Tapete oriental amostra

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ALBERTO ALMEIDA


Tapete Oriental Autor: Alberto Almeida C 2010 por Alberto Almeida Edição do autor lemos.almeida@gmail.com Imagem da capa: Boteh

Mesquita em Isfahan

Dedico este livro a Levy Kelaty, um grande homem, cuja obra é continuada pelos seus filhos.

Sha Abbas / Dinastia Safávida


INTRODUÇÃO

Este livro não é dirigido ao especialista em tapetes e tapeçarias orientais, a minha intenção é fornecer uma ferramenta àqueles que amam esta arte mas não têm uma ideia real do seu valor. Espero que este livro ajude aqueles que tencionam começar a aprender as bases desta arte antiga. Tenciono mostrar os principais países de produção alguns dos mais notáveis tapetes produzidos e fornecer informação básica sobre a técnica, materiais usados, símbolos, tipos de teares, tingimento e história.

Espero, contudo, que este esforço o ajude a perceber o porquê de esta arte ser tão apreciada tanto por nobres como por pessoas comuns. Tentei apresentar a informação de uma maneira simplificada para que o leitor absorva a informação facilmente mesmo sem possuir nenhum conhecimento na tecelagem de tapetes. Após a leitura deste livro, uma visita a um negociante de tapetes para comparar a informação com os tapetes disponíveis é aconselhável. Espero que aprecie o livro.

Existem muitos mais tapetes a serem produzidos nestes países e em muitos outros que não estão representados neste livro. Para aqueles que necessitem de uma informação mais detalhada, existem muitos livros especializados com um trabalho mais extensivo.

Pastor Afegão e o seu rebanho

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TEAR E FERRAMENTAS ORIENTAIS


Tapetes Célebres

Já no século VIII AC as famílias mais abastadas decoravam as suas casas com magníficos tapetes. O grande período de criatividade na tecelagem de tapetes teve lugar na Pérsia durante o período Safavid (1499-1722) sob os reinados de Xá Tahmasp e Xá Abbas. Deste período criaram-se os tapetes mais belos e ilustres, de importância histórica. Tabriz, Kashan, Herat e Kerman tornaram-se centros de grande actividade de produção de tapetes. Sob o reinado do Xá Tahmasp no final do século XVI, foi tecido o famoso tapete Ardebil. Actualmente, esta exemplo de arte de valor inestimável está preservado no Museu Vitória e Alberto em Londres. O Ardebil é considerado como um dos mais magníficos tapetes do mundo. Mede aproximadamente 5,18m por 10,36m (17 por 34 pés) com mais de 32 milhões de nós.

Ardebil - V&A Museum, Londres

A Primavera de Khosrow A primavera de Khosrow, tapete de inverno - BAHÃR-E KESRÃ um enorme tapete real do Sassânida tardio. O tapete terá medido mais de 700 metros quadrados (cerca de 27 m x 27 m), e pode ter coberto o chão do grande hall de audiência (Ayvãn-e Kesrã) na capital de inverno de Madã´en. Existem contudo informações de que este tapete poderá ter medido 150 m x 27 m. Os dados disponíveis, não nos permitem ter certezas. Representações de caminhos e riachos foram bordadas no tapete com pedras preciosas contra um fundo de ouro. A sua borda foi tecida com esmeraldas de forma a representar um campo de cultivo verde onde estavam a florescer plantas de primavera, com frutos bordados usando pedras preciosas de diferentes cores em hastes de ouro, com flores de ouro e prata e folhagens de seda. Foi utilizado como um espaço para convívio dando a impressão que se estava na primavera, quando la fora os ventos invernais se faziam ouvir. Quando Madã'en foi derrotada pelos muçulmanos em 637, este tapete era demasiado pesado para os persas o levarem, acabou sendo levado pelos Muçulmanos como parte do saque. Os muçulmanos chamaram-no de al-qetf “o escolhido” e, uma vez que foi deixado para Sad´b. Abī Waqqãṣ este ao dividir o saque enviou-o para Omar em Medina. Embora a assembleia tenha acordado que Omar devia utilizar o seu próprio julgamento em relação à disposição do tapete, Ali estava preocupado que alguém ficasse privado de uma parte legítima no futuro, pelo que Omar cortou-o em pedaços e dividiu-o entre os muçulmanos. Ainda que Ali não tenha recebido um dos melhores pedaços, ele vendeu-o por 20,000 dinares. Até ao momento de escrever este livro, não foram descobertas imagens deste fabuloso tapete. Aguardemos que neste novo mundo de comunicação global algum fragmento possa submergir

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História do Tapete Oriental

Apesar de os historiadores não serem capazes de apontar uma data exacta de quando os tapetes com nós foram tecidos pela primeira vez, parece possível que tenha sido em torno do início da civilização. O homem começou por usar o pêlo animal para se vestir e para pôr no chão. Mas à medida que os animais foram sendo domesticados e a agricultura aumentou, começou-se a utilizar a lã tosquiada e a seda para a tecelagem. Existem teorias sobre a origem da tecelagem dos tapetes com os Egípcios, Chineses e mesmo Maias. É sabido, contudo, que como a maioria das coisas na vida monádica, que as origens foram baseadas no vestuário e abrigo, não na decoração. Os povos nómadas terão usado a lã de seus próprios rebanhos de ovelhas para tecer revestimentos para pavimentos, cobertores e mesmo coberturas para tendas. O estilo destas coberturas mudaram pouco ao longo de milhares de anos mas os desenhos mudaram dramaticamente. A tecelagem do tapete oriental como forma de arte pode ser agora confirmada até pelo menos ao século V antes de Cristo. Arqueologos russos que escavavam no vale de Pazyryk, perto da fronteira externa da Mongólia no sul da Sibéria, descobriram um tapete numa câmara enterrada que pertencia a um líder Cita. Estava enterrado no gelo e apresentava-se em notáveis condições. Datação por carbono confirmou que este tapete tem 2,500 anos de idade. O mesmo se encontra, actualmente, no Museu Hermitage em S. Petersburgo, Rússia. Possui um motivo simétrico de nós feitos à mão que ainda é utilizado nos tapetes actuais. O desenho representado no tapete indica que o mesmo foi tecido por Citas não sendo proveniente da Pérsia. Tal é representado pelo grupo de 7 cavalos na margem, típico de tradições Citas em que enterravam 7 cavalos com um líder juntamente com uma rena que normalmente não é encontrada na Pérsia. O Antigo Testamento (Êxodo, Capítulo 36, versos 35, 37) considera os tapetes como artefactos preciosos no edifício do Templo do Rei Salomão (1014 - 985 a.C.), fala também de uma bonita cortina de vermelho, roxo e azul com querubins tecidos por um artesão especializado.

Casal da antiga Citia

A história do Reinado de Nebuchadnezzar (605 - 562 a.c.) é também rica em imagens da tecelagem de tapetes. Ele governou a Babilónia e grande parte do Oriente Médio. Cada uma das suas conquistas resultou numa generosa recompensa de tapetes e carpetes. Infelizmente, os tecidos de lã oxidam e desintegram-se com a passagem do tempo. Existem fragmentos que datam do século V que foram encontrados por todo o Médio Oriente. Isto parece indicar que a arte de tecer foi muito aperfeiçoada naquela época. É obvio que os Citas não eram os únicos tecelões.

A cultura Cita é riquíssima, sobretudo em jóias. As belas jóias citas estão, em grande parte, no museu Hermitage de São Petersburgo, Rússia. Os artesãos e ourives citas utilizavam as técnicas de repoussé e de gravação na decoração das jóias e as gemas preferidas eram a turquesa e a ágata.

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História do Tapete Oriental

A história documentada dos tapetes aumentou consideravelmente a partir do século XVII em diante. É fácil ver as mudanças uma vez que as alterações no século XVI são relativamente menores, embora os padrões, em termo geral, tenham mudado. No conjunto de livros Tapetes de Eric Aschenbrenner, é-nos transmitida a questão das barreiras geográficas para transporte e as barreiras etnográficas e como as mesmas afectam a tecelagem de tapetes. Estas barreiras são a maior razão de os tapetes Persas serem considerados uma forma de arte enquanto que os tapetes Indianos e Paquistaneses nunca atingiram o mesmo status.

Se havia pouco garança utilizavam outros tipos de corantes vermelhos. Assim, mesmo dentro da mesma área, existe uma diferenciação de produtos. Por exemplo, na cidade de Bidjar, muitos tapetes foram tecidos com o padrão de fundação específico, sendo chamados de Bidjars. Mas outros tapetes foram tecidos nas áreas circundantes nas casas dos chamados “subcontratados” e também eram chamados de Bidjars. O controlo sobre os contratados no lado do campo era mais fraco que o controlo sobre os tecelões das fábricas. Como resultado, um Bidjar pode variar consoante a sua origem.

Os tapetes orientais alcançaram a América no fim do século XVII. Eram usados tanto para cobrir o chão como para pendurar nas paredes. No século XIX, durante a era Vitoriana, houve um aumento considerável na procura dos tapetes. As cores fortes e os desenhos complementavam os móveis escuros e pesados da era Vitoriana. Um tapete Oriental Indiano, propriedade de Cornelius Vanderbilt, foi vendido por $950,000. O mercado Americano tem sido sempre bastante poderoso para estas belas obras de arte.

A sudeste de Bidjar existe uma área montanhosa habitada por uma tribo chamada de QuashQai. Os tapetes provenientes desta área são designados de “Shiraz” e são tecidos por um número de tribos nómadas vagueando pelo deserto. Os QuashQai são uma dessas tribos. Apesar da distância, em kilómetros entre QuashQai e Bidjar não seja muita, a diferença etnográfica é imensa, assim como a diferença nos tapetes. Tendo isto em conta e prosseguir-mos para nordeste de QuashQai, encontramos as Montanhas Zagros. A norte está Isfahan. Existe uma grande diferença entre os tapetes Isfahan e os tapetes Shiraz, devido a, provavelmente, às condições ambientais em que as pessoas vivem.

As barreiras geográficas e etnográficas marcaram uma grande diferenciação nos tapetes de diferentes zonas de tecelagem. As áreas urbanas suportavam fábricas onde as técnicas de tecelagem podiam ser refinadas. Mas as áreas de tecelagem não estava apenas limitado à cidade. Na verdade, as famílias que viviam em condições mais primitivas em áreas vizinhas da cidade fizeram a maior parte da produção. Heriz é uma pequena cidade no noroeste do Irão - ainda assim, a produção de tapetes é enorme. Isto porque muitas famílias fizeram os tapetes de acordo com as normas estabelecidas na zona Contudo, estas normas nem sempre eram aplicadas rigorosamente. Se não havia algodão para a fundação eles utilizavam lã.

Se olharmos para o mapa e localizarmos o Nordeste da Pérsia vemos que Heriz é a zona mais representativa do nordeste da Pérsia. Um tapete Bakshaish, mesmo a sul de Heriz, tem o mesmo aspecto geométrico deste último mas possui cores pasteis. Meshkin, perto de Heriz mas para leste, usa octógonos angulares ao invés da seta Heriz, mas é feito a partir de lã tosquiada de uma ovelha morta e esta lã recebe a tinta de uma forma diferente da lã tosquiada de uma ovelha viva. Ardebil, a norte de Meshkin, estiliza a angulosidade dos tapetes Heriz. Karaja, a nordeste de Heriz, utiliza um padrão modificado do padrão Heriz. Ahar, a norte de Heriz, suaviza a angulosidade do padrão Heriz e torna-os mais curvilíneos, como os padrões utilizados nas áreas urbanas.

Nómadas transportando tapetes no camelo

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História do Tapete Oriental

A cidade de Tabriz não reflecte nenhum padrão de tecelagem similar às outras cidades na área. A história explica isto. Tabriz foi estabelecida no pé do vulcão Sahand. A cidade nunca foi devastada por desastres naturais. Foi governada por várias vezes por Genghis Khan, Timur, e Xá Ismael I que começou a lendária dinastia de tecelagem Safávida. Este período de governação, de 1501 a 1736, foi destacado pelo reinado de Xá Abbas the Great (1586 - 1628) que cultivava as artes ao pináculo da perfeição. Ficou conhecida como a Idade de Ouro da tecelagem de tapetes. Quando o Império Safávida terminou nos anos 1700´s, a arte de tecer decaiu. O reacender da grandeza da tecelagem começou no início de 1900 e continuou durante os dias de hoje. Os tecelões de Tabriz são conhecidos pela sua rapidez e pelo desenvolvimento de uma ferramenta especial que lhes permite tecer e cortar os nós a uma taxa de aproximadamente 20 por minuto. É bastante superior à média de 10 por minuto para um tecelão de outras regiões. Hoje, ainda resistem as mesmas tradições de tecelagem, com a lã a ser fiada por pessoas locais a partir de ovelhas locais e com alguns corantes ainda a serem feitos a partir de plantas. O que é certo é que a tradição morra no futuro é imprevisível uma vez que ainda existem grupos de nómadas errantes (como os QashQai no Irão) que continuam com as suas tradições antigas enquanto houver terras para eles viverem nelas. O povo seminómada das vilas ainda continuam a tecer os mesmos padrões e estilos como sempre fizeram e os famosos centros de produção de belos tapetes, como Kashan, Isfahan, Qum e Tabriz e muitos outros sítios no Irão também mantêm a produção. Hereke na Turquia embora ainda produza tapetes, os mais finos de seda são produzidos na China. Mesmo na devastada guerra do Afeganistão, a produção de tapetes continua, e belos tapetes podem também ser encontrados na Rússia, Paquistão, Índia e China. Tem havido, contudo, um movimento recente de tecelões que vão trabalhar em fábricas das grandes cidades à medida que o Oriente Médio se torna mais ocidentalizado. Isto pode levar a um vazio em alguns distritos de tecelagem. À medida que entramos no novo Milénio, estes tesouros únicos do Oriente e Oriente Médio continuam a ser elogiados por sua incrível e magnífica beleza. É a nossa missão manter estes tapetes de maneira adequada, porque desta forma, estamos a ajudar a preservar um pedaço da história.

Tabriz Antigo

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Ferramentas

Pente O pente é utilizado para deslizar para baixo a trama entre as fileiras de nós. Depois é movido para cima e para baixo na trama pressionando os nós de forma a comprimir-los antes de uma nova fila ser iniciada.

Faca com gancho O gancho encontra-se na extremidade de uma faca de forma estreita . O gancho è utilizado com dois propósitos - os tecelões usam a ponta para separar os fios da urdidura enquanto fazem o nó e depois puxam o fio através dos fios da urdidura; o lado da faca, é usado para cortar o fio depois de cada nó ser atado..

Tesoura Tesouras especiais são usadas para cortar e uniformizar o pelo à medida que o tapete é tecido.

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Teares

TEAR VERTICAL DE ALDEIA

TEAR HORIZONTAL NÓMADA

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Teares

TECER UM TAPETE ISFAHAN NUM TEAR VERTICAL DE CIDADE

PEQUENO TEAR VERTICAL

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Formatos

Tapetes Redondos O comprimento e a largura são iguais num tapete redondo, sendo as suas dimensões iguais ao diâmetro do tapete, por isso, quando estiver à procura de um tapete deste tipo, procure tamanhos como 4x4, 8x8, etc. Os tapetes redondos são únicos e raros. O tapete redondo mais antigo é um Mameluk do século XVI. Os tapetes Mameluk foram tecidos no Egipto e possuem complexos desenhos geométricos com grandes medalhões. Estes tipos de tapetes também foram tecidos nos estilos Franceses Aubusson e Savonnerie nos séculos XVII e XVIII. Os tapetes redondos Chineses foram tecidos, pela primeira vez, em Tientsin e Pequim no início do século XIX. Tanto os tapetes mais antigos como os mais recentes ainda estão disponíveis no mercado. Nos últimos 40 anos, os tapetes redondos tornaram-se mais populares no Irão e são maioritariamente tecidos nas cidades de Tabriz, Isfahan e Nain. O motivo da maioria destes tapetes tende a ser um medalhão.

Tapetes Ovais Os tapetes ovais são únicos e raros no que diz respeito à sua forma. Desta forma, não existem padrões de tamanho estabelecidos para estes tapetes. Contudo, os tapetes ovais são medidos da mesma maneira que os tapetes rectangulares. O diâmetro maior é considerado o comprimento e o diâmetro mais pequeno é considerado a largura. A sua história e desenho são similares aos dos tapetes redondos. Tiveram origem nos estilos chineses e franceses Aubusson e Savonnerie. Nos últimos 40 anos, tornaram-se populares no Irão. São maioritariamente tecidos nas cidades de Tabriz, Isfahan e Nain. O traçado é usualmente um medalhão.

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Motivos

Arabesco

Gul Bokhara

Boteh

Pendentes

Islimi

Zell-i-sultan

Xá Abbas

Árvore da vida

Herati

As descrições dos tapetes Persas podem soar como uma língua estrangeira. De seguida é apresentado um glossário de termos sobre motivos que espero que seja útil. Arabesco Um motivo que consiste em entrelaçar ramos, folhas e flores. Estas podem ser tecidas em padrões geométricos ou curvilíneos. O motivo Islimi é uma versão do motivo Arabesco. Boteh Uma figura em forma de pêra normalmente utilizado no desenho sequencial. Existem diversas versões do boteh, desde formas geométricas a formas curvilíneas, de simples a formas complexas. Tem sido atribuído diferentes símbolos ao Boteh: uma folha, um arbusto, uma pêra ou uma pinha. Islimi Medalhão-e-canto O campo deste desenho é coberto com um motivo designado de Islimi que é baseado em formas Arabesco (ramos, folhas e flores intrincadas). Muitas vezes o motivo Islimi é utilizado em conjunto com o motivo Xá Abbas, sendo designado de Xá Abbas e Islimi Medalhão-e-canto; o motivo Xá Abbas pode ser usado como parte do medalhão e também no campo e nas bordas. Xá Abbas Um motivo central nos tapetes Persas que consistem nos motivos arabesco, palmeiras e flor-de-lotus com formato elegante, o que obriga a uma alta densidade de nós. Estes motivos são comuns nos tapetes de Kashan, Isfahan, Mashad e Nain. Gul Bockhara Este motivo tem uma forma octogonal usada nos tapetes Turcomanos. Normalmente, um Gul é repetido em todo o desenho. Pendentes Um grupo de Palmeiras (Palmeiras) que podem ser vistas no desenho sequencial assim como nas bordas. Este motivo é frequentemente visto em tapetes de Kashan, Isfahan, Mashad, Nain, e em tapetes de países que imitam os tapetes persas como a Índia, China e Paquistão. Toranj o nome Persa para medalhão. Zell-i-sultan Um desenho que consiste em vasos repetitivos com arranjos florais. Este motivo pode ser encontrado em tapetes Qum. A árvore da vida Mostra a ligação da vida mortal e o mundo espiritual, retratando a imortalidade da alma humana Herati Este motivo consiste numa flor dentro de um diamante com folhas curvilíneas do lado de fora, sendo paralelas em cada lado do diamante. Este motivo é normalmente utilizado no desenho sequencial. Por vezes as folhas tomam o aspecto de peixes. Existem diversas versões do padrão Herati, desde formas geométricas a formas curvilíneas, de simples a formas complexas.

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Definição de Antiguidade

O atributo idade indica a antiguidade de um tapete. Existem 3 grandes linhas temporais: antigo, semi-antigo e contemporâneo. Por vezes a data da manufactura é tecida no tapete. Antigo Tapetes com mais de 60 anos são considerados antigos. A condição de um tapete é importante pois afecta a beleza e o valor de um tapete. Os tapetes manuais são classificados de acordo com a sua condição geral. Na indústria de tapetes manuais, as condições são classificadas de bom, mediano e desgastado. Bom Um tapete bom possui uma excelente forma sem manchas, rasgos ou buracos, e sem qualquer tipo de reparação anterior. Como os tapetes manuais são muito resistentes, a maioria dos tapetes encontram-se em perfeitas condições. É muito fácil manter um tapete em boas condições. Para algumas sugestões, por favor dirija-se ao segmento de manutenção.

Desgastado Um tapete desgastado é um tapete que pode apresentar descoloração, desbotamento, danos causados por insectos ou na fundação. Contudo, tapetes sem danos com apenas um uso intenso são também considerados desgastados. Tapetes deste tipo não devem, contudo, ser dispensados porque podem ainda ter um bom valor de revenda. Alguns são, inclusive, considerados antiguidades valiosas. Reparação É importante manter em mente os seguintes pontos quando se refere à reparação de um tapete: Quase qualquer tapete pode ser reparado ou restaurado à sua condição original. Reparar um tapete manual, no que diz respeito ao consumo de tempo e intensidade de trabalho, é similar ao tecer um tapete de novo; como resultado, a reparação pode ser dispendioso. Assim, quando se pretende reparar um tapete, se o custo da reparação for demasiado alto em relação ao valor do tapete em si, talvez seja melhor nem reparar o tapete.

Mediano Um tapete mediano é um tapete que pode ter sofrido ou poderá precisar de pequenos reparos devido a pequenos rasgões na urdidura, nós ou franjas. Se for necessário reparação, esta só pode ser feita por um profissional de tapetes.

Reparação Repair

Restaurar a cor

Refazer um pedaço

Reparar as franjas

Por vezes, é melhor deixar que os tapetes coleccionáveis permaneçam no seu estado original do que restaurá-los porque pode diminuir o seu valor. O melhor é pedir a opinião de um profissional. Se as franjas ficam desgastadas ou danificadas o valor do tapete não irá diminuir mas será melhor repará-las profissionalmente para evitar que hajam mais danos. Se for necessária reparação é melhor levar o tapete a um especialista e repará-lo profissionalmente. Muitos revendedores profissionais de tapetes manuais conceituados oferecem serviços de reparação. Um especialista irá tentar utilizar o mesmo tipo de fio e tinta utilizados no tapete original, o que pode ser dispendioso. Assim, mesmo que seja oferecido a melhor das reparações, o custo deve ser sempre comparado ao valor do tapete, como mencionado antes.

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PARTE 2

Tapetes por PaĂ­s Russian Khalyk

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‫‪IRÃO‬‬

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IRÃO

O TAPETE PAZYRYK Um tapete manual foi descoberto no vale Pazyryk num túmulo datado do século V AC. Esta peça de arte única parcialmente estragada pela idade e oxidação, mas protegida dentro de um bloco de gelo que a protegeu durante 25 séculos. Embora encontrado num cemitério Citia, a maioria dos peritos acreditam que seja um tapete persa. A descoberta do Pazyryk leva nos a pensar que em uma época muito mais remota que o século XVI do período Imperial a manufactura do tapete teve uma fase brilhante aonde se atingiram altos níveis técnicos e decorativos. Infelizmente existe um vazio entre a descoberta deste tapete e o seguinte. Isso não significa que não tenham havido outros, apenas que se perderam por razões naturais ou devido a guerras. CIRO E A DINASTIA AQUEMÊNIDA É credível que os nómadas Persas conheciam o uso do tapete anodado (Tapete com pêlo feito com nós) mesmo antes do tempo de Ciro, mas não se crê que houvesse um mercado deste produto e a função destes tapetes tenham tido um sentido mais prático, que artístico. Ao tempo da conquista de Sardis (546 AC) e da Babilónia (539 AC) a cultura da Dinastia Aquemênida estava a despontar. A confirmação deste facto é que Ciro impressionado com o esplendor da Babilónia, recusou que fosse saqueada. Pode ter sido ele que introduziu a arte de fazer tapetes na Pérsia. Diz-se que o túmulo de Ciro, que morreu em 529 AC e foi enterrado em Pasargade, estava coberto de magníficos tapetes. DINASTIA SASSÂNIDA (224 - 641DC)

PERSIA SOB O CALIFADO DE BAGDAH (661 - 861 DC) À Dinastia Sassânida segue-se um longo período no qual a Pérsia esteve sob o domínio dos Califas de Bagdad. Não existem documentos que comprovem a manufactura de tapetes anodados nesta época. Como não existiu uma dinastia local poderosa, é quase certo que não foram produzidos tapetes de qualidade durante este período. Por outro lado, o testemunho de Historiadores Árabes confirma que este ofício não foi extinto e existem probabilidades de que se tenham produzido tapetes de alto valor artístico. Este período influenciou o futuro deste artesanato. A integração das culturas Islâmicas e Persas pode ser vista nos desenhos dos tempos áureos dos governantes Safávidas. AS DINASTIAS MENORES (861-1037 DC) Ao domínio dos Califas de Bagdad seguiram-se dois séculos durante os quais algumas dinastias Persas conseguiram obter uma independência relativa e repor algum poder próprio na sua terra. Não existem informações deste artesanato durante estes dois séculos. A PÉRSIA SOB OS TURCOS SELJÚCIDAS (1037 l194 DC) Após o período de domínio e controlo pelos Califados Árabes, a Pérsia foi conquistada pelos Seljúcidas, um povo Turco cujo nome provém do seu fundador. O domínio Seljúcida foi de enorme importância para a história dos tapetes persas. Os Seljúcidas eram muito sensíveis a todo o tipo de arte. As mulheres eram peritas na manufactura de tapetes e usavam o nó turco. Nas províncias de Azerbaijão e Hamadan onde a sua influência era mais forte e foi mais duradoura, o nó Turco (Ghiordes) é usado até hoje. Não existem tapetes desta época que nos possam compreender melhor este período.

Existe documentação da existência de tapetes durante a Dinastia Sassânida. A produção de tapetes na Pérsia é mencionada em textos Chineses desse período. Mais ainda, o Imperador Heradius em 628 DC, trouxe vários tapetes do saque a Ctesifonte a capital Sassânida. Entre os despojos trazidos pelos Árabes que conquistaram Ctesifonte em 636 DC haviam muitos tapetes, entre os quais o famoso e magnífico tapete jardim chamado “ A Primavera de Khosrow”. Historicamente este tapete é considerado o mais precioso de sempre. Feito durante o reinado de Khosrow I (531- 578 DC) um rei Sassânida conhecido como Anushirvn. A primavera de Khosrow era excepcional. O desenho como um todo representa um jardim para permitir ao monarca sentir a primavera em pleno inverno e foi assim descrito por historiadores Árabes: A borda era um magnífico canteiro de flores em azul, vermelho, branco, amarelo e verde, feito com pedras preciosas; o fundo a cor da terra era feita com ouro; pedras preciosas como diamantes davam a sensação de água; as plantas foram tecidas de seda e os frutos eram pedras preciosas coloridas.

Table Carpet - V&A Museum, Londres

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IRÃO

DINASTIA MONGOL (1220-1449) Na última parte do séc. XII o poder Seljúcida foi definhando e a Pérsia ficou sob o domínio do Xá de Khiva que reinou sobre Kharesm, um estado da Ásia central situado ao longo das margens do rio Amudária. Este foi um período curto porque em 1219 a Pérsia foi devastada pela invasão de Genghis Khan. Os Mongóis eram um povo selvagem e nada sabiam da arte Persa. É Provável que nesta época, apenas as tribos nómadas tivessem tecido tapetes. Contudo com o tempo, os Mongóis foram influenciados pela terra que conquistaram. O palácio de Tabriz pertencente ao líder Gazhan Khan (1295-1304) que foi o último líder Mongol a converter-se ao Islão, tinha o chão coberto por tapetes. Não restaram tapetes desta época.

Em 1590 o Xá Abbas mudou a capital para Isfahan onde, ao redor de uma praça grande (Midane Sha) construiu um palácio magnífico (Aali Gapo) e duas mesquitas esplêndidas. Sha Abbas também criou um centro real de produção de tapetes onde se concentraram os melhores artistas e artesões que criaram tapetes magníficos. Estes eram quase sempre de seda e alguns incluíam fios de prata e ouro. Com a morte do Sha Abbas (1629) Xá Safi (1629-1642) subiu ao trono. Foi substituído por Xá Abbas II, Xá Suleiman e Sultão Hussein. Neste período travou muitas guerras contra os Turcos e consequentemente as artes sofreram um declínio considerável. Em 1722 os Afegãos invadiram a Pérsia, ocuparam e destruíram Isfahan. Acabaram com a Dinastia Safávida e a tapeçaria real. DA INVASÃO AFEGÃ À DINASTIA PAHLEVI

A DINASTIA SAFÁVIDA (1499 -1722) Na Segunda parte do séc. XV, a Dinastia Mongol gradualmente perdeu o controlo da Pérsia. Na região ocidental foram superados pela tribo Turcomana “ovelha branca” e o seu Emir Uzon Assan estabeleceu-se em Tabriz num palácio cujo chão estava coberto de tapetes. Nesta época os restantes governantes Mongóis embelezavam os palácios de Herat com tapetes. Esta foi uma fase determinante para os Persas que após setecentos anos de domínio estrangeiro, estava em condições de controlar o seu próprio destino. De facto em 1499 o Xá Ismail I (1499 - 1524) expulsou a tribo ovelha branca e fundou a Dinastia Safávida. Em apenas alguns anos, expedições enviadas a partir de Tabriz sucederam em conquistar quase toda a Pérsia que voltou a ser governada por uma dinastia local. A libertação do poder estrangeiro criou um fervor em todo o país e as artes persas viram um período de renascença. O Xá Ismail foi sensível a este movimento e facilitou o renascimento das artes além de ganhar a simpatia do povo. Os grandes miniaturistas como Bihzad e outros, viviam no palácio como se fossem altos dignitários. Nas cidades, centros de artesanato foram criados para a tecelagem de tapetes. Os melhores artesãos foram convidados para estes centros e debaixo do controlo dos miniaturistas, teceram tapetes que tornaram a Pérsia famosa. A ascensão dos Safávida ao poder é portanto de grande importância para a história dos tapetes persas. Mais ainda, é deste período que temos a prova concreta da manufactura de tapetes. Mais de 1500 tapetes preservados em museus e colecções privadas são desta época. O Xá Ismail foi sucedido pelo seu filho Xá Tahmasp que na altura tinha 12 anos de idade. Dedicado totalmente ás artes, o Xá Tahmasp teve o seu palácio, primeiro em Tabriz e em seguida em Kasvin que eram frequentados por miniaturistas e pintores. O Xá Tahmasp reinou até 1576. Após um período turbulento que durou cerca de dez anos, Xá Abbas o grande (1587-1629) tomou o poder.Durante o reinado deste Xá, a Pérsia viveu um período de calma e unidade nacional. O comércio e artesanato prosperaram e foi iniciado o comércio com os grandes estados europeus. Com as ofertas a governantes, a embaixadores e o comércio, os tapetes persas ganharam muita fama.

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O domínio Afegão durou dez anos e terminou com a vitória de um líder esperto, nativo de Khorassan, Nadir Ghali, que em 1736, foi nomeado Xá da Pérsia. O reino de Nadir Sha durou dez anos, durante este período as forças existentes foram utilizadas em campanhas vitoriosas contra os Turcos, os Russos e Afegãs. Na sua morte (1747) seguiram-se tempos turbulentos até que o príncipe da tribo Luri, Karim Khan Zand assumiu o poder, estabelecendo a capital em Shiraz. Durante o reino de Karim Khan (1750-1779) não foram produzidos tapetes de grande qualidade e a tradição só foi mantida pelos nómadas. Após a morte de Karim Khan, o país atravessou um período de desordem até que Agha Mohammed Khan Qajar (1786) tomou o poder e fundou a Dinastia Qajar que durou até 1925. A capital foi mudada para Teerão. Durante o reinado de Qajar, o comércio e o artesanato voltaram a ganhar importância. Os comerciantes de Tabriz foram os principais responsáveis com as suas exportações para a Europa através de Istambul. Em 1925 o Sha Reza tomou o poder dos Qajar e fundou a Dinastia Pahlevi (1925-1979). Ele encorajou o artesanato de tapetes e criou oficinas imperiais. Estas oficinas produziram obras-primas para os seus palácios de Teerão que são consideradas verdadeiras peças de museu. O seu filho Sha Reza Pahlevi seguiu a política de seu pai e promoveu esta arte abrindo o museu de tapeçarias de Teerão e facilitou o comércio deste produto. A administração Pahlevi terminou em 1979 pela revolução Islâmica no Irão. O actual governo no Irão tenta manter esta tradição organizando seminários anuais sobre tapetes, convidando directores dos grandes museus a participar destes seminários que são muito bem organizados. O museu de tapetes em Teerão é fantástico e todos os que tiveram a oportunidade devem visitá-lo.


IRÃO

Tabriz Os tapetes de Tabriz são tecidos na cidade com o mesmo nome e cidades vizinhas. Tabriz é a capital do leste da província do Azerbaijão no nordeste do Irão. Tabriz é um dos principais centros de produção do Irão. Os seus desenhos são normalmente curvilíneos, mas também se fazem tapetes com desenhos geométricos. Embora Tabriz seja uma cidade do Irão, o nó simétrico (Turco) é predominante nesta região. Os desenhos de Tabriz são os mais variados no Irão. Os tecelões de Tabriz usam muitos dos motivos universais persas na confecção dos seus tapetes. A diferença é que não os copiam, usam a sua própria interpretação dos desenhos, tal como a interpretação do Medalhão-e-canto Herati de Bidjar. Tal como em Ghoum, todos os motivos curvilíneos são utilizados em Tabriz (Ver página anterior). A única diferença está na forma própria com que os tapeceiros de Tabriz interpretam estes desenhos tornando-os exclusivos e característicos. As cores são tão variadas quanto os desenhos. As tonalidades usadas podem ser vivas ou claras dependendo do mercado aonde se destinam. Uma característica destes tapetes é a grande quantidade de tonalidades usadas em cada tapete. O realce em seda à volta dos motivos é uma característica de alguns destes tapetes. Os tapetes de Tabriz com desenho sequencial tem como fundo e motivos, cores escuras mais fortes. Os de medalhão são geralmente mais claros, com fundo creme ou marfim.

Tabriz de seda

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IRÃO

Isfahan Isfahan está localizado na zona centro ocidental do Irão. Os tapetes aqui tecidos têm sido e continuam a ser famosos em todo o mundo. Como Isfahan foi a capital de muitos governantes incluindo o famoso Sha Abbas o Grande da Dinastia Safávida, muitas mesquitas, palácios e outros monumentos foram construídos aqui especialmente no reinado do Sha Abbas entre os Séculos XVI e XVII, quando Isfahan foi um dos mais importantes centros de arte. Estes monumentos inspiraram grandemente os desenhos dos tapetes Isfahan. Um desenho comum é baseado num medalhão grande redondo parecido com o mosaico do interior da abóbada da mesquita do Xeque Lotfollah. Outros desenhos incluem o medalhão e canto de Sha Abbas, árvores e animais. Desenho sequencial e pictóricos de pessoas e animais, por vezes baseados em miniaturas Safávidas. Uma característica destes tapetes é que dificilmente se encontram espécimes com menos de 15 cores. O campo é completamente distinto das bordas, que podem ser em número de 5. A densidade de nós é normalmente muito alta (70 Raj) e existem exemplares de seda que atingem densidades ainda maiores. A seda e o algodão são usados para a fundação e a lã de alta qualidade ou seda, ou uma mistura das duas para o pelo, que é geralmente cortado muito rente. Os tapetes de Isfahan são dos mais lindos e valiosos de todo o Irão.

Isfahan de seda 70 Raj

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IRÃO

Ferahan Ferahan é uma aldeia da província de Markazi no centro do Irão. Os Ferahan antigos eram muito famosos no ocidente. A maioria dos Ferahan têm um desenho geométrico embora existam Ferahan com desenhos curvilíneos. Estes tapetes de alta qualidade são normalmente tecidos usando o nó assimétrico (Senneh) numa fundação de algodão. Existem basicamente dois desenhos, o sequencial e o medalhão. O medalhão chamado explosão solar, é um medalhão grande que lembra a radiação do sol. O campo deste desenho não é muito sobrecarregado. Uma parte central do medalhão é colocada nos cantos, interrompida pelas bordas. As cores são azul índigo, várias tonalidades de verde, amarelo e laranja. O preto e azul-escuro são utilizados para realçar os motivos. O tamanho mais comum é o do-zar (150 x 210 cms)

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IRÃO

Mashad Mashad é a capital da província de Khorassan no nordeste do Irão. Esta cidade santa é famosa pelo Santuário do oitavo Iman Chiita, Iman Reza. Outro facto de dá uma predominância a esta cidade é a sua localização a leste do Irão. Além de ser um dos mais importantes centros de manufactura de tapetes, Mashad comercializa também de outras regiões, especialmente Baluchi e Turcomanos do Irão, Turquemenistão, Afeganistão e Paquistão. O nó é predominantemente o Senneh. O desenho é quase sempre curvilinear e o desenho mais comum é o desenho parecido com o de Kashan, o medalhão com o motivo Sha Abbas e canto. Uma característica que os torna diferente dos tapetes de Kashan é que o motivo medalhão e canto são tão alongados que quase se encontram. As cores usadas nos Mashad são também distintas das usadas em Kashan. Vermelho escuro para o campo e azul para o medalhão, cantos e bodas. São contudo usadas outras cores na combinação do desenho. Além do desenho Sha Abbas, são também usados como motivos Herati e Boteh geralmente em sequência. Os Mashad com motivos Herati são por vezes comercializados sob o nome Khorassan. Estes desenhos não usam as cores vermelhas e azul, mas sim o bege, amarelo-torrado e castanho. Mashad também produz tapetes pictóricos.

Mashad Pictórico

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Turquia

T端rkiye

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Turquia

Kayseri Bunyan Estes tapetes têm normalmente os desenhos curvilíneos típicos dos tapetes orientais. A estrutura é de algodão e a lã tingida com corantes naturais. Os tamanhos são variados e chegam aos 16 metros quadrados. Os tapetes Kayseri de lã têm as propriedades dos Bunyan, mas menos tonalidades. As cores mais usadas são o branco, creme, castanho claro e escuro, ocre e por vezes preto. A Densidade de nós é média.

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Turquia

Kayseri A cidade de Kayseri, situada na zona centro da Turquia é um centro de produção de tapetes à séculos. Existem muitos tipos de tapetes e Kilims desta região. Tapetes de seda, seda artificial e lã tingida e natural (não tingida) e os Bunyan são a sua maior produção. Os Kayseri são tecidos em casa e em oficinas. Frequentemente os artífices compram a lã num armazém e vendem a sua produção ao mesmo armazém. Alguns destes tapetes tecidos com fibras naturais com acabamento brilhante imitam os tapetes de seda e são muito procurados pelo comprador ocidental. Os Kayseri são muito semelhantes aos Bunyan, embora o seu tamanho é consideravelmente menor. Quando se usa fibra a imitar a seda, o tingimento é feito com corantes cromáticos, uma vez que estas fibras não aceitam corantes naturais. A estrutura é feita com algodão e os nós são de lã, seda e seda artificial. Alguns destes tapetes de seda têm uma densidade que chega aos 700 000 nós por metro quadrado.

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Turquia

Hereke Existem na Turquia tapetes para todos os gostos e todas as bolsas, mas os melhores são produzidos numa cidade perto de Istambul chamada Hereke. Os tapetes produzidos nesta cidade poder ser confeccionados com lã sobre algodão, mas a sua fama provém dos tapetes Hereke cem por cento de pura seda. Estes chegam a ter 1 200 000 nós por metro quadrado e estão considerados entre os melhores do mundo. Os Hereke de lã, embora de boa qualidade com lã fina, não ultrapassam os 360 000 nós por metro quadrado. Os motivos são florais e a maior parte destes tapetes têm designação própria como: Estrela-Seljúcida, Seven-Montain-Flowers, Polonaise, 101-Flowers e Tulipa. As flores e a harmonia das cores tornam estes tapetes muito apetecidos. Infelizmente, a produção de Hereke de seda está condenada a desaparecer. O custo da mão-de-obra na Turquia actual não permite a continuação da manufactura destas verdadeiras obras-primas. Hoje em Hereke, o comerciante vende as réplicas feitas na China, que ainda é um dos poucos países capazes de os reproduzir com alta qualidade a um preço aceitável.

Hereke de seda antigo

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Turquia

Kum Kapi A parte Armena de Istambul era uma zona muito pobre nos finais do séc. XIX e início do séc. XX. O termo Kum Kapi (Portão de Areia) refere-se tanto a esta zona como aos magníficos tapetes feitos durante este período. Kum Kapi situava-se na proximidade de Top Kapi com os seus esplêndidos monumentos, que influenciaram os desenhos destes tapetes. Uma fluorescente indústria de seda na cidade próxima de Hereke, contribuiu para a criação de oficinas de tapetes em Kum Kapi. Os Kum Kapi são feitos com seda e nó Ghiordes. Uma técnica de incluir fios de ouro e prata na estrutura do tapete realçava o seu desenho. Os motivos foram inspirados em obras-primas da dinastia Safávida Persa. Os artesões dos tapetes Kum Kapi eram essencialmente Armenos Turcos que migraram para a zona oeste de Istambul. Aqui produziram tapetes extraordinários os famosos mestres Hagop Kapuciyan, conhecido como Hagop o gordo e Zareh Penyamin, entre outros. O início da Segunda Guerra Mundial em 1939, acabou abruptamente com a tecelagem de tapetes em Istambul, Mehmet Ocevik tentou restabelecer a produção de Kum Kapi, mas após a sua trágica morte num acidente em 1971 estes tapetes deixaram definitivamente de ser produzidos. Os poucos tapetes de qualidade existentes hoje valem várias centenas de milhares de euros, cada.

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Turquia

Milas (Melas) Milas é o centro de produção de tapetes na zona oeste da Turquia perto de Izmir. Os tapetes produzidos nesta região levam o seu nome. Quatro subtipos constituem a família de Milas. O tapete de oração, com um nicho em losango, o tapete de medalhão vermelho vivo, o Milas antigo tecido em tonalidades de vermelho acastanhado e amarelo e o Ada Milas com desenho simples. Os tapetes de oração são o subgrupo mais importante com o seu Mirab (Nicho) terminando em losango e que representa a imortalidade da alma. Este desenho é único e não se reproduz em nenhum outro lugar. A densidade de nós é típica da região, cerca de 160 000 nós por metro quadrado.

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Zennur Bor

Zennur Bor no El Corte Inglés de Lisboa Zennur Bor é uma artista, professora de arte da Universidade de Istambul e a única pessoa que o autor conhece capaz de não só desenhar mas tecer um tapete desde montar o tear até ao corte final. O trabalho completo de anodar um tapete envolve várias pessoas, por exemplo: o tear de madeira é montado por um equivalente ao nosso carpinteiro; outra pessoa (normalmente o mestre) prepara a urdidura; a tapeceira ata os nós e coloca a trama e no final o mestre apara o pelo antes de cortar o tapete. Zennur, a convite do autor esteve 3 vezes no El Corte Inglés de Lisboa, vinda da Turquia e trouxe com ela todo o material necessário para tecer um tapete, incluindo o tear, que montou nesta casa, colocou a urdidura e nestas 3 visitas teceu mais de um metro de tapete. Este trabalho foi documentado em vídeo e é incrível a destreza desta artista de arte que encantou a todos que pararam para apreciar o seu trabalho. Algumas das pessoas que nessa altura trabalhavam neste estabelecimento tiveram a oportunidade de aprender com ela como se atavam os dois nós principais, o Turco ou Ghiordes e o Persa ou Senneh. Para a memória futura, ficam imagens, e os nomes daqueles que aproveitaram para aprender a dar os primeiros nós num tapete Turco. À Zennur Bor o nosso agradecimento pela sua excepcional capacidade em demonstrar ao mundo esta magnífica arte. As imagens foram extraídas do vídeo que está legendado em Inglês

Showing how to weave António Alberto

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Joaquim Domingos

Paulo Piteira

Tiago Gouveia

Vitor Carvalho


Índice

Pág.

Filosofando Introdução Parte 1 - Informação Geral Tear e ferramentas orientais Tapetes Célebres História do Tapete Oriental Ferramentas Teares Nós Formatos Designação de tamanho/ Tingimento Motivos Materiais e técnicas Definição de antiguidade e reparação Manutenção Principais centros produtores Parte 2 - Tapetes por País Afeganistão Cáucaso China Índia Irão Paquistão Turquia Zennur Bor

1 2 3 4 5 7 12 14 16 17 20 22 26 28 29 30 37 39 45 53 61 69 89 95 110

Nascido no Porto, Portugal e registado em Rio Tinto, Alberto Almeida teve o primeiro contacto pelos tapetes orientais, quando trocou a direcção de um hotel em Manaus, Brasil nos finais dos anos 70, pela gestão de uma galeria de arte. Rodeado por preciosos tapetes, logo se tornou uma obsessão a procura das raízes desta arte magnífica. Após 30 anos de pesquisa, acredita que ainda está no princípio. Acha contudo que esta é uma boa altura para escrever um livro, que não sendo académico, tem contudo o mérito de ajudar os iniciantes a compreender e apreciar a técnica e história desta arte sem paralelo.

Os meus agradecimentos à Tina, Érika e Monica por me aturarem. Alberto Almeida Tapete Isfahan Seda Séc. XVII Aproximadamente (231 cm. x 170 cm.) Vendido pela leiloeira Christies por: $ 4 450 000 Dolares


TAPETES ORIENTAIS

Tapete Xรก Abbas ALBERTO ALMEIDA


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