Revista espirita 120

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EDITORIAL * Corrupção: a chaga de sempre Enganam-se os que supõem ser a corrupção a chaga do momento. A corrupção está presente, de variadas formas, em toda a história da humanidade. Não é triste privilégio de políticos. Ela está entre esportistas, artistas, religiosos, servidores públicos, profissionais liberais etc. O símbolo máximo de corrupção em todos os tempos está na traição de Jesus por Judas, no célebre episódio das 30 moedas de prata. Fala-se permanentemente em ação policial e condenação judicial, como se fossem as únicas vias de acesso à solução do problema. Mais um terrível engano! É evidente que a polícia e a justiça são mecanismos da harmonia social que precisam ser preservados e acionados, quando necessário. Embora a eficiência dessas instituições seja imprescindível à segurança e à paz das criaturas, elas não passam de instrumentos de repressão e punição. A humanidade não se apercebe, no primarismo espiritual em que se debate, que a verdadeira solução, inquestionavelmente, está na educação da alma. A alma modelada por princípios elevados que a conscientizam da existência de Deus e de sua eternidade, adquirindo profundas noções da lei de ação e reação, tornar-se-á honesta naturalmente, por compreender que a corrupção a qualquer título lhe será extremamente prejudicial, por gerar conseqüências dolorosas e desprazeres tão intensos que induzirão ao pavor e à fuga das más ações. O espírito embelezado por valores eternos e superiores será sempre um administrador dos bens divinos, um arauto da verdade. A sociedade cita sempre Paulo de Tarso, Francisco de Assis, Tereza D’Ávila, madre Teresa de Calcutá, Ghandi, Chico Xavier, como expressões de pureza comportamental esculpida pelo Cristo. Mas há milhares de exemplos anônimos que nos afirmam a certeza de que com tempo e idealismo chegaremos lá. Temos heróis morais nas fábricas, nas ruas, nas religiões, nos lares... cujos testemunhos só Deus assinala. Nós, espíritas, não podemos esquecer a lição imorredoura de Alcíone, contada em “Renúncia” pela dupla Emmanuel/Chico Xavier, quando, às portas da morte no cárcere, convoca Carlos Clenaghan à retomada dos compromissos com a vida: “Volta, Carlos!... Volta à pobreza, à simplicidade, ao esforço laborioso! Se for preciso, pede, de porta em porta, o pão do corpo”. Clenaghan, tão amado por Alcíone, insistia em ser símbolo de corrupção religiosa, fazendo do Cristo e do seu Evangelho meios de ódio e perseguição, ciúme e desonestidade, por não conseguir alcançar-lhe o sentido educativo do aprimoramento do caráter. * Republicação, a pedidos, do editorial da revista n.º 83, de janeiro/março de 1994. jul/dez

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O QUE FOI DITO

nos momentos finais

Martinho Lutero, reformador alemão, escapou milagrosamente da fogueira preparada para os “hereges”. Aos 63 anos, após curta enfermidade, faleceu em Eisleben, o pequeno povoado em que havia nascido. Com a mesma confiança com que desafiara a todo-poderosa Igreja de Roma, suplicou: “Pai, nas Tuas mãos entrego o meu espírito, pois tu me resgataste, ó Deus fiel”. Heinrich Heine, poeta e prosador alemão, a propósito do fato de morrer sem se confessar, declarou: “Deus vai me perdoar ... é a especialidade dEle”. “Senhor Jesus, recebe o meu espírito”, foi a súplica de John Rogers, queimado como herege em 1555. Theodore Roosevelt, duas vezes presidente dos Estados Unidos, Prêmio Nobel da Paz em 1906, em seus instantes finais, pediu: “Por favor, apague a luz”. Ao ser provocada pelo soldado, Joana de Cusa respondeu-lhe: “Jesus não só me ensinou a morrer, mas também a te amar”. Joaquim José da Silva Xavier, o mártir da independência, traído e preso, preocupava-se com o destino dos companheiros. “Se Deus me ouvisse, só eu morreria”, clamava Tiradentes. Seu pedido foi atendido, ele, tão-somente, fora escolhido para servir de exemplo aos conspiradores. Em meio à euforia com a notícia, ninguém se lembrou de agradecer-lhe pelo gesto heróico. Assim mesmo, Tiradentes murmurou: “Dez vidas eu daria, se as tivesse, para salvar as deles”. Estêvão, o primeiro mártir do Cristianismo, antes de morrer, pede a Jesus, que lhe aparecia à visão espiritual, o perdão para Saulo, responsável por sua morte: “Senhor, não lhe imputes este pecado”. Jesus, na angústia suprema da cruz, ao consumar o sacrifício em favor da humanidade, clamou em alta voz: “Pai, nas Tuas mãos entrego o meu Espírito!” E, dito isto, expirou.

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DESAFIO COTIDIANO Cada manhã é um novo desafio. A forma que o encaramos reflete nossa postura perante as leis divinas. Há os que despertam descontentes e contemplam as horas novas como uma carga, que deve ser transportada a qualquer custo. Outros olham o dia que surge e logo alçam o pensamento em fevorosa prece de gratidão, pela renovação da vida no planeta. Os primeiros são pessimistas, que ainda não aprenderam a perceber a vontade de Deus no transcorrer dos acontecimentos. Os segundos são os que se alicerçam na fé, cientes de que a vida deve ser vivida em plenitude. Para os primeiros, tudo transcorre mal. Se o ônibus atrasa, se a chuva os surpreende em plena rua, se a fila do caixa do banco está morosa, tudo é motivo de reclamação e desconforto. Abrem os jornais e conseguem somente destacar as manchetes ruins, desagradáveis, que falam de agressões, de desenprego, baixos salários, fugas ao dever, corrupção. Os segundos conseguem vislumbrar em todo transtorno uma oportunidade de servir. Assim, aproveitam o tempo para ler, enquanto aguardam na fila do ônibus ou do caixa. Ou então para um sorriso, um gesto de boa vontade. Ante a intempérie, agradecem a benção dos ventos, da água, do frio, reconhecendo-lhes o justo valor. Numa dessas manhãs, ouvimos a conversa de um senhor já idoso e que demonstrava pelos trajos, sua condição de dificuldade econômica. Falava do salário que ganhava, aliás, tomara a condução justamente para se dirigir ao banco, a fim de sacar o valor de sua aposentadoria por invalidez.

Raul Teixeira

Mostrava-se feliz. Não podia mais trabalhar, pela enfermidade que o incapacitara. Contudo, sentia-se feliz por estar andando com suas próprias pernas. Comentou sobre o atendimento médico e farmacêutico que busca sempre, dizendo-se satisfeito por o atenderem muito bem. Detalhou como conseguia sobreviver com o mísero salário, economizando, pesquisando preços, não se permitindo alguns produtos alimentares. E sorria, dando graças a Deus. Em verdade, observando aquele anônimo, fomos levados a cogitar acerca da forma com que estamos encarando nossos dias, nossos problemas, nosssa vida. Quantos possuem muito mais do que o idoso desconhecido e nada fazem além de reclamar? Sábios são os que, em meio à adversidade, conseguem elaborar preciosas lições de vida, modelos que podem ser seguidos pelos que têm olhos de ver e ouvidos de ouvir. A maior tristeza que pode se abater sobre a criatura, rotulando-a, fomentando desditas para o seu espírito, é o mau aproveitamento das oportunidades que lhe concede o Criador, para evoluir e brilhar. Meditemos sobre isso e cultivemos as alegrias de que necessitamos, nos nobres serviços do amor. Do espírito Rosângela, psicografia de Raul Teixeira, veiculado na “Gazeta do Povo” em 13/11/2005 pela Federação Espírita do Paraná - FEP. jul/dez

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Bezerra de Menezes

Pensamentos doutrinários III Da série publicada em O espírito à vida corporal, sujeito às PAÍS, no Rio de Janeiro, a partir mesmas condições em que faliu, para provar sua regeneração, de 1886. Neste número transcre- resistindo àquelas condições. Daí a necessidade das vemos excertos do artigo intitulado “Arrependimento, reencarnações para o progresso dos espíritos ainda falíveis. perdão e reparação”: Ou, mais apropriadamente, O arrependimento das faltas é, com efeito, condição indeclinável enquanto o geral dos homens, de salvação; mas ele só não basta mesmo ilustrados, crêem numa vida única, no inferno com penas eternas, para a salvação. A alma arrependida do mal na incomunicabilidade do mundo que faz, precisa limpar-se da mancha invisível com o visível, porque lhes que lhe deixou, e só depois de tê-lo ensinaram em nome de Deus e de Jesus Cristo, os mais feito, e de ter provado despidos de preconsua firme adesão ao ceitos aceitam e bem, é que pode ensinam a nova gozar o prêmio dos doutrina, que não é que não faliram, dos senão a explicação, que foram virtuosos. em espírito e verdade, Ao arrependa velha doutrina de dimento segue o Jesus, entendida pela perdão, que suspende Igreja segundo a letra, o castigo, mas a falta isto é, aceitam e pede reparação, e a verificam experimenalma, livre do castigo, talmente a pluralidade tem de fazer aquela de existências, as reparação para receBezerra de Menezes penas corretivas tember o prêmio. porárias, a comuA reparação de uma culpa só pode ter real valor, se nicação dos mortos com os vivos, a for feita nas mesmas condições em salvação universal, enfim. Pelo arrependimento, pelo que se deu a culpa; e, pois tendo esta tido lugar na vida corpórea, deve socorro das almas fraternais e do aquela ser efetuada na mesma vida, Médico das almas (Jesus), exatamente como os hebreus isto é, nas mesmas condições. Daí a necessidade, para a acreditavam, crêem os espíritas, reparação ou expiação, de voltar o baseados na nova revelação, que as 4

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almas culpadas, mediante maior ou menor número de existências, se encaminham progressivamente para Aquele que disse: “Eu sou o soberano bem”. E tem certeza de que Deus não condena nenhum de seus filhos, por toda a eternidade, mas que os pune para convertê-los ao bem, e para fazê-los progredir. Ao Deus cruel e vingativo, que a Igreja nos oferece, oferece-nos o Espiritismo um Deus de amor e de

misericórdia, que não castiga seus filhos maus, maus porque fazem mau uso de sua liberdade, senão para o bem deles. Ao quadro horrífico de torturas sem fim, que a Igreja expõe às vistas da humanidade, o Espiritismo expõe o de torturas e sofrimentos adaptados à gravidade da falta, porém extinguível desde que o pecador arrependa-se e procure o caminho da regeneração, pela prática do bem.

“Revista Internacional de Espiritismo” Fundada pelo inolvidável e combativo espírita Cairbar Schutel, em fevereiro de 1925, acaba de completar 80 anos de circulação ininterrupta. A RIE, como é chamada, circula em todo o país e em diversas outras nações levando a mensagem do Espiritismo de forma moderna e com excelente roupagem gráfica. Inspiradamente, antecipando-se aos fatos, colocou na 1.a capa do 1.º número uma foto do grande literato francês Victor Hugo. O inesquecível escritor, mais tarde, revelaria à médium brasileira, Yvonne Amaral Pereira, por meio de Frederico Chopin, compositor polonês, cujos despojos se encontram no cemitério do Pére La Chaise, em Paris, que ambos reencarnarão no Brasil, depois de 2000, com o compromisso de “moralizar e sublimar as artes”. Victor Hugo passou a granjear prestígio internacional aos 13 anos apenas, após conquistar o Prêmio de Literatura da cidade de Tolosa. Antes de desencarnar, tornouse adepto do Espiritismo.

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SER ESPÍRITA Jorge Hessen - DF

Toda convicção religiosa é importante, todavia, se buscamos a Doutrina Espírita, não podemos negar-lhe fidelidade1. Por inúmeras razões precisamos preservar a integridade doutrinária. Até porque, ante as funções educativas das crenças religiosas, explica Emmanuel: só a Doutrina Espírita permite-nos o livre exame, com o sentimento livre de compressões dogmáticas, para que a fé contemple a razão, face a face2. Se as religiões “preparam” as almas para punições e recompensas no além-túmulo, só os conceitos kardecianos elucidam que todos colheremos conforme a plantação que tenhamos lançado à vida, sem qualquer privilégio na justiça divina. A Doutrina codificada por Allan Kardec nos oferece a chave precisa para a verdadeira interpretação do Evangelho, por representar em si mesma a liberdade e o entendimento. Há quem interprete seja a Terceira Revelação obrigada a miscigenar-se com todas as peripécias aventureiras e com todos os exotismos religiosos, sob pena de fugir aos impositivos da fraternidade que veicula. Mas temos que acautelar-nos sobre esse lisonjeiro ecletismo, buscando dignificar a Doutrina que nos consola e liberta, vigiando-lhe a pureza e a simplicidade3 para que não colaboremos, sub-repticiamente, nos vícios da ignorância e nos crimes do pensamento. O legado da tolerância não se pode transfigurar na omissão da obrigatória advertência verbal ante às enxertias conceituais e práticas anômalas que alguns confrades intentam impor nas hostes do movimento doutrinário. Inobstante repelir as atitudes extremas, não devemos abrir mão da vigilância exigida pela pureza dos postulados espíritas e não hesitemos, quando a situação se impõe, no alerta sobre a fidelidade que devemos a Jesus e a Kardec. 6

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É importante não esquecermos que nas pequeninas concessões vamos descaracterizando o projeto da Terceira Revelação. É óbvio que a luta pela pureza e simplicidade doutrinária sem vivê-la é consolidar focos de perturbação, impondo normas para os outros, despreocupados da própria vigília. Destarte, para evitarmos determinadas práticas perfeitamente dispensáveis em nome do Espiritismo, entendamos que prática de fidelidade aos preceitos kardecianos é processo de aprendizagem com responsabilidade nas bases da dignidade cristã, sem quaisquer laivos de fanatismo, tendente a impossibilitar discussão sadia em torno de questões controversas, porém, não olvidemos que espírita deve ser o nosso caráter, ainda que nos sintamos em reajuste, depois da queda. Espírita deve ser a nossa conduta, ainda que estejamos em duras experiências. Espírita deve ser o nome do nosso nome, ainda que respiremos em aflitivos combates íntimos. Espírita deve ser o claro adjetivo de nossa instituição, ainda mesmo que, por isso, nos faltem as passageiras subvenções e honrarias terrestres4. E, ainda, Emmanuel admoesta: Doutrina Espírita quer dizer Doutrina do Cristo. E a Doutrina do Cristo é a doutrina do aperfeiçoamento moral em todos os mundos. Guarda-a, pois, na existência, como sendo a tua responsabilidade mais alta, porque dia virá em que serás naturalmente convidado a prestar-lhe contas5.

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Xavier, Francisco Cândido. “Religião dos Espíritos”, Emmanuel, Ed. FEB, 2003. 2 Idem 3 Idem 4 Idem, ibidem 5 Idem


“Se o Evangelho nas vossas mãos apenas tem a serventia dos livros profanos, que deleitam a alma e encantam o pensamento, quem vos poderá socorrer no momento dessa revolução planetária que já se faz sentir, que dará o domínio da Terra aos bons, preparados para o seu desenvolvimento, que ocasionará a transmigração dos obcecados e endurecidos para o mundo que lhes for próprio?” Allan Kardec Do livro “A Prece segundo o Evangelho” Trecho extraído das “Instruções de Allan Kardec aos Espíritas do Brasil”.

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O Homem e a Mulher

Victor Hugo

O homem é a mais elevada das criaturas, a mulher é o mais sublime dos ideais. Deus fez para o homem um trono, para a mulher um altar: o trono exalta e o altar santifica. O homem é cérebro, a mulher é coração: o cérebro produz a luz, o coração produz o amor. A luz fecunda, o amor ressuscita. O homem é o gênio, a mulher é o anjo: o gênio é imaculável, o anjo é indefinível. A aspiração do homem é a suprema glória, a aspiração da mulher é a virtude extrema: a glória promove a grandeza, a virtude a divindade. O homem tem a supremacia, a mulher a preferência: a supremacia significa a força, a preferência representa o direito. O homem é forte pela razão, a mulher é invencível pelas lágrimas: a razão convence, as lágrimas comovem. O homem é capaz de todos os heroísmos, a mulher de todos os martírios: o heroísmo nobilita, o martírio purifica. O homem é um código, a mulher um evangelho: o código corrige, o evangelho aperfeiçoa. O homem é um templo, a mulher é um sacrário: ante o templo nos descobrimos, ante o sacrário nos ajoelhamos. O mais conhecido de O homem pensa, a mulher sonha: pensar é ter uma láurea no cérebro, sonhar é todos os escritores franceses, Victor Hugo, declarou-se adepto ter na fronte uma auréola. das verdades espíritas. O homem é o oceano, a mulher é o lago: Por meio das mesas o oceano tem a pérola que adorna, o lago a girantes, obteve dos espíritos respostas para seus conflitos, poesia que deslumbra. O homem é a águia que voa, a mulher é como narra em seu texto o rouxinol que canta: voar é dominar o espaço, publicado em 18 de setembro de 1854, na obra de autoria de cantar é conquistar a alma. Raymond Escholier, com o título O homem tem um fanal: a consciência, “A Vida Gloriosa de Victor Hugo”. a mulher uma estrela: a esperança. O fanal Sua página “O Homem e a Mulher” é considerada no guia, a esperança salva. Enfim, o homem está colocado onde Brasil o mais belo dos seus escritos. termina a terra, a mulher onde começa o céu. 8

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Joanna de Ângelis responde Do livro “Aprendendo a Viver”, Joanna de Ângelis/Divaldo Franco (Organizado por José Maria M. de Souza)

Pergunta 109: Dizem que suicidas não são apenas aqueles que acabam com a própria vida. Existem circunstâncias que provocam o chamado “suicídio indireto”?

Resposta: Defrontas os problemas que se manifestam no teu dia-a-dia entre a irritação e o desespero, estabelecendo matrizes de aflições que te conduzirão ao auto-aniquilamento. Suicida não é somente aquele que, acionado pelo desconcerto da emotividade, se arroja no despenhadeiro da autodestruição física. Esta melancolia que te busca os painéis da mente, tecendo as malhas da depressão, é sinal de alarme que não podes desconsiderar. Essa aflição que se agiganta, dominando-te o equipamento nervoso, convida-te a uma mudança de atitude, que não deves postergar. Isto que te consome, desaparecendo e ressurgindo em roupagens de configuração nova, é desafio que deves enfrentar com estoicismo, para saíres da desarmonia. Mil pequenas injunções contra a tua saúde emocional e mental, que deves rechaçar antes que sejas colhido pelo infortúnio da desencarnação injustificável e precipitada. jul/dez

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FÉ REPRESENTA VISÃO Rogério Coelho - MG O tempo da fé cega e lubrificantes em nossa equipagem improdutiva já passou. O Espiritismo, cotidiana de trabalho. Jesus trabalhou incessantemente, revivescendo em “espírito e verdade” o Evangelho de Jesus, traz toda uma e aceitar o seu estilo de vida é nova dinâmica comportamental reestruturar o destino e santificar o coerente com as noções de trabalho espírito, aclimatando-nos ao serviço que Ele sempre lecionou que compete a cada um de nós. exemplificando. Escrevendo aos Coríntios (I Cor., Portanto, a questão da fé deve 15:58), Paulo de Tarso, o inolvidável vir acoplada a um dinamismo produtivo bandeirante da Boa Nova, lembrou-lhes na lavoura do bem, conforme podemos a firmeza e a constância que devem deduzir, também, da assertiva estar sempre presentes e abundantes na obra do Senhor. messiânica: (João, 5:17) E Emmanuel, adver“Meu Pai trabalha até “Visão é te: Agir ajudando, criar hoje, e eu também”. Antes, abraçar a fé conhecimento e alegria, concórdia e era confiar-se a êxtase esperanças, abrir novos capacidade de horizontes ao conheciinócuo, em isolacionismo coberto de mistérios, mento superior e melhorar auxiliar.” entre vigílias de adoração; a vida, onde estivermos, é Emmanuel agora, nas hostes espio apostolado de quantos se devotaram à Boa Nova. ritistas, “fé representa Procuremos as visão e visão é conheáguas vivas da prece para cimento e capacidade lenir o coração, mas não de auxiliar”. nos esqueçamos de O espírita-cristão é acionar os nossos sentialguém que já penetrou a “terra espiritual da mentos, raciocínios e verdade” e encontrou no braços, no progresso e trabalho a graça maior, a aperfeiçoamento de nós bênção para sua vida. mesmos, de todos e de Naturalmente, que a exemplo de tudo, compreendendo que Jesus Jesus e seus discípulos, os cristãos reclama obreiros diligentes para a novos não dispensarão a oração e a edificação de seu Reino em toda a meditação, a fim de terem restauradas Terra1. as próprias forças nas correntes superiores dos divinos mananciais. 1 Não obstante, a prece e a Emmanuel/Xavier, F. C. in “Fonte Viva”reflexão devem constituir-se, também, Capítulo - 69.

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Nas crises

Emmanuel

Estarás talvez diante Presença de de algum problema que te Psicografia F. C. Xavier parece positivamente insolúvel. Não acredites que a fuga te possa auxiliar. Pensa nas reservas de força que jazem dentro de ti e aceita as dificuldades como se apresentem. Não abandones a tua possibilidade de trabalhar e continua fiel aos próprios deveres. Assume as responsabilidades que te dizem respeito. Evite comentar os aspectos negativos da provação que atravesses. Ora – mas ora com sinceridade – pedindo a proteção de Deus em favor de todas as pessoas envolvidas no assunto que te preocupa, sejam elas quem sejam. Se existem ofensores no campo das inquietações em que, porventura, te vejas, perdoa e esquece qualquer tipo de agressão de que hajas sido objeto. Esforça-te por estabelecer a tranqüilidade em tuas áreas de ação, sem considerar sacrifícios pessoais que serão sempre pequenos, por maiores te pareçam, na hipótese de serem realmente o preço da paz de que necessitas. Se nenhuma iniciativa de tua parte é capaz de resolver o problema em foco, nunca recorras à violência, mas sim, continua trabalhando e entrega-te a Deus. jul/dez

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Bittencourt Sampaio O benfeitor esquecido Nascido em Sergipe no dia 1.º de fevereiro de 1834 e desencarnado no Rio de Janeiro a 10 de outubro de 1895, Francisco Leite de Bittencourt Sampaio foi um dos mais notáveis pioneiros da implantação do Espiritismo no Brasil. Quase que totalmente esquecido no movimento espírita, continua, das esferas superiores, a prestar inestimável serviço à causa de Ismael (governador espiritual do Brasil). Em “Grandes Espíritas do Brasil”, Zêus Wantuil relaciona as vocações de Bittencourt Sampaio: “Foi jurisconsulto, magistrado, político, alto funcionário público, jornalista, literato, renomado poeta lírico e excelente médium espírita”. Sabe-se que, por algum tempo, nomeado pelo imperador D. Pedro II, governou a província do Espírito Santo e, ao lado do famoso Quintino Bocayuva, assinou manifesto e lutou pela proclamação da República em nosso país. Em “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho” de Humberto de Campos, psicografado por Chico Xavier, temos este elucidativo texto: “Os mensageiros de Ismael, triunfando da discórdia que destruía o grande núcleo nascente, fundavam sobre ele, em 1876, a ‘Sociedade de Estudos Espíritas Deus, Cristo e Caridade’, sob a direção esclarecida de Francisco Leite de Bittencourt Sampaio, grande discípulo do emissário de Jesus que, juntamente com Bezerra, tivera a sua tarefa previamente determinada no Alto. A ele se reuniu Antônio Luís Sayão, em 1878, para as grandes vitórias do Evangelho nas terras do Cruzeiro. O trabalho maléfico das trevas, no plano invisível, é arrojado e perseverante. No seio desse redil de almas humildes e simples, esclarecidas à luz dos princípios cristãos, onde militavam espíritas lúcidos e sábios como Bittencourt Sampaio, que abandonara os fulgores enganosos da sua elevada posição na literatura e na política para se apegar às claridades do ideal cristão...”. Mas, quem melhor evidencia a formação e o caráter primoroso deste evangelizador condutor de consciências é o Irmão Jacob (pseudônimo de Frederico Figner) em seu livro “Voltei”, também da lavra psicográfica de Chico Xavier, quando descreve sua chegada em um templo numa cidade espiritual próxima à crosta terrestre: “Guillon e os outros me fitavam com lágrimas, e contemplando a estrela que começava, quase imperceptivelmente, a tomar forma humana, gritei, em pranto, que eu não era digno daquelas manifestações de apreço e nem merecia a visita divina que principiava a revelar-se...”. “Entre o êxtase e o assombro, notei que a estrela se transformava lentamente. Da nebulosa radiante alguém se destacou, nítido e reconhecível para mim. Era o magnânimo Bittencourt Sampaio, cuja expressão resplandecente constituía o que imagino num ser angélico. Cercavam-no vastas auréolas rutilantes. Surpreendido e envergonhado, busquei recuar, mas não consegui. Tentei ajoelharme, mas Guillon sustentou-me nos braços. 12

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Conselho Editorial

Sem gestos convencionais, sem qualquer atitude que denotasse afetação, saudou a assembléia e encaminhou-se para mim, pronunciando frases que eu não merecia...” Em “Recordações da Mediunidade”, de Yvonne A. Pereira, a médium relata um sonho premonitório, com o amorável benfeitor: “... A meu lado percebi uma entidade elevada, que reconheci como sendo Bittencourt Sampaio, envolta em túnica romana vaporosa e lucilante, e coroada de louros, como os antigos intelectuais romanos e gregos. E ele dizia: ‘- Será necessário que atravesses... É o único recurso que tens... Serás auxiliada...’. Pus-me a chorar, desencorajada, pois, se ensaiava entrar na ponte, esta oscilava com o meu peso. Ele, Bittencourt Sampaio, tomou do meu braço, amparando-me e repetiu: ‘- Vamos, sem temor! Tudo consegue aquele que quer! Não sabes que a fé transporta montanhas? Serás ajudada, confia?’. Assim amparada, atravessei a ponte, timidamente, desfeita em lágrimas, enquanto as águas rugiam embaixo, ameaçando tragá-la e também a mim. Em chegando ao lado oposto, lembro-me ainda de que o grande amigo repetiu o aviso do futuro...: ‘- É o único recurso que terás para poder vencer: Dedicar-se ao Evangelho do Cristo de Deus, à Doutrina dos Espíritos. Nada esperes do mundo, porque o mundo nada terá para te conceder. És espírito culpado, a quem a clemência do Céu estende a mão para se poder reerguer do opróbrio do pretérito. Não conhecerás o matrimônio, não possuirás um lar, e espinhos e lutas se acumularão sob teus passos... Mas, unida a Jesus e à Verdade, obterás forças e tranqüilidade para tudo suportar e vencer...’. Com efeito, a premonição realizou-se integralmente, dia-a-dia, minuto a minuto, minha existência há sido travessia constante sobre um caudal de dores que o Consolador amparou e fortaleceu”. Bittencourt Sampaio escreveu “A Divina Epopéia” e, após a morte, pela psicografia do médium Frederico Júnior, trouxe-nos “Jesus perante a Cristandade”, “De Jesus para as Crianças” e “Do Calvário ao Apocalipse”. Numa mensagem recebida por Francisco Candido Xavier, em 1936, e praticamente inédita, intitulada “A Obra do Evangelho”, Bittencourt repreende os espíritas que superestimam os aspectos científicos do Espiritismo em detrimento de seu conteúdo moral. Vale a pena a sua leitura:

A Obra do Evangelho Muitos daqueles que se entregam atualmente aos postulados científicos do Espiritismo condenam os estudiosos das ilações de ordem moral e religiosa, às quais a Doutrina inevitavelmente conduz as suas expressões fenomênicas, demonstrando as realidades espirituais. Mesmo aqui no Brasil, onde Ismael fixou as bases luminosas do seu programa, observam-se movimentos sub-reptícios, tendentes a nulificar a ação do Evangelho, eliminando as feições religiosas e consoladoras da Doutrina. jul/dez

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Conselho Editorial

Que se crie uma ciência nova sobre a argamassa dos fenômenos espíritas, que se amplie a metapsíquica, com os seus compêndios de complicada terminologia, é natural; mas que se olvide que o moderno Espiritismo tem de ser a confirmação do Cristianismo, em sua primitiva pureza, restaurando as forças coletivas para a prática do bem, é inadmissível. As ciências terrenas têm um valor sobremaneira relativo diante das leis transcendentes que regem o mecanismo dos destinos. O homem físico tem atingido a cumeadas evolutivas; mas o homem moral se ressente de graves lacunas e grandes defeitos. Para o primeiro, a Terra está cheia de novas comodidades e de eficazes tratamentos. Para o segundo, porém, só existe um caminho de progresso – o do instituto cristão. Na compreensão exata do Evangelho está hoje guardada a solução de todas as crises que assoberbam os humanos. O critério de civilização ou de cultura, sob o ponto de vista mundano, não resolve os sérios enigmas que preocupam a mentalidade geral, porquanto, moralmente falando, o homem está de necessidades. A mensagem do Cristo, ainda hoje, é obscura e desconhecida no ambiente de quase todas as nacionalidades, não obstante as igrejas de todos os matizes, isoladas dos verdadeiros característicos do Cristianismo. Muitos povos esperam ainda a palavra do Mestre, para que se aproximem as suas leis do código da fraternidade e do amor. No domínio das coisas espirituais, o homem ainda oscila entre a civilização e a barbaria. Daí se infere a necessidade de se esclarecer o entendimento humano, no que se refere aos seus deveres divinos. Todos os programas dos ideais espirituais têm de se basear na melhoria do homem. O Espiritismo terá de reviver o Cristianismo ou terá de perecer; as suas questões científicas são acessórios necessários à sua evolução como doutrina, mas não significam a sua vitalidade essencial. Os que malsinam a obra evangélica, tachando-a de inútil e descabida, não aprenderam as grandes verdades da vida, despidos do senso das realidades atuais. É necessário que os espíritas se convençam de que toda a obra doutrinária, sem o concurso da parte moral do Espiritismo, passará como meteoro. Se nas vossas atividades consuetudinárias tendes visto fracassarem inúmeras edificações, rotuladas com a nossa fé consoladora, semelhantes desastres são o fruto de injustificáveis irreflexões. Antes de criar, os espíritas conscientes dos seus deveres de fraternidade, de humildade e de amor, tendes levantado as obras espíritas, vazias das consciências esclarecidas, inaptas a orientá-las no labirinto das atividades modernas. Criar instituições, sem afinar as mentes que as nortearão nos ambientes da coletividade, de acordo com os seus objetivos sagrados, é meio caminho andado para a sua própria falência. Convencei-vos de que a atualidade necessita do esforço comum de todos, à sombra da bandeira da tolerância e da unificação, para que se dissemine a lição do Evangelho em todo o planeta. Antes dos cérebros, faz-se mister iluminar-se os corações. O Espiritismo marchará com Cristo ou se desviará de suas finalidades sagradas. Ou os homens realizam o Evangelho ou a sua civilização terá de desaparecer. 14

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Frases que merecem MEDITAÇÃO

(Extraídas da obra “Obreiros da Vida Eterna”, de autoria de André Luiz e psicografia de Chico Xavier.) “Arabescos de ouro sobre “À noite, as árvores a areia do Saara não tornariam floridas assemelham-se a o deserto menos árido.” formosos lampadários, porque as flores maravilhosas retêm o luar divino.” “Fui compreendendo, por minha vez, pouco a pouco, a importância do desapego às “Reconheci que a prece emoções inferiores para os é talvez o poder homens e mulheres máximo conferido pelo encarnados na crosta.” Criador à criatura!” “O velho egoísmo “Os espíritos que se humano é criador de cárceres esforçam na aquisição da tenebrosos.” luz divina, através do serviço persistente na própria iluminação, conquistam “Os suicidas costumam sentir, durante longo tempo, a o intercâmbio direto com instrutores aflição das células violentamente mais sábios.” aniquiladas, enquanto os viciados experimentam tremenda “Muitos devotos procuram inquietação pelo desejo os templos como os negociantes insatisfeito.” buscam os mercados.” “O corpo astral é “O médico do futuro organização viva, tão viva aprenderá que todo remédio quanto o aparelho fisiológico está saturado de energias em que vivemos no eletromagnéticas em plano carnal.” seu raio de ação.”

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Atualidade do pensamento espírita (Vianna de Carvalho/Divaldo P. Franco)

Quais serão as condições de vida de um mundo mais populoso? O desenvolvimento tecnológico e científico da humanidade evitará uma superpopulação danosa ao equilíbrio moral, social e espiritual do planeta terrestre, criando condições éticas e nobres para o planejamento familiar responsável, quando o homem e a mulher compreenderem as funções reais do sexo e os objetivos existenciais dentro de padrões dignificadores. Podemos adir que o número de espíritos reencarnados na Terra não representa a capacidade que o planeta possui, que é a de albergar mais de 20 bilhões que aguardam oportunidade, e se lhe encontram vinculados. As mudanças que se operarão na sociedade, no que diz respeito à éticamoral, facultarão que outros tantos bilhões de espíritos possam reencarnar sem qualquer prejuízo para a economia social do planeta, porque então, o egoísmo, a indiferença de milhões de criaturas cederão lugar à justiça, à fraternidade e ao amor, fazendo que os povos ricos ofereçam solidariedade aos mais pobres, e que recursos tecnológicos valiosos sejam aplicados para aproveitamento das áreas inóspitas e áridas – desertos e geleiras – retirando-se alimento dos oceanos e das terras reaproveitadas, bem como nutrindo-se os vegetais diretamente do oxigênio do ar, superando a poluição destruidora que a criatura gananciosa tem produzido na atmosfera e na

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camada de ozônio que envolvem o planeta. Traços biográficos do autor espiritual

MANOEL VIANNA DE CARVALHO Vianna da Carvalho (10/12/1874 – 13/10/1926), nascido em Icó, Ceará, foi engenheiro militar, tornando-se espírita com menos de 20 anos. Face às atividades profissionais, viajou por todo o Brasil, possibilitando fundar vários núcleos espíritas em muitas cidades de estados brasileiros. Logo destacou-se como um dos maiores tribunos espíritas do Brasil, além de escrever muitos artigos e fundar periódicos espiritistas. Foi um dos primeiros batalhadores pela unificação dos grupos espíritas e pela criação de escolas de moral cristã para as crianças, nas casas espíritas. Desencarnou a bordo do navio a vapor Íris, em águas da Bahia. Logo no início da mediunidade de Divaldo, Vianna passou a inspirá-lo na tarefa de oratória, tendo também escrito através dele quatro livros: “À Luz do Espiritismo”, “Enfoques Espíritas”, “Médiuns e Mediunidades” e “Reflexões Espíritas”, todos pela Editora LEAL/BA, com mais de 100.000 exemplares vendidos.


Tribuna LIVRE Pergunta: Fiquei impressionada com o texto “Espíritas bolivianos dão exemplo de consciência doutrinária” publicado no n.º 119 de O ESPÍRITA, e com a resposta dada por Divaldo Franco contra a cobrança de taxas em eventos espíritas. Gostaria que publicassem o texto em que Chico adverte contra os riscos da elitização, que teria sido publicado na obra “Encontros no Tempo”.

Resposta: Aproveitamos para corrigir a falha na edição supracitada. A autoria da obra é de Hércio M. C. Arantes. Quem formulou a questão foi Jarbas Leone Varanda, de Uberaba, como se pode verificar no texto a seguir.

O ESPÍRITA responde os companheiros, mas sobretudo aos espíritas mais humildes social e intelectualmente falando e deles nos aproximarmos com real espírito de compreensão e fraternidade. Se não nos precavermos, daqui a pouco estaremos em nossas casas espíritas apenas falando e explicando o Evangelho de Cristo às pessoas laureadas por títulos acadêmicos ou intelectuais e confrades de posição social mais elevada. Mais do que justo evitarmos isso (repetiu várias vezes), a ‘elitização’ no Espiritismo, isto é, a formação do ‘espírito de cúpula’, com evocação de infalibilidade, em nossas organizações”. (Em “Encontros no Tempo”, Hércio M. C. Arantes)

Considerações: O problema da elitização Chico Xavier responde ao Dr. Jarbas Leone Varanda: “Jarbas, amigo, precisamos conversar desapaixonadamente sobre o nosso movimento. É preciso que nós, os espíritas, compreendamos que não podemos nos distanciar do povo. É preciso fugir da tendência à ‘elitização’ no seio do movimento espírita. É necessário que os dirigentes espíritas, principalmente os ligados aos órgãos unificadores, compreendam e sintam que o Espiritismo veio para o povo e com ele dialogar. É indispensável que estudemos a Doutrina Espírita junto com as massas, que amemos a todos

Chico Xavier não se refere diretamente à cobrança de taxas, como o fez Divaldo Franco. O sentimento está implícito. Como levar o conhecimento espírita às massas mais humildes se há o constrangimento das taxas de inscrição num país como o nosso, de desemprego, subemprego e salários indignos? Fala-se em gratuidade para os que não podem pagar. É uma falácia. Além de ser humilhante e sem sentido, ter que se declarar impossibilitado, o interessado terá de provar. Imaginem uma comissão de espíritas julgando atestados de pobreza! jul/dez

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Jesus e os homens

Meu irmão! Ninguém que a Ele se comparasse... Homem Ideal, veio ter conosco e nunca nos abandonou. Antes dEle, a Terra recebeu a presença dos grandes construtores de impérios, dos demolidores de civilizações... Passaram Alexandre Magno, da Macedônia, Aníbal, o Cartaginês, Xerxes, o Persa, Cipião, o Africano... Esmagaram impérios! Ergueram civilizações! Enquanto os seus carros triunfantes transitavam, a ovação dos que os homenageavam não conseguia abafar o soluço das vítimas inermes, as lágrimas dos órfãos, a dor dos velhinhos em desvalimento e o desprezo pelos cadáveres insepultos... Depois deles, outros guerreiros vieram à Terra. O mundo conheceu Átila, o Huno, Alarico, o Visigodo, Gêngis Khan e os grandes cabos-de-guerra, os técnicos da estratégia militar... Todos eles elegeram os triunfos nos impérios transitórios, que agora esboroaram as ilusões: pedras acumuladas, capitéis famosos quebrados, túmulos abertos, em cuja sombra o vento canta, as serpentes fazem ninhos e as aves agourentas entoam sua melopéia triste. Ele veio e ficou! Nascendo numa estrebaria modesta, transformou o local dos animais em um berço de luz. Esteve transitoriamente entre os homens e nunca destes se apartou. Ninguém igual a Jesus! Lembra-te de Jesus, meu amigo, em todos os dias da tua vida. Seus feitos são maiores do que as Suas palavras. Os Seus silêncios são mais profundos e eloqüentes do que os Seus discursos. Os Seus não-feitos são mais notáveis do que todas as realizações da História. Não foi compreendido; mas compreendeu. Não foi amado; porém amou. 18

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Mensagem de Natal.......................................................................................................................................

Percorreu, no máximo, quatrocentos quilômetros a pé. Sua voz, no entanto, alcançou a história da humanidade desde o dia em que saiu a ensinar. É verdade que foi pregado numa cruz. Ao sê-lO, transformou o instrumento de misérias em duas asas que se alçaram às cumeadas da glória. Considerado morto, injuriado, olvidado e a sós, é, até hoje, o símbolo do triunfador não conquistado. Consola a humanidade há dois mil anos. Nenhum labéu. Nenhuma queixa. Jesus é a ponte de união entre a Terra e os Céus. É o apelo vivo para que se superem todas as dores e angústias. Lembra-te dEle, no momento tremendo de tuas aflições e dialoga com Ele no silêncio das tuas mágoas. Quiçá, não o escutarás pela acústica exterior; todavia, terás certeza de que Ele te falará intimamente. Não é apenas um símbolo histórico! É a história da humanidade, dividida em duas épocas: Antes dEle e depois dEle. Nos instantes do teu triunfo, lembra-te também de Jesus. Sejam quais forem as circunstâncias, Ele estará contigo. E agora, neste Natal, em que a Terra, aturdida e violenta, espera por filosofias imediatistas e soluções impossíveis, deixa que Ele nasça no ádito do teu coração. Se Ele já nasceu, permite que volte a nascer outra vez e que se transforme na Sua carta viva, eloqüente e bela, para atender as lágrimas e as dores do mundo, anunciando a alvorada de bênçãos, a que Ele se reporta, no dia triunfante da humanidade melhor. Lembra-te de Jesus e sê feliz, meu amigo.

Extraída da obra “Compromissos Iluminativos”, de autoria de Bezerra de Menezes e psicografia de Divaldo Franco.

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Curiosidades

doutrinárias 1) A obra “O Consolador”, de autoria de Emmanuel, psicografada por Chico Xavier, surgiu por proposta de um espírito desencarnado. Pediu que os membros do grupo espírita “Luiz Gonzaga”, de Pedro Leopoldo/MG, fizessem perguntas ao lúcido benfeitor Emmanuel. A 2.ª Guerra Mundial havia começado meses antes. O mundo estava perplexo com as atrocidades nos campos de batalha. O livro veio à luz em 1940. Na sua terceira parte estão as elucidações espirituais para os mistérios da vida. O amor, o perdão, a fraternidade e a fé surgem com uma visão extraordinariamente nova e arrebatadora. 2) Em 1908, Leão Tolstoi, um dos mais célebres escritores russos, autor de “Guerra e Paz”, “Ana Karenina” e “Ressurreição”, em entrevista ao jornal francês Le Matin surpreendeu o mundo ao declarar sua crença na reencarnação, afirmando: “À semelhança dos milhares de sonhos que vivemos nesta vida, a existência atual é uma das milhares de existências em que entramos e das quais saímos, rumo à vida mais real e autêntica que nos aguarda após a morte”. 3) No livro “Paulo e Estêvão”, da lavra de Emmanuel/Chico Xavier, há a revelação de que Paulo de Tarso, o incomparável pregador do Evangelho, morreu degolado em Roma, na Via Ápia, próxima ao cemitério dos antigos romanos. 20

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Capa do livro “Paulo e Estêvão”

Imediatamente, já na espiritualidade, ajoelhou-se elevando fervorosa súplica a Jesus. Com os olhos inchados de pranto, lembrou-se do passado sombrio. Desenhou-se, então, na tela do infinito, um quadro de indescritível beleza: Jesus em profusão de luz vinha ladeado por Estêvão, morto por ele, e Abigail, irmã de Estêvão, que fora sua noiva na Terra e morrera tuberculosa. O Mestre sorriu, indulgente e carinhoso, e falou: “Sim, Paulo, sê feliz. Vem agora aos meus braços. Pois é da vontade de meu Pai que os verdugos e os mártires se reúnam, para sempre, em meu Reino”. 4) Estêvão foi o primeiro mártir do Cristianismo e o mais amoroso e completo orador cristão de todos os tempos. Sem ele, diz-nos Emmanuel, não teríamos o grande apóstolo Paulo de Tarso, que se converteu diante dos exemplos de humildade, energia espiritual e profundo conhecimento da vida e do Evangelho, do abnegado filho de Corinto.


Notícias comentadas Tráfico fatura US$ 322 bilhões por ano no mundo O comércio de drogas ilícitas fatura no mundo US$ 321,6 bilhões ao ano e atende 200 milhões de usuários, ou 5% da população mundial entre 15 e 64 anos, diz relatório da ONU. Do total faturado, 71% ficam com os vendedores finais, 25% com o atacado e 4% com os produtores; 76% do lucro é gerado em países ricos. “Folha de São Paulo” - 30/6/2005 Juntando-se os mais de 300 bilhões de dólares gastos com drogas, com cerca de 1 trilhão de dólares comercializados em armas todos os anos, 500 milhões de empregos poderiam ser gerados e mantidos por 10 anos. Em um ano, esse mesmo montante poderia construir todas as escolas que faltam ao mundo. Em outro ano, os hospitais e assim, sucessivamente, as casas populares, as estradas... levando-nos a crer que em 10 anos, no máximo, todos os problemas materiais da humanidade estariam resolvidos. Enfim, não nos falta nada. Só justiça! Deus nos deu tudo, o ser humano é que não sabe aplicar. Autor de Sherlock Holmes matou colega escritor? O governo britânico autorizou a exumação do escritor Fletcher Robinson (1852-1907). Quer verificar se Robinson teve uma morte natural, como se supõe, ou foi envenenado pelo colega Conan Doyle (foto), o genial criador de Sherlock Holmes. Doyle teria lhe roubado os manuscritos de O Cão dos Baskerville. Revista “Isto É” – n.º 1868 de 2005 Quais as razões que levaram a esse procedimento, passado mais de 1 século? Como explicar tal fato, absolutamente inédito na história da literatura mundial? Arthur Conan Doyle foi considerado o “Paulo de Tarso do Espiritismo inglês”. Percorreu muitos países, escreveu livros, artigos, fez um número incontável de palestras. Jamais mediu esforços no ardor de sua fé. É o maior símbolo do Espiritismo na Inglaterra, ainda hoje. Sua vida e sua obra são referências obrigatórias no estudo da Nova Fé. O interesse pela Doutrina nas ilhas britânicas vem, paulatinamente, ganhando força e espaço incomodando os líderes de outras religiões. Atingir a imagem de Conan Doyle, sem que ele possa se defender, é negar a tutela da honra, princípio comezinho do Direito. Nós, espíritas, que conhecemos as tramas das trevas organizadas contra a divulgação da luz, sabemos qual é a verdadeira origem do ataque.

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do

r o ed n te n a m go i am

Foi com gratificante surpresa que recebemos um volume expressivo de correspondências. Dezenas de cartas e e-mails referindo-se positivamente ao trabalho de O ESPÍRITA, cujos resultados nos honra dividir com aqueles que colaboraram e colaboram divulgando nossa amada Doutrina. Abaixo transcrevemos algumas mensagens de estímulo recebidas.

“...li e adorei. Estava estressada e agora me sinto mais feliz, mais iluminada. Gostaria de receber essa benção em minha casa.” Ângela Maria / Maracanau - CE

“Tenho tido acesso a revista O ESPÍRITA, num momento bastante delicado em minha vida, interessei-me em lê-la e gostei muito dos assuntos tratados.” Maria Ângela / Florianópolis - SC

“Estão de parabéns pela excelente publicação da revista.” Ezequiel / Niterói - RJ

“Aproveito a oportunidade para reiterar o meu pedido de continuar recebendo a revista O ESPÍRITA, cuja leitura é para mim muito preciosa. Quero, também, cumprimentar os editores por essa nova fase cuja diagramação está em alto estilo.” Rita / Rio de Janeiro - RJ

“Parabéns pelo retorno de O ESPÍRITA. Se faz silêncio a verdade, como sabermos distinguir dela a impostura?”

“Meus profundos cumprimentos e felicitações pelo brilhantismo com que é editado esse precioso órgão de nossa comunicação espírita.”

Divaldo Franco / Salvador - BA

Marelson / Taguatinga - DF

Nosso comentário:

“...a mim parece ser de muito bom gosto e incentivadora das verdades e ideais maiores!”

É isso! O que será da verdade se não tivermos coragem de mostrá-la? A verdade doutrinária, incontestável, que implode interesses pessoais e escusos, será sempre inspirada na linha de ação do nobre Allan Kardec.

Diego / E-mail

“Continuem trabalhando no bem.” Luis / São Paulo - SP

“Ao Conselho Editorial os nossos cumprimentos. Estão de parabéns pela bela edição da revista.”

“Gostaria de parabenizar pela nova edição da revista O ESPÍRITA, pois a mesma veio com uma roupagem ótima, como também o conteúdo.”

Hélio / Belo Horizonte - MG

Roberto / Aracati - CE

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Carta ao atual e futuro

ASSINANTE MANTENEDOR Querido(a) irmão(ã), A revista O ESPÍRITA, fundada em 3 de outubro de 1978, jamais deixou de circular em seus 27 anos de existência. Sempre com muito sacrifício, levou para todo o Brasil a mensagem consoladora do Espiritismo Cristão, com a pureza e a beleza propostas por nossos benfeitores sob a égide do Cristo. Em sua nova fase, tem como sociedade mantenedora o Centro Espírita Fonte de Esperança, que atua há mais de 20 anos no campo da divulgação doutrinária e da assistência social. Cabe colocar, que grande número de casas espíritas carentes, mormente no interior, onde há enorme falta de material de divulgação, está recebendo gratuitamente O ESPÍRITA. Por esta razão, solicitamos à sua nobre consciência, que contribua anualmente com um valor sugerido de R$ 10,00 (dez reais), ou mediante colaboração espontânea acima deste valor, para que possamos custear a edição da revista, a postagem dos exemplares que serão remetidos em seu nome e a distribuição gratuita a instituições espíritas. Ao enviar sua parcela de contribuição, você estará viabilizando a continuação deste trabalho e apoiando os redatores, que lutam com denodo para manterem erguida a bandeira da Nova Fé, e que arcam com os custos desta produção, sem nada receber pelos serviços prestados. Aproveitamos a oportunidade para requerer ao antigo assinante que nos envie, obrigatoriamente, para continuar recebendo a revista, seus dados, a fim de realizar recadastramento necessário à nova fase que se inicia, evitando desperdícios, com eventuais extravios. Que não nos falte a sensibilidade espiritualizada, entendendo que a luta pela vitória do bem é da responsabilidade de todos. Temos certeza de que o Senhor Jesus o(a) recompensará em sua misericórdia, por manter acesa a chama de nossos ideais.

Contribua com a divulgação da Doutrina Espírita. Preencha o formulário no verso, atualize seus dados. Recadastre-se e continue a receber O ESPÍRITA. Conselho Editorial jul/dez

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Ajude a divulgar o Espiritismo!

Revista

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Ano XXVII

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