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JANEIRO/FEVEREIRO DE 2019 | ANO 03 - NÚMERO 20

“Nós, cristãos, somos duplamente desafiados a despertar para a importância das políticas públicas e interessar-nos pelo assunto num tempo de tanta descrença na política e nos políticos”.

POLÍTICAS PÚBLICAS: FAZER ACONTECER

Campanha da fraternidade 2019 nos convida a aprofundar a temática da dignidade humana. Ela nos traz alguns questionamentos: O que são políticas públicas? Como são construídas? Que contribuição podemos dar, à luz do Evangelho, para que esse processo se realize? O tema bíblico escolhido foi tirado do livro do Profeta Isaías: “Serás libertado pelo direito e pela justiça” (Is1, 27). “Direito” designa a ordem justa da sociedade. “Justiça” é a obrigação moral do direito em favor dos mais necessitados. As Políticas públicas afetam a todos os cidadãos, de todas as

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escolaridades, independente de sexo, raça, religião ou nível social. O bem-estar da sociedade está relacionado a ações bem desenvolvidas e à sua execução em áreas como saúde, educação, meio ambiente, habitação, assistência social, lazer, transporte e segurança, ou seja, deve-se contemplar a qualidade de vida como um todo. Portanto, políticas públicas são conjuntos de programas, ações e decisões tomadas pelos governos (nacionais, estaduais ou municipais) que visam assegurar determinado direito de cidadania para todos. Ou seja, correspondem a direitos assegurados na Constituição. Um programa da prefeitura

que esteja beneficiando seu bairro, por exemplo, é uma política pública. A Campanha da Fraternidade 2019 é um convite para que todos participem da elaboração de políticas públicas que visam à construção de uma sociedade baseada no direito e na justiça, livre de qualquer desigualdade. O que podemos fazer? Como vamos fazer? O que a lei nos garante? Será isso uma utopia? Isso não vai dar em nada, não adianta lutar. Isso é muito difícil... No Evangelho de Lucas, capítulo 9,51 diz que Jesus tomou a firme decisão de partir para Je-

rusalém. Ele sabia muito bem o que lhe aconteceria naquela cidade, a cruz o esperava. Mas ele não teve medo. Em Jerusalém também Jesus ressuscitou! Jesus venceu as maldades e as contradições de Jerusalém. O poder matou-O, mas a morte não teve a última palavra. Só foi possível fazer experiência da Ressurreição por causa dessa decisão de “ir a Jerusalém”. Para viver como “ressuscitados” é necessário sempre ter clareza da “nossa Jerusalém”. Chico Buarque foi cantando: "apesar de você, amanhã há de ser outro dia... Inda pago pra ver, o jardim florescer, qual você não queria...”.

Projota, na música Samurai, canta: “Quando cortaram os meus braços eu chutei,/ Quando cortaram minhas pernas eu dei cabeçada,/Quando cortaram minha cabeça, eu mordi na jugular e não soltei por nada, não soltei por nada!/Quando cortaram os meus braços eu chutei,/Quando cortaram minhas pernas eu lutei... como Samurai!” A maior resposta é resistir com criatividade, organização e esperança - sem perder a ternura e o a(fe)to. Quando "largamos mão de tudo", estamos fazendo aquilo que os piores da história querem. Pe. Hermes F. Pedro


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Janeiro/Fevereiro de 2019

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ENTRE A CRUZ E A ESPADA? os 15 de janeiro de 2019, o presidente Jair Bolsonaro assinou decreto que facilita o porte de armas. O direito à posse é a autorização para manter uma arma de fogo em casa ou no local de trabalho (desde que o dono da arma seja o responsável pelo estabelecimento comercial). A Polícia Federal decidirá se o cidadão tem ou não direito à posse, desde que cumpridos os requisitos de efetiva necessidade: ser agente público (ativo ou inativo) do setor de segurança (agente penitenciário, por exemplo), ser militar (ativo ou inativo), residir em área rural, residir em área urbana de estados com índices anuais acima de dez homicídios por 100 mil habitantes, ser dono ou responsável legal de estabelecimentos comerciais ou industriais, ser atirador, caçador ou colecionador, devidamente registrado no Comando do Exército. Os cidadãos que quiserem o direito à posse de armas de fogo precisarão cumprir algumas exigências: obrigatoriedade de cursos para manejar a arma; ter ao menos 25 anos; ter ocupação lícita; não estar respondendo a inquérito policial ou processo criminal; não ter antece-

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dentes criminais nas justiças Federal, Estadual (incluindo juizados), Militar e Eleitoral. Agora, vejamos algumas informações publicadas em jornais do país, disponíveis para quaisquer cidadãos: • 61% dos brasileiros defendem que a posse de armas seja proibida (Estadão); • O Brasil registrou 67 mil homicídios em 2017 (Valor Econômico); • Mulheres de todos os cantos do país sofrem ameaças contra a vida (Portal G1); • Em 2017, 193 mil mulheres registraram queixas de agressões em casa (Portal R7). Postos esses dados, cabem algumas perguntas: A circulação de armas vai aumentar; mais armas significam mais ou menos mortes? Se a maioria da população está contra a posse de armas, o decreto tem legitimidade? Houve discussão sobre o assunto no Congresso e na sociedade para tornar efetivo o decreto? A posse de armas traz melhoria para a segurança pública? O poder público está se omitindo quando assina o decreto? Haverá controle das condições psicológicas e dos antecedentes criminais de quem tem a posse de arma? Não acho que essa discussão se encerra por aqui. Mas tenho de citar

aqui textos bíblicos que nesses dias me fizeram pensar sobre a “efetiva necessidade” de um cidadão possuir uma arma de fogo em casa ou no trabalho. “Guarda a tua espada (a tua arma). Pois todos os que usam a espada, pela espada morrerão” (Mt 26,52). “Ele é a nossa paz. (…) Em sua carne, derrubou o muro de inimizade que separava os povos e quis assim formar um só homem novo, estabelecendo a paz” (Ef 2, 14-15). Eu, porém, vos digo: “Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem” (Mt 5, 44). “Um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como Eu vos amei; que dessa mesma maneira tenhais amor uns para com os outros” (Jo 13, 34).

Luís Carlos Pinto

PROTAGONISMO DOS LEIGOS

DÍZIMO

Os leigos e leigas “entendem o seu protagonismo como sujeitos eclesiais, que é uma definição muito impor-

tante que está presente no documento que a CNBB assumiu”, diz-nos o bispo de Juína acrescentando: “Os leigos são sujeitos eclesiais, vale dizer, o leigo é a própria Igreja”. Ele destacanos esse sinal de pertença, esse signiGRATIDÃO, ficado de fazer parte da Igreja, esse DEVOLUÇÃO, “nós somos a Igreja do Senhor”. PARTILHA E Diz-nos, ainda, que “a Igreja PoSERVIÇO vo de Deus, categoria do Concílio Vaticano II na Lumen gentium (Constituição dogmática sobre a Igreja) mostra exatamente que somos uma Igreja de pertença e o Batismo é o ponto de partida para todos”. Acrescenta-nos que os leigos precisam ser amados, acolhidos e escutados.

MARIA, MÃE INTERCESSORA, MODELO DE MULHER APOSTÓLICA, DISCÍPULA E MISSIONÁRIA primeiro milagre realizado por Jesus, a transformação da água em vinho em Caná da Galileia, aceito pela Igreja católica, marca o início da vida pública de Jesus e destaca a preocupação de Maria com o bem-estar das pessoas e a autoridade da mãe sobre seu filho já adulto. Maria, sentindo-se tocada pelo constrangimento a que os noivos foram submetidos devido à falta de vinho na festa do casamento, pede a Jesus para interferir e ajudar a resolver a situação. Primeiramente, ele vacila: “Ainda não é chegada a minha hora...” Ela insiste e Ele a atende. Segundo Dom Filippo Santoro, “Maria educou Cristo a ter essa ternura, esse coração aberto diante da necessidade do outro, especialmente dos pobres”. “Ao fazer o Senhor se comover com o infortúnio do casal nas bodas, ela acelerou um processo”. Maria intercessora traz presente nesse fato o amparo, cuidado e proteção diante da necessidade do outro, tornando-a modelo e exemplo para todos nós, discípulos missionários do Reino. Assim como Maria, na Visitação à sua prima Santa Isabel, deveremos levar conforto, solidariedade, consolação e práticas promovedoras do bem-estar de todos. Como Maria “caminheira”, Mãe da solidariedade, devemos saber ler e celebrar no Magnificat o que Deus faz em favor dos pobres e oprimidos, conclamando uma sociedade mais justa e mais fraterna. Na CF-2019, a Igreja busca estimular a participação em Políticas Públicas, à luz da Palavra de Deus e da Doutrina Social da Igreja para fortalecer a cidadania e o bem comum, sinais de fraternidade, e, como Maria, assumirmos o nosso protagonismo no serviço ao Reino, lutando por políticas públicas que resgatem a cidadania e façam valer os direitos sociais. Que nós, aprendizes na Escola de Maria, possamos ser de fato luz do mundo, sal da Terra, fermento transformador do mundo, sinais de esperança, justiça e solidariedade.

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Eliana Maria de Alvarenga Guimarães

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EXPEDIENTE

JORNAL

INFORMATIVO DA PARÓQUIA SÃO MIGUEL E ALMAS - PRAÇA JK, 12 – CENTRO – GUANHÃES - MG Fone: (33) 3421-1651 - E-mail: jornalpartilhando@gmail.com - Página:@paroquiasaomiguel Pároco: Pe. Hermes Firmiano Pedro Responsáveis: Pe. Hermes Firmiano Pedro e Pe. Wanderlei

Rodrigues dos Santos Colaboradores: Eliana Alvarenga, Eliane Ramalho, Geraldo Júnior, Josemar Rocha, Luís Carlos Pinto, Mariza Pimenta, Mariza Silva, Poliana de Jesus, Simone Mendanha, Vera

Pimenta e lideranças das comunidades rurais e urbanas Diagramação: Vander Cardoso (31) 99305-1127 – geracaobhz@gmail.com Revisão: Eliana Alvarenga, Mariza Pimenta e Vera Pimenta


Janeiro/Fevereiro de 2019

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CONTECEU

Por Mariza Silva

Comissão da festa de São Miguel realiza doação para três entidades de Guanhães

Confraternização dos funcionários da nossa paróquia, de São João Evangelista, Mitra e Rádio Vida Nova FM.

Hora Santa Eucarística com bênção do Santíssimo presidida pelo diácono Edmilson, com participação dos Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão Eucarística.

Hora Santa - Membros de todas as Pastorais e Movimentos. Louvor a Deus pelos trabalhos realizados em 2018.

Dom Darci preside a santa Missa no último dia do ano

Hora da Família, programa da Pastoral Familiar, com participação de Arminda, Mariza Pimenta e Rosângela Duque

NATAL DO SENHOR

Novena de Natal - bairro Almas

Novena de Natal - bairro Amazonas - DER

Novena de Natal - Bairro Expansão

Novena de Natal - comunidade dos Chaves

Novena de Natal - Fazenda São Pedro

Novena de Natal - setor Vila Vicentina

Presépio Catedral de São Miguel e Almas.

Novena de Natal - Alto do Rosário.

Novena de Natal - bairro Novo Cruzeiro

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Novena de Natal - Setor Catedral


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Janeiro/Fevereiro de 2019

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ESPECIALIZAÇÃO EM CATEQUÉTICA

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LAVRA DO PAPA

A CATEQUESE DO PAPA “É necessário aumentar as políticas públicas a favor da família”!

Especialização em Catequética é fruto de uma longa experiência na formação de catequistas realizada pelo IRPAC - Instituto Regional de Pastoral Catequética. O grande diferencial do curso é o cultivo da Espiritualidade, da cultura do Encontro e do Diálogo, por meio de acompanhamento pessoal e de uma metodologia participativa e orante, que leva a uma experiência de fé adulta. Em diálogo com a cultura contemporânea, o curso oferece novas perspectivas e linguagens para a catequese, sobretudo na cultura urbana e digital, dando destaque à “via da beleza”. Além das disciplinas, o curso oferece oficinas, vivências, palestras, cine-fórum; realizado durante 12 dias na primeira quinzena de janeiro de cada ano, conta com alunos de 26 dioceses do Regional. O Curso de Especialização em Catequética é uma parceria da PUC-MINAS com o Regional Leste II da CNBB. Deseja qualificar catequistas e coordenadores de catequese, para que possam colaborar na formação de catequistas e na dinamização do processo de Iniciação à Vida Cristã. A Especialização em Catequética (Pós-Graduação) ou Aperfeiçoamento Catequético (para quem só cursou o Ensino Médio) da PUCMinas e o Regional Leste II realizouse em Belo Horizonte, na Casa de Retiros São José, de 6 a 18 de janeiro de 2019. Foram 96 alunos nos módulos II, III e IV.

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Objetivos do curso: •Refletir sobre a prática catequética à luz das orientações da Igreja, em diálogo com a cultura atual, propondo uma catequese atenta às novas sensibilidades e expectati-

vas dos adultos, jovens e crianças; •Qualificar catequistas e coordenadores de catequese, para que possam colaborar na formação de catequistas e na dinamização do processo de Iniciação à Vida Cristã nas comunidades, paróquias e dioceses; •Oferecer novas perspectivas e linguagens para a catequese, sobretudo na cultura urbana e digital, dando destaque à “via da beleza”; •Proporcionar o cultivo da Espiritualidade, da cultura do Encontro e do Diálogo, por meio de acompanhamento pessoal e de uma metodologia participativa e orante, que leve a uma experiência de fé madura; •Incentivar a pesquisa e a reflexão, contemplando os temas mais importantes para a catequese no momento atual. Concluíram o curso, quatro catequistas da Diocese de Guanhães: 01. Bernardina Mercês de Barros, de FERROS (MG); 02. Eni Menezes dos Santos, de CARMÉSIA (MG); 03. Maria Sonia Monteiro Peixoto, de SANTA MARIA DO SUAÇUÍ (MG); 04. Veralúcia Pimenta do Amaral, de GUANHÃES (MG), Paróquia São Miguel. A necessidade desta renovação pastoral se dá por conta da mudança dos interlocutores (as pessoas que procuram os sacramentos). Mudaram os valores, os modelos, as alegrias, as esperanças, as tristezas e alegrias das pessoas de hoje. Nos dias atuais a prática religiosa não é mais uma tradição herdada da família, mas é uma escolha pessoal que é motivada, principalmente, pela atração que a comunidade cristã exerce sobre as pessoas. (Doc 107).

Urgência de um novo processo de iniciação à vida cristã Todos concordam que a realidade atual é complexa pela sua pluralidade. Por isso é preciso que nos esforcemos e, principalmente, nos deixemos ser revitalizados pelo impulso do Espírito Santo para que juntos, como Igreja, saibamos acolher o chamado para uma nova evangelização, marcada pelo ardor missionário (IVC 52). É preciso tornar viva em nossa ação o apelo do Documento de Aparecida: “A Igreja necessita de uma forte comoção que a impeça de se instalar na comodidade, no estancamento e na indiferença, à margem do sofrimento dos pobres do Continente. Necessitamos que cada comunidade cristã se transforme num poderoso centro de irradiação da vida em Cristo”. (DAp, n. 362). Antes de deixar este mundo, Jesus Cristo enviou seus discípulos em missão: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai a Boa Nova a toda criatura” (Marcos 16,15). Jesus envia seus discípulos como fermento, sal e luz ao mundo. O fermento, quando misturado à massa, desaparece. No entanto, a massa já não é mais a mesma. (CNBB, Doc. 105). E é isto! Ao participar deste processo formativo tão enriquecedor, já não somos as mesmas pessoas. A cada disciplina estudada, percebemos a importância de sempre nos prepararmos, de buscarmos formação para esta grande missão de evangelizar. Foram doze dias em quatro janeiros desse processo valioso. Além de encantar e reencantar por Jesus, aprendemos a importância de nos relacionarmos com a nossa pessoa, com o outro e com Deus. Agradeço a Deus e a todos que me proporcionaram este curso e, principalmente, ao meu pároco. Agora é colocar os pés a caminho, percorrer o itinerário da iniciação cristã com ações evangelizadoras que provoquem uma maior adesão ao projeto de Jesus. Que outras catequistas sintam o coração arder para fazer o curso pelo IRPAC. Louvado seja Deus!

Vera Pimenta

... “Não podemos permanecer silenciosos diante do sofrimento de milhões de pessoas cuja dignidade está ferida, e não podemos seguir em frente como se a expansão da pobreza e a injustiça não tivesse uma causa”. “É um tema moral, uma responsabilidade que diz respeito a todos, criar as justas condições para viver com dignidade”. “A instabilidade financeira causa novos desafios e problemáticas para os governos, como o crescimento do desemprego, de novas formas de pobreza e o aumento do abismo socioeconômico e novas formas de escravidão, muitas vezes relacionadas a conflitos, migrações e vários problemas sociais”. “’É fundamental salvaguardar a dignidade da pessoa humana’, sobretudo oferecendo a todos reais oportunidades para um desenvolvimento humano integral, através de políticas econômicas que favoreçam a família”. “Agora é o momento de dar passos corajosos e firmes pelo nosso amado planeta. Este é o momento de exercer a nossa responsabilidade a fim de contribuir ao desenvolvimento da humanidade”.


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