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AS VEREDAS do Bom Pastor

clamado no Domingo do Bom Pastor (Jo 10,1-10), ele conhece cada pessoa pelo nome e conduz pelas estradas da vida. Ele sabe o que existe de mais íntimo em nós, qualidades e defeitos. Deus é capaz de aproveitar até os nossos pecados, queimados que são na fornalha de sua misericórdia, chamandonos a reconhecê-los e acolher o seu perdão.

Há uma preferência da parte do Senhor!

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amor sério e profundo, conhecendo-nos pelo nome e em cada detalhe de nossa história.

Há um ato pessoal de Deus, quando fomos gerados, criando uma alma imortal, com o compromisso direto de acompanhar-nos nesta terra e na eternidade. No belíssimo texto evangélico pro-

“Jesus contou-lhes esta parábola: “Quem de vós que tem cem ovelhas e perde uma, não deixa as noventa e nove no deserto e vai atrás daquela que se perdeu, até encontrá-la? E quando a encontra, alegre a põe nos ombros e, chegando em casa, reúne os amigos e vizinhos, e diz: ‘Alegrai-vos comigo! Encontrei a minha ovelha que estava perdida!’ Eu vos digo: assim haverá no céu alegria por um só pecador que se converte, mais do que por noventa e nove justos que não precisam de conversão” (Lc 15,37). Deus é apaixonado pelos que estão mais distantes, frágeis e pecadores. Seguir Jesus exigirá olhar para o horizonte, descobrindo quem precisa mais, escolhendo primeiro as trilhas mais exigentes e complicadas. Consequência natural será modificar o eixo de nossa alegria, deixando que as exigências e dores não nos tirem justamente este fruto do Espírito, a alegria (Cf. Gl 5,22). Certamente o caminho a ser percorrido às situações mais difíceis trará consigo inclusive o “sorriso heroico”!

Alguns artistas fizeram ver Jesus Menino como Pastor, ainda que tenha sido carpinteiro! Descido a esta terra para se en- tregar por nós em sua Morte e Ressurreição, o Senhor passou pelas veredas simples e aparentemente despretensiosas da família. Igual a nós em tudo, menos no pecado, teve que aprender as práticas do cotidiano, num ambiente cultural muito bem definido, com língua própria, convivência com a vizinhança, trabalho, amizade, saúde e enfermidade e o grande afeto que caracteriza o ambiente do lar. Ainda que diferentes os ambientes, a casa, o edifício, o apartamento, a tenda ou barraca, a tribo, a oca, chamemos do jeito que quisermos, da casa de Nazaré nasça o jeito do Bom Pastor ter vivido em família!

Ao passar pelas veredas de nossa vida, o Bom Pastor, não anda distraído, mas olha em torno de si, prestando atenção a todas as situações humanas. Com o seu olhar, pode nascer em nós uma palavra e a atitude correspondente, na expressão hoje corrente e de grande importância, o “cuidado”, que exige criatividade e dedicação, especialmente na partilha dos diversos dons, com os quais a presença misteriosa do Pastor se expressa nas diferentes pastorais, com as quais a Igreja se desdobra com espírito de serviço, abrindo um leque significativo destinado a acolher todas as situações humanas, para que ninguém passe em vão ao nosso lado. Isso significa “Missão”, opção clara e determinada de nossa Igreja!

Jesus Bom Pastor é a porta por onde hão de passar as ovelhas do rebanho. Assim, ele é ponto de partida, é ponto de chegada, Verdade e Vida, é Caminho. Entretanto, há que ser realistas, com a lucidez da fé, acolhendo o ensinamento da Primeira Carta de São Pedro (Cf. 1 Pd 2,20-25): “Cristo sofreu por vós deixando-vos um exemplo, para que sigais os seus passos. Ele não cometeu pecado algum, mentira nenhuma foi encontrada em sua boca. Quando injuriado, não retribuía as injúrias; atormentado, não ameaçava; antes, colocava a sua causa nas mãos daquele que julga com justiça. Carregou nossos pecados em seu próprio corpo, sobre a cruz, a fim de que, mortos para os pecados, vivamos para a justiça. Por suas feridas fostes curados. Andáveis desgarrados como ovelhas, mas agora voltastes ao pastor e protetor de vossas vidas”. O caminho do Bom Pastor passa pela Cruz, e não haverá Pastoral e Evangelização na Igreja, a serviço do Reino de Deus, sem o Mistério da Cruz, estrada da Ressurreição! Assim a Igreja reza na Festa do Bom Pastor: “Ressuscitou o Bom Pastor, que deu a vida por suas ovelhas, e quis morrer pelo rebanho, aleluia!” (Antífona da Comunhão)

O redil do Bom Pastor, com suas ovelhas, é a Igreja, com suas portas abertas, pron- ta a acolher as pessoas. Sabemos que ele é Pastor e ao mesmo tempo o Cordeiro, que tira o pecado do mundo. “O Cordeiro será o seu pastor e os conduzirá até às fontes da água viva (Ap 7,17). É sua estradade Cordeiro e Pastor! Assim a Igreja reza o Salmo 22: “O Senhor é o pastor que me conduz; não me falta coisa alguma. Pelos prados e campinas verdejantes ele me leva a descansar. Para as águas repousantes me encaminha, e restaura as minhas forças.Ele me guia no caminho mais seguro, pela honra do seu nome.Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso,nenhum mal eu temerei;estais comigo com bastão e com cajado;eles me dão a segurança! Preparais à minha frente uma mesa, bem à vista do inimigo,e com óleo vós ungis minha cabeça; o meu cálice transborda. Felicidade e todo bem hão de seguir-me por toda a minha vida e, na casa do Senhor, habitarei pelos tempos infinitos”. De modo especial nos Sacramentos da iniciação cristã, ele cuida de nós! De fato, nas águas repousantes do Batismo fomos lavados e restaurados! Conduz para o bem a nossa vida e nos fortalece na caminhada. Mesmo que passemos por veredas escuras de um vale tenebroso, vencemos o medo com a força do Senhor. Ungiu nossa cabeça com o óleo perfumado do Espírito na Crisma, preparou-nos a mesa da Eucaristia e nos aponta para a eternidade feliz! Por isso dizemos: “Conduzi-nos ó Pai, à comunhão das alegrias celestes, para que o rebanho possa atingir, apesar de sua fraqueza, a fortaleza do Pastor!” (Cf. Oração do dia na Festa do Bom Pastor)

Chiara Lubich

Palavra De Vida

“Que o amor fraterno vos una uns aos outros, com terna afeição, estimando-vos reciprocamen te.”(Rm12,10)

A Palavra de Vida deste mês foi extraída da riquíssima Carta do Apóstolo Paulo aos Romanos. Ele apresenta a vida cristã como uma realidade em que o amor é superabundante, é um amor gratuito e sem limites, que Deus derramou em nossos corações e que, da nossa parte, nós doamos aos outros. Para tornar mais eficaz o seu significado, Paulo insere dois conceitos em uma única palavra, filostorgos, englobando duas características especiais do amor que distinguem a comunidade cristã: o amor entre amigos e o amor típico dos membros de uma família.

“Que o amor fraterno vos una uns aos outros, com terna afeição, estimandovos reciprocamente.”

Vamos refletir de modo especial sobre o aspecto da fraternidade e da reciprocidade. Como escreve Paulo, os que pertencem à comunidade cristã se amam porque são membros uns dos outros, são irmãos que têm o amor como única dívida, alegram-se com os que se alegram e choram com os que choram, não julgam e não são motivo de escândalo.1

A nossa existência está intimamente ligada a dos outros, e a comunidade é o testemunho vivo da lei do amor que Jesus trouxe à terra. É um amor exigente que chega ao ponto de cada um dar a vida pelos outros. É um amor concreto, embelezado por mil expressões, que só quer o bem do outro, a sua felicidade. Esse amor faz os irmãos atingirem sua plena realização, leva-os a competir em valorizar as qualidades uns dos outros. É um amor que está atento às necessidades de cada um e faz de tudo para não deixar ninguém para trás, que nos torna responsáveis e atuantes no âmbito da vida social e cultural, no compromisso político.

“Que o amor fraterno vos una uns aos outros, com terna afeição, estimando-vos reciprocamente.”

“Observando ainda as comunidades do primeiro século vemos que o amor cristão, que se estendia indistintamen- te a todos, tinha um nome: era chamado de filadélfia, que significa amor fraterno. Na literatura leiga da época esse termo era usado para indicar o amor entre irmãos de sangue. Não se usava nunca para indicar membros de uma mesma sociedade. Só o Novo Testamento fazia exceção.”2 Hoje são muitos os jovens que manifestam a exigência de estabelecer “um relacionamento mais profundo, mais sincero, mais verdadeiro. E o amor recíproco dos primeiros cristãos tinha todas as qualidades do amor fraterno como, por exemplo, a força e o afeto”3

“Que o amor fraterno vos una uns aos outros, com terna afeição, estimando-vos reciprocamente.”

Uma característica que distingue os participantes dessas

PASTORAL promove formação pela vida

De sexta-feira 28, a 30 de abril, na Casa de Retiros Sementes do Verbo, em Icoaraci, ocorrerá o evento “O cristão a serviço da vida" - Reflexões e ações concretas", realização da Pastoral Familiar.

Padre Carlos José, Assessor Eclesiástico da Pastoral Familiar Regional Norte 2, ressalta que o objetivo é o de promover, de defender e cuidar da vida desde a sua con-

A)Texto:Jo10,1-10

Disse Jesus 1“Em verdade, em verdade vos digo, quem não entra no redil das ovelhas pela porta, mas sobe por outro lugar, é ladrão e assaltante. 2Quem entra pela porta é o pastor das ovelhas. 3A esse o porteiro abre, e as ovelhas escutam a sua voz; ele chama as ovelhas pelo nome e as conduz para fora. 4E, depois de fazer sair todas as que são suas, caminha à sua frente, e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz. 5Mas não seguem um estranho, antes fogem dele, porque não conhecem a voz dos estranhos”.

6Jesus contou-lhes essa parábola, mas eles não entenderam o que ele queria dizer. 7Então

Jesus continuou: “Em verdade, em verdade vos digo, eu sou a porta das ovelhas. 8Todos aqueles que vieram antes de mim são ladrões e assaltantes, mas as ovelhas não os escutaram. 9Eu sou a porta. Quem en- cepção.

APastoral Familiar Regional Norte 2 junto com a Comissão Nacional da Pastoral Familiar (CNPF), reíne-se para formação sobre promoção, respeito, e ações em defesa da vida, para agentes da Pastoral Familiar do Regional Norte 2 (Pará e Amapá). A temática é sobre o serviço à vida englobando os aspectos sociais, espirituais e de bioética den- tro da moral católica, no sentido de salvar vidas, não só dos bebês, mas também de suas mães e familiares.

O encontro pode oferecer uma ajuda efetiva às mulheres grávidas que buscavam no aborto uma solução para seu “problema”, procurando no acolhimento o ponto de mudança e transformação na vida das gestantes, para que as ati-

Padre Romeu Ferreira

HOMILIA DOMINICAL trar por mim será salvo; entrará e sairá e encontrará pastagem. 10O ladrão só vem para roubar, matar e destruir. Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância”.

B) COMENTÁRIO

Jesus no evangelho se define como porta – “Eu sou a porta” – e segue dizendo: “Quem entrar por mim será salvo; entrará e sairá e encontrará pastagem” (v 9). Então, Jesus é “o pastor das ovelhas” (v 2), e é também a própria pastagem, o alimento: “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele” (Jo 6,56). Para o rebanho, Jesus é tudo: É a Porta, o Pastor e a Pastagem.

Ora, o conceito de porta já nos leva automaticamente a pensar nas chaves que lhe correspondem. Uma porta sem chaves não tem serventia. E “as chaves” da referida porta, comunidades nas quais se vive o amor mútuo é que eles não se fecham no próprio grupo, mas estão dispostos a enfrentar os desafios reais que surgem no contexto no qual eles atuam.

Jesus as concedem à sua Igreja, na pessoa de Pedro, quando lhe diz: “Eu te darei as chaves do Reino dos Céus e o que ligares na terra será ligado nos céus, e o que desligares na terra será desligado nos céus” (Mt 16,19). Portanto, estando em harmonia com a Igreja, estamos em sintonia com o Senhor.

Jesus é o pastor que “chama as ovelhas pelo nome” (v 3). Ora, se chama pelo nome é que sabe o nome de cada qual. E conhecer o nome de alguém é o primeiro passo para entrar no mistério de sua vida. Assim sendo, Deus adverte a Jacó e indaga na luta: “Por que perguntas pelo meu nome?” (Gn 32,30).

Na bíblia, mudar de nome é dar novo sentido à vida pela conquista adquirida: “Não te chamarás mais Jacó, mas Israel, porque foste forte contra Deus e contra os homens, e tu prevaleceste” (Gn 32,29).

Na Sérvia, um amigo nosso de nacionalidade húngara, pai de três filhos, conseguiu finalmente, comprar uma casinha. Mas, devido a um contratempo, não teve recursos econômicos nem físicos para fazer sozinho a reforma necessária. Então, a comunidade dos Focolares tomou a iniciativa de ajudá-lo, colocando em prática o projeto #daretocare 4 proposto pelos Jovens por um Mundo Unido.

Ele fala com entusiasmo da campanha de solidariedade que começou a apoiá-lo, concretamente: “Foram muitos os que vieram para me ajudar. Em três dias con- tudes de morte se convertam em atitudes de vida, segue informando o assessor. seguimos reformar o teto e substituir os forros de palha e barro por gesso cartonado”. Algumas pessoas da República Tcheca também contribuíram, financeiramente, para as obras de reforma. Foi um gesto que mostrou o quanto a comunidade se estende, até para além das fronteiras5

"Juntos, queremos mostrar também para todas as mulheres a porta de entrada para uma vida de conversão e de salvação através deste evento", observa padre Carlos "São convidados todos os agentes da Pastoral Familiar do Regional Norte 2", diz padre Carlos.

Também, mudar de nome indica mudança no itinerário de vida, pelo sucesso que virá com a bênção de Deus: “E não mais te chamarás Abrão, mas teu nome será Abraão, pois eu te faço pai de uma multidão de nações” (Gn 17,5).

“as ovelhas... conhecem a sua voz” (v 4). E quando conhecem a sua voz? Quando ele as chama pelo nome. Quando somos vocacionados, quando o Senhor nos chama pelo nome! Em Jo 20,11-18, Maria Madalena, no início o confunde com o jardineiro (Jo 20,15). Só quando a voz de Jesus chama “MARIA”, se dá a relação interpessoal. As cinco letras dela, formaram imediatamente uma sinfonia reveladora que penetrou na vida daquela mulher a modo de vê-lo Ressuscitado, de identificar o seu “MESTRE”.

Jesus é a nossa energia! Ele nos conhece pelo nome e nos chama a segui-lo.

Org.: Patrizia Mazzola com a comissão da Palavra de Vida

1Cf.Rm12,5.13,8.1 2,15.14,13

2LUBICH, Chiara, Chiara aos gen, São Paulo: Cidade Nova, 2016, p. 68.

3Ibid.

4

Dare to care = Ousarcuidar.

5Extraído e adaptado do artigo “Serbia: costruire una casa, per essere casa” (“Sérvia: construir uma casa, para ser casa”), www.unitedworldproject.org .

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