Templo Ecumênico

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TEMPLO

ECUMÊNICO FERNANDA ALVES FONTES



TEMPLO ECUMÊNICO

ARQUITETURA RELIGIOSA ARQUITETURA E URBANISMO ESTÁCIO UNISEB - Ribeirão Preto TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO TFG 2018.

ORIENTADORA: PROF. MS. ANA FERRAZ

FERNANDA ALVES FONTES


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AOS MEUS PAIS AOS MEUS AVÓS AO MEU IRMÃO A ANA FERRAZ AOS MEUS PROFESSORES A FRANCISCO GIMENES (in memoriam) AOS MEUS AMIGOS AOS MEUS COLEGAS DE SALA A DEUS

GRATIDÃO GRATIDÃO | 02


SUMÁRIO

06 CAP1

13 15 17 CAP2

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39

INTRODUÇÃO OBJETIVOS E JUSTIFICATIVAS

ECUMENISMO RELIGIÃO MUNDO X BRASIL

O ECUMENISMO O ESPAÇO ECUMÊNICO

DO MATERIAL AO IMATERIAL: A ARQUITETURA DO SENSÍVEL A ARQUITETURA MULTISSENSORIAL DE PALLASMAA OS NOVE PONTOS DE PETER ZUMTHOR A LUZ NA ARQUITETURA


CAP3

49 53 55 CAP4

71 73 81 83 85 87 90

ARQUITETURA SAGRADA: LEITURAS PROJETUAIS TABELA COMPARATIVA LINHA DO TEMPO LEITURAS PROJETUAIS

TEMPLO ECUMÊNICO A ÁREA DE INSERÇÃO O ENTORNO CONCEITO PROGRAMA DIRETRIZES PARTIDO O PROJETO

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DICIONÁRIO DE IMAGENS

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BIBLIOGRAFIA


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INTRODUÇÃO

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Atualmente, vivemos em um mundo aonde há uma diversidade e uma pluralidade de religiões, crenças e ideologias e apesar de cada uma apresentar suas próprias particularidades, todas possuem liberdade de culto e de expressão, como garante a Declaração Nacional dos Direitos Humanos e a Constituição Federal¹. O tema desse estudo trata da arquitetura religiosa e tem como objetivo principal a apresentação do projeto de um Templo Ecumênico, na cidade de Ribeirão Preto . A proposição de um templo Ecumênico visa propor pensar a arquitetura que revele a imaterialidade das soluções materiais, nos aproximando da sensorialidade da matéria, ao mesmo tempo que transpareça a situação de pluralidade da sociedade e que reconecte as pessoas, de diferentes crenças e religiões. Esse objeto gera a oportunidade de trabalhar elementos arquitetônicos que contribuam para reconectar as pessoas e o espaço, as pessoas entre si e estas a uma divindade maior, através de recursos arquitetônicos e sensoriais tais como a luz, a acústica do local, a materialidade e entre outros fatores que favoreçam essa percepção multissensorial. Os locais de celebração já existem desde o Antigo Testamento, porém, é evidente que, ao longo dos séculos, eles sofreram grandes mudanças espaciais que contemplaram as próprias reformas internas e segregações da Igreja em resposta às transformações sociais e políticas nacionais e internacionais. Não é difícil observar os mais diversos locais de celebração cristãos e não cristãos inseridos no dia-a-dia de uma cidade; Seja em um grande centro comercial ou em um bairro mais afastado, é possível notar a presença desses espaços aonde quer que seja; Nota-se também que cada religião possui seu espaço de celebração separado, respeitando não somente às conformações espaciais como também os significados dos elementos arquitetônicos e simbologias utilizadas em sua ornamentação entre outros aspectos relevantes para cada uma. A proposta de um templo ecumênico visa pensar a Unidade – um dos significados da palavra “Ecumênico” no dicionário – na diversidade de crenças e pluralidade de religiões presentes não somente no Brasil e na cidade, como também no mundo. O trabalho divide-se em quatro capítulos; No primeiro capítulo o presente TFG discorre sobre o ecumenismo como o fim de exemplificar o tema e ilustrar graficamente as religiões e suas predominâncias não só no Brasil como no mundo, o segundo capítulo trata-se sobre a arquitetura do sensível, discorrendo sobre dois arquitetos, sendo eles Juhani Pallasmaa e Peter Zumthor, que fundamentam a ideia de percepção sensorial através de elementos do corpo humano e da própria arquitetura, além disso, trata-se da luz na arquitetura e de sua importância na concepção de um espaço arquitetônico sensível, o terceiro capitulo expõe as referências projetuais de espaços de arquitetura sagrada que foram consideradas para o projeto e por fim, o quarto capítulo discorre sobre o projeto do Templo Ecumênico, assim como levantamentos da área de inserção projetual, conceito e partido a serem utilizados e o programa do espaço a ser desenvolvido.

¹ Artigo XVIII da Declaração Nacional dos Direitos Humanos: Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular.

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CAPÍTULO 1

ECUMENISMO

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COEXISTIR COEXISTIR | 11


Em um mundo onde as lutas a favor das crenças, religiosas ou não, estão cada vez mais intensas e presentes, o tema desse Trabalho Final de Graduação justifica-se por se tratar de uma produção arquitetônica entorno das quais muitas cidades brasileiras e em escala mundial se desenvolveram, a Religião. Assim como Júlio de Santa Ana resgatou de uma citação do livro Dogmática da Igreja de Karl Barth, atualmente, vivemos em um país onde a diversidade religiosa cresce a cada dia mais: Não existe nenhuma justificação, nem teológica, nem espiritual, nem bíblica, para a existência de uma pluralidade de igrejas separadas neste caminho e que se excluem mutuamente umas das outras, interna e, portanto, externamente. Neste sentido, urna pluralidade de igrejas significa uma pluralidade de senhores, uma pluralidade de espíritos, uma pluralidade de deuses. ²

A palavra Ecumênica, segundo o dicionário, refere-se ao universal, algo criado para todos com o fim de buscar a unidade, o equilíbrio e a igualdade e a proposição de um local de celebração Ecumênico advém do significado literal da palavra, aonde haverá a produção de um local dedicado a todos, onde ocorre a união de várias crenças e religiões dentro de um espaço inserido em uma comunidade. ² CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). O que é Ecumenismo? Uma ajuda para trabalhar a exigência do DIÁLOGO. São Paulo: Paulus, 2008, p. 10.

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RELIGIÃO MUNDO X BRASIL Como dito anteriormente, atualmente vivemos em um mundo aonde há uma pluralidade de religiões e crenças. Os números ao lado exemplificam quais são as religiões predominantes no Brasil e no mundo e a quantidade de fiéis - em porcentagem - que seguem cada uma delas segundo os censos de 2010 e 2012,

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RELIGIÃO NO BRASIL

IBGE | censo 2010

RELIGIÃO NO MUNDO censo 2012

64,60%

32,81%

22,20%

22,51%

08,00%

13,93%

02,70%

13,76%

02,00%

9,81%

0,30%

7,18%

CATÓLICOS

EVANGÉLICOS SEM RELIGIÃO OUTRAS

ESPÍRITA

UMBANDA CANDOMBLÉ

CRISTIANISMO ISLAMISMO OUTROS

HINDUÍSMO

AGNÓSTICOS

BUDISMO

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ECUMENISMO ECUMENISMO | 15


O termo “Ecumênico” segundo J. Bosch Navarro vem do termo oikoumene: Pertence a uma família de palavras, do grego clássico, relacionadas com termos referentes à morada, ao assentamento, à permanência. Eis alguns termos raiz dessa família linguística: • oíkos: casa, vivenda, aposento, povo. • oíkeíotês: relação, aparentado, amizade. • oikeo: habitar, coabitar, reconciliar-se, estar familiarizado. • oikmwmeô(verbo): administração, encargo, responsabilidade da casa. • oíkownene: terra habitada, mundo conhecido e civilizado, universo. 4

Refletindo em cima do que J. Bosch Navarro exemplificou, o “Ecumênico” assume um diálogo universal entre todas as religiões e crenças e levando em consideração a encíclica Papal do Papa João Paulo II “Ut Unum Sint” que vem do latim “Para que todos sejam um” do ano de 1995, busca não somente o equilíbrio entre elas, mas também a unidade e a igualdade dentro de todas as diversidades. Dessa forma, como exemplifica o documento “O que é Ecumenismo?” Da CNBB do ano de 20085, o Ecumenismo não é apenas um diálogo entre as Igrejas Cristãs e suas segregações internas, mas também é possível a criação de um diálogo inter-religioso entre crenças de todo o mundo, sendo elas não cristãs, tais como o judaísmo, islamismo, espiritismo, entre outras. Sendo assim, segundo o documento da CNBB de 2008, conclui-se que, o Ecumenismo é o reconhecimento dos pontos positivos de outras Igrejas Cristãs e não Cristãs para que a criação de um discurso enriquecedor e forte seja desenvolvido, buscando sempre os pontos em comum ao invés de fomentar discussões e conflitos sobre diferenças constantes, procurando conhecer, sem preconceito, outras Igrejas, suas crenças e ideais, sabendo e levando em consideração as diferenças que estas terão entre si. Por outro lado e ao contrário do que a maioria pensa, Ecumenismo não é apenas aceitar por educação ou cortesia à crença oposta e nem apenas juntar todas as crenças esquecendo-se das diferenças que estas possuem entre si e sim levantar os pontos positivos de cada uma com o fim de criar um discurso único que promova e união e não apenas a aceitação e acomodação de cada uma das Igrejas. A grande questão é que um espaço Ecumênico deve ser livre de qualquer tipo de simbologias, imagens e representações arquitetônicas religiosas que estão presentes em cada uma das religiões cristãs e não cristãs, uma vez que este espaço deve ser universal e, portanto atender e respeitar as crenças de qualquer usuário; tais simbologias, iconografias e imagens presentes de forma singular em cada religião são os fatores que impulsionam uma percepção transcendental que parte de um plano material para uma realidade imaterial. Dessa forma, há o questionamento de quais mecanismos arquitetônicos poderão ser utilizados e levados em consideração na constituição de um templo Ecumênico para que essa percepção transcendental do plano material ao imaterial seja atingida sem que seja necessária a utilização de simbologias atreladas a específicas religiões. 4

NAVARRO, J. Bosch. Para compreender o Ecumenísmo. São Paulo: Loyola, 1995, p. 9-10.

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CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). O que é Ecumenismo? Uma ajuda para trabalhar a exigência

do DIÁLOGO. São Paulo: Paulus, 2008.

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MIT CHAPEL eero saarinen Um templo ecumênico deve atender a todas as crenças e religiões, não possuindo nenhum tipo de simbologias ou iconografias ligadas a específicos credos e segundo BECK, NOEBAUER, BULA e ALMEIDA (2016) um templo ecumênico deve abranger universalmente dimensões políticas, considerando os usuários independente do sistema político em que vivem, sociais, sem discriminação de diferentes classes, de gênero, raciais, culturais, atendendo a todas as culturas e seus respectivos modos de vida e geográficas. Dessa forma, um espaço ecumênico é rico em conceitos e partidos, levando sempre a arquitetura em sua mais pura forma como ponto de partida. Além disso, utiliza os mais diversos elementos arquitetônicos em sua composição para que essa percepção transcendental do material o imaterial seja ocorrida, tais como a luz, priorizando sempre a luz natural, a acústica, a materialidade e entre outros elementos. Utilizaremos um exemplo de arquitetura de Eero Saarinen onde é possível o entendimento de como um espaço ecumênico pode ser entendido em sua forma mais pura. Apesar de abrir mão de simbologias e iconografias atreladas a especificas religiões ou crenças, através de elementos arquitetônicos tais quais o conceito a ser utilizado, a iluminação, a acústica, a materialidade, entre outros é possível a concepção de um espaço que seja destinado a todos e que nos traga essa percepção de uma arquitetura sensível advindos da relação entre o material e o imaterial presentes nas produções.

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O ESPAÇO O ESPAÇO | 18


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A capela do MIT (Massachusetts Institute of Technology) foi proposta pelo arquiteto finlandês Eero Saarinen no ano de 1910, porém esta só fora finalizada no ano de 1961. Como o próprio nome já diz, a capela está localizada dentro do Campus da Faculdade que por sua vez é uma das mais importantes dos Estados Unidos. Apesar de a capela estar localizada no campus de uma faculdade já pré-existente, esta assume uma identidade própria sem levar em consideração as edificações ao seu entorno, tendo como sua materialidade principal o tijolo e sua forma cilíndrica e como objetivo principal atender um grupo específico e limitado devido às suas dimensões. Como se pode obsevar na planta, a capela possui um espelho d’água que a envolve exteriormente em toda a sua extensão, uma escada de acesso ao subsolo com entrada à direita do altar, um altar para as celebrações, um salão para os usuários com mobiliários de madeira, um corredor de acesso que possui seus fechamentos em vidro, um hall de entrada com duas portas que se comunicam com o jardim, portas de acesso ao andar inferior e externamente possui suas paredes lisas, porém é válido destacar que possui algumas ondulações internamente e possuem estruturas de sapatas que sustentam a edificação através de arcos nas partes superiores.

2 3 1

4 5 6 7

1 2 3

Acesso ao subsolo;

4

Nave;

5 6 7

Espelho d’agua;

Altar;

Entrada; Corredor de acesso; Acesso ao andar superior.

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Através desses fatores citados a cima, Saarinen conseguiu constituir um edifício de arquitetura ímpar ao ser comparado com as edificações a sua volta, uma vez que seu projeto apresenta elementos singulares e fortes a serem levados em consideração. Os dois arcos entorno ao arco menor marca a posição do altar e permite que os usuários tenham capacidade de identificar todos os elementos internos mesmo que estes não sejam capazes de serem identificados externamente, uma vez que a fachada da edificação cilíndrica não possui nenhuma abertura visível. Externamente, é possível notar a presença de duas paredes sobrepostas propositalmente, possuindo uma superfície lisa dando enfoque aos arcos existente, entretanto a parede sobreposta internamente possui ondulações com o fim de solucionar as questões acústicas da edificação, absorvendo as reflexões sonoras, como se pode notar nas imagens ao lado. Apesar da estrutura e volumetria diferirem das demais presentes no campus, o arquiteto preservou um elemento que é dominante na arquitetura local: os tijolos vermelhos. Essa materialidade está presente tanto externa quanto internamente e traz a sensação de desgaste advindos do tempo apesar de a capela possuir essa mesma aparência desde a inauguração. Os vidros presentes na capela são vidros esverdeados que remetem também a um desgaste do tempo fazendo com que o interior fique com uma iluminação mais aconchegante. Vitrais são importantes em espaços religiosos desde os mais antigos locais de celebração, uma vez que a luz natural é um dos elementos mais importantes que constituem a ambientação de um espaço como esse. Como se pode notar, a capela não possui aberturas laterais que possibilitem a passagem da luz, porém esta possui uma abertura zenital na parte de cima da capela, fazendo com que a luz natural possa entrar em seu interior, criando um foco único e singular internamente. Além disso, apesar de não possuir muitas aberturas para a passagem da luz natural, uma peça de arte composta de pedaços de vidro cai sobre o altar saindo do vazio presente no teto, fazendo com que a iluminação que entra por essa abertura reflita sob todo o interior da capela, criando as mais diversas e únicas sensações durante o dia levando em consideração o movimento de suas placas. Além disso, essa peça de arte contrapõe com o interior trazendo mais graça ao local “cru” que possui somente as tonalidades de marrom. Além da iluminação zenital advinda da claraboia, a sobreposição de paredes cria um vazio na parte inferior em toda a extensão da capela, possibilitando que haja uma reflexão da luz natural através do espelho d’água presente ao seu redor.

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De fato é possível de perceber que o arquiteto optou pelo simples, porém imponente através de sua materialidade, variedade de sensações e conceitos. Pode-se notar a grande quantidade de sensações humanas que ele levou em consideração, e apesar de a maioria das obras arquitetônicas possuírem um entendimento multissensorial, nota-se que Saarinen deu total importância a esse conceito. É singular e delicada a forma com que o arquiteto contrapõe a edificação externamente com os elementos já existentes ao seu entorno e uma vez que observamos internamente; nota-se também a contraposição da sensação de “antigo” advindo dos tijolos vermelhos com relação a grande peça de arte que cai sobre o altar e que permite a reflexão da luz natural ao interior. A partir desse exemplar, é possível o entendimento de como um espaço ecumênico pode ser entendido em sua forma mais pura. Apesar de abrir mão de simbologias e iconografias atreladas a especificas religiões ou crenças, através de elementos arquitetônicos tais quais conceito a ser utilizado, a iluminação, a acústica, a materialidade, entre outros é possível a concepção de um espaço que seja destinado a todos e que nos traga essa percepção de uma arquitetura sensível advindos da relação entre o material e o imaterial presentes nas produções.

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CAPÍTULO 2

DO MATERIAL AO IMATERIAL

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Alguns fatores deverão ser levados em consideração ao se tratar de um espaço ecumênico e da sensibilidade que este transmite, uma vez que este deverá ser um local plural no que se diz respeito a religiões e crenças, deixando de lado qualquer simbologia e iconografia presente nelas. Para que essa sensibilidade seja atingida, foram estudados dois autores que tratam da arquitetura de forma singular, exemplificando fatores sensoriais para o entendimento de um local. Primeiramente fora estudado a arquitetura multissensorial de Juhani Pallasmaa6, que por sua vez utiliza dos cinco sentidos do corpo humano, levados em consideração em todas as produções arquitetônicas, para exemplificar e estabelecer uma conexão do usuário com o local; E em um segundo momento foram estudados os nove pontos da ambientação de Peter Zumthor7 que os analisa de forma a entender o diálogo entre a arquitetura e o espaço sensível e os usuários através de elementos arquitetônicos relacionados aos sentidos. Por fim, fora estudado a importância da utilização da luz relacionada a arquitetura não somente em locais de cunho religioso mas em todas as edificação e as qualidades que a abundância e a ausência da mesma traz ao local.

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PALLASMAA, Juhani. Os Olhos da Pele. Porto Alegre: Bookman, 2011.

ZUMTHOR, Peter. Atmosferas: Entornos Arquitetônicos: As coisas que me rodeiam. Barcelona: Gustavo Gili, 2006. 7

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O SENSÍVEL O SENSÍVEL | 28


juhani pallasmaa

MULTISSENSORIAL MULTISSENSORIAL juhani pallasmaa | 29


Segundo Pallasmaa (2011), a proposição de uma arquitetura multissensorial e que proporcione aos usuários experiências sensoriais é indispensável para o afastamento de uma produção apenas visual e conceitual, e que dessa forma reconecte o usuário, fazendo-o criar um vínculo com um local específico, de forma que intensifique as relações entre homem e espaço: Toda experiência comovente com a arquitetura é multissensorial; as características de espaço, matéria e escala são medidas igualmente pelos nossos olhos, ouvidos, nariz, pele, língua, esqueleto e músculos. A arquitetura reforça a experiência existencial, a nossa sensação de pertencer ao mundo, e essa é essencialmente uma experiência de reforço de identidade pessoal. Em vez da mera visão, ou dos cinco sentidos clássicos, a arquitetura envolve diversas esferas da experiência sensorial que interagem e fundem entre si. 8

Além disso, segundo o autor, a arquitetura possui a acomodação e a integração como tarefas mentais e essenciais para a concepção de um espaço, buscando sempre reconectar os usuários às realidades pessoais e interpessoais sem permitir que haja a sensação de “[...]habitar mundos de mera artificialidade e fantasia.”9, ou seja, como já citado anteriormente, tais experiências evitam que as pessoas busquem a reprodução de uma percepção arquitetônica que priorize a busca do ideal através do visual e do sensual e que passe a propor arquiteturas singulares que transmitam a individualidade e a sensibilidade da obra relacionada aos usuários e suas sensações. Muitas pessoas buscam a reprodução de uma arquitetura ideal, deixando de lado seus conceitos e suas singularidades e segundo Henri Lefebrve, existem dois tipos de mundos na arquitetura: o mundo “ideal” e o mundo “real”; O mundo ideal é composto pelos projetos no papel, a idealização do projeto ao expor a ideia a se assumir, já o mundo real é o espaço construído e como este será perceptível e compreensível e aos sentidos humanos e para que isso seja entendido basta analisar esses sentidos individualmente.

8

PALLASMAA, Juhani. Os Olhos da Pele. Porto Alegre: Bookman, 2011, p. 39.

9

PALLASMAA, Juhani. Os Olhos da Pele. Porto Alegre: Bookman, 2011, p. 11.

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Partimos do maior órgão existente no corpo humano: a pele; O tato nos permite ter uma conexão tátil com a edificação, nos fornecendo informações tridimensionais tais como textura, peso, densidade e temperatura, segundo Gamboias (2013) em sua dissertação de mestrado. Porém nem sempre essas experiências táteis são vivenciadas, uma vez que há uma preferência ao visual, tornando algumas obras de grande escala muitas vezes intocáveis: A dimensão monumental que a arquitetura adquire ultrapassa o controle humano do espaço contribuindo assim para a descredibilização tátil, tornando-se transcendental como superação da própria humanidade. Este efeito justifica a preferência visual revelando um lado intocável nas obras de grande escala o que torna impossível a noção de materialidade, distância e profundidade pela ausência da experiência do tato. 10

Apesar de a pele ser o maior órgão do corpo humano e esta possuir muitas terminações nervosas que possibilitam a sensibilidade, muitos usuários prezam pelo visual, abrindo mão de noções espaciais ligadas a experiência tátil, como citadas anteriormente. Por sua vez, a audição estabelece uma conexão recíproca entre o usuário e a edificação e segundo Hugo, possibilita a comunicação entre eles não somente transmitida pelo visual como também pela incidência de ventos sobre o projeto, ruídos advindos da construção e inter-relações entre o exterior e interior, concedendo uma nova dimensão sensorial ao espaço relacionado à condição humana: A visão isola, enquanto o som incorpora; a visão é direcional, o som é omnidirecional. O sentido da visão implica exterioridade, mas a audição cria uma experiência de interioridade. Eu observo um objeto, mas o som envolve-me; o olho alcança, mas o ouvido recebe. Os edifícios não reagem ao nosso olhar, mas efetivamente retornam os sons de volta aos nossos ouvidos. 11

Assim como a pele e a visão, a audição nos proporciona uma sensação tridimensional de um plano e em grandes edifícios religiosos, podemos notar que a ausência de som é imensamente mais importante do que a percepção sonora do local. Tal ausência de som nos permite a análise de ruídos que passam despercebidos em um ambiente “barulhento”, nos trazendo uma percepção da paisagem sonora como uma composição natural, além disso, tal ausência de som é um dos fatores que facilitam a percepção transcendental do usuário de um plano material ao imaterial.

GAMBOIAS F. D, Hugo. Arquitetura com Sentido (s). Os Sentidos como modo de viver a Arquitetura. Dissertação de Mestrado Integrado em Arquitetura – FCTUC. Coimbra, p. 23. 2013. 10

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PALLASMAA, Juhani. Os Olhos da Pele. Porto Alegre: Bookman, 2011, p. 46.


Diferentemente dos outros sentidos citados anteriormente, o olfato não nos permite uma percepção tridimensional, porém este possui uma grande qualidade perceptiva e está ligada diretamente à memória de locais, momentos e situações vivenciados pelos usuários: O olfato explora o caráter mais pessoal que um edifício pode ter pela forte ligação que tem com a memória e pela familiaridade que nele podemos encontrar, desde o cheiro intenso do verniz das madeiras e a frescura das pedras até ao reconfortante cheiro da casa da nossa infância. Está estreitamente relacionado com a memória: Os odores sentidos apenas uma vez são imediatamente associados ao momento em que foram percepcionados, quando cheirados pela segunda vez. 12

Ligado a essa exploração do caráter pessoal da obra, assim como o olfato, a visão também se relaciona de forma pessoal com a arquitetura. Os modernistas consideravam a visão um dos elementos indiscutíveis e indispensáveis na hora de entender uma obra arquitetônica, Le Corbusier dizia que: “Eu existo na vida apenas se puder ver (…)O homem vê a criação arquitetônica com os olhos que estão a 1,70 metros do solo”. 13 Ou seja, para que essa identidade do usuário com o local seja criada, além dos sentidos tais como o tato e a audição, um ponto importante a ser levado em consideração é a visão e como exemplificou Pallasmaa (2011) em seu livro, a arquitetura está envolvida com questões existenciais humanas tanto temporais quanto espaciais, e por sua vez relaciona a condição humana no mundo e está “[...] envolvida com as questões metafísicas da individualidade e do mundo, interioridade e exterioridade, tempo e duração, vida e morte.” 14 Dessa forma entende-se a arquitetura como uma ferramenta de ligação entre o espaço e o tempo, e segundo Pallasmaa (2011), abordando o tempo e o espaço limitado de forma a torná-lo tolerável, habitável e compreensível para os usuários: Como consequência dessa interdependência entre o espaço e o tempo, a dialética no espaço externo e interno, do físico e do espiritual, do material e do mental, das prioridades inconscientes e conscientes em termos de sentidos e de suas funções e interações relativas tem um papel essencial na natureza das artes e da arquitetura. 15

12 GAMBOIAS F. D, Hugo. Arquitetura com Sentido (s). Os Sentidos como modo de viver a Arquitetura. Dissertação de Mestrado Integrado em Arquitetura – FCTUC. Coimbra, p. 33. 2013. 13

CORBUSIER, Le. Por uma Arquitetura. São Paulo: Perspectiva, 2014, p.12.

14

PALLASMAA, Juhani. Os Olhos da Pele. Porto Alegre: Bookman, 2011, p.16.

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PALLASMAA, Juhani. Os Olhos da Pele. Porto Alegre: Bookman, 2011, p. 17.

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Como citado no livro “Os Olhos da Pele” (PALLASMAA, 2011), a falta de humanismo na arquitetura pode ser entendida como uma desconsideração dos sentidos e do corpo fazendo com que haja um desequilíbrio do sistema sensorial decorrente da alienação e dos isolamentos causados pelas mídias sociais e grandes inovações e desenvolvimentos tecnológicos, buscando a priorização do belo e agradável visualmente e deixando de lado a real essência e discursos entre arquitetura e usuário: O fato de o vocabulário modernista em geral não ter conseguido penetrar na superfície do gosto e dos valores populares parece ser resultado de sua ênfase visual e intelectual injusta; a arquitetura modernista em geral tem abrigado o intelecto e os olhos, mas tem deixado desabrigados nossos corpos e demais sentidos, bem como nossa memória, imaginação e sonhos. 16

Ou seja, ao passo que a visão é um dos sentidos mais importantes na questão de conexão humana com a edificação, esta também tem se tornado vaga no que se diz respeito à sensibilidade do projeto; E ao mesmo tempo em que vocabulário modernista utiliza a visão como um dos sentidos mais importantes na hora de entender a arquitetura, como já citado anteriormente, este tem nos proporcionado uma produção visual imponente, porém sem valores sensoriais, como exemplifica a citação acima. É notória a importância dos sentidos no que diz respeito a análises de um projeto de arquitetura; através destes, somos capazes de identificar elementos arquitetônicos que compõe uma obra, tais como elementos estruturais (pilares, vigas), materialidades, volumes, entre outros. Porém, segundo Bruno Zevi (1918-2000) em seu livro “Saber ver a arquitetura”, um projeto não é somente os elementos arquitetônicos que o constituem e sim os vazios por eles formados e como estes sãos entendidos através dos sentidos advindos da condição humana: Vemos uma casa em construção e pensamos nela como um esqueleto incorpóreo, uma estrutura de inumeráveis pilares desnudados no ar. Mas se voltarmos quando a casa já está concluída e entramos no edifício, a nossa percepção será completamente diferente. Já não se pensa nas paredes como estrutura, mas apenas como telas que limitam e encerram o volume das salas. 17

Atendendo a todos os sentidos simultaneamente e trazendo essa realidade multissensorial, além de permitir que a percepção transcendental para o plano imaterial seja desenvolvida, traz aos usuários a integração e a possibilidade de novas inter-relações das sensações humanas com o ambiente construído, com o fim de promover a articulação de tais experiências sensoriais e o desenvolvimento do senso de própria realidade (MARTAU, 2007).

16

PALLASMAA, Juhani. Os Olhos da Pele. Porto Alegre: Bookman, 2011, p. 19.

17

RASMUSSEN, Steen Eiler. Arquitetura Vivenciada. São Paulo: Martins Fontes, 1986, p.41.

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A arquitetura tem corpo, não é algo virtual, é concreta e pode-se experimentar com os sentidos, isto foi e sempre será assim, como transmitiram arquitetos como: Siza, Lewerentz, Kahn, Le Corbusier, Alvar Aalto, Dollgast, Rudolf Schwarz ou Barragan. Supostamente, é uma sensibilidade para o corpo da arquitetura, que se compõe por peças, se cria com materiais, se constrói… A mais nobre tarefa da arquitetura consiste em imaginar a sua presença física, para depois lhe dar forma. 18

Segundo ZUMTHOR (2006)19 para seja possível entender uma arquitetura e criar uma percepção transcendental a partir dela alguns fatores deverão ser levados em consideração sendo eles a materialidade e suas compatibilidades, as relações com o entorno, a temperatura e a luminescência. Para isso, o autor levantou nove pontos essenciais para que seja entendida a ambientação de um espaço arquitetônico, entre eles estão: O Corpo da Arquitetura, Compatibilidade de Materiais, O Som do Espaço, A Temperatura do Espaço, O Entorno, Entre Composição e Sedução, Tensões entre Exterior e Interior, Os Níveis de Intimidade e A Luz nas Coisas. Basicamente eu não estou interessado em arquitetura como uma profissão no papel. Eu só estou a dizer isto porque muitos arquitetos não estão assim tão interessados no edifício real, estão mais interessados na teoria do edifício ou só em alguns aspectos do edifício. Eu estou preocupado com o material, como as coisas são montadas, não o que aparenta, mas a maneira de ser. Eu estou interessado no edifício, como o veem, como o sentem, como é feito, o edifício como um corpo. 19

18

Retirado da entrevista feita pela revista Detail 1/2001, por Heide Wessley a Peter Zumthor. Construyo desde la

experiencia del mundo. p. 20. 19

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ZUMTHOR, Peter. Entrevista em “Berlage Papers 22”. Outono 1997, p. 02.


peter zumthor

OS NOVE PONTOS OS NOVE PONTOS peter zumthor | 36


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ZUMTHOR (2006) trata das materialidades de forma a analisar o “Corpo da Arquitetura” e os fatores e materiais que ajudam a maquiar a arquitetura, fornecendo a edificação arquitetônica uma característica de um ambiente humano, de forma a facilitar a percepção transcendental e conexões dos usuários não somente com o ambiente construído, mas também com o entorno edificado. O autor também discorre sobre a “Compatibilidade de materiais” e suas “Tensões entre interior e exterior”, relacionando a arquitetura e materialidade com o entorno de forma a exemplificar não somente como se conectam, mas também como se limitam, indicando seus “Níveis de proximidade” interna e externamente com os usuários, dessa forma delimitando espaços e criando fechamentos e aberturas. Além disso, o autor utiliza dos fatores multissensoriais presentes em toda ambientação arquitetônica para auxiliar na percepção transcendental, tais como “O Som do espaço” e a forma com que a volumetria de cada ambiente se relaciona acusticamente dentro do ambiente construído, as temperaturas que trazem sensações de conforto e aconchego aos usuários, a envolvência do espaço levando em consideração as sensações humanas e por último o fator mais importante para o presente TFG, a presença de luz, beneficiando a reflexão de luz natural no ambiente interno abrindo mão das alternativas artificiais.

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A LUZ A LUZ | 39


A luz sempre exerceu um papel importante na arquitetura, desde suas variações naturais advindas de variações solares ao longo do dia ou devido à interferência do homem na materialidade de locais por onde a luz seria refletida, com o fim de manipular a qualidade da mesma valorizando as edificações internamente. Segundo COSTA (2013), tais manipulações poderiam ser claramente notadas tanto na arquitetura do Romantismo e do Gótico quanto na do Barroco, aonde os edifícios eram desenhados em perspectivas pensadas previamente com o fim de manipular as qualidades do ambiente e controlar a passagem de luz natural, reforçando as formas do interior e realçando ambientes desejados. Elementos arquitetônicos como dimensão de aberturas e janelas, materialidade dos vitrais, geometria de cúpulas, texturas e colorações de superfícies eram itens levados em consideração quando relacionados com a luz natural do espaço. É fato que a presença da luz natural, quando utilizada corretamente, altera a percepção arquitetônica de um local, interferindo e valorizando a sua poética e seu impacto emocional quando sentido pelos seus usuários, tornando-a um elemento essencial para a constituição de um projeto arquitetônico. A luz é um material básico e imprescindível da arquitetura, com a capacidade misteriosa e mágica, mas real, de colocar o espaço em tensão com o Homem. Possui a capacidade de conceder ao espaço a qualidade de mover e comover. O seu papel substancial na construção torna-se um material de construção de espaços nas mãos do arquiteto, material moldável e em constante mutação. 21

Assim como COSTA (2013) exemplificou em sua tese, os gregos acreditavam que a exposição da luz de forma generosa poderia elevar o espírito das pessoas, fazendo com que uma percepção transcendental ocorra de forma a alterar até mesmo fatores patológicos ligados à saúde e bem estar dos usuários, ou seja, acreditava-se que a utilização da luz possuía fatores curativos capazes de restaurar as funções corporais de quem a utilizasse. Na arquitetura religiosa, a utilização de luz e de fatores que a controlem é de extrema importância, uma vez que a luz está diretamente relacionada ao caráter imaterial e transcendente de um local, trazendo um conforto aos usuários e favorecendo elementos arquitetônicos que também auxiliam em tal percepção transcendental. Entretanto, a abundância de iluminação indireta e homogênea, segundo CAPTIVO (2010), é uma característica presente nos espaços de cunho religioso da arquitetura contemporânea aonde a luz natural pode ser difundida no espaço de forma difusa ou direcionada através de vários vãos, sendo eles grandes ou pequenos, ou apenas alguns agindo indireta ou diretamente. COSTA, L.L.L. A luz como modeladora do espaço na Arquitetura. 2013. Dissertação (Mestrado em Arquitetura) – Instituto de Engenharia, Universidade da Beira Interior, Covilhã. p. 59. 21

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Ao passo que a presença de luz em abundância ajuda a trazer esse sentido transcendental a um espaço, a ausência desta em demasiado ou em baixa intensidade é um fator que também auxilia essa percepção, uma vez que, a presença desta em baixa intensidade tende a levar os usuários ao relaxamento trazendo uma ideia de privacidade ao local. Outro fator ligado a essa percepção transcendental advindos da utilização da luz em espaços de cultos religiosos é a utilização de iluminação combinados com o ritmo, fazendo referências a mantras ou orações ritmadas como o terço, presentes no catolicismo, aonde os usuários tendem a promover tais orações, repetidamente, com o fim de transcender do plano material ao imaterial atingindo a conexão com seu próprio Deus. Tal combinação entre iluminação e ritmos em um espaço ecumênico ajuda na percepção do imaterial, uma vez que tal espaço não possui simbologias e não está atrelado a nenhum credo. Na arquitetura religiosa contemporânea, é possível observar a utilização de aberturas zenitais para a difusão de luz interiormente. Através de tal abertura, é possível promover essa relação ao imaterial ou ao “mistério divino” segundo CAPTIVO (2016), uma vez que utilizando este elemento, a iluminação é indireta e abundante, porém de difícil acesso ao olhar. Apesar de a luz ser um elemento de extrema importância na arquitetura e nos espaços religiosos como já dito anteriormente, a ausência dela também faz parte da poética do local como um todo. Na arte, o branco é um complemento do preto e vice e versa, dessa forma, segundo COSTA (2013) a “luz” é o complemento da escuridão, além disso, nota-se que enquanto a luz é descoberta a escuridão é mistério, contribuindo para o diálogo e poética transmitidos do local aos usuários: Uma arquitetura sem barulho visual de decoração, com as simples repetições de luz e sombra, realça o espaço e dão a cada edifício características identificadoras. Esta é estruturada de forma a ser descoberta ao longo do espaço e do tempo e a sua inclusão aumenta a sensibilidade do Homem à luz. Um espaço obscurecido com sombras elimina todas as distrações, expandindo lentamente a pupila do olho, tornando-o mais sensível à luz. Mas a entrada de luz suave e obscurecida cria também no interior um ambiente de sombras, com uma enorme variedade de efeitos. 22

Portanto a contraposição de luz e escuridão cria uma identidade singular ao local, trazendo-o a vida, o dando um futuro, um passado e um presente, segundo COSTA (2013), devido às grandes variações de luz, sendo elas naturais, diretas ou indiretas e dessa forma contribuindo para que o espaço se torne um local sensível e facilmente transcendental aos olhos e percepções dos usuários. COSTA, L.L.L. A luz como modeladora do espaço na Arquitetura. 2013. Dissertação (Mestrado em Arquitetura) – Instituto de Engenharia, Universidade da Beira Interior, Covilhã. p. 82. 22

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iMG 09 | 42


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“A

“A

LUZ LUZ

SOMBRA SOMBRA

inspira e a

cria sombra e a

SOMBRA SOMBRA

expira, luz.”

IBIDEM

pertence à luz”

PALLASMAA, Juhani

ARQUITETURA ARQUITETURA

“A dispostos sob a

ILUMINAÇÃO ILUMINAÇÃO

LUZ. ” LUZ .

é o jogo sábio, correto e magnífico dos volumes CORBUSIER, Le

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CAPÍTULO 3

ARQUITETURA SAGRADA

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Foram levantados 14 projetos de referência para esse TFG com o fim de fundamentar os conceitos da arquitetura sagrada em um espaço de celebração religiosa ao longo dos anos ao redor do mundo. Uma vez que estes exemplares foram analisados individualmente no quadro comparativo das páginas a seguir, foram selecionados 6 projetos que possuíam relevâncias projetuais a serem consideradas na execução do projeto final do Templo Ecumênico deste TFG.

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LEITURAS PROJETUAIS LEITURAS PROJETUAIS

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a busca pela luz diferentes possibilidades de uso espaço etéreo

a busca pela luz dualismo materialidade ritmo

SAINT

NOTRE DAME

DU HAUT

BENEDICT

1980

1955

1988

SANTANA DO PÉ

DO MORRO

a busca pela luz relações de conexão e limites com exterior materialidade

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a busca pela luz envolvência dualismo introspecção

CAPELA EM

VALLEÁCERON

1989

2007

2001

CAPELA

CHURCH OF THE LIGHT

a busca pela luz dualismo materialidade envolvência

BRUDER KLAUS

a busca pela luz envolvência dualismo introspecção | 54


NOTRE DAME

DU HAUT LE CORBUSIER | 1955

A Notre Dame Du Haut é um edifício religioso localizado na cidade de Ronchamp na França e foi proposto e executado pelo arquiteto modernista Le Corbusier nos anos 50. A nova edificação fora proposta e inserida na localidade de uma antiga capela construída na era mediável que fora severamente destruída devido a um incêndio no ano de 1913 e a um bombardeio advindo da Segunda Guerra Mundial no ano de 1944, dessa forma e como consequência, os donos decidiram propor um edifício modernista para assumir o lugar de uma antiga capela medieval. Como conceitos principais do novo projeto, Le Corbusier levou em consideração os clássicos renascentistas, com o fim de criar um espaço silencioso destinado à oração, paz e felicidade interior. A edificação, constituída de formas côncavas e convexas tem o fim de trazer a sensação de acolhimento aos usuários através da criação de vários espaços internos que possibilitam diferentes maneiras de uso. Além disso, a iluminação do espaço se da através de pequenos rasgos - possuindo vitrais coloridos ou não, como pode ser observado na imagem ao lado - na edificação que levam a luz externa indiretamente ao interior, tornando a igreja um local etéreo, característico de muitos edifícios religiosos e contribuindo para a poética e identidade do local que está em constante mudança devido às variações da luz ao longo de todo o dia.

RELEVÂNCIA

PROJETUAL

A busca pela luz; Diferentes possibilidades de uso; Espaço etéreo.

CONFIGURAÇÃO GLOBAL Edificação com geometria de base simétrica.

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10

4 1 5 2

3 8

9

7

6

SEM ESCALA

IMPLANTAÇÃO Edificação isolada e posicionada em plano elevado acessível por rampas.

CONFIGURAÇÃO ALTAR A configuração do altar perante aos usuários é unidirecional.

1 Entrada principal; 2 Nave; 3 Altar Principal; 4 Grande Capela; 5 Salas de Confissão; 6 Capelas Noturnas; 7 Capelas Matutina; 8 Sacristia;

9 Apoio ao Coral; 10 Rasgos Eixo de Composição; Circulação; Entrada de Luz.


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SANTANA DO PÉ

DO MORRO EOLO MAIA | 1980 2 4

6 5

1 3

EIXOS

Proposta pelo arquiteto brasileiro Eolo Maia no ano de 1980 em Minas Gerais, a capela Santa do Pé do Morro foi constituída através de ruínas já pré-existentes no local que eram compostas por três espessas paredes de barro e pedra. Envolvendo essas ruínas, o arquiteto propôs a implantação de paredes de vidro e estruturas de aço e madeira que contrapõe o novo e o antigo. O novo invólucro que envolve as ruínas não fora proposto para se sobressair quando em conjunto com a antiga e sim a envolve-la, respeitando e conservando as características da mesma sem que haja uma sobreposição hierárquica. Além disso, a iluminação do espaço se da através das grandes paredes de vidro e da estrutura de aço que envolvem o seu entorno, fazendo com que o local possua uma abundante e diferente iluminação durante todo o dia devido às suas variações. Tal abundância de luz envolve o local de forma a torná-lo sensível e poético, proporcionando não somente a entrada da mesma mas também a sua relação e ao mesmo tempo suas limitações com o entorno. A capela de Eolo Maia foi tombada no ano de 2002 pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais devido à sua qualidade arquitetônica de envolver a ruína respeitando seu passado histórico.

IMPLANTAÇÃO SEM ESCALA

1 Entrada principal; 4 Nave; 5 Ruínas; 2 Pia Batismal; 6 Altar. 3 Coro; Eixo de Composição;

Edificação implantada sob plano nivelado.

CONFIGURAÇÃO GLOBAL Edificação com geometria de base retangular.

RELEVÂNCIA

PROJETUAL A busca pela luz; Relação de conexão e limites com o exterior; Materialidade.

CONFIGURAÇÃO ALTAR A configuração do altar perante aos usuários é bidirecional.

Circulação; Entrada de Luz.

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CAPELA SAINT

BENEDICT PETER ZUMTHOR | 1988

A capela de Saint Benedict está localizada na cidade de Graubünden e foi projetado pelo arquiteto Peter Zumthor no ano de 1988. Assim como o projeto de Tadao Ando Church on The Water, a capela de Zumthor apesar de possuir um volume cilíndrico que difere das edificações presentes no local, respeita o seu entorno possuindo a mesma materialidade das casas tradicionais da Vila, os tijolos de barro, mesclandose por entre as edificações da região. Além disso, outra materialidade importante para a capela de Zumthor é a madeira, que compõe a maior parte de seu interior e a cobertura da edicifação. Internamente, a capela não possui adornos , simbologias ou iconografias atreladas a específicas religiões e os fatores que permitem a percepção religiosa do local advem de uma cruz singela presente no altar, da poética da entrada de luz o interior e do ritmo presente em sua composição arquitetônica.

5 4

2

1 EIXOS

A iluminação da capela se da através de uma faixa que envolve todo o entorno da parte superior da capela, permitindo com que a incidência de luz na edificação seja controlada criando um espaço etéreo e poético apresentando diferentes variações de luz ao longo do dia de acordo com a passagem do sol. A escolha da abertura localizada na parte superior da edficiação, deixando-a livre de aberturas ao nível dos olhos advem do desejo de tornar um local um espaço introspectivo que ao mesmo tempo que se relaciona com o exterior, através da incidência de luz, envolve os usuários uma vez que estão em seu interior.

RELEVÂNCIA

PROJETUAL A busca pela luz; Dualismo; Materialidade; Ritmo.

CONFIGURAÇÃO GLOBAL Edificação com geometria de base oval.

SEM ESCALA

IMPLANTAÇÃO

Edificação isolada e posicionada em plano elevado acessível por rampas.

CONFIGURAÇÃO ALTAR A configuração do altar perante aos usuários é unidirecional.

1 Entrada principal; 2 Nave; 3 Altar; 4 Estrutura de Madeira; 5 Eixo de Iluminação. Eixo de Composição; Eixo de Circulação; Entrada de Luz.

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3


IMG 15 | 60


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CHURCH OF THE

LIGHT TADAO ANDO | 1989 A capela foi proposta e executada pelo arquiteto japonês Tadao Ando no ano de 1989 e segundo a equipe do arquiteto, compõe uma estrutura filosófica entre a natureza e a edificação através da forma com que o arquiteto propôs a entrada de luz e suas variações ao longo do dia.

5

1

2

3 SEM ESCALA

1 Entrada principal; 2 Altar; 3 Nave; 4 Acesso; 5 Eixo de Conexão. Eixo de Composição; Eixo de Circulação;

4

Em contrapartida, compreende-se que a Capela da Luz é uma arquitetura composta por dualidades aonde podemos notar a sobreposição do agressivo com o sereno através sobreposição entre a materialidade com a reflexão da luz natural interior que causa uma percepção transcendental aos usuários, da claridade e da escuridão de forma a perceber como elas se completam dentro da edificação, fazendo com que o local se torne um lugar de introspecção e de conexão com o imaterial e por fim a dualidade entre sólido e vazio presente na fachada dos volumes que compõe a edificação, advindos da materialidade utilizada e dos rasgos que nela são posicionados. Utilizando das dualidades citadas anteriormente, o arquiteto dispensa qualquer referência às simbologias cristãs ou de qualquer outra religião, conseguindo apenas através da poética do projeto e de suas sobreposições a introspecção, transcendência e conexão com o imaterial contido em espaços de cultos religiosos.

IMPLANTAÇÃO Edificação implantada sob plano nivelado.

CONFIGURAÇÃO GLOBAL Edificação com geometria de base retangular.

RELEVÂNCIA

PROJETUAL A busca pela luz; Envolvência; Materialidade; Dualismo.

CONFIGURAÇÃO ALTAR A configuração do altar perante aos usuários é bidirecional.

Entrada de Luz.

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CPELA EM

VALLEÁCERON SMAO ARCHITECTS | 2001 A Capela de Valleáceron está localizada no topo de uma colina na Espanha, o que faz dela um elemento da paisagem. Sua volumetria se da principalmente por dobras na estrutura de concreto similares a de um origami, o que traz uma sutileza e uma singularidade ao projeto, tais dobras permitem que o projeto crie diferentes espaços que ficam escondidos e que instiguem o usuário a procura-los, além disso, elas possibilitam que a luz natural entre pela capela e a ilumine de diferentes maneiras ao longo do dia. A singularidade da utilização de luz natural se da pelo fato de que a luz que entra no edifício muda constantemente dependendo dos meses e épocas do ano, contrastando a materialidade – feita pelo homem – com a luz natural que é refletida internamente. O interior é livre de qualquer programa e mobiliários, tornando o espaço um local de cunho meditativo e introspectivo, além disso, não estabelece uma conexão direta com o exterior imediato, fazendo com que os usuários tenham uma experiência de imersão e entrega ao imaterial.

RELEVÂNCIA

PROJETUAL A busca pela luz; Envolvência; Dualismo; Introspecção.

CONFIGURAÇÃO GLOBAL Edificação com geometria de base retangular.

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IMPLANTAÇÃO Edificação implantada plano nivelado.

sob

CONFIGURAÇÃO ALTAR A edificação é livre de qualquer programa ou mobiliário e como dito anteriormente, não possui um altar e uma nave central com bancos para os usuários, apenas uma cruz que simboliza a presença do sagrado no local.

SEM ESCALA


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KLAUS CAPELA BRUDER

PETER ZUMTHOR | 2007

2 1

A Capela Bruder Klaus foi proposta e executada pelo arquiteto Peter Zumthor no ano de 2007. Zumthor, como já citado anteriormente, leva em consideração elementos construtivos, poéticos e sensíveis da arquitetura com o fim de entender e caracterizar a ambientação de um local.

1

3 SEM ESCALA

2 1

1

Dessa forma, em Bruder Klaus, Zumthor promove uma dualidade utilizando materiais e técnicas construtivas com o fim de contrapor o externo, através do uso de materialidades e volumes que tornam a edificação um objeto rígido em relação a paisagem, com o interno, adaptando uma técnica construtiva que utiliza de troncos de árvore como seu elemento principal e por fim cimento, que fora queimado juntamente com o quadro de madeira, deixando o local carbonizado e apresentando uma cavidade que proporciona a passagem de luz ao interior, envolvendo os usuários em um local etéreo e introspectivo. Tal passagem de luz contribui para a poética e transcendência do local, que por sua vez é livre de qualquer simbolo religioso, fazendo com que os usuários tenham momentos de reflexão em um local que está em constante mudança devido as mudanças climáticas e solares ao longo dos dias do ano.

IMPLANTAÇÃO Edificação implantada sob plano nivelado.

CONFIGURAÇÃO GLOBAL Edificação com geometria de base retangular.

1 Estrutura com troncos de árvore e cimento carbonizados;

2 Óculo para entrada de luz internamente; 3 Entrada principal.

RELEVÂNCIA

PROJETUAL A busca pela luz; Envolvência; Dualismo; Introspecção.

CONFIGURAÇÃO ALTAR A edificação é livre de qualquer programa ou mobiliário e como dito anteriormente, não possui um altar e uma nave central com bancos para os usuários, apenas a reflexão de luz internamente demonstrando a presença do sagrado no local.

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Após a análise individual de cada um dos exemplares escolhidos acima, fora definido separadamente as respectivas relevâncias projetuais a serem consideradas para o projeto deste presente TFG. Dentre as relevâncias projetuais analisadas temos: os conceitos da busca pela luz presentes em todos os projetos acima, a envolvência considerando a interação do usuário com o espaço edificado, as diferentes possibilidades de uso e espaços presentes na capela Notre Dame Du-Haut de Le Corbusier, os ritmos de Zumthor contribuindo para a poética do local e se relacionando aos rituais religiosos aonde o ato de repetição promove a transcendência de planos, o dualismo advindo da contraposição entre externo e interno - definindo como se limitam e como se conectam- e luz e sombra, a utilização de técnicas construtivas e materiais que auxiliem na criação de uma arquitetura sensível e a introspecção advindas da busca pela conexão com sagrado. A partir do levantamento de tais relevâncias projetuais, foi definido o conceito principal a ser levado em consideração para estre TFG, sendo ele: o DUALISMO.

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CONCEITO CONCEITO

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CAPÍTULO 4

TEMPLO ECUMÊNICO

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A ÁREA A ÁREA

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JARDIM MOSTEIRO RIBEIRÃO PRETO | SP A área aonde o templo ecumênico será inserido está localizada na cidade de Ribeirão Preto, São Paulo, mais especificadamente no bairro Jardim Mosteiro, aonde há uma grande representatividade cultural e religiosa para a cidade, uma vez que estão inseridos nesse local o Teatro Municipal e o Teatro de Arena, as Sete Capelas, a Secretaria Municipal da Cultura e o Bosque Municipal da cidade. A escolha da área se deu através da necessidade de visibilidade e fácil acesso ao Templo Ecumênico, dessa forma a área escolhida está voltada para a avenida Meira Júnior que possui fluxo intenso durante todo o dia, além de ser um local conhecido aos moradores da cidade devido à existência dos equipamento previamente citados e aos eventos que acontecem em suas redondezas ao longo de todo o ano. Além disso, a necessidade de aproximação com a natureza facilitou a escolha do local de implantação, uma vez que há na área uma densa área verde nativa advinda da próxima localização com o Bosque Municipal.

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N | 73


| IMG 37 CAMPUS SENAC RIBEIRÃO PRETO

| IMG 38 TEATRO MUNICIPAL

| IMG 39 SETE CAPELAS

| IMG 40 BOSQUE FÁBIO BARRETO Área de Intervenção Vazio Desativado Cultural Prestação de Serviços Residencial Comércio Institucional Sete Capelas Área Verde

O ENTORNO uso do solo

Como podemos analisar na leitura ao lado, há uma predominância de lotes residênciais nas proximidades da área de intervenção sendo eles mais ao interior do bairro e em contrapartida, voltadas para as grandes avenidas Meira Júnior e Treze de Maio, podemos observar uma grande concentração de lotes comerciais e de prestação de serviços, devido ao grande fluxo presente nessas avenidas ao longo de todo o dia.

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N | 75


Vazio Baixo: 1 a 2 pavimentos Médio: 3 a 4 pavimentos Alto: + de 5 pavimentos Área Verde

O ENTORNO gabarito | predominância O mapa ao lado iliustra a situação de gabarito da área de intervenção aonde podemos notar a presença de edificações baixas de 1 a 2 pavimentos em sua predominância, apresentando apenas algumas edificações com quantidade de pavimento superiores a 3 andares assemelhando-se a quantidade de edificações com mais de 5 pavimentos.

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N | 77


Vazio Cheio Área Verde

O ENTORNO figura fundo

Como podemos analisar ao lado, o mapa de figura fundo da área possui um traçado basicamente retilíneo e com as quadras em sua maioria retangulares, com predominância de cheios sobre os vazios na maior parte da área analisada.

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N | 79


Lotes Vias Locais Vias Arteriais Área Verde

O ENTORNO hierarquia física

Como podemos analisar na leitura ao lado, as vias arteriais dão local às Avenidas Meira Júnior e a Avenida Treze de Maio, aonde há a presença de um fluxo intenso durante todos os horarios do dia, sendo em sua maioria durante à manhã, no horário do almoço e no fim da tarde. Por outro lado, as vias locais existentes no bairro estão localizadas nas ruas paralelas à essas grandes avenidas, que por sua vez possuem fluxos moderados ao serem comparados com as vias arteriais.

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CONCEITO TEMPLO ECUMÊNICO Dualismo

1. Princípio compartilhado por algumas religiões que afirmam ser possível a coexistência, existência simultânea, do espírito e do corpo, do bem e do mal. 2. Existência mútua ou simultânea de várias e contraditórias coisas, sensações, sentimentos em circunstâncias ou pessoas. Através dos exemplares de arquitetura sagrada previamente estudados, vários conceitos foram levantados quando se trata de um local de celebração sagrado que seja livre de qualquer simbologia ou iconografia atrelada a específicos credos. Ao propor um espaço como esse, tratamos da arquitetura em sua forma mais pura e sensível, priorizando técnicas construtivas, materialidades, soluções para a busca de iluminação natural entre outros fatores que contribuem para a construção da poética do local. Dessa forma, o Templo Ecumênico a ser proposto tem como conceito principal o dualismo na arquitetura; Presentes em obras como as de Peter Zumthor e de Tadao Ando, tal conceito consiste na qualidade dupla de um local, contrapondo materiais, técnicas, volumes e aberturas não somente em relação ao entorno, mas também na própria edificação, criando um discurso único entre ideias que possuem essências distintas entre si.

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MATÉRIA SINGULAR INTROSPECTIVO INTENSO INTERNO RÍGIDO SOMBRA PRETO

DUALISMO DUALISMO BRANCO LUZ DELICADO EXTERNO SÚTIL COMUNICATIVO PLURAL ESPÍRITO

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ivid ind

nico cumê lo e u al

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PROGRAMA TEMPLO ECUMÊNICO

Meditação

1. prática de concentração mental que se propõe a levar, através de uma sucessão de estádios, à liberação espiritual dos laços do mundo material.

Celebração

1. realização de ritual, de formalidade; realização de ofício religioso. Com base nos conceitos de celebração e de meditação citados acima e nos conceitos de ecumenismo previamente abrangidos, o programa do templo escumênico a ser proposto neste TFG deverá ser livre de simbologias e iconografias religiosas, respeitando assim a pluralidade de crenças presentes no mundo. Dessa forma, não somente as técnicas construtivas, conceitos e partidos deverão ser explorados como também o programa do local a ser proposto. Como pode-se observar ao lado, o Templo Ecumênico proposto terá duas frentes a serem abrangidas: espaços de celebração e de meditação, sendo eles coletivos ou individuais atendendo necessidades dos usuários que usufruirem do local, além disso, áreas de apoio e de convívio, como um espaço administrativo, sanitários e um jardim também serão propostos. Áreas como as de convívio e de celebração ou meditação coletivas serão interligadas, como mostra o esquema ao lado, por outro lado, o espaço de meditação individual será segregado dos demais, respeitando o cunho instrospectivo do local e como ilustrado ao lado, as áreas de apoio - tais quais sanitários e áreas administrativas - serão comuns a todas as demais áreas do projeto.

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B

A

A B

C N

Conservação de massa verde existente + Novos pontos de vegetação Implantação dos espaços de conexão Implantação de espelhos d’água e um terraço-jardim Novas áreas de acesso Implantação de eixos de percurso horizontais e verticais Identificação da qualidade dos espaços

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N

N


B

A

C

N

NN

N

N

N

DIRETRIZES DIRETRIZES | 86


CELEBRAÇÃO

BLOCO DE APOIO

MEDITAÇÃO

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PARTIDO TEMPLO ECUMÊNICO Este presente estudo visa propor a inserção de um Templo Ecumênico na cidade de Ribeirão Preto e que por sua vez, possui uma carência de tais espaços de celebração que sejam destinados a todos, aonde haja a possibilidade de encontro entre várias crenças e religiões em um só lugar. Levando em consideração o conceito principal a ser aplicado ao projeto, a busca pelo dualismo se faz presente no partido arquitetônico do local. Usando volumes de configuração global retangular, que em alguns momentos se dispõe vertical e horizontalmente, para atingir a busca pela introspecção, o presente Templo Ecumênico possuirá três volumes de acordo com o programa de necessidades levantado. Tais volumes possuirão aberturas e fechamentos que hora se conectam com o exterior e hora se limitam, criando espaços de cunho introspectivo para os usuários e proporcionando diferentes formas de uso, percursos e permanências, tanto horizontais quanto verticais.

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PROJETO TEMPLO ECUMÊNICO Foram aplicados ao projeto os conceitos de dualismo levantados anteriormente com o fim de caracterizar cada espaço de acordo com suas necessidades e intenções, além disso, levando em consideração a análise da qualidade dos locais para disposicação dos blocos foram estipulados dois eixos de intropecção que se interpõe entre si. O eixo de percurso horizontal leva os usuários à intropecção através do caminho que se afunila levando-os desde a Avenida Meira Júnior, que possui grande movimento ao longo de todo o dia, até o bloco de meditação, situado no ponto mais próximo à mata advinda do Bosque Fábio Barreto. O eixo de percurso vertical estabelece uma conexão intropectiva aos usuários, evando-os do ponto mais alto do projeto (o terraço-jardim), aonde pode-se observar uma parte da cidade, ao nível projetual aonde estão situados os blocos de celebração de meditação.

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l tica ver erc urs o eix od ep

SINGULAR SOMBRA DELICADO INTENSO INTROSPECTIVO LUZ ESPÍRITO RÍGIDO

eixos de intropecção

ESPÍRITO COMUNICATIVO EXTERNO INTERNO PLURAL LUZ SOMBRA SÚTIL

eix

od

ep

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EXTERNO INTERNO MATÉRIA PLURAL

PER E PLUCUR XTER RA SO NO L

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IMPLANTAÇÃO IMPLANTAÇÃO TEMPLO ECUMÊNICO | ESCALA 1:250

1 | ESPAÇO DE CELEBRAÇÃO COLETIVO; 2 | ESPAÇO DE MEDITAÇÃO COLETIVO\INDIVIDUAL; 3 | ÁREAS DE APOIO ADMINISTRAÇÃO\SANITÁROS. | 92


iluminação zenital

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im

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2

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Te sa lha inc ndu met lin ich álic aç e a ão =1 2%

3

volume da caixa d'água

ca

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Te sa lha inc ndu met lin ich álic aç e a ão =1 2%

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00

0L

CORTE

C

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CORTE

A


porta pivotante eixo central

porta pivotante eixo central

porta pivotante eixo central

1

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PLANTA PLANTA

TEMPLO ECUMÊNICO | ESCALA 1:250 1 | PLANTA MEZANINO MEDITAÇÃO INDIVIDUAL | 95


ilumin zen

muro de arrimo 5m

CORTES CORTES

TEMPLO ECUMÊNICO | ESCALA 1:200 1 | CORTE A ESCALA 1:200 2 | CORTE B ESCALA 1:200 3 | CORTE C ESCALA 1:200 | 96


nação nital

1 | CORTE A ESCALA 1:200

volume caixa d'água

rasgo na laje

rasgo na laje

Capacidade 2000 litros laje impermeabilizada

projeção

original do

terreno

1 | CORTE B ESCALA 1:200

1 | CORTE C ESCALA 1:200

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EXTERNO PERCURSO PLURAL | 98


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ESPÍRITO PLURAL SOMBRA INTERNO SÚTIL | 100


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COMUNICATIVO LUZ EXTERNO | 103


SOMBRA DELICADO ESPÍRITO SINGULAR INTROSPECTIVO | 104


INTENSO LUZ RÍGIDO | 105


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