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Impactos no desenvolvimento infantil
from Retorno às atividades presenciais na educação infantil - Vol. 2 - Acolhimento e práticas pedagógicas
APRESENTAÇÃO
O Laboratório de Pesquisa em Oportunidades Educacionais (LaPOpE), da Universidade Federal de Rio de Janeiro (UFRJ), está desenvolvendo um estudo em parceria com a Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal sobre os efeitos da interrupção das atividades presenciais no desenvolvimento das crianças com 4 e 5 anos das redes pública, privada e conveniada de dois municípios, um na região Sudeste e outro na região Nordeste. As coletas de dados em 62 escolas com diretores, professores e responsáveis pelas crianças aconteceram entre outubro e novembro de 2020.
Os resultados preliminares sugerem barreiras para a implementação do ensino remoto. Na amostra da rede pública de ensino, aproximadamente 33% dos professores disseram não manter contato com as famílias. Esse número é bem menor quando comparado com os docentes das escolas privadas (10%).
Mesmo nos contextos em que não há limitações relacionadas à infraestrutura e materiais, tanto professores quanto responsáveis relatam um baixo engajamento das crianças nas atividades síncronas/ ao vivo. Em torno de 45% dos professores das escolas privadas e conveniadas disseram contar com menos da metade das crianças nessas atividades e 38% indicam um baixo engajamento delas. Os dados reforçam que, para além do desafio de garantir que todas as famílias e professores tenham acesso à internet e tablets ou computadores, há também um desafio pedagógico que precisa ser enfrentado.
Em adição à esfera educacional, a pesquisa O Brincar nas Favelas Brasileiras, realizada pelo movi45% dos professores de 62 escolas privadas e conveniadas disseram contar com menos da metade das crianças nas atividades 38% indicam um baixo engajamento delas.
mento Unidos pelo Brincar, mostra a redução dos espaços para as brincadeiras das crianças com idades entre 0 e 6 anos. Se antes os lares eram o principal espaço de brincadeiras para 63% das crianças de 813 mães entrevistadas, com as medidas de distanciamento social esse índice saltou para 85%. Já a escola ou a creche como espaço para brincadeiras caiu de 50% para 9%.
O Observatório da Infância e Educação Infantil (ObEI), vinculado à Universidade do Estado da Bahia (Uneb), realizou um estudo com meninos e meninas com idades entre 0 e 5 anos e suas famílias, entre julho e setembro de 2020, e constatou que as crianças demonstram sentir falta da escola e dos professores e nomeiam sentimentos contraditórios quanto a ficar em casa e conviver mais com a família.
No que se refere à segurança alimentar e nutricional, o UNICEF entrevistou 1.516 adultos e constatou que 8% daqueles que moram com pessoas menores de 18 anos declararam que as crianças e os adolescentes do domicílio deixaram de comer por falta de dinheiro para comprar alimentos. Entre aqueles de classes D e E, a proporção chega a 21%. Além disso, 42% das famílias que recebem até um salário mínimo deixaram de ter acesso à merenda escolar, recurso fundamental para garantir a segurança alimentar de crianças e adolescentes em situações de vulnerabilidade.