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VIVER num mundo pluralista
sim também, na terra, brilha como sinal de esperança segura e de consolação, para o Povo de Deus ainda peregrinante, até que chegue o dia do Senhor” (Cf. 2 Pd 3,10). “Peregrinos da Esperança” é o tema escolhido pelo Papa para o Jubileu de 2025, preparado por este tempo de valorização do Concílio e pelo ano de 2024, com o tema da Oração.
O tempo que se chama “hoje” (Cf. Hb 3,7-
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19) é extremamente provocante, diversificado e pluralista. Podemos ter, diante dele, o saudosismo que olha para o passado, visitando na memória, um tempo do interior que parecia ser melhor, com todos vivendo as mesmas práticas religiosas, a beleza da cultura popular, coisas que até nos fazem buscar, quando possível, lugares e paisagens bucólicas, que nos restauram emocionalmente. Outros relativizam tudo o que passou, desprezam princípios valiosos recebidos da sabedoria de nossos antepassados e se lançam apenas no desfrutar dos eventuais prazeres de todo tipo, oferecidos em nossa época. Há gente que perdeu o sentido da eternidade, esquecendo-se ou desconhecendo que ao “lado de cá”, nossa vida terrena, seguir-seá o “lado de lá”. Outra característica de nosso tempo é o imediatismo que se segue à divulgação de notícias boas, ruins ou falsas, com os meios eletrônicos à nossa disposição. E até para “pensar em nosso lugar”, já é possível usar a inteligência artificial. Mais ainda, somos provocados a viver em contato com pessoas diferentes, diversas, adversas ou indiferentes, e superar o julgamento e a condenação prévia de quem quer que seja! E nem adianta escandalizarse pensando que chegou o fim do mundo!
A Igreja tem o dever de oferecer o anúncio da Esperança e proporcionar a todos as pistas para que esta virtude, que é filha de nossa fé e há de operar pela caridade, seja um farol a iluminar os caminhos do mundo.E o Concílio vislumbrou profeticamente atitudes a serem tomadas por nós, cristãos, nos tempos desafiadores em que nos encontramos. Parece ser escrito para hoje e capaz de suscitar práticas novas na vida das pessoas o início da Constituição “Gaudium et Spes”, sobre a Igreja no mundo atual: “As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo; e não há realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no seu coração. Porque a sua comunidade é formada por homens, que, reunidos em Cristo, são guiados pelo Espírito Santo na sua peregrinação em demanda do Reino do Pai, e receberam a mensagem da salvação para a comunicar a todos. Por este motivo, a Igreja sente-se real e intimamente ligada ao gênero humano e à sua história” (GS 1).
A Liturgia do décimo sexto Domingo do tempo Comum propõe um texto evangélico que orienta nossas atitudes (Mt 13, 24-43), as parábolas do joio e do trigo, do grão de mostarda e do fermento. O Evangelho nos diz que o Filho do homem, Jesus Cristo, semeia a boa semente no mundo. Quem pertence ao maligno semeia o joio, a cizânia. Os ceifeiros são os anjos que farão a separação no fim dos tempos. No fundo do coração humano está o projeto de Deus, que todos sejam felizes e realizados! A Igreja tem a coragem de fazer esta verdadeira peregrinação ao coração de cada homem e cada mulher, com a liberdade nascida da ação do Espírito Santo em nós.
No entanto, dentro de cada um de nós, em torno a nós e no mundo existe o trigo e o joio! É imprudência tomar posse do direito do juízo, que cabe a Deus, e pretender estabelecer julgamento e condenação. Há que conviver, sim, com o mistério da iniquidade presente no mundo, o que não significa render-se a esta iniquidade! De fato, semente de mostarda, fermento na massa, acolher o trigo do bem que é plantado, este é o caminho! Os milagres de Jesus, seus gestos e sua pregação foram sinais do Reino de Deus e da Salvação. E foram convites fortes à conversão, deixar o caminho errado e voltar à casa paterna.
Só quem vive com radicalidade as próprias convicções poderá conviver com o diferente, e inclusive ser respeitado! O senhorio de Jesus começa com nossa conversão radical aos valores do Reino: santidade, verdade, justiça, amor e paz, em oposição aos contravalores existentes: o endeusamento do dinheiro, do poder e do prazer, a soberba, a corrupção e o relaxamento. Somente se nos convertemos aos valores do Reino de Deus abandonaremos os critérios do mundo do pecado, para abraçar as propostas das bem-aventuranças, a pobreza de espírito, a fome e a sede de justiça, a fraternidade, a solidariedade, a nãoviolência, a reconciliação, o perdão e o amor ao próximo Sem esta conversão profunda não será possível mudar as estruturas da família e da sociedade, da economia e da política, pois o engano do velho egoísmo envolverá, qual joio no meio do trigo, as leis e as eventuais novas organizações da sociedade, perpetuando o desfrutamento do outro e a opressão dos mais pobres e frágeis. Só o fermento que age a partir de dentro, a escolha da vivência do Evangelho, poderá transformar toda a massa e tornar efetivo o projeto de Deus para nossa vida e para o mundo (Cf. “La Parola per ogni giorno”, Edizioni Paoline, Frascati, 1992, pág.730). O trigo vai crescer, malgrado a presença do joio!
A semente de mostarda vai tornar-se árvore para “aves” tantas vezes inimaginadas, que vão se aproximar, mudar de vida e aninharse com liberdade!
Atitudes a serem tomadas por nós, cristãos
E o Concílio vislumbrou profeticamente atitudes a serem tomadas por nós, cristãos, nos tempos desafiadores em que nos encontramos