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pessoa de Jesus

BELÉM, DE 10 A 16 DE ABRIL DE 2020

SETORJUVENTUDE

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INTRODUÇÃO A situação de pandemia da COVID-19 nos forja a celebrarmos a semana santa deste ano com um dinamismo bem diferente das demais. Muitos questionam o sentido e a validade das celebrações sem o povo? Outros se apegam ao argumento da tradição vendo outra forma de celebrá-la como um arranjo desnecessário.

Para que não entremos em crise, devemos renovar em nossas mentes, aquilo que é essencial, a nossa fé em Jesus Cristo que disse a seus discípulos “eu estarei com vocês todos os dias, até o fim do mundo» (Mt 28,20) e mais, “onde dois

devemos renovar em nossas mentes aquilo que é essencial, a nossa fé em Jesus Cristo

ou três estiverem reunidos em meu nome, ali eu estarei no meio deles” (Mt 18,20). Portanto, estejamos certos de que o Filho de Deus, uma vez que assumiu a humanidade, continua participando do dinamismo da vida humana.

Não é bem-vinda para a fé cristã uma atitude irracional que não leva em conta os riscos à saúde e à vida. Não podemos ceder à tentação do fideismo que nega os perigos observados pela razão sem levar em contas as circunstâncias históricas. A fé não desafia e nem nega as leis da natureza. Uma atitude dessas seria calcada no fundamentalismo e na irracionalidade.

Jesus Cristo, em sua vida

Bispo Auxiliar de Belém (domantoniodeassis@arqbelem.org) DOM ANTÔNIO DE ASSIS RIBEIRO

MUNDO JUVENIL E A FÉ CRISTÃ

Uma SEMANA SANTA em família

terrena, nos ensinou que em muitas situações, por causa dos seus inimigos, assumiu uma atitude de cautela e prudência. Não é sinal de fé exigir milagres!

Uma vez que somos marcados por fragilidades em todas as dimensões, precisamos de prudência, obediência civil, sanitária e bom senso. Isso não conflita com a experiência de fé porque o espírito não conhece fronteiras.

1A semana santa depende de nós

Nem sempre gostamos quando os outros nos chamam a atenção e jogam para nós responsabilidades que pensávamos que eram de outros. Assim pode também acontecer em relação aquilo que entendemos por semana santa. Ela depende de você, de cada um de nós!

A santidade não é um adjetivo empregado aos objetos, mas às pessoas! Deus é a fonte da Santidade e dela nós somos chamados a participar. A santidade não é uma coisa, mas é um conjunto de virtudes que brotam da nossa sintonia com o Espírito de Deus. É preciso ser sujeito. Portanto, a semana santa depende das nossas atitudes, gestos, escolhas.

A semana santa na sua essência não depende das multidões e nem dos ritos; não depende dos templos e nem das instituições; a semana santa para cada um vai depender da sua qualidade de vida espiritual, afetiva e fraterna.

Quando reduzimos a semana santa aos eventos exteriores, mas não levamos a sério o caminho de crescimento na Fé, na Esperança e na Caridade, tudo perde o sentido e se esvazia. Dessa forma tudo não passa de simples tradição! Não podemos cair na tentação de uma “semana santa” pagã, artística e lúdica como já acontece para milhões de pessoas.

2O que fazer durante esta semana?

A experiência da quarentena nos convida a promovermos uma série de experiências significativas e propícias para o nosso crescimento espiritual. Antes de tudo, a semana santa em tempo de quarentena, pode ser acolhida como oportunidade para se fazer profundos exercícios espirituais, é tempo de retiro. É chegada a hora de explorar os recursos da interioridade com a prática da oração, do diálogo com Deus e a meditação, de modo particular sobre os evangelhos que narram a beleza da vida e o drama do sofrimento, morte e ressurreição de Jesus Cristo. A semana santa é tempo para um profundo confronto com a pessoa de Jesus Cristo, bem como uma excelente oportunidade para nos questionarmos sobre a qualidade do nosso discipulado.

Esta semana é propícia para uma séria reflexão sobre o nosso sentido de pertença à Igreja, uma vez que nos dizemos discípulos do seu fundador, Senhor e Mestre. Um frágil sentido de pertença à Igreja, que gera um pseudofiel, sem dimensão comunitária, sem corresponsabilidade, sem envolvimento comunitário, sem espírito de comunhão. A semana santa é tempo, mais que oportuno para a renovação da nossa catolicidade.

A semana santa é um convite para fazermos um aprofundamento sobre o teor da consistência da nossa fé, sobretudo, no que diz respeito à gestão do sofrimento, das provações, das crises e tribulações em geral. Jesus Cristo abraça a sua cruz com firmeza, a supera, e recebe como prêmio a glória que lhe é dada e permanece para sempre (cf. Fl 2,9-11. Assim aprendemos com Jesus a encarar o sofrimento na perspectiva da vitória.

Enfim, a meta da semana santa, é a conversão pessoal. O autêntico saldo da Semana Santa deverá ser o nosso crescimento na vida de fé a revelar-se nas nossas atitudes morais marcadas pela bondade e retidão para com todos.

3A centralidade da pessoa de Jesus Cristo

A verdadeira Semana Santa depende do nosso confronto com a história de Jesus Cristo: olhos voltados para o seu exemplo de vida, seus ensinamentos, suas propostas, opções, atitudes, inquietudes, seu silêncio, sua gestão do sofrimento. Jesus, não perdeu o foco de sua missão. Ele é a personagem principal de todas as celebrações!

Na pessoa de Jesus encontramos o ser humano realizado segundo a vontade de Deus Pai. Nele está o sentido da vida e a resposta para a crise, o sofrimento, a cruz, a morte. Esta semana é uma oportunidade para refletirmos sobre as virtudes e problemas humanos à luz da fé em Jesus Cristo. Assim renovamos a esperança e a firmeza de ânimo diante das nossas lutas.

Na pessoa de Jesus admiramos a beleza de uma vida movida pela compaixão, misericórdia, caridade, tolerância. Nele aprendemos a vencer e a derrotar as armadilhas do comodismo, da frieza, da indiferença e da intolerância. Nele contemplamos a vitória sobre a tentação da fuga da responsabilidade e da cruz. Nele nos enchemos da luz da glória da sua Ressurreição e assim renovamos o nosso otimismo, alegria e esperança!

4A semana santa em três templos

Para quem já entendeu o sentido da semana santa em suas diversas dimensões, certamente a viverá mesmo não saindo de casa, mesmo não indo aos templos de pedras. Isso porque a essência da semana santa não depende de uma realidade física, de um templo de pedras, ou de uma massa de pessoas. É chegada a hora de nos sentirmos Igreja e de estarmos em comunhão com ela, mesmo se não nos encontrarmos num templo físico.

Nesta semana santa, em quarentena, somos chamados a estarmos inseridos em outros templos nos quais podemos estar em comunhão com Deus e com os irmãos de fé. O primeiro é o templo pessoal. Nós somos o templo do Espírito Santo (cf. 1Cor 3,16; 1Cor 6,19). Por isso, nestes dias não descuide do seu templo, entre nele; ore, leia, medite, estude a Palavra de Deus; peça perdão, louve a Deus, agradeça, avalie-se, renove a sua esperança. Não saia do seu templo, não se disperse, não se distraia, não se desvie de si mesmo.

O segundo templo no qual somos chamados a entrar e nele ficar é a família; é o lugar da convivência, dos cuidados, do afeto, da partilha, dos serviços fraternos, do diálogo, da escuta, da paciência, da sensibilidade, da oração familiar, das delicadezas múltiplas, do perdão... O templo da família é a Igreja doméstica. Nestes dias, animados pela fé e por meio da disciplina, fiquemos no templo familiar e agradeçamos a Deus por nossa família!

Há ainda um terceiro templo no qual cada um, de acordo com suas habilidades é chamado a entrar nesta semana santa em tempos de quarentena, é o templo da comunidade virtual presente nas Redes Sociais. Nela encontramos os parentes, amigos, vizinhos, conhecidos e um universo sem fronteiras de pessoas. Com eles podemos compartilhar a nossa experiência de fé, nossos testemunhos, reflexões, orações etc. Nas comunidades virtuais também se evangeliza e se dá testemunho de fé em Cristo Jesus! Feliz Páscoa!

PARA A REFLEXÃO PESSOAL: 1 Como está sendo a sua

Semana Santa? 2 A pessoa de Jesus Cristo ocupa a centralidade da sua vida? 3 O que você tem a dizer sobre a importância dos três templos?

Filho de Deus assumiu a humanidade, continua no dinamismo da vida humana

Jesus Cristo nos ensinou atitude de cautela e prudência

Papa Francisco pede: “JOVEM, LEVANTA-TE!”

A celebração da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) em nível diocesano no dia 5 de abril foi destacada pelo Papa Francisco no Angelus no Domingo de Ramos. A pandemia adiou para novembro a cerimônia de passagem da Cruz dos jovens do Panamá aos jovens de Lisboa, onde ocorrerá a JMJ 2022.

A passagem da Cruz dos jovens do Panamá aos jovens de Lisboa seria dia 5, mas “este gesto tão sugestivo foi adiado para o domingo de Cristo Rei, em 22 de novembro próximo. À espera deste momento, exorto vocês, jovens, a cultivar e testemunhar a esperança, a generosidade e a solidariedade que todos necessitamos neste tempo difícil.”

O Papa Francisco divulgou a Mensagem para a 35ª Jornada Mundial da Juventude, celebrada em nível diocesano, dia 5 de março, quando recordou o Sínodo dos Bispos para a juventude com o tema “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”, afirmando que através dele a Igreja lançou um processo de reflexão sobre a condição dos jovens no mundo atual.

A Juventude Mariana Vicentina (JMV) da paróquia de Orgens, Portugal, celebrou a entrada de Jesus em Jerusalém praticando o «sim» ao convite de Papa. Por meios digitais que vão permitindo manter os momentos de formação, oração e celebração, a JMV passou a tarde de Domingo de Ramos a meditar na Mensagem do Papa e, como compromisso de grupo, surgiu uma música.

A letra da canção revela a criatividade com que jovens tem usado a comunicação digital e o seu tempo para continuarem a ser sinal da presença criadora de Deus no seio da Igreja: “Levanta-te e arrisca, esforça-te por um mundo melhor. Sonha alto e contempla o céu e as estrelas e o mundo ao teu redor”.

JMJ 2022 - O tema da Jornada em Lisboa será «Maria levantou-se e partiu apressadamente». Nos dois anos que precedem a JMJ em Portugal, o Santo Padre pensa em refletir com os jovens outros dois textos bíblicos: «Jovem, Eu te digo, levanta-te!», este ano de 2020, e «Levanta-te! Eu te constituo testemunha do que viste!», em 2021.

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