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Ideias para o planejamento

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Referências

Referências

A unidade educativa é uma instituição social, que reflete as questões vividas pela sociedade, contribuindo para as transformações sociais. Profissionais, famílias e crianças retornarão a esse espaço modificado após o distanciamento social, com novos hábitos, posturas e conhecimentos, o que faz com que a instituição também se transforme e promova situações que permitam às crianças entender o que acontece no mundo.

Todos os profissionais da Educação estão imbuídos da vontade de criar novos procedimentos, técnicas e rotinas para o retorno. Estamos construindo juntos um novo capítulo na história da Educação. Assim, as partilhas de saberes e novas ideias potencializam ações, tornando-as mais específicas e potentes.

É importante incentivar e promover discussões e debates entre os profissionais, contando com suas contribuições para criar estratégias que respondam as demandas locais. As dificuldades ante a nova situação podem ser vistas como oportunidade para ajudar as crianças a desenvolverem o autocuidado. Neste momento, precisamos adaptar práticas, colocando a saúde e a segurança de todos em primeiro plano. As novas propostas, entretanto, precisam considerar preceitos básicos como: • As interações e as brincadeiras • A singularidade e subjetividade das crianças • Os contextos socioculturais • A indivisibilidade do desenvolvimento infantil • A criança como construtora de seus conhecimentos • Os direitos que as crianças têm de conviver, brincar, participar, explorar, expressar e conhecer-se. • Os processos lúdicos • Os afetos como mediadores das relações sociais

É importante incentivar e promover debates entre os profissionais, contando com suas contribuições para criar estratégias que respondam as demandas locais

sugestões para a reformulação de rotinas

1Ouça as crianças. Deixe que falem sobre o coronavírus, seus medos, raivas, tristezas e fantasias e que expressem suas ideias através da oralidade, da arte, do corpo e do movimento. 2 As crianças pequenas usam o corpo e o choro como forma de expressão. É preciso dar visibilidade e responder positivamente às emoções delas, olhando nos olhos e demonstrando interesse.

3Discuta temas sensíveis como doença, morte e luto, sempre que forem demandas das crianças. Evite expressões como “foi dormir para sempre”, ou outras alusões de cunho religioso, trazendo experiências cotidianas para a discussão: a morte de animais de estimação, de plantas e o próprio processo natural da vida. Use a literatura como facilitadora. 4 Converse diariamente sobre as dúvidas que elas tenham e sobre novas práticas cotidianas, como o uso de máscaras e a lavagem constante das mãos, explicando as razões para os novos cuidados de higiene, permitindo que as crianças construam novos significados em relação ao autocuidado. Um exemplo de material que pode ajudar nas conversas é a Carta às meninas e aos meninos em tempos de COVID-19

PARA FALAR DA MORTE

Alguns títulos possíveis, que devem ser escolhidos de acordo com a idade e questionamentos infantis: • O Pato, a Morte e a Tulipa (Wolf Erlbruch, Cosac Naify) • Harvey: como me tornei invisível

Hervé Bouchard (Autor), Janice Nadeau (Ilustrador), Luciano Machado (Tradutor) • Mas por quê??! A História de Elvis (Peter Schössow, Cosac Naify) • É Assim (Paloma Valdivia, Edições SM) • O Coração e a Garrafa (Oliver Jeffers, Salamandra) • A Árvore das Lembranças (Britta Teckentrup) • O Guarda Chuva do Vovô (Carolina Moreyra) • Os Porquês do Coração (Conceil Corrêa da Silva e Nye Ribeiro) PARA SABER MAIS, ACESSE: • Falando de morte com crianças

Por Maria Júlia Kovács

•Como contar para uma criança que alguém morreu

•Use o verbo morrer. Não esconda das crianças a morte de alguém amado 5 Associe o momento a canções que envolvam os procedimentos corretos de higienização. Construa tabelas ou gráficos em que as crianças marcarão um X a cada lavagem realizada, incentivando as crianças a participarem ativamente do processo.

6A escuta atenta e o olhar sensível dos professores permitirá que se explore a curiosidade das crianças, ampliando o conhecimento sobre as temáticas que mais lhes interessam através de projetos investigativos. As crianças podem ter interesse em temáticas relacionadas à pandemia, que podem gerar aprendizagens importantes.

7Brinque com as crianças sobre novos hábitos de etiqueta ao tossir ou espirrar, levando o braço ao rosto, estimulando-as a fazer o mesmo.

8Crie novas formas de cumprimento – com cotovelos, calcanhares ou uma inventada por elas – que podem estampar cartazes e ganhar nomes.

9Explore músicas, brincadeiras e histórias sobre a temática do coronavírus. possível. Projetos investigativos sobre a natureza e sustentabilidade são ricas possibilidades para a construção de uma nova relação com a vida e a morte. Caso não seja possível, busque trazer a natureza para a sala, com a criação de pequenas hortas que deem às crianças experiências similares. 10 Construa com as crianças, no início de cada dia, roteiro das atividades que serão vivenciadas, para que entendam em que momento do dia estão e tenham conhecimento sobre as experiências que serão propostas. Isso ajudará as crianças a sentirem-se seguras e permitirá que “registrem" o tempo até o retorno para casa. 12 Proponha conversas que envolvam valores como solidariedade, empatia e compaixão, valorizando as experiências infantis, reforçando os laços de coletividade nas atividades cotidianas.

13 Proponha ativida des com o corpo,

LANCE O DADO E PRATIQUE AS DIFERENTES POSTURAS DO YOGA

11 Explore os ambien tes externos, caso tais como:

14 Explore atividades que envolvam técnicas que favoreçam o relaxamento, adequadas à idade das crianças. Lembre-se que, se maiores de 2 anos, as crianças estarão usando máscaras e essas atividades devem ser cuidadosamente sugeridas, assim como preteridas, caso causem desconforto.

PARA RELAXAR

•Brincar de respirar no movimento de luva: utilizando as mãos, uma percorrerá o contorno dos dedos da outra mão, inspirando na subida e expirando na descida entre os dedos. Prefira espaços externos para atividades em que a criança vai precisar respirar fundo para evitar uma maior contaminação por gotículas. • Esse tipo de atividade pode ser associada a momentos de tranquilidade e de iniciação a processos meditativos.

•Algumas equipes de saúde pública oferecem Práticas Integrativas de Saúde, que podem envolver yoga, meditação e técnicas respiratórias, que podem ser adaptadas para o uso com crianças a partir de 2 anos

As dificuldades ante a nova situação podem ser vistas como oportunidade para ajudar as crianças a desenvolverem o autocuidado

novos combinados

15 Marque com X os lugares possíveis das crianças na rodinha e, em caso de carteiras, separe-as respeitando o distanciamento de no mínimo 1 metro, utilizando para isso marcações no chão. 16 Não é recomendável organizar a sala por cantinhos de aprendizagens enquanto estivermos sob o desafio da pandemia, como forma de evitar que as crianças se aglomerem. 17 Organize uma caixa ou saquinhos plásticos transparentes com brinquedos diversos para cada criança. Essa organização poderá ser refeita com a participação das crianças, criando novas possibilidades de brincar. 18 Caixas temáticas de brinquedos também são uma opção e serviriam como cantinhos de aprendizagem móveis – poderiam ser utilizadas pelas crianças em sistema de rodízio (uma caixa por dia para cada criança, respeitando as regras de higienização).

7considerações finais

Ao vislumbrar a enorme lista de preocupações, cuidados, alterações de rotina, alertas e procedimentos, é normal que se encare a missão da retomada das atividades como um desafio a mais em um momento dramático para a sociedade. E é.

Com os portões fechados, as unidades educativas e redes não ficaram paradas. Tiveram que buscar alternativas para se comunicar com as crianças e suas famílias, soluções para continuar promovendo seu desenvolvimento, bem como fornecer alimentação àqueles mais vulneráveis. Essa experiência foi (ainda é) difícil, mas nos mostrou a força dos profissionais da educação em estreitar laços com as crianças e as famílias.

Quanto ao retorno, se é a hora de aplicar as mensagens e adotar as práticas aqui relacionadas, cabe às autoridades sanitárias – em análise conjunta de múltiplos fatores – determinar. Como dito no início desse documento, não é o intuito desta publicação orientar nem subsidiar esta decisão.

É sempre bom lembrar que todas as soluções elencadas neste material são provisórias, sujeitas a adaptações ou mesmos mudanças bruscas, seja pela decisão das autoridades, novas descobertas científicas ou pelo aprendizado durante a implementação. Ou, no melhor dos casos, pela descoberta de uma vacina e/ou de tratamentos eficazes.

Mais importante que voltar é garantir o retorno das crianças com segurança.

Se é a hora de aplicar as mensagens e adotar as práticas aqui relacionadas, cabe às autoridades sanitárias – em análise conjunta de múltiplos fatores – determinar

detecção e abordagem de crianças e profissionais sintomáticos

Na chegada, aferição da temperatura e conversa sobre sintomas nas últimas 24 horas Sem sintomas e sem febre

Criança ou profissional liberado para participar das atividades presenciais

SINTOMAS SUSPEITOS • Febre • Calafrios • Falta de ar • Tosse • Dor de garganta • Dor de cabeça • Dor no corpo • Perda de olfato e/ou paladar • Diarreia (por motivo desconhecido)

Criança ou profissional com algum sintoma suspeito nas últimas 24 horas ou febre acima de 37.8 °C

Afastamento de todos os profissionais e crianças que tiveram contato com a pessoa sintomática

SITUAÇÃO 1: NÃO FOI REALIZADO TESTE PARA COVID-19 NO SERVIÇO DE SAÚDE

• Pessoa sintomática fica afastada por 14 dias • Todo o grupo fica afastado por 14 dias • Se qualquer pessoa ficar sintomática nesse período, procurar serviço de saúde SITUAÇÃO 2: FOI REALIZADO TESTE PARA COVID-19 NO SERVIÇO DE SAÚDE E RESULTADO É POSITIVO

• Pessoa infectada fica afastada por 14 dias e só pode retornar quando estiver assintomática por 3 dias • Todo o grupo fica afastado por 14 dias • Se qualquer pessoa ficar sintomática nesse período, procurar serviço de saúde SITUAÇÃO 3: FOI REALIZADO TESTE PARA COVID-19 NO SERVIÇO DE SAÚDE E RESULTADO É NEGATIVO

• Pessoa sintomática fica afastada e só pode retornar quando estiver assintomática por 3 dias • Todo o grupo pode retornar às atividades • Se qualquer pessoa ficar sintomática nesse período, procurar serviço de saúde

guia de ação para os gestores

Diante da urgência e do desafio de tomar decisões conscientes e apoiadas em critérios seguros, um esquema foi organizado, com intuito de ajudar gestores municipais e gestores locais a planejarem suas ações.

Essa organização certamente deverá ser modificada, adequada às diferentes realidades, acrescida de outras estratégias que se façam necessárias para o enfrentamento das demandas locais. Mas é uma base sólida para preparar a volta.

GESTORES MUNICIPAIS (SECRETÁRIOS DE EDUCAÇÃO)

• Acolhe as recomendações das autoridades sanitárias nacionais e locais • Cria grupo de trabalho intersetorial no nível central e organiza a formação de GT Intersetorial local • Busca parceiros como organizações sociais e/ou empresas

• Checa se todas as instituições têm água, as condições de potabilidade e caixas d’água limpas • Investiga a necessidade de produtos de higiene e limpeza em cada unidade • Toma as providências necessárias • Solicita dados aos gestores locais para compra de equipamentos extras • Planeja a aquisição de materiais (termômetro digital de testa infravermelho sem contato, EPIs, álcool 70% líquido para limpeza de superfícies, dispositivo aplicador de álcool gel, álcool gel 70% para limpeza das mãos, pias, sabonetes e toalhas de papel), brinquedos e materiais pedagógicos e de limpeza para as unidades • Solicita dados aos gestores locais (espaço, número de crianças, professores e profissionais)

• Consulta banco de dados para ter informações sobre profissionais que não poderão retornar às atividades presenciais GESTORES LOCAIS (DIRETORES DE CRECHES E PRÉ-ESCOLAS)

• Acolhe as recomendações das autoridades sanitárias nacionais e locais • Participa de grupo de trabalho intersetorial local

• Entra em contato com profissionais da unidade, preparando para o retorno • Informa aos gestores municipais a situação da unidade em relação ao fornecimento de água, potabilidade e necessidade de produtos de higiene e limpeza

• Planeja quantidade de dispositivos aplicadores de álcool gel necessários, pias e demais materiais de higiene • Providencia a higienização de cortinas, ventiladores e filtros e dutos de ar condicionado

• Organiza os dados relativos à sua unidade (espaços, crianças, professores e demais profissionais), planejando as necessidades, e envia aos gestores municipais • Checa possíveis impedimentos de retorno de profissionais às atividades presenciais

• Cria fluxo de atendimentos para crianças, famílias e profissionais junto aos equipamentos de saúde • Cria plano de contingência em parceria com o grupo de trabalho intersetorial , apoiando as unidades para a criação do seu próprio plano • Organiza dados sobre espaços, crianças e professores • Quantifica o número de crianças a serem atendidas na creche, de acordo com prioridades para o retorno • Ouve gestores locais e professores para planejar e elaborar critérios e procedimentos para reabertura

• Define como se dará o atendimento da pré-escola (rodízios) • Produz material de orientações e informações para professores • Produz material de orientações e informações para os demais profissionais • Produz material e treina motoristas que fazem o transporte das crianças • Organiza formação continuada de professores

• Elabora cronograma de retorno de profissionais e crianças • Estabelece critérios que serão utilizados na avaliação semanal do atendimento • Divulga à sociedade dados sobre a reabertura das escolas • Cria plano de contingência em parceria com o grupo de trabalho intersetorial , apoiando as unidades para a criação do seu próprio plano

• Determina equipe de acompanhamento para as unidade

• Acompanha e avalia semanalmente os resultados, propondo alterações necessárias • Cria fluxo local de atendimentos para crianças, famílias e profissionais junto aos equipamentos de saúde • Cria plano de contingência da unidade, em parceria com o grupo de trabalho intersetorial local

• Planeja os espaços da unidade e como serão utilizados • Identifica crianças de creche que têm prioridade para o retorno • Incentiva professores a participarem do processo de planejamento • Ouve as famílias • Organiza as turmas da pré-escola, de acordo com definições • Divulga, distribui e discute o material com os professores de sua equipe • Divulga, distribui e discute o material com os demais profissionais de sua equipe

• Informa sobre a formação continuada, incentivando a participação • Organiza a unidade de acordo com o cronograma

• Divulga os critérios para todos os profissionais e famílias

• Esclarece os critérios de reabertura com as famílias • Cria plano de contingência da unidade, em parceria com o grupo de trabalho intersetorial local • Organiza a unidade para receber os professores e demais profissionais

• Organiza a unidade para receber as primeiras crianças • Organiza o planejamento pedagógico junto com os professores • Recebe as crianças • Acompanha e avalia diariamente as ações, informando ao nível central as intercorrências

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