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SALTO CAVALCANTI - JOSÉ SAVOGIM - SAIBA MAIS NA PÁGINA A6
O JORNAL DO NORTE PIONEIRO
10 anos
04 DE ABRIL DE 2014
DIRETOR ALCEU OLIVEIRA DE ALMEIDA
SEXTA-FEIRA
acesse folhaextra.net
Nº 1121 ANO 10
R$ 2,50
LUCAS ALEIXO - FOLHA EXTRA
NIEUWE LAND
UM PEDAÇO DA HOLANDA NOS CAMPOS GERAIS
Empresário Arent Jacob de Jong é um dos primeiros holandeses a chegar em Arapoti, e mais de 50 anos depois é um dos símbolos da colônia no município
Arapoti é reconhecida e quase sempre associada à Colônia Holandesa que tem dentro de seu município. Nesta edição a Folha Extra traz uma reportagem especial com personagens que vieram e testemunharam a chegada do progresso dos holandeses no Brasil, superando dificuldades e se tornando a segunda maior colônia holandesa da América Latina. O sotaque é claramente europeu, mas o bom humor é genuinamente brasileiro. Esse é o caso da agricultora Jantina de Jager Salomons e do empresário Arent Jacob de Jong. Os dois não têm nenhum parentesco, mas têm em comum muito mais do que o humor. PÁGINA A6 - Por Lucas Aleixo
PRESO
Sociedade se mobiliza para ajudar empresário
SIQUEIRA CAMPOS
Estrada de acesso aos Barbosas será pavimentada
ARQUIVO PESSOAL
Rodrigo Santos (Rodrigão) foi preso há quase três meses e familiares e amigos organizaram um abaixo assinado entre centenas de pessoas que acreditam na inocência do empresário. PÁGINA A5
FOLHA EXTRA
FOLHA EXTRA
O projeto foi viabilizado através da SEAB, Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento pelo Programa Estradas Rurais. A obra está orçada em mais de R$ 1,4 milhão PÁGINA A4
Em visita de governador, Lei da Lica pede por melhorias para Jaboti Durante a visita do governador Beto Richa (PSDB) ao Norte Pioneiro durante a semana passada, o prefeito de Jaboti, Vanderlei de Siqueira e Silva, o Lei da Lica (PSDB)aproveitou a oportunidade para fazer reivindicações de recursos e projetos que beneficiem seu município pessoalmente ao governador. PÁGINA A3
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OPINIÃO
Golpe de 1964 - entre a História e a Linguística
Transtorno Bipolar, tem certeza?
Por ALINE ALEIXO Historiadora
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esses últimos dias, mídia e população tem relembrado os 50 anos do golpe militar no Brasil, ocorrido em 1º de abril de 1964. Se por um lado, tem havido esforços em unir a história com o direito, com as artes e outras disciplinas a fim de dar voz e trazer à memória um dos episódios mais sangrentos da história contemporânea brasileira, de outro lado, tem acontecido um trabalho sutil, constante e profundamente maldoso no uso da linguagem referente à esse mesmo ocorrido. Em uma face da moeda, vemos grandes avanços para a democracia. Vemos por toda América Latina, que num passado militar recente, foi assolada – moral, política, social e economicamente - a ascensão de líderes políticos que enfrentaram a ditadura militar em seus países, como os presidentes Dilma no Brasil e Mujica no Uruguai. Vemos a criação de órgãos, comissões e centros de estudos que buscam tirar essa história dos porões da memória e colocála nos livros didáticos, nas leis, nos julgamentos. Vemos um cinema nacional que traz pra sala de nossas casas histórias desse passado macabro, através de Zuzu Angel, Lamarca, Frei Tito e Frei Beto, entre outros. Mas do outro lado da moeda – ou seria do mesmo? – vemos um retrocesso frio, intencional e inescrupuloso que abusa do
nosso Português com a pior das intenções. A semântica é o estudo dos sentidos das frases e das palavras que a integram. Nós nos expressamos através das palavras, sejam elas faladas ou escritas, e é assim também que desenvolvemos o conhecimento e deixamos a história pra próxima geração. O uso das
tação popular, foi derrubado através de pessoas que usaram um aparato violento que não media o uso da força pra alcançar seus objetivos. Não é hora para eufemismos! Entre 1964 e 1988, não houve suavização ou minimização da barbárie, ela simplesmente aconteceu, é um fato. Nomes
vereiro de 2009, que utilizou a expressão “ditabranda” para tentar justificar o injustificável. Para o pai que espera até hoje um filho que nunca voltou para casa, para quem perdeu violentamente um amigo e teve que conviver com a mentira de um falso suicídio, para esposa que nunca mais viu o marido, não
Mas do outro lado da moeda – ou seria do mesmo? – vemos um retrocesso frio, intencional e inescrupuloso que abusa do nosso Português com a pior das intenções. A semântica é o estudo dos sentidos das frases e das palavras que a integram. palavras é, portanto, um jogo de poder que envolve – muitas vezes, nublando – a verdade e a memória. É isso que estamos assistindo nesse momento de recordação do golpe militar. O deputado federal Jair Bolsonaro – ele, sempre ele – teve a audácia – sim, mais uma vez e para outra violação aos diretos humanos – de comemorar no congresso os 50 anos do golpe, carinhosamente chamado por ele de revolução. Vamos esclarecer que o ocorrido em 1964 no Brasil foi um golpe: substantivo masculino, gol-pe, com o significado de derrubar ilegalmente um governo constitucionalmente legítimo. Vamos dar atenção ao verbo usado, o governo não caiu, não foi geração espontânea, tampouco foi manifes-
como torturador, podem soar pesados. Mas, utilizando o jargão do Centro de Referência das Lutas Políticas no Brasil, “para que não se esqueça, para que nunca mais aconteça”, é preciso dar nome aos bois, e os nomes corretos. Tanto no sentido de buscar ao máximo esclarecer os fatos ocorridos nessa época, solucionar tantas mortes e desaparecimentos e julgar os responsáveis, como no sentido de escrever uma história para essa e para as próximas gerações que mostra os agentes e suas ações devidamente nomeados. Já tivemos uma série de apoderações da nossa língua com a intenção de distorcer esse momento histórico, como no caso do editorial do jornal Folha de São Paulo de 17 de fe-
houve nada de brando. E isso nunca vai se abrandar! Mas é dessa maneira que o opressor vence. Através de suas sutis falácias envolvendo a linguagem na manipulação da memória e da verdade, e do silêncio dos oprimidos e expectadores. Enquanto seres humanos que desfrutamos da democracia e temos direito à livre expressão, temos a obrigação moral de nos comprometermos com a elucidação dos fatos históricos, e isso começa no uso correto e intencional das palavras.
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Como entender as mulheres? Por FREDERICO MATTOS
Empresário e escritor
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ão da pra entender as mulheres, querem uma coisa depois outra e nunca estão satisfeitas” Não é raro ouvir esse tipo de reclamação dos homens que enxergam as mulheres como uma caixinha de surpresas. Esse enigma todo criado em torno do feminino só revela uma típica limitação masculina de capturar o tecido emocional da realidade, seja ela qual for. O que se passa na cabeça dela? Nesse território não adianta querer usar a matemática financeira como parâmetro. Dois mais dois não são necessariamente quatro. Quando uma mulher faz um
pedido é preciso se concentrar no que ela está dizendo, mas também na maneira e na hora que está dizendo. Essa mescla de conteúdo, ritmo e tempo cria um dialeto próprio que o homem desatento e egocêntrico não compreende. A mulher se comunica de modo indireto e sugestivo simplesmente para deixar que o homem capture o sentido subliminar da fala e tenha a chance de agir como se tivesse a iniciativa. Essa sutileza é resultado da imposição de que o homem precisa ser o dominante do pedaço mesmo que tenha esses efeitos colaterais. A mulher que fala com o co-
ração pode também reagir de maneira emocional. Por causa disso pode parecer volúvel ou mentirosa, mas ela está sendo o mais verdadeira possível com o que sente ali naquele exato instante. Nesse sentido ela não tem vergonha de recuar no que disse ou mudar de opinião. Se o homem mudou a postura e reviu seus conceitos, isso pode impressionar tanto uma mulher que aquela cara feia de antes se transforma num sorriso. Mas essa abertura precisa ser conquistada com ação e não com piadinhas desacompanhadas de uma mudança real. Quando a mulher pede a presença de uma homem não está
reivindicando só um espaço na agenda, mas a presença real e disponível de alguém que não se envergonha de ser como é e pode se abrir em suas vulnerabilidades. Não é de drama que elas precisam, ninguém gosta de chantagem ou constrangimento, mas de uma disponibilidade emocional para compartilhar seu mundo interno com tudo o que tem de lindo e terrível nele.
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Por CLAUDIA PEDROZO
Nestes tempos modernos as doenças emocionais são diagnosticadas numa velocidade que algumas vezes beira o desleixo com o ser humano. Hoje é comum ouvirmos as pessoas anunciarem com orgulho que possuem algum transtorno de comportamento, a que a Psicanálise chama de Neuroses (Transtorno Obsessivo Compulsivo, Síndrome do Pânico, por exemplo) ou de Psicoses (Esquizofrenia, Transtorno Bipolar, Paranoia). Parece que receber o diagnóstico alivia e explica as atitudes e sofrimentos vivenciados pelo indivíduo e seus familiares, talvez alivie a culpa por ter falhado em alguma coisa, mesmo que este diagnóstico seja o de uma doença mental grave, como o são as Psicoses. Recentemente conversando com uma conhecida, ela me contou sobre sua irmã de 15 anos, que foi diagnosticada pelo psiquiatra como portadora do Transtorno Bipolar. Olhei admirada e perguntei o que a irmã fazia que justificasse o diagnóstico. Minha conhecida disse, desolada, que a irmã não tem mais jeito! Que faz coisas malucas em casa, como ameaçar se jogar do prédio onde mora sempre que a mãe diz não a algum capricho, ameaçar quebrar a casa toda quando é contrariada pela mãe, fumar de forma afrontosa diante da mãe, que não quer que ela fume, sair vestida de forma bem vulgar e ter aventuras sexuais com muitos meninos. O engraçado disso tudo é que a garota só surta quando é contrariada. Quando a mãe vai leva-la em alguma “baladinha”, ela vai o caminho todo ofendendo a mãe e ameaçando se jogar do carro se a mãe diz não para alguma de suas vontades. Se a mãe ameaça contar aos amigos o tipo de comportamento que ela tem, na hora ela muda de atitude. Neste dia em que conversamos minha conhecida me falou que estava preocupada com a irmã, que simplesmente tinha feito as malas e ido, sozinha e sem a autorização da mãe, passar uma semana numa outra cidade, na casa de algum parente. Também estava preocupada com a mãe, que estava ficando deprimida com toda essa situação conflitante. A garota abandonou a escola, porque não queria acordar cedo para estudar, então faltava, faltava e faltava. Faltou tanto que acabou perdendo a vaga. O médico que diagnosticou o Transtorno Bipolar passou a medicação, mas a moçoila se recusa a tomar. Enfim a situação nos lembra um trem bala sem freios! Bem… não conheço a irmã da minha conhecida. Nunca a vi, mas posso inferir (fazendo o que chamamos de Psicanálise Selvagem, aquela que a maioria dos leigos faz, dando palpites nas situações) que
a garota sofre de… falta de educação, mais precisamente de falta de limites! O Transtorno Bipolar, antes chamado de Psicose Maníaco Depressiva, é uma patologia grave caracterizada pela alternância de estados depressivos e maníacos, sendo estes entendidos como estado de imensa euforia, onde o indivíduo se acha um deus, se acha invencível, acredita que tudo pode fazer. Fica inconveniente, faz coisas impensáveis, pois perde a inibição social. Na fase depressiva o humor fica depressivo, a auto estima fica baixa, o sujeito só quer ficar na cama, dorme o dia todo, mas não é um sono reparador. Do nada o estado pode se alterar para o estado oposto extremo. As causas do Transtorno Bipolar ainda são desconhecidas. As pesquisas mostramse inconclusivas. Acredita-se que a combinação de múltiplos fatores deflagre a doença, entre eles a genética facilitadora e a influência de fatores ambientais e psicossociais. Levando em consideração que a adolescência é uma fase da vida marcada por grande “stress”, onde o jovem está mais inseguro, indefinido, sendo invadido por uma enxurrada de hormônios, que o levam a uma maior exposição a comportamentos de risco, regados a irresponsabilidades, tais como uma sexualidade desregrada e o uso de drogas ilícitas, este pode ser o cenário perfeito para o surgimento da doença. Todos nós passamos por variações de humor ao longo da vida. Um dia estamos mais tristes em outros mais eufóricos. Porém isso não quer dizer que sejamos portadores desta patologia. No caso da irmã da minha conhecida, vejo sintomas de uma rebeldia adolescente, aliada a questões edipianas mal resolvidas, a uma baixa auto estima, a um sentimento masoquista consigo mesmo e sádico com a mãe que precisa ser punida em função do conflito edipiano. Também há a possibilidade de um possível agravante de assédio sexual sofrido pela menina na infância. O que esta adolescente mostra é a existência de muitos conflitos recalcados que devem ser resolvidos para que não evolua para uma patologia psicológica realmente mais grave, como a que foi diagnosticada pelo médico. Sugiro uma boa terapia para as duas, mãe e filha! Uma para se reconhecer no papel de mãe, deixando de se deixar manipular pela jovem de 15 anos e a garota para que possa se entender, resolver seus traumas e conflitos… ambas merecem parar de sofrer. Comente o artigo http://issuu.com/ folhaextra
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VIDA PÚBLICA
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Richa abre a 54ª. edição da Expolondrina AEN
O governador Beto Richa (PSDB) participou nesta quinta-feira (03) da abertura da Exposição Agropecuária e Industrial de Londrina – Expolondrina. Considerado um dos principais eventos do agronegócio do Brasil, a feira recebe, em média, 500 mil visitantes a cada edição. “O Paraná está no centro do agronegócio nacional. Nossas feiras dão a dimensão da importância da agricultura paranaense para o Brasil e o mundo”, disse Richa. Promovida pela Sociedade Rural do Paraná, a Expolondrina chega a 54ª. edição. Antes da abertura do evento, o governador participou da inauguração de uma passarela construída pela concessionária Econorte sobre a BR-369, em frente ao Parque Governador Ney Braga, local da exposição agropecuária. “Uma obra indispensável, que não estava prevista em contrato, fruto do diálogo entre o governo e as concessionárias”, disse Richa. Richa também participou do Fórum Brasil Agro 2014, organizado pelo jornal Gazeta do Povo e a Cooperativa Integrada, que deu início à programa-
ção técnica da Expolondrina, juntamente com o presidente da Sociedade Rural do Paraná, Moacir Sgarioni, e os secretários estaduais da Agricultura e Abastecimento, Norberto Ortigara, e da Infraestrutura e Logística, José Richa Filho. No encontro, o governador afirmou que o apoio ao agronegócio é uma prioridade do governo estadual. “Apoiamos quem produz. Hoje existe diálogo, sensibilidade e respeito aos setores que alavancam o desenvolvimento econômico e social dos paranaenses”, disse. Richa destacou ainda que o bom relacionamento com as lideranças da agricultura permite que o Estado desenvolva programas e ações em favor do produtor. “Temos recebido muitas propostas e estamos sempre trabalhando com melhorias e programas para garantir boas condições de produção, redução de custos e aumento da competitividade dos nossos produtos. Isso resulta em mais renda para quem produz, mais empregos no campo e mais benefícios para todos”, afirmou. Entre as ações realizadas pelo Governo do Estado, Richa ressaltou a criação da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), que atua para ampliar o mercado e elevar a competitividade da produção paranaen-
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Governador ressalta importância do agronegócio para o Paraná se. O governador também disse que o apoio aos produtores, principalmente aos pequenos, é feito com o repasse de calcário e medidas para melhorar as condições das estradas rurais, essenciais para o escoamento das safras. O governo repassa óleo diesel, usado em máquinas das prefeituras que atuam em melhoria das estradas, e disponibiliza Patrulhas do Campo, formadas
por um conjunto de equipamentos rodoviários que fazem a readequação das estradas rurais. “Nos próximos dias, estaremos comemorando a recuperação de 2.000 quilômetros de estradas vicinais e adequadas pela Patrulha do Campo”, afirmou Richa. EXPOLONDRINA Uma das mais importantes fei-
Em visita de governador, Lei da Lica pede por melhorias para Jaboti FOLHA EXTRA
ras do setor agropecuário do País, a Expolondrina reúne 30 raças bovinas zebuínas e europeias, além de caprinos, ovinos, equinos e muares, numa grande mostra de exemplares disponíveis no país. Neste ano serão realizadas 45 palestras, simpósios, encontros e dezenas de oficinas dirigidas produtores familiares oferecidas pela Emater/Seab-PR. O Banco Regional de Desen-
PSDB anuncia pedido de abertura de processo de cassação de André Vargas DAS AGÊNCIAS
Prefeito Lei da Lica ao lado do governador Beto Richa DA REDAÇÃO
Durante a visita do governador Beto Richa (PSDB) ao Norte Pioneiro durante a semana passada, o prefeito de Jaboti, Vanderlei de Siqueira e Silva, o Lei da Lica (PSDB)aproveitou a
oportunidade para fazer reivindicações de recursos e projetos que beneficiem seu município pessoalmente ao governador. “Aproveitamos para ficar sempre perto do governo e do governador e logicamente pedir por benefícios para nossa cidade. Dessa vez não foi diferente, e aproveitei para pedir pela liberação de uma série de re-
cursos e projetos para Jaboti”, afirma Lei da Lica. O prefeito de Jaboti ainda aproveita para elogiar a parceria do governador com o Norte Pioneiro e desejar sucesso ao novo presidente da Amunorpi (Associação dos Prefeitos do Norte Pioneiro), Edimar de Freitas Alboneti, o Edão (PP), que também é prefeito de Barra
do Jacaré. “Nosso governador tem zelado muito pela nossa região e estamos muito gratos por isso. Também quero desejar bastante sucesso para o Edão, que assumiu a Amunorpi e terá muitos desafios, mas com certeza vai saber lidar com os problemas e dar continuidade nos trabalhos que a associação desenvolve”.
volvimento Econômico (BRDE) também participa do evento. Desde 2011, o banco liberou R$ 175 milhões para financiar projetos da microrregião (Londrina, Cambé, Ibiporã, Rolândia, Pitangueiras e Tamarana). A indústria da transformação é destaque, com R$ 62 milhões. Agricultura, pecuária, projetos florestais, pesca e aquicultura foram beneficiados com R$ 40 milhões.
O PSDB deve ingressar com representação no Conselho de Ética da Câmara contra o deputado André Vargas (PT) caso a Mesa Diretora não o faça. O petista, que é 1º vice-presidente da Casa, viajou em jatinho do doleiro Alberto Youssef, preso na Operação Lava-Jato, da Polícia Federal. Gravações feitas pela PF indicam que o petista pode ter atuado como lobista do doleiro, que obtinha facilidades e recursos junto ao governo federal. Parlamentares tucanos defendem a investigação no Conselho e o afastamento de Vargas do cargo. “Dizer apenas que vacilou não basta”, avaliou o deputado Nilson Leitão (MT). O tucano anunciou ontem em entrevista a emissoras de TV a pretensão do partido de pedir a apuração. “Esperamos que a própria Câmara tome atitude, por meio da Comissão de Ética, de abrir um processo para que ele se explique, mas caso ninguém faça nós faremos”, disse. Enquanto isso, o melhor caminho, na avaliação do tucano, é o afastamento do petista. “Ele deveria se afastar de sua função de vice-presidente e deixar que toda suspeita seja elucidada primeiro, antes de fazer qualquer pronunciamento público”, avaliou. Para ele, a explicação de Vargas não convenceu e desmoraliza a Câmara dos Deputados. Em discurso, o petista afirmou ter sido imprudente e que cometeu um
equívoco. Mas Nilson Leitão lembra que, por menos, senadores já foram cassados e um presidente da República sofreu impeachment. O 1º vice-líder do partido, deputado Vanderlei Macris (SP), concorda. “Isso compromete a imagem da Câmara e exige que a Casa tome providência para que, se isso for comprovado, ele pague pelo que está fazendo. É uma questão que está sendo avaliada pelos partidos, especialmente pelo PSDB, e toda iniciativa necessária será tomada por nós”, afirmou o tucano, que não descarta a possibilidade de cassação do mandato do petista. Nas conversas interceptadas pela Polícia Federal no âmbito da operação, Vargas e Yousef demonstram ter mais que uma relação de amizade. Em quase 50 mensagens registradas pela PF, Vargas recebe orientações do doleiro, combina reuniões com e chega a passar informações das conversas que ele, como parlamentar do PT, mantinha com integrantes do governo. Ambos tratam de interesses do laboratório Labogen Química Fina e Biotecnologia no Ministério da Saúde. Como revelou a revista Veja há duas semanas, a Labogen é uma das empresas do esquema do doleiro. A Polícia Federal já descobriu que a Labogen está no nome de um laranja de Youssef e é tudo menos um laboratório farmacêutico. A empresa já havia conseguido fechar uma parceria com o ministério pela qual receberia 150 milhões de reais em vendas de remédios para o governo.
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CIDADES
Municípios da região vão receber máquinas do PAC 2 em Maringá Conselheiro Mairink, Ibaiti, Pinhalão, Salto Itararé e Siqueira Campos são os municípios do Norte Pioneiro contemplados com o maquinário DA ASSESSORIA
O Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDA informou esta semana nova data para a realização da entrega de 80 máquinas referentes à segunda etapa do Programa de Aceleração do Crescimento – PAC 2. A cerimônia será realizada hoje e contará com a presença do ministro do MDA, Miguel Rosseto, da senadora, Gleisi Hoffmann (PT), lideranças federais, além de prefeitos e autoridades locais. O deputado federal Zeca Dirceu (PT) também confirmou presença e falou sobre a conquista dos equipamentos. “Estou acompanhando esta ação do governo Federal desde o início do programa. Em minhas visitas aos municípios já pude ver essas máquinas trabalhando e garantindo melhorias
para a população, que diariamente utiliza as estradas rurais”, disse o parlamentar. Serão entregues 50 motoniveladoras e 30 caminhões caçambas, para 80 municípios de todas as regiões do Estado. Entre os contemplados estão Jussara, Perobal, Itambé, Munhoz de Melo, Santa Inês, Santo Inácio, Colorado, Conselheiro Mairink, Ibaiti, Pinhalão, Salto Itararé e Siqueira Campos. O prefeito de Pinhalão comemorou a conquista. "Essa máquina vai ser muito importante para nossa cidade. Fiquei muito feliz quanto recebi a notícia. Estamos ansiosos para recebê-la", destacou Claudinei Benetti (PSD). A destinação de máquinas tem como objetivo melhorar a infraestrutura e a recuperação de estradas para escoamento da produção em municípios com até 50 mil habitantes. No Paraná, o Governo Federal já entregou 367 retroescavadeiras, 235 motoniveladoras e 160 caminhões caçamba.
Deputado Zeca Dirceu, ao lado do prefeito Benetti
Estrada de acesso aos Barbosas será pavimentada LUCAS ALEIXO - FOLHA EXTRA
Estrada de acesso aos Barbosas ganhará pavimentação
A prefeitura de Siqueira Campos anunciou esta semana a liberação de recursos para inicio das obras de pavimentação da estrada rural que dá acesso ao Bairro de Barbosas. O projeto contempla a estrada que
passa pela Vila Rural Wilson Fontanelli e Bairro dos Macacos e prevê a pavimentação de 7.250 metros (43.500 m2). O projeto foi viabilizado através da SEAB, Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento pelo Programa Estradas Rurais. A obra está orçada em mais de R$ 1,4 milhão e a primeira parcela de R$ 434 mil já
AGRONEGÓCIOS
Patrulha do Campo já beneficiou mais de 20 mil propriedades rurais
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SIQUEIRA CAMPOS
DA REDAÇÃO
COLUNA DA PÁGINA
está liberada para o inicio da obra. A equipe técnica da administração municipal está finalizando os preparativos para abertura do processo licitatório para que após os tramites legais tenha inicio imediato a obra. O prefeito do município, Fabiano Lopes Bueno, o Bi (PSB), estava dedicando atenção especial a este projeto, uma vez que com esta obra
haverá uma significativa transformação da comunidade, pois vai favorecer a manutenção das famílias no meio rural, fortalecer a agricultura, principalmente agricultura familiar, melhorar as condições para escoamento da produção, ajudar no transporte escolar e principalmente facilitar o acesso à comunidade.
O projeto Patrulha do Campo, realizado pelo Governo do Estado em parceria com consórcios municipais, revitalizou mais de 1,8 mil quilômetros de estradas rurais do Paraná, beneficiando 20,3 mil propriedades. Cerca de 128 mil pequenos agricultores tiveram um salto na qualidade de vida com o programa, que permite escoar com mais agilidade e segurança os produtos da agricultura familiar paranaense e traz diversos benefícios a quem vive no campo. Há 23 anos produzindo hortifrutigranjeiros em Doutor Ulysses, no Vale do Ribeira, o produtor rural Joaquim da Rosa afirma que ficou muito mais fácil vender sua produção com as melhorias nas estradas. “Nós tínhamos que puxar os produtos de trator até a rodovia, porque seis anos atrás não chegava caminhão até as propriedades. Agora, com a estrada boa, os caminhões trucados saem daqui carregados de hortifrutigranjeiros”, ressalta. Lançado no primeiro semestre do ano passado, os serviços da Patrulha do Campo já chegaram a 202 municípios, reunidos em 26 consórcios. As 30 patrulhas entregues contam com um conjunto com 13 equipamentos rodoviários usados na readequação. Além do escoamento da safra, o programa também garante o acesso da população rural a serviços como saúde, educação e de compras fora da propriedade. “A dinâmica das patrulhas é totalmente diferente do que acontecia até então, quando os municípios ficavam responsáveis sozinhos pela adequação das estradas. O que se vê agora é uma modernização da gestão, contemplando ações em parceria e uma proposta voltada para a sustentabilidade”, destaca o coordenador estadual do Patrulha do Campo, Jair Vedruscolo. Ele explica que os consórcios intermunicipais são organizados pelo governo estadual, que também capacita os técnicos e operadores e fica responsável pelo projeto técnico de revitalização. MUNICÍPIOS – Com estradas melhores escoando a produção agrícola, os municípios já analisam ampliar sua economia. “As melhorias trazem muitos benefícios à nossa região, que conta com forte produção de soja, milho, trigo e leite. Também abrem horizontes para a indústria. Temos matéria-prima para indústria cerâmica, por exemplo, que pode ser aproveitada com a nova estrada”, afirma o prefeito de Congonhinhas, José Olegário Lopes. O projeto de readequação tem servido também como exemplo para os gestores municipais, que passaram a usar a metodologia das patrulhas nas obras de melhorias das estradas. “Nós já estamos levando este modelo de projeto para Serra Pelada, em outra localidade do município. A durabilidade é melhor e teremos menos despesas”, explica o secretário de Obras de Ortigueira, Osvaldo Covaleski. TRANSPORTE ESCOLAR – Outra preocupação do Governo do Estado ao revitalizar as estradas rurais é garantir a educação dos estudantes que vivem no campo. Antes das reformas feitas pelas Patrulhas do Campo, muitos estudantes faltavam às aulas em dias de chuva por causa dos atoleiros. Desde o início do programa, mais de 18 mil estudantes da zona rural foram beneficiados.
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COTIDIANO
OCORRÊNCIAS
ABAIXO ASSINADO
PM prende acusado de roubo à lotérica em Santo Antônio da Platina
Sociedade se mobiliza para ajudar empresário preso
Policiais Militares realizaram a prisão de Adriano José Rocha, 23 anos, na terça-feira (01), no Bairro Silvestre em Santo Antônio da Platina. Durante patrulhamento na PR 439, os PMs avistaram um indivíduo conhecido por “Adrianinho”, com as características de um dos assaltantes que roubaram uma lotérica no último dia 31 de março no período da manhã. Adrianinho foi abordado e levado à companhia da PM , onde foi reconhecido por testemunhas como autor do crime. Com autorização de Adriano, os PMs deslocaram-se ainda até sua residência e durante as buscas foi encontradas uma balança digital, pedras de “crack”, uma pequena quantidade de maconha, vários saquinhos que seriam utilizados para embalagem da droga, além de vários objetos de procedência duvidosa. O acusado foi encaminhado juntamente com os objetos apreendidos à Delegacia de Santo Antônio da Platina.
Rodrigo Santos foi
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preso há quase três meses e familiares e amigos organizaram um abaixo assinado entre centenas de pessoas que acreditam na inocência do empresário DA REDAÇÃO
Familiares e amigos do empresário Rodrigo Santos, preso há três meses em posse de drogas, em Wenceslau Braz, organizaram esta semana um abaixo assinado entre pessoas que acreditam na inocência do empresário. Embora não tenha valor jurídico, o gesto seria um “atestado” de honestidade assinado por centenas e centenas de pessoas. “É um ato abonatório. Começamos a pegar declarações de pessoas que confiavam na inocência do Rodrigo e aí mais gente apareceu querendo dar o testemunho, como era impossível todo mundo falar então veio a idéia do abaixo assinado”, explica advogada do empresário, Elisiane Cristina Maluf. “O Rodrigo é uma pessoa trabalhadora, quem conhece sabe da integridade dele e quem já foi no
Centenas de pesssoas mostraram solidariedade com a situação de Rodrigo
supermercado da família já viu ele trabalhando por lá. Esse manifesto mostra que centenas de pessoas acreditam na inocência do Rodrigo, porque ninguém assinaria nada em favor dele se
fosse um bandido”, afirma. A advogada ainda relata que essa é uma prova de que a sociedade em geral acredita no cliente e quer uma solução para o caso. “O que nós queremos é
Londrina e Maringá decidem quem é o maior do interior DAS AGÊNCIAS
De um lado Londrina, o segundo maior município do Paraná. Do outro Maringá, a terceira cidade mais populosa do Estado. Em jogo, o título de campeão estadual. São dois Davis que derrubaram os Golias e agora lutam pela consagração, numa final do interior, algo que não acontecia desde 1992, e numa espécie de reedição da decisão do Campeonato Paranaense de 1981. Trinta e três anos atrás, o Londrina chegou à decisão após vencer o 2º turno do estadual, somando vitórias sobre o Atlético Paranaense e o Coritiba e com a melhor campanha geral do estadual: 48 pontos em 38 jogos (na época, vitória valia 2 pontos e empate 1
ponto). Já o Grêmio Maringá foi o campeão do 1º turno, tendo durante a campanha vencido o próprio Londrina e o Coxa fora de casa. O Galo de Ouro teve a segunda melhor campanha, com 40 pontos em 38 jogos. Na decisão do campeonato, o Tubarão venceu a primeira partida jogando no Willie Davids, por 3 a 2. No Estádio do Café, novo triunfo do time londrinense, desta vez por 2 a 1, e festa dos mais de 44 mil torcedores azul e branco. Paulinho e Carlos Alberto Garcia marcaram os gols do Londrina na finalíssima, enquanto Silvinho descontou para o Grêmio. O MAIOR O Maringá é a maior sensação da atual edição do Paranaense. Fundado em 2010, a equipe chegou à decisão do estadual logo em sua estreia. Carinhosa-
mente chamado de Zebra pelos torcedores, a equipe luta para alcançar o título estadual, feito alcançado em três ocasiões pelo Grêmio Maringá (1963, 1964 e 1977). Hoje, porém, o Galo de Ouro vive um período negro de sua história. No ano passado, a equipe foi a lanterna da Segunda Divisão do Campeonato Paranaense. Já o Londrina também se sagrou campeão estadual três vezes: 1962, 1981 e 1992. Assim, teremos em 2014 o tira-teima entre Maringá e Londrina para saber qual cidade é a maior campeã do interior. COINCIDÊNCIAS Hexacampeão estadual entre 1971 e 1976, o Coritiba entrou no Campeonato Paranaense de 1977 lutando pelo seu heptacampeonato. Na decisão, porém, sucumbiu diante do Grê-
mio Maringá após perder por 1 a 0 fora de casa e empatar em 1 a 1 em Curitiba. Já em 2014, o Coxa entrou no estadual com a cabeça no pentacampeonato. Acabou caindo na semifinal, novamente sendo derrotado por uma equipe maringaense. Desta vez, derrota por 2 a 1 no Willie Davids e empate por 1 a 1 no Couto Pereira. FINAIS A Federação Paranaense de Futebol (FPF) homologou nesta quinta-feira (3) o confronto entre Londrina e Maringá, válido pela final do campeonato Paranaense 2014. O primeiro jogo da decisão será realizado neste domingo (6), a partir das 16h, no estádio do Café. Já a partida de volta deve acontecer na próxima semana, em local, data e horário a serem confirmador pela própria FPF.
a verdade. Muita gente acredita e nós Acreditamos na inocência do Rodrigo e também do rapaz que foi preso com ele naquela ocasião, então vamos lutar para provar isso”, finaliza a advogada.
ESPORTES
Ceni confirma aposentadoria em dezembro
A partida contra o Sport, dia 7 de dezembro, na Ilha do Retiro, pelo Campeonato Brasileiro, deve ser a última deRogério Ceni como jogador profissional. O goleiro confirmou nesta quinta-feira à tarde, em entrevista no CT da Barra Funda, que vai pendurar as luvas ao final da temporada 2014. “No fim do ano vou parar mesmo. Não vou postergar. É meu último ano como atleta de futebol”, afirmou Ceni, que completou 41 anos em 22 de janeiro e tem contrato até dezembro. Ceni passou todo o ano de 2013 indeciso sobre o que fazer. Em algumas entrevistas, dava a entender que encerraria a carreira após o Brasileirão. Já em outras, mostrava-se empolgado em continuar atuando, principalmente após a grande exibição que teve na vitória por 4 a 3 sobre o Universidad Católica, em Santiago, pela Copa Sul-Americana. A chegada do técnico Muricy Ramalho, aliás, foi determinante para Rogério Ceni renovar por mais um ano, até o fim de 2014. Desde que foi contratado, o treinador dizia ser favorável à permanência do ídolo são-paulino por considerar que o clube não conseguiria encontrar um outro goleiro de nível tão elevado. Além disso, o Tricolor se recuperou e se salvou do rebaixamento no Brasileiro. Desta vez, Ceni garante que não há chances de mudar de ideia com o decorrer da temporada. Apesar de estar perto do adeus e já com 41 anos, o ídolo tricolor diz se sentir muito bem técnica e fisicamente.
S E X T A - F E I R A , 0 4 D E A B R I L D E 2 0 1 4 - E D. 1 1 2 1
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ESPECIAL
FOTOS:LUCAS ALEIXO - FOLHA EXTRA
AFINIDADE CULTURAL
Um pedacinho da Holanda no Brasil Colônia Holandesa em Arapoti mantém viva as tradições e costumes do país europeu, em meio a uma comunidade unida e próspera LUCAS ALEIXO Arapoti
O sotaque é claramente europeu. Mas o bom humor é genuinamente brasileiro. Esse é o caso da agricultora Jantina de Jager Salomons e do empresário Arent Jacob de Jong. Os dois não têm nenhum parentesco, mas têm em comum muito mais do que o humor: ambos nasceram na Holanda e ainda adolescentes vieram para o Brasil. Hoje, Jantina e Arent são expoentes da famosa Colônia Holandesa de Arapoti, que, com cerca de 500 membros (entre holandeses e descendentes), é a segunda maior da América Latina. Embora tenham semelhanças, a história desses dois holandeses criados no Brasil merece ser contadas distintamente, tamanha riqueza. E como ditam os bons costumes, primeiro as damas. Jantina chegou ao Brasil em 1951, aos 13 anos, junto com pai, mãe e mais sete irmãos. Na época, a colônia ainda não havia se formado em Arapoti, e assim a família Salomons se instalou em Castrolanda, colônia de imigrantes holandeses no município de Castro. A holandesa conta que entre tantas dificuldades, a língua era uma das maiores. Além disso, a vinda para o Brasil foi repleta de desafios, como trazer gado e maquinário agrícola no navio para a nova morada. Porém, entre tantas diferenças, uma agradou e muito aos imigrantes. “O clima é a melhor das coisas que encontramos aqui”, destaca Jantina, relembrando os problemas com estradas de terra, falta de água encanada e de energia elétrica. Apesar das dificuldades, os imigrantes foram se desenvolvendo e, curiosamente, algo que parece ruim para a maioria absoluta dos brasileiros acabou
beneficiando os imigrantes: a ditadura militar. “Não que os militares gostassem da gente, mas eles sabiam que para o povo ficar satisfeito era preciso ter comida. Então construíram estradas que ligassem o campo, que é onde se produzia a comida, até as grandes cidades. Também havia políticas favoráveis aos produtores, o que nos ajudou bastante”, afirma Jantina. Um ano após o golpe, em 1965 a holandesa se instalou em Arapoti, onde vive até hoje. Em meio a “conflitos” culturais e uma vida no Brasil, Jantina demonstra amor pelo país onde mora. “O país é muito bom. Tem esse problema com corrupção, mas é um lugar muito bom. Nunca me arrependi de ter vindo para cá ou pensei em morar na Holanda novamente. Em todos esses anos acho que fui para lá apenas umas oito vezes”. Por fim, a imigrante, hoje bem sucedida, ressalta um aspecto interessante: a fusão das culturas. “A gente tentou usar o melhor de cada cultura e acho que deu certo”, afirma. E com o bom humor que Jantina trata os assuntos, inclusive as lembranças de épocas bem mais difíceis, a receita realmente parece eficaz. Já Arent é proprietário de um famoso restaurante em Arapoti – o Restaurante Refúgio. “Seu Ari”, como é chamado entre aqueles que não têm muita intimidade com a língua holandesa, o holandês faz parte dos primeiros imigrantes que chegaram ao município, em 1960, quando tinha 16 anos. “Chegamos aqui em 7 de setembro de 1960, e já encontramos festa”, brinca. A chegada, por si só, já deixou claro a dificuldade que aquelas famílias encontrariam. Do porto de Santos até Arapoti o trajeto durou um dia e uma noite inteiros. “Foram muitas as dificuldades, e a língua era uma das maiores.
Muitos voltaram para a Holanda, mas eu acho que quem ficou fez uma boa escolha”, diz Arent, que também elogia o Brasil. “Não existe país no mundo como o Brasil. O único problema é a corrupção, que tem em todo lugar, mas nos outros lugares quem rouba, tem que devolver, e aqui não. Mas fora isso é muito bom”. Elogios à parte, o empresário holandês relembra com bom humor alguns casos dos primeiros dias no Brasil. “Não tinha energia elétrica, tinha só um gerador que era ligado a tardezinha e desligado às 10h da noite. Se ficasse ligado a noite, era porque alguém tinha morrido. Só não entendo porque o morto precisava de luz”, brinca entre risadas e uma série de lembranças. O restaurante de Arent, assim como o dono, é um caso de mescla entre as culturas. Entre decoração e um estilo todo holandês, no dia da visita da reportagem o cardápio é feijoada. Quando perguntado por um freguês de primeira viagem a respeito do sistema do restaurante, Arent é mais uma vez bem humorado. “Aqui o esquema é pegar um prato, encher bastante e comer até não agüentar mais”, responde. Mas o empresário também fala sério, e mostra com orgulho a pedra fundamental da cooperativa Capal, fundada por holandeses, e entre eles, seu pai. E quando o assunto é futebol, Arent admite: torce para a Holanda em jogos contra o Brasil. “Meus filhos torcem para o Brasil, mas eu confesso que eu torço para a Holanda. É algo que vem de dentro de mim e não tem como lutar contra”, completa. RELIGIÃO Outro ponto em comum nestes dois entrevistados é a religião. Além do gado e de uma eficiente organização no campo trabalhista, a fé dos imigrantes holandeses foi algo fundamental na construção das colônias e no seu posterior desenvolvimento. Do local onde aconteciam os pri-
Dona Jantina: desde os 13 anos no Brasil, aprendeu a amar o país meiros encontros da colônia até a formação de uma igreja com cerca de 400 membros, a fé dos imigrantes de Arapoti parece permanecer intacta. “Estou aqui há apenas dois meses, e ainda estou aprendendo a lidar com a colônia, mas são pessoas muito boas, unidas e que levam a religião a sério, como de fato tem que ser”, enfatiza o pastor da Igreja Evangélica Reformada de Arapoti (situada dentro da colônia), Ilmo Rewie. Sem descendência holandesa, o pastor afirma que nesse pouco tempo de convivência já pode perceber alguns pontos fundamentais para o progresso da colônia. “O fundamental para todo esse progresso foi, além do clima e da terra de Arapoti, foi que eles sempre tiveram consciência que estavam no Brasil e que existem diferenças entre aqui e a Holanda. Mas ao mesmo tempo, trouxeram a organização européia e primam pela honestidade, e o resultado é este que todos conhecem”. Como alguém que tem uma visão “de fora”, mas convivendo
no íntimo com a colônia, Ilmo acredita que, embora a tendência seja o enfraquecimento dos costumes gradativamente conforme as gerações passam, a colônia deve se manter forte pelos próximos anos. ESCOLA E essa continuidade passa justamente pela educação, assim o Colégio Cultura Holandesa exerce um papel quase tão importante quanto a religião no prosseguimento dos costumes holandeses para as novas gerações. Embora seja uma escola particular com uma grade curricular normal, inclusive com dezenas de alunos que não têm descendência holandesa, o colégio conta com professoras holandesas (detalhe: uma delas não fala absolutamente nada da língua portuguesa) para ensinar tanto a língua quanto costumes para crianças. “Nossa escola é mais reconhecida pela tradição e qualidade do ensino, mas oferecemos aulas à tarde para quem quer aprender
ESPECIAL
HISTÓRIA
Professora holandesa leciona para alunos da escola da colônia
As duas colônias que já existiam, Carambeí, fundada em 1911, e Castro, fundada em 1951, queriam que mais famílias viessem da Holanda para o Brasil, e para isso contavam com o apoio do governo, que ajudava ou até bancava as viagem da Europa para cá. Como a Holanda é um país pequeno e as terras eram caras e escassas, as famílias viam no Brasil a oportunidade do progresso, devido a abundância de terras na época não utilizadas. Assim, em 1960 sete famílias chegaram a Arapoti já com um bom número de alqueires para que pudessem plantar e criar o gado – nos meses que antecederam a che-
holandês, mas aí é opção dos pais”, relata o diretor da instituição, Paulo Fernando Alvarez dos Santos (que não é descendente de holandeses). O fato é que ao se conhecer a colônia existe a certeza de que um pedacinho da Holanda está instalada em Arapoti, e que os laços com a terra mãe destas pessoas são fortes o suficiente para não serem quebrados nem pela distância de um oceano inteiro.
gada, holandeses das outras colônias estiveram no município para construir casas e preparar a terra para os que chegariam em breve. Contando com muita força de vontade e competência, a colônia prosperou e logo mais holandeses chegaram. Além da escola, outro exemplo do progresso da colônia é a cooperativa Capal, fundada por 21 holandeses já em 1960, pouco tempo após a chegada em Arapoti. Em 1966 a cooperativa já contava com cinco brasileiros e em 1973 nas reuniões se passou a falar a língua portuguesa. Atualmente a Capal é uma das maiores cooperativas do Paraná, tendo milhares de associados.
Arte na Folha Extra Nesta edição a Folha Extra traz outra obra muito conhecida do artista José Savogin: o quadro “Salto Cavalcante”, pintado em óleo sobre tela em 1989. Nesta obra o artista reproduz a famosa cachoeira de Tomazina que tem o nome também rep roduzido na tela.