Significado de
Tiago
Tiago 1 1.1 — A tradição da Igreja primitiva identifica o autor Tiago como sendo meio-irmão de Cristo (1 Co 15.7). Ás doze tribos. Essa saudação provavelmente significa que a carta está destinada a cristãos judeus que vivem fora da Palestina. A carta não se destinava a uma igreja específica, mas deveria circular entre várias congregações locais. 1.2-27 — Tiago instrui-nos acerca de como enfrentar dificuldades (v. 2-4), da necessidade de visão espiritual e de fé (v. 5-8), da atitude adequada com relação a riquezas (v. 9-11) e de como vencer a tentação (v. 12-18). Ele nos adverte contra o coração cheio de ira (v. 19,20) e exorta-nos a viver uma vida que cumpra a Palavra de Deus (v. 21-27). 1.2 — As provações (nvi) são circunstâncias externas — conflitos, sofrimentos e aflições — com as quais todos os cristãos se deparam. As provações não são agradáveis e podem ser extremamente dolorosas, mas os cristãos devem considerá-las como oportunidades de alegrar-se. Aflições e dificuldades são ferramentas que refinam e purificam nossa fé, produzindo paciência e perseverança. 1.3 — A palavra traduzida por prova da vossa fé ocorre somente aqui e em 1 Pedro 1.7. O termo, que significa provado ou aprovado, era usado para designar moedas que eram legítimas, e não falsificadas. O objetivo da provação não é destruir ou afligir, mas purificar e refinar. E essencial à maturidade cristã, pois até mesmo a fé de Abraão teve de ser provada (Gn 22.1-8). O significado de paciência transcende a ideia de suportar a aflição; diz respeito a manter-se firme sob pressão, com uma resistência que transforma adversidades em oportunidades. 1.4 — Quando os cristãos resistem à provação, eles são feitos perfeitos, no sentido de terem chegado ao fim, e completos, no sentido de inteiros. 1.5 — A sabedoria que Deus dá não são necessariamente informações sobre como se livrar das dificuldades, mas, em vez disso, é discernimento sobre como aprender com as dificuldades (Pv 29.15). Não se trata de mais informações sobre como evitar momentos de prova, mas uma nova perspectiva a respeito das provações. A sabedoria de Deus começa com uma
genuína reverência pelo Todo-poderoso (o temor do SENHOR, no Salmo 111.10; Provérbios 9.10) e uma firme confiança de que Deus está no controle de todas as circunstâncias, guiando-as para Seus bons propósitos (Rm 8.28). 1.6,7 — Duvidando diz respeito a estar com o pensamento dividido ou debater. O termo não descreve uma dúvida momentânea, mas a lealdade dividida, uma incerteza. 1.8 — O significado literal de coração dobre é com duas almas. Se uma parte da pessoa se encontrar em Deus e a outra estiver neste mundo (Mt 6.24), haverá um constante conflito interior. 1.9-11 — Tiago oferece dois exemplos de provações (v. 2-8): um está relacionado a um irmão abatido e o outro é sobre um homem rico. Provavelmente abatido significa pobre, em contraste com o outro homem, que é rico. Glorie-se (tende grande gozo, no v. 2) é um imperativo que concerne ao que deve fazer o cristão pobre, pois Deus o exaltou ao permitirlhe passar por circunstâncias difíceis, pois elas somente aperfeiçoarão seu caráter e sua fé (v. 4) O cristão rico também pode gloriar-se quando uma provação o abate, porque ela lhe ensina que a vida é curta, e que ele, em seus caminhos, ou seja, em seus afazeres, se murchará. O rico deveria sempre confiar no Senhor, não em si mesmo, muito menos em seu dinheiro. 1.12 — O cristão que sofre provações mostra que ama Jesus e, portanto, receberá a coroa da vida (Ap 2.10) diante do tribunal de Cristo. A Bíblia descreve a recompensa do cristão (2 Co 5.10; Ap 22.12) sob várias imagens vívidas, como metais preciosos (1 Co 3.8-14), vestes (Ap 3.5,18; 19.7,8) e coroas (1 Co 9.25; Ap 2.10; 3.11). 1.13 — O foco do capítulo passa das provações (v. 2-12) para a tentação (v. 13-18). Deus a ninguém tenta. A tentação não vem de Deus. Deus nunca intencionalmente levará uma pessoa a cometer pecado porque isso não somente iria contra Sua natureza, mas seria contrário ao Seu propósito de moldar Sua criação à Sua imagem santa. Contudo, Deus às vezes coloca Seu povo em circunstâncias adversas com o propósito de burilar o seu caráter (Gn 22.1,12). Essas recompensas serão nossas respectivas capacidades ou
posições de privilégio e serviço para a glória de Cristo em Seu Reino vindouro (Ap 4.10; 5.10). 1.14,15 — Transformar uma provação em uma tentação para fazer o mal só é possível se a pessoa permitir que o desejo assuma o controle. Atraído e engodado expressam a intensidade com que o desejo seduz um indivíduo até ele se envolver de forma trágica. O pecado não se impõe a quem reluta, mas é fruto de uma escolha em função de seus atrativos. Concebido sugere a imagem da vontade de uma pessoa pendendo para o mal e, finalmente, sendo dominada por ele. Essa mesma ideia é vividamente ilustrada pelo trágico caminho de um viciado: uma vez adquirido, um hábito, no final das contas, controla completamente o indivíduo. Consumado sugere concluir um objetivo. A ideia aqui é que o pecado alcançou a maturidade e apoderou-se do caráter do indivíduo. A morte aqui se refere à morte física (Pv 10.27; 11.19; Rm 8.13). 1.16-18 — Tiago novamente faz uma ilustração (v. 9-11). Deus não tenta com o mal (v. 13), mas dá a vida espiritual (v. 18), a boa dádiva e o dom perfeito. 1.19 — A introdução de Tiago (v. 2-18) conclui que suportar as provações dá direito a uma coroa da vida (v. 12), e que ceder à tentação pode levar à morte física (v. 15). O cristão em meio a uma provação precisa ser pronto para ouvir, tardio para falar e tardio para se irar. Essas três exortações revelam o esboço desta carta (Tg 1.21—2.26 no que se refere a pronto para ouvir; Tg 3.1-18 a tardio para falar; e Tg 4.1—5.18 a tardio para se irar). 1.20 — Quando o cristão se irrita com circunstâncias difíceis, a justiça [prática] de Deus não se evidencia em sua vida. Quando alguém nos faz mal, a reação natural é revidar, pelo menos com palavras (v. 19). Mas essa atitude não glorifica a Deus. Refrear a língua, tentar entender a posição da outra pessoa e deixar que Deus exerça a justiça demonstram o amor divino em situações de tensão (Rm 12.17-21). 1.21 — A palavra de Deus que foi enxertada no coração do cristão deve ser recebida com mansidão — o que denotaria um espírito de discípulo —, sem
resistência, desacordo ou dúvida. Receber a Palavra de Deus dessa forma irá salvar a alma do cristão, ou seja, sua vida. O pecado leva à morte (v. 15). Já a obediência evita a morte, protegendo o cristão de um comportamento pecaminoso que pode levar direta ou indiretamente à morte física (v. 15; 1 Co 11.30). 1.22 — Sede cumpridores da palavra e não somente ouvintes. Os cristãos que ouvem a Palavra de Deus (v. 9) devem recebê-la com um espírito receptivo (v. 21), aplicando-a em sua vida diária. Ouvir e não obedecer é enganar a si mesmo. 1.23,24 — Aquele que segue esta forma de pensamento irracional age como quem viu ao espelho o seu rosto natural e foi-se. Ele observou, conscientizou-se plenamente das falhas e se esqueceu de pronto. 1.25 — A lei perfeita da liberdade é a lei do amor. Amar a Deus e amar ao próximo resumem a Lei (Mt 26.36-40). Mas é o amor de Cristo (Ef 3.17-19) que nos liberta de nossos pecados para verdadeiramente amarmos os outros (Jo 8.36-38; Gl 5.13). 1.26,27 — Pura (gr. katharos) versus impura é o objeto da discussão, não verdadeira versus falsa. Algumas pessoas passam pela religião (gr. thrêskos) ou pelos aspectos externos da adoração com um coração impuro. Tiago está confirmando que os aspectos externos de atividades religiosas não são aceitáveis para Deus a menos que estejam acompanhados de uma vida santa e um serviço de amor. Ritos e rituais nunca foram um substituto adequado para serviço e sacrifício. A adoração coletiva dentro da igreja não pode ocupar o lugar de obras individuais fora da igreja. A profissão pessoal de fé deve estar associada à expressão pública da fé pessoal. Visitar vem da palavra grega normalmente traduzida por bispo, uma pessoa que supervisiona o povo de Deus (1 Tm 3.1). Os órfãos e as viúvas estavam entre as classes mais desamparadas e necessitadas nas sociedades antigas (Ez 22.7). A religião pura não simplesmente dá bens materiais para socorrer os necessitados, mas também atenta para o cuidado deles (At 6.1-7; 1 Tm 5.3-16).
Tiago 2 2.1-13 — Tiago exemplifica a parcialidade com o rico (v. 1-4), acrescentando quatro razões pelas quais não devemos mostrar favoritismo: (1) Deus aceitou muitos pobres como Seus filhos (v. 5); (2) os ricos muitas vezes perseguem os cristãos (v. 6,7); (3) ser parcial é uma atitude que viola a lei do amor de Cristo (v. 8-11); e (4) Deus julgará aqueles que transgredirem essa lei (v. 12,13). 2.1 — A fé de nosso Senhor Jesus Cristo inclui o fato de que Deus ama o mundo e de que Cristo morreu por ele. Se Deus e Cristo mostram graça e misericórdia sem acepção de pessoas, assim também os cristãos o devem fazer (v. 8,13). 2.2-4 — Ilustrações claras dispensam quaisquer desculpas e exceções. Imagine dois visitantes chegando a uma igreja em uma manhã de domingo. Uma limusine com chofer traz um homem usando um terno impecável. Outro carro se aproxima também, só que já bem velho e gasto, e traz um homem em um terno barato e já surrado. Ao prestarem melhor atendimento ao homem rico, os porteiros fazem distinção e tornam-se, assim, juízes de maus pensamentos. A distinção vem do mesmo verbo que vagar (Tg 1.6). Por meio de sua parcialidade, os transgressores “cambalearam” em sua fé. 2.5 — Deus escolheu usar indivíduos pobres financeiramente, mas ricos na fé para expandir Seu Reino. Aqueles que o amam, obedecem-lhe (Jo 14.15; 15.9-17) e resistem à provação de sua fé (Tg 1.12) herdarão o Reino. Essa herança significa mais do que entrar no Reino; inclui também governar com Cristo (1 Co 6.9; Gl 5.21; 2 Tm 2.12). 2.6 — Desonrastes envolve não somente atitudes, mas um tratamento vergonhoso, como quando Jesus foi desonrado pelos líderes judeus (Jo 8.49). Oprimem refere-se à ostentação arrogante da autoridade governamental sobre os cristãos, como tiranos sobre camponeses indefesos. Tiago tem em mente os oficiais judeus quando diz que eles ws arrastam aos tribunais. Atos 9.2, passagem que relata a viagem de Saulo para Damasco com cartas oficiais para prender cristãos, testifica a autoridade que Roma deu aos judeus.
2.7 — Não somente desprezavam os pobres e oprimiam os cristãos, mas os ricos direcionavam seus ataques contra o próprio Senhor. Blasfemam (gr. blasphêmeõ) ou falam mal do bom nome que sobre vós, ou seja, os cristãos, foi invocado (At 11.26). 2.8,9 — A lei real é a lei do amor (Tg 1.25; Lv 19.18; Mt 22.39), uma lei superior a todas as outras leis. Se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado. Tiago fez referência a Levítico 19.15, que proíbe o favorecimento aos pobres ou aos ricos. 2.10 — Tornou-se culpado de todos. Deus não aceita a obediência seletiva. Não podemos optar por obedecer às partes da Lei que nos convêm e desconsiderar o restante. Alguns dos fariseus agiam assim. Observavam com cuidado algumas das exigências da Lei, como guardar o sábado, e ignoravam outras, como honrar seus pais (veja comentários de Jesus em Mt 15.1-7). O pecado é a violação da justiça perfeita de Deus, que é o Legislador. Tiago sustenta que toda a Lei divina tem de ser aceita como uma expressão da vontade de Deus para Seu povo. A violação ainda que de um único mandamento é o bastante para separar o indivíduo de Deus e de Seus propósitos. 2.11 — No basquete, se a bola não entrar na cesta por um centímetro ou por um metro, o time não marca ponto. De igual modo, aquele que faz acepção de pessoas é tão transgressor quanto alguém que assassinou outrem ou cometeu adultério. 2.12,13 — Os cristãos serão julgados pela lei da liberdade, que é a lei do amor (Tg 1.25). Os cristãos que não fazem acepção de pessoas, mas que praticam o amor (v. 5,8) e a misericórdia, triunfarão diante do tribunal. Aqueles que não usaram de misericórdia não receberão misericórdia. 2.14-19 — A fé é mais do que uma crença intelectual em Deus. Se essa crença não nos leva a uma santa vida de justiça e misericórdia, ela não é a fé salvadora (Mt 7.21-23). Tiago apresenta três argumentos para respaldar essa verdade: (1) A fé sem obras é tão boa quanto palavras sem ações (v. 15-17).
(2) A fé não pode ser vista nem comprovada a menos que se manifeste em obras (v. 18). (3) Até os demônios creem em Deus, mas essa crença não leva à salvação deles (v. 19). 2.14 — Alguns afirmam que a fé mencionada nesta passagem não é a fé genuína que produz a vida eterna. Mas Tiago endereça esta seção aos cristãos (meus irmãos no v. 14), isto é, pessoas que exercitavam a fé genuína. O ponto em questão nesse parágrafo não é a verdadeira fé versus a falsa fé, mas a fé pura e simplesmente, sem obras (v. 17), versus a fé que é acompanhada de obras. O verbo salvar (gr. sõzõ) é usado cinco vezes em Tiago (Tg 1.21; 2.14; 4.12; 5.15; 5.20). Toda vez, ele se refere à salvação da vida temporal, não ao livramento do castigo do pecado (Tg 5.15). Nesse contexto, Tiago está referindo-se a salvar do juízo sem misericórdia diante do tribunal de Cristo (v. 13) e possivelmente a salvar a vida de uma pessoa da morte física (Tg 1.21). Obras são ações que seguem a lei real do amor (v. 8,15,16). Tiago está sugerindo neste versículo que a fé em Cristo se manifestará no amor pelos outros (veja a ordem de Jesus aos Seus discípulos emjo 13.34,35). 2.15,16 — Se os cristãos disserem coisas superficiais e vazias, sem de fato ajudar aqueles com verdadeiras necessidades materiais, que proveito virá daí? Quantas palavras são necessárias para encher uma barriga vazia? 2.17 — E provável que a fé que agora está morta (gr. pistis) já tenha estado viva. As obras mantêm a fé em plena atividade (1 Pe 1.5-9). A ausência de obras causa a morte (Tg 1.14,15) da fé (Tg 2.26). 2.18 — A expressão mas dirá alguém introduz um opositor (1 Co 15.35). Alguns manuscritos trazem a palavra sem, enquanto outros têm uma palavra grega traduzida por fora de (gr. ek). Se a última estiver implícita, então não há diferença alguma visível no português entre as duas afirmações do opositor. No texto grego, no entanto, o opositor muda a ordem das palavras. Em uma das afirmações, ele começa com fé e na outra, com obras. Parece que ele está dizendo que não importa com a qual você começa — não há relação alguma entre fé e obras. Esta explicação condiz com a resposta de Tiago.
2.19 — O opositor ainda sugere que a pessoa chamada por tu, ou seja, Tiago, acredita que há um só Deus e, consequentemente, ela faz bem (gr. halos), o que significa que ela faz algo bom (3 Jo 6). Por outro lado, os demónios creem que há um só Deus e não fazem boas obras. A fé deles tem o objeto errado. Eles não creem que Jesus morreu por eles. Eles apenas estremecem. O opositor está alegando que não há relação alguma entre fé e obras. 2.20 — Tiago agora responde ao opositor (v. 22,23): homem (gr. anthrõpos) está no singular, e Tiago chama esse indivíduo de vão (gr. kenõs), com o sentido de que ele tem a cabeça vazia. 2.21 — Tiago claramente ensina a justificação pela fé, pois cita Gn 15.6 no v. 23, que obviamente liga o crédito da justiça, isto é, a salvação, à fé de Abraão (veja a explicação de Paulo sobre Gn 15.6 em Rm 4-1-12). A justificação pelas obras da qual Tiago está falando é um tipo diferente de justificação. Esse tipo de justificação está diante de outras pessoas. Em outras palavras, Tiago está usando a palavra justificado com o sentido de provado. Provamos aos outros nossa genuína fé em Cristo por meio de nossas obras. Mas a justificação que vem por meio da fé está diante de Deus, e nós não nos provamos a Ele; em vez disso, Deus nos declara justos por meio de nossa associação com Cristo, Aquele que morreu por nossos pecados (Rm 3.28). 2.22 — A ideia que Tiago está defendendo para o opositor é que a fé trabalha junto com as obras, ou seja, há uma relação entre as duas, e a relação é que as obras aperfeiçoam (gr. teleioõ) a fé, ou seja, amadurecemna. 2.23 — Ao oferecer Isaque (Gn 22.1-12), Abraão passou no teste e mostrou sua total confiança em Deus. Sua obediência tornou-o amigo de Deus (Jo 15.14).
2.24 — O sujeito está no plural, indicando que Tiago agora volta sua atenção para o leitor. Vedes (não Deus) que uma pessoa é justificada pelas obras.
heresias, grande parte das divisões e muitas das falhas da Igreja ao longo da história se deram por causa de mestres sem entendimento ou sabedoria provenientes de Deus.
2.25 — As obras de Raabe se deram pela fé (Hb 11.31), mas foram necessárias ações para confirmar sua mudança interior. Se tivesse permanecido no pecado enquanto proclamava sua fé, ela nunca teria sido declarada justa (justificada).
3.2 — A oração cujo verbo é tropeçar pode ser traduzida como “nós todos tropeçamos em muitas áreas. Nenhum de nós alcançou a perfeição”. Perfeito (gr. teleõis) descreve o homem que alcançou seu objetivo, o homem que tem domínio próprio. Sendo assim em seu falar, ele é poderoso para também refrear todo o corpo, porque a língua resiste ao controle mais do que qualquer outra área do comportamento. Refrear descreve uma direção controlada.
2.26 — O corpo (gr. sõma) representa a fé (gr. pistis). O fôlego mostra que o corpo está vivo. As obras mostram que a fé está viva.
Tiago 3 3.1-12 — Os mestres cristãos (v. 1) e os pregadores serão mais cobrados (Lc 20.47) porque seu ofício tem grande influência sobre os outros. E fácil pecarmos naquilo que falamos (v. 2), e uma palavra pecaminosa tem amplas consequências (v. 3-6). Sozinhos, não podemos controlar o que falamos (v. 7,8); nossas palavras ainda serão uma mistura hipócrita de bem e mal (v. 912). Somente a graça de Deus e a sabedoria do alto (descrita no v. 17) podem dar-nos poder para controlar a maledicência. 3.1 — Receberemos mais duro juízo. Tiago não dá o alerta de juízo aos outros sem antes dá-lo a si mesmo. Os mestres estarão diante do tribunal de Cristo e serão julgados com maior rigor do que os outros. Sua maior influência se traduz em maior responsabilidade. E mais provável que o juízo aqui não se refira à separação eterna de Deus; pelo contrário, sugere um julgamento minucioso de mestres diante de Cristo (Mt 5.19; Rm 14.10-12). Liderança requer responsabilidade. Quando a honra é grande, a responsabilidade é ainda maior; quando as exigências são sérias, o castigo por não atender às exigências é, da mesma forma, mais severo. Todas as
3.3,4 — Duas ilustrações reforçam que muitas vezes o que tem a maior influência pode parecer insignificante. Como diz o ditado, “tamanho não é documento”. Levando-se em consideração as dimensões de um cavalo, por exemplo, um freio em sua boca parece algo trivial, mas faz o animal obedecer-lhe. As naus, que são enormes e levadas por ventos impetuosos, podem ser guiadas por um bem pequeno leme. Para onde quer a vontade daquele que as governa, na linguagem contemporânea, pode ser traduzido por para onde o piloto quiser que elas vão. 3.5 — Vede quão grande bosque um pequeno fogo incendeia. A língua pode ser comparada a um fósforo em termos de tamanho, mas seu efeito é como um grande incêndio em uma floresta. 3.6 — A língua desenfreada pode contaminar todo o corpo, ou toda a pessoa. O curso da natureza, por sua vez, pode ser traduzido por roda da vida, com o sentido de todo o curso da vida. A língua pode prejudicar uma pessoa como um todo, bem como toda a sua vida. Além disso, pelo inferno indica que Satanás pode pôr palavras na boca do cristão ao pôr ideias em sua mente (Mc 8.33; At 5.3). 3.7,8 — Nenhum homem pode domar a língua. Os instintos dos animais podem ser dominados por meio do condicionamento e da punição, mas a natureza pecaminosa que inspira palavras más foge ao nosso controle. Somente a obra do Espírito Santo dentro de nós pode assumir o controle desta força destrutiva.
3.9 — Bendizemos a Deus pode referir-se à prática judaica de dizer bendito seja toda vez que o nome de Deus era mencionado. Tiago está mostrando a incoerência de se bendizer a Deus enquanto se amaldiçoa pessoas que são criadas à imagem dele. Semelhança de Deus. Deus criou os seres humanos, tanto homem como mulher, à Sua própria imagem (Gn 1.26). Hoje, as pessoas ainda refletem a imagem de Deus, embora bastante desfigurada pelo pecado (Gn 9.6). 3.10-12 — Derramar água salgada em água doce resulta em água salgada, e misturar fruto ruim com fruto bom resulta em uma mistura de frutos podres. De igual modo, misturar palavras contraditórias de bênção e maldição só produzirá resultados negativos. 3.13-18 — Aqui se tem um contraste entre a sabedoria que Deus dá (v. 13,17,18) e a sabedoria da humanidade caída (v. 14-16). 3.13 — A solução para o problema de controlarmos nossa língua é buscarmos a sabedoria divina (Tg 1.5). A pessoa que tem a sabedoria que vem de Deus (v. 17) irá mostrá-la humildemente com obras, não somente com palavras. Ou seja, o cristão deveria ser tardio para falar (Tg 1.19).
pecaminosos como os mencionados aqui. Tiago queria que seus leitores deixassem de lado suas fúteis atitudes e buscassem reconciliação. 3.17 — A principal característica da sabedoria que vem de Deus é que ela é pura, no sentido de livre de contaminação. Amargura, inveja e conduta egoísta corrompem completamente uma pessoa (v. 14,16). A sabedoria que vem de Deus também é pacífica, descrevendo um espírito de tranquilidade e calma. Não sugere comprometer a verdade só para que se mantenha a paz, o que promoveria o engano. Além disso, a sabedoria que procede de Deus é completa, não faz acepção de pessoas, é sólida e consistente. Sem hipocrisia. A verdadeira sabedoria é sincera e despretensiosa. 3.18 — Esta seção, tardio para falar (Tg 1.19), gira em torno da língua desenfreada. São nossas qualidades inerentes que temperam nossas palavras, e aqui a paz é enfatizada de duas formas: (1) [a] justiça semeia-se, ou seja, ela se origina em condições de paz, não de inveja ou espírito faccioso (v. 16) e (2) a justiça aparece naqueles que praticam a paz. Os defeitos flagrantes das igrejas evangélicas são a confusão e a disputa internas, mas a vida cristã depende de paz.
3.14 — Se você tem a sabedoria do mundo (v. 15,16), que nada mais é que interesse próprio, não se vanglorie dela. Não seja apenas tardio para falar, mas deixe também a mentira! 3.15 — Se a sabedoria se manifesta sem boa conduta e mansidão, ela não vem do alto. Na verdade, ela é caracterizada como terrena; prudente, segundo os padrões do mundo; sensual (gr. psuchikos), no sentido de natural em oposição a espiritual, e diabólica.
Tiago 4
3.16 — Obra perversa produz confusão. Por outro lado, Deus traz harmonia e sabedoria (1 Co 14.33). Quem está envolvido com inveja e contenda está confuso. Essa confusão corrompe os relacionamentos humanos. E provável que os cristãos judeus para os quais Tiago estava escrevendo estivessem passando por confusões por causa de atos
4.1 — O conflito dentro de nós está entre nossos deleites pecaminosos e o desejo de cumprir a vontade de Deus, uma atitude que o Espírito Santo colocou dentro de nós (v. 5).
4.1-10 — Purificação para cristãos (1 Co 3.1-4): (1) a luta com o pecado (v. 1-4); (2) o desejo de Deus de liberar maior graça (v. 5,6); (3) o caminho da bênção (v. 7-10).
4.2 — A fonte do conflito entre os cristãos muitas vezes são coisas materiais. Tiago atribui dissensões, assassinatos e guerras ao materialismo.
João também adverte os cristãos sobre cobiçar o que no mundo há (1 Jo 2.15,16). 4.3 — Porque pedis mal. Há quem discorde da admoestação de Tiago (v. 1,2), alegando não ter recebido uma resposta às suas orações (Mt 7.7). Tiago sustenta que esse é o caso de orar pelas coisas erradas. Em vez de orar por seus desejos pecaminosos, muitos deveriam orar pela boa vontade de Deus para com eles. Por vezes, a razão por que Deus não dá o que uma pessoa deseja é simplesmente o fato de que isso não seria bom para ela (Fp 4.19). Outrossim, Deus não é obrigado a responder às nossas orações de forma afirmativa. Ele não agirá de maneira contrária à Sua vontade, nem que esteja cercado de orações fervorosas. Toda vez que buscamos promover nossos deleites pessoais por meio da oração, estamos pedindo mal (Mt 6.33). Na oração, Deus não se curva à nossa vontade; pelo contrário, nós é que devemos submeter-nos à Sua boa vontade para nossa vida. 4.4 — Esse versículo não fala da atitude de Deus para com o cristão, mas da atitude do cristão para com Deus. A diferença entre o mundo e Deus é tão grande que, enquanto seguimos para o mundo, nós nos apartamos de Deus. No mundo, o pecado é considerado aceitável e aprazível. Por fim, os cristãos perdem sua noção de pecado e, assim, o pecado se torna habitual. Tiago não está preocupado com pecados ocasionais, mas com a atitude do coração que leva uma pessoa a dar as costas para Deus e voltar-se para o mundo. Em vez de conhecer o pecado pela observação ou pela experiência pessoal, o cristão deve usar sua mente dada por Deus para discernir o bem do mal, sem provar o mal por si mesmo. 4.5 — Diz a Escritura. Aqui, Tiago provavelmente não tem referência do Antigo Testamento alguma em mente; em vez disso, ele está falando de um conceito geral nas Escrituras. É muito provável que o ciúme nesse versículo se refira ao zelo de Deus por Seu povo, um conceito comum no Antigo Testamento (Êx 20.5; 34.14; SI 78.58; 79.5) e uma ideia que condiz com o contexto. A amizade com o mundo, mencionada no versículo 4, naturalmente despertaria ciúmes em Deus. No entanto, a expressão o Espírito que em nós habita também poderia indicar o espírito humano. Então, o ciúme seria o desejo cobiçoso das pessoas, retomando o tema do versículo 2.
4.6 — Deus resiste aos soberbos. Tiago citou Provérbios 3.34 para mostrar que estava certo. Aqueles que se submeterem à sabedoria divina receberão a graça necessária de Deus para pôr em prática o tipo de vida que Tiago descreve (Tg 3.13-18). Por outro lado, aqueles que se puserem em altos patamares se verão diante de um terrível inimigo (v. 4). O próprio Deus lutará contra os planos destes por não estarem do Seu lado. 4.7 — Sujeitai-vos... a Deus. Devemos obedecer aos dois mandamentos desse versículo na ordem: primeiro, devemos sujeitar-nos a Deus, abandonando nosso orgulho egoísta (v. 1-6). Sujeitar-se ao Senhor também implica revestir-se de toda a armadura de Deus, uma imagem que inclui tudo, desde depositarmos nossa fé nele a mergulharmos na verdade da Palavra de Deus (Ef 6.11-18). Segundo, devemos resistir a qualquer tentação que o diabo lançar em nosso caminho. Então o maligno não terá outra escolha: ele fugirá, pois pertenceremos ao exército do Deus vivo. 4.8 — Ele se chegará. Deus está sempre pronto a aceitar aqueles que realmente se chegam a Ele. Limpai as mãos... purificai o coração. Os de duplo ânimo são aqueles cristãos que têm em seu coração o amor dividido entre Deus e o mundo. 4.9 — Senti as vossas misérias, lamentai, e chorai. Quando o cristão que caiu em pecado responde ao chamado de Deus ao arrependimento, ele deve pôr de lado o riso e a alegria para refletir no pecado com genuína vergonha (2 Co 7.9,10). Neste versículo, riso se refere a uma farra imoral, em que pessoas celebram seus pecados na tentativa de esquecer-se do juízo de Deus. O cristão nunca deve rir do pecado. No entanto, a tristeza do cristão leva ao arrependimento; o arrependimento leva ao perdão e o perdão leva à verdadeira alegria com a reconciliação de uma pessoa com Deus (SI 32.1; 126.2; Pv 15.13). 4.10 — Humilhai-vos. O homem que se submete ao Senhor será exaltado de um modo que ele jamais poderia ser. Isso basicamente refere-se à relação espiritual de uma pessoa com Deus. 4.11,12 — Há só um Legislador e um Juiz. O Novo Testamento ensinanos a não julgar (Mt 7.1) porque Deus é o supremo Juiz e Aquele que se
vingará daqueles que praticam o mal (Rm 12.9; Hb 10.30). Contudo, as Escrituras também exortam a igreja a exercer juízo sobre seus membros (1 Co 6.2-5). Esse tipo de juízo é a disciplina coletiva exercida de acordo com verdades bíblicas e o modelo em Mt 18.15-20. 4.13-16 — Estas pessoas não pecaram porque fizeram planos, mas, em vez disso, porque ignoraram a brevidade da vida humana (v. 14) e não consultaram o Senhor quando fizeram seus planos (v. 15). Essa espécie de orgulho é maligna (v. 16).
própria engenhosidade, e não uma dádiva de Deus. A ideia é que o negociante decidiu ganhar dinheiro e depois gastá-lo consigo mesmo. Tiago resume o que já foi dito a cada leitor de sua epístola: é pecado duvidar se uma ação é correta e, não obstante, ir em frente e realizá-la; também é pecado saber o que é certo e, mesmo assim, não o fazer (Rm 14-23). Essa é uma séria advertência contra pecados de omissão (veja em Lc 16.19-31 uma condenação disso).
4.13 — Iremos... ganharemos. O problema aqui não é o plano nem o conceito de planejamento; é deixar Deus fora do plano (v. 15). 4.14 — Não sabeis. A despeito da fragilidade humana e da ignorância acerca do amanhã, o homem arrogantemente prediz o curso de sua vida. Porque que é a vossa vida? Essa pergunta pretende despertar a pessoa em meio à sua apatia e levá-la a reavaliar suas prioridades. Vapor (gr. atmis) é usado como referência a fumaça (At 2.19), incenso (Ez 8.11) e névoa. Não faz diferença qual referência seja escolhida, pois todos são transitórios e se vão em um instante. À luz da eternidade, nossa vida parece insignificante. 4.15 — A ordem não significa que a pessoa deve continuar a acrescentar a expressão se o Senhor quiser a tudo o que diz. Fazer isso poderia tornar-se uma forma de orgulho. Ao mesmo tempo, a conduta e as ações de uma pessoa deveriam sempre mostrar dependência do Senhor. Ela pode chegar à conclusão, por exemplo, de que a paciência durante a tribulação (Rm 5.3) é uma necessidade maior do que alcançar objetivos. 4.16 — Gloriais poderia ser traduzido por alegrais. O substantivo glória (gr. alazoneia) denota vãs pretensões. Um homem que se vangloria de planos futuros enquanto ignora a soberania de Deus é tolo, mas, mais do que isso, sua atitude é maligna. A extensão disso marca a degeneração da sociedade contemporânea. 4.17 — Pois. Não se faz referência a pessoas em geral aqui, mas a um negociante particular que fez planos sem Deus. Ao que parece, ele conseguiu ganhar dinheiro, o que ele pressupôs ter sido consequência de sua
Tiago 5 5.1-6 — Com o mesmo sentimento dos profetas do Antigo Testamento, Tiago pronuncia o juízo contra patrões que tratam seus funcionários de forma injusta (Is 3.14,15; 10.2). Deus julgará aqueles que oprimem os pobres (Ez 18.12,13). 5.1-3 — No mundo antigo, alimento, vestes caras e metais preciosos eram sinais visíveis de riqueza. Tiago pronuncia juízo e destruição sobre os três. 5.4 — O desejo desenfreado de acumular riquezas no mundo levou-nos aos piores extremos. Os patrões não só se esforçam por conseguir maiores lucros, mas exploram os funcionários para isso. Com fraude (nvi), eles enganam os trabalhadores retendo-lhes o salário. Os clamores desesperados resultantes foram em vão, mas a eternidade revela que eles entraram nos ouvidos do Senhor dos Exércitos. Esse título de Senhor dos Exércitos enfatiza a onipotência de Deus. A despeito de como as coisas possam parecer, Ele é soberano! 5.5 — Num dia de matança pode ser interpretado de duas formas. Alguns explicam a matança como um abate em massa de animais, em preparação para uma grande festa. Portanto, parece que os preparativos para outros impulsos da carne funcionam perfeitamente. Outros encontram significado escatológico para a expressão (Jr 12.3), fazendo com que se refira ao
processo de engorda deles mesmos para seu próprio abate. Talvez o autor tivesse as duas ideias em mente. Eles ansiosamente se preparam para outro “dia de matança” e banquete, enquanto ignoram seu próprio juízo como consequência. 5.6 — O justo não se refere a Cristo. É uma expressão comum do Antigo Testamento que enfatiza a vida fiel do cristão. Resistiu não diz respeito à oposição do homem bom à maldade do opressor. Trata-se da resposta calada da vítima ao abuso do tirano. 5.7-11 — A volta iminente de Cristo incentivanos a suportar os sofrimentos com paciência (v. 8). Vos queixeis. Não devemos deixar que os momentos difíceis nos levem a queixar-nos ou ser amargos com nossos irmãos em Cristo (v. 9). O lavrador (v. 7), os profetas (v. 10) e jó (v. 11) são modelos dessa tolerância paciente para nós. 5.7 — Sede... pacientes. Tiago admoesta os cristãos a manterem uma atitude de paciência enquanto sofrem injustiças. Embora deva ser feito todo esforço para melhorar as condições e obter justiça, os cristãos devem manter um espírito de tolerância paciente, mesmo em meio a um cruel tratamento. A Igreja primitiva vivia na expectativa da iminente vinda do Senhor. Sua esperança era que, naquele momento, a justiça seria feita tanto para o opressor como para o oprimido. Na volta de Cristo, os erros serão corrigidos e os cristãos, recompensados por sua fidelidade a Cristo (Pv 14-14; Mt 5.12). 5.8,9 — Expressões como próxima e o juiz está à porta mostram que o Senhor poderia voltar a qualquer momento. 5.10 — O homem que está passando por provações pode consolar-se em saber que outros já enfrentaram situações ainda piores. A palavra exemplo (gr. hupodeigma) é posicionada antes no grego para nela haver ênfase. O testemunho sincero de um homem pelo Senhor não somente é um ponto positivo para o evangelho; ele frequentemente é a causa da dura oposição de seus inimigos. Aflição e paciência vêm ambos acompanhados por artigos definidos no original, desta forma: um exemplo da aflição sofrida e da paciência acerca da qual Tiago vinha discutindo. Os profetas permaneceram
leais ao seu Senhor, sofreram por causa disso e agora sua experiência pode encorajar-nos. 5.11 — Temos por bem-aventurados contém, de certa forma, um paradoxo, embora seja possível que essa não tenha sido a intenção. De um modo objetivo, enquanto observamos o sofrimento nos outros, nós os encorajamos a suportá-lo, porque a vitória, por fim, virá. No entanto, quando [caímos] em várias tentações (Tg 1.2), nossa resposta humana imediata muitas vezes é negativa. Jó, que suportou a perda de bens, família e saúde, destaca-se como um exemplo de homem de fé. Seu caso não somente expressa sua paciência, mas demonstra o objetivo e o caráter de seu Senhor. Uma melhor tradução para o fim que o Senhor lhe deu (gr. telos) poderia ser “o objetivo do Senhor”. Nosso Senhor permite o sofrimento, porque o sofrimento leva aos propósitos excelentes do Senhor (Rm 8.28; Fp 1.6). Além disso, enquanto os críticos blasfemam Deus por causa do sofrimento humano, o registro de Jó mostra que o Senhor é misericordioso e piedoso. O sofrimento, então, deve ser atribuído ao meio para alcançar os supremos propósitos de Deus ou (com mais frequência) à própria ação do homem por meio de líderes corruptos ou do próprio pecado. 5.12,13 — Não jureis. Tiago não está proibindo o cristão de fazer um juramento em um tribunal ou invocar Deus como testemunha de alguma declaração significativa (1 Ts 2.5). Em vez disso, ele está proibindo a prática antiga de apelar a vários objetos diferentes para confirmar a veracidade da declaração de alguém. Essa prática se aproximava muito da idolatria, pois implicava que tais objetos tinham espíritos. A advertência nesses versículos pode servir como um lembrete para que observemos aquilo que dizemos. Não devemos usar o nome de Deus de um modo impulsivo; e devemos ter cuidado para falar sempre a verdade. 5.14 — Literalmente, o termo grego traduzido por presbíteros referia-se àqueles de idade avançada (1 Tm 5.1). No entanto, a palavra também se referia àqueles que ocupavam posições de autoridade na comunidade ou em uma congregação local. Como oficiais da igreja, os presbíteros eram responsáveis pela supervisão pastoral e liderança espiritual. O termo é
usado alternadamente com bispo no Novo Testamento (1 Tm 3.1 [nvi]; 5.17; Tt 1.5-9). Ungindo-o com azeite pode referir-se ao tratamento medicinal (Lc 10.34). Contudo, nessa passagem, é muito provável que se refira ao poder de cura do Espírito Santo, pois o v. 15 fala que a oração salva a pessoa. Em todo caso, não há indicação alguma de que chamar os presbíteros seria uma atitude que excluiria a medicação ou a consulta a um médico. Ungindo-o com azeite podia ser um procedimento medicinal (Lc 10.34), mas, nessa passagem, simboliza, sem dúvida, o Espírito Santo, porque não é o azeite que cura, mas sim a oração (v. 15). 5.15 — Tiago obviamente não vê a oração e o azeite, ou somente o azeite, como um sacramento, mas atribui a cura em si à oração da fé. A linguagem parece aplicar-se a todo caso de doença, mas a conexão implica que o doente mencionado, além de sua doença física, também estava sofrendo espiritualmente. A Bíblia ensina que a doença pode ser consequência do pecado (Mt 9.2). Nesses casos, a confissão de pecados é um pré-requisito para pôr fim a uma doença conforme a prescrição feita aqui por Tiago, no versículo 16. Orar para que as pessoas fiquem boas não deveria ter como objetivo que elas fossem restauradas ao seu velho estilo de vida, mas que seus pecados fossem perdoados e a sua vida consagrada ao serviço de Deus. A oração da fé. Se o cristão é curado por meio de remédios ou de um milagre, toda cura, por fim, vem do Senhor. E por isso que sempre se devem fazer orações pelos doentes (veja uma atitude imprópria com relação à oração em 4.3). Se houver cometido pecados. O Novo Testamento ensina que a doença pode ser consequência do pecado (Mt 9.2), mas não o é sempre (Jo 9.1-3). Porém, no caso do pecado, a confissão é um pré-requisito para a cura (v. 16). 5.16-18 — Confessai. Essa confissão não se dá necessariamente entre a pessoa doente e os presbíteros, embora isso não seja totalmente descartado. Em vez disso, essa exortação se dirige à pessoa doente e a qualquer pessoa com quem o doente precisa reconciliar-se.
A oração... pode muito em seus efeitos. Pode significar que (1) a oração é eficaz quando é usada ou (2) a oração fervorosa gera grandes resultados. A ilustração de Elias pode favorecer o último significado, pois ele orou fervorosamente (nvi) . 5.19,20 — A morte (gr. thanatos) mencionada aqui é a morte física (Tg 1.14,15; 1 Co 11.30; At 5.1-11). Cobrir pecados é uma imagem do Antigo Testamento para o perdão (SI 32.1).