Aspectos elétricos e energéticos Geração fotovoltaica
Dez/12-Jan/13 • Ano III • nº17 Publicação bimestral www.revistaecoenergia.com.br
Sumário
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Mercado
As Biorrefinarias como Oportunidade de Agregar Valor à Biomassa
Inovação
Diesel menos poluente disponível no mercado
Empresa
Solazyme realiza com sucesso a fermetação de óleo renováveis
Meio Ambiente
Aspectos elétricos e energéticos Geração Fotovoltaica - parte 2
Indicadores
BM&F anidro pede passagem
Editorial
Olá, Leitores da Revista ECOENERGIA! Nesta 17ª edição, vamos focar atenção à empresa que transforma uma grande variedade de açúcar vegetal de baixo custo em óleos de alto valor. A Solazyme realizou a fermentação de óleos renováveis, concluída em tanques de 500 mil litros, e o resultado atingiu o volume de produção em escala comercial. Todos sabem que, no 1º dia de janeiro de 2013, foi disponibilizado, no mercado nacional, o diesel S50 com a expectativa de alcançar 15% do mercado nacional de diesel rodoviário. Tal medida não afetará o consumidor, pois o S50 já é compatível com a tecnologia utilizada nos motores fabricados a partir de 2012. Dando continuidade ao nosso assunto da edição passada (16ª) ─ A geração solar na matriz elétrica ─, nos últimos anos, a energia fotovoltaica tem sido vista internacionalmente como uma tecnologia bastante promissora. Nessa perspectiva, vamos ainda, analisar a expansão do mercado, ganhos na escala de produtos e redução de custos para os investidores. Para melhores esclarecimentos a respeito da energia Fotovoltaica, citamos algumas formas de atração de investidores e o desenvolvimento de um mercado interno como o recurso solar, silício cristalino, filmes finos, concentrados fotovoltaicos, entre outros... Aproveitem e boa leitura!
Publicado por Ecoflex Trading Desenvolvido por Follower P&C Conselho Editorial Antonio Carlos Moésia de Carvalho Carlos Soares Marcelo Andrade Diretor Comercial Antonio Carlos Moésia de Carvalho Jornalista Responsável Daniel Costa MTB: 53984 Diretor de Criação Carlos Soares Capa Carlos Soares Redação Daniel Costa MTB: 53984 Revisão Ateliê do Texto Design Gráfico Nathália Soares Layout e Editoração Follower P&C Publicidade Antonio Carlos Moésia de Carvalho (55 21)2224-0625 R 22/(55 21)3545-2678 comercial@revistaecoenergia.com.br comercial2@revistaecoenergia.com.br Visite-nos
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Mercado
As Biorrefinarias como Oportunidade de Agregar Valor à Biomassa por Sílvio Vaz Jr. Pesquisador da Embrapa Agroenergia
As biorrefinarias fazem parte da agenda de P&D&I da maioria dos países desenvolvidos e em desenvolvimento, como o Brasil, mobilizando grandes quantias de recursos e esforços públicos e privados voltados para o aproveitamento otimizado da biomassa, para agregar valor a essas cadeias produtivas e reduzir possíveis impactos ambientais das mesmas. Os conceitos de biorrefinaria e química verde enfocam o aproveitamento de modo que haja cadeias de valor similares àquelas dos derivados do petróleo, porém com menor impacto ao meio ambiente, visando contemplar sistemas integrados (matéria-prima, processo, produto e resíduos) sustentáveis. Nesses casos, são levados em conta parâmetros técnicos que consideram, dentre outros aspectos, os balanços de energia 4
e massa, o ciclo de vida e a redução de gases do efeito estufa. Uma biorrefinaria pode integrar em um mesmo espaço físico processos de obtenção de biocombustíveis, produtos químicos, energia elétrica e calor, biomateriais, alimentos, etc. Em uma escala de valoração econômica (Figura) os produtos químicos desenvolvidos a partir da biomassa são os que possuem maior potencial em agregar valor a esta cadeia, em função da participação estratégica da indústria química no fornecimento de insumos e produtos finais a diversos setores da economia, como os petroquímico, farmacêutico, automotivo, agronegócio, cosméticos, de construção, etc.. Biocombustíveis e materiais estão em um segundo patamar de valoração, seguidos por energia e insumos químicos, como fertilizantes e defensivos agrícolas.
Valor Agregado
Produtos Químicos
Biocombustíveis
Materiais
Energia
Insumos Químicos
Biorrefinaria
Biomassa Representação do conceito de biorrefinaria Como pode ser observado na Figura, ao nos referirmos a uma biorrefinaria, estamos nos referindo às tecnologias e processos utilizados para a transformação da biomassa nos cinco tipos de produtos apresentados (energia, insumos químicos, biocombustíveis, materiais e produtos químicos). As tecnologias são compiladas em processos os quais, por sua vez, são relacionados às chamadas plataformas tecnológicas – plataforma bioquímica, plataforma química e plataforma termoquímica. Pode-se citar como exemplo: o processo de obtenção de etanol de cana-de-açúcar é a fermentação por leveduras, que obedece a determinadas técnicas de uso (ou tecnologias), estando este processo inserido na plataforma bioquímica de uma biorrefinaria.
uando-se para o caso da plataforma termoquímica, que a utiliza de forma direta. Na desconstrução, a biomassa, após passar por diversos tipos de prétratamentos físicos e químicos, disponibiliza os polímeros lignina, celulose e hemicelulose. Quando se utiliza oleaginosas, também não é necessária esta desconstrução, mas sim a extração do óleo. Segundo levantamentos recentes do U.S. Department of Energy (DOE), existe a possibilidades de utilização da lignina como precursor de produtos
Como o conceito de biorrefinaria é amplo por sua própria definição e abrangente em seu potencial de aplicação industrial e econômico, pode-se destacar a chamada desconstrução da biomassa lignocelulósica para uso como matéria-prima para as plataformas bioquímica e química, excetRevista Ecoenergia - Jan/Fev | 5
químicos, em sua maioria em alternativa aos derivados de petróleo, a serem utilizados como antioxidantes, resinas fenólicas, solventes, agentes antivirais, agentes sequestrantes, preservantes de madeira, estabilizantes enzimáticos, controladores de vazamento de óleo, dentre outros. Cabe ressaltar que tais usos dependerão grandemente do tipo de pré-tratamento aplicado para a obtenção da lignina, já que a mesma possui estrutura molecular heterogênea e complexa e do uso de catalisadores químicos. A celulose e a hemicelulose, uma vez hidrolisadas, se decompõem em hexoses e pentoses. Os novos produtos derivados desses açúcares também foram objeto de publicação do DOE, tendo-se concluído que os derivados desses açúcares de maior potencial industrial são ácidos carboxílicos como ácido lático e succínico, etanol, sorbitol, entre outros de menor uso. Tais compostos poderão ser utilizados como solventes, combustíveis, monômeros para plásticos, intermediários químicos para a indústria farmacêutica e de química fina em geral. Neste caso, utiliza-se a plataforma bioquímica (uso de processos biotecnológicos) associada à plataforma química (uso de rotas sintéticas).
na descontaminação de corpos d’água e de solo impactados por metais tóxicos. Quanto ao bioóleo, este poderá ser utilizado como combustível em substituição ao óleo diesel para a produção de calor e energia, com um menor impacto ambiental. Ambos os produtos são obtidos na plataforma termoquímica, por meio de processo de pirólise. Cabe ressaltar, ainda, as possibilidades de uso da glicerina, que é o principal coproduto da produção do biodiesel, como matéria-prima para a obtenção de commodities químicas e de antioxidantes sendo que, assim como no caso da lignina, este aproveitamento depende do uso de catalisadores químicos. Desta forma, as possibilidades advindas do aproveitamento da biomassa por meio das biorrefinarias a tornam uma matéria-prima de enorme potencial para o Brasil, país que ainda possui uma grande deficiência tecnológica em setores químicos e afins. Abre-se, portanto, uma nova fronteira tecnológica e econômica para o agronegócio e para a biomassa como matéria-prima renovável e sustentável.
O biocarvão, por sua vez, é um coproduto de interesse agronômico para aplicação como fertilizante de liberação controlada por suas possíveis aplicações na prevenção da poluição ambiental e
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Inovação
Diesel menos poluente disponível no mercado A partir de 1° de janeiro de 2013, o diesel S50 (com 50 ppm de enxofre) disponível no mercado nacional deve ser integralmente substituído pelo diesel S10, com apenas 10 ppm de enxofre. Com a entrada do S10 no lugar do S50 haverá menos emissões de partículas nocivas na atmosfera e, portanto, menos danos ambientais. Além disso, o S10 trará vantagens na partida a frio, na redução da fumaça branca, na menor formação de depósitos e no aumento da vida útil do lubrificante. À medida em que a frota circulante for renovada haverá
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uma melhora gradativa na qualidade do ar nos grandes centros urbanos. A substituição atende à Resolução ANP nº 65/2011, que estabelece as obrigações quanto ao controle da qualidade e as especificações do óleo diesel comercializado em todo o território nacional em atendimento às Resoluções CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) nos 403/2008 e 415/2009 por meio do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (PROCONVE).
Desde 1º de janeiro de 2012 o óleo diesel S50 passou a ser comercializado em todo o território nacional como uma etapa de transição para que o mercado pudesse se adaptar ao novo combustível. Para permitir uma transição adequada e o escoamento do S50 que ainda existe nos tanques dos revendedores e distribuidores, a ANP publicou a Resolução ANP nº 46/2012. Este regulamento admite que o S10 apresente resultados compatíveis com o S50 para algumas características durante 60 dias para os distribuidores e 90 para os revendedores. Tal medida não afeta o consumidor, pois o S50 já é compatível com a tecnologia utilizada nos motores fabricados a partir de 2012. Por substituir integralmente o diesel S50, os municípios que já eram abastecidos exclusivamente com o diesel S50 e as revendas varejistas que comercializavam esse produto também passarão a receber esse novo diesel. Dessa forma, a demanda esperada de S10 para janeiro de 2013 deverá alcançar cerca de 15% do mercado nacional de diesel rodoviário. Ressalte-se que, atualmente, 3.775 revendas varejistas estão obrigadas por resolução a vender o óleo diesel S10 e 2.209 revendas varejistas comercializavam o óleo diesel S50 voluntariamente e devem passar a comercializar automaticamente o óleo diesel S10. Assessoria de Imprensa da ANP
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Empresa
Solazyme realiza com sucesso a fermentação de óleos renováveis
South San Francisco, CA (20 de dezembro de 2012) – A Solazyme, Inc. (NASDAQ: SZYM), empresa de óleos renováveis e bioprodutos, anunciou que concluiu com êxito fermentações iniciais nas instalações da ADM, em Clinton, Iowa. Nesses processos, a Solazyme atingiu volume de produção em escala comercial, mostrou escalabilidade linear de seu processo a partir da escala de laboratório e comprovou a capacidade de processar em escala comercial sem contaminação. As fermentações foram realizadas em tanques de aproximadamente 500 mil litros. Isso representa 10
cerca de quatro vezes a escala dos tanques de fermentação das instalações da Solazyme em Peoria, Illinois (EUA). Inicialmente, a Solazyme tem como meta uma produção anual de 20 mil toneladas de óleo nas instalações da ADM, a partir de 2014 com objetivo de expandir para 100 mil toneladas. A escala atingida nas instalações da ADM em Clinton é comparável a do equipamento de fermentação que está sendo construído atualmente nas instalações da Solazyme Bunge Óleos Renováveis, em Orindiuva, São Paulo. Essa instalação, que será a primeira fábrica no Brasil com a tecnologia
da Solazyme, terá a capacidade anual de 100 mil toneladas e está programada para iniciar suas operações no quarto trimestre de 2013. “Trabalhar com a equipe de fermentação da ADM para atingir operações em escala comercial em suas instalações logo após anunciar a parceria mostra a nossa capacidade de produzir em escala de forma rápida e bem-sucedida em instalações de fermentação comercial de grande porte,” disse Peter Licari, CTO da Solazyme. “A Solazyme está atualmente desenvolvendo instalações comerciais nos EUA, França e Brasil, e com esses processos conseguimos agora atingir escala linear de mais de 70 mil vezes a partir dos nossos laboratórios”. Sobre a Solazyme A Solazyme, Inc. (NASDAQ: SZYM) é uma empresa de óleos renováveis e bioprodutos que transforma uma grande variedade de açúcares vegetais de baixo custo em óleos de alto valor. Com sede em South San Francisco, os produtos renováveis da Solazyme podem substituir ou melhorar os óleos derivados das três fontes existentes no mundo – petróleo, plantas e gorduras animais. Inicialmente, a Solazyme está focada na comercialização dos seus produtos em três mercados-alvo: (1) combustíveis e produtos químicos, (2) nutrição e (3) cosméticos.
“Trabalhar com a equipe de fermentação da ADM para atingir operações em escala comercial em suas instalações logo após anunciar a parceria mostra a nossa capacidade de produzir em escala de forma rápida e bemsucedida em instalações de fermentação comercial de grande porte,” Peter Licari, CTO da Solazyme
Solazyme®, o logotipo da Solazyme e outras marcas ou nomes de serviço são marcas registradas da Solazyme, Inc. Projeções Futuras Este comunicado à imprensa contém determinadas projeções futuras sobre a Solazyme, inclusive declarações que envolvem riscos e incertezas sobre: sua futura capacidade de processar fermentações sem contaminação significativa e com métrica de escala comercial; a capacidade de produção esperada das instalações da ADM e Moema; o prazo de produção nessas instalações; a futura expansão da capacidade das Revista Ecoenergia - Jan/Fev | 11
instalações da ADM; sua futura capacidade de realizar a escala de seu processo de produção em outras instalações; e a capacidade da Solazyme de manter seus relacionamentos com seus parceiros. Quando utilizados neste comunicado à imprensa, verbos no futuro, assim como os termos “espera”, “pretende” e outras expressões semelhantes e quaisquer outras declarações que não sejam fatos históricos têm a intenção de identificar essas afirmações como projeções futuras. Qualquer uma dessas declarações pode ser influenciada por diversos fatores, muitos dos quais estão além do controle da Solazyme, e podem gerar resultados substancialmente diferentes daqueles projetados, descritos, expressados ou implícitos neste comunicado à imprensa devido a uma série de riscos e incertezas. Potenciais riscos e incertezas incluem, entre outros: o limitado histórico operacional da Solazyme; seu histórico limitado na comercialização de produtos; risco de implantação de novas tecnologias; sua limitada experiência na con-
“A Solazyme está atualmente desenvolvendo instalações comerciais nos EUA, França e Brasil, e com esses processos conseguimos agora atingir escala linear de mais de 70 mil vezes a partir dos nossos laboratórios” Peter Licari, CTO da Solazyme
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strução e operação de instalações de produção comerciais; aceitação de seus produtos no mercado; atrasos relativos à construção ou início das operações das instalações de produção; seu acesso ao fornecimento adequado de matériaprima em termos favoráveis; sua capacidade de administrar custos operacionais em instalações de produção; sua capacidade de firmar e manter acordos de colaboração estratégicos; sua capacidade de obter aprovações regulatórias necessárias; bem como seu acesso, em termos favoráveis, a qualquer financiamento necessário. Assim, não é possível fornecer garantias de que os eventos previstos nas projeções futuras realmente se materializarão ou ocorrerão, ou caso qualquer um deles se materialize ou ocorra, qual o impacto que teriam nos resultados das operações ou na situação financeira da Solazyme. Consulte também os documentos que a Solazyme entrega à Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC), inclusive seus Relatórios Trimestrais no Formulário 10-Q, para ter acesso à discussão desses e de outros riscos. O leitor é advertido a não depositar confiança indevida nas projeções futuras, que se referem apenas à data deste comunicado à imprensa. A Solazyme não tem nenhuma obrigação de atualizar quaisquer das informações contidas neste documento.
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Meio Ambiente 14
Aspectos elétricos e energéticos Geração fotovoltaica - parte 2 por E.P.E- Empresa de Pesquisa Energética
Embora os níveis de radiação solar na superfície do planeta apresentem variações anuais expressivas, a Global Horizontal Irradiance – GHI, componente difusa aproveitada pela geração fotovoltaica, é pouco variável. Ainda que ocorrências episódicas, como cinzas lançadas por erupções vulcânicas, possam ter algum efeito temporário, a variabilidade interanual situa-se tipicamente entre 4% e 6%, menor nas regiões áridas e maior, de até 10%, nas regiões costeiras e montanhosas. Mesmo a vari-
abilidade intraanual, em relação à média de longo prazo, é menor do que a observada na geração eólica ou hidrelétrica. Outro aspecto de interesse é que a energia solar tem comportamento sazonal diferenciado por região geográfica (Figura 15). Em complemento, tendências e ciclos de longo prazo são desprezíveis, de modo que se pode supor que a geração solar fotovoltaica tenha comportamento temporal não correlacionado com outras fontes variáveis como a hidrelétrica e eólica. Essas características favorecem a integração dessa alternativa energética ao
sistema elétrico na medida em que são relativamente reduzidas às incertezas quanto à disponibilidade energética da fonte e, por conseqüência, quanto ao retorno econômico do investimento. Em condições de céu claro, com auxílio da geometria para cálculo da posição relativa entre o Sol e a Terra, a geração solar fotovoltaica pode ser prevista com grande exatidão. Contudo, em escalas menores de tempo, a presença e o comportamento aleatório de nuvens podem resultar em rápidas variações da irradiação solar e, portanto, da geração de energia elétrica. Para freqüências maiores que 4x10-5 Hz (períodos menores que 6 horas), a variabilidade da geração fotovoltaica supera a da geração eólica. A Figura 16 exemplifica o comportamento minuto a minuto da insolação em condições de céu claro e em céu parcialmente nublado. Em intervalos de 30 minutos, a variabilidade da geração fotovoltaica é cerca de 10 vezes maior que da geração eólica. Pela ausência de inércia, em dias nublados podem ser observadas vari-
ações de potência de +/- 50% em intervalos de tempo entre 30 e 90 segundos e de +/-70% em intervalos de tempo entre 2 e 10 minutos. A variabilidade extrema da geração fotovoltaica dá uma medida da dificuldade técnica da inserção em larga escala da micro geração solar em circuitos de distribuição de baixa tensão, em geral de pequena potência de curto-circuito e limitados recursos de controle de tensão. Os inversores são também sujeitos a desligamentos em casos de desvios de freqüência, curtos-circuitos ou variações rápidas da tensão da rede. Esses aspectos foram ressaltados por concessionárias de energia elétrica na Consulta Pública número 15/2010 da ANEEL, embora os inversores modernos incorporem funções de controle de resposta a perturbações na rede elétrica, em geral especificados nos procedimentos de rede das concessionárias e órgãos responsáveis pela operação do sistema elétrico. Da mesma forma que na geração eólica, a dispersão espacial de parques geradores pode reduzir significativamente a variabilidade do conjunto. Importa destacar que, em razão da característica de seu ciclo diário, limitado ao período diurno, a geração fotovoltaica não substitui investimentos na ampliação da capacidade instalada do sistema elétrico, mas pode ser vista como uma fonte “economizadora” de combustíveis de maior valor econômico. Além disso, o fator de capacidade é baixo. Nas regiões mais favoráveis do pais, o nível de irradiação solar corresponde à geração de plena potência Revista Ecoenergia - Jan/Fev | 15
das instalações por período equivalente a cerca de 1.500 horas por ano (fator de capacidade de 17%). Geração heliotérmica Para a geração solar heliotérmica a situação é diversa. A componente direta da irradiação global (DNI) apresenta elevada variabilidade interanual, eventualmente superior a 20%, e é afetada pela presença de aerossóis e cinzas de erupções vulcânicas nas camadas superiores da atmosfera. A variabilidade ao longo do dia também pode ser bastante elevada pela presença de nuvens. Mas, se, por um lado, a previsibilidade da geração heliotérmica em longo prazo é menor, por outro, em intervalos de tempo pequenos, da ordem de minutos, a inércia térmica do fluido aquecido assegura a pequena variabilidade de curtíssimo prazo da geração. Quando associada a acumuladores de calor, pode substituir a geração das fontes convencionais. CARACTERIZAÇÃO DA CADEIA INDUSTRIAL DA ENERGIA SOLAR Fotovoltaica A cadeia de produção da indústria fotovoltaica começa na extração do quartzo e seu beneficiamento para produção de lingotes de silício. Seguem-se a fabricação das células e painéis fotovoltaicos e a produção dos equipamentos eletromecânicos complementares (Figura 17). Atualmente cerca de 90% dos painéis fotovoltaicos produzidos no mundo são compostos por célu-
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las de silício monocristalino ou policristalino, havendo um compromisso entre a eficiência da conversão da energia primária em energia elétrica e o custo de produção das duas tecnologias. As células de silício monocristalino são mais eficientes que as de policristalino, porém também apresentam maiores custos de produção. A depender da relação custo benefício, as tecnologias de filmes finos devem reduzir ao longo do tempo a participação dos painéis fotovoltaicos de silício, porém os painéis de silício devem manter parcela importante do mercado, sobretudo pela maior disponibilidade da matéria prima. O silício pode ser classificado, em uma escala crescente de pureza, nos graus metalúrgico, solar e eletrônico. Para se atingir o grau de pureza de 99,9999%, também chamado de “seis noves de pureza”, requerido na produção de painéis fotovoltaicos, o silício grau metalúrgico precisa passar por um processo de beneficiamento, já que sua pureza normalmente não passa de 99,5%. Atualmente, a etapa de beneficiamento do silício, que permite atingir os graus de pureza solar e eletrônico, é feita pela denominada rota química, utilizando-se o processo Siemens. Este processo produz, como resíduos, substâncias tóxicas e corrosivas que necessitam de cuidados especiais em razão dos danos ambientais que potencialmente podem provocar. O silício grau solar, acrescido de substâncias de dopagem e cristalização,é fundido em ambiente inerte e transformado em lingotes de estrutura monocristalina ou policristalina, seguindo-se
a laminação em “wafers” para a produção das células e módulos fotovoltaicos. Da produção do silício grau solar à produção dos módulos tem-se um processo industrial que se caracteriza por: (i) consumo intensivo de energia elétrica (índices de 120 a 200 kWh /kg de silício grau solar, representando cerca de 25% do seu custo de produção); (ii) elevado grau de automação, o que limita o valor da mão de obra no produto final a cerca de 3% e (iii) rápida obsolescência tecnológica, o que exige constante investimento na atualização das linhas de produção.
silício grau solar. Este processo demanda menos energia e reduz os impactos ao meio ambiente, além de se esperar redução no custo de produção entre 30% e 50% (CGEE, 2009). A divisão mundial da indústria fotovoltaica apresenta diferenças em cada etapa da cadeia de produção (Figura 18). Segundo dados de 2009 da European Photovoltaic Industry Association - EPIA (2010), a produção de silício está concentrada nos Estados Unidos (40% da produção), seguindo-se Europa e China, com capacidades similares e próximas a 20% cada um, e Japão (cerca de 10% da produção).
Historicamente, a produção de silício grau solar estrelatrelada ao silício grau eletrônico. O silício grau eletrônico é utilizado na indústria da microeletrônica para a produção de semicondutores e circuitos integrados, que demandam o insumo em graus de pureza ainda maiores do que na produção de painéis fotovoltaicos, da ordem de “oito noves” (99,999999%). O silício grau solar, portanto, é um produto intermediário desta indústria e esta sinergia (entre as indústrias fotovoltaica e microeletrônica) implica na ligação entre o produtor de silício grau solar pela rota química e o mercado de silício grau eletrônico (CGEE, 2009).
Embora houvesse aproximadamente 75 empresas atuando no mercado de silício em 2009, apenas as sete maiores concentravam 90% de toda a produção. O mercado mais pulverizado e competitivo quando se trata da produção de “wafers”, células e painéis fotovoltaicos, em uma gradação crescente a cada etapa da cadeia. A produção de células e painéis está concentrada principalmente na China, com quase 50% da capacidade mundial. O restante produzido em Taiwan (> 15%), Europa (> 10%), Japão (pouco menos de 10%) e Estados Unidos (menos de 5%). Estima-se que a capacidade mundial de produção de células e módulos de silício cristalino em 2010 era da ordem de 30 GW/ano (EPIA, 2011).
Está em desenvolvimento, ainda em fase experimental, a rota metalúrgica para a produção de
Na outra ponta, o principal mercado consumidor final da indústria fotovoltaica ainda é a Europa, Revista Ecoenergia - Jan/Fev | 17
que consome aproximadamente 80% da produção mundial de painéis. Embora boa parte dos painéis instalados na Europa seja importada, cerca de 50% do valor agregado de um sistema fotovoltaico é adicionado no local da instalação, correspondendo aos demais componentes eletromecânicos, engenharia, montagem e margens dos vendedores. O principal fornecedor mundial de painéis é a China, que produz aproximadamente 50% de todos os painéis fotovoltaicos instalados no mundo (Figura 19). O Brasil possui pontos fortes para o estabelecimento de uma indústria fotovoltaica, segundo CGEE (2009). O primeiro deles é o fato de deter uma das maiores reservas mundiais de quartzo de qualidade, mineral de onde o silício é extraído. Outro ponto forte é o fato de já possuir indústrias estabelecidas de beneficiamento do silício, embora apenas até o grau metalúrgico, insuficiente para utilização em aplicações solares. Tanto MME (2009) quanto CGEE (2010) afirmam que o Brasil detém tecnologia para 18 | Revista Ecoenergia - Jan/Fev
a fabricação de células e módulos fotovoltaicos. Embora ainda em escala piloto, a planta instalada pela PUC-RS produz módulos fotovoltaicos com tecnologia competitiva. Na avaliação do MME (2009), a oportunidade para a inserção da tecnologia fotovoltaica no contexto energético nacional, com a criação de um parque industrial competitivo, capaz, inclusive, de disputar o mercado internacional, está condicionada à instalação de indústrias de beneficiamento do silício para fabricá-lo no grau de pureza solar. Já a CGEE (2010) sugere, diferentemente, o mesmo trajeto percorrido por China e Coréia do Sul: primeiro instalam-se fábricas de células solares e módulos fotovoltaicos e, em seguida, incrementase a produção de silício grau solar no país. Por fim, a indústria de componentes elétricos e eletrônicos já existe no país e pode se adaptar, rapidamente e sem grandes dificuldades para fornecimento de disjuntores, inversores e conectores,
em resposta à demanda da geração fotovoltaica. Heliotérmica Com cerca de 1,3 GW de potência heliotérmica instalada no mundo, e mais 2,3 GW em construção, esse mercado tem crescido bastante nos últimos anos, porém ainda enfrenta grandes desafios. Além do desenvolvimento da própria tecnologia, o setor precisa disputar mercados com a geração fotovoltaica, especialmente após a acentuada queda de preços dos painéis observada em 2011. A partir do desenvolvimento tecnológico, de ganhos de escala na produção e adoção de plantas comerciais com potências acima de 50 MW, espera-se que o custo da geração heliotérmica possa cair de 50 a 60% nos próximos 10 a 15 anos. Estudos indicam que plantas com potência instalada de 150 a 250 MW correspondem ao dimensionamento ótimo, do ponto de vista econômico. A título de referência, de acordo com estudos do IEA (2010), Turchi (2010), Kost and Schlegl (2010), o custo nivelado da eletricidade (LCOE) produzida por uma usina heliotérmica está na faixa de 15 a 22 centavos de euro por kWh, a depender da tecnologia, escala, irradiação e sistema de armazenamento térmico. Existe grande margem para o desenvolvimento tecnológico dos diversos tipos de geração heliotérmica. A tecnologia ainda é incipiente, existindo poucas unidades comerciais no mundo, porém há um grande investimento, principalmente de países europeus no desenvolvimento de plantas termossolares e sua indústria de base. De acordo com o DLR, empresas alemãs como a Schott, Flabeg, Steag, Evonik, Siemens, Solar Millenium, entre outras, já investiram cerca de € 100 milhões nessa tecnologia, o que evidencia o interesse e o possível crescimento da termossolar no mundo. Além dessas empresas, existem outras com know-how em usinas termossolares como a francesa Soitec, que desenvolveu 67% da potência instalada em usinas termossolares nos Estados Unidos, e as norte-americanas Amonix,
que participou da implantação de 25% e 69% das potências instaladas nos Estados Unidos e na Espanha, e respectivamente, e Solfocus, que projetou cerca de 7% da potência instalada nos Estados Unidos, além de plantas em Portugal e Grécia. Complementam a lista de principais empresas com investimento em energia termossolar: Abengoa Solar, Pairan Eletronik, Tenaska Solar Venture, Cogentrix e Solar Systems. O bloco de potência das usinas heliotérmicas, ou termossolares, tem o mesmo princípio básico de funcionamento das usinas térmicas convencionais e podem ser caracterizadas por duas partes com funções distintas, a captação de irradiação solar e redirecionamento dessa irradiação para um determinado fluido específico e o processo termoelétrico, em que ocorre a geração de vapor que acionará as turbinas e os geradores. O Brasil domina essa tecnologia e possui parque industrial para atender o processo de conversão termoelétrico, comum aos demais tipos de usinas térmicas e com tecnologia consolidada em todo mundo. O processo solar-térmico ainda está em desenvolvimento no mundo e demanda grandes investimentos em parques industriais e tecnologia, principalmente para a produção de materiais capazes de trabalhar em altas temperaturas sem perder suas propriedades físico-químicas. Os países mais avançados na implantação dessas usinas são Estados Unidos e Espanha, principalmente por possuírem locais com bons níveis radiação e políticas de incentivo à energia solar. Ainda são objeto de pesquisa e desenvolvimento os tipos de usinas com concentradores Fresnel, concentradores em torre e pratos parabólicos.
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Indicadores 20
BM&F anidro pede passagem Uma notícia fez com que o mercado futuro de etanol ganhe um novo fôlego, a BM&FBovespa será a primeira no mundo a ofertar três contratos futuro do segmento sucroenergético, com lançamento de dois novos contratos. Anidro (com entrega física) e açúcar cristal liquidação financeira, atendendo a demanda do mercado. Essa medida deve elevar e muito a liquidez dos contratos futuros, que em 2012 ficou muito abaixo do esperado, segundo dados, somente representando 17% da produção de hidratado no país, contra 20% de 2011.
O volume médio mensal entre 2011 e 2012 foi de aproximadamente 190.000 m³ /mês, com picos de 300.000m³/mês. Janeiro já apresenta volume acima da média de 2012, com negociações diárias superiores a 30.000m³ em determinados pregões. Estes contratos devem trazer benefícios tanto para produtores como para distribuidores, pois varias operações podem ser realizadas, como hedge, arbitragem e contratos ex-pit. Segue o gráfico de volume do Etanol.
A expectativa é que a liquidez dos três contratos ecoflexinvestimentos.com.br, empresa focada em seja mais constante, dado o potencial do mercado operações de BMF com Etanol e Açúcar. A Ecoflex sucroenergético no Brasil. oferece aos seus clientes boletins diários com informações sobre o mercado físico e futuro de etanol, a Um dos contratos que vem chamando a atenfim de levar conhecimento estimulando o mercado. ção pela procura é o de Etanol Anidro com entrega física, distribuidoras, produtores e tradings O mercado físico de hidratado esse ano foi pouco faacreditam em benefícios na possibilidade de vorável com um recuo de vendas na casa de 11% nas precificar seus produtos na BMF e ainda poder vendas em relação ao ano passado. Esse é um dos entregar ou receber os mesmos. O movimento motivos também para pouca procura como forma de de anidro na BM&F está também estimulando precificação futura. Alguns fatores apontam como empresas estrangeiras, tradings que pretendem uma nova perspectiva para a retomada do mercado negociar o produto em bolsa e disponibilizar este futuro, um deles é o aumento da gasolina anunciado produto FOB SANTOS, para o mercado inter- pelo governo e a resolução 67 onde obriga as disnacional. Assim abrimos mais um canal de negó- tribuidoras a ter contrato volume de anidro equivacios possibilitando um olhar do mercado externo lente a 90% do utilizado no ano anterior. Outro é a para dentro do Brasil. volta da mistura para 25% na gasolina. Para a divulgação dos contratos, a BMF realizará eventos com empresas e formadores de opinião do ramo. Um dos principais eventos será realizado no Rio de Janeiro dia 25 de fevereiro em parceria com a Ecoflex Investimentos, www.
Aposta-se que agora com essas medidas o ano de 2013 será ótimo para as negociações futuras. Está previsto uma safra maior que a passada e com isso os produtores terão que se prevenir contra as oscilações de preço a e as possíveis intervenções do governo. Revista Ecoenergia - Jan/Fev | 21
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