a não ser admitir que não foi ele quem encontrou a Cristo, mas Cristo foi quem o encontrou. Em terceiro lugar, a Parábola da Ovelha Perdida ensina que devemos aprender com a atitude do Bom Pastor. Diante dos perdidos, podemos adotar diferentes atitudes. Podemos odiá-los, podemos ser indiferentes a eles, podemos recebê-los caso venham até nós, ou, finalmente, podemos buscá-los. Consequentemente, a Parábola da Ovelha Perdida também nos exorta sobre o perigo de sermos como os fariseus e os escribas. Devemos nos doar pela tarefa de anunciar o Evangelho que encontra e restaura o perdido. Cristo não odiou os publicanos e os pecadores e nem mesmo foi indiferente a eles. Ao contrário disso, Jesus fez mais até do que apenas recebê-los bem. Na verdade muitas vezes Ele próprio é quem foi em busca dos perdidos e desprezados (Lucas 19:10; Mateus 14:14; 18:12-14; João 10:16). A mensagem da Parábola da Ovelha Perdida nos convida a uma importante reflexão. Devemos constantemente perguntar a nós mesmos: Qual tem sido a nossa atitude para com os perdidos? 20. Parábola da Dracma Perdida

Lucas 15:8-10

O clímax da Parábola da Dracma Perdida ocorre exatamente nesse ponto. Jesus afirma que assim como a mulher se alegrou com suas amigas pela moeda encontrada, também Deus se alegra diante de seus anjos quando um pecador se arrepende. Algumas pessoas, caindo nas armadilhas da alegoria, insistem em atribuir significado a cada um dos elementos dessa parábola. Essas pessoas dizem, por exemplo, que a mulher dessa parábola simboliza o Espírito Santo ou então a própria Igreja. Eles dizem isto ao entender que o pastor da Parábola da Ovelha Perdida simboliza Jesus, enquanto a Parábola do Filho Pródigo foca em representar o Pai. Outros também afirmam que a lâmpada que a mulher ascende representa o Evangelho. Na sequência, supostamente a vassoura com que ela varre o chão seria a Lei. Mas não é preciso um grande esforço para entender que essas interpretações estão erradas. Elas fogem do objetivo da história contada por Cristo.

Ao se interpretar uma parábola, sempre é preciso priorizar sua mensagem central. Quando se segue essa simplicidade na interpretação, dificilmente se erra o alvo do ensino do Senhor. Não há qualquer necessidade de se atribuir significados para todos os elementos de uma parábola. Esse tipo de coisa apenas distorce sua verdadeira mensagem. Quando uma parábola possui um elemento que precisa ser identificado no que diz respeito ao seu significado particular, o próprio Jesus deixa isso diretamente expresso em sua narrativa. A Parábola do Semeador é um exemplo disto (Mateus 13:1-9,18-23). Quanto a Parábola da Dracma Perdida, a mensagem é muito clara: Deus busca pelo perdido, e se alegra grandemente na presença dos anjos por cada um deles que se arrepende. Aplicação prática da Parábola da Dracma Perdida O ensino principal da Parábola da Dracma Perdida ficou claro no tópico acima. Com base nele, podemos perceber uma importante aplicação prática para nossa vida cristã. Devemos sempre nos perguntar: Qual tem sido nossa atitude para com os perdidos? Será que estamos tendo a presunção de desprezar aqueles a quem o próprio Deus busca? O contexto da Parábola da Dracma Perdida nos convida a olhar para o exemplo de Jesus. A Igreja de Cristo deve agir para com os pecadores assim como nosso Senhor agiu. É triste ver que muitos se denominam cristãos, mas seguem o exemplo dos escribas e fariseus. Eles não demonstram amor pelos perdidos. Ao invés de evitar os pecadores de seu tempo, Jesus frequentemente estava acompanhado deles. Nosso Senhor se assentava à mesa com eles e ativamente os buscava (Lucas 19:10; cf. 19:5; Mateus 14:14. 18:12-14; João 4:4s; 10:16). Jamais deveríamos correr o risco de desprezar àqueles a quem o Senhor busca. Como seus seguidores, devemos proclamar que Cristo veio “buscar e salvar o que se havia perdido” (Lucas 19:10). Muitas pessoas talvez não dariam importância a uma simples dracma perdida. Mas tal como aquela mulher buscou sua dracma perdida, Deus busca aqueles a quem o mundo despreza, isto porque o valor e o mérito não estão no perdido, mas Naquele que o encontra.


21. Parábola do Filho Pródigo

Lucas 15:11-32

A palavra ―pródigo‖ originalmente transmite um sentido de ―extravagância descuidada‖. Na aplicação original, o pródigo é aquele que age de uma forma extravagante, além dos limites. É por isto que em nosso idioma o significado de pródigo pode ser tanto ―esbanjador‖ e ―gastador‖ como ―generoso‖, ―magnânimo‖ e ―abundante ao distribuir‖. Vale dizer que o título ―Parábola do Filho Pródigo‖ não foi divinamente inspirado. Isso significa que esse título não consta no texto original do Evangelho de Lucas, sendo então atribuído à parábola tempos depois. Talvez esse não seja o título mais apropriado, pois a parábola é muito mais sobre o pai do que sobre o filho. Por este motivo é que alguns estudiosos ao longo do tempo preferiram chamar essa parábola por outros títulos. Por exemplo: Parábola do Pai que Espera; Parábola do Pai Pródigo; e Amor Prodigo Para o Filho Pródigo. Não apenas a Parábola do Filho Pródigo, mas todo o capítulo 15 de Lucas, certamente aponta para o extraordinário amor de Deus. Perceba a alegria do pastor que encontra a ovelha perdida (Lucas 15:6,7); do contentamento da mulher que encontra a dracma perdida (Lucas 15:9,10). Da mesma forma o pai, nessa Parábola do Filho Pródigo, se alegra com o retorno do filho perdido (Lucas 15:23,24, 32). Claramente também podemos perceber uma intensificação na narrativa de Jesus. Primeiro ele fala da ovelha, depois da drácma e, finalmente, do filho. Podemos aprender muitas coisas com esse ensino do Senhor. Em primeiro lugar, a Parábola do Filho Pródigo nos ensina que o Pai busca, traz de volta e se alegra na conversão do pecador operada pelo Espírito. Diante disto, é impossível não perguntarmos: Quem somos nós? Quão perdidos estávamos? Será que merecíamos esse cuidado tão pessoal do próprio Deus? Tudo o que podemos dizer é que Ele nos ama. Ele faz uma festa por nossa causa, mas entenda que isso não é sobre nós, é inteiramente sobre Ele. Nunca poderíamos ir para casa do Pai sem um caminho que nos levasse até lá. Jesus é esse caminho (João 14:6). Em segundo lugar, a Parábola do Filho Pródigo nos convida a refletir sobre qual tem sido a nossa posição para com os perdidos. Aqui temos uma importante lição. Diante dos perdidos podemos assumir algumas atitudes

diferentes: podemos odiá-los; tratá-los com indiferença; recebê-los quando vierem até nós; ou buscá-los. Como seguidores de Cristo, cidadãos do reino de Deus, qual tem sido a nossa atitude? Estamos mais parecidos com Jesus ou com os fariseus e doutores da Lei? Em terceiro lugar, agora falando do nosso relacionamento com o Pai, a Parábola do Filho Pródigo nos leva a fazer as seguintes perguntas: Como estamos nos comportando? Será que somos como o filho mais novo ou como o filho mais velho? O filho mais novo apenas queria sua parte na herança, e a maneira que ele achou para conseguir isso foi sendo ruim, se afastando e indo embora. Já o filho mais velho também só estava interessado na herança, e a forma que ele achou para consegui-la foi sendo bom, obediente e ficando em casa. Você percebe que ambos eram ruins? A ruína do filho mais novo foi sua precipitação, inconsequência, insensibilidade e desobediência. Já a ruína do filho mais velho foi seu comprometimento, sua obediência, seu bom serviço e sua sensibilidade superficial. O filho mais novo se afastou do pai por ser muito mau, enquanto o filho mais velho se afastou por ser muito bom. Em quarto lugar, a Parábola do Filho Pródigo nos traz um grande alerta. É impossível não falarmos sobre o que ocorrem com os dois filhos. A parábola termina com o filho mais novo dentro de casa, participando da festa que o pai promoveu. Por outro lado, a parábola também termina sem mostrar o filho mais velho retornando à casa do pai para se alegrar com seu irmão que voltou. Não temos nenhuma autorização para irmos além do que o texto bíblico diz. Especificamente na Parábola do Filho Pródigo não sabemos o que ocorreu com o filho mais velho, porém sabemos que esse filho era uma figura dos escribas e fariseus, os mesmos que acabaram crucificando Jesus (Atos 7:52). Como o filho mais velho, esses religiosos tentavam se auto-justificar. Eles se achavam bons de mais, tão bons a ponto de praticamente entenderem que alguém como eles nunca poderia ser privado do paraíso. Hoje, muitas pessoas se comportam como o filho mais velho. Elas não faltam aos cultos, são obedientes, oram, jejuam e fazem tudo o que podem. Porém nada é verdadeiro, tudo é por interesse. Essas pessoas acham que suas boas obras serão capazes de salvá-las. Essas pessoas cantam os nossos hinos, usam a nossa Bíblia, dizem ser um dos nossos, e até chamam nosso Deus de Pai. Mas elas são estranhas dentro


de casa. Haverá um dia em que fatalmente ouvirão: “Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade” (Mateus 7:23). Os filhos mais velhos não entendem nada sobre a graça de Deus. Eles não compreendem que tudo é pelo mérito de Cristo, e que não há nada em nós mesmos que possa nos credenciar à salvação. Se Deus se alegra na presença de seus anjos por um pecador arrependido, se hoje temos morada na casa do Pai, e se não estamos mais mortos e perdidos em nossos pecados e delitos, isso tudo é pela obra redentora de Cristo na cruz. 22. Parábola do Mordomo Infiel

Lucas 16:1-9

O significado da Parábola do Mordomo Infiel tem sido muito discutido. As pessoas encontram alguma dificuldade em interpretá-la. Essa dificuldade, porém, geralmente ocorre ao tentar atribuir significados desnecessários a detalhes sem importância. Na verdade o significado desta parábola pode ser percebido em sua conclusão. Jesus Cristo diz: “Porque as pessoas deste mundo, ao tratarem com seus iguais, são mais astutas do que as pessoas que têm luz. Façam amigos para si por meio do mamom da injustiça; para que, quando eles se forem, recebam vocês nas habitações eternas” (Lucas 16:9). Algumas pessoas pensam que Jesus elogia a desonestidade do mordomo infiel nessa parábola. Mas isto não é verdade! Na parábola Jesus não aprova ou elogia o comportamento fraudulento. Muito menos Ele incentiva seus seguidores a agir de forma desonesta. Isto fica claro na sequência de seu discurso. Jesus repreende o comportamento que gera desconfiança e exorta acerca do mau uso das riquezas (Lucas 16:10-13) A mensagem da parábola enfoca a astúcia do mordomo infiel em fazer provisão para seu futuro. Assim, seu significado indica que muitas vezes as pessoas iníquas se mostram mais precavidas do que os crentes. É exatamente sobre isto que Jesus adverte em suas palavras que concluem a parábola. Se até mesmo os filhos das trevas conseguem ser previdentes, mesmo usando de forma desonesta e egoísta as oportunidades e recursos materiais que lhes são apresentados para atingir propósitos terrenos, os cristãos não devem fazer menos que isso. Em outras palavras, muitas vezes os ímpios tratam com mais sagacidade e diligência seus assuntos terrenos, do que os cristãos tratam suas questões que envolvem sua salvação eterna.

O cristão não pode agir de maneira egoísta e soberba. Ele não pode cair na armadilha da avareza. Ao invés disso, o cristão deve construir bons relacionamentos que terão implicações eternas “por meio do mamom da injustiça”. Isso significa que a piedade e a generosidade devem caracterizar a vida cristã, de modo que o principal objetivo do crente é conduzir as pessoas a Cristo através do anuncio do Evangelho. Como administradores fiéis, os cristãos devem usar todos os recursos que lhes foram confiados por Deus não com propósitos egoístas, mas em prol da causa do reino de Deus e das verdadeiras riquezas espirituais. Aqueles que forem alcançadas pela pregação do Evangelho impulsionada pela boa mordomia cristã, poderão se tornar amigos que darão as boas-vindas aos cristãos generosos no lar celestial. 23. Parábola do Rico e Lázaro

Lucas 16:19-31

Não é possível afirmar com toda certeza a exata ocasião no ministério de Jesus em que a Parábola do Rico e Lázaro foi contato. No entanto, podemos claramente perceber uma conexão entre essa parábola e os versículos que a precedem, incluindo a Parábola do Administrador Infiel, registrada no mesmo capítulo. Indo ainda mais além, também podemos identificar um tipo de sequência dos ensinamentos abordados ainda no capítulo anterior (15). No capítulo 15, encontramos advertências do Senhor Jesus sobre a atitude incorreta no trato com as pessoas. Os perdidos que eram desprezados pelos escribas e fariseus, eram muito importantes para Deus, de modo que Ele mesmo busca ativamente tais pecadores e se alegra quando um destes se arrepende. Esse é um ensino presente nas três parábolas do capítulo: Parábola da Ovelha Perdida, Parábola da Dracma Perdida e a Parábola do Filho Pródigo. Já no capítulo 16 lemos as advertências contra o uso incorreto e pecaminoso das possessões (riquezas, bens e propriedades). Jesus é claro ao afirmar que “não se pode servir a Deus e a Mamom” (Lucas 16:). Leia mais sobre o que significa Mamom. Com base nesse ensino, é possível entendermos que a Parábola do Rico e Lázaro é um tipo de clímax do ensino de Jesus presente nestes dois capítulos. Nela, ele adverte, de uma só vez, sobre o uso indevido das riquezas e sobre o modo desprezível de se tratar o próximo.


O homem rico dessa parábola cometeu todos os erros descritos por Jesus nos versículos anteriores. Ele fatalmente serviu às suas riquezas e desprezou os mandamentos de Deus. Seu modo de vida era egoísta, de modo que ele era “repugnante aos olhos de Deus” (Lucas 16:15). Como os escribas e fariseus estavam ouvindo as palavras de Jesus registradas nos versículos anteriores. Eles questionaram Jesus por estar cercado por publicanos e pecadores. Depois, começaram a zombar dele diante de sua censura ao amor às posses materiais. Portanto, é claro que essa parábola foi direcionada a eles. Assim, a figura do rico é uma representação perfeita destes religiosos. Creio que nesse ponto já seja possível entender, de maneira geral, o ensino principal da Parábola do Rico e Lázaro. No entanto, para que a explicação fique bastante clara, vamos conhecer um pouco melhor os dois personagens citados nessa narrativa. O rico Jesus fornece dados suficientes para entendermos que aquele homem era muito rico. Ele se vestia de “púrpura e linho fino”. Essa tintura púrpura era bastante cara, e era obtida de um molusco. Uma túnica de púrpura era um traje digno de realeza. Embaixo da túnica de púrpura ele usava linho fino. Além das roupas, aquele homem vivia uma vida de ostentação, participando de festas e banquetes diários. Ele não se importava nenhum pouco com a condição de seu próximo. O rico da parábola era o egoísmo em pessoa. Quando o rico morreu, Jesus mencionou seu sepultamento. Aqui devemos entender como uma referência a um funeral propício a toda ostentação que aquele homem esbanjou em vida. Ele viveu de forma luxuosa, e sem dúvida seu sepultamento fez jus a sua importância. Apesar de toda sua riqueza, curiosamente não sabemos seu nome. Jesus não se preocupou em nos informar esse detalhe. Para nosso Mestre, o nome do rico não tinha qualquer importância. Por outro lado, o nome do mendigo que desejava comer as migalhas de sua mesa ficou marcado na História: Lázaro. Jesus se preocupou em revelar o nome daquele pobre homem. Após a morte, o rico foi para um lugar de tormento. A palavra que aparece originalmente é o grego Hades. Esse termo possui diferentes significados que dependem do contexto. Neste caso específico, a tradução correta é inferno, ou seja, o inferno em seu estado intermediário. A referência é a um lugar de tormento onde a alma do ímpio é atormentada

enquanto aguarda a ressurreição do corpo para, após o juízo final, ser lançado no lago de fogo, isto é, o inferno em seu estado final. Saiba mais sobre o significado de Hades. O comportamento do ímpio no inferno é bastante interessante. Completamente atormentado, ele pediu para que Abraão fizesse com que Lázaro molhasse o dedo na água e colocasse em sua língua. Depois, ele também pediu para que Abraão mandasse Lázaro à casa de seu pai para fazer com que seus cinco irmãos se arrependessem. Você consegue perceber que mesmo após a morte o rico continuou com seu comportamento egoísta? Você percebe que ele continuava tratando Lázaro como um servo, um garoto de recado? Outra coisa interessante é que o rico sabia muito bem quem era Lázaro. Ele admite conhecer pelo nome o mendigo que ficava jogado à sua porta esperando por compaixão. Suas palavras no além apenas confirmaram o quanto ele negligenciou a Palavra de Deus. Ele não amou a Deus sobre todas as coisas, muito menos seu próximo como a si mesmo. Lázaro, o mendigo Lázaro é um nome latino que deriva do grego Lazaros, que, por sua vez, é uma transliteração do nome hebraico Eleazar, que significa ―Deus tem socorrido‖ ou ―Deus ajuda‖. Se caso esse relato realmente for uma parábola, então existe a possibilidade de Jesus ter utilizado esse nome justamente para indicar que aquele mendigo, mesmo com todos os problemas e provações que enfrentou durante a vida, tinha depositado toda sua confiança em Deus. Lázaro morreu, e diferentemente do rico, nada é dito sobre seu sepultamento. Ele não recebeu nenhuma honra terrena, nem mesmo de maneira póstuma. Todavia, algo muito mais importante e glorioso do que isto é dito sobre sua alma: Lázaro foi levado pelos anjos para estar na companhia de Abraão no Paraíso. Note o contraste impressionante: o mendigo que aqui na terra desejava comer migalhas e tinha por companhia os cães que lambiam suas feridas, agora estava no céu, reclinado à mesa celestial juntamente com Abraão (cf. Mateus 8:11). Algumas pessoas erroneamente entendem que a expressão “seio de Abraão” designa um lugar temporário, onde os santos esperam a ressurreição de seus corpos. Na verdade esse conceito não existe nas Escrituras, e essa expressão apenas faz referência ao favor especial alcançado por aquele


mendigo. Enquanto na terra ele era rejeitado, no céu ele estava junto de Abraão, reclinado sobre ele, assim como o apóstolo João também fazia com Jesus (João 13:25). Também devemos ressaltar que Abraão é considerado na Bíblia como o grande patriarca do povo judeu. Mas não apenas isto, ele também é considerado como o pai de todos os redimidos que creem em Jesus (Rm 4:11). Outra coisa interessante é o fato de que no relato, Lázaro não pronuncia uma única palavra, nem enquanto estava vivo, nem mesmo após a morte. Diferentemente do rico, Lázaro em nenhum momento precisa tentar se autojustificar. Lições da Parábola do Rico e Lázaro São muitas as lições que podemos tomar desse relato sobre o rico e Lázaro. Antes, precisamos enfatizar que o significado principal da Parábola do Rico e Lázaro é a advertência contra a avareza. A verdade de que as riquezas terrenas de nada valerão na eternidade fica muito clara no texto. Essa parábola é um convite ao arrependimento enquanto ainda há tempo. Após a morte nada mais poderá ser feito. Estabelecido esse ensino principal, agora podemos pontuar algumas lições derivadas desse princípio: 1. O problema não é ser rico: não existe nenhuma passagem bíblica que ensina que é pecado ser rico. O que a Palavra de Deus condena é o amor ao dinheiro. Não se pode servir a Deus e as riquezas. Muitos personagens bíblicos foram ricos, como por exemplo, José de Arimateia, um homem que viveu nos dias de Jesus. O ensino bíblico é de que alguém é verdadeiramente rico quando compartilha suas bênçãos materiais e espirituais com os necessitados. 2. A auto-justificação não pode livrar ninguém: como vimos, essa parábola foi direcionada aos fariseus, pessoas que achavam que poderiam se apoiar na justiça própria. Eles chamavam Abraão de pai, assim como o rico, e pensavam que por sua linhagem tinham um lugar garantido no Paraíso. A Palavra de Deus nos revela que é somente através da justificação pela fé em Jesus Cristo que poderemos desfrutar da bem-aventurança eterna (Romanos 5:1) 3. Após a morte, nada mais poderá ser feito: mesmo que o relato do rico e Lázaro for identificado como sendo uma parábola, não podemos negar,

de forma alguma, que verdades definitivas acerca da vida por vir são reveladas muito claramente. Esse texto nos ensina que não existe qualquer possibilidade de comunicação entre vivos e mortos. Nem mesmo é possível alterar a condição de condenação eterna após a morte. A condição de bem-aventurança, como a de Lázaro, ou a de condenação, como a do rico, está fixada para sempre. A oportunidade de vivermos uma vida de acordo com a vontade de Deus deve ser aproveitada agora. 4. O sofrimento é eterno e sem alívio: o ensino que a morte é um sono, e que a pessoa fica completamente inconsciente não encontra sustentação bíblica. Esse ensino se equivale de interpretações equivocadas de algumas passagens do Antigo Testamento. Na Parábola do Rico e Lázaro Jesus deixou muito claro que os que já partiram estão plenamente acordados e conscientes. Alguns aguardam o dia do juízo na bem-aventurança, enquanto outros aguardam em sofrimento. 5. A salvação é uma obra inteiramente divina: se Espírito Santo não regenerar o pecador, nem mesmo o maior dos milagres poderá fazer com que ele se convença de seu pecado. O rico pediu para que Abraão envia-se Lázaro, e depois qualquer um dos mortos, para que fosse ter com seus irmãos para que estes pudessem se converter. É claro que o rico mais uma vez estava completamente equivocado. O Evangelho de João nos fala de outro Lázaro, aquele que ressuscitou dos mortos. O resultado dessa ressurreição não foi a conversão dos incrédulos, ao contrário, eles começaram a planejar a morte do próprio Lázaro que acabará de ser ressuscitado (Jo 11). Por fim, a própria ressurreição de Jesus nos mostra que, se Deus não chamar soberanamente o pecador em sua graça, nunca tal pecador será salvo, ainda que alguém ressuscite dentre os mortos. O homem, morto em delitos e pecados, jamais abandona sua obstinação em ser inimigo da Palavra de Deus. O rico, mesmo após a morte, não demonstrou arrependimento. Ele apenas lamentou seu sofrimento, mas em nenhum momento indicou que compreendeu os mandamentos do Senhor. O caráter do rico continuou o mesmo. Ele enxergou Lázaro como um simples servo. Tentou se aproveitar de sua condição de descendente de Abraão ao chamá-lo de ―pai‖. No final, ele ainda pensou que, até mesmo na eternidade, seus caprichos poderiam ser atendidos.


24. Parábola dos Servos

Lucas 17:7-10

Nessa parábola, Jesus fala de um fazendeiro que possuía uma pequena fazenda. Isso fica claro que pelo fato de ele possuir somente um servo. É verdade que existe um debate entre os intérpretes se nessa passagem a palavra grega doulos deva ser traduzida como ―escravo‖ ou ―servo‖, sendo o último no sentido de um trabalhador livre. Entretanto, essa discussão não é importante para o sentido principal do ensino de Jesus nessa parábola. De qualquer forma, a Parábola do Fazendeiro e o Servo mostra o relacionamento frio e impessoal tão comum no primeiro século entre patrão e empregado, ou, para quem preferir, dono e escravo. Após o servo ter trabalhado no campo cuidando do gado e arando a terra, o fazendeiro ordena ao servo que lhe sirva, e, somente depois do fazendeiro ter se alimentado, o servo poderia se alimentar. Isso foi uma ordem, e o servo sabia que deveria cumprir simplesmente por ser esse o seu papel. Por ter realizado tais tarefas, o servo não deveria esperar nenhum tipo de elogio, pois fez nada mais do que o esperado dele. O principal ensino dessa parábola esta na frase de Jesus: ―Quando tiverem feito tudo o que lhes for ordenado, devem dizer: Somos servos inúteis; apenas cumprimos o nosso dever‖ (vers. 10). Jesus, nessa parábola, está ensinando aos seus seguidores o que realmente significa ser servo. Nos versículos anteriores a Parábola do Fazendeiro e o Servo, vimos que as advertências foram feitas, as tarefas delegadas, as ordens dadas e as condições garantidas (através da fé). Não estamos fazendo um ―favor‖ ao executar o que foi ordenado pelo Senhor, ao contrário, estamos fazendo apenas nossa obrigação como servos. Se entendermos que nessa parábola de Jesus a ordem do fazendeiro possa ter causado insatisfação ao servo que, após cuidar da terra, ainda precisou servir seu senhor antes que ele próprio pudesse se alimentar, devemos também entender que no reino de Deus as coisas são diferentes, pois seus verdadeiros servos, aqueles que de fato sabem o verdadeiro significado de servir, não realizarão suas tarefas como um tipo de obrigação, antes, farão de bom grado, com alegria no coração e grande gratidão por estarem servindo o seu Senhor. Se avançarmos nos versículos seguintes a Parábola do Fazendeiro e o Servo, encontramos a história dos dez leprosos que foram curados por Jesus. Jesus ordenou aos dez que fossem se mostrar aos sacerdotes. Enquanto iam,

eles foram purificados (vers. 13,14). Obviamente os dez cumpriram a ordem, pois a restauração da comunhão social e religiosa daqueles homens dependia disso. Porém, apenas um dos dez leprosos, em alta voz louvando a Deus, voltou correndo para Jesus para agradecer-lhe. Perceba que esse leproso fez mais do que lhe foi ordenado fazer. Ele é diferente do servo que apenas cumpre sua obrigação, pois a gratidão a Deus foi o que realmente fundamentou sua atitude. Lições da Parábola do Fazendeiro e o Servo Nossa verdadeira intenção: a intenção do nosso coração é fundamental no modo em que nos comprometemos com as tarefas que nos foram delegadas como cidadãos do reino de Deus. O ponto principal não está no ―fazer‖, mas no ―como fazer‖. A viúva e os ricos ofertaram, mas qual foi a oferta mais valiosa? O fariseu e o publicano oraram, mas qual oração foi sincera? Caim e Abel ofereceram sacrifícios, mas qual agradou a Deus? Percebe a diferença que faz a intenção do nosso coração. Qual tem sido a intenção do teu coração ao servir o Senhor? Entendendo nossa posição: por mais de uma vez os discípulos de Jesus perguntaram qual deles seria o maior no reino do céus (Mt 18:1; Mc 9:34; 10:37; Lc 9:46; 22:24). Esse mesmo comportamento tem se repetido muitas vezes entre muitos cristãos. A busca pelo lugar de destaque parece não ter limites. Até mesmo dentro das igrejas, durante nossos cultos, podemos presenciar esse tipo de comportamento. Eu mesmo já presenciei a disputa acirrada de alguns obreiros para decidir quem iria se sentar nas primeiras cadeiras de um púlpito, como se dali, Deus os pudesse ver melhor. Quanta ignorância. De fato, estar entre os primeiros diante dos homens gera alguns benefícios, e certamente pode resultar em status e reconhecimento. Entretanto, diante de Deus, a coisa é exatamente o contrário. Se somos verdadeiramente seguidores de Cristo, então necessariamente somos servos, pois Ele se preocupou em nos ensinar o verdadeiro significado de servir. Que possamos aprender a cada dia com nosso Mestre, ouvindo suas doces e duras palavras, e seguindo diligentemente seu exemplo: ―Se alguém quiser ser o primeiro, será o último, e servo de todos‖ (Mc 9:35). ―Mas não sereis vós assim; antes o maior entre vós seja como o menor; e quem governa como quem serve. Pois qual é maior: quem está à mesa, ou quem serve? Porventura não é quem está à mesa? Eu, porém, entre vós sou como aquele que serve‖ (Lc 22:26,27; cf. Lc 12:35-38; Jo 13:1-15).


Não buscar recompensas: outra lição que Jesus constantemente ensinou durante seu ministério é que não devemos trabalhar no reino de Deus buscando recompensas. Nossa relação com Deus nunca foi e nunca será a de empregador e empregado. Aos nossos patrões, podemos reclamar nossos direitos, mas ninguém poderá, jamais, reivindicar de Deus os serviços prestados. Deus não é devedor a homem algum, e não devemos esperar recompensas por tarefas cumpridas. Tal como na parábola, somos servos, e, como servos, não devemos esperar elogios por termos feito apenas o que devíamos fazer. Se fizermos tudo o que nos foi proposto, ainda somos servos inúteis. Na Parábola do Fazendeiro e o Servo, o adjetivo ―inútil‖ não está aplicado no sentindo de ―imprestável‖, mas no sentido de falta de merecimento, ou seja, ressaltando a condição de que, se somos servos, não merecemos elogios por termos feito nossa obrigação. Nosso Senhor é bondoso, justo e rico em misericórdia. Sabemos que Ele recompensa seus servos, mas essa recompensa não é por merecimento, mérito pessoal de cada um ou alguma dívida para conosco, mas é unicamente por sua maravilhosa graça. 25. Parábola do Juiz Iníquo

Lucas 18:1-8

A Parábola do Juiz Iníquo possui um paralelo muito claro com a Parábola do Amigo Importuno contada por Jesus em outra ocasião (Lucas 11:5-8). As duas parábolas enfatizam a importância da perseverança na oração. Na Parábola do Juiz Iníquo são mencionados três personagens: o juiz; a viúva; o adversário da viúva. A viúva A viúva tinha um opositor que de alguma forma estava agindo com injustiça contra ela. As viúvas naquela época facilmente passavam necessidades, principalmente quando herdavam dividas de seus maridos falecidos. Desde o Antigo Testamento, a Bíblia menciona algumas viúvas que passaram por situações difíceis e viveram de modo precário. Aqui podemos citar como exemplos a viúva que hospedou o profeta Elias em Sarepta, e a viúva que mais tarde hospedou o profeta Eliseu (1 Reis 17:8-16; 2 Reis 4:1-7). Nas Escrituras também encontramos várias referências sobre o cuidado de Deus para com as viúvas. A Bíblia diz que o Senhor julga e castiga aqueles que defraudam e prejudicam as viúvas (Êxodo 22:22,23; Deuteronômio 10:18;

Salmos 68:5). O profeta Malaquias afirmou que Deus testemunhará contra aqueles que oprimem os órfãos e as viúvas (Malaquias 3:5). Apesar disso, não é possível afirmar qual era a verdadeira situação daquela viúva. Não sabemos se ela era jovem ou idosa, se era rica ou pobre; nem mesmo sabemos a causa de seu litígio. Simplesmente tais detalhes são indiferentes e desnecessários à narrativa bíblica. O juiz Na cidade em que a viúva vivia havia um juiz. Jesus o descreve como sendo um homem contrário a Deus e que também não tinha qualquer respeito pelas pessoas. Essa descrição sem dúvida enfatiza que aquele juiz era alguém egoísta e desprezível. Quando Jesus diz que aquele juiz não tinha qualquer reverência para com Deus, isso significa que o juiz iníquo não se preocupava em fazer o que era moralmente certo. Com a informação de que ele não respeitava as pessoas, também concluímos que ele não dava importância para a opinião pública. O tribunal A viúva procurou diretamente o juiz para que sua causa fosse resolvida. Em casos assim, a viúva passava a ocupar o lugar do marido falecido, tendo então os mesmos direitos de um homem no tribunal. Na parábola Jesus não indica que o adversário da viúva comparecia regularmente ao tribunal. A viúva, por sua vez, constantemente procurava o juiz pedindo que ele julgasse sua causa. O comportamento do juiz foi completamente condizente ao seu perfil perverso. Durante um tempo ele se recusou a fazer qualquer coisa a favor da viúva, até que depois de muita insistência ele resolveu julgar a sua causa. Ele queria apenas ficar livre daquela importunação. A forma com que o texto bíblico descreve a intenção do juiz, parece indicar que ele não agiu pelo senso de justiça, e, muito menos, pela compaixão. Em sua própria fala ele declara explicitamente não temer a Deus e nem se importar com os homens. Ele julgou a causa da viúva para não ser mais incomodado. O significado da Parábola do Juiz Iníquo é bastante claro: os filhos de Deus devem orar constantemente, de modo perseverante e sem esmorecer, mesmo que sejam submetidos a uma longa espera (Lucas 18:1). Na parábola Jesus estabeleceu também um contraste agudo entre o juiz iníquo e o justo Juiz. Isso fica muito claro quando Jesus chama a atenção para as palavras do juiz e contrasta com a seguinte pergunta: “E Deus não fará


justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele de dia e de noite, ainda que tardio para com eles?” (Lucas 18:7). Em outras palavras, Jesus diz que se um juiz ímpio, perverso e egoísta fez justiça à causa da viúva, quanto mais fará Deus que é santo e justo em prol de seu provo escolhido que ora a Ele de dia e de noite? Além disso, por seu caráter perverso, o juiz iníquo agiu motivado por princípios egoístas, enquanto Deus age por amor aos que são seus. Um Juiz que cuida dos que são seus Com base nesse raciocínio, não podemos desprezar o uso de uma expressão que transmite um significado muito sublime. Jesus diz que certamente Deus fará justiça “aos seus eleitos”. A palavra original grega é eklektos, que significa ―selecionado‖ ou ―escolhido‖. Com isso, Jesus enfatiza a verdade de que o juiz iníquo nada tinha a ver com a viúva; ao contrário, ele não se importava com ela e queria se livrar dela. Ele estava disposto a qualquer coisa só para não precisar mais ver aquela mulher. Diferentemente disso, Jesus demonstra que o supremo Juiz não age assim. O justo Juiz julga a causa daqueles que são seus e se importa com eles de tal forma, que foi Ele próprio quem os elegeu como seu povo. Geralmente é o cliente que escolhe o advogado. Na parábola foi a viúva quem procurou e escolheu o juiz que, naquele contexto, também lhe serviu de advogado. Mas no reino de Deus é diferente! Foi o justo Juiz quem escolheu aqueles que são seus. Ele os amou quando estes ainda estavam mortos em delitos e pecados; e os justificou pelos méritos de Cristo no Calvário, fazendolhes ser “a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido” (2 Pedro 2:9). Isso significa que não há como dar errado! Os redimidos nunca estarão desamparados e no tempo oportuno serão vindicados. Essa verdade é maravilhosa e reconfortante (Apocalipse 6:10,11). Um Juiz que age no tempo certo Na Parábola do Juiz Iníquo Jesus também destaca que Deus age depressa em favor de seu povo, ainda que pareça ser tardio para com eles. Isso parece ser uma contradição, mas não é! A demora enfrentada pela viúva se deu pelo caráter desleal do juiz iníquo. Mas os seguidores de Cristo possuem um Juiz imutável e verdadeiro, no qual podem depositar toda sua confiança e

fidelidade. Esse Juiz que conhece todas as coisas responde às orações de seu povo no tempo oportuno, de acordo com seus propósitos eternos. Além disso, essa última parte da Parábola do Juiz Iníquo aponta novamente para os acontecimentos escatológicos referidos no capítulo anterior (Lucas 17). Jesus termina a parábola falando sobre a consumação da presente era que se dará “no dia em que o Filho do homem vier”. Todo cristão verdadeiro aguarda ansiosamente por esse momento final, quando toda justiça será revelada no dia do juízo. Nesse dia Cristo julgará os vivos e os mortos e porá fim em toda maldade, perversidade e injustiça (Atos 10:42). Mas é verdade que a espera por esse dia pode parecer muito longa e demorada para nós. Contudo, nos planos de Deus o tempo certo já está determinado, assim como disse o apóstolo Pedro (2 Pedro 3:9). Quando esse momento finalmente chegar, o justo Juiz agirá depressa, e todas as promessas feitas aos seus filhos que sofreram perseguições durante toda a história serão cumpridas integralmente. Por isso Jesus termina a Parábola do Juiz Iníquo com uma pergunta inevitável: “Quando porém vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra?” (Lucas 18:8). Jesus não fez essa pergunta para especular se haverá cristãos verdadeiros na terra na ocasião de sua vinda. A Bíblia já responde claramente esta questão (cf. Mateus 24:44-46; Lucas 12:37; 17:34,35; 1 Tessalonicenses 4:13-18; etc). Mas a pergunta feita por Jesus tem o objetivo de provocar uma reflexão, um auto-exame. Cada um deve se perguntar:  Será que estou pronto para aguardar pacientemente e perseverando em oração, o momento da volta de Cristo?  Estou me derramando diariamente diante de Deus em oração pedindo que “venha a nós o teu reino, e seja feita a tua vontade assim na terra como no céu”?  Realmente estou orando fervorosamente pela volta do Senhor Jesus? Lições da Parábola do Juiz Iníquo e a Viúva Podemos pontuar algumas reflexões adicionais sobre a Parábola do Juiz Iníquo. Em primeiro lugar, essa parábola nos ensina que devemos orar continuamente e com perseverança. A viúva não desistiu de suplicar sua causa a um homem ímpio e sem consideração por ninguém. Nós, porém, temos um Juiz santo e justo; então não podemos desanimar.


Em segundo lugar, a Parábola do Juiz Iníquo nos ensina a orar pelos motivos corretos. Todo o contexto da parábola parece indicar que a viúva que importunava o juiz estava do lado da justiça, ou seja, seu pedido era legítimo e aceitável. Em terceiro lugar, a Parábola do Juiz Iníquo nos ensina que a resposta da oração pode demorar. Uma oração sem resposta não significa que Deus não a escutou. A demora na resposta de uma oração sempre tem um propósito. Se você está orando pelos motivos certos, não com propósitos egoístas, mas visando o bem do reino de Deus, e ainda não foi respondido, então talvez o Senhor esteja lhe ensinando algumas lições necessárias. A demora na resposta de uma oração se dá por razões que somente Deus conhece. Mas durante esse período, aproveite para aprender mais sobre a paciência e a perseverança, e tenha sua fé fortalecida. Às vezes Deus nos reserva uma bênção ainda maior que vai além do nosso pedido, mas nossa impaciência muitas vezes acaba prejudicando nossa compreensão a esse respeito. O ensino sobre a oração no capítulo 18 de Lucas não terminou com a Parábola do Juiz Iníquo. Jesus continuou seu ensinamento na Parábola do Fariseu e o Publicano, enfatizando a atitude e as intenções corretas ao orar. 26. Parábola do Fariseu e o Publicano

Lucas 18:10-14

A Parábola do Fariseu e o Publicano é constituída de duas orações feitas por dois homens com dois resultados diferentes. Os personagens dessa parábola são: o fariseu e o publicano. O fariseu Os fariseus consistiam em um partido religioso dos judeus que era radicalmente conservador. Seus integrantes se orgulhavam por se acharem cumpridores da Lei e das tradições. Em diversas ocasiões, Jesus confrontou e repreendeu representantes desse grupo pela religiosidade hipócrita. Era comum que os fariseus fossem ao Templo para orar. Pela fama de piedosos que ostentavam, eles gostavam de exibir sua condição de religiosos fazendo orações em lugares públicos (cf. Lucas 20:47). O publicano Os publicanos formavam um grupo profissional da época de Jesus que era empregado dos romanos. Eles exerciam a função de cobrar os impostos e taxas alfandegárias. Os publicanos eram desprezados pelos demais judeus,

especialmente pelos fariseus. O motivo disso é que eles eram considerados traidores e corruptos. Diferentemente dos fariseus, os publicanos não andavam pelas sinagogas. Quando desejavam orar, eles procuravam a área externa do Templo a qual tinham acesso por serem judeus. Foi exatamente isto que fez o publicano da parábola de Jesus. A oração do fariseu O fariseu e o publicano estavam no Templo no mesmo período e com o mesmo objetivo: orar. O fariseu muito provavelmente procurou um lugar de destaque; talvez o mais próximo possível do santuário real no Templo. No Templo, o fariseu orou em pé, olhando para o céu. Aparentemente ele orava a Deus, mas Jesus é claro ao dizer que ele “dirigia uma oração a si mesmo” (Lucas 18:11). Em outras palavras, o fariseu estava falando de si consigo mesmo. Seus elogios eram dirigidos ao seu próprio ego. Em sua oração, em momento algum ele confessou seus pecados e mostrou arrependimento. Ao contrário disso, o fariseu parecia tentar mostrar para Deus o quanto ele era bom, e como Deus era privilegiado por ter alguém daquela qualidade orando diante dele. O fariseu focava em se comparar com às outras pessoas. Mas ele não fazia no sentido positivo, como por exemplo, se comparando a homens íntegros como Jó, o profeta Elias, o profeta Jeremias, o profeta Daniel e tantos outros. Na verdade ele se comparava aos demais no sentido negativo, ou seja, ele afirmava não ser um ladrão, um injusto e um adúltero. Quando viu o publicano orando, também o incluiu em sua lista de desprezados. Sua auto-glorificação era à custa da miséria alheia. Após se comparar com outras pessoas, o fariseu começou a exibir seus grandes feitos como cumpridor da Lei. Na verdade, como um bom fariseu, ele se esforçou para enfatizar que ele fazia ainda mais do que a Lei mandava. Ele dizia jejuar duas vezes por semana, enquanto a Lei exigia apenas um dia de jejum por ano, apesar de permitir o jejum voluntário em qualquer ocasião (Levítico 16:29). Os fariseus, por sua vez, instituíram a segunda-feira e a quinta-feira como dias de jejum. Muito provavelmente era disso que ele estava falando. O fariseu da parábola também se orgulhava de pagar o dizimo de tudo o que possuía. A forma com que a frase está construída no grego indica que ele pagava o dízimo até mesmo daquilo que não era exigido, como por exemplo, o dizimo dos produtos que ele comprava de um produtor, o qual já havia sido pago


pelo próprio produtor. Ele era tão presunçoso em suas intenções que basicamente tentava cumprir a Lei pelos outros. A oração do publicano A oração do publicano foi muito diferente da oração do fariseu. Ele se postou à distância. Ao contrário do fariseu, ele não queria ser visto, apenas desejava desesperadamente o perdão de Deus. O peso e a vergonha por seus pecados fizeram com que ele nem mesmo se atrevesse a olhar para o céu. A Palavra de Deus havia esmiuçado seu ego e o convencido de seus pecados. Ao invés de se auto-elogiar, ele reconheceu o estado de miséria em que se encontra, e bateu contra o peito se auto-acusando, clamando a Deus por misericórdia: “Ó Deus, sê misericordioso para comigo, o pecador”. As palavras do publicano foram as mesmas do salmista Davi quando disse: “Compadece-te de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade; apaga as minhas transgressões, segundo a multidão das tuas misericórdias” (Salmo 51:1). O único pedido do publicano era para que a ira de Deus fosse removida sobre si. Ele queria simplesmente ser perdoado. Jesus então declarou que foi o publicano, e não o fariseu, que voltou para a casa justificado. Ele conseguiu o que tanto desejava, a paz repousou sobre ele. O Senhor concluiu essa parábola com uma frase muito apropriada, cujo princípio também presente em várias outras passagens bíblicas: “Porque qualquer que a si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será exaltado” (Lucas 18:14). Isso significa que o homem que se considerava justificado, voltou para casa como um pecador. Já o homem que admitiu ser um grande pecador, voltou para casa justificado. O significado da Parábola do Fariseu e o Publicano é bastante claro. Essa parábola ensina que devemos orar com a atitude correta. A mensagem dessa parábola complementa o que foi transmitido nos versículos anteriores do mesmo capítulo, na Parábola do Juiz Iníquo, que ensina sobre a importância da perseverança e constância na oração. Assim, o significado central da mensagem formada por ambas as parábolas é o de que devemos orar constantemente e com humildade de espírito, pois é a verdadeira humildade que leva à exaltação. Lições da Parábola do Fariseu e o Publicano Podemos refletir sobre algumas lições práticas importantes que a Parábola do Fariseu e o Publicano nos ensina. Vejamos:

Em primeiro lugar, a Parábola do Fariseu e o Publicano ensina que Deus perdoa erros e não justificativa. Em si mesmo, o fariseu considerava que não tinha do que se arrepender. Logo, ele também não tinha do que ser perdoado. Quando alguém não consegue reconhecer seu próprio pecado, isso pode ser o sinal de algo muito mais grave do que simplesmente o orgulho; isso pode até significar a ausência da genuína regeneração (cf. 1 João 1:8-10). Em segundo lugar, a Parábola do Fariseu e o Publicano ensina que não se pode impressionar a Deus. O fariseu tentou impressionar a Deus; ele fez isso se comparando à outras pessoas e mostrando o quanto era superior a elas. Ele se julgava diferente e acima de todos! O publicano, por sua vez, também se comparou às outras pessoas, mas ele se julgou inferior a todas elas. Ele classificou-se a si mesmo como ―o pecador‖. O apóstolo Paulo também fez o mesmo quando escreveu: “Cristo Jesus veio ao mundo para salvar pecadores, dos quais eu sou o principal” (1 Timóteo 1:15). Em terceiro lugar, a Parábola do Fariseu e o Publicano ensina que a glória pertence somente a Deus. A oração do publicano expressa uma verdade presente em toda a Bíblia, declarando que a salvação, do início ao fim, pertence a Deus e é atribuída à sua misericórdia e graça (cf. Salmo 51:1; Lucas 18:13; Efésios 2:8; Tito 3:5). O homem é incapaz de justificar-se a si mesmo. A oração do fariseu aparentemente parecia ser uma oração de gratidão. Aos olhos humanos, tal oração poderia realmente representar as palavras de alguém justo e distinto por sua religiosidade. Porém, aos olhos de Deus, tal oração era uma afronta, uma ofensa, pois na verdade ela atacava a glória de Deus, e tentava prover complementos humanos a perfeita obra da redenção. Em quarto lugar, a Parábola do Fariseu e o Publicano ensina que elogio humano pode ser perverso e enganoso. Quando o fariseu começou a se autocongratular, ele disse que não era um ladrão, um desonesto e um adúltero. William Hendriksen, em seu comentário do Evangelho de Lucas, faz uma observação muito apropriada sobre isso. Ele percebe que tudo o que o fariseu dizia não ser, na verdade, ele era. O fariseu era o ladrão que naquele exato momento roubava a glória de Deus nas palavras de sua oração. Ele era o homem desonesto que defraudava a si mesmo. Por último, ele era o adúltero culpado do pior de todos os adultérios, ao apostatar do verdadeiro Deus (cf. Oseias 1:2; 5:3). A Parábola do Fariseu e o Publicano nos convida a fazer um importante auto-exame. Devemos olhar para nossas vidas e avaliar nossa conduta diante da Palavra de Deus, afinal, fariseus e publicanos continuam espalhados por todos


os lugares. Que possamos apontar nossos olhos somente para Cristo; que possamos reconhecer que apenas por seus méritos somos justificados diante de Deus. É em Cristo que encontramos descanso para nossa alma. Aqui algumas perguntas devem ser feitas: No dia de hoje, você se parece com o homem que foi para casa justificado ou com aquele que não alcançou perdão? Quando você olha para sua própria vida através do espelho das Escrituras quem você vê: o fariseu ou o publicano?

Fonte: Pesquisas na Internet


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