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Falta de atendimento básico afeta saúde em Ponta Grossa
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by Foca Livre
População do município aguarda atendimento em hospitais superlotados
EMELLISCHNEIDER
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Para além do Pronto Socorro Municipal fechado, atualmente a saúde pública de Ponta Gros‐sa enfrenta sérias dificuldades como a falta de médicos, as su‐perlotações nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e a falta de estrutura e acolhimen‐to nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Nos últimos me‐ses, os ponta‐grossenses tam‐bém tiveram que lidar com mé‐dicos em greve devido a falta de pagamento e vacinas contra a Covid‐19 vencidas. A situação gera grandes filas de espera por um leito, transferências para outras cidades e dá ainda mais destaque à ausência do atendi‐mento no Pronto Socorro Muni‐cipal, que segue fechado Com todos esses problemas na saúde pública do município, alguns vereadores da cidade pro‐puseram uma Comissão Parla‐mentar de Inquérito (CPI) para debater o assunto e investigar a gestão O vereador Celso Cieslak (PRTB) assumiu como presidente e Geraldo Stocco (PV) como rela‐tor A vereadora Joce Canto (PSC) e os vereadores Jairton da Far‐mácia (União Brasil) e Léo Far‐macêutico (PV) também foram membros da comissão A CPI te‐ve início em maio e durou quase seis meses Com 66 convocações, 40 pessoas foram ouvidas em 18 reuniões oficiais O inquérito identificou diversas irregulari‐dades. O relatório final da CPI foi entregue em 21 de novembro de 2022 junto com o pedido de abertura de uma Comissão Par‐lamentar Processante (CPP) con‐tra a atual prefeita do município Elizabeth Schmidt (PSD). Contu‐do, com 12 votos contra e 2 a favor, o pedido da CPP foi rejei‐tado pela Câmara de verdeado‐res de Ponta Grossa
A vereadora Joce Canto expli‐cou o motivo do fechamento do Pronto Socorro afetar tanto a po‐pulação e a saúde na cidade, “Te‐nho cobrado bastante pelo fecha‐mento do Pronto Socorro, que im‐pactou demais na saúde do muni‐cípio, porque quando essa porta se fechou muitas pessoas passa‐ram a ficar muito tempo nas UPAs. Tivemos 109 mortes nos primeiros 6 meses na UPA Santa‐na e 67 na UPA Santa Paula”, de‐clarou a vereadora Ela ressaltou que as cirurgias eram realizadas, ainda que demorassem de cinco a sete dias, mas que agora, a situa‐ção piorou e os pacientes preci‐sam entrar numa fila para esperar uma única cirurgia ou até mesmo um leito em outras cidades, além de situação sobrecarregar o Hos‐pital Regional Karen Romani, por exemplo, precisou de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para internar o irmão dela (4 anos) em um caso de emergên‐cia entre os dias 3 e 14 de outubro e não conseguiu A criança diag nosticada com diabetes tipo transferida para um hospital em
Campo Largo, cidade localizada a 86 km de Ponta Grossa. Como a criança necessita de um acompa‐nhamento especializado, a famí‐lia tentou mantê‐lo em um hospi‐tal da cidade, mas não conseguiu devidoafaltadeumavaga.
Canto também reforçou im‐portância e a necessidade de for‐talecer as Unidades Básicas de Saúde, porque muitas vezes as pessoas vão para as UPAs devido a problemas com atendimento primário realizado nas UBSs co‐mo a falta de médicos recursos e ela pediu para a CPI apurar por quê a faixa etária da vacinação no município não avançava Ao verificar a de‐manda, a comissão descobriu que o motivo da estagnação va‐cinal era por conta de que as vacinas estavam vencidas.
Em setembro de 2022, a Pre‐feitura Municipal de Ponta Gros‐sa informou que iniciaria a re‐forma do Pronto Socorro para que ele deixasse de ser um hospital e passasse a ser um ambulatório, administrado pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Segundo a vereadora Joce Can‐to, a reforma do prédio custará cerca de R$14 mi Entretanto, o ambulatório abrangerá vários ser‐viços como consultas médicas, avaliações de condições clínicas como pressão arterial, tempera‐tura, exames e procedimentos ci‐rúrgicos de baixa complexidade Portanto, não serão realizadas ci‐rurgias, nem internamentos, ser‐viços que a população da cidade mais necessita atualmente. Caso o paciente precise de interna‐mento, ele terá que ser transfe‐rido para hospitais dentro da fila de espera da Central de Re‐gulação de Leitos, administra‐da pelo Estado do Paraná
Essa não é a primeira vez que a prefeitura repassa a res‐ponsabilidade de serviços mu‐nicipais para a UEPG. O coman‐do do Hospital da Criança do município, por exemplo, foi pas‐sado para a universidade em ju‐nho de 2021 A reportagem en‐trou em contato com a Secretaria de Saúde do município, para possíveis esclarecimentos, mas não obteve respostas