Terri Brisbin
Nos Braços do Conquistador
Série Os Cavaleiros da Britania 2 Tradução/Pesquisa: GRH Revisão Inicial: Jaque Revisão Final: Jaque
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Formatação: Jaque
Resumo O forte, valente e honesto Giles Fitzhenry era um guerreiro que não havia conseguido desfazer-se da vergonha de ser um filho bastardo. Para salvar a sua gente e a suas terras, lady Fayth devia casar-se com aquele poderoso cavalheiro bretão contra sua vontade. Ela desejava desfazer-se do marido, mas não podia negar o desejo que crescia em seu
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interior cada vez que Giles Fitzhenry a observava com seu penetrante olhar
Nota da Revisora Jaque Adorei revisar esse livro. É uma história de descobertas. Ele, um bastardo, aprendendo como ser um Lorde, após ganhar um titulo de nobreza e terras do futuro Rei. E ela aprender a compreender e aceitar o novo Lorde de suas terras e de seu coração. Tinha momentos que morria de ódio das atitudes dele e da sua falta de confiança que tinha nela, afinal ele era o intruso. Mas eles vão aos pouco se conhecendo e aprendendo a lidar com a nova situação.
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Prólogo Hastings, Inglaterra 14 de outubro de 1066 O duque da Normandía observou as colinas que se estendiam frente a seus olhos e fez um gesto aos seus comandantes. Deu-se conta de que ia converter se em senhor de tudo o que podia ver e de muito mais. Sentia-se tão satisfeito e feliz como um gato bem alimentado. Estava desejando que chegasse seu momento e não pôde evitar sorrir ao pensar nos Witan e na alegria proporcionada por ter derrotado ao rei. Alguns de seus homens pigarrearam para atrair sua atenção e lembrar que ainda havia muito por fazer. Apesar das vitórias e do quanto estavam avançando a cada dia, a batalha pela Inglaterra ainda não estava ganha. William virou e olhou seus comandantes, que o observavam a certa distância. Esses homens, os que lutavam nas distintas unidades de infantaria, os cavalheiros e os arqueiros tinham estado sempre as suas ordens. E por isso mesmo esperavam conseguir as recompensas prometidas depois de uma bem-sucedida conquista. Olhou a seu redor. Os abutres da guerra já rondavam por ali, preparados para rebuscar entre os muitos cadáveres e moribundos do campo de batalha. —Demoraremos dias para limpar os campos, meu senhor — falou Padre Obert. William olhou os nobres normandos, bretães e inclusive franceses que foram aproximando-se de seu acampamento. Cada vez apareciam mais.
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—Não parecem dispostos de esperar tanto tempo, Obert. —respondeu o duque. William deixou sua taça sobre a mesa e tomou o pergaminho que Obert tinha preparado para que revisasse. Tratava-se de uma lista com propriedades e fortalezas inglesas cruciais e os homens que se beneficiariam de sua generosidade. Reconheceu em seguida alguns dos nomes. Mas faltavam alguns de seus homens de confiança e comandantes e havia outros que não conhecia. —Quem recomenda tais recompensas a esses guerreiros? — perguntou William. Já imaginava a resposta, mas queria saber que outros motivos podiam ter levado a incluí-los na lista dos beneficiados com terras e títulos por seus serviços. —Como é costume, senhor, o bispo revisa todos seus assuntos importantes — recordou Padre Obert sem atrever a olhá-lo nos olhos e com a cabeça baixa. Tratava-se de Odo, seu meio irmão e bispo do Bayeux. Devia ter imaginado, era típico dele, agir assim. —Sim. Sempre está a par de tudo e procurando meu bem. — o retrucou com um pouco de ironia. Para Obert não passou despercebido a ironia e fez uma careta. O clérigo estava a par de todas as intrigas da corte, tanto da Normandía como da Inglaterra. E essa informação era o que o fazia tão valioso para o William. —Há nomes nesta lista que não conheço, vai irritar alguns homens que trabalharam duro por mim, arriscando sua fortuna e suas vidas, para ver depois as recompensas mais valiosas irem para mãos de outros. —comentou William. Fixou-se sobre tudo em três desses nomes. Sabia que até os pais desses três poriam objeções. Não iriam falar diretamente, mas sim da maneira mais sutil e educada. Pois queriam as terras para eles mesmos ou seus legítimos filhos, não seus bastardos. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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Sorriu ao pensar nisso e percebeu que era um sorriso diabólico porque viu Padre Obert dando um passo atrás e ficar em silêncio. Não era comum do clérigo, que sempre gostava de aproveitar qualquer oportunidade para dizer o que pensava. —Sei que têm algo a falar, padre Obert. — o animou William, para que falasse às palavras que sabia que estava pensando. —Meu senhor, não é seguro que possa conquistar essas terras. São as mais perigosas de todas as que têm reclamado em seu nome. Pode ser que muitos não sobrevivam à ofensiva e seria uma lástima que alguns de seus amigos mais leais perdessem seus herdeiros nessas batalhas. William ficou em pé. Sua cabeça quase tocava o teto da tenda. —É uma perspectiva interessante, Padre Obert — disse enquanto levantava a porta de tecido. Era o gesto que esperava os cavalheiros que aguardavam para aproximar-se dele. —E se trata além de um raciocínio persuasivo que acalmará, ao menos no momento, alguns dos que mais protestariam. —Como vocês dizem meu senhor. — repôs Padre Obert enquanto se afastava para que entrassem os nobres mais importantes, ricos e poderosos — Para que mandar um herdeiro em uma missão perigosa quando poderia mandar um filho bastardo? Qualquer outro homem não teria sobrevivido muito ao lhe dizer algo assim. De fato, muitos tinham sofrido sua ira por falar dessa maneira, mas Padre Obert falava com a ironia de um filho ilegítimo falando com outro. Suas próprias vidas e posições se apoiaram nesse tipo de decisões. William observou como empilhavam os corpos no campo de batalha e assentiu com a cabeça. Seus homens já começavam a chamar esse lugar de Senlac, que significava «lago de sangue». E sabia que se derramaria muito mais sangue antes que conseguisse conquistar todo o território inglês. No chão que pisava nesse instante não importava se o sangue que o manchava era de nobres ou não. Para essa terra pouco importava que o Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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homem que agonizava sobre ela tivesse um título ou nem sequer um nome. E tampouco importava a esse terreno se sua causa era justa ou não. E lhe acontecia igual. Era William, duque da Normandía, antigamente chamado o Bastardo e depois o Conquistador. Só importava a vitória e, se os que estavam na lista do Odo tinham muito que ganhar ou pouco que perder, assim ia ser. Cruzou os braços e fez um gesto a Obert para que começasse a ler em voz alta as disposições. Acreditava que, na guerra, só importava a vitória, não o sangue.
Capítulo 1 —Termine essas palavras e será viúva antes de esposa.
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As palavras foram sussurradas com frieza por Giles Fitzhenry, cavalheiro nomeado por William o Conquistador. O sangue da ferida que tinha sobre o olho escorria por seu rosto e caiu no ombro da dama, mas não deixou de agarrá-la com força. Sabia que não custaria nada apertar seu pescoço e sufocá-la. Prometeu a si mesmo e depois em voz alta que o faria se ela ousava completar as palavras dos votos matrimoniais. Giles virou para olhar às pessoas que enchia a pequena capela. Ficaram em silêncio e ele se afastou ligeiramente para que vissem a adaga que sustentava contra as costelas da dama. Com o gesto deixava claro que ela morreria se alguém decidisse intervir. A dama agarrava sua mão como se acreditasse ser capaz de detê-lo. Giles pensou que lady Fayth de Taerford deveria haver pensado melhor sobre as conseqüências de seus atos antes que ele chegasse. Antes que seus homens e os dela tivessem morrido na sangrenta batalha pela fortaleza. Giles fez um gesto para Roger e este colocou a espada sobre o pescoço do cúmplice da dama, esperando a resposta de lady Fayth. —A fortaleza e as terras são minhas, agora, senhora e também vocês. As palavras que escolher não fará diferença a não ser determinar que seu prometido morra lentamente ou de maneira imediata. Viu como ela olhava o homem que Roger segurava a poucos metros de distância. Sentiu seu corpo relaxar antes que ela pronuncia-se as palavras de rendição. Teve que fazer grande esforço para ignorar as suaves curvas que tinha entre seus braços e se afastou ligeiramente da dama, baixando a adaga. —Toma a ele como marido em vez de mim? —perguntou em voz alta. —Não. — sussurrou ela com a voz rouca. Suas palavras romperam o terrível silêncio da capela. Após ouvir sua rendição, os homens de Giles rodearam os de lady Fayth e tiraram todo mundo da capela. Sem soltá-la, fez um gesto a seu segundo comandado e olhou depois ao homem que ela tinha escolhido para marido. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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— Matem - ordenou. O sacerdote protestou, mas seus homens ignoraram os gritos do ancião e se prepararam para seguir suas ordens. Foi à voz da dama que conseguiu detê-lo. —Meu senhor… — começou ela enquanto tentava virar para olhá-lo no rosto. Mas com o movimento só conseguiu que caísse mais sangue do guerreiro em seu vestido. —Rogo-lhes, meu senhor. — continuou ela depois de que ele há soltou um pouco — Ele não tem culpa. De verdade. Misericórdia, meu senhor. Tenha misericórdia… — acrescentou enquanto jogava a cabeça para trás para oferecer sua vida em sacrifício. Giles depois tentaria se convencer de que tomou a decisão porque queria terminar o quanto antes esse banho de sangue. Também se diria mais tarde que sua intenção não tinha sido nunca matar esse pobre homem, cujo único delito tinha sido se deixar persuadir por sua prometida para seguir adiante com um plano que só tinha como fim acabar com os direitos de Giles sobre ela e as terras. Mas na realidade sabia, embora não queria reconhecer, que no momento que lady Fayth o olhou nos olhos, deu-se conta de que não podia lhe negar nada. Suspirou e assentiu com a cabeça. —Leve-o junto com seus homens e os tirem de minhas terras. — ordenou a seus soldados— A partir deste momento, se voltar a entrar nelas ou tentar entrar em contato com minha prometida, matem. Depois que Roger tirou o prisioneiro da capela, Giles soltou à dama. Lady Fayth tentou recuperar o fôlego enquanto ele a empurrava para perto de um de seus homens. Tinha muito que fazer e não queria tê-la perto. —Encontre algum lugar seguro para ela. — disse ao homem. Lady Fayth levou as mãos ao pescoço e abriu a boca como se fosse dizer algo, mas não falou. Viu que tinha deixado em seu pescoço os rastros de suas mãos ensangüentadas e estava seguro de que as luvas de sua armadura deixariam marcas e hematomas em sua pálida pele. Mas qualquer tipo de Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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compaixão que tinha estado a ponto de sentir por ela desapareceu quando viu dois de seus homens mortos no chão da capela. Voltou a olhá-la e viu o ódio em seus olhos verdes. Esse olhar dizia mais que mil palavras. Sentiu que ela o estava desafiando em silêncio e sorriu com frieza. —Cuidem de lady Fayth. Se tiver que lhe acontecer algo, será de minhas mãos ou porque assim eu ordene. —Sim, meu senhor. — respondeu o soldado enquanto tirava a dama da capela. Depois de inspecionar o templo e assegurar que os mortos fossem enterrados e os feridos atendidos, Giles foi para a fortaleza comprovar por si mesmo como era seu novo lar.
Lady Fayth podia sentir o sangue desse homem sobre sua pele onde ele a tinha agarrado com brutalidade. Era quase como se tivesse marcado sua posse para que fosse visível aos olhos de todos. Queimava-lhe a garganta e lhe doía os ombros. Enquanto os soldados de sir Giles a tiravam da capela, viu como outros soldados levavam Edmund e seus homens e os tiravam da fortaleza. Perguntou-se então se voltaria a vê-lo novamente e se seu novo senhor cumpriria a palavra e os liberaria. Teve que se segurar para não chorar ao pensar que não voltaria a ver nunca mais seu amigo da infância. Ao menos tinha conseguido salvar sua vida, mas já não havia ninguém ali para protegêla e estava nas mãos do invasor. Os gritos que escutou nesse instante atraíram sua atenção e viu horrorizada como os habitantes da fortaleza, servos e demais eram levados até o pátio central onde normalmente ficavam os cavalos. Havia homens, mulheres e crianças. Os soldados de sir Giles foram de casa em casa tirando todo mundo e levando-os até esse lugar.
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Não queria nem pensar que fossem matar a todos. Muitos pediam auxílio e a chamavam, viu medo em seus olhos e em suas vozes. Mas ela também estava prisioneira e não podia fazer nada por eles. Não pôde seguir em silêncio quando um dos soldados normandos atirou a jovem filha do cozinheiro ao chão. Com uma força que não sabia que tinha, conseguiu fugir do soldado que a segurava e correu para socorrer a jovem Ardith, afastando o guerreiro com um empurrão. Ajudou-a se levantar e lhe disse para correr. Fayth se voltou a tempo de ver que seu guardião estava a ponto de alcançá-la e o soldado que tinha empurrado Ardith ficava em pé. Ouviu-o amaldiçoando em normando, mas as palavras eram muito rápidas para que as pudesse entender. Esse homem que tinha atacado Ardith a agarrou pela capa e a puxou com força até que ficou de frente com o agressor. Viu em seus olhos a ira ao ser interrompido quando estava a ponto de beneficiar-se do que devia pensar ser seu direito como conquistador. Levantou o punho com força e ela tentou afastar para evitar o golpe, mas não pôde. Sentiu a inusitada dor de um lado do rosto e tudo escureceu de repente.
Giles Fitzhenry observou o caos no pátio da fortaleza da janela do quarto que havia escolhido para seu uso. Era um quarto grande, com uma lareira incrustada na parede, um amplo armário e uma janela que lhe permitia contemplar o pátio e o portão principal. Quase todos os habitantes de Taerford estavam concentrados em uma área cercada, o restante era levado para lá nesse momento, embora parecesse que muitos resistiam. Seus homens controlavam os portões da fortaleza e todos os caminhos que levavam a castelo. Tinham chegado até ali lutando desde Hastings, passando pelos caminhos próximos a Londres e continuando para o oeste até entrar nas terras do Harold. William o tinha apressado para que seguisse alguns inimigos Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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que escaparam do campo de batalha e estavam tentando organizar forças que impedissem a chegada do duque ao trono inglês. Os dias haviam passado rapidamente e ao final tinha acontecido quase uma semana de batalhas até conseguir chegar à fortaleza que lhe tinham outorgado. Apesar de ter enviado com antecipação um mensageiro para informar aos senhores de Taerford sobre sua chegada e o fato de que ia reclamar esse lugar para ele, a dama do castelo e os que tinham conspirado com ela tinha estado a ponto de consumar um apressado matrimônio quando ele chegou e conseguiu o controle da fortaleza. Sorriu ao recordá-lo. Tinha sido duro, mas estas terras, agora, pertenciam a ele. O edifício não era muito grande, mas lhe pareceu suficiente. Tinha três pavimentos com vários aposentos e as cozinhas se achavam em uma construção à parte. O castelo, as cozinhas, a capela e algumas outras construções estavam construídas dentro dos muros. Este não era muito alto, mas lhe pareceu bastante seguro até que pudesse substituir a madeira por pedra como William tinha ordenado que fizesse. Tirou a cota de malha da cabeça e procurou algo com que pudesse limpar o sangue de sua ferida. Encontrou um lenço de linho sobre a cama e o pressionou contra o profundo corte. Voltou então para a janela para ver se tudo estava seguindo conforme suas ordens. Por desgraça, as coisas não foram como ele tinha exigido. Reconheceu o último soldado que se uniu a seu destacamento. Estava agarrando uma jovem e, apesar da distância, pareceram muito claras suas intenções. Amaldiçoou entre dentes ao vê-lo. Assegurou-se de que todos seus homens entendessem que esse tipo de ataque era inaceitável, mas o jovem Stephen parecia ter problemas para controlar-se. Já tinha demonstrado isso no campo de batalha e também o fazia nesse preciso instante. Saiu correndo de seus aposentos e desceu as escadas. Chegou ao pátio a tempo de ver lady Fayth intervindo.
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Antes que ele pudesse gritar algo ao soldado, Stephen agarrou lady Fayth pela capa e puxou até levantá-la do chão. Gritou-lhe então para que se detivesse, mas o barulho no pátio era alto e ninguém o escutou. Pôs-se a correr para eles e viu quando Stephen esbofeteou lady Fayth com tal força que a dama caía inconsciente no chão. Sem parar, jogou-se sobre o desobediente soldado. Apesar de todos que os observavam, golpeou-o até que outros homens os separaram. —André! —gritou Giles para chamar um de seus guardas— Levem a senhora aos meus aposentos. Henri procure sua criada ou alguém que possa atendê-la e tratá-la. —acrescentou enquanto limpava com as mãos o sangue que voltava a sair com força de sua ferida— E que não se separe dela. Quanto a você, sua desobediência e falta de honra são seus piores defeitos. — disse para Stephen— Já adverti isso e decidiu fazer pouco caso de minhas palavras. Ordenou que o levantassem do chão, que o despissem da cintura para acima e que o atasse a um poste da cerca. Todos ficaram em silêncio, ao ver como o novo senhor da fortaleza castigava a um dos seus. Não gostava de ter que fazê-lo nesse momento, mas se deu conta de que o melhor que podia fazer era castigar o soldado o quanto antes para que servisse de exemplo. Era algo necessário, sobre tudo em tempos de guerra como a que viviam. Tirou as luvas e aceitou o látego que lhe oferecia um dos seus capitães. Não era algo que gostasse de fazer, ele também tinha sofrido a dor das chicotadas, mas tinha aprendido muito depressa a dura lição e nunca mais tinha sido castigado por desobedecer aos seus superiores. Foi para onde Stephen estava amarrado, olhou para seus homens e aos habitantes de Taerford. — Por desobedecer minhas ordens, o castigo é de dez chicotadas. Conte Thierry — disse em voz alta. Giles preparou o látego e o sacudiu no ar. A ponta fez um forte ruído e muitos dos pressente se sobressaltaram ao ouvi-lo. Depois de praticar um pouco, começou a dar o castigo que o
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soldado merecia. Embora o soldado gemesse em cada golpe, estava se controlando para não gritar nem mover-se. —E por tocar em lady Fayth, outros dez - anunciou então. Suas palavras surpreenderam aos que o observavam, notou em suas exclamações. Levantou de novo o braço e contaram outras dez chicotadas. Dessa vez, Stephen tinha perdido sua capacidade de controlar-se e gritava em cada golpe do látego em seu torso. Ninguém se moveu até que ele fez um gesto com a cabeça. —Desamarrem e o deixem ali — ordenou Giles—. Depois que terminarem com tudo o que devemos fazer hoje, se encarreguem de que alguém cuide das feridas. Olhou seus homens nos olhos sem dizer nada mais. Depois deu meia volta e se afastou dali. Dois de seus soldados desataram Stephen e voltaram para as tarefas que tinham sido encomendadas. Ressentia-se em contar com um homem a menos por culpa da estupidez e falta de controle de um dos seus. Olhou ao redor e viu que o sol não estava ainda no alto, mas fazia muito calor. O sangue e o suor cobriam seu rosto e manchavam sua túnica sob a armadura. Tinha estado lutando até de madrugada e estava esgotado. Certificou-se de que seus homens tinham o castelo e seus habitantes sob controle e depois fez um gesto a Thierry para que o seguisse até o edifício principal. Os dias que tinha passado combatendo desde que chegou a Inglaterra começava a fazer estrago em seu corpo e não desejava outra coisa que não fosse: descansar, um lar seguro, um banho quente e comida caseira. Mas o ambiente seguia pesado e tinha uma sensação de desgosto depois de lutar com Stephen. Sabia que ainda não ia conseguir descansar. E ainda tinha a tarefa mais complicada de todas: esclarecer várias coisas com a mulher que ia ser sua esposa.
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A primeira tentativa de Fayth de abrir os olhos lhe causou uma terrível dor de cabeça. Ficou quieta esperando passar a vontade de vomitar. Com os olhos fechados, escutava as pessoas entrando e saindo de seu quarto. Queria voltar a abrir os olhos, mas as espetadas de dor que atravessava seu crânio eram tão fortes que se deu conta de que seria melhor esperar. —Minha senhora? —sussurrou a seu lado uma voz familiar— Minha senhora? Abriu a boca, mas não podia falar. A enxaqueca era terrível que temia arrebentar a cabeça se tentasse falar. Mas essa mulher, fosse quem fosse não parecia disposta a render-se. —Deve despertar minha senhora. Ele vem para cá. Levantou as mãos e tocou no ferimento na testa. Acariciou-o levemente e se deu conta de que era a fonte da dor. Colocou o braço sobre seus olhos para proteger-se da luz e os abriu lentamente. Era Ardith. A jovem tinha o rosto cheio de lágrimas e parecia aterrorizada. Viu como olhava para a entrada com preocupação e depois para ela. Quando abriu a porta, a menina se afastou depressa da cama e foi andando para trás, até que se encostou a uma das paredes do quarto. Fayth ficou olhando-a, mas a dor lhe dava náuseas. — Disse que cuidasse de sua ferida. Por que a senhora ainda está suja de sangue? Suas palavras, pronunciadas em um inglês com leve sotaque, ressoaram no quarto. Encolheu o estômago ao saber que ele estava ali. Ardith só soluçava. Teria gostado de intervir, mas estava muito indisposta para tentar. Com muito esforço, conseguiu pronunciar umas palavras. —Não está acostumada a esse tipo de tarefa - sussurrou Fayth. Havia lhe dado muito trabalho falar e esperava não ter que voltar a fazê-lo. O esforço tinha aumentado sua enxaqueca e tinha o estômago revolto. Não pôde conter a ânsia.
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Foi sorte que a jovem percebesse o que ia acontecer e corresse para seu lado com uma bacia. Chegou bem a tempo, quando começava a vomitar. Todo seu corpo se sacudia com o esforço. E, quando terminou, estava tão esgotada que não podia nem levantar a cabeça. Teria ficado nessa posição humilhante se um par de fortes mãos não a tivesse levantado e ajudado a deitar de novo sobre o travesseiro. —Jogue isso fora! —gritou o homem para jovem. Mas Ardith estava muito assustada para obedecê-lo. Afastou-se da cama tremendo com tal intensidade que esteve a ponto de atirar a bacia no chão. Fayth estava tão fraca que não pôde intervir. Limitou-se a ver como o invasor se aproximava da menina enquanto amaldiçoava em normando. Mas se deteve ao ver que abria a porta do quarto. Entrou então Emma, carregando outra bacia e alguns lençóis. —Meu senhor. —saudou a recém chegada com uma reverência — Esta assustando a jovem Ardith. Você e seus homens. —adicionou. Fayth observou como sua velha criada colocava as coisas sobre uma mesa, tomava a bacia suja das mãos de Ardith e a levava para porta. Entregou para um dos soldados que vigiava o corredor e lhe disse que a levasse. O homem ficou perplexo ao ouvir as ordens da anciã, mas as risadas de seu superior o fizeram reagir e se afastou com a bacia. —Você não parece assustada. —disse lorde Giles pouco depois— Como se chama? —Emma, meu senhor. Por favor… — sussurrou Fayth com um fio de voz. Temia que o novo senhor do castelo quisesse castigar a sua criada de algum jeito. —Sim, lorde Giles. Sou tão velha que poderia ter trocado suas fraldas quando era só um bebê, meu senhor. — interveio Emma sem pensar em suas palavras.
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Não estava mostrando nenhum respeito ao novo senhor e o olhava desafiadoramente com as mãos nos quadris. Fayth estava muito assustada. Acreditava que Giles Fitzhenry a mataria por uma rabugice semelhante. Por isso se surpreendeu tanto quando ele respondeu com humor. —Tendo em conta sua idade e a minha, acredito que teria sido possível — retrucou Giles Fitzhenry rindo enquanto olhava o homem que esperava a seu lado. Disse algo em normando ao soldado. As palavras foram muito rápidas para que ela pudesse entender. —Mas não se engane. Embora me divirtam seus comentários, não permitirei que me responda nesse tom desrespeitoso, mulher. Felizmente, Fayth viu que Emma trocava de atitude e assentia com a cabeça. Estava acostumada à maneira de ser de sua velha criada, mas tudo acabava de mudar ali e ainda não sabia como seriam ser as coisas a partir desse dia. —Lady Fayth, desça ao salão assim que puder. — ordenou então lorde Giles enquanto a olhava com seriedade — Há assuntos que deve ser tratado o quanto antes. —Mas, meu senhor… — começou Emma. Giles levantou com autoridade a mão e a criada não ousou seguir falando. —No salão. — repetiu o cavalheiro— Ajude-a a preparar-se para a reunião —disse com firmeza para Emma. A criada assentiu com a cabeça e foi à mesa para começar suas tarefas. O novo senhor de Taerford saiu dos aposentos sem deixar de dar ordens a todos. Ficaram em silêncio uns minutos. Depois, Emma se aproximou da cama e fez um gesto para Ardith que fizesse o mesmo. —Pensei que ia te bater Emma. Não deve zangá-lo - ordenou Fayth a Emma.
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—Não, minha senhora. O novo senhor só respeita aos que mostram força e coragem. — respondeu a criada enquanto colocava o braço sob suas costas para ajudá-la a levantar — Deve se preparar para falar com ele e devem fazer com segurança e coragem. Têm que ser a filha que seu pai soube que chegariam a ser algum dia. Fayth queria ter a mesma segurança que Emma estava demonstrando, mas tinha sido um dia muito complicado e duro. Não podia ignorar tudo o que tinha ocorrido. Além disso, estava segura de que iria mudar muitas mais coisas em sua vida e na dos habitantes de Taerford. Não sabia se Edmund estava vivo e se seria capaz de reunir seus seguidores para conseguir recuperar o poder na Inglaterra. Estava tão absorvida em seus pensamentos que não se deu conta de que Emma ia sentá-la na cama. A dor produzida pela lesão da cabeça era tão intensa que passaram horas antes que estivesse pronta para descer ao salão principal. E, até então, teve que apoiar-se em dois soldados para poder caminhar apesar do tremor que tinha nas pernas. Concentrou-se em cada passo. Caminhava lentamente e olhando para o chão. Não viu o novo senhor de Taerford até que o teve diante de si. Giles Fitzhenry franziu o cenho e os soldados que a escoltavam se afastaram de repente. A dor de cabeça seguia tão forte que enjoava e temeu vomitar. Mas algo atraiu sua atenção. Giles tinha o anel com o selo que tinha sido de seu pai. Um objeto que ele nunca tirou em vida e que o novo senhor da fortaleza tinha pendurado no pescoço em uma corrente. O anel de seu pai… Fayth levantou a cabeça e o olhou nos olhos. Giles Fitzhenry a observava com ar vitorioso. Não teve que abrir a boca para lhe dizer que era o novo senhor de Taerford e que era ele quem dava as ordens. Deu-se conta então de que seu pai tinha morrido e que esse homem era o novo proprietário de tudo o que tinha sido de seu progenitor.
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Custava aceitar a situação, não podia fazê-lo. Levantou a mão para tirar o anel, mas ele a apanhou antes que pudesse tocá-lo e apertou com força seus dedos. —Agora é meu. — disse Giles com firmeza— Igual é esta fortaleza e igual a vocês. O rei William me nomeou Barão de Taerford para que governe as terras que foram antes do Bertram e algumas outras. Tinha prometido a Emma que se mostraria forte e segura, mas não pôde fazê-lo e perdeu por completo o controle nesse instante. Tudo dava voltas a seu redor e se deixou levar pela dor que tinha em sua cabeça. E pela dor que estava nascendo em seu coração. Seu pai tinha morrido.
Capítulo 2 Fayth demorou três dias para se recuperar de tudo e durante esse tempo não voltou a ver o homem que a mantinha cativa. Ao menos era nisso que acreditava. Tinha a vaga sensação de que uma voz grave e masculina a tinha despertado durante a primeira noite, mas não estava segura. Emma tinha recebido instruções de um curandeiro para que não a deixasse dormir durante longos períodos de tempo. De outro modo, corria o perigo de que sua mente não se recuperasse de todo do golpe. Mas sabia que Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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não tinha com o que preocupar-se. Sua cabeça, ainda dolorida, funcionava quase com mais clareza que antes do incidente. Temia que Giles Fitzhenry chegasse um dia e a arrastasse até o salão do castelo para casar-se com ela. Estava tão assustada que nunca baixava o guarda. Apesar de ser um cavalheiro normando, sabia que tinha estado lutando às ordens do Bastardo. Esfregou as têmporas com os dedos para aliviar a constante enxaqueca. Emma havia contado que tinha chegado da Bretanha com o resto dos homens que tinham lutando a seu lado. Saber seu lugar de origem não dizia nada, mas a fazia ser se preocupar ainda mais, já que William o Bastardo tinha reunido homens por todo o continente para que lutassem a suas ordens e o ajudasse a conseguir o poder de um país que Fayth acreditava que não tinha direito. As primeiras ordens de Giles Fitzhenry foram transferi-la para os aposentos que tinham sido de seu pai enquanto que o novo senhor de Taerford escolhia suas próprias habitações. Não permitia sair dali, tinha guardas na sua porta que bloqueavam a passagem cada vez que tentava. Emma, entretanto, movia-se com liberdade por toda a fortaleza e os terrenos adjacentes. Ardith tinha estado quase todo o tempo ao seu lado. Imaginou que temia voltar a ver o soldado que a tinha atacado no primeiro dia. Sua velha criada tinha contado que o cavalheiro normando tinha o controle da fortaleza e a dirigia com autoridade. Tinha substituído os soldados que seu pai tinha deixado ali por seus próprios homens. Estes se encarregavam também de assegurar de que todo mundo cumpria à perfeição os trabalhos e tarefas no castelo. Todo isso o tinha feito sem tê-la em conta para nada. Apertou os olhos um segundo. Doía-lhe tanto a cabeça que não podia concentrar-se no que estava costurando. Deixou na cesta o vestido que tinha estado remendando e virou a cabeça para um lado e outro para tentar apaziguar a dor que sentia também no pescoço. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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—Ardith. — chamou à jovem — Poderia desfazer minhas tranças? Não suporto sequer seu peso. Virou em sua cadeira para facilitar a tarefa da menina. Ela soltou as tranças e isso aliviou um pouco a dor. Fechou os olhos e deixou que sua cabeça caísse para frente. A cabeleira solta caía livre sobre seus ombros e tentou relaxar para que diminuísse a forte enxaqueca. Ficou em silêncio por alguns minutos até que notou a acelerada respiração do Ardith. Isso atraiu sua atenção, levantou a cabeça e encontrou com os olhos do homem que a deixava prisioneira. Estava ao lado da porta e não o tinha ouvido entrar. —Lorde Giles — o saudou enquanto se levantava— Não o ouvi chegar. Fez um gesto a Ardith para que voltasse a prender o cabelo. Apesar de estar em seus aposentos, não lhe parecia apropriado ter o cabelo solto e despenteado na presença de um homem. A jovem a penteou tão rapidamente como pôde e de maneira um pouco atordoada. Não pôde conter uma careta de dor ao sentir os puxões no cabelo enquanto a menina fazia uma longa trança e lhe colocava depois um véu. Assim que terminou de penteá-la, Fayth virou-se para olhar Giles Fitzhenry de frente. — Está bem, senhora? — perguntou ele com um inglês enfeitado por um leve sotaque normando. —Tendo em conta que… Calou-se ao se dar conta de que qualquer queixa que ela pudesse lhe expor soaria fraca em comparação com as que podiam ter seus servos. —Sua cabeça? —questionou-lhe Giles então— Ainda dói? — acrescentou enquanto entregava a capa a um de seus soldados e se aproximava um pouco mais a ela. —Esta melhorando. — responde. Não deixava de pensar no conselho de Emma e tentava mostrar-se forte. Mas lhe custava, esse homem conseguia atemorizá-la só com sua presença. Tinha que lembrar que ela era a única que ficara ali para proteger a sua gente e isso devia ser seu principal objetivo e prioridade. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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Depois de tudo, já não tinha a seu pai. Fixou-se no anel com o selo de sua família. Giles Fitzhenry ainda o tinha pendurado do pescoço. Era um símbolo que informava a todos da morte de seu pai e o fato de que ele era o novo senhor. Olhou de novo seu rosto e viu que franzia o cenho. Apertava a boca com firmeza e parecia olhá-la com mais seriedade. A tensão no aposento poderia ser apalpada. Era evidente. Um de seus homens se aproximou e murmurou algo em seu ouvido. Giles assentiu com a cabeça como se acabassem de recordar o que fazia ali. —Agora que meus homens e eu garantimos a segurança desta fortaleza, pensei que você gostaria de abandonar sua reclusão e sair de seus aposentos. — ofereceu Giles com o mesmo tom frio— Imagino que esteja preocupa com o bem-estar de sua gente, nossa gente. — corrigiu — Agora poderá comprovar por você mesma como se encontram. Apesar de prometer ser tão forte e fria quanto ele, morria de vontade de sair dali e ver como ia tudo. —Eu gostaria muito, senhor. Giles Fitzhenry fez um gesto a todos para que saíssem do aposento e depois lhe ofereceu o braço. A Fayth não passou despercebida que o cavalheiro normando seguia com a armadura, como se não confiasse ainda em sua segurança nessa fortaleza. Gostou que fosse assim e sorriu pela primeira vez em vários dias. Foi até ele e colocou sua mão no braço que lhe oferecia. Estava desejando sair do castelo. Era a primeira vez que sentia um pouco de esperança. Tinha estado muito triste desde que recebeu a notícia do falecimento de seu pai. Esse homem tinha pendurado no pescoço o anel de seu progenitor, mas não podia saber até que ponto tinha intervindo em sua morte. Mas, vendo que haviam lhe entregue a fortaleza e um título nobre como prêmio, imaginou que tinha algo a ver com a morte de seu pai.
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Tudo tinha mudado e, apesar de seus muito distintos Orígenes, o destino tinha unido suas vidas e sua chegada ao castelo implicava que Fayth ia ter que encontrar seu lugar nessa nova realidade que se apresentava. Dispusera-se a sair dos aposentos, mas Giles se deteve um instante e a olhou. —A anciã e a jovem têm liberdade completa para mover-se pela fortaleza e a aldeia, senhora. Já não têm nada que temer. Sem falar mais nada, Giles Fitzhenry acabava de deixar claro que havia controlado o soldado que tentara violar a jovem e que tinha deixado ela inconsciente com um golpe. Perguntou-se se o teriam executado por seus desmandos. Sabia que a desobediência se pagava muito cara, inclusive com a morte. Sobre tudo em tempos de guerra. Não conhecia bem esse homem e não sabia se era tão severo para levar a cabo um castigo semelhante. Olhou-o no rosto. — Por quê? Por acaso está morto? —perguntou-lhe. —Não, não está morto. — respondeu Giles enquanto guiava levemente Fayth para continuar seu caminho— Mas Stephen aprendeu que não se deve desobedecer nunca minhas ordens. Estremeceu ao escutar a frieza de suas palavras e a ameaça que tinha embutida nelas. Desceram as escadas até o salão principal. Saíram depois para o pátio do castelo e chegaram logo ao mesmo sítio onde o incidente tinha ocorrido uns dias antes. Lorde Giles se deteve de novo e ela aproveitou para descansar um instante e recuperar o fôlego. Já teria tido problemas para segui-lo em condições normais. Fraca como estava, se conseguisse andar no seu ritmo era só porque ia agarrada em seu braço e ele a arrastava. Respirou profundamente. Adorou sentir os aromas da terra úmida e o ar muito mais fresco depois das recentes chuvas.
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O tempo da colheita tinha passado desde que seu pai deixou Taerford para seguir a seu rei, mas tinham colhido muito pouco. Tinha sido um mau ano. Emma e Ardith os seguiam. E também foram atrás deles três soldados de Giles. Logo que pôde recuperar o fôlego, ele a levou até um dos pátios menores, o mesmo que havia reunido todos os habitantes do castelo no dia de sua chegada. Ali já não havia ninguém e a área cercada voltava a ser ocupada pelo gado, embora observasse que havia menos cabeças de gado que antes do ataque. Fayth levou a mão à frente para cobrir seus olhos do sol e observou além desse pátio. Ao pé da cerca que rodeava a fortaleza estavam alguns dos soldados do cavalheiro normando, vigiando a área. Perto dali, alguns dos homens de Taerford trabalhavam ombro a ombro com os soldados de Giles. Uns quantos transportavam grandes troncos e imaginou que estavam reparando as cercas e outras edificações. —Parte da choça do ferreiro se queimou durante a batalha e agora estão reconstruindo - explicou Giles enquanto assinalava aos que trabalhavam na pequena casa anexa à forja do ferreiro. Olhasse onde olhasse, a situação era similar. Durante o ataque, muitos dos habitantes de Taerford tinham saído fugindo e havia mais soldados que camponeses, mas se deu conta de que sua gente parecia de acordo com a nova situação. Nenhum deles levava corrente nem grilhões e colaboravam com o invasor. Muitos estavam dedicados as suas tarefas habituais como se nada tivesse acontecido. Alguns, ao vê-la ali, deixaram de trabalhar para olhá-la. Antes que pudesse entender o que estava acontecendo, Giles Fitzhenry tomou sua mão e a levantou em alto. —Como havia dito, sua senhora está viva e em bom estado de saúde! — gritou ele para que todos o ouvissem.
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Algumas dessas pessoas começaram então a gritar seu nome com alegria. Sentiu-se emocionada ao ver que tinham estado preocupados com seu bem-estar. Estava orgulhosa de todas essas pessoas. —Me trouxe aqui para que vissem que não me matou? —perguntou enquanto se virava para ele. O rosto de Giles Fitzhenry indicou que parecia estar se divertindo com tudo aquilo. Seus olhos azuis, sempre frios e perigosos, pareciam mais relaxados e cheios de humor. —Bom, é assim, não? Não te matei e todos devem saber. Ao menos no momento… — sussurrou ele a seu ouvido— Mas se descobrir que ainda tenta me trair, lady Fayth, pode ser que mude de idéia… Suas palavras e a frieza de seu tom fizeram que estremecesse. Estava aterrorizada. Queria pensar que esse homem brincava, mas havia em sua voz uma ameaça velada que não podia ignorar. Isso e algo mais, um pouco muito perigoso. Não tinha dúvida de que sua vida podia estar em sério perigo se esse homem decidisse lhe fazer algum dano. Afastou-se levemente dele sem soltar sua mão, que ainda sustentava no alto. Levantou orgulhosamente o rosto e o olhou nos olhos. —Não creio que seria fácil fazê-lo, senhor. — disse ela. Giles Fitzhenry disse algo ao homem que estava ao seu lado e a olhou sorridente. —Tem razão, senhora, não seria fácil. — replicou ele tornando a rir enquanto baixava sua mão. Ela soltou a de Giles tão rapidamente como pôde e esperou. —Venha por aqui, se for tão amável. — pediu ele. Aproveitou que o cavalheiro normando dava grandes passadas para pôr distância entre eles. Assim pôde observá-lo á vontade. Era um guerreiro alto e forte. Quase todo seu corpo estava coberto pela armadura e a cota de malha, mas podia adivinhar os músculos sob sua indumentária. Levava o cabelo castanho claro um pouco mais comprido do que era costume entre os normandos, mas mais curto que o dos os ingleses. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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Nenhuma barba ocultava seu rosto anguloso nem seu decidido queixo. Seus olhos azuis se obscureciam quando estava irritado, já tinha tido a oportunidade de comprová-lo. Não o descreveria como um homem bonito, mas emanava masculinidade por todo o corpo e tinha uma presença poderosa e inesquecível. Giles Fitzhenry se deteve e esperou que ela o alcançasse. Tinha estado tão concentrada em estudar sua aparência que não havia notado de que a tinha levado até a capela. O edifício de pedra tinha sido o cenário de uma sangrenta batalha da qual ela tinha sido feita prisioneira. O cavalheiro abriu a porta de madeira e esperou ela que passasse. Custou-lhe reunir coragem suficiente para fazê-lo. Acreditava que ainda poderia ouvir os gritos dos homens feridos nessa violenta luta e sentir o cheiro do sangue derramado naquele lugar. Podia recordar ainda a força com que Giles Fitzhenry a tinha agarrado pelo pescoço, ameaçando sua existência. —Venham. —ordenou ele enquanto se aproximava do altar pelo corredor. Viu que alguém tinha limpado o chão e colocado de novo os bancos em seu lugar. Emma aproximou por detrás e fez um gesto para que seguisse ao cavalheiro. Dois soldados de Fitzhenry seguiam a seu lado, vigiando-a da porta da capela. Estremeceu de novo. Seguiu Giles e viu então que Padre Henry os esperava de pé frente ao altar. Sua expressão lhe deixou muito claro que o clérigo tampouco queria estar ali. Mesmo assim, os dois estavam obedecendo ao novo senhor de Taerford. Passado um momento, chegou ao lado de Giles Fitzhenry e se deteve. Não podia estar mais nervosa. Ele tinha tirado as luvas e tomou suas mãos. Foi nesse instante que entendeu tudo. Não podia acreditar. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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Mas o intenso olhar do guerreiro normando lhe disse sem palavras o que ia acontecer. —Senhora, não será realizada essa cerimônia, a não ser que me dê seu livre consentimento — disse Padre Henry com grande coragem. O clérigo estava lhe dando a oportunidade de sair dessa situação. Acreditava que, se ela não consentisse Giles Fitzhenry não teria nenhum direito sobre a fortaleza, o título, as terras nem sua própria pessoa. Sem atrever a olhá-lo, abriu a boca para protestar, mas o cavalheiro normando apertou com tal força sua mão que não pôde conter um grito de dor. Olhou-o então com o cenho franzido. Precisava saber que intenções ele tinha. —Por acaso estaria disposto a fazer algum mal aos inocentes servos? —perguntou-lhe ela. —Não, senhora. Seus atos são os que os mantêm seguros e vivos. Cumpra com seu dever como senhora do castelo e tudo irá bem. —E se não der meu consentimento? —perguntou ela enquanto continha o fôlego. —Seguirei controlando estas terras, obedecendo às ordens do futuro rei da Inglaterra. Mas necessitaria então de uma nova esposa. Pensou que estava brincando, mas seu rosto estava sério. —O duque exigiu que seus homens tomassem como esposas às herdeiras das fortalezas que nos foram entregues. E, se não houver nenhuma filha, procuraremos esposas entre as mulheres disponíveis. —Então, pensa me executar na casa de Deus, senhor? Enquanto minha gente o vê cometer esse ato criminal? —perguntou enquanto afastava sua mão. Cruzou os braços, reunindo toda a coragem que pôde para desafiá-lo. Giles se aproximou dela, estava tão perto de seu rosto que podia sentir seu fôlego e o calor que desprendia. Voltou a estremecer-se, mas os tremores dessa vez não causavam medo, mas sim outro sentimento completamente distinto. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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—Não há razão para matar uma mulher como você. Com certeza, terei muitos outros interesses. Muitos dos quais me vêm à cabeça sem esforço algum. — sussurrou enquanto lhe levantava o rosto para que pudesse olhar nos seus olhos. Seus olhos pareceram então distintos. Estavam cheios de ardor e desejo. —Poderia te tirar a posição de senhora do castelo e te converter em minha amante até que encontre uma esposa. Se a intenção era intimidá-la, suas palavras estavam tendo o efeito desejado. Não sabia como sair da terrível situação em que se encontrava e estava apavorada. Se quisesse que a gente de Taerford estivesse a salvo até que pudessem se livrar da invasão normanda, ia ter que permanecer viva e para isso devia consentir em tudo o que esse homem lhe exigisse. A voz de Emnma a devolveu à realidade. —Por favor, senhora, faça o que pede. — disse a mulher em um sussurro. —Então senhora, vai fazer o que peço ou não? — repetiu Giles— Estamos esperando. Padre Henry quer saber se dará seu consentimento. Então? As palavras desse homem a pressionavam mais. Parecia impossível responder algo diferente do que ele esperava dela. Todos estavam em silêncio. Olhou-o no rosto e pareceu que tentava conter um sorriso de satisfação. Adoraria fazer desaparecer esse ar de riso, mas não se atreveu a tanto. Jogava com sua vida nesse instante. Ao menos com Edmund tinha uma amizade de anos e uma causa comum para defender. Se aceitasse casar com ele, seu marido seria um estranho e sua gente teria um forasteiro como senhor de Taerford. Um homem que não tinha experiência nesse tipo de tarefa era somente um guerreiro. Mas se deu conta de que não tinha alternativa. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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O mais seguro era que Edmund tivesse sido feito prisioneiro perto dali e que não pudesse reunir ajuda suficiente para voltar e liberá-los do invasor. Os aliados de seu pai tinham morrido ou estavam concentrados em suas próprias batalhas. Ninguém podia ajudá-la. Respirou profundamente e soltou pouco a pouco o ar. Depois, fez a única coisa que podia fazer. Colocou sua mão sobre a de Giles e caminhou com ele a curta distância que os separava do altar. Depois disso, nada importava. Não teve consciente das palavras pronunciadas nem dos gestos. Não escutou os gritos de alegria de sua gente nem dos soldados de Giles. Não percebeu a cortesia com a que seu novo marido a guiou de volta ao castelo. Como era costume, compartilharam um mesmo banco na mesa e pareceu recordar que Giles lhe dava algo para comer e insistia que bebesse da taça que compartilhavam durante o banquete. Mas viveu toda a celebração em uma espécie de neblina, sem ser consciente de nada. Só podia pensar que sua vida já não pertencia a ela. Agora pertencia a um homem que podia ser o mesmo que tinha assassinado seu pai. Não voltou para a realidade até que se fecharam atrás deles as portas de seus aposentos e se deu conta de que, pela primeira vez em sua vida, estava a sós com um homem que não era de sua família. Eram muitas mudanças para um só dia. Não sabia o que fazer nem dizer. —Não queria que hoje derramasse sangue se sua gente tentasse sair em sua defesa. — disse Giles— Por isso te levei até a capela sem contar antes meus planos. Olhou-o. Seus olhos estavam carregados de desejo. —Então, essas ameaças não eram mais que…? —perguntou ela com confusão. Observou-o enquanto Giles Fitzhenry ia para uma das mesas e servia vinho em duas taças. Levou-lhe uma e esperou que bebesse.
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—Só tentava te provocar e distrair sua atenção para que não fixassem em minhas verdadeiras intenções. —falou com um sorriso— E parece que funcionou. Fayth baixou o olhar e se fixou no anel que adornava seu dedo. Um anel casamento. Assentiu com a cabeça. Estava muito nervosa. Deu-se conta de que estava à mercê desse homem, quase um desconhecido. Bebeu o vinho que acabava de servir. —Há maneiras menos ofensivas de me distrair, senhor. — replicou ela — Meu senhor. — corrigiu. O matrimônio que acabavam de celebrar o convertia em Barão de Taerford. Sentia-se triste e que não podia pensar com clareza e era difícil respirar ao lembrar que seu pai estava morto. Não podia olhá-lo nos olhos. Não podia suportar ver seu rosto triunfal ao ver-se elevado a tão venerável título nobre. Mas era a filha de seu pai e, como tinha feito ele, faria tudo o que estivesse em suas mãos por proteger o bem-estar dos habitantes dessa fortaleza. Levantou o rosto e o olhou nos olhos. Não sabia o que esperar dele. —Tentarei recordar no futuro o que acaba de me dizer. —assegurou Giles enquanto deixava sua taça vazia sobre a mesa. Perguntou se teria chegado o momento de consumarem os votos núpcias. Olhou sua taça vazia e desejou ter algo mais do que vinho para lhe dar a força que precisava nesse momento. Estava assustada, mas tentou acalmar-se, preparando-se para Giles que se aproximava. E assim o fez o novo senhor do castelo. Tirou a taça que ainda sustentava em suas tremulas mãos. Olhou-o. Estavam tão perto que podia sentir o calor que desprendia de sua pele. Esperou que ele desse o primeiro passo. Antes que tivesse consciência do que acontecia, Giles a beijou. E se surpreendeu com a ternura com que o fez. Moveu sua boca sobre a dela. Fez
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várias vezes até deixá-la mole. Só a estava tocando com os lábios, mas ela fechou os olhos e tratou de preparar-se para o que ia ocorrer. Mas Giles se separou dela, virou-se e foi para a porta. Olhou-a de novo antes de abri-la. —Espero que passe uma ótima noite, senhora — disse ele. Fayth ficou boquiaberta, sem saber o que dizer. Levou a mão aos lábios, que ainda sentiam seus beijos. Giles tinha mostrado mais doçura do que tinha esperado, mas não podia sequer pensar na idéia de entregar-se a um homem como aquele, um guerreiro que se converteu em senhor do castelo. Não compreendia o que estava fazendo. —Senhor. Não vai fazer... —Não. — interrompeu— Até que esteja seguro de que não carrega um filho de seu amante não vamos… Fez um gesto com a cabeça e assinalou a cama. Suas palavras a deixaram perplexa. O terror que tinha sentindo desde que chegaram a seus aposentos se converteu em ira. —Não estou grávida! —Mas, confessa que esse homem era seu amante? Atravessou o quarto até ele e o olhou com o mesmo desprezo que lhe proferia com suas palavras. —Sou uma mulher honrada, senhor. Como se atreve a me falar assim? —disse-lhe enquanto levantava sua mão para esbofeteá-lo. Giles a apanhou antes que o pudesse fazer e ela parou. Estava segura de que a castigaria por reagir desse modo, mas ele a olhou com calma e sacudiu a cabeça. —Estava disposta a se entregar a um dos homens de seu pai e elevá-lo à posição de senhor do castelo e não receber nada em troca? —perguntou ele com aparente incredulidade— Um homem não arrisca sua vida só para poder deitar com uma mulher. Qual promessa fez a Edmund em troca de aceitar casar-se com você?
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—Volta a me insultar, meu senhor. Promessas? Não pensava em fazer mais promessas do que as fiz hoje mesmo a você. — falou ela sem lhe dizer toda a verdade sobre os planos de Edmund — Ele prometeu proteger a mim e minhas terras. Por isso o aceitei como marido. E o teria sido se não nos tivessem interrompido. Não podia deixar que Giles Fitzhenry descobrisse quem era Edmund. Sabia que a vida de seu amigo podia correr perigo se revelasse seu segredo. As acusações desse homem e o ocorrido nesse dia a tinham esgotado por completo. Além disso, sentia-se culpada por ter aceitado a suas imposições. —Até que descubra se suas palavras são sinceras ou não, não consumaremos o casamento, senhora. Mas quando o souber… Não terminou a frase e ela estremeceu ante a ameaça que implicava. Ficaram em um tenso silêncio, até que ele se afastou e abriu a porta do aposento. Não podia ver seu rosto nem por um segundo mais. Fechou de repente a porta e fez com que Giles quase perdesse o equilíbrio. —Então… boa noite, meu senhor! —disse-lhe com firmeza. Pegou o pedaço de madeira que alguém tinha deixado no canto e trancou a porta. Sabia que ele poderia ter entrado de novo se assim o deseja-se. Teria bastado dar um chute e a porta cairia. Sentiu-se ainda mais confusa ao ouvir uma forte gargalhada no corredor. Não teria esperado que Giles reagisse com humor ante a porta na cara. Esperou uns segundos contendo a respiração. Mas ninguém abriu a porta nem tentou fazer. Apagou as velas e se meteu na cama. Tirou o diadema e afrouxou sua longa trança. Seguia nervosa, temendo que ele tentasse tomá-la essa mesma noite.
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Cansou de esperar, o sono a vencia. Ao final, Fayth se deixou levar pelo cansaço, esqueceu de seus medos e preocupações e dormiu sem pensar em seu incerto futuro.
Capítulo 3 Giles não deixava de se surpreender com cada palavra e gesto de lady Fayth. As mulheres que tinha conhecido até o momento teriam desmaiado durante o sangrento assalto ao castelo e nunca teriam tido a valentia de conspirar contra o agressor tentando casar-se com outro homem para salvar suas terras. Sabia que tinha medo e tinha se encantado ao ver como esse terror se transformava em ira. Seus olhos se encheram de luz e paixão e suas bochechas se acenderam enquanto se preparava para lhe dar com a porta no nariz. E o certo era que tinha estado a ponto de conseguir. Também
sabia
que
qualquer
outro
homem
teria
reagido
violentamente, arrombando a porta nesse instante, mas ele tinha decidido não fazer. Pensou que não valia à pena dar a alguém o trabalho de ter que reparar a porta e colocá-la de novo em seu lugar quando ele, como seu marido, tinha direito que essa porta abrisse sem ter que usar a força. Por outro lado, sempre que podia evitava a violência, não acreditava que fosse digno usar sua força física contra um oponente muito mais frágil. Converteu-se no novo senhor de Taerford e tinha a intenção de se dar bem com a complicada mulher que tinha desde esse dia como esposa. Era muito consciente de que seus homens observavam todos seus movimentos. E não pensava só nos guardas que vigiavam a porta de Fayth, os mesmos que tinham estado com ele durante a cerimônia e no banquete. Não lhe surpreendia nada do que estava ocorrendo. Depois de tudo, sua esposa era forte e inteligente. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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—Não é a delicada flor inglesa que tinha esperado encontrar aqui, verdade? —perguntou-lhe Roger enquanto desciam juntos ao salão principal. —Nem você poderia com essa flor. —Está bem, senhor, mas nem tanto. — acrescentou Brice. Seus homens riram e ele também. Não teria custado deixar se levar por seus desejos e caminhar para o leito de uma mulher tão bela como aquela. Não podia deixar de pensar em suas femininas curvas nem em seus profundos olhos verdes. Mas devia esperar um pouco mais. Não sabia até que ponto ela estava envolvida nos planos de seu inimigo e isso lhe preocupava. Só para seu amigo Brice havia contado até que ponto o inquietava esse fato e que desejava esperar e comprovar que não estava grávida de outro homem antes de consumar seu matrimônio. Não se importava em aceitar uma esposa que tinha perdido sua virtude com outro homem, mas o que não estava disposto a aceitar era ao filho de outro como dele. E não lhe passava despercebido quão irônica era sua preocupação. —Bom, somos bretões. — falou ele com bom humor — Somos melhores que a maioria e muito mais preparados que estes ingleses. Você, que algum dia será lorde Thaxted, deveria ser mais cauteloso ao falar, pois logo terá que escolher como esposa alguma outra dama saxã — disse para Brice. O homem ficou calado, pensando sem dúvida em todos os desafios que teria que enfrentar muito em breve. Assim que Giles estivesse com o controle de Taerford, seu amigo Brice teria liberdade para seguir seu caminho para o norte e conseguir um castelo e uma esposa para si. Deteve-se um segundo para dar ordens a uns guardas. Eram ordens relativas à segurança da senhora… de sua esposa. Não fazia idéia de sua nova situação. Tinha nascido sendo o filho bastardo de um visconde bretão e uma mulher sem sangue nobre. Nunca poderia ter obtido tanto com tão pobre origem. Era algo com o que sempre tinha sonhado, mas era quase impossível que alguém como ele chegasse a Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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casar-se com a filha de um nobre e conseguisse ao mesmo tempo um título de tanto prestígio. Os filhos bastardos como ele acabavam servindo nas casas de seus pais, mas William tinha necessidade de recrutar homens que lutassem a seu lado e seu talento nas artes militares o tinha levado a subir no escalão até chegar a conseguir tudo aquilo. Como seu amigo Simon estava acostumado a lhe dizer, a guerra conseguia igualar aos homens e proporcionar a alguns a única oportunidade de crescer na vida e mudar seu destino. Sorriu ao recordar as conversas que tinha tido com ele nesse mesmo ano, durante os festejos de seu matrimônio com Elise. Esse tinha sido seu primeiro passo para chegar onde estava. Apesar do novo título e de sua nova esposa, seguia sem acostumar que as pessoas se dirigissem a ele chamando-o «senhor». Sabia que ia custar a acostumar ao seu novo cargo e à mulher impaciente e altiva que havia tomado por esposa. Chegou ao salão com seus homens. Muitos seguiam ali comendo e bebendo a saúde da nova união. Desfrutavam de um banquete que não era nada comparado com o que tinha visto em outros festejos na Bretanha. As núpcias de Simon e Elise tinham durado mais de um dia. As de seu meioirmão, por exemplo, tinham chegado a três e não tinham parado de servir pratos mais deliciosos. Dava-lhe água na boca ao lembrar-se das carnes e pescados que ali tinha saboreado. Mas nem seu próprio pai, nem Simon, nem os pais dessas noivas tinham tido que preocupar-se com colheitas incendiadas e estábulos destruídos. Não tinham tido que pensar que as pessoas de seus castelos morreriam de fome durante a guerra ou durante o duro inverno. Estava muito preocupado, mas não queria pensar nisso. Suspirou e foi até sua mesa. Brice, Roger e outros homens se aproximaram depois. Tomou um pedaço de assado e mordeu. Nem sequer sabia do que se tratava. Teve que mastigar muito para tentar suavizar a dura carne. Custou a engolir apesar da cerveja. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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Notou então que se fez silêncio no salão. Primeiro os aldeãos. Quando seus soldados perceberam o silêncio, também ficaram calados. Não só isso, mas também todos o olhavam. Ficou perplexo. Não entendia o que acontecia. —O que é o que aconteceu? —sussurrou ao Brice. —Bom, não são as primeiras bodas a que assistem amigo. O que imaginam é o que não aconteceu? Olhou de novo os rostos dos presentes. Muitos pareciam surpreendidos, outros preocupados e alguns inclusive zangados. Tinham desfrutado do banquete e já era noite, pensou que se retirariam logo. Mas, em vez de estarem contentes e satisfeitos, pareciam consternados. — Perguntam-se por que o noivo retornou tão logo ao banquete. — disse Brice— Eles não sabem que se preocupa com a virtude de sua esposa. Só sabem que se casou com ela e que retornou ao banquete muito depressa. Amaldiçoou entre dentes e terminou de um gole a taça de cerveja que tinha em frente. Não tinha tido em conta o modo que o resto dos habitantes de Taerford podia interpretar suas ações e palavras. Até esse momento, limitou-se a obedecer a seu senhor e servi-lo. Mas tudo tinha mudado e, como senhor daquele lugar, era então sua palavra e seus feitos os que seriam seguidos e observados por todos. Tinha querido pronunciar os votos matrimoniais diante da gente de Taerford para aliviar sua preocupação e que todos pudessem ver que a senhora do castelo se encontrava bem. Durante os dias que tinha estado convalescente, tinha ouvido os rumores na aldeia da possível morte de Fayth. —Mas… Mas se trata de um assunto privado entre a senhora e eu. —Engana-se, meu senhor. Rumores sobre o que acontece a senhora e você propagarão por toda a fortaleza e todos saberão muito em breve que não consumou o matrimônio. —Merda — resmungou em sua língua materna. —Assim é, meu senhor. —Não penso em dar nenhum tipo de explicações, Brice. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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Olhou-os de novo a todos. Acreditava que essas pessoas só sabiam o que passava ali, entre as paredes da fortaleza. Não o conheciam e nada sabiam sobre seu nascimento ilegítimo nem seu duro começo na vida. Havia se esforçado muito para chegar onde estava. Eles só conheciam sua senhora, essas terras e suas colheitas. Mas sabia que não seria inteligente insultar a sua senhora nem o antigo senhor de Taerford enquanto os rebeldes estavam começando a organizar-se perto de suas terras. Não desejava alimentar a rebelião dentro de seu domínio. Decidiu que o melhor que podia fazer era controlar-se e não reagir de maneira improvisada. —Você me entende, Brice. O que recomenda que eu faça? Seu amigo olhou a seu redor e depois a ele de novo. —É muito tarde para mudar seus atos, mas tente não piorá-los. Acredito que eles entendem melhor que você mesmo sua situação no castelo. Conhecem a senhora, a seu falecido pai e há aqueles que tentarão usurpar seu poder aqui. Giles se deu conta então de que ele não era o único que suspeitava que as conexões entre o Fayth, Taerford e os rebeldes podiam seguir intactas. —Continue. — pediu com interesse. —Sabe o que deve fazer Giles. Pense nos conselhos de lorde Gaultier sobre como atuar quando outros dependem de suas ações. Trate à senhora com respeito. Leve–a ao seu leito logo que seja possível e siga com seus planos — disse Brice em voz baixa— Isto é novo para você. Agora é nobre, um barão, e senhor deste pequeno reino. Por isso deve enfrentar agora os muitos desafios que lhes são novos. Acontecerá o mesmo comigo dentro de pouco… Assentiu com a cabeça. Como filho bastardo de um nobre bretão, nunca tinha tido pessoas a seu serviço, só os soldados de seu destacamento. Tudo tinha mudado. Tinha terras, um título e muito poder. Além de uma dama de verdade que era também sua nova esposa.
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— Você também se guiará por seus sábios conselhos? —perguntou a seu amigo. Brice levantou para ele sua taça em sinal de respeito e assentiu com a cabeça. —Vejo tudo claro em seu caso. Só espero ter a mesma lucidez quando enfrentar as mesmas provações. Serviu-se de mais cerveja e continuou bebendo. Tinha um problema imediato que necessitava solução. Necessitava um lugar onde dormir essa noite. Sua intenção não tinha sido que todo mundo soubesse o que não tinha acontecido entre os dois. Mas o som da tranca fechando a porta tinha deixado muito claro que Fayth não queria nada com ele. Até os soldados que vigiavam o corredor tinham escutado. —Permita a Fayth que levante, agora é seu turno. — disse Brice como se pudessem ler seus pensamentos— Não podem deixar que sigam os rumores, isso lhe faria parecer muito vulnerável. E, para nos assegurar de que a gente se cria seu proceder, considere a possibilidade de tirar ao menos a armadura antes de ir ao encontro de sua esposa. Giles se pôs a rir ao escutar suas palavras. —Não viu a ira em seus olhos quando saí de seus aposentos. Sem a armadura, não sei se chegaria vivo até amanhã. Estava tão acostumado a esse traje, que nem sequer o tinha tirado para a cerimônia na capela. Depois de comprovar o aborrecimento de Fayth no templo e também no quarto o quando se sentiu insultada, pensava que nem sequer essas duras mantas de metal poderiam salvar a sua vida se tivesse o atrevimento de dormir com ela. —Obrigado por seus sábios conselhos, amigo — disse para Brice enquanto se levantava. Fez um gesto aos dois guardas que o seguiam para que ficassem ali. Chamou Martin, um moço, para que o acompanhasse até as cozinhas. O calor dos fornos o golpeou ao entrar. Quando os que trabalhavam ali o viram,
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detiveram-se para observá-lo. Era um dos poucos lugares de Taerford onde ainda não tinha entrado. Pediu uma banheira e baldes de água quente. Alguém chamado Gytha o levou até um quarto pequeno. Sua idéia tinha sido limpar levianamente seu corpo, mas ao ver o vapor saindo da água, tentou-lhe a idéia de tomar um banho. Deixou sua espada e o cinturão no chão, perto da banheira. Depois, com a ajuda do jovem Martin, desabotoou e tirou a armadura. O moço estava treinando para converter-se em cavalheiro. Ordenou que levasse tudo para que fosse limpo e polido. Fechou a porta assim que ficou sozinho. Terminou rapidamente de despir-se e deixou tudo em um monte no chão. Estirou seus braços por cima da cabeça, era um grande alívio sentir se livre da pesada armadura. Levava muito tempo sem poder tomar um banho nessas condições. Só tinha tido acesso a riachos e terrinas de água de vez em quando. Pensou que esse banho conseguiria aliviar um pouco sua tensão e fazer que não pensasse no encontro que ia ter breve com sua esposa. Meteu-se na banheira e desfrutou desse momento até que a água esfriou. Viu que alguém havia levado mais baldes com água quente e colocado roupas limpas em um banco ao lado da porta. Os últimos meses tinham sido muito duros. Tinha estado lutando para defender o ducado de seu tio em Bretanha e depois para apoiar a chegada ao poder de William na Inglaterra, em nome de Simon, seu suserano. Mas, durante esse tempo, não tinha deixado nunca se levar pelo cansaço. Não tinha tido tempo para o luxo de um banho quente e longo nem prazer com uma bela mulher. Ainda tinha pela frente meses, ou anos, de duro trabalho. Mas era uma grande satisfação saber que se tratava de suas terras, seu castelo e sua esposa. E, se Deus assim os enviava, filhos em um futuro próximo. Mas antes de pensar nessas coisas, devia arrumar os assuntos que tinha pendentes com a senhora de Taerford.
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Saiu à contra gosto da banheira e se secou. Voltou a estirar seus cansados músculos e fitou a roupa limpa que haviam colocado ali. Vestiu a camisa e se deteve um segundo para admirar a qualidade da malha. Não custou adivinhar a origem do objeto. Estava seguro de que se tratava de uma camisa que tinha sido do anterior senhor de Taerford. Fitou também as meias e a túnica. Deu-se conta de que o antigo senhor tinha sido mais largo nos ombros e no torso que ele, mas não tinha outro jeito a não ser se vestir com esses objetos. Não tinha sido precavido e suas roupas limpas estavam guardadas em um armário nos aposentos de lady Fayth. Colocou o cinturão e a bainha com sua espada. Calçou por último suas botas e saiu do pequeno quarto. Viu umas escadas que chegavam até o primeiro piso do castelo. Foi até o quarto de Fayth e encontrou na porta os mesmos guardas de antes. A única diferença era que um deles tinha umas dobradiças nas mãos. —Um presente de parte de Brice, meu senhor. — lhe disse o soldado. Giles aceitou o presente com um sorriso. Seu amigo tinha uma tremenda facilidade para entrar e sair de qualquer lugar e abrir qualquer cadeado. Sem as dobradiças, a porta podia ser levantada e movimentada apesar da tranca de madeira que Fayth tinha usado para fechá-la. Os guardas o ajudaram e conseguiu abrir a porta sem fazer ruído. Esperou que os soldados voltassem a colocá-la em seu lugar para aproximarse da cama. Embora quando acordada fosse capaz de controlar todas suas emoções, palavras e gestos, lady Fayth dormia completamente relaxada. E, apesar de estar completamente vestida, o abandono com que descansava lhe pareceu excitante e tentador. Estava tombada de lado, com um braço estendido sobre o colchão e o outro cobrindo seus olhos. Fixou-se em suas pernas, embora cobertas pelo vestido, viu que dormia com elas levemente separadas. Sentiu de repente o Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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desejo de deslizar sua mão entre elas para explorar a zona entre suas coxas. Aproximou um pouco mais dela sentindo como todo seu corpo se esticava. Viu então que soltou o cabelo. Sua longa e suave cabeleira servia de travesseiro e algumas mechas soltas ao redor do rosto faziam que seus lábios parecessem mais doces ainda. Na penumbra do quarto e com a única luz procedente do luar, o tom de seu cabelo parecia mais escuro. Recordava tê-lo admirado sob o sol, quando seu cabelo castanho se iluminava com tons dourados e acobreados. Desejava tocar, acariciar e cheirá-lo enquanto fazia amor. Sacudiu a cabeça, zangado, não podia se deixar levar por esse tipo de pensamento. Não era um menino e acreditava que devia controlar-se melhor ante a tentação da carne. Além disso, essa mulher não havia tentado seduzilo, justamente o contrário, tinha-o trancado fora do quarto, rechaçava suas insinuações e até tinha conspirado contra ele para evitar que pudesse ficar com o castelo. Estava claro que essa mulher não era a típica companheira de cama de um dos «bastardos bretães», como estavam acostumados a chamar seus amigos e a ele. Inclinou-se sobre ela e se deixou levar por seu desejo de tocá-la. Com suavidade, acariciou-lhe a bochecha e o queixo. Fayth murmurou algo sem despertar e apoiou o rosto em sua mão. Contendo a respiração, sentou-se na cama e rodeou seu rosto com as mãos. Fayth afastou então a mão que cobria seus olhos e deixou cair no colo de Giles, muito perto de seu membro. Mas ela seguia sem despertar. Arrependeu-se nesse instante de haver prometido que não teria relações com ela até que soubesse que não estava grávida. Esteve a ponto de esquecer tudo, quando Fayth se virou levemente e o tecido de seu vestido se esticou sobre seus suaves peitos. Aquela visão causou uma reação imediata em seu corpo que as roupas não puderam ocultar. Seguiu observando-a, maravilhado por quão inocente parecia dormindo. Seguia sustentando seu rosto entre as mãos e passou o polegar Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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por seus lábios. Era uma boca rosada e sensual, não podia pensar em outra coisa que não fora sentir esses lábios contra sua pele. A urgência que sentia por tomá-la nesse mesmo instante era quase insuportável e afastou o olhar de sua boca para tentar tranqüilizar-se. Foi então quando se encontrou com dois olhos verdes olhando-o. Lady Fayth despertou.
Capítulo 4 Lady Fayth o olhou nos olhos e pareceu que demorava uns segundos para recordar onde estava e quem era ele e por que estava ali. Moveu-se então, enrijecendo um pouco e afastando-se de Giles. Não demorou muito em encolher-se no extremo oposto da cama, como se estivesse apavorada. —Sempre dorme com vestido? —perguntou em voz baixa para não assustá-la mais. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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—Como entrou? — falou Fayth. —Não foi difícil, bastou tirar as dobradiças, levantar a porta e abrir. disse ele enquanto olhava para a porta um instante e se levantava depois da cama — Portanto, não volte a trancar a porta. Viu como os olhos do Fayth entendiam a ameaça e mostravam seu temor. A jovem afastou o cabelo do rosto e seu cabelo caiu livremente sobre suas costas formando suaves ondas. — Fique tranqüila. —disse ele oferecendo sua mão— Com porta ou sem porta, aqui esta segura. Mas Fayth não parecia acreditar. Viu que olhava para a porta, depois para ele e para a cama. Pensou que possivelmente estivesse confusa e ainda meio sonolenta. Afastou-se da cama e foi sentar em uma poltrona para dar a Fayth um pouco mais de espaço. —Mas… disseram que não íamos... - sussurrou ela como se temesse que alguém pudesse escutá-la do corredor— Foi com seus homens… —Tirou-me com maus modos de seus aposentos e fechou a porta por dentro. Não podia permitir um insulto desses. Notou que estava de novo assustada e se deu conta de que não gostava de vê-la assim. A ira lhe dava cor nas bochechas e brilho a seus olhos, mas o medo a fazia parecer débil e pálida. —Tem medo da intimidade? É isso ou é algo mais? — perguntou. Fayth ruborizou e afastou o olhar. Perguntou-se se envergonharia de sua franqueza. Não parecia estar pronta para responder com sinceridade. Não sabia se tinha se entregue a Edmund como suspeitava ou se seu rubor era próprio de uma inocente donzela. —Já te avisei que não aconteceria nada até que esteja seguro de que não está grávida de outro homem. Assim, relaxe e volte a dormir — disse. —Por que me insultam dessa maneira? — respondeu ela enquanto descia da cama e alisava seu vestido para cobrir suas pernas.
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Não podia deixar de admirar seu cabelo caindo livre sobre seus ombros. — Me insulta por insinuar que tenho tão pouco respeito por meu pai e por mim para sucumbir facilmente aos desejos da carne. O nobre se levantou da poltrona rapidamente e se aproximou dela tão depressa que Fayth esteve a ponto de perder o equilíbrio ao tentar não tocálo. Mas, apesar do temor presente em seus olhos, levantou o rosto para olhálo de frente. Estavam muito perto e adorou ver como dilatavam suas pupilas e sua respiração se fazia mais rápida e superficial. E isso porque nem sequer estavam tocando. Podia sentir as chamas entre eles, a seu redor e também dentro de seu próprio corpo. Estava ardendo. O medo nos olhos de Fayth, o tremor que dominava seu corpo e sua palidez deixaram muito claro que ainda não tinha experiente as chamas da paixão que podiam chegar a arder entre um homem e uma mulher. Acreditava que, apesar dos sinais dizerem ao contrário, ainda havia a possibilidade de que tivesse entregado a alguém sua virgindade, mas o que certo era que poderia lhe ensinar muito sobre os prazeres da carne. No momento, ia conformar-se lhe dando uma pequena lição a respeito. Não podia permitir-se ir mais à frente, isso teria ameaçado o domínio que estava exercendo sobre seus próprios desejos. Inclinou-se para ela, fazendo que Fayth tivesse que inclinar para trás. Quando seus lábios estavam a ponto de tocar os da dama, deteve-se. —Os desejos da carne, senhora? Mas se houver muitas coisas boas para dizer sobre esses desejos… Fayth abriu a boca para protestar e Giles aproveitou para beijá-la. Tão perplexa estava que não tinha podido reagir a tempo para fechar a boca e ele aproveitou para deslizar a língua em seu interior. Podia sentir o calor que desprendia desse homem, tudo era novo e esperou assustada sem saber como reagir. Apesar de tudo, sentia um desejo incontrolável em seu interior que a empurrava a abraçá-lo e atraí-lo com força contra seu corpo. Não sabia de Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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onde tinha saído esse tipo de sentimento, mas a ardente língua desse homem em seus lábios estava conseguindo que todo tipo de pensamentos aparecessem em sua cabeça. Deu-se conta de que Giles estava desfrutando do beijo porque se aproximou mais dela e intensificou a pressão que seus lábios exerciam sobre os dela, beijava-a de maneira possessiva, como se marcasse seu território. Começava a aprender seu ritmo e a desfrutar com aquilo, quande Giles trocou por completo de tática. Abandonou sua boca para lhe beijar o rosto e ir baixando até o pescoço. Havia sentido seu primeiro beijo como uma tentação, mas o que estava fazendo nesse instante a estremeceu por completo. Cada carícia de seus lábios fazia com que sacudisse todo seu corpo e sentisse em seu interior um calor que lhe era desconhecido. Notou que umedecia em sua parte mais íntima, entre suas coxas e sentiu a irracional necessidade do tê-lo contra sua pele. Giles tomou então seus cabelos nas mãos, levantou e seguiu beijando o pescoço. Não podia pensar com clareza e terminou por agarrar a túnica desse homem para não perder o equilíbrio. Ele seguiu beijando-a, aproximando-se de sua orelha. Pareceu que sussurrava algo, mas sua mente não podia distinguir os sons, estava fora de si. Giles usou uma de suas mãos para afrouxar os cordões de seu vestido e começou a tirar ele. Estava a ponto de protestar quando ele a beijou com mais força ainda. Ficou sem fôlego e acabou por render-se. Giles foi beijando de novo por seu pescoço até chegar com a boca ao decote em seu vestido. Acreditava que, se não estivesse segurando a túnica de Giles, teria perdido por completo o equilíbrio ao sentir seus beijos nos seios. O desejo que tinha estado crescendo em seu interior se converteu então em uma necessidade que não podia entender, mas tampouco ignorar. Tentou respirar profundamente para tranqüilizar-se, mas só pôde gemer ao sentir os quentes e úmidos beijos de Giles. A urgência de seus beijos estava produzindo uma convulsão em seu interior que não teria acreditado possível.
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Soltou então a túnica de Giles e o abraçou para tê-lo mais perto. Mas esse movimento mudou tudo e ele se afastou de repente como se tivesse a peste. Deixou de beijá-la, soltou seu cabelo e deu um passo atrás. Nunca havia se sentido tão excitado quanto nesse momento. Deu também um passo atrás e se deixou cair sobre a cama. Sentiu com intensidade o frio do quarto sobre a ardente pele do pescoço e os seios. Essa sensação a devolveu à realidade e se deu conta de que deveria ter detido Giles antes que as coisas fossem tão longe. Seu marido a olhava divertido e ela entendeu que tinha armado uma armadilha em que ela tinha caído sem remédio. Todo seu corpo o desejava. Desejava seus beijos, suas carícias e sentir sua língua sobre a pele. Demorou uns segundos para dar-se conta de que Giles havia lhe mostrado que não era tão íntegra como tinha assegurado e que também se deixava levar pelos desejos da carne. —Por acaso seu corpo não deseja nada mais, senhora? Por acaso não sente fome em seu interior e deseja que te toque em lugares que nem sequer se atreve a nomear? —perguntou ele enquanto a olhava de cima abaixo— Se deslizasse minha mão sob as saias até esse lugar entre suas pernas, por acaso não estaria úmida de desejo? Não pôde segurar uma exclamação ao ouvir suas palavras. Não podia acreditar que fora tão vulgar, mas não podia tampouco negar a evidência. Os dois sabiam que era verdade sem que ela tivesse que responder. —Já imaginava… — acrescentou Giles enquanto caminhava para a mesa onde ainda os esperavam duas taças de vinho—. E pense que não foi mais que um simples beijo… Viu como Giles, de costas a ela, terminava sua taça e se servia outra vez. Pareceu que ele também respirava profundamente para tranqüilizar-se e recuperar o controle perdido. Aproveitou o momento para amarrar os cordões de seu vestido e fechar o decote. Depois arrumou um pouco o cabelo e o jogou para trás. Não sabia o que dizer.
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Perguntou se deveria admitir que ignorasse o poder das sensações que acabava de experimentar. Os poucos beijos que havia trocado com Edmund não tinha tido nada que ver com aquilo. Tinham sido nada mais que um sinal de afeto entre velhos amigos. Por outro lado, acreditou-se apaixonada pelo primo de seu pai que os tinha visitado dois verões antes, mas a suposta atração não tinha sido correspondida e Gareth nunca chegou, a saber, como ela se sentia. E, certamente, nunca compartilharam beijos como aqueles. Giles tinha falado que só tinha sido um beijo, mas estava convencida de que tinha sido muito mais. Ele tinha demonstrado uma vulnerabilidade que ela não tinha acreditado ser possível até então. Mas o mais duro era saber que seu corpo tinha reagido com força às carícias de um estranho, um homem que podia ser o culpado da morte de seu pai em alguma batalha. Com uns quantos beijos e carícias, tinha conseguido rir dela. Estava tão envergonhada que esse sentimento tinha apagado por completo qualquer tipo de desejo que ainda tivesse. Custava assimilar que era uma mulher mais fraca do que teria acreditado possível e que o poder da carne poderia dominá-la e pôr em perigo sua honra. Levantou o olhar e viu que lorde Giles a olhava. Não sabia quanto tempo havia levado perdida em seus pensamentos. Estava-lhe oferecendo uma taça de vinho, que ela aceitou. Tomou um longo gole, esperando que o vinho pudesse tranqüilizá-la e desfazer o nó que tinha na garganta. Não podia olhá-lo aos olhos, não queria ver sua expressão vitoriosa.
Giles não podia deixar de olhar lady Fayth. Esta não levantava a cabeça e parecia consumida pela vergonha. Era uma expressão que não custou a reconhecer. Tinha visto no rosto de sua mãe a cada dia de sua vida. Amaldiçoou entre dentes ao dar-se conta de que tinha sido um estúpido e ela se estremeceu ao escutá-lo. —Minha senhora, só queria lhes mostrar como é forte o desejo e como pode controlar a qualquer um, por muito altos que sejam seus ideais. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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— Foi uma lição bem aprendida, meu senhor — retrucou Fayth olhando para ele. Seus olhos estavam carentes de vida e parecia muito pálida. Entendeu então que não estavam falando da mesma lição. Não pôde responder. Não lhe ocorria o que poderia lhe dizer para tranqüilizá-la e aliviar sua vergonha. Fez um gesto para a cama. — Descanse minha senhora. Foi um dia muito longo e difícil e amanhã também teremos muito trabalho. Fayth foi até a cama, deteve-se e o olhou por cima do ombro. Parecia confusa, sem saber onde ele ia dormir essa noite. — Deite-se na cama e descanse minha senhora. — insistiu ele enquanto ia para ali e levantava as colchas, as mantas de lã e os lençóis de linho. Pensou melhor e decidiu não sugerir que tirasse o vestido nem as meias. Não queria assustá-la mais ainda. Fayth suspirou e só tirou os sapatos. Depois levantou um pouco as saias e subiu na cama, arrumando-se até achar com uma posição confortável. Cobriu-a com as mantas e o resto das cobertas e deixou que se acalmasse um pouco. Minutos depois, apagou as velas que estavam acesas por todo o quarto e preparou o fogo na lareira para a noite. — Vai dormir aqui? —sussurrou Fayth. —Sim, minha senhora. Descansarei a seu lado na cama. — respondeu. Surpreendeu-se por ela não protestar e tentou explicar um pouco melhor. —Se quisesse te possuir como faria o bárbaro que pensa que sou já o teria feito depois da batalha, quando o calor da mesma ainda corria por minhas veias e é difícil controlar essas paixões. Ou teria feito durante uma dessas primeiras noites nas que dormia quase inconsciente neste mesmo leito. Então poderia ter te tomado sem que tivesse forças para protestar. Quando quiser tomar minha senhora, não darei nem um segundo para as Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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vacilações as dúvidas. Porque vai ocorrer, não o duvide. — disse enquanto apagava a última vela. Tirou a túnica e a camisa enquanto ia para a cama. Sentou nela e tirou as botas. Depois se desfez das meias e as deixou cair no chão. Meteu-se então entre a colcha e uma das mantas, para dar mais privacidade à dama. Deitado na cama concentrou-se na suave respiração de Fayth. Sabia que dormia dando as costas e tão longe dele como podia sem cair no chão. Deu-se conta de que havia muitas mais barreiras entre eles e que não ia ser fácil superar todas. Seu corpo ainda sentia o fogo do desejo. Tinha sido incrível beijá-la e acariciá-la como tinha feito, mas tentou concentrar-se nas razões pelas quais tinha decidido que era uma boa idéia lhe dar essa lição. Ainda estava excitado e o sangue queimava suas veias. Deu-se conta de que tinha sido capturado na mesma armadilha que tinha colocado para ela. Não era lady Fayth a única que tinha aprendido uma lição essa noite.
Fayth estava segura de que não poderia dormir essa noite, não quando um estranho como seu marido deitava nu tão perto dela. Mas, quando percebeu os primeiros raios de luz da manhã, abriu os olhos e viu que estava sozinha. Deu-se conta então de que devia ter dormido, pois não lembrava ter escutado ele sair do quarto. Seu corpo todo doía mais precisamente às costas. Não tinha se mexido a noite toda com medo de tocar seu corpo grande e quente. Giles tinha ido dormido pouco depois de deitar e pareceu não estar afetado tanto quanto ela por aquele beijo. Esfregou os olhos e bocejou com vontade. Depois levantou e sentou na beirada da cama. As anáguas estavam retorcidas e embaralhadas em suas pernas. As estava arrumando quando a porta de seus aposentos abriu. Conteve o fôlego, mas relaxou ao ver que não era o seu marido quem entrava, mas a sua criada. Em poucos minutos levaram uma banheira e Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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baldes de água quente para o quarto e colocaram tudo em frente à lareira acesa. Os cuidados de Emnma fizeram com que se acalmasse pouco a pouco. A anciã ordenou aos guardas que colocassem de novo as dobradiças na porta e os mandou sair quando terminaram, para que Fayth pudesse desfrutar do banho. Quando a criada viu que a porta estava colocada firmemente e trancada por dentro aproximou-se dela com preocupação no olhar. Franziu o cenho ao ver que estava vestida e começou a despi-la. Tirou primeiramente a túnica, desatou o sutiã e a ajudou a se desfazer do vestido e das anáguas. A exclamação de Emnma lhe causou grande surpresa e se olhou no espelho para ver o que tinha assustado à criada. Tinha uma marca escura sobre um de seus seios, uma espécie de pequeno hematoma que manchava sua branca e leitosa pele. Esfregou a mancha com os dedos, não doía, mas a pele estava mais quente nessa área. — Ele te machucou? —sussurrou Emma enquanto olhava de novo para o hematoma — Fez isso, minha senhora? Sentia se envergonhada. Não podia articular palavra. Deu-se conta então de que tinha sido lorde Giles que havia deixado essa pequena marca na pele. Não pôde evitar lembrar como ele a tinha beijado nessa área tão sensível, usando seus lábios, sua língua e inclusive seus dentes. Tinha sido muito prazenteiro, não podia negar, mas ruborizou com força ao entender as perguntas de sua criada. —Bom, ele… Eu… — gaguejou indecisa. — Fique tranqüila senhora, não foi nada. — disse Emma, enquanto a levava até a banheira e a ajudava a entrar — A água quente te fará relaxar. Decidiu não protestar, mas tampouco, queria explicar algo tão pessoal como aquilo. Meteu-se na água e baixou o olhar para não ver o rosto da criada que a conhecia muito bem. Respirou profundamente e desfrutou o aroma dos óleos perfumados e ervas que tinham sido acrescentadas à água.
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Tentou esquecer suas preocupações, mas as palavras de Emma não a ajudaram em nada. —Como pôde lhe fazer algo assim? —resmungou a mulher, enquanto arrumava o resto do quarto— Pensei que teria mais sentido comum e que nunca lhe ocorreria maltratar de tal modo a uma inocente donzela. —Lorde Giles não acredita que eu seja. — replicou ela. —Pensa que não é donzela, minha senhora? Juraria sobre a tumba de minha própria mãe, que descanse em paz, que é tão pura como no dia em que nasceu. — assegurou a mulher. Emma tinha sido sua babá, depois sua criada e sua amiga de confiança. Ela a conhecia melhor que ninguém. —Pode jurar o que quiser Emma. O novo senhor, não acreditaria. Acusoume que de ter me entregue a Edmund e de levar em meu ventre um filho dele. A anciã não pôde segurar uma exclamação de assombro. Olhou para ela consternada e sacudiu com força a cabeça. Mas, essa surpresa se transformou logo em ira. Viu como avermelhava o rosto de Emma. Aproximou-se de novo da banheira e olhou ao seu redor antes de falar, como se temesse que alguém pudesse escutá-la. —Mas descobriu que não é verdade, não é assim, senhora? Depois de deitar com você, se deu conta de que era donzela. — disse a criada enquanto acariciava sua mão com ternura — Não tenha medo, senhora. Sempre poderá confiar em mim. Tinha decidido que não ia falar de assuntos tão pessoais e íntimos com ninguém, nem sequer com Emma. Mas essa mulher tinha cuidado dela com tanto carinho desde que sua mãe morrera, dois anos antes, e sabia que podia confiar nela e em sua discrição. —Lorde Giles não tentou deitar comigo, Emma. Assegurou-me que isso não ocorrerá até que esteja seguro que não estou grávida. Não acreditou quando disse que nunca tinha estado com um homem.
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Custava-lhe confessar todo aquilo em voz alta e se sentiu de repente muito deprimida. Como filha e herdeira de seu pai, sua palavra sempre tinha sido aceita e ninguém tinha questionado nunca sua honra. Acomodou-se um pouco melhor na banheira e abraçou as pernas dobradas. Apoiou o rosto nos joelhos e deixou que Emma lhe ensaboasse as costas e lavasse seus longos cabelos. — Fique tranqüila, senhora. Tudo terminará bem. Ao menos, não a tomou de maneira violenta ou contra sua vontade. — disse Emma enquanto esfregava seu cabelo. Mas suas palavras não conseguiram o efeito desejado, justamente ao contrário. —Emma, quando acontecer, será contra minha vontade. Não será ser de outro modo. — replicou ela— Esse homem atacou o meu castelo e a minha gente. Arrebatou minhas terras e me obrigou a casar com ele. Não é isto o que quero e acredito que ele tão pouco teria me escolhido como esposa. Sentiu quando Emma parou de ensaboar seus cabelos e lhe pareceu que estava fazendo grandes esforços para não rir. —Sei que ele deseja o que posso oferecer. Não sou tão tola, mas, me quer tanto quanto eu a ele. — assegurou com lágrimas nos olhos ao lembrar como tinha reagido na noite anterior quando a beijou— Não posso desejálo… — sussurrou. Emma não insistiu mais e ela agradeceu. Sentia-se envergonhada ao lembrar como lorde Giles, quase um estranho, tinha conseguido acender o desejo em seu corpo e fazer com que se sentisse fraca e vulnerável. Seguiu com seu banho em silêncio e, depois de uns minutos, ficou de pé para que Emma pudesse retirar o sabão de seu corpo. Fechou os olhos quando a criada jogou água quente por cima. O tom irritado da voz de Giles a tirou de seu devaneio e ouviu de uma vez o forte golpe que deu a porta contra a parede.
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—Já havia avisado que não quero que tranque a porta por dentro! — gritou ele. Olhou para ele e notou que ela não era a única surpreendida. Estava claro que lorde Giles não esperava encontrá-la como estava nesses instantes.
Capítulo 5 Fayth ficou paralisada ao ver lorde Giles de pé na soleira da porta, com o rosto alterado pela ira e o punho ainda em alto. Não atreveu a se mover. O corpo de Giles bloqueava a visão dos homens que estavam atrás dele e não queria arriscar que eles também a vissem sem roupa. Ouviu o grito de Emnma e viu como seu marido a olhava de cima abaixo. Ardia a pele em cada parte de sua anatomia que ele ia examinando. Giles se fixou primeiro em seu rosto e em seu pescoço, mas baixou logo sua atenção até os seios e pareceu que reconhecia a origem do hematoma que tinha visto essa manhã. Viu como seus olhos foram deslizando para baixo até chegar a suas pernas e à área onde estas se uniam com o resto do corpo. Seu olhar estava tão carregado de desejo que sentiu endurecer seus mamilos. Mas passados os primeiros segundos de comoção, conseguiu reagir para cobrir seu corpo. Cobriu-se como pôde com uma mão enquanto puxava Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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Emma com a outra, mas sua criada estava tão nervosa que não conseguia encontrar a toalha. Sem saber o que fazer, deu as costas a seu marido, e tomou a peça de linho que Emma sustentava nas mãos. Rapidamente, rodeou com ela seu corpo. Custou conseguir fazer porque a criada seguia sem reagir e teve que se enrolar sozinha. Foi então quando escutou as palavras da mulher. —Acredito que não deve se preocupar que ele não deseje a senhora — sussurrou com ironia Emma. Fayth se virou para olhar o marido. Na expressão já não dominava a ira, mas sim o desejo. Não deixava de olhá-la e notou que apertava os punhos. Lorde Giles levava de novo a armadura e a espada pendurava em seu cinto. Parecia estar preparado para a batalha. Deu-se conta então de que ainda estava em pé na banheira. Inclinou-se para agarrar a beirada dela enquanto tentava sair. Em questão de segundos, Giles ordenou a seus homens que se retirassem e se aproximou dela dando grandes passos. Tomou-a em seus braços e a carregou até chegar ao lado da cama, onde a deixou. Estava pensando em lhe agradecer, quando se deu conta de que tinha agarrado de maneira instintiva seu pescoço e que ainda o segurava. Soltou as mãos e Giles deu um passo atrás. Viu que seu olhar se dirigia diretamente para seus seios e viu que a toalha tinha aberto revelando o decote. Cobriu-se melhor e agradeceu. —Não fui eu quem fechou a porta, meu senhor. — explicou ela. Giles a olhou com um sorriso maroto. —Entendo minha senhora. —disse sem deixar de admirar seu corpo— Não era minha intenção invadir sua privacidade. —acrescentou enquanto olhava para Emma— Vocês gostariam de descer a almoçar comigo no salão? Giles falava em inglês. Gostava de sua voz grave e o ligeiro sotaque que tinha quando não falava em francês. Quase todos os nobres da zona falavam um pouco de francês, mas eram poucos os do continente que soubessem
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comunicar-se no dialeto inglês dessa região. Apesar de não ser sua língua materna, agradecia que Giles se esforçasse para usá-la. —De acordo, assim o farei. Lorde Giles se inclinou brevemente e saiu depressa de seus aposentos enquanto gritava ordens a seus homens em francês. Ficou imóvel, escutando seus passos afastando-se pelo corredor. Depois que fecharam a porta, deixouse cair sobre a cama. Não entendia como tinha podido ficar paralisada em vez de cobrir rapidamente sua nudez. Não tinham sido mais que uns segundos, mas tampouco compreendia como Emma não tinha reagido com maior prontidão. Mas o que de verdade se perguntava, o que não entendia, era por que esse homem conseguia afeta-la de tal maneira. Lorde Giles era o novo senhor de Taerford e seu marido, eram razões suficientes para que sua só presença a inquietasse de algum jeito, mas sabia que havia algo mais. Sua voz e suas carícias conseguiam confundi-la por completo. Acreditava que devia sentir só ódio e medo por ele, mas não era assim. Tinha a impressão de que não só seu mundo e sua vida estavam ruindo ao seu redor desde que seu pai partiu, mas também, seu sentido comum estava desaparecendo. Sua vida tinha mudado por completo em dois meses. Já nem sequer recordava como tinha sido antes sua existência. Tinha passado em pouco tempo de filha amada a troféu de guerra e órfã. Tinha deixado de ser uma donzela prometida a uma esposa rechaçada por seu marido. Tinha passado de leal inglesa a esposa de um inimigo normando. Não sentia saudades que já não soubesse o que dizer nem como atuar. Tudo era diferente. Ela era tudo o que se interpunha entre os conquistadores e a gente de Taerford. Tinha chegado o momento de lembrar que era Fayth, condessa de Taerford, e levantar a cabeça, para honrar o orgulhoso legado que corria por seu sangue, o de seus ascendentes saxões. Vestiu-se rapidamente com a ajuda de Emnma. Decidiu que tinha chegado à hora de defender o que pertencia às pessoas de Taerford e a ela mesma. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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Apesar do duro do trabalho, Giles não tinha conseguido aplacar o desejo que sentia por Fayth mesmo depois de derrubar muitos troncos e depois cortá-los em pedaços e levá-los a armazém. Tinham passado três horas desde que fora a seus aposentos. Estava nu da cintura para acima para aliviar o calor, mas o frio do outono não conseguia apaziguar seu desejo nem relaxar seu corpo. Não podia tirar da cabeça a visão dos seios firmes e suaves com mamilos rosados. As sinuosas curvas de seu corpo tinham estado a ponto de lhe fazer perder o controle. Lembrou que ficou um segundo sem fôlego ao ver os hematomas em seu pescoço e a marca que tinha deixado na noite anterior sobre um de seus seios. Sentiu água na boca ao recordar o quanto era suave e apetecível sua pele. Todo seu corpo reagiu imediatamente, estava mais que preparado para fazê-la sua nesse mesmo momento. Tinha ido até seus aposentos para pedir sua ajuda, mas a visão dessa mulher nua tinha conseguido paralisá-lo por completo e deixá-lo sem palavras. Por isso tinha saído depressa do quarto, para tentar sossegar seu desejo com o duro trabalho e estar preparado para almoçar com ela pouco depois. Limpou o suor do rosto com o antebraço e olhou ao seu redor para ver como estavam os trabalhos que tinha organizado para esse dia. As paredes, que rodeava Taerford, e os edifícios danificados estavam consertados. O desenho da fortaleza era um tanto estranho. Não tinha visto nada parecido até então. As paredes interiores eram de pedra, enquanto que o restante era em madeira. Algumas habitações tinham chaminés de pedra, como seus aposentos ou a cozinha, mas as externas eram aquecidas com braseiros de metal e independentes. Ainda não sabia quantas pessoas se foram com Edmund e com os soldados dele. Deviam estar escondidos ainda perto das terras de Taerford, no bosque. Era essencial que soubesse o quanto antes de quantos se tratava. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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Necessitava também saber a quantidade de lenha e mantimentos contavam no castelo. Devia guardar tudo de forma mais ordenada e segura para evitar roubos e furtos. Era já o mês de novembro e o frio do inverno chegariam muito em breve. Devia administrar bem suas provisões para que todo mundo sobrevivesse ao inverno e estivessem seguros frente a possíveis ataques externos. Pelo menos até que chegasse a primavera. Esse era seu principal objetivo nesse momento. Apesar da grande quantidade de trabalho e preocupações que tinha, não conseguia tirar-se da cabeça à senhora do castelo nem esquecer o desejo. Não podia deixar se levar por pela paixão quando tinha pendentes assuntos tão importantes. Desejava à bela Fayth de Taerford e acabaria tendo dela, mas não podia acontecer nada até que soubesse da verdade. Recordou um momento a noite anterior quando se arrependeu da decisão tomada. Tinha vista dor nos olhos de Fayth ao ver sua honra ofendida e acreditou em sua inocência. Mas era um assunto muito importante para deixar se levar pelo desejo carnal. Nesse instante, aproximou se correndo um garoto, de uns oito anos, que levava um balde com água e lhe oferecia um copo de madeira. Bebeu um par de vezes antes de pegar o balde e derramar a água restante na cabeça e no peito. Deu-se conta então de que com esse gesto tinha esbanjado toda a água e o menino teria que ir de novo encher o balde para dar de beber ao resto dos homens. Não pôde evitar rir. Deu-se conta de que nenhum outro senhor, nem bretão nem inglês, teria se detido nem um segundo em pensar algo assim. Mas o olhar do menino recordava a ele mesmo nessa idade. Ele também havia carregado vários baldes pelos pátios do castelo de seu pai para levar água a vários soldados que ali treinavam. Era um trabalho exaustivo. Só ele entendia o quão duro e difícil era o serviço. Nenhum nobre poderia sabêlo, mas ele sim. Giles o entendia muito bem. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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Tirou o balde do menino e fez um gesto para que o seguisse. Mas o garoto ficou imóvel. Teve que insistir para conseguir que o menino se movesse. Quando chegaram pouco depois ao poço, que estava ao lado da forja do ferreiro, viu que o menino o seguia acompanhado por um homem. Este o observava com a cabeça baixa. Deu-se conta de que outros aldeãos tinham abandonado suas tarefas para ver o que acontecia. —Como se chama? —perguntou Giles ao homem enquanto soltava o balde no poço para baixá-lo. —Sou Hallam, meu senhor - respondeu o homem com uma reverência. Olhou ao menino então e se deu conta de que devia ser o pai. —É este seu filho? —Sim, meu senhor. Seu nome é Durwyn. Fez acaso algo que o tenha incomodado? Entendeu então a atitude do homem e do pequeno e seu nervosismo. Por isso o restante das pessoas os observava. —Durwyn não tem feito nada errado, Hallam. Vim para encher de água o balde, isso é tudo. Inclinou-se para ver dentro do poço e comprovou que o balde se afundou na água. E começou a subir a terrina já cheia até que apareceu pela boca do poço. Tirou-o, encheu com ele o balde do menino e o entregou. —Esbanjei a água, Durwyn, por isso enchi eu mesmo. — disse sorrindo para o menino. Hallam empurrou seu filho para que tomasse o balde e este o fez. Depois saiu correndo com cuidado para não deixar cair o conteúdo. —Muito obrigado, meu senhor. Obrigado por ajudar meu menino — falou Hallam com uma nova reverência, enquanto se afastava também. Demorou alguns minutos mais para dar-se conta do engano que tinha cometido. Ele era o senhor de Taerford. Não era o menino da água nem um criado. Era o senhor do castelo, mas lhe custava esquecer as lembranças de sua infância. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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Tinha passado muitos anos encarregando das tarefas mais duras e os trabalhos mais desprezíveis. Durante muito tempo, pensou que não merecia nada melhor que aquilo. Sempre tinha observado aos que estavam acima dele, gente que tinha uma vida privilegiada só por seu sobrenome. Algo que lhe tinham negado desde seu nascimento. O pai de Simon, que tinha acolhido a três bastardos de outros nobres sob sua asa protetora, tinha visto nele talento e destreza. Qualidades que tinham conseguido que Brice, Soren e ele mesmo vissem mudar radicalmente o incerto destino que esperava os filhos bastardos. Havia treinado aos três, ao mesmo tempo, que o fazia com seu próprio filho. O pai de Simon tinha irradiado seus ideais de justiça, trabalho duro e confiança nas próprias habilidades. Havia chegado o momento de colocar em prática estes sábios conselhos em sua nova posição como senhor do castelo. Tinha que manter sua honra acima de tudo, saber muito bem onde estava à linha que separava uma classe social de outras e quando era apropriado dirigir-se a eles e quando não. Ia ter que enfrentar problemas e provocações como estes todos os dias. Observou como se afastava o menino e seu pai e soube que não ia ser tarefa fácil. Para cortar com uma rocha e reconstruir cercas e casas se necessitava força e destreza. Eram essas qualidades que supunham ter qualquer guerreiro. Deu-se conta de que o que acabava de fazer, ajudar a um menino a tirar água do poço, era uma tarefa que correspondia a um criado, não a um guerreiro como ele. Olhou a seu redor. Ainda eram evidentes os sinais da batalha. Ia ser um inverno duro para todos e lamentava que tivesse que ter em conta todas essas distinções sociais. Sua prioridade era garantir a sobrevivência de todos durante esses primeiros meses. O restante, a pompa e cerimônia próprias de alguém em sua posição, teriam que esperar. Atravessou o pátio pensando no seguinte Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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projeto que tinha nas mãos. Era algo que envolvia Fayth e não sabia como ela ia reagir.
Fayth percorreu toda a fortaleza para ver todos. Queria saber como se encontrava sua gente, quais tinham morrido na batalha e quais tinham podido escapar com Edmund. Ficou triste ao saber os nomes dos soldados de seu pai que haviam morrido durante o ataque a Taerford. Também havia muitos aldeãos feridos. Outros tinham visto quando os invasores queimaram suas casas ou plantações. Também lhe encolheu o coração ao saber que muitos homens tinham seguido Edmund. Conhecia quase todos. Sua experiência e habilidades eram sempre necessárias. Muito mais ainda durante esses tempos de dificuldades. Sua única esperança era ver que o novo senhor de Taerford parecia estar tratando bem a sua gente. Giles tinha falado diretamente com o cozinheiro para lhe dizer que Ardith, sua filha, estaria segura e não teria que preocupar-se em ser atacada de novo. Encarregou-se para que não faltasse comida nem refúgio a todos e tinha prometido que eles poderiam viver tranqüilos se lhe jurassem lealdade. O que tinham lhe contado sobre o novo senhor não se parecia em nada com os rumores que chegavam dos outros condados. Diziam que as forças invasoras estavam destruindo tudo no seu caminho, assassinando inocentes e violando as donzelas. A luta não tinha terminado e sabia que muitos mais morreriam antes que um dos lados ficasse com o trono. Parecia incrível que o poder pudesse dominar tanto aos homens para matar e destruir dessa maneira. E, entre os que não tinham morrido, muitos enfrentariam o duro inverno sem refúgio e nada para comer. Decidiu que tinha que encontrar uma maneira de cooperar com o novo senhor para que a gente de Taerford sobrevivesse. Tomou a capa que Emma segurava e a colocou. Saiu então para o pátio que a recebeu com um forte Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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vento. Deteve-se um segundo na soleira da porta. Havia estado tantos dias enfiada em seus aposentos, que demorou um pouco para acostumar-se a estar ali. Ajeitou o véu que cobria a cabeça, um símbolo de sua nova posição como mulher casada, temia que o forte vento o arrancasse. A última vez que tinha saído para o pátio tinha sido para seguir o guerreiro bretão até a capela. Levantou o rosto para o sol e desfrutou o momento, notando as mudanças que o outono estava produzindo no ambiente. Haveria poucos dias como aquele. Com o inverno, chegariam os dias mais curtos e as noites frias e longas. Tinha que aproveitar o tempo para conhecer a situação e necessidades dos aldeãos antes que chegasse a crueldade de dezembro. Passou horas visitando as pessoas e gostou de sentir-se útil de novo. Não tinha pedido permissão ao seu marido para fazê-lo, mas tomou nota do que necessitavam essas pessoas e das provisões com que ainda contavam. Desde que sua mãe morrera Fayth a tinha substituído na tarefa de controlar o abastecimento em Taerford, principalmente perto dos meses de inverno. Estava chegando à forja do ferreiro quando viu o cavalheiro bretão levando o pequeno Durwyn até o poço. Ficou onde estava e observou a cena entre as sombras. Não podia ouvir a conversação de onde estava, mas viu o pai do Durwyn falando com Giles. Este não parecia estar zangado com o menino, mas se deu conta de que todos tinham deixado suas tarefas para ver o que acontecia. Giles entregou ao pequeno um balde cheio e depois voltou para suas tarefas. Ficou atônita ao ver que ia quase nu. Giles passou quase ao seu lado, mas não a viu. Estava empapado em suor e não vestia nada mais que as calças, que também estavam úmidas e desenhavam cada músculo de suas pernas. Não parecia sentir o frio, andava dando longos passos indo até onde seus homens cortavam grandes troncos para encher os buracos das cercas. Era a primeira vez que o via a plena luz do dia com tão pouca roupa e não pôde ignorar o interesse que seu corpo despertava nela. Escutou-o falando em seu idioma com outro soldado. Comentava algo a respeito dos dias nos Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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quais tinha trabalhado nos domínios de seu pai. O outro homem ria as gargalhadas. Giles tomou um grande machado e começou a cortar os troncos em pedaços menores. Giles Fitzhenry, novo barão de Taerford, seguia sendo um mistério para ela. Desde o dia em que um emissário chegou ao castelo anunciando que esse homem se aproximava com suas tropas para tomar o controle de Taerford e dela mesma, não tinha conseguido saber muito a respeito dele. Saiu de seu esconderijo ao lado da forja e foi ao encontro de Emma, que falava com outras anciãs da aldeia. Escutou-as enquanto conversavam de suas coisas, mas não podia deixar de olhar ao homem que se converteu em seu marido. Tinha largas costas e extremidades fortes e bem torneadas. Não era tão grande como tinha sido seu pai, mas era um dos mais altos. Só ganhava em altura esse tal Brice. Viu que os dois pareciam envolvidos em algum tipo de competição enquanto cortavam lenha. Os outros soldados os animavam. Giles se virou levemente nesse instante e pôde ver seu peito. Era tão musculoso como o resto de seu corpo e o cobria uma fina capa de pêlos. Perguntou-se como seria acariciá-lo. Viu como os músculos se contraíam quando subia o machado. Não podia deixar de olhá-lo. Sentiu de repente que custava a respirar com normalidade e que uma onda de calor a sufocava. Tirou a capa e afrouxou o véu que cobria seu cabelo. — Dê-me isso, senhora. — disse Emma enquanto tocava a sua frente— Parece um pouco sufocada. Parece que não é febre, só um pouco de calor… Não terminou de falar. As mulheres se voltaram para ver o que Fayth estava observando com tanto interesse e sorriram com malicia. —Não se preocupe minha senhora, passará. — disse Alfrida, a mulher do ferreiro. —Ou pode ser que não. — interveio Riletta com um enigmático sorriso. As três mulheres a olharam com interesse e puseram-se a rir com vontade. Faziam tanto ruído que o homem que tinha estado observando se virou para
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olhar. Ela ruborizou imediatamente e rezou para que ele não pudesse ver seu rosto de onde estava. Deu vontade de cobrir-se com o véu, mas se deteve. Já tinha ouvido antes às mulheres do povo brincando sobre seus maridos e o que acontecia em seus dormitórios. Nunca tinha prestado atenção aos comentários. Sempre tinha visto suas bodas com alguém como algo muito longínquo e, sendo donzela, tinha pensado que era melhor que não escutasse esse tipo de coisas. Depois, quando seu pai lhe disse que possivelmente a prometesse para um primo da Escócia, começou a sentir interesse por essas conversações. Tudo tinha mudado nesses últimos dias. Tinha um marido, mas nada de experiência. Assustava-lhe compartilhar algo tão íntimo com ele, mas também a atraía e sentia curiosidade. Acelerou o coração ao lembrar como Giles a tinha abraçado contra esse mesmo peito que observava nesse instante em todo seu esplendor. Devolveu à realidade um forte assobio que rompeu o silêncio do pátio. Sem perder um segundo, os cavalheiros e soldados foram pegar suas armas. Ficou gelada, sem saber o que fazer nem para onde ir. Mas um dos homens, que se chamava Roger, aproximou-se correndo a ela e tomou seu braço. —Venha, minha senhora. Lorde Giles me pediu que a acompanhasse e ao restante das senhoras até o castelo para que estejam a salvo — disse o soldado enquanto a guiava depressa até a porta do edifício principal. Olhou de esguelha para onde estava seu marido e viu que estava pondo a camisa. Seu ajudante segurava a armadura, esperando o momento de colocar —O que está acontecendo? —perguntou ela sem deter-se. Todas as mulheres e crianças de Taerford já estavam no grande salão do castelo. — Aproximam-se homens a cavalo e lorde Giles não tem idéia de quem se trata. Aqui estarão seguras.
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O grupo de soldados que os esperava ali levou todas as mulheres e crianças para perto de uma das paredes e os protegeram com mesas colocadas como barreiras. Alguém tinha fechado as janelas para que não entrassem as flechas. Lamentou não ter podido desfrutar melhor desse belo dia outonal.
Capítulo 6 Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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Fayth tomou uma das meninas menores em seus braços para tentar acalmá-la. A mãe estava ocupada com seus outros filhos. Os pequenos pareciam entender que algo errado estava acontecendo, embora não soubessem do que se tratava. O que estava ocorrendo há fez lembrar o ataque dos homens de Giles semanas antes. Estava tão nervosa que não podia ficar quieta e começou a dar voltas com a menina nos braços. Perguntou-se se tratava de Edmund, que chegava para resgatá-la. Possivelmente conseguisse tirar o bretão de suas terras. Tinha também a possibilidade de que outros saxões leais se unissem para expulsar o duque William da Inglaterra. Mas sua principal preocupação era evitar outro banho de sangue e que muitos mais morressem. Fechou os olhos e rezou para que não ocorresse nada parecido. Ouviram gritos no exterior e Roger ordenou a todos que se deitassem no chão. A pesar do medo que sentia, tentou tranqüilizar a menina. Passaram minutos e seguiam sem saber nada do que acontecia no exterior. Ao menos não ouviam gritos nem golpes e acreditou que era um bom sinal, mas seguiam todos em tensão. Escutaram então alguns passos aproximando-se do castelo e todas as mulheres observaram amedrontadas as portas, temendo ver o inimigo aparecer. Mas se ouviu então outro forte assobio. Roger e o resto dos soldados que as protegiam relaxaram. Entrou Giles pouco depois com alguns de seus homens. Roger aproximou e a ajudou a levantar-se, lhe dizendo que esperasse ali que seu marido se aproximava. Viu como o senhor de Taerford dava ordens aos soldados e fazia pergunta, mas não podia escutar o que diziam de onde estava. Giles aproximou-se depois para falar com Roger. De vez em quando, viu que olhava para ela, mas seu rosto não expressava o que estava pensando.
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Sentiu vontade de sair dali sem esperar que lhe dessem permissão, mas sabia que não ia poder conseguir informação sobre Edmund ou outros cavalheiros normandos que houvesse pela área se não ficava e escutasse a conversa. Fez o possível para entender as palavras, mas foi impossível. Quando por fim os soldados começaram a retirar as mesas e as colocar de novo em seu lugar, lorde Giles se aproximou dela e lhe ofereceu sua mão, guiando-a para afastar do resto do grupo. —Fez bem em cumprir as ordens, minha senhora. — disse Giles enquanto ia para a porta de saída e depois o pátio de armas. —Pareceu-me que não tinha outra opção — respondeu ela— Quem eram esses homens? —As desafortunadas conseqüências de toda guerra. — respondeu Giles — Alguns dos homens do duque não querem esperar para cobrar suas recompensas e saem de Londres em busca de presas fácies. —Surpreende-lhes por acaso que não haja honra entre os ladrões? Escaparam as palavras antes que pudesse pensar melhor, e Giles não demorou a reagir. Agarrou-a pelo braço e a levou até as escadas. —Vá para seus aposentos e permaneça ali até que lhe avise o contrário. — ordenou Giles enquanto olhava para Roger— Acompanhe-a até seu quarto. —Meu senhor… — começou ela. Sabia que não deveria tê-lo provocado com essas palavras, mas tinha sido terrível estar presa tanto tempo no escuro salão sem saber o que estava acontecendo do lado de fora de Taerford e com sua gente. Faltavam as palavras para explicar-se e tampouco queria ter que desculpar-se com ele. Mas não podia passar por cima de suas ordens e sabia que podia terminar encerrada em seus aposentos se Giles assim o decidia. —Pense o que esta terrível situação fez comigo, meu senhor. —disse ela enquanto tocava seu braço— Perdoem minhas palavras, disse sem pensar.
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Giles olhou para Fayth com o cenho franzido. Não parecia que estivesse amedrontada nem nervosa, mas não queria chamá-la de mentirosa. Apesar de que ela o tinha chamado de ladrão. Pareceu ver orgulho em seus olhos. Como se Fayth tentasse provocá-lo com suas palavras e fazer com que reagisse. Mas havia muito que o fazer antes que escurecesse e não podia perder tempo. A chegada dos forasteiros tinha posto em evidência as falhas de segurança da fortaleza. Agora sabia que havia poucos soldados em algumas áreas e que outros estavam mal colocados. Tinha que melhorar a estratégia defensiva de Taerford e era urgente fazê-lo. —Muito bem, senhora. Assegure de que colocam as mesas e cadeiras no salão e que todas as mulheres voltem para as tarefas que têm encomendadas. Fayth assentiu exageradamente com a cabeça a modo de reverência e se virou para fazer o que lhe tinha ordenado, mas não lhe passou despercebido o sorriso que ameaçava aparecendo em seus lábios. Sabia que Fayth não tinha falado por humildade, mas por interesse próprio. Uma parte dele desejava corrigir sua atitude, mas sabia que precisava ter lady Fayth de seu lado. Se eles se enfrentassem, haveria tensão dentro de Taerford e isso os faria muito mais vulneráveis aos ataques do exterior. Saiu ao pátio novamente. Seus capitães, Roger, Lucien e Matthieu, eram bretães com quem tinha lutado durante anos. Conheciam-no tão bem que já tinham selado um cavalo e preparado um grupo de seis homens armados. Montou, tomou o escudo que lhe oferecia Martin e dirigiu o grupo para fora da fortaleza. Sabia que demoraria horas para inspecionar as terras. Procurava indícios da presença de rebeldes saxões organizados para lutar contra os invasores normandos ou um bando de ladrões.
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Voltaram para Taerford quando já era noite. Por sorte, uma lua quase cheia tinha iluminado o caminho por terras que eram dele, mas que ainda não conhecia bem. Assobiou à maneira combinada com Roger e este deu ordem de que abrissem os portões. Entraram na fortaleza e fecharam de novo os portões. O encarregado dos estábulos foi ao seu encontro para levar cavalos. Martin, seu fiel servidor se aproximou para ajudá-lo. Deu ordem aos soldados para que fossem comer e descansar. Ele também estava faminto e lhe deu água na boca ao passar ao lado das cozinhas. O aroma de um assado enchia esse lado do castelo. Entregou as armas a Martin para que as limpasse e polisse, tirou o casco e se sentou à mesa no solão. Um criado levou imediatamente uma grande terrina com um guisado, um pedaço de queijo e outro de pão. Enquanto comia, contou a Brice, a Roger e aos outros, o que tinha visto. Um pequeno bando de malfeitores se refugiou em um bosque a oeste da fortaleza. Tinham encontrado restos de fogo e outras coisas que indicavam que não deviam estar muito longe. Mas não sabia quem eram nem quantos homens havia. Depois do jantar, seguiram falando, discutindo e riscando planos de atuação. Eram muitos os perigos que os espreitavam e Giles sabia que devia estar preparado. Essa era a diferença entre sobreviver ou ser destruído por completo. Roger lhe contou que lady Fayth tinha ajudado a organizar as pessoas que viviam no castelo. Pensou que, se tivesse sorte, podia conseguir que também colaborasse com ele. Um dos criados se aproximou para informar que tinha um banho preparado. Levantou-se então e deu permissão a seus homens para que se retirassem.
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Não demorou muito em banhar-se e subiu depois aos seus aposentos, os mesmos que compartilhava com sua esposa. Sorriu ao ver que alguém tinha consertado a porta e não custou a abri-la. Durante essas últimas semanas, havia visto muitas reações de lady Fayth, mas não esperava ver o que encontrou ao entrar em seu quarto. Não estava vestida e abandonada a um extremo da cama como tinha pressentido, mas dormia em uma poltrona e coberta com uma manta. O cabelo, solto e sem o véu, dava-lhe uma aparência mais doce e juvenil. Lady Fayth suspirou e resmungou algo ininteligível. Moveu-se na poltrona e voltou a ficar profundamente dormida. Giles tirou a túnica e a deixou sobre um baú. Decidiu que era melhor falar com sua esposa no quarto do que discutir com ela em público diante de outras pessoas. Esperava que ela concordasse em fazer o que ele queria. Se não, seu futuro era mais que incerto. Agachou-se diante da poltrona, acariciou seu rosto e a chamou com suavidade. Teve que repeti-lo duas vezes mais, antes que ela abrisse lentamente os olhos. Quando entendeu quem era e onde estava, o olhar de Fayth expressou todo o medo que sentia. Deu-se conta de que era algo que ela fazia sempre e começava a incomodar. Inclusive tentou ir para trás um pouco. — Senhora, eu imagino que não queira dormir aqui a noite toda. — disse ele— Não é uma poltrona muito confortável. Acredito que estará melhor na cama, não parece?
Fayth esfregou os olhos com as mãos. Levava horas em seu quarto. A metade do tempo tinha passado dando voltas enquanto esperava sua chegada e a outra metade rezando pelas almas dos que tinham morrido por defender Taerford. Recordou que tinha estado tão cansada, que decidiu fechar um momento os olhos. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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Olhou as velas a seu redor. Já quase acabaram, devia haver dormido. Viu que Giles se fixava no rosário que tinha nas mãos. —Padre Henry está muito tempo cuidando de suas almas? —Sim, está aqui há muitos anos — respondeu ela enquanto deixava o rosário sobre a mesa. —Também atendeu as necessidades espirituais de seu pai ou havia outra pessoa? Deu-se conta de que era a primeira vez que Giles fazia uma pergunta direta sobre seu pai e isso atraiu sua atenção. Tentou controlar sua dor enquanto respondia, mas custava muito fazê-lo. —O padre Henry serviu a Deus em Taerford durante anos. Rezou e cuidou de nossas almas como também o fez com a de meu pai, meu senhor. Contaram-me que os dois homens se criaram juntos e se alegraram muito ao saber que o bispo enviava Padre Henry para atender a capela de Taerford. — explicou ela com lágrimas nos olhos— Por que perguntou meu senhor? Por acaso necessita de um novo capelão? Giles não lhe respondeu imediatamente. Ficou em pé e começou a dar voltas pelo quarto como se estivesse preocupado. —Estaria bem ter outro sacerdote a mais. Também necessitaria um moleiro, um castiçal, um administrador, um marceneiro, um cervejeiro e um harpista, entre outros ofícios que não me ocorrem agora. —Um harpista? Nunca tivemos em Taerford. Giles sorriu então. Foi um gesto muito atrativo, que fez com que seu coração se acelerasse. —Sempre me pareceu muito relaxante a música da harpa. Os melhores harpistas do mundo são bretães. Pareceu que Giles estava jogando conversa fora para atrasar o momento de perguntar algo, podia pressentir. —O que quer meu senhor? O que deseja saber? Giles a olhou com seriedade e cruzou os braços.
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—Desejo saber… Não, preciso saber quantos se foram com Edmund do castelo quando nós entramos. —Não penso em pôr em perigo a segurança dos que conseguiram fugir, meu senhor. — respondeu ela enquanto afastava a manta e ficava em pé— Não posso traí-los assim. Giles negou com a cabeça. —Não esperaria outra coisa de você, minha senhora. Mas, para proteger a vida dos que vivem em Taerford e poder defender de possíveis ataques no futuro, necessitarei de sua ajuda para saber quem segue no castelo e com quantos mantimentos contamos. Ela tinha passado todo o dia pensando no mesmo, mas se surpreendeu que o pedisse. —Minha ajuda? —Sim. O primeiro que preciso saber é a que homem poderia confiar o trabalho de administrador. —Confiaria a um dos meus tal trabalho? —perguntou surpresa. —Seria alguém que trabalharia ombro a ombro com um homem de minha confiança até estar seguro de que é leal. Há muito trabalho pendente para preparar Taerford para o inverno e necessito de um homem inteligente e habilidoso que possa dirigir todas essas tarefas. Ocorreu de repente uma idéia e abriu a boca antes de pensar melhor. —Tem que ser um homem? Giles pareceu surpreender-se tanto quanto ela mesma com sua sugestão. —Em quem esta pensando, minha senhora? Não será na Emma, verdade? Acredito que é muito idosa e tem pouca experiência nesses assuntos, embora esteja claro que pode dar ordens tão bem como qualquer homem. Estava tão nervosa que começou a suar as mãos. Esfregou-as dissimuladamente na saia de seu vestido para secar. Endireitou as costas e levantou orgulhosa a cabeça para olhar seu marido nos olhos. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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—Falava de minha pessoa, senhor. — disse com seriedade.
Capítulo 7 O plano de Giles não podia estar saindo melhor, já que sua intenção tinha sido desde o começo envolver lady Fayth. Tinha temido que ela se negasse se sugerisse esse trabalho. Por isso tinha limitado a se recordar das funções que sabia que tinha estado levando a cabo em Taerford desde a morte de sua mãe. O padre Henry tinha lhe dado essa informação e estava começando a entender melhor essa mulher.
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Todos conheciam Edmund como o administrador do conde, mas Giles suspeitava que esse homem tivesse outro tipo de trabalho dentro da fortaleza. Acreditava que havia sido Fayth a pessoa que durante esse tempo ajudou seu pai nos trabalhos de administração das propriedades familiares. Parecia a oportunidade de conhecer melhor a sua esposa e ao homem com que ela tinha estado a ponto de casar-se. — Trabalhei com meu pai desde que eu era pequena, meu senhor. Sou organizada e, embora você não acredite, também sou digna de confiança. E, o que é mais importante, minha prioridade é sempre o bem-estar de minha gente e proteger os de… Ficou calada, mas soube que estava pensando nele, seu principal inimigo. —Têm muito que provar senhora. — retrucou, mostrando mais receio de que sentia— Como posso estar seguro de que não vai tentar ajudar Edmund e aos que fugiram com ele para lutar contra mim? Sabia que Fayth desejava estar de novo em uma posição de controle sobre sua propriedade e sua gente. Esperava que sua pergunta a empurrasse a contar tudo o que sabia, mas viu que seus olhos se enchiam de tristeza e voltou a suspirar. —Não podem saber, porque nem eu mesma sei o que faria se me encontrasse em uma situação assim, meu senhor. Não sei se seria capaz de negar comida aos famintos e não acredito que me preocupasse se fosse um dos meus ou um inimigo. —assegurou Fayth enquanto se sentava de novo na poltrona — Não posso lhe prometer nada. Não poderia ter imaginado uma resposta similar. Tinha acreditado que Fayth estaria encantada de ter de novo um pouco de poder, mas tinha decidido ser sincera com ele. Uma vez mais, sua esposa tinha conseguido surpreendê-lo. —Agrada-me sua honestidade, senhora, e acredito que é mais fácil acreditar na sua confusão ante minha pergunta que uma resposta direta e Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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fingida. Acredito que o melhor será que pensemos um pouco mais antes de tomar alguma decisão. Rezava para que Fayth houvesse dito a verdade e o seu casamento com Edmund não tivesse sido mais que um plano improvisado para tentar salvar Taerford do ataque. Esperava que fosse tão inocente e pura como assegurava porque se estava dando conta de que, se podia confiar nela e em sua palavra, podia chegar a haver muito mais entre eles. Mas ia ter que esperar um pouco mais para saber se podia confiar em Fayth. —Venha, deite-se e descanse — disse ele lhe oferecendo a mão. —Dormirei aqui, meu senhor — falou enquanto se cobria de novo com a manta. —Acaso lhe fiz algum mal ontem à noite enquanto dormia? — perguntou ele com a mandíbula apertada. Custava lhe suportar sua teimosia. —Ontem à noite não dormi. Isso ele já sabia. Passou toda a noite imóvel em um canto da cama e esmagada contra a parede. Tinha passado um longo momento escutando sua respiração, que não tinha em nenhum momento alcançado o ritmo de alguém que dormia. Viu que tinha olheiras e seu olhar parecia cansado. —Não pode ser forte durante o dia se não dormir bem, minha senhora. Fayth levantou o rosto e olhou Giles nos olhos. Sabia que não se tratava só de dormir, falava de algo mais. Estava lhe pedindo que acreditasse em suas promessas. Promessas que por um lado temia e por outro esperava com ansiedade. Temia o que ia acontecer entre eles, mas quando pensava em seus beijos e em como havia se sentido, não podia a não ser desejar experimentar de novo. Baixou o olhar e se fixou no novo anel que adornava seu dedo. Representava a união que havia entre eles e que, cedo ou tarde, seria sua esposa em todos os sentidos. Sabia que não havia uma maneira de evitar que chegasse esse dia. Mas não esquecia que podia ter sido muito pior para ela.
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Ele podia ter violentado, espancado ou encerrado em uma cela por tentar lhe tirar o que ele considerava dele. Sabia que outros assim o teriam feito. Mas não o cavalheiro bretão. Por outro lado, convinha-lhe que houvesse menos tensão entre eles. Queria saber o que tinha acontecido com seu pai e por que esse homem tinha recebido a fortaleza de Taerford como prêmio. Aceitou a mão que Giles lhe oferecia e ficou em pé. Foi até a cama, virou-se e levou as mãos à nuca para tirar o vestido, mas não podia. —Meu senhor. Não consigo desamarrar os cordões — disse enquanto o olhava por cima do ombro. Giles ficou boquiaberto, e demorou a reagir. Estava a ponto de repetir suas palavras quando sentiu seus quentes dedos no pescoço. Ele afastou com cuidado seus cabelos e desamarrou os cordões, abrindo as costas do vestido e separando o tecido. Sentiu suas mãos descendo por suas costas e se perguntou se voltaria a acariciá-la como a noite anterior. Seria fácil fazer com ela seminua. Conteve o fôlego enquanto Giles terminava de afrouxar todos os laços. Giles inalou com força e tratou de conter-se enquanto abria o vestido de sua esposa. Todo seu corpo estava tenso. Permitiu-se lhe dar um beijo, um muito casto no pescoço e se controlou para não rodeá-la com seus braços, tocar seus seios e brincar com seus mamilos até que endurecessem. Sabia que o futuro lhe proporcionava momentos assim, só tinha que esperar para poder acariciá-la como desejava. Recordou o descaramento com que Fayth o tinha observado essa manhã no pátio de armas, enquanto trabalhava com o peito descoberto. O interesse que havia em seu olhar deixava claro que ela permitiria de bom grau essas carícias. E isso ia ocorrer muito em breve. Seu corpo reagiu com força a sua presença. Seu aroma o envolvia, era o de alguma planta ou erva cujo nome não recordava. Sentiu a rigidez de seu membro pressionando o tecido de suas calças e todo seu ser ansiava fazer seu o que essa mulher podia lhe oferecer. Não ia poder agüentar muito mais Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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antes de consumar seu matrimônio. Se não ocorresse logo, teria que procurar os serviços de alguma prostituta para aliviar seu desatado desejo. Afastou as mãos como se a pele de Fayth o estivesse queimando. Ignorou as olhadas que sua esposa lhe dirigia, como se estivesse esperando que fizesse algo mais com ela, e esperou que subisse na cama. Tentou não fixar-se muito nas leves curvas que levava sob o vestido. Podia distinguir perfeitamente a forma de seus seios. Mais difícil ainda resultou em ignorar como Fayth engatinhou sobre o colchão até chegar ao extremo oposto da cama, lhe oferecendo uma vista maravilhosa de seu delicioso traseiro. Antes que pudesse controlar, veio à cabeça a imagem de Fayth ajoelhada desse mesmo modo em frente a ele e com as mãos apoiadas na parede. Tampouco pôde evitar imaginar-se levantando essas saias para enterrar-se muito dentro dela, nesse quente lugar entre suas pernas que tanto desejava. Inclinar-se-ia sobre ela, acariciando seus seios, brincando com seus mamilos enquanto deslizava em seu interior com força. Sabia que ela gemeria nesse preciso instante, sobre tudo depois de que ele a preparasse para que estivesse úmida e quente. Pensava em usar sua boca e sua língua, suas mãos e seus dedos, e faria tudo o que fosse necessário para lhe dar o máximo prazer. Depois a marcaria com sua semente e com sua boca para que todos os homens soubessem que era dele e só dele. Não queria pensar em Edmund nem em seus planos, Fayth seria somente dele. Levantou o rosto e viu que Fayth estava acomodada sob os lençóis e colchas. Estava de barriga para cima e parecia muito mais relaxada que na noite anterior. Precisava se tranqüilizar um pouco antes de meter-se na cama e foi servir uma taça de vinho. Bebeu-o depressa, tentando aplacar seu desejo. Depois se sentou e esperou alguns minutos mais.
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Quando recuperou um pouco a calma, levantou-se e apagou as velas que ficaram acesas. Colocou o vestido de Fayth sobre o arca e sua espada perto da cama. Sentou-se no colchão, tirou as botas e o resto da roupa. Quando terminou, deitou-se também de barriga para cima. O castelo foi ficando em silêncio. Notou que Fayth respirava lentamente e em certo ritmo e se alegrou de que ao menos essa noite ela foi capaz de descansar. Ele era mais complicado. Já sabia o que esperava debaixo de toda essa roupa e também que Fayth sentia um pouco de curiosidade por ele. Não eram coisas que pudesse tirar facilmente da cabeça, sobre tudo quando o objeto de sua insônia jazia tão perto dele e seu membro viril não conseguia relaxar. Não conseguiu deixar se levar pelo sonho até bem tarde da noite. Quando Fayth despertou na manhã seguinte, viu que alguém tinha aberto as venezianas de madeira. Giles não estava na cama e não sabia quando se levantou. Já não doíam as costas e se sentia descansada. Ao descer da cama, deu-se conta de que o lado de Giles ainda estava quente, assim não devia estar muito há tempo sozinha. Poucos minutos depois, Emma entrou com uma jarra de água quente para seu asseio. Não demorou muito em preparar-se e sair dos aposentos disposta há encher seu dia fazendo algo importante e útil. Desceu as escadas caminho para o salão quando ouviu vozes. Deteve-se e viu que se tratava de seu marido discutindo com outro homem. Vendo onde estavam falando e que o faziam em voz baixa, ficou claro que era uma conversação que pretendia que fosse secreta. O amigo de Giles tratava de convencer de que seu plano não era uma boa idéia. Discutiram por um momento até que o amigo, Brice, foi embora sem despedir-se. Giles ficou na escada e ela se deu conta de que devia fazer anunciar sua presença antes que ele a descobrisse espiando. Deu um passo para trás fazendo bastante ruído e seguiu descendo os degraus enquanto chamava Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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Emma. Quando atravessou o patamar para seguir pelo seguinte lance de escadas, fingiu surpresa ao vê-lo ali. —Bom dia, meu senhor. — disse enquanto descia até onde estava. Seu rosto ainda refletia aborrecimento e viu que apertava os dentes para conter a fúria. Era algo que já lhe tinha visto fazer em outras ocasiões quando algo lhe contrariava. Gostou de ver que respirava profundamente para acalmar-se antes de dirigir-se a ela. —Senhora. — a saudou Giles enquanto inclinava levemente a cabeça— Por seu aspecto adivinho que descansou melhor que a noite anterior… Deteve-se e a olhou com os olhos entrecerrados. — Escutou Brice? —Não entendi suas palavras, mas sim, o escutei discutindo com seu amigo. — confessou— Aconteceu algo? Atacaram-nos? —Brice não está de acordo com meu plano. Acredita que não é boa idéia que seja a administradora de Taerford. Ficou sem fôlego ao ouvi-lo, surpreendeu-se que Giles fosse deixar que ela se encarregasse dessa tarefa. Quando assegurou na noite anterior que não sabia se poderia negar auxílio aos seus inimigos, tinha pensado que Giles daria o posto de administrador à outra pessoa. —E, decidiu aceitar os conselhos de seu amigo? —perguntou enquanto desciam as escadas juntos. —Nestas circunstâncias, tenho tão poucas opções em minha vida como na sua senhora. Necessito de alguém que se encarregue das reservas, da gente de Taerford e dos preparativos para o inverno enquanto eu coloco toda minha atenção na estratégia defensiva da fortaleza. Poderia pedir a um de meus homens que se encarregasse disso, mas o que tem mais experiência nesses assuntos é Stephen… Giles se deteve e a observou. Ela não pôde segurar uma exclamação ao reconhecer o nome do soldado que a tinha golpeado e tinha estado a ponto
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de violar Ardith. Sabia que seus colonos não iriam querer nunca colaborar com um homem assim. —Sei que já o castigaram pelo que fez, mas acredito que ninguém esqueceu ainda aquilo. O machucado que ainda tinha na cabeça começou a lhe doer só ao recordar a inusitada violência desse indivíduo. —Entendo-o, senhora. Por isso tenho que procurar outra pessoa para o posto. Pensou você sobre minha oferta? —perguntou Giles. Queria aceitar seu oferecimento, mas tinha o coração dividido. Não sabia se ajudar seu inimigo preparando a fortaleza para o inverno ou se devia tomar uma postura mais ativa em contra o invasor. Por outro lado, necessitava que sua gente sobrevivesse esse inverno e estivessem fortes para que pudessem ajudá-la a expulsar lorde Giles quando Edmund e seus homens retornassem para resgatá-los. Sempre tinha consultado as decisões importantes com seu pai ou com Edmund, mas já não tinha a ninguém. Olhou para o novo senhor de Taerford, que a observava com seriedade no rosto e os braços cruzados. Sabia que não podia esperar mais por sua resposta, ele não ia permitir —Ajudarei nessas tarefas, meu senhor — disse por fim. —Então, venha comigo. — falou Giles, enquanto acompanhava à mesa onde o esperavam seus homens— Há muito que fazer. Fayth se retirou para os seus aposentos logo que terminou de comer, tinha uma terrível enxaqueca e lhe doíam as costas. Tinha sido excitante saber que ia ter de novo algum poder em Taerford e que ia ser útil a sua gente, mas esse entusiasmo se esfumou logo quando lhe disseram quem ia ser seu supervisor: Brice. O homem não parecia querer desapontar a confiança que seu amigo tinha depositado nele e levava ao extremo o trabalho encomendado. Não a tinha deixado nem a sol nem a sombra e desconfiava de cada decisão que Fayth tomava.
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Brice era muito exigente, mas tinha que reconhecer que muitas de suas perguntas e dúvidas eram adequadas. Entendia-o e a maneira em que tinha reagido a algumas de suas idéias tinha recordado seu próprio pai. Passou o dia rezando para que Deus lhe desse a humildade e paciência necessárias para agüentá-lo, mas não lhe tinha sido nada fácil conseguir. Meteu-se na banheira que Emma tinha preparado e perguntou-se se seria a melhor pessoa para o posto que havia aceitado. Doíam-lhe as pernas. Durante esses três últimos dias, tinha caminhado mais que nas últimas semanas. Sentia tensão em todos os músculos de seu corpo. A água quente estava relaxando-a tanto que temeu dormir antes de terminar seu banho. Emma a ajudou a ensaboar seu cabelo e a sair pouco depois da água. Envolta em toalhas, sentou-se em uma poltrona e bebeu um pouco de vinho enquanto sua criada lhe escovava o cabelo. O calor da lareira e o cansaço fizeram com que dormisse de novo, mas tinha muitas coisas na cabeça. Não podia deixar de pensar nas listas de mantimentos que tinha que fazer e no resto das tarefas pendentes. Despediu-se de Emma e se enfiou na cama. Embora fosse custar não pensar em seu trabalho, ao menos seu corpo poderia descansar um pouco. O que mais lhe preocupava era não saber o que estava acontecendo longe de Taerford. O novo senhor nem sequer lhe tinha permitido sair da fortaleza para visitar a aldeia e não parecia disposto a trocar de idéia. Pensou em tudo o que ia fazer no dia seguinte e em quantas pessoas ia necessitar para levá-lo a cabo. Reparar e fortalecer o cerca de Taerford era vital para a segurança do lugar e lorde Giles tinha todos os homens disponíveis centrados nesse trabalho. De momento, o senhor de Taerford só se ocupou de que houvesse comida na mesa cada dia, não de armazenar e fazer provisões para o futuro próximo. A maior parte dos cultivos tinha sido colhida e guardada, antes que chegassem notícias da primeira batalha do rei Harold Godwinson no norte com as tropas de Harald. Quando chegaram a Taerford mensageiros que anunciavam a vitória do primeiro e, pouco depois, notícias sobre as tropas Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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indo para o sul para enfrentar as do duque William, as pessoas de sua fortaleza tinham prosseguido com seu trabalho, sem acreditar que um exército forasteiro pudesse ganhar do rei Harold. Souberam que o monarca tinha sido derrotado e que seu pai tinha morrido, tampouco pensaram que fosse ser necessário tomar precauções para defender-se de uma possível invasão de forças normandas. Sempre tinha acreditado que os ingleses poderiam tirar os invasores sem problemas do país. Nunca poderia haver imaginado que os normandos pudessem chegar até o rio Tamises e ao coração do condado do Wessex. As propriedades de Taerford eram modestas e seu pai tinha contado com arrendatários que lhe pagavam com parte de seu cultivo. Também tinham alguns ganhos procedentes do moinho construído sobre o rio e dos animais. Mas tudo tinha mudado e não sabia o que ia acontecer. Seu marido falava em voz baixa com seus homens e não a incluía nas decisões importantes. Como se seu pensamento o tivesse atraído, abriu a porta nesse instante e Giles entrou. Não olhou para a cama, devia pensar que ela já estava dormida, como assim tinha sido as duas noites anteriores. Viu que andava com cuidado para não fazer ruído. —Estou acordada, meu senhor — disse ela enquanto se apoiava sobre os cotovelos— Há vinho na mesa se quiser. Mas se deu conta então de que ela deveria servir-lo. Levantou e suas pernas protestaram. Fez uma careta de dor e foi até a mesa. Encheu uma taça e a ofereceu. Notou então que o olhar de Giles estava fixo sobre seus seios. Baixou os olhos e viu que a camisola se desamarrou e mostrava muito de sua pele. Rapidamente fechou a abertura da rebelde camisola, mas os olhos de seu marido seguiam dominados pelo desejo. Bebeu todo o vinho da taça de um só gole e sem deixar de olhá-la. Estremeceu ao ver que Giles tirava as mãos que sujeitavam a camisola e começava a acariciar seus seios por cima do fino tecido. Uma onda de Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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intenso calor se fez e sentiu uma estranha sensação de comichão entre as pernas. Uma sensação que crescia ao mesmo tempo em que as carícias desse homem aumentavam. Custava respirar com normalidade e todo seu corpo se manteve a espera, embora não teria podido determinar com exatidão o que era o que estava esperando. Giles decidiu aproximar-se mais de Fayth e fazer algo que acabasse com o controle que ela parecia estar exercendo sobre seu próprio desejo. Abriu com um só movimento a camisola para deixar seus seios ao descoberto. —Deliciosos. — sussurrou em seu dialeto bretão— Belos… — acrescentou enquanto acariciava levemente seus mamilos. Notou como ela estremecia e voltou a fazê-lo. Adorou ver o corpo do Fayth reagindo a suas carícias. E também o seu reagiu com força. Podia sentir o sangue ardendo dentro de suas veias e preparando seu corpo para o encontro. Cada vez que a via questionava sua decisão de esperar para fazê-la sua. Mas sabia que não estava preparado. Em realidade estava mais que preparado, mas não estava disposto ainda a deixar-se levar pela paixão. Tomou seus seios nas mãos, encaixavam com perfeição e acariciou os mamilos com seus polegares enquanto desfrutava da deliciosa suavidade e firmeza de sua pele. Fayth suspirou e fechou seus olhos. Só foi um segundo, mas viu como suavizava seu olhar. Aproveitou esse instante para aproximar-se ainda mais, fazê-la girar e rodeá-la com seus braços. Adorou senti-la tão perto de seu corpo e que ela não se sobressaltasse ao sentir seu membro ereto entre os dois. Fayth trataria mais tarde que convencer-se de que não resistiu porque estava muito cansada para fazê-lo ou porque temia deixar zangado o seu marido, mas sabia que a verdade era outra. Envergonhada, tinha que reconhecer que o prazer a estava dominando por completo. Se sua mãe ou Emma lhe tivessem contado que uma simples carícia podia provocar tal leque de sensações, nunca teria acreditado.
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Todo seu corpo estava tenso e cada carícia de Giles fazia que o desejasse mais. Estremecia com as palavras sussurradas em seu ouvido. Não as entendia, falava em seu dialeto bretão, mas podia adivinhar seu significado e suas intenções. Lorde Giles tentava seduzi-la para que entregasse seu corpo igual ao que faria qualquer senhor para conseguir os favores das donzelas. Só podia justificar o que estava acontecendo ao lembrar que estava casada com ele e que esse homem tinha direitos sobre ela. A reação de seu corpo era tão forte que lhe tremiam os joelhos e lhe dava a impressão de que as pernas não podiam suportar seu peso por mais tempo. Mas Giles pareceu perceber o que ocorria e a abraçou com mais força para que não caísse ao chão. Podia sentir a excitação de seu membro viril, mas não se afastou, justamente ao contrário. Giles a empurrou com seus quadris um par de vezes e depois ficou imóvel, descansando a cabeça sobre seus ombros. Pensou que já tinha terminado e que não seguiria tocando-a, mas Giles soltou então seu seio e usou essa mesma mão para lhe jogar o cabelo para o lado. Começou a beijar o ombro e o pescoço, seguindo depois até apanhar sua orelha entre os dentes. Não pôde evitar estremecer-se e se deu conta de que ele tinha notado porque riu. Giles seguiu acariciando sua suave pele e sentiu como tremia entre seus braços, mas não tentou detê-lo. Deslizou a mão dos seus cabelos para agarrar o fino tecido da camisola. Subiu o tecido até deixar as pernas de sua esposa descoberta. A princípio, Fayth levou suas mãos sobre a dele como se quisesse detê-lo, mas não tentou fazer e ele seguiu com suas mãos para o rincão de pêlo encaracolado que ali o aguardava. Roçou-o com a palma de sua mão, mas não era suficiente, queria fazer algo mais que acariciá-la. Sem pensar, arqueou-se contra o corpo de sua esposa, esfregando seu membro sobre suas nádegas e saboreando a deliciosa explosão de prazer que sentiu por todo seu ser. Lady Fayth se moveu entre seus braços para aproximar-se um pouco mais, pareceu que o animava a prosseguir. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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Sua agitada respiração se deteve e ele deu conta de que Fayth estava contendo o fôlego. Tinha passado o mesmo. Acariciou-a com suavidade a princípio, depois com mais intensidade, até entrar entre as dobras de seu sexo e dar com o centro de seu prazer. Possivelmente lady Fayth era inexperiente, mas seu corpo reagiu às íntimas carícias tal e como tinha esperado. Começou a tremer e usou a mão que tinha livre para segura-la com mais firmeza contra ele. Estava concentrado em suas carícias, tentando encontrar o pequeno botão onde sabia que se centralizava o prazer feminino. Fayth não podia segurar os gemidos. Quando encontrou o que tinha estado procurando, acariciou-o com firmeza e sentiu como sua esposa se umedecia ainda mais. Algum tempo depois, deixou que um de seus dedos se deslizasse em seu interior e voltou a tirá-lo. Fayth, extasiada, jogou a cabeça para trás e a apoiou em seu peito. Ele aproveitou para lhe beijar o pescoço e mordê-lo seguindo o mesmo ritmo de seus dedos. Quando sentiu que o corpo de Fayth se esticava e preparava para a explosão final, tomou o pequeno botão entre seus dedos e o apertou e acariciou até que ela começou a ofegar. —Giles… — murmurou ela com confusão. Não parecia entender o que estava ocorrendo. —Não tema, minha senhora. Não tenha medo — repetiu ele uma e outra vez enquanto seguia beijando-a e acariciando-a. —Giles! —gritou Fayth então. Fayth não podia compreender o que acontecia, todo seu corpo se estremecia e começou a sacudir-se. Giles a abraçou com mais força ainda e ela não pôde evitar arquear seu corpo contra sua mão e mover-se para aumentar o ritmo das carícias. Tampouco pôde controlar-se e pressionou suas nádegas contra o membro ereto de seu marido. O prazer era tão intenso que não podia respirar nem pensar em nada que não fossem as carícias de Giles na parte mais íntima de seu corpo. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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Perdeu por completo o pouco controle que ficava e relaxou entre seus braços, gritando seu nome. Algum tempo depois, não poderia ter calculado quanto, abriu os olhos e viu que estava apoiada em seu marido e ele na parede. Não podia recordar como tinham chegado a essa parte do quarto. Tentou afastar dele, mas Giles a abraçava com força e se sacudiu várias vezes contra seus quadris. Notou então que estava tremendo e a umidade tinha empapado a parte traseira de sua camisola. Com um grito final, Giles apoiou a cabeça em seu ombro e pôde sentir sua agitada respiração contra sua pele. Sentia-se muito confusa e vulnerável, separou-se dele, mas não se virou. Não se atrevia a olhá-lo no rosto. Ela não entendia como isso podia acontecer entre dois inimigos como eles nem como tinha tido a falta de vergonha de entregar-se dessa forma. Sentiu que estava traindo a memória de seu pai. Apesar de tudo, seu corpo seguia sentindo o prazer e lhe recordando sua fragilidade. Giles murmurou algo que não entendeu e foi ao outro extremo do quarto, onde havia vários baús com as roupa dela. Tomou uma camisola limpa e a entregou sem olhá-la. Ela se trocou rapidamente e se meteu na cama. Sentia uma grande dor em seu coração e não sabia o que fazer para aliviá-lo. Ouviu Giles pelo quarto, imaginou que estava apagando as velas e preparando o fogo para a noite. Estava de costas para ele e virada para a parede. Deixou então que as lágrimas que tinha estado segurando durante dias rolassem por seu rosto. Tinha perdido muitas coisas e sabia que ainda tinha muito mais a perder.
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Capítulo 8 —Que demônio fez com a senhora? — sussurrou Brice para Giles na manhã seguinte. Falava em voz baixa para que os outros homens não pudessem escutar suas palavras. —O que ocorreu? — insistiu seu amigo. —Nada. Deixe para lá e volte para trabalho. — ordenou Giles com a esperança de que Brice entendesse que aquilo não era assunto dele. — Levantou com o aspecto de um cão espancado. — prosseguiu Brice — Nem sequer me respondeu quando a envenenei com perguntas enquanto tomávamos o café da manhã. Desde que fiscalizo suas tarefas, lady Fayth não tem feito outra coisa além de insultar minha inteligência, meus planos e meus atos. Foi um autêntico inferno estar observando-a como me pediu para comprovar que é leal. Mas esta manhã chegou ao salão e nem sequer me olhou nos olhos. E notei que tão pouco olha para você. Tratou de ignorar os comentários, mas Brice o seguiu. —O que fez senhor de Taerford? Irritado pela insistência de seu amigo, soprou entre dentes e olhou para o céu para que Deus lhe desse a paciência necessária. —Dei-lhe prazer, isso foi o que fiz — admitiu. Brice cruzou de braços e o olhou com desconfiança. —Contra sua vontade? —Não! Nunca faria algo assim! —Então, qual o problema? Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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—Lady Fayth chorou depois — confessou Giles enquanto saía para o pátio de armas. Tinha muito trabalho para esse dia e pouco tempo para dedicá-lo a preocupar-se com as lágrimas de uma mulher em seu leito de matrimônio. Não entendia seu pesar. Depois de tudo, não tinha feito nada contra a vontade de lady Fayth, mas ela… Brice o alcançou e foram até as quadras para falar mais tranqüilamente. —Pensei que não ia deitar com sua esposa até saber que não está grávida. —Assim foi. E não o fiz. Só foi um pouco de… — explicou sem saber como defini-lo— Bem, o caso é que não aconteceu nada e não lhe fiz mal. —Assustou a por acaso? Essa pergunta o fez refletir e perguntou se esse teria sido o problema. Possivelmente lady Fayth se assustou ao comprovar a forte reação que seus beijos e carícias tinham provocado em seu corpo. De ser certo, possivelmente estivesse dizendo a verdade ao assegurar que ainda era donzela. Virgem ou não, o que parecia claro era que não tinha muita experiência. Tinha percebido isso no auge do prazer que Fayth tinha alcançado na noite anterior com suas carícias, notou que era algo novo para ela. Olhou para Brice. Estava esperando que respondesse. — Talvez. — admitiu— Mas, por que se preocupa? É por que não têm nada melhor para fazer do que me interrogar sobre o que acontece em minha cama? Eu adoraria que Soren estivesse aqui. Ele poderia lhes entreter com histórias sobre suas proezas e não estaria atrás de mim todo o dia. — Pediu que vigiasse sua esposa, Giles, e que tratasse de descobrir se ainda estava do lado de Edmund. Disse que trabalhasse com ela e julgasse suas habilidades, queria que descobrisse se seria capaz de lhe trair fazendo se de espiã para seus inimigos. Não faço isso por diversão, meu senhor. Olhou para seu amigo. Tinha sido de grande ajuda durante o ataque a Taerford e na hora de expulsar dali os rebeldes. Também tinha colaborado Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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sem se queixar durante as primeiras semanas ajudando a organizar a fortaleza. Estava ali esperando que chegassem ordens para seguir o caminho para o norte até chegar a Thaxted, onde ia ser sua fortaleza. E os dois homens rezavam para que chegassem logo notícias sobre a recuperação de seu amigo Soren, ferido na batalha. — Me perdoe meu amigo. Pedi ajuda, é certo, e seus serviços foram muito apreciados. Mas é que se trata de um assunto privado entre lady Fayth e minha pessoa — mentiu ele. —Ainda não aprendeu essa lição, verdade? —replicou Brice com tom sarcástico. Para provar o que dizia seu amigo, o objeto de sua discussão apareceu nesse momento no pátio e foi para onde eles estavam. Lady Fayth se deteve para falar com alguns homens antes de chegar às quadras. Deu-se conta de que os aldeãos a olhavam, depois para ele e de novo para lady Fayth, como se pensassem que ele era o responsável por seu estado, como se ele tivesse feito algo para prejudicá-la ou machucá-la. Olhou para Brice e abaixou cheio de arrependimento a sua cabeça. —Têm a sua senhora em um pedestal, Giles. — disse Brice para animálo— Representa a única referência que têm contra o invasor normando que tomou a fortaleza. —Bretão — corrigiu ele. —Essa classificação não importa a esta gente. Ela os defende e você a despreza por isso na sua noite de núpcias. —Não a desprezei! —protestou. —Bom, ainda não deitou com a senhora e eles sabem. Deu-lhes esperança ao ver que se interessava que estivessem a salvo e também quando pediu para lady Fayth que assumisse como administradora de Taerford. Acreditam que, sob seu comando, poderão sobreviver. Mas, nesta manhã levantaram e perceberam problemas entre sua esposa e você. E, como não podia ser de outro modo, e estão do lado dela — explicou Brice. Deu-se conta de que tinha sentido o que dizia. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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—Acredito que saberei com certeza dentro de uns dias. Ou a senhora sangra ou… —Aproxima-se! —sussurrou Brice depressa— Que quer diga que está indo? —Não. Eu gostaria de vê-la mais animada, mas não quero vê-la saltar de alegria ante tal notícia — respondeu de bom humor. Brice se pôs a rir com vontade. —Logo verá que não é fácil passar de cavalheiro estrangeiro e bastardo a senhor de uma fortaleza, Brice. Eu adoraria te ver em meu lugar e tratando de resolver estes mesmos problemas. —Pretendo aprender com seus enganos, Giles. — disse Brice enquanto olhava a recém chegada— Procura seu marido ou a mim, lady Fayth? Deteve-se na frente dele, mas não levantou o rosto para olhá-lo. —Queria saber se tinha pedido permissão à lorde Giles para ir à aldeia, senhor. — respondeu Fayth. —Para que desejam ir à aldeia, senhora? —perguntou Giles diretamente — Pode me pedir isso, sem necessidade de intermediários. O véu de Fayth cobria seu cabelo e se enroscava ao redor de seu pescoço, cobrindo as partes de seu corpo que mais gostava. Já se tinha dado conta de que as roupas dos saxões cobriam às mulheres de cima abaixo sem algo para diferenciar um corpo grosso como o de Emnma de um esbelto como o de sua esposa. Esperava poder convencer à esposa do Simon que enviasse algum de seus vestidos para lady Fayth. Preferia o estilo da outra mulher, cujas roupas realçavam as silhuetas femininas. Voltou a fixar-se no véu, não podia ver nada mais até que ela decidiu levantar um pouco a cabeça. O tecido branco que cobria seu cabelo fazia que ressaltassem ainda mais suas escuras olheiras. Esperava que pudesse descansar melhor enquanto ele estivesse de viagem. — Estive… Bom, estivemos inventariando todos os mantimentos e comestíveis com os que contamos no castelo e os edifícios dentro da
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fortaleza, meu senhor. Mas meu pai estava acostumado a armazenar grande parte das colheitas, a lã e os tecidos na aldeia. Preciso ir para… Observou-a enquanto falava, mas só podia pensar na noite anterior e em como seu belo corpo se estremeceu com as carícias. Queria voltar a ver suas bochechas acesas pela paixão e seus olhos brilhando enquanto gemia de prazer. Mais que nada, queria voltar a ver um sorriso em seu rosto. —Brice pode encarregar-se disso. — Sugeriu, voltando para a realidade. O olhar de seu amigo dizia que não se era capaz de tal tarefa, mas lady Fayth era muito mais valiosa que os mantimentos e não podia deixar que saísse da segurança que proporcionava a fortaleza. —Não posso permitir que corra perigo ali fora, minha senhora. Quero que permaneça aqui dentro até minha volta. Suas palavras a surpreenderam tanto que levantou por fim a vista. —Vai, meu senhor? —Sim. O rei me concedeu terras e tenho que cavalgar até os confins para conhecer sua extensão. O mapa que tenho é muito rudimentar e não explica como são essas terras nem para que usos pudessem empregar-se. —Eu poderia dizer isso meu senhor. Passeei por elas desde minha infância. Não sabia se lady Fayth estava tratando de ajudá-lo ou se oferecia para tentar controlar seus movimentos e que não saísse das terras de Taerford. —O rei me outorgou as terras de seu pai e algumas mais, minha senhora. São milhares de acres. Fayth não pôde sufocar uma exclamação ao conhecer a enorme extensão de suas propriedades. Sabia que era mais do dobro do que tinha tido seu pai. Mas lorde Leofwyne possui as terras que estão ao norte e ao leste de Taerford — disse lady Fayth com confusão. —Perdeu a batalha e o duque reclamou suas posses, senhora. — explicou ele tentando ser compassivo. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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Lady Fayth empalideceu ao ouvir as palavras de lorde Giles. —Quantos mais? Quantos saxões foram assassinados por seu duque William? —gritou ela. Não tinha querido pensar muito nesse tipo de coisas. Estava muito preocupada com o que tinha acontecido com seu marido e ela para pensar em nada mais. Mas a declaração de lorde Giles e a quantidade de terra recebida como prêmio tinha conseguido chocá-la e tinha que saber a verdade. Viu que Giles fazia uma careta antes de responder sua pergunta, como se soubesse que a resposta ia afetá-la ainda mais. Respirou profundamente e a olhou com seriedade. —Quase quatro mil, minha senhora. A informação não é muito precisa, mas parece que morreram todos os soldados do Godwin e os do Harold. Também os condes de Merci, Sussex, Wessex, Kent e East Anglia. E muitos outros cujos nomes, eu desconheço. Lorde Giles não parecia se gabar das mortes de seus inimigos e até lhe pareceu que usava um tom compassivo que a surpreendeu. —Suas terras e a gente de seus castelos foram entregues também? —O duque tem direito de fazê-lo… — começou Giles. Mas se deteve, não parecia querer questionar as ações de seus superiores nem tampouco as aplaudir. Não podia chegar a entender como podia ter morrido tanta gente em uma só batalha, mas se deu conta de que tudo tinha mudado na Inglaterra desde esse dia. Revolveu o estômago ao pensar nos tios e primos que não voltaria a ver nunca. Preocupava se com as mulheres de sua família e como poderiam cuidar de si mesmas nessas condições e sem que ninguém pudesse cuidar delas. Nem todos os senhores saxões tinham filhas que pudessem ser usadas para legitimar por meio do matrimônio os presentes do duque a seus mais fiéis militares.
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Conforme tinha lhe contado Edmund, muitos senhores saxões tinham conseguido sobreviver e estavam organizando ao norte para tratar de expulsar aos normandos do país. Também havia dito que os membros do conselho nacional tinham renomado rei Edgar «o Nobre» e que estavam reunindo apoios por todo o país. Sentiu-se mal. Tinha passado os últimos dias, encerrada em seu castelo e tinha deixado que seu maior inimigo a seduzisse. Lamentava não ter feito mais para tentar saber como estavam seus compatriotas e ajudá-los de algum modo. Não tinha sido o bastante corajosa para enfrentar seu captor, mas a informação que acabava de lhe dar deu a força que necessitava para fazer a pergunta que tinha estado perturbando sem descanso durante dias e noites. —Mataram a meu pai para lhes dar estas terras? Giles não tinha uma boa resposta para a pergunta de lady Fayth, mas não estava disposto a mentir. Teria gostado de fazê-lo, sobre tudo ao ver que estava mais pálida ainda. Fixou-se em suas mãos, apertava-as com tanta força frente a seu peito que também estavam brancas. —Creio que sim, minha senhora — admitiu-o enquanto passava as mãos pelo cabelo e afastava desesperado o olhar—. Pode ser que sim… Lady Fayth cambaleou e teria caído ao chão se ele não o tivesse amparado ao segurá-la pela cintura. Ela tentava afastar-se, mas a abraçava com força e a levou tão depressa como pôde ao castelo. —Brice, avise a todos os que estimavam lorde Bertram ou tinham postos de honra em seu salão —ordenou a seu amigo sem deter-se — Traga também todos os guardas de lorde Bertram que ainda ficaram aqui e que estão agora ao meu serviço. E que alguém vá à aldeia para avisar aos que trabalhavam para ele. Amaldiçoou entre dentes enquanto entrava com lady Fayth. Lamentava não ter feito algo assim logo que chegou à fortaleza, tinha acreditado então que era desnecessário. Muito tarde, estava se dando conta de seu engano.
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Sua intenção ao não falar da dureza da batalha tinha sido proteger à senhora desses horrores, mas tinha chegado o momento de corrigir seu engano. Foi para o salão chamando ao passar os servos que tinham trabalhado também para o antigo senhor de Taerford. Quando chegou ao salão, separou da mesa uma das poltronas e sentou à senhora. Agachou-se depois a seus pés e tomou seu queixo para conseguir que o olhasse. —Senhora… — a chamou para tentar atrair sua atenção—. Fayth… Ela o olhou, mas havia tanta pena e dor em seus olhos que tinha preferido não ter que vê-los. —Não sei se seu pai morreu pelo fio de minha espada ou uma flecha de meu arco. Ao calor da batalha, é impossível saber essas coisas ao certa — disse ele. Seus olhos se encheram de lágrimas uma vez mais e demorou a responder. — Dize isso para aliviar minha consciência ou a sua, meu senhor? — perguntou lady Fayth cheia de dor. —Nenhuma coisa nem outra. Um guerreiro sempre deve aceitar as condições da batalha antes de entrar em lutar. Nenhum homem vai à guerra ignorando que terá que matar e que muitos tentarão matá-lo. Só disse por que é a verdade, sem outra intenção. Vendo que o salão se encheu de gente, Giles ficou em pé e chamou Emma para que se aproximasse e socorresse sua senhora. A anciã tentava convencer lady Fayth a beber um pouco de vinho. Ele chamou Roger para lhe explicar seu plano e lhe dar as ordens pertinentes. O homem saiu seguidamente do salão para organizar seus homens tal e como tinha pedido. Brice, de acordo ou não com suas decisões, permanecia a seu lado, apoiando-o em tudo. Um dos criados lhe ofereceu uma taça de vinho e bebeu enquanto refletia sobre as palavras que ia usar para dirigir-se às pessoas de Taerford. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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Edmund fez um gesto para que se detivesse. Deu-se conta de que algo estava errado. Enquanto observa do seu esconderijo no bosque, os normandos começaram a rodear os aldeãos e levá-los para a fortaleza. Faziam-no às pressas e pela força. Não parecia bom sinal e se perguntou quais seriam as intenções do novo senhor de Taerford. —O que acha que estão fazendo? —perguntou-lhe William. Edmund viu como os moradores da aldeia caminhavam para a fortaleza. Pareciam assustados. Não deixavam de olhar para trás, para as casas que acabavam de abandonar. Perguntou-se se seus homens e ele seriam traídos por algum aldeão. Muitos sabiam que faziam incursões de vez em quando na aldeia para roubar os mantimentos que ali se armazenavam. Temeu que algum morador tivesse revelado essa informação aos normandos. Não era o momento de aproximar-se mais. Sem gente na aldeia, seus movimentos seriam mais óbvios. Fez outro gesto e levou de volta seus homens, entrando de novo nas profundezas do bosque. Caminharam até o acampamento que tinham instalado perto do rio. Esperava poder saber de Fayth, não tinha tido informação sobre como estava até uns dias antes. Ao parecer, tinha ficado ferida durante a invasão e depois tinha sido mantida prisioneira em seus aposentos até cinco dias antes, quando o normando a tinha levado contra sua vontade à capela para obrigála a contrair matrimônio com o invasor. Não queria nem pensar no que o cavalheiro normando teria feito a inocente filha de lorde Bertram. O mesmo homem que o tinha assassinado na batalha do Hastings. Depois que falasse com os chefes de outras tropas rebeldes, os invasores e que o rei Edgar, o Nobre, desse a ordem, traçaria um plano para resgatar à senhora e tirá-la de lá. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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Lady Fayth era tudo o que necessitava para reclamar as terras que acreditava serem suas por direito. Terras que lorde Bertram lhe tinha prometido em troca de manter sua filha a salvo. Depois, decidiria se a tomava como esposa ou a entregaria a algum fiel vassalo. Acreditava que a parte mais singela do plano seria a de acabar com seu marido estrangeiro. Não tinham chegado ainda ao acampamento quando um homem se aproximou com a notícia de que os aldeãos tinham voltado para a aldeia e que todos pareciam estar bem. Sentia curiosidade por saber o que tinha acontecido, assim deu meia volta e indicou a seus homens que o seguissem até a aldeia de Taerford.
Capítulo 9 Giles viu com nervosismo como começava a reunir as pessoas em frente a ele no salão. Olhou para Fayth de lado, mas não conseguiu tranqüilizar-se, justamente ao contrário. Ela parecia ainda mais pálida que antes. Pensou que possivelmente acreditasse que os tinha mandado chamar para matá-los ou algo parecido, mas não queria esclarecer seus planos, sua intenção era comunicar a todos ao mesmo tempo.
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Nenhuma experiência de sua vida, nem sequer o que tinha aprendido com sir Gautier ou nos muitos campos de batalha, poderia haver preparado para esse momento. Mas obteve a força que necessitava ao saber que podia ajudar a essa gente enquanto ele também se beneficiava da situação. Não esquecia que o duque William o apoiava nessa empreitada e não estava disposto em ceder às terras conseguidas até o momento. Lembrar disso serviu de incentivo e tinha muito claro que sua prioridade era conseguir prosperidade para Taerford. Roger avisou que lorde Giles ia falar e todos se calaram. —O duque de William conseguiu estas terras após vencer ao seu rei e seu senhor na batalha. Fez com a permissão Papal. Inglaterra lhe pertence agora e isso implica que as terras dos que lutaram do lado do Harold tenham sido requisitadas. — anunciou ele com seriedade. Suas palavras provocaram protestos entre os presentes e ele esperou que se acalmassem. —Ao apoiar ao seu senhor, lorde Bertram de Taerford arriscou sua vida e suas terras. A derrota no campo de batalha e sua morte fizeram com que suas terras e algumas mais fossem entregues. Meu senhor só me pediu uma coisa em troca de seu oferecimento, que me casasse com a filha do anterior senhor de Taerford. E o fiz assim como alguns de vocês presenciaram. Todos olharam nesse instante para Fayth. —Agora, estas terras são minhas, pois me foram entregues por ordem do duque William, que será logo coroado rei da Inglaterra. — prosseguiu ele — E ela também é minha. Fayth o olhou nesse momento nos olhos e ele não afastou o olhar. Uma estranha e apaixonada força passou entre eles como um relâmpago e sentiu a necessidade de fazê-la de verdade sua muito em breve. Sabia que não demoraria muito em ocorrer, mas queria assegurar-se de que todos soubessem que lady Fayth pertencia a ele, embora ainda não tivessem consumado o matrimônio. —Ela é minha. — repetiu com mais força ainda enquanto a olhava. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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Notou que ela estremecia ao escutá-lo. —Os homens que trataram de evitar que tomasse posse deste lugar são agora foras da lei e sofrerão as conseqüências se forem capturados. Deu alguns passos para a multidão que o escutava e colocou a mão sobre o punho de sua espada. —Não se confundam, não deixarei que esses homens me arrebatem nada nem permitirei que danifiquem o que é meu. Sei que muitos são seus parentes ou viveram durante anos entre vocês, preferiria não ter que matálos. Olhou ao redor para ver a reação das pessoas e se fixou depois em Fayth. —Mas, se me vir obrigado, o farei. Esperou uns segundos para que assimilassem a ameaça. Ao declarar esses homens como rebeldes, estava os sentenciando a morte. E os que fossem surpreendidos ajudando-os poderiam enfrentar o exílio e perder todas suas posses. Procurou com o olhar os que viviam na aldeia de Taerford, estavam todos de um lado do salão. —Respeitarei os contratos quanto a terras e rendas que tinham todos com lorde Bertram. Ao menos até no próximo ano. Dirigiu depois aos que trabalhavam no castelo. —Os que serviram à lorde Bertram, me servirão agora. Ofereço meu amparo dentro e fora da fortaleza, sempre e enquanto honrarem a confiança que deposito em vocês. O último grupo que olhou foi o dos homens que tinham sido guardas pessoais do Bertram. — Por agora, meus próprios homens se encarregam da defesa de Taerford e o restante terá que se ocupar dos preparativos para o inverno até que tudo esteja preparado. Depois, poderão treinar com meus soldados para aprender deles. Os que lutam por dinheiro podem dizer isso e as nota promissória serão do mesmo valor. Os que o fazem por lealdade à lorde Bertram podem fazê-lo agora para honrar a sua filha.
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Roger resmungou algo, não parecia estar de acordo com ele. Brice se aproximou também e Giles fez um gesto para que se acalmasse. —Igual a mim, que dou minha lealdade à lady Fayth por minha honra e por nossos votos matrimoniais. Não verei nenhum inconveniente se alguns soldados queiram jurar lealdade à lady Fayth e não a mim. Fayth não podia acreditar nas palavras de lorde Giles. Entre seus direitos como novo senhor de Taerford estava o de prender os homens que não lhe jurassem lealdade. Podia inclusive ordenar sua morte. Surpreendeu se quando pediu que fossem leais a ela. Boquiaberta, observou como muitos dos soldados que tinham lutado com seu pai se ajoelhavam ante eles com a cabeça baixa em sinal de respeito e obediência. Todos ficaram em silencio ao ver que lorde Giles estendia a mão para ela. Que a segurou e ficou de pé. Ele a atraiu para si e caminharam juntos até ficar frente aos soldados ajoelhados. —Dão sua palavra de honrar e promessa de lealdade a mim, seu senhor? —perguntou Giles em voz alta— Dão sua palavra de honrar e promessa de lealdade para a senhora de Taerford, lady Fayth Fitzhenry, filha de lorde Bertram? Deu-se conta de que Giles, apesar de ter pouca experiência como nobre, estava demonstrando muita inteligência. A última pergunta, formulada de uma maneira ligeiramente distinta à primeira, indicou-lhe até que ponto dominava sua língua. Esses soldados, ao jurar lealdade a ela, estavam dando sua palavra a ele. Pareceu-lhe uma artimanha tão inteligente e sutil que esteve a ponto de sorrir. Os homens juraram com entusiasmo e então sim que sorriu. Esses homens a enchiam de orgulho. Lorde Giles os chamou de um em um para que dessem um passo para frente e se apresentassem. O senhor de Taerford os saudou cerimoniosamente com a mão antes de prosseguir com seu discurso. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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—Será difícil para todos continuar com suas obrigações enquanto haja confusão e distúrbios a nosso redor, mas devemos fazê-lo ou não sobreviveremos neste inverno. Haverá disputas entre os normandos e os saxões. Teremos que solucionar as discrepâncias e nos enfrentar as muitas dificuldades, mas terão que ser perseverantes. A princípio, todos ficaram em silêncio, ninguém respondeu e Fayth notou que lorde Giles se sentia decepcionado. Pareceu que seu marido tinha esperado conseguir o apoio da gente de Taerford e seu silêncio o entristecia. Mas então um homem, não sabia dizer se normando ou saxão, gritou o nome de lorde Giles e, pouco a pouco, outros se uniram. Satisfeito, agradeceu o gesto e depois os despediu para que pudessem voltar para suas tarefas. Ela também teria gostado de se retirar, mas Giles ainda segurava sua mão. Viu como Roger e outros cavalheiros guiavam às pessoas para que saísse do castelo. —Meu senhor, eu também deveria voltar para meu trabalho. — sugeriu em voz baixa. Em vez de soltar sua mão, negou com a cabeça e a acompanhou até uma das cadeiras da cabeceira da mesa. Giles fez um gesto a Brice para que os deixasse sozinhos. Tomou depois um banco e se sentou em frente a ela. —Encontra-se melhor, senhora? —Não, não estou melhor… Não sabia como explicar o que sentia. Acreditava que, por mais direitos que a lei dava à lorde Giles, ela sentia que estava traindo ao seu pai quando desfrutava os cuidados de seu marido. O prazer que tinha proporcionado não tinha feito a não ser intensificar esse sentimento de traição. —Acredito que lhe contrariei… Ontem à noite, só pretendia acalmar suas preocupações ao ver quão prazenteiro pode ser o que ocorre entre um homem e uma mulher, mas acredito que não consegui o resultado que
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pretendia, a não ser justamente o contrário. E o que tentava obter hoje era mostrar que há futuro para as pessoas de Taerford. Suas palavras não conseguiram acalmá-la, estava muito confusa e sentia uma corrente de emoções em seu interior que ameaçava sair. Tremiam-lhe as mãos e as uniu sobre o regaço para tratar de controlar-se. —Pretendia acalmar minhas preocupações, meu senhor? De verdade era isso o que pretendia? —sussurrou ela com fúria. Levantou-se de repente e o fulminou com o olhar. —Admitiu que participou da morte do meu pai! Segue acreditando que não sou donzela! De verdade pensa que me entregaria voluntariamente a você quando sei que me encerrariam em uma cela se não provar minha honra? Respirou fortemente. Sabia que estava lhe faltando ao respeito, mas não podia parar. —Dormi na sua cama, inclusive deixei que me tocasse e senti prazer. Mas você não me prometeu clemência se descobrisse que estou grávida. — continuou ela— Acaso pensa que entregaria a criança para algum convento ou a alguma aldeã para que o criasse e depois deitaria contigo para lhe dar seus próprios filhos? Giles a olhava surpreso. —Teme criar o filho bastardo de outro homem ou é ter um filho saxão o que teme? A ira nos olhos de lorde Giles indicou que tinha ido muito longe com suas palavras. Levantou-se tão depressa que o banco saiu voando. Assustada, afastou-se instintivamente dele, mas se aproximou dela antes que pudesse evitá-lo. Brice correu a interpor-se entre os dois e sussurrou algo a Giles em seu idioma. Não pôde entender o que dizia. Sabia que estava a ponto de explodir, nunca o tinha visto tão furioso. Ela aproveitou para sair do salão, depois do castelo e atravessar correndo o pátio até chegar à capela. Abriu a porta e a fechou atrás dela. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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Sabia que não era nenhum esconderijo, não tinha onde refugiar-se em toda Taerford, mas foi até o muro que separava o altar do resto do templo e se sentou ali. Tremiam as pernas e o coração galopava em seu peito. Sabia que tinha sido uma parva. Tudo o que tinha conseguido durante os últimos dias colaborando com lorde Giles na organização e administração de Taerford tinha estragado. O ocorrido da noite anterior tinha conseguido transtorná-la por completo. Sentia-se culpada e todo o domínio que tinha sobre si mesma tinha terminado por cair em pedaços. Lorde Giles acabava de confirmar sua posição como senhora de Taerford ante todos os habitantes do lugar, mas ela tinha escavado sua autoridade com umas quantas palavras. Arrependia-se de não ter tido a força suficiente para guardar em segredo suas dúvidas. Tinha que reconhecer que o único pecado de lorde Giles para com ela tinha sido o de tentá-la para que se deixasse levar pela debilidade da carne. Embora tampouco, poderia esquecer que havia lutado contra seu pai na batalha e o tinha vencido. Mas, tal e como tinha recordado Giles, ele não tinha feito outra coisa além de obedecer ao seu senhor, a mesma razão pela que seu pai tinha saído de Taerford para defender ao rei inglês. Suspirou esgotada. Estava cansada de todas aquelas lutas. Dava a impressão de que os homens nunca deixariam de brigar por conseguir terras, honra e poder. O duque havia entregado as terras e os castelos para homens bons e homens sem escrúpulos, que não duvidariam em abusar de seus novos servos. Ela se tinha dado conta, ao ver como proclamava esse dia os direitos sobre Taerford e também dos súditos, que lorde Giles seria um senhor muito mais justo que outros. As promessas oferecidas tinham sido similares às que teria brindado seu pai. Mas com sua descontrolada reação tinha conseguido desbaratar qualquer relação de respeito que pudesse ter surgindo entre eles. Ficou ali muito tempo, refletindo sobre o que tinha feito e sobre seu novo papel em Taerford. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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A porta da sacristia abriu de repente e Padre Henry entrou na capela. Teria gostado de se levantar por respeito ao clérigo, mas suas pernas não a sustentavam. O homem fez uma reverência ante o altar, fechou os olhos e rezou durante uns segundos, depois se virou para ela. —Está bem, filha? —perguntou enquanto lhe oferecia sua mão. —Não, Padre. Encontro-me mal e triste. — respondeu ela sem aceitar sua ajuda para levantar. Era um homem pequeno. —Eu também sinto falta de seu pai — confessou ele com um sorriso— Seja forte, querida. Conseguira lhes sobrepor. Suas palavras a emocionaram e custou não voltar a chorar. —Tento ser uma filha da qual meu pai poderia ter estado orgulhoso, mas… Deteve-se, sem forças para continuar. —Bom, era mais fácil ser a filha de seu pai quando ele estava aqui para lhes aconselhar e lhe guiar, verdade? Então só tinha que seguir suas normas e obedecer as suas ordens. —Assim é, padre. Agora não há ninguém que possa me dar conselho, seja para as decisões importantes ou para as de cada dia. Não tenho ninguém. — sussurrou com desolação. O padre Henry estendeu de novo sua mão e não permitiu que negasse. O homem a ajudou a levantar. — Ele estaria disposto a escutar suas dúvidas e lhes dar bons conselhos, senhora. Olhou perplexa ao clérigo. Pensou por um momento que os acontecimentos das últimas semanas o haviam deixado louco. Não podia acreditar que padre Henry pensasse que seu pai poderia ouvi-la. —De quem fala padre? Não entendo… —Falo dele. — repôs o sacerdote enquanto assinalava para a parte traseira da capela — Lorde Giles veio falar comigo para me pedir que me
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interessasse por seu estado. Disse que seu ataque de ira a tinha assustado muito e que não desejava que o temesse. —Disse isso? —sussurro ela com incredulidade e sem atrevera olhar para a parte traseira do templo. —Sim, querida. Acredito que é um bom homem, minha senhora. Recorda-me muito ao seu pai quando tinha sua idade. Dá-me a impressão de que pode confiar nele. —De verdade? —perguntou atônita. —Sim. Cometeu enganos durante estas primeiras semanas em Taerford, mas está disposto a melhorar. Não se pode dizer o mesmo de outros normandos, verdade? Além disso, agora é sua esposa. Seu lugar está ao seu lado, embora não seja o marido que seu pai teria escolhido para sua filha. Era uma maneira muito sutil de suavizar o que tinha passado ali, mas se deu conta de que era verdade. Apesar de tudo, havia uma pergunta que seguia angustiando-a e não sabia se padre Henry poderia ajudá-la. —Não acredita que sendo sua esposa estou traindo aos que morreram na batalha contra os normandos? Não podia lhe explicar nada sobre o que aconteceu em seus aposentos, mas necessitava de conselho. —Senhora, você mesma pronunciou os votos matrimoniais nesta Santa capela. Seja pela razão que foi, consentiu em se casar e agora é sua esposa. — disse o padre Henry com doçura— E se existir algo que lhe agrade nas obrigações que toda esposa tem para com seu marido, estou seguro de que Nosso Senhor não o vê com maus olhos. E eu, tampouco. —sussurrou o capelão. Seus olhos se encheram de lágrimas e as limpou com o dorso da mão. —Filha, falará então com ele ou quer que diga que se vá? —perguntou enquanto olhava de novo para a porta da capela. Sabia que não ia poder permanecer encerrada ali toda sua vida e que o melhor que podia fazer era falar com seu marido para tratar de que houvesse paz entre eles. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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Tinha gostado de ver que lorde Giles se incomodou em ir falar com o sacerdote para assegurar de que estava bem. Era outro gesto que o distinguia do resto dos cavalheiros normandos que não duvidariam nem um segundo em usar a força para obter seus propósitos. —Falarei com ele, padre. — murmurou ela por fim. —Assim que eu gosto filha. Deixe que lhe acompanhe. Padre Henry ofereceu o braço e ela o aceitou. Tinha pouca força, mas a usou para caminhar com dignidade até onde a esperava Giles. —Meu senhor, vocês gostariam de usar a capela para sua reunião? — sugeriu padre Henry ao chegar a seu lado— A presença de Deus pode ajudar em ocasiões assim. Antes que lorde Giles pudesse responder, o sacerdote tomou duas cadeiras e as aproximou. Colocou-as uma frente à outra e sorriu. —Meu senhor. — disse para Giles enquanto assinalava uma das cadeiras— Minha senhora — adicionou lhe mostrando a outra. Fayth tinha o estômago encolhido. Sentou-se e esperou que lorde Giles falasse, mas foi o clérigo o primeiro em fazê-lo. —Se o desejar, meu senhor, eu poderei ficar. Ela sorriu. Os três sabiam que, embora o sacerdote se dirigisse por respeito à lorde Giles, era a ela que perguntava se necessitava sua presença para lhe dar forças. —Senhora? —perguntou-lhe Giles com suavidade—. Deseja que fique o Padre Henry? —Não, meu senhor. Estou segura de que tem muitos assuntos que atender e não gostaria de segurá-lo mais. O clérigo se despediu com uma inclinação de cabeça e se foi para a sacristia. Custou a fazê-lo, mas ao final se atreveu a olhar para seu marido nos olhos. Viu que já não era o guerreiro furioso que tinha deixado no salão do castelo, a não ser o homem que tinha começado a acostumar-se. Viu que Giles inalava profundamente e depois soltava devagar o ar. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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—Senhora, você gostaria de saber a verdade sobre o homem que é agora seu marido? —perguntou ele.
Capítulo 10 Giles olhou para Fayth e se deu conta de que a jovem parecia mais confusa e perdida que nunca. Estava pálida e havia medo em seu olhar. Não gostava que estivesse assustada. No salão do castelo tinha estado a ponto de perder por completo o controle e inclusive tinha chegado a levantar a mão contra ela depois de que ela o insultou. A intervenção de Brice tinha sido muito oportuna e não queria nem pensar no que poderia ter ocorrido se ele não tivesse se colocado entre os dois naquele momento. Nunca tinha tratado assim a nenhuma mulher nem a nenhum servo. Embora ele sim que tinha sofrido esse tipo de violência. Acreditava na disciplina quando era necessária, mas não a exercia nunca na ira. Tinha refletido muito sobre o ocorrido. Não entendia por que lady Fayth conseguia fazer com que perdesse o controle. Essa tarde tinha sido por culpa da ira e a noite anterior por culpa do desejo. De dia tomava decisões racionais. Mas, de noite, com essa mulher em sua cama, perdia por completo o sentido. —Brice me lembrou que não posso te considerar responsável por suas palavras, já que, não é consciente de que estava me insultando — começou ele.
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—Sei que te insultei ao te acusar, meu senhor. Sei que seria mais do que suficiente para que muitos homens reagissem desse modo. — falou Fayth enquanto o olhava com lágrimas nos olhos— Sinto que estes últimos dias foram como um pesadelo, algo sobre o que não tenho nenhum controle… Tenho a impressão de que não consigo fazer nada direito… Sem saber, lady Fayth estava falando como ele se sentia. —Acredito que parte de seu medo vem de não saber o que está acontecendo fora destas paredes. A mudança chegou rapidamente à Inglaterra e está afetando todo o país. —Mas você parece estar de acordo com essa mudança, meu senhor. — interveio Fayth. —Não é de sentir saudades. Eu sou um dos que mais foram beneficiados com as mudanças. Mas as pessoas de Taerford e você mesma perderam muito. — O Padre Henry me falou que deveria lhes pedir conselhos. Perguntou-me se queria saber a verdade sobre você. Essa verdade conseguirá acalmar meus temores ou aumentá-los? Ficou em pé e se afastou uns metros dela. —Não sei se lhes servirá de ajuda ou se piorará as coisas entre nós, senhora. Lady Fayth parecia indecisa. O Padre Henry havia dito que era uma mulher valente e forte, qualidades que tinha herdado de sua mãe, mas a dama que tinha ante si parecia assustada como um camundongo. Depois de uns instantes em silêncio, lady Fayth suspirou e assentiu com a cabeça. — Me diga a verdade, marido. —Não nasci nobre, senhora. De fato, meu nascimento foi ilegítimo. Meu pai é visconde e minha mãe não era nobre, trabalhava em uma das propriedades de meu avô paterno. Viu que lady Fayth ficou um tempo em silêncio. —É por isso que algumas vezes não espera que lhe sirvam? Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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—Assim é. Um filho bastardo como eu tem que valer-se por si mesmo e conquistar sua própria fortuna no mundo. Até os criados me olham sempre com receio quando ordeno algo. —Por isso não têm um criado que se ocupe de suas necessidades… —Acertou de novo. Um cavalheiro não necessita de ninguém que o ajude pessoalmente, basta um moço que cuide de sua armadura e seus cavalos. —E por isso você não gosta que todo mundo saiba onde está e o que faz a cada momento. —Não tinha nem idéia de que fosse tão observadora senhora. Pensou que, ou ela era muito perspicaz ou ele era mais previsível do que teria acreditado possível. —Não é isso. Comecei a observar ontem à noite, meu senhor. Por isso me levantei da cama para servir o vinho. Viu como se ruborizava, sem dúvida recordando o que tinha passado depois. Decidiu que, por essa vez, evitaria tratar esse assunto com ela. —Não tenho experiência alguma no que se refere à pompa e cerimônia que se espera do senhor de um castelo. São coisas para as quais não fui educado, embora as observasse de fora quando trabalhei servindo na casa de meu pai. E não acredito que nunca possa me comportar desse modo. — disse ele com um sorriso de resignação— O duque teve o suficiente sentido comum para me fazer só barão. Um barão não tem necessidade de ter que preocupar-se com todas essas coisas e está o bastante perto do chão para não perder nunca o norte. —Então, favorece seu duque aos guerreiros que se enfrentaram aos mesmos desafios que ele? Pôs-se a rir com vontade ante a deliciosa e educada maneira que lady Fayth tinha chamado de «bastardo» o duque. William o era e todos sabiam. De fato, o duque presumia de sua condição e a usava para replicar os que queriam insultá-lo. Mas poucos saíam ilesos se ousavam lhe falar nesse tom.
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Ele já tinha suspeitado que possivelmente o duque tivesse reunido alguns homens com méritos próprios que não tinham tido começos fáceis, mas começava a acreditar que havia outros motivos além deste. —O certo é que estou começando a acreditar que não seja assim, a não ser justamente ao contrário, senhora. Foi três guerreiros que receberam terras para fazê-las nossas se conseguíssemos confiscar. Somos filhos bastardos de nobres e os três fomos treinados juntos com meu meio-irmão na fortaleza que tem meu tio no Rennes. Começo a suspeitar que nós sejamos dispensáveis tanto para os planos do duque como para os de seus nobres. —Isso é injusto! Não posso acreditar que lhes usassem assim…! —Sei, mas resultou num plano muito conveniente e proveitoso. Nenhum dos nós três contou com bens em nossos lugares de origem nem temos capitalistas aliados que chegassem a sentir-se ultrajados de ter morrido ao assaltar estas terras. De fato, acredito que todos os nobres que tomaram as terras ao redor de Taerford têm herdeiros legítimos que poderiam tomar esta propriedade em qualquer momento. Não entendia como não tinha pensado antes nisso. Brice e ele tinham estado muito preocupados com a recuperação de Soren e muito aflitos em relação à importância das posses que lhes tinham sido outorgadas, para cair na conta dos verdadeiros motivos. Soren seguia recuperando-se e tentando recuperar suas forças até que as tropas do duque fossem para o norte depois de tomar todos os condados do sul. —Falou de três guerreiros, senhor? É Brice um deles? Riu ao escutar sua pergunta. —Acaso crê, depois de ter tido que trabalhar com ele durante os últimos dias, que é dispensável? Lady Fayth sorriu e pôde ver em seu rosto um relance da bela mulher que era quando seu rosto expressava felicidade e alegria.
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—Nunca reconheceria isto diante dele e rezo para que você não o conte, mas a verdade é que notei que só procura seu bem e está sempre perto de você para lhe servir e ajudar. Sempre foi assim? —Sim. E também com Soren. Espero que possa conhecê-lo… Mas lamentou suas palavras assim que terminou das pronunciar. —Não, melhor não! —acrescentou enquanto sacudia a cabeça— Esse homem tem mais facilidade que ninguém para atrair às mulheres. Convidá-loei a nos visitar depois de que consiga assentar-se em sua propriedade e contrair matrimônio. Foi lady Fayth então que começou a rir. —Por que se preocupa? —As mulheres vão a ele como moscas no mel, senhora. Se não for por desejo próprio, nunca dorme sem uma mulher a seu lado. —Tratarei de recordá-lo se alguma vez nos honra com sua presença, meu senhor. Possivelmente possa convencer Emma para que o faça… —Não brinque minha senhora, não têm nem idéia do poder que exerce Soren sobre as mulheres. Reze para que não tenha nunca que vê-lo! —Mas, permitirá então que venha a Taerford? —Se Deus quiser, virá antes que termine o inverno. Atacaram-no pelas costas durante a batalha, mas as últimas notícias que recebi eram alentadoras, parece que segue com vida. O duque lhe prometeu terras no norte. Ficou calado um momento e, recordou que estavam na capela, rezou para que Soren conseguisse se recuperar e, que pudesse fazer o mesmo com as propriedades que tinha lhe sido ofertado. Fayth ficou em silencio ao ver que lorde Giles parecia estar rezando. —Tem outros irmãos, senhor? —perguntou pouco depois. —Não, minha mãe só me teve. — respondeu Giles. —Segue viva? —Não — replicou ele com um sorriso triste —Morreu há dez anos.
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Sabia muito pouco de seu marido e, vendo que ele parecia disposto a responder, decidiu aproveitar a ocasião para conhecê-lo melhor. —Que idade tem? —perguntou-lhe então. — Vinte e três. Cinco a mais que você. —Sabe minha idade… — falou ela com surpresa. —É obvio. Antes de vir, quis saber se minha prometida era uma mulher maior e sem dentes ou uma jovem que ainda se ruboriza. —Mas parece que se esqueceu de perguntar se era gorda ou se estava tão desequilibrada como me mostrei estes últimos dias. — brincou ela. —Desequilibrada? Não acho isso. Só levo o cargo destas terras há poucas semanas e já imagino a dor que suporia se as perder. Vocês nasceram aqui e agora perdeu todos seus entes queridos. Em troca, não recebeu mais que um cavalheiro bastardo como marido quando estou seguro de que seu pai teria planejado lhe casar com alguém que merecesse mais. Não posso ser tão egoísta para não entender que sinta tristeza e esteja confusa. Ouviram então ao Brice chamando-os do pátio. A voz de Brice recordou a Giles que tinha muito o quê fazer, mas não ia perder a oportunidade que lhe conferia essa trégua entre os dois para obter de lady Fayth a informação que queria. Não queria piorar a situação, mas tinha que saber a verdade. —Milady, me fale de Edmund — pediu. Viu que ela o olhava com medo nos olhos. —Só quero saber que direitos tem sobre você. —Não estou grávida dele, meu senhor. — lhe assegurou Fayth — Era isso que queria saber, por seus próprios ouvidos, verdade? —Sim, senhora. — confessou ele — Nunca pretendi lhe ameaçar nem pôr em perigo a vida do bebê que pudesse ter engendrado. Só queria saber a verdade. —Não há nenhum menino, senhor. Ele não tem nenhum direito sobre mim, só o teria tido se tivesse levado a cabo o matrimônio com ele. Mas
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acredito que agora tudo mudou e você tem mais legitimidade sobre Taerford que ele. —Tampouco lhe pertence seu coração? —perguntou ele enquanto tomava uma mão de Fayth entre as suas. Gostou que ela não tentasse afastá-la e permitisse que a acariciasse. —Edmund foi mais um irmão para mim que outra coisa, meu senhor. Não houve nunca nada entre nós. Nós dois conhecíamos bem nossa posição. —Então, seu pai não lhe prometeu a ele antes de sair para o norte? —Não. Edmund vem de uma boa família saxã e acredito que já o tinham prometido para outra dama. Foi criado em Taerford, mas não havia plano algum de casamento até que… —De que maneira servia a seu pai, senhora? —Como havia alado, Edmund se criou em Taerford. Lady Fayth não parecia querer lhe dar muita informação. —Quando chegou a Taerford? Quanto tempo depois da queda de Harold? Precisava saber para fazer uma idéia de quais tinham sido os planos do Edmund. — Ele chegou alguns dias antes de você, meu senhor. Justo depois de receber sua missiva. Avisou então a outros aliados para que viessem e o ajudassem a defender Taerford. Deu-se conta então de que tinha conseguido deter esse encontro com sua chegada, mas acreditava que podiam andar ainda muito perto. Chegavam notícias quase todos os dias sobre bandos vistos nas cercanias de Taerford. —E agora? Sabe onde está agora, senhora? —Não sei como está nem onde, senhor. — respondeu Fayth— A última vez que o vi foi quando ordenou que o tirasse do castelo. Disse como se acreditasse que tinha morrido. — Sai vivo daqui, senhora, tal e como solicitou. Meus homens o tiraram de minhas terras — lhe assegurou enquanto soltava sua mão e ficava em pé —. Mas se voltar a entrar nelas, morrerá. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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Lady Fayth estremeceu ao escutar as palavras de seu marido. Sabia que falava a sério e rezava para que Edmund tivesse conseguido afastar-se dessas terras e encontrado algum parente que o acolhesse. Brice bateu na porta da capela e a abriu antes que dessem permissão para fazê-lo. —Meu senhor, minha senhora. — os saudou o homem—. Há muito o quê fazer hoje. Terminou a conferência ou necessitará mais tempo para chegar a um acordo? —Brice! Saiam daqui! A senhora e eu não acabamos. — protestou lorde Giles. —Já passou metade da manhã, meu senhor. Apure as coisas, que é muito o trabalho que nos espera — explicou Brice enquanto fechava a porta de novo. —Meu senhor, deveria ir já — disse ela ficando em pé. —Espere um momento, senhora. Lorde Giles parecia querer lhe dizer algo mais e tomou suas mãos de novo. —Quanto à morte de seu pai, só sei que servi ao duque William desde seu flanco esquerdo, onde todos os bretães seguiam as ordens de meu tio, Alain Fergant da Bretanha. Não há maneira de saber onde estava colocado seu pai ou se lutarmos um contra o outro. Lorde Giles soltou ela e lhe arrumou a diadema que sustentava seu véu. Nem sequer tinha sido consciente de que estivesse inclinada. —Se quer me odiar, que seja pelas coisas que faço não pelas que não posso responder. Não podia olhá-lo aos olhos. Ficou imóvel observando a prova da morte de seu pai, o anel do Taerford pendurando do pescoço de seu marido. — Mas tem seu anel, meu senhor. — falou ela com dor—Ele nunca o teria cedido de maneira voluntária, não estando vivo. Giles negou com a cabeça.
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—Um homem do duque me entregou ele quando me outorgaram os direitos sobre estas propriedades e sobre você. Não o tirei a seu pai. —De verdade? Tinha passado dias imaginando-se cenas terríveis nas quais esse cavalheiro assassinava seu pai e lhe arrancava o anel do dedo. Lorde Giles levantou suas mãos e as beijou com ternura. Depois a olhou aos olhos. —Mas não se engane pensando que não pude ser eu quem o matou porque não há maneira de saber. Matei a tantos homens nessa batalha que não poderei nunca saber quem foram. Brice voltou a chamá-los e lorde Giles sorriu. —Vê o que tenho que suportar cada dia? —disse-lhe ela fingindo desespero. Lorde Giles baixou as mãos sem as soltar. Depois voltou a levar-se aos lábios uma delas, virou-a e a beijou no interior da mão. O calor de sua boca fez que lhe acelerasse o coração. —Não lhes peço que esqueça nossas diferenças, senhora, mas permita que o tempo permita que consigamos nos acostumar o um ao outro antes que me julgue sem me conhecer. Pareceu uma estranha petição por parte do homem que tinha assaltado Taerford sem deixar ninguém se interpor entre ele e seu desejo de ficar com esses bens e com ela. Tinha a força e o poder necessários para tomar o que quisesse à força ou não, sem que ninguém o impedisse. —Muito bem. — murmurou ela. —Brice está impaciente por começar o trabalho do dia. Venha a acompanharei até a aldeia para que possa trabalhar ali. —De verdade, meu senhor? —perguntou confusa. Não entendia o que podia ter feito que mudasse de opinião. —Só poderá ir com minha permissão e nunca sem a companhia de Brice ou Roger. Entendeu? —Sim, meu senhor. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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Iludiu-lhe a idéia de poder sair da fortaleza, embora não fora durante muito tempo. Queria ver como estavam às terras que rodeavam Taerford depois dos ataques e desejava saber como se encontravam os aldeãos que ali viviam. Giles abriu a porta da capela e ela o seguiu. O sol brilhava no alto em todo seu esplendor. O cavalheiro bretão se deteve para falar com Brice. Este a olhava como se temesse que seu marido lhe tivesse feito mal. Viu que muitos dos que trabalhavam perto dali também se detinham para observá-la. Inclusive o Padre Henry, que falava no poço com o pequeno Durwyn, olhava-a abertamente. Estava claro que a discussão que tinham tido no salão e sua fuga à capela tinha despertado a curiosidade de todo Taerford. Aproximou-se para falar com o sacerdote. —Como está lady Fayth? —perguntou-lhe o homem— Me equivocava ao confiar na palavra do novo senhor? —Não, acredito que conseguimos esclarecer algumas coisas, padre — respondeu ela enquanto assentia com a cabeça e olhava ao cavalheiro de que falavam. Viu então que Giles não tinha deixado de observá-la nem um segundo. Acendeu-lhe o sangue ao vê-lo assim, o desejo que dominava seus olhos estava à vista de todos. Seu corpo desejava sentir de novo suas carícias e não pôde evitar pensar no prazer que tinha sentido com ele. Estremeceu ao pensar no calor dessa manhã e tentou concentrar-se no que lhe dizia Padre Henry. —O matrimônio não é nunca fácil, mas é mais complicado ainda nestes tempos de dificuldades. Sua obrigação é apoiar e obedecer a seu marido. Inclusive seu pai lhe teria aconselhado isso assim. —Embora se trate do inimigo? —perguntou ela. O clérigo tomou sua mão e se aproximou mais para falar em voz baixa. —Muitos dos invasores normandos não estão cumprindo suas promessas de aceitar como esposas às filhas dos antigos senhores. Ouvi Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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terríveis historia sobre herdeiras que foram usadas contra sua vontade para serem jogadas depois de suas próprias terras. O padre Henry lhe deu alguns tapinhas afetuosos na mão e sorriu. —Nosso novo senhor parece saber muito bem o bom e o mau que pode haver na vida e me dá a impressão de que sua intenção é conseguir a prosperidade para Taerford e o bem-estar de todos. Não faz nada de mau se o ajudar a obter esses objetivos, minha filha. As palavras do sacerdote lhe deram esperança. Não poderia nunca esquecer que seu marido tinha participado da batalha que tinha acabado na derrota de sua gente, mas pensou que não era mau que o ajudasse a provar acima de tudo que suas intenções eram louváveis. —Senhora! Virou-se para ouvir que a chamava lorde Giles. —A acompanharei agora à aldeia para que faça uma breve visita. Vamos ver o que necessita e sairemos assim que esteja preparada. —Vê? Leve em conta seus desejos antes de agir. —sussurrou padre Henry enquanto soltava sua mão— Ânimo, minha filha. Vá ao encontro de seu senhor. Fayth correu para castelo para colocar sua capa e a pegar os pergaminhos que estava escrevendo a relação com todos os mantimentos dos que dispunham.
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Capítulo 11 —A tomou no chão da casa do Senhor? —sussurrou Brice para Giles enquanto via como lady Fayth corria ao castelo para preparar-se— Ficou um longo tempo ali dentro com ela —acrescentou para justificar seu comentário. —Apesar do que lhe diga Soren, alguns costumes não se consegue esquecer tão rapidamente, amigo. Você descobrirá quando chegar a Thaxted. Estou seguro. —Pode ser que me recebam como a um herói libertador assim que entre pela porta do castelo. —Acredite que rezarei por você cada noite, Brice —respondeu ele entre risadas — Quanto à lady Fayth, havia muita tensão acumulada entre os dois e tínhamos muito do que falar para aliviar essa tensão. —Conheço maneiras mais fáceis e prazenteiras de aliviar a tensão, senhor. — comentou Brice— Ao menos, isso lhe diria Soren. —Também rezarei para que ocorra logo o que sugere senhor de Thaxted. Para que ocorra logo e freqüentemente. Caminharam até as quadras e montaram os cavalos que já estavam preparados. Ordenaram que selassem outros quatro e os levassem até as portas da fortaleza. Esperou então por lady Fayth. Enquanto o fazia, fixou-se no anel que levava no pescoço e tomou em sua mão para olhá-lo com atenção. Tinha uma grande pedra vermelha que Bertram tinha mandado gravar com a insígnia de sua linhagem. Era um corvo e um rio. Fixou-se melhor e viu que o anel tinha um corte que tinha causado uma fissura na pedra. Imaginou que teria sido causada por quem tirou o anel de lorde Bertram. Entendeu porque lady Fayth se estremecia cada vez que o via. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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Apareceu nesse instante sua esposa e se aproximou dela para ajudá-la a montar. Ela o olhou com confusão. —Não vai caminhar até a aldeia. — disse— Não é seguro. Lady Fayth ajeitou as saias, aceitou sua mão e subiu com sua ajuda, sentando-se atrás dele na cela. Uma vez que a viu segura e ela segurou sua cintura com as mãos, Giles fez um sinal para começar a andar. Saíram pelas portas e desceram pelo caminho que levava até a aldeia. Foram passando ao lado do rio, mas não podia fixar-se em nada, só que a sentia. E isso provocou uma imediata reação em seu corpo que fez que cavalgar fosse muito mais incômodo para ele. Seguiram o caminho até que notou que ela não parava de mover-se. —Fique tranqüila, minha senhora. Não tinha cavalgado antes? —É muito alto, meu senhor. Não posso ver nada por cima de seus ombros. Parecia perfeita tal circunstância, pois garantia o amparo da dama, mas ela parecia mais interessada na paisagem. —Senhora, preocupa-me sua segurança fora da fortaleza, não me dê razões para que me arrependa e volte com você ao castelo. Viu que Brice sorria, parecia claro que estava desfrutando com a situação. Mas, por mais que lhe assegurasse que não havia mais rebeldes em suas terras, Giles não relaxava. Suspeitava que Edmund não estivesse muito longe. Notou que lady Fayth aceitava sua resposta e ficava quieta. Adorava senti-la abraçada a sua cintura. Chegaram assim até a entrada da aldeia, onde o esperava um grupo de seus soldados. Entraram no povoado e Giles deteve o cavalo, permitindo que Brice assistisse a sua esposa para desmontar. Ele pensava seguir no lombo do animal, de onde teria muita mais facilidade para responder a qualquer ataque. Tinha a espada e o arco à mão e foi colocar se no ponto que tinha maior visibilidade. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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Ficou observando como Fayth entrava pela rua principal e os aldeãos se aproximavam para saudá-la. Pouco a pouco, foi correndo voz de que a senhora de Taerford tinha ido visitá-los e, observou os camponeses abandonando suas tarefas para ir vê-la. Giles fez um sinal a Brice e este se dispôs a inspecionar alguns dos edifícios enquanto Fayth falava com as pessoas. Assim passaram quase uma hora, mas o céu começou a escurecer e parecia claro que se aproximava uma tormenta. Giles deu uma voz para ordenar a retirada e chamou lady Fayth e Brice. Viu que sua esposa abria a boca para protestar, mas se despediu das pessoas e lhes prometeu que voltaria logo. Depois foi para seu cavalo e gostou de ver que não havia medo em seus olhos. Aceitou com gratidão a mão que lhe oferecia ele e, quando montou, pareceu-lhe que estava em paz com seu marido e com suas ordens. —Aproxima-se uma tormenta, senhora. Terá mais tempo amanhã para vê-los. —Vai me dar sua permissão? —Preferiria que não viessem, mas se o fizer com Brice ou Roger ao seu lado, estou disposto a permitir. Fayth não respondeu, mas lhe deu a impressão de que suas mãos abraçaram um pouco mais sua cintura nesse instante. Quando sentiu que ela apoiava o rosto em suas costas, não pôde evitar que um sorriso aparecesse em seus lábios. Fizeram em silêncio a viagem de volta. Giles se deteve próximo a porta para deixar que ela desmontasse depois devolveu o cavalo às quadras. Algum tempo depois, entrou no castelo para falar com ela da visita que ia fazer ao dia seguinte à aldeia. Mas não a encontrou. Perguntou aos criados e alguém lhe disse que estava no dormitório que tinha sido de lady Fayth antes de suas bodas. Foi até ali e abriu a porta sem saber com o que iria encontrar.
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Edmund se aproximou o tanto como pôde da aldeia sem arriscar ser visto. Tinha deixado quase todos seus homens ao lado do rio. Depois voltou para acampamento e falou com o mensageiro. Ao parecer, os vizinhos da aldeia haviam voltado do castelo falando das promessas do novo senhor de Taerford e todos pareciam estar satisfeitos e ter acreditado em sua palavra. Seu plano para ficar com o controle de Taerford e com as terras de seu pai tinha sido um fracasso até o momento, tudo por culpa da chegada do cavalheiro bretão. Mas com a ajuda de outros senhores saxões, esperava tirar o invasor dessa propriedade e a usar como base de operações da organização para recuperação das terras que considerava suas por direito. Não haviam expulsado de suas terras todos os cavalheiros saxões. Os que tinham jurado fidelidade a William tinham conseguido ficar com suas propriedades, mas isso tampouco era uma garantia de paz. Com a ajuda dos condados do norte, aquele que tinham sido inimigos de seu pai acreditava que poderia conseguir expulsar o cavalheiro normando dessas terras. A nova situação tinha lhe obrigado a viver e comportar-se como um bandido. Tinha tido que entrar engatinhando na aldeia e esconder-se entre as cabanas e em escuros becos. Mas tinha conseguido aproximar o suficiente para ver Fayth. Deu-lhe a impressão de que estava bem, um pouco pálida, mas bem. O senhor de Taerford a tinha levado até a aldeia ele mesmo e havia permanecido esperando em cima de seu cavalo enquanto ela falava com os camponeses. O outro cavalheiro, que chamavam Brice, ficou olhando dentro de algumas casas. Quase foi descoberto, mas levara semanas praticando e podia mover-se com agilidade sem ser visto nem ouvido. Depois de algum tempo, o cavalheiro chamou lady Fayth que obedeceu imediatamente. Viu-os falar e Fayth se despediu dos aldeãos prometendo que retornaria para vê-los.
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Ficou atônito ao ver como aceitava depois a mão do cavalheiro bretão e subia no cavalo com ele. Perdoava-a porque ela tinha estado disposta a entregar sua vida em troca da dele e depois lhe tinha pedido ao invasor que tivesse misericórdia dele e não o matasse. Graças à lady Fayth, ele seguia vivo e pode reunir um grupo de homens. Imaginou que lady Fayth tinha que fazer o que fosse necessário para sobreviver e que por isso mostrava submissão ante o cavalheiro bretão. Jurou nesse momento que a liberaria e que o faria quanto antes. Deixou três homens vigiando a aldeia do outro lado do rio e voltou para acampamento.
Fayth estava sentada no chão em frente à grande arca de madeira. Procurava a pequena caixa em que guardava suas coisas pessoais. Não quis fazer até então porque sabia que pertencia ao novo senhor, como tudo o que havia em Taerford, mas imaginou que lorde Giles não se zangaria com ela por querer guardar alguns objetos que recordava seus pais. Abriu o porta-jóias de madeira que Edmund lhe deu quando fez doze anos. A decoração era delicada e complexa. Recordava o carinho com que foi feito. Edmund tinha assegurado que não se dava bem em trabalhar com madeira, mas o resultado tinha negado suas palavras. Adorava esculpir e sempre que precisava refletir o fazia enquanto representava algo em qualquer peça de madeira. Tirou todo o conteúdo da caixa até encontrar os dois anéis que procurava. Não eram muito luxuosos nem grandes, mas recordava seus pais. Era um par de anéis, um maior para a mão de um homem e outro menor para uma mulher. Eram as alianças que seus pais trocaram no dia de seu compromisso matrimonial. O senhor que Bertram servia os tinha oferecido para mostrar seu apoio no matrimônio dele, herdeiro de Taerford, com Willa, uma prima longínqua do conde Harold. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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Encontrou um laço e os atou para que não se perdesse. Estava a ponto de guardar de novo o porta-jóias na arca quando viu que não estava sozinha. —O que é isso? —perguntou lorde Giles aproximando-se dela e agachando para estar a sua altura. Ela entregou a caixa e viu como seu marido a examinava. —É a obra de um bom marceneiro. É o seu porta-jóias? —Sim, senhor. É o presente de um primo — respondeu ela sem querer mencionar o nome de Edmund. Lorde Giles entregou o porta-jóias e ela o abriu. —Sei que tudo isto é seu por direito, meu senhor, mas esses anéis são tudo o que tenho para recordar meus pais e lhes rogaria… —Não rogue Fayth — interrompeu lorde Giles enquanto tomava as alianças e as deixava em sua mão — Estes anéis são seus e não penso ficar com eles sabendo o quanto eles significam para você, o teria feito quando meus homens os encontraram. —Sabiam de sua existência? Como? —Meus soldados revistaram toda a fortaleza, cada quarto, cada armário e cada buraco onde pudessem ter sido escondidos objetos de valor — explicou ele enquanto se levantava para sair. Mas se virou para olhá-la uma vez mais. — Por que veio precisamente hoje para buscá-los? —Hoje não pude pensar em outra coisa, só em meus pais. Quando anunciou frente a todos no salão que é o novo senhor de Taerford, quando depois me falou com sinceridade da morte de meu pai e quando me levou a aldeia e me deu ordens que eu aceitei, não pude a não ser recordar que era assim como meus pais governavam este lugar. Ficou então de pé e lhe entregou com cerimônia os anéis. —Eu gostaria de lhe dar estas alianças como símbolo de meu compromisso para com você. Deu-se conta de que lorde Giles se surpreendeu ao escutá-la. Abriu a boca, várias vezes, para falar, mas parecia estar sem palavras. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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—Não, minha senhora. — disse por fim— Não necessito dos anéis de seus pais — acrescentou enquanto os colocava de novo na caixa e depois na arca — O que desejo é que se esforce de verdade, não necessito desses gestos grandiosos. Não questiono suas intenções, acredito que se deixastes levar pelas emoções deste dia e por como alguns de seus homens que me juraram lealdade esta manhã. —Mas teve que lhes pedir e aceitaram sua palavra. Não espera o mesmo de mim? —O que quero de você é distinto, minha senhora. Quero mais que sua palavra ou seu trabalho. Desejo a você, em coração, corpo e alma. Suas palavras a atingiram e estremeceu ao entender seu significado. —Mas você não me deseja. Disse que não ia... O pudor lhe impediu de terminar a frase. —Que não ia consumar o matrimônio? — sugeriu. Ela assentiu com a cabeça, não se atrevia a falar. Lorde Giles se aproximou mais dela e tomou sua mão. Logo a levou contra seu membro. Ela conteve o fôlego ao notar como essa parte de sua anatomia se enchia de vida sob a palma de sua mão e endurecia em questão de segundos. —Não se engane senhora. Desejo-te— disse Giles soltando sua mão. Ela a afastou depressa, estava sem fôlego. —Se pudesse acreditar em sua palavra, te levaria agora mesmo aos nossos aposentos, despojar-lhes-ia de suas roupas e não pararia até que nós dois estivéssemos completamente exaustos. Sua pouca experiência não teria permitido entender suas palavras alguns dias antes, mas depois do prazer obtido na noite anterior, imaginou o que poderiam chegar a compartilhar. Sentiu uma onda de calor dominando seu corpo e a parte de sua anatomia que Giles tinha acariciado na outra noite se tornou úmida e quente. Lorde Giles respirou fundo.
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—Te desejar não é tão importante para mim, como saber a verdade, por isso estou disposto a esperar. Mas saiba que me aprova a idéia de acreditar sua palavra. Quero acreditar, mas não devo. Essas palavras teriam conseguido enfurecê-la uns dias antes, mas depois de conhecer suas origens, entendia que lorde Giles quisesse provas. Mesmo assim, doía-lhe que não acreditasse nela. Os filhos bastardos eram uma realidade e muitos chegavam a herdar igual aos legítimos, mas sabia que isso não era tradição entre os normandos nem entre os bretães. —Muito bem. — respondeu ela tentando compreender suas razões — Entrou aqui porque precisava de mim, senhor? —Sim — respondeu ele com um sorriso. O gesto fez que seus olhos parecessem mais azuis e seu rosto mais juvenil. — Decidi esperar até manhã para sair a inspecionar as terras. Assim pensei que poderíamos almoçar com Brice e falar os três sobre os assuntos que temos pendentes. Terá que trazer para a fortaleza os mantimentos armazenados na aldeia. — Muito bem, senhor. Possivelmente algum dia me confesse quanto lhe deve Brice para que tenha aceitado trabalhar comigo sem protestar. Lorde Giles sorriu e lhe ofereceu a mão. Ela a aceitou e saíram juntos do quarto que tinha sido seu antes de casar-se. —O que lhe faz pensar que não se queixa? Possivelmente tenha tido o bom tato de não querer ferir sua sensibilidade contando o que diz de você… Chegaram ao salão e apareceu diante deles o sujeito de sua conversa. Olharam-se então e Brice franziu o cenho. Não parecia entender por que ficaram calados. Lorde Giles e ela não puderam evitar tornar a rir. Sentaram à mesa e fizeram planos para o resto do dia e para os três mais que duraria a viagem de lorde Giles. Foi durante esse almoço que ela descobriu outro dos segredos que tinha estado ocultando seu marido. Algo que também acontecia com Brice Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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embora os dois tentassem escondê-lo. Viu-o tão claramente que não podia acreditar que tivesse passado despercebido. Nem Brice nem seu marido sabiam ler. Era algo bastante comum. Muitos cavalheiros saxões não sabiam tampouco ler nem escrever, mas imaginou que para eles dois era uma espécie de rasgo vergonhoso que lhes recordava sua origem. Não comentou nada. Não sabia como, mas pensou que possivelmente pudesse lhe servir de algo no futuro saber que lorde Giles não podia ler.
Capítulo 12 Abriu devagar a porta do dormitório. Lorde Giles devia pensar que Fayth já dormia. Mas essa noite estava sentada em uma poltrona, com algumas velas acesas e uma manta ao redor dos ombros. Estava esperando a ele e rezando como fazia cada noite antes de deitar-se. Lorde Giles a saudou com um movimento de cabeça enquanto ela deixava o rosário sobre a mesa. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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—Quando vai meu senhor? —Assim que amanheça. — respondeu enquanto a olhava com firmeza e as mãos nos quadris— Enquanto estiver em nossos aposentos, não poderia se dirigir a mim por meu nome de batismo? Recordou nesse instante que já o tinha usado, inclusive o tinha gritado, enquanto lhe dava prazer com suas carícias na noite anterior. Ruborizou-se ao lembrar-se desse momento. — Deixe que sejam os outros que me chamem «meu senhor». Em troca, eu tentarei te chamar Fayth. —É que ainda não se acostumastes a sua nova vida e aos privilégios que suporta? —perguntou-lhe ela— Ou é que acaso pensa em outro senhor quando lhe chamam assim? —Muito ardilosa senhora. — disse Giles — Não estou acostumado a minha nova posição e não posso evitar pensar em outra pessoa quando o ouço. O pai de meu pai se chamava também Giles, assim cada vez que alguém me chama «lorde Giles», quase espero vê-lo entrar pela porta. Esse homem não me apreciava muito, assim não tenho boas lembranças dele. Giles começou a despir-se e ela tentou não olhar, mas depois de haver visto com o peito descoberto enquanto trabalhava no pátio de armas e depois de ter sentido contra seu corpo na noite anterior, não podia fingir por mais tempo que esse homem não a atraía. Sabia que não era algo próprio de uma dama como ela, mas não podia evitar observá-lo. Lorde Giles, meio despido, deteve-se ao notar a acelerada respiração de lady Fayth e como o estava observando. A situação tinha conseguido excitá-lo. Ocorria com tudo o que ela fazia ou dizia. Seu plano de esgotar-se trabalhando até a hora de ir-se para a cama não tinha funcionado, assim essa noite provou a ir aos seus aposentos completamente acordado e sóbrio para poder controlar-se melhor. Mas quando viu os olhos de Fayth observando seu corpo, deu-se conta de que o novo plano tampouco ia funcionar.
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Tentou pensar em outras coisas para acalmar seu desejo, mas só lhe ocorreu calcular que não tinha estado com uma mulher desde antes de sair da Normandía. Sabia que esse era parte do problema. A batalha, o perigo e a excitação da vitória eram poderosos afrodisíacos. Por isso muitos soldados se deixavam levar pelos instintos e as violações se multiplicavam durante as guerras. Mas a principal causadora de seu problema era a mulher que seguia observando-o. —Não deveria deitar senhora? —Sim, perdão, meu… — começou ela— Giles. Estava distraída. Cada vez estava mais seguro da inocência de sua esposa. Mas seguiu olhando-o com descaramento da cadeira. Passou ao seu lado e afastou as mantas e colchas com tanto ímpeto que esteve a ponto de desfazer a cama. Estava impaciente por vê-la embaixo dessa roupa, onde já não fosse uma tentação. Lady Fayth se levantou então e se meteu na cama. Decidiu que não tinha mais escolha senão ser direto com Fayth para tratar dela se acostumar. De outro modo, a noite ia ser complicada e difícil. — Por acaso teme o que acontece com um homem e uma mulher porque eu não sou de sua mesma condição? Lady Fayth virou para ele no colchão e o olhou enquanto apagava as velas. —De minha condição? —repetiu ela com incredulidade—. Acredito que o problema não reside na natureza de seu nascimento, a não ser na maneira em que chegou a Taerford e até este quarto. Por outro lado, até nosso rei Harold teve duas amantes ao mesmo tempo e filhos com as duas. Não pode ser todos legítimos, não? Sua sinceridade e sua lógica conseguiram surpreendê-lo e começou a rir. —Temo que não.
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Tirou as calças e as deixou cair, mostrando seu ereto membro. Colocou depois sua adaga e sua espada perto da cama, tal e como fazia cada noite. Depois apagou a última vela e se meteu na cama. Pela primeira vez, não deixou o lençol entre os dois. Pensando no que fazer. Desejava que lady Fayth fosse acostumando-se pouco aos pouco em tê-lo em sua cama e no que ia acontecer cedo ou tarde e decidiu aproveitar a curiosidade que ela parecia ter demonstrado por seu corpo. —Eu gostaria de lhes proporcionar prazer, senhora, mas não quero te assustar. — disse — Pensei que tivesse gostado do que aconteceu ontem à noite, mas suas lágrimas conseguiram me confundir. Não voltarei a te tocar se isso te faz sofrer. —Não são coisas das quais eu goste de falar, embora meu pai estivesse acostumado a dizer que falo quase como um homem. — respondeu ela— Me agradou o que passou ontem à noite, mas sinto que estou sendo desleal a minha família e a minha gente se desejo suas carícias. —Sou seu marido. Sou-o ante Deus e ante sua gente. Tenho direito a… Sentiu um dedo do Fayth sobre seus lábios. — Foi muito paciente comigo, Giles. Sei que outro homem em sua situação… —Quer dizer outro normando? —Não, queria dizer que outro conquistador não teria sido tão paciente como você. Sentiu que Fayth começava a confiar nele e não queria jogar tudo a perder, mas seu corpo ardia por ela. —Bom, há outra maneira de fazer as coisas… — sugeriu. Antes que Fayth pudesse responder, ele a colocou de barriga para cima e a cobriu com seu corpo. Agarrou as mãos de sua esposa com uma mão e as sustentou por cima de sua cabeça, sobre o travesseiro. Depois a beijou até que Fayth abrisse sua boca. Desenhou seus lábios com a língua e depois começou a beijar a de maneira mais apaixonada. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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Deteve-se então, levantou a cabeça e a olhou aos olhos. —Alguns homens não pensariam duas vezes antes de lhes forçar — sussurrou. Sem soltar as mãos de Fayth, ele começou a acariciar seu braço com a mão que tinha livre, descendo até chegar a um de seus seios. Sentiu como se contraía o mamilo sob sua carícia. Ver como o corpo do Fayth reagia ia fazer lhe perder por completo o controle. Inclinou-se sobre ela e a beijou com mais paixão ainda, até que os dois ficaram sem fôlego. — E algumas mulheres gostam do uso da força. — comentou para provocá-la— Gostam que as sujeitem contra sua vontade e que as obriguem a fazer coisas. Deslizou a mão então e levantou a camisola até que ficou descoberto da cintura para baixo. —Não! Sério? —perguntou uma perplexa Fayth. Giles se inclinou sobre ela e beijou um de seus mamilos através do tecido da camisola. Lambeu-o e mordiscou com os dentes antes de apanhá-lo com seus lábios. Em vez de protestar, Fayth parecia estar derretendo-se entre seus braços e não parava de estremecer. Sabia que sua intenção tinha sido demonstrar algo, mas o tinha esquecido. Colocou sua perna entre as coxas de Fayth e a pressionou contra seu sexo. Ela não pôde afogar uma exclamação de surpresa, mas tampouco protestou. Descobriu em seguida quão úmida estava e pressionou com mais força. — É sério. —repetiu ele— A uma mulher que é dominada dessa maneira não tem mais opção que deixar-se levar. Não a pode culpar por isso… Sem lhe soltar as mãos, dedicou sua atenção ao outro peito e jogou da mesma maneira que com o outro. Essa vez, com a mão que tinha livre lhe acariciou o estômago por debaixo da camisola e foi baixando-a por seu corpo. —Não! —exclamou ela assustada.
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—Não tema, senhora. Nunca tomaria à força. — assegurou enquanto soltava suas mãos— Só era uma brincadeira. Mas seu corpo protestou ao ver que se detinha. Desejava mais que nada no mundo deslizar-se em seu interior e sentir seu calor. O coração pulsava com força e lhe fervia o sangue nas veias. Sentia-se tão fora de controle que se separou dela e se deixou cair sobre o colchão. —Assustei-lhes muito, minha senhora? —Não queria que pensasse que deve me forçar, Giles. —sussurrou ela — Fiz votos e sou sua esposa. Se desejar fazê-lo, não me negarei. —Não me negará? Pensa acaso lhe tomarei e ficará imóvel como se estivesse morta? Acredito que isso seria pior que não poder lhes tocar. Sentia que seu vergonhoso nascimento o tinha marcado de modo que tinha de rogar para obter o que para outros era só um privilégio a mais de sua posição. Sabia que as mulheres como Fayth não procuravam homens de seu tipo para casar, só como diversão. —Bom, não acredito que pudesse ficar imóvel se me tocar como acabou de fazer. - confessou Fayth. Virou-se para ela. —Pretendia que se acostumasse à idéia de ter relações comigo em vez de espera que chegasse seu ciclo feminino e te tomar depois à força. Pensei que assim poderíamos estar mais cômodos e… Fayth voltou a interrompê-lo colocando um dedo sobre seus lábios. Então, me acostume a suas carícias, marido. —sussurrou Fayth. —Chorará depois? — perguntou ele enquanto beijava sua mão. Fayth ficou algum tempo em silêncio, mas depois se aproximou mais a ele. —Não posso prometer que não chorarei Giles. Mas tentarei que não ocorra. Não estava seguro de que fosse uma boa idéia seguir adiante, mas então sentiu a mão de Fayth acariciando seu peito e deitou de barriga para cima para permitir que seguisse explorando seu corpo. Mas quando notou Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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que descia por seu estômago e tratava de acariciar seu sexo, ele teve que lhe agarrar a mão para que se detivesse. —Não, isso não — lhe disse. — Por quê? É que dói se tocar? —De certo modo, senhora. Não é fácil de explicar, mas posso mostrar isso. Soltou a mão de Fayth e começou a acariciá-la até que ela começou a tremer. Depois tomou uma das pernas de sua esposa e a colocou sobre seu próprio quadril. Atraiu-a para seu corpo para poder acessar melhor ao seu corpo. Roçou seu sexo com a mão e subiu até o estômago, voltando a baixar pouco depois. Notou como a respiração do Fayth se agitava e se fazia mais superficial. Com os dedos separou seus lábios mais íntimos e procurou o centro de seu prazer. —Dói quando toco aqui? Fayth se arqueou contra sua mão e gemeu enquanto o fazia. Os apaixonados sons continuaram até que conseguiu levá-la a beira do clímax uma e outra vez. Fez sem descanso, mas sem deixar que ela alcançasse o máximo prazer. Quando notou que Fayth estava já a ponto da loucura, acariciou-a com mais intensidade até que sentiu seu corpo sacudindo-se com força contra sua mão. Abraçou-a até que ela, completamente satisfeita, deixou-se cair sobre o colchão. A Giles tentou a idéia de aliviar-se ele mesmo, mas Fayth voltou a buscá-lo com sua mão. —Não, minha senhora não me toque aí… —Não me prometeu que me chamariam por meu nome de batismo, Giles? —perguntou-lhe ela enquanto começava a acariciar seu membro— Me ajude. Não sei como… —Fayth… — gemeu ele.
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A inocência de suas carícias o estava excitando mais ainda. Agarrou as mãos de Fayth e guiou seus movimentos até que foi ele quem gritou de prazer. Notou que ela tombava de novo sobre suas costas e se dispôs a arrumar as mantas e lençóis. Quando terminou de fazê-lo, o ritmo tranqüilo da respiração de sua esposa lhe indicou que já estava adormecida. E ele ficou pensando no dia que tomasse por fim a sua esposa. Se essas carícias lhe davam tanto prazer, não podia nem imaginar-se como seria estar dentro do Fayth. Quando Fayth despertou à manhã seguinte, Giles já não estava ao seu lado. Ao ver Ardith preparando o fogo em seu quarto, perguntou à donzela e se inteirou de que seu marido tinha dado ordens a todos para que a deixassem descansar. Logo que entrava luz pelas janelas e escutou os trovões. Estava claro que esse dia não poderia ir à aldeia. Sorriu ao recordar que Giles queria que descansasse e voltou a dormir. Foi esse mesmo dia, pela tarde, quando veio a regra, a prova que necessitava para provar a seu marido que não estava grávida. Passaram dois dias e chegou o terceiro, não podia deixar de pensar no que diria Giles quando o revelasse. Esteve chovendo durante esses três dias e se lembrou das dificuldades que estaria tendo Giles para inspecionar o território sob a intensa chuva. Tinha falado com ele das terras que tinham sido de seu pai e lhe explicado como eram, mas ela desconhecia as que rodeavam a propriedade de Taerford e eram também de Giles. Sabia que uma das razões que tinha seu marido para fazer essa viagem era encontrar o melhor lugar para construir outro castelo à maneira que se fazia na Normandía. Havia estado trabalhando no pequeno quarto que usava como despensa quando escutou Giles falando com outro homem da necessidade de construir um castelo com fins defensivos. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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Gostava de pensar que a guerra tinha terminado, mas a realidade era muito distinta. Chegava a cada dia notícias sobre bandas de rebeldes e William, por outro lado, avançava conquistando a Inglaterra para o norte e o oeste. Na ausência de Giles, era Brice que recebia as notícias dos mensageiros que lhes enviavam seus vizinhos normandos ou o próprio rei. Quando não havia maneira de trabalhar nem mover mantimentos de um lado a outro porque os carros atolavam no barro dos caminhos, Brice entretinha seus homens com o único recurso que tinham à mão, combatendo com suas espadas para divertir-se e praticar. As persistentes chuvas a tinham mantido encerrada no castelo e começava a se desesperar. Mas chegou por fim o quarto dia desde que se fora Giles e amanheceu ensolarado. Os caminhos se secaram durante toda a manhã e decidiu que tinha chegado o momento de voltar para a aldeia e tentar terminar o trabalho que tinha pendente e que queria acabar antes que voltasse seu marido.
Capítulo 13 Fayth terminou de contar todo o que estava armazenado na casa do tecelão e apontou as quantidades do pergaminho que tinha levado consigo. Não queria que se esquecesse nenhuma cifra. Brice apareceu nesse momento na porta. —Senhora, logo anoitecerá. Quanto tempo necessita antes de retornar ao castelo? —perguntou-lhe. Olhou ao seu redor e viu em um canto uma pilha de cilindros de tecido que não tinha visto antes. Tinha-lhe parecido uma sorte que essa cabana não se incendiasse durante o ataque. Teriam perdido uma fortuna em lã e tecidos que seu pai tinha comprado no mercado o verão anterior. —Não muito mais, senhor. Um momento? — pediu. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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—Então, faça logo. E quando lhe chamar vem logo e não faça que tenha que vir te buscar, de acordo? —replicou ele zangado— Minha senhora — acrescentou depois com uma inclinação de cabeça ao dar-se conta de quão brusco tinha sido. A relação com Brice tinha sido insuportável durante esses últimos dias e lhe serviu de exemplo para entender por que os guerreiros deviam fazer a guerra e não ocupar-se de outras coisas. Não entendia por que o duque não tinha lhe entregue ainda as terras prometidas, mas estava claro que Brice não estava agüentando bem a espera. Pensou em seu marido, perguntando-se se voltaria ainda esse dia. Na noite anterior tinha enviado um mensageiro para informar que necessitava de mais tempo. Mas já era noite e não havia sinal dele por nenhuma parte. Deu-lhe um nó no estômago pensando na sua volta. Não deixava de pensar em que logo chegaria o momento de consumar seu matrimônio e essa idéia a deixava às vezes sem respiração. Não podia deixar de imaginar quão maravilhoso seria tudo o que seu marido tinha ainda que lhe ensinar nesse terreno depois de que lhe demonstrasse que não tinha mentido sobre seu estado. Tentou acalmar-se e deixar de lado esses pensamentos para terminar seu trabalho. Mas seu corpo parecia seguir recordando tudo o que tinha acontecido entre eles e não pôde a não ser estremecer-se ao pensar em como seria senti-lo dentro dela. Temia que lhe fizesse mal, mas era algo pelo que tinha que acontecer. Essas idéias fizeram que secasse a boca, mas naquele lugar íntimo entre suas pernas aconteceu o contrário. Limpou o suor do rosto com a manga e tratou de concentrar-se no trabalho que tinha pendente. Classificou o último montão de cilindros de tecido por tipo de malha. Estava medindo-os e apontando as cifras quando abriu de novo a porta da cabana. — Me perdoe lorde Brice. Não o ouvi me chamando — disse enquanto se virava para ele. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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Mas não era Brice que tinha na frente dela, a não ser Edmund Haroldson, herdeiro do título de conde do Wessex e também do trono da Inglaterra. Entrou na cabana e fechou rapidamente a porta atrás dele. Estava tão chocada que só pôde abrir a boca. —Fayth! Está bem? — sussurrou ele. Abriu suas mãos e ela correu a abraçá-lo. Sentiu-se segura entre seus braços, como não havia sentido desde que se fora seu pai de Taerford. Esse homem recordava a uma vida que tinha mudado para sempre, uma cheia de felizes lembranças da infância. Edmund se separou um pouco e ela o soltou. —Edmund! Não deveriam estar aqui. — avisou — Os homens de lorde Giles vigiam a aldeia, não podem deixar que lhe apanhem. Correu até a pequena janela e há abriu um pouco para poder ver a rua principal. Distinguiu Brice na distância. Olhou então de novo o que tinha sido senhor de seu pai e correu a abraçá-lo de novo. —Não poderão me apanhar, Fayth, não tema. Tenho gente que me está ajudando. Tanto aqui como na fortaleza. —Espiões? — perguntou estremecida. Edmund assentiu com a cabeça. —Por que estão aqui? —perguntou ela. —Vim por você, Fayth. Não pensaria que ia te abandonar com estes porcos normandos depois que arriscou sua vida por mim, não? —disse Edmund enquanto lhe dava um beijo no rosto— Suas palavras e atos salvaram muitas vidas nesse dia e rezo para que não tenha sido castigada por isso. O rei Edgar se impressionou muito com seu valor quando lhe contei. Abriu a boca para falar, mas Edmund fez um gesto para que lhe deixasse continuar. —Só tenho uns minutos mais, mas quero dizer que entendo seu matrimônio com ele, sei que foi obrigada a fazê-lo. Compreendo que tem feito o necessário para sobreviver, Fayth. Se submeta a ele até que possa te
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liberar dessa desagradável união. Nossos nobres saxões e seus soldados estão agrupando-se para… —Edmund, tem que me escutar. —o interrompeu ela— O novo senhor me trata bem. Não me forçou a fazer nada sem meu consentimento. Deveria sair daqui, se afaste de Wessex, antes que seja muito tarde. Ele a olhou como se não a conhecesse. Tomou pelos ombros e a olhou com seriedade. — me diga que não acreditou em suas mentiras, Fayth. Jure-me que vingará a morte de seu pai. —Não, Edmund. Foi uma batalha em que participaram milhares de homens. A possibilidade de que fosse ele mesmo o que assassinou… —Há testemunhas, Fayth. — disse então Edmund com solenidade— Alguns dos homens de seu pai sobreviveram e lutam agora a meu lado. Ouviu suas palavras, mas tinha se convencido de que lorde Giles não tinha matado seu pai e lhe custava aceitar o contrário. —Esse senhor que lhe trata tão bem é igual ao que arrebatou as terras de Leofwyne. E sei que marcou seus servos como se fosse gado e corta uma mão ou um pé se descobrir que tentam escapar. Não pôde afogar uma exclamação de terror, não podia acreditar. —Esses normandos seguem ao seu senhor em tudo e praticam as atrocidades aprendidas com o terrível William o Bastardo. Antes que se dêem conta, seu senhor começará a mostrar sua verdadeira natureza. Quando não houver suficiente comida para alimentar às pessoas durante o inverno, quem acha que morrerá de fome? Ele ou nossa gente? Um assobio atraiu a atenção de Edmund e a soltou. —Vim até você por ser seu amigo. Deve ir já, mas agüente, seja forte. Tenho planos e alguém irá lhe buscar assim que puder. Espere minha mensagem. Tremente e confusa aceitou seu rápido beijo e observou como se escondia em um escuro rincão da cabana. Estava a ponto de abrir a porta, quando Edmund falou de novo. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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— Te darei uma prova de que foi ele quem assassinou seu pai para que possa descansar quando acabarmos com esse bastardo que se acha tão importante para reclamar Taerford e a você mesma. — sussurrou o homem. Fayth caminhou até Brice para que este a visse logo e se detivesse. Imaginou que Edmund esperaria que se ficasse de noite para sair. Mas Brice chegou até a cabana, abriu a porta e olhou ao seu redor. Parecia suspeitar algo. —Tudo vai bem, senhora? —perguntou então. As palavras de Edmund a tinham alterado muito. Respirou profundamente para tentar acalmar-se, mas tinha o estômago revolto. Tremiam-lhe as pernas e se estava enjoando. —Não me encontro bem… Brice a apanhou antes que caísse ao chão, mas não pôde evitar que seu estômago se rebelasse contra o que acabava de ouvir. Depois perdeu o conhecimento e despertou mais tarde em seu quarto, com a Emma a seu lado. Giles entrou na fortaleza e a encontrou tão silenciosa quanto uma igreja. Seus homens estavam comendo no salão, incluído Brice. Mas ninguém falava nem ria. Estava cansado e zangado. Tudo o que queria era comer, beber vinho e deitar-se. Também queria estar com o Fayth, mas isso não era uma novidade. Não a viu ali comendo. Tinha a impressão de que estava excitado há dias e bastava pensar em seu corpo, em sua pele e seus lábios para que piorasse ainda mais seu estado. Mas, antes de ir ver-la, tinha que falar com Brice. Notou que todos estavam sérios e pareciam preocupados. Brice ficou em pé e lhe fez um gesto para que pudessem falar em privado. —A senhora está doente. — disse seu amigo— Começou quando fomos à aldeia hoje e agora está deitada. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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Sem pensar duas vezes, virou-se para ir para as escadas. —São as febres? — perguntou-lhe enquanto subia sem esperar uma resposta. Chegou à porta do quarto e viu a Emma sentada ali. A mulher balbuciou algumas palavras, mas não compreendeu todo o significado. Disselhe algo sobre mal-estar de estômago, sangue, ciclos e necessidade de dormir, mas não se deteve entendê-lo tudo. Mesmo assim, pareceu-lhe que não estava em perigo. Abriu a porta e foi até a cama. Havia pouca luz ali e custou acostumar a vista para vê-la entre as colchas e os almofadões. Não sabia por que lhe tinha afetado tanto saber que estava doente, mas esticou para ela a mão e roçou seu rosto. Não parecia ter febre e deu graças a Deus por isso. Não queria despertá-la, assim saiu devagar do quarto. Emma ficou onde estava para atender à senhora e ele desceu de novo para salão com o Brice. Tinha já esperando a comida e o vinho que tinha pedido. Mas, enquanto lhe contava às notícias que tinha sobre suas terras, sentiu que ia perdendo o apetite. William dado as terras que confinavam com as suas para Huard de Vassey, um dos mais cruéis seguidores do duque, mas também um dos mais fiéis. Conhecia-o do campo de batalha e era o tipo de homem que desfrutava produzindo dor e sofrimento a outros. Rezava para que lorde Huard retornasse a Normandía e seu sucessor fora mais tolerante com os saxões. Tinha ouvido terríveis historia sobre esse homem e se imaginava que Taerford seria o primeiro lugar que iriam os que conseguissem escapar de seu cruel governo. Teriam que estar preparados, porque a lei garantia que qualquer senhor procurasse os servos fugidos para recuperá-los e isso poderia criar conflitos. Acreditava que, até que William conseguisse o trono e todos o aceitassem, o melhor que podiam fazer os senhores normandos era atuar Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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com cuidado e inteligência. As instruções do duque eram simples. Deviam cuidar das terras que lhes eram entregues, controlarem sua gente, conseguir herdeiros e manter esses bens. Mas era decisão de cada senhor como levar a cabo essa missão. Bebeu duas taças de vinho mais antes de estar preparado para falar desses assuntos com o Brice. Sabia que seu amigo ia ter que enfrentar a desafios similares. Estiveram conversando até muito tarde, tentado decidir como poderiam ajudar aos que fugissem da crueldade do Huard. Era perigoso enfrentar um vizinho, mas nem Brice nem ele podiam suportar tal brutalidade. Tinha um grande sentido da honra e pensava resgatar a todos os que pudessem, embora tivesse que fazer o de maneira clandestina. Não entendeu as palavras de Emma até que, preparado para retirar-se, subiu de novo ao quarto. A anciã lhe havia dito que sua esposa estava sangrando e ficou imóvel ao compreender por fim o alcance de tal notícia. Fayth não estava grávida de Edmund. A possível conexão que tivesse havido entre eles tinha sido destruída e suas vidas se separaram para sempre. Edmund formava parte do passado. Ele, em troca, desejava ser seu futuro e que algum dia, se Deus o permitia, ter filhos que levariam seu sobrenome. Despediu-se de Emma com um gesto e abriu a porta. Conteve a risada ao dar-se conta de que não ia ser tão singelo como acreditava. Mas pensava que, quando ela se visse esperando um filho dele, conseguiria por fim sua lealdade. Entrou silenciosamente e se despiu. Colocou a espada onde sempre e se meteu na cama. Mas Fayth dormia no centro do colchão e teve que empurrá-la brandamente a um lado. Notou que se movia, mas lhe sussurrou ao ouvido para que voltasse a dormir. Emma lhe havia dito o quanto tinha estado trabalhando e se imaginou que precisava descansar. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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Apesar de estar dormida, Fayth se encostou contra seu corpo e não se moveu. Depois de quatro dias de viagem a cavalo e de dormir sob a chuva, sentia que estava no céu. Dessa vez, apesar de ter o traseiro de sua esposa contra seu membro, não sentiu o mesmo desejo de outras vezes, mas sim se conformou sentindo-a perto e embriagou-se com seu aroma. Sentiu-se feliz e cômodo. Conseguiu esquecer-se das terríveis coisas que tinha visto e ouvido e tampouco deixou que lhe preocupasse o futuro de Taerford. Fechou os olhos e se deixou levar pelas sensações. Pela primeira vez, deu a impressão de que aquele sítio era um lar para ele e que tudo sairia bem com Fayth a seu lado. Por isso, quando ao despertar viu o medo de novo em seus olhos, não pôde a não ser perguntar o que teria acontecido.
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Capítulo 14 Quando Giles despertou na manhã seguinte, encontrou Fayth sentada com as costas contra a parede e olhando-o aterrada. Estava pálida, mas o que mais atraiu sua atenção foi o medo que viu em seus olhos. Acomodou-se sobre os cotovelos e tratou de entender o que estava acontecendo. —Tenho que usar o urinol, meu senhor. — disse ela. Nunca teria pensado que esse era o problema. Sempre tinha levantado antes que dela, e Fayth podia se limpar em privado. —Deveria ter me acordado. — falou ele ao lembrar que sua esposa estava atravessando uns dias complicados. Pegou sua roupa e saiu ao corredor para chamar a Emma. —Ela lhe atenderá, Fayth — disse. Tudo referente ao corpo feminino era um mistério para ele e queria que seguisse sendo assim. Começou a se vestir no, colocou as calças e a camisa e depois a túnica e suas botas. Vestiu-se sem deixar de pensar em Fayth e em quanto tinha mudado sua vida. Não era já uma poderosa senhora que podia governar Taerford. Estava ocupando-se da administração e ajudando-o em algumas tarefas, mas era só algo temporário. Depois, poderia voltar a ocupar-se do que se ocupavam as damas de sua classe. Embora não tinha nem idéia de que ocupações enchiam os dias dessas damas. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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Pensou nos anos passados na fortaleza de lorde Gautier. Sua esposa, lady Constance, estava acostumada a costurar e bordar freqüentemente, ocupando do estado do castelo e dos criados e passava horas rezando na capela. Mas seu principal objetivo era ocupar do bem-estar de seu marido e atendê-lo em todo momento. Desceu ao salão e se dispôs a tomar o café da manhã. Os homens entravam e saíam ninguém se entretinha muito tempo, pois era muito o trabalho que tinham cada dia. Ele ficou esperando que Fayth descesse antes de sair a procurar de Roger e Brice. Quando por fim entrou no salão, observou cada um de seus gestos. Viu-a saudar os pressente e dedicar a alguns um sorriso. Deu-se conta então do que lhe faltava. Não tinha mais companhia do que a de suas criadas. As damas que tinha conhecido sempre tinham estado acompanhadas de um grupo de mulheres nobres, mas Fayth estava sozinha. Quando chegou a Taerford, isolou-a em seu quarto para que estivesse a salvo e ele pudesse ficar tranqüilo. Enquanto se recuperava do golpe de Stephen e até saber se podia confiar nela, tinha sido muito útil tê-la ali encerrada. Depois das bodas, não tinha gostado da idéia de que passeasse pela propriedade só e sem vigilância. Depois, atribuiu a Brice a seu cargo e não lhe ocorreu nunca que necessitasse de amizades, só tinha se preocupado sua segurança. Deu-se conta de que nunca tinha pensado no bem-estar do Fayth. Até esse momento. Levantou-se ao vê-la aproximar-se e lhe separou a cadeira com cortesia. Fixou-se no vestido, não se acostumava à modesta moda inglesa, ia coberta dos pés à cabeça. —Onde estão suas damas? —perguntou-lhe diretamente—. Não vivia nenhuma aqui para lhes fazer companhia ou criar-se com seus pais? —Bom dia, senhor. — respondeu ela para sublinhar sua falta de educação. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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— Bom dia, lady Fayth. — corrigiu ele— Se encontra bem? —Não há nenhuma outra dama em Taerford. — respondeu ela ignorando sua pergunta. —Quando seu pai era o senhor de Taerford, não tinha alguma vez companhia feminina? —perguntou-lhe ele enquanto tomava uma maçã. Partiu-a pela metade e lhe ofereceu uma das partes. Ela negou com a cabeça e não tomou mais que o copo de cerveja que lhe oferecia a criada. —Tive duas primas vivendo aqui, meu senhor. Uma voltou para casa de seus pais para casar-se e a outra teve que retornar depressa com sua família quando nos chegaram às primeiras notícias sobre o rei fugindo para o norte. —Então, está sozinha todo esse tempo? Fayth assentiu com a cabeça. —E sua mãe, quando morreu? —Faz dois anos, por culpa das febres. —Minha intenção não é lhes entristecer, senhora. Só me preocupava sua posição em Taerford como minha esposa. Há alguma prima a que vocês gostariam de convidar para que nos visitasse? Ou, se quiser, eu poderia avisar a meu amigo e a sua esposa para que lhes recomende alguma dama de companhia que esteja disponível. Lady Elise sempre esteve acompanhada de multidão de amigas. Sabia que muitas delas não tinham permanecido ali por lady Elise, mas sim pelos três homens que serviam a seu marido. A maioria se sentia atraídas por Soren. Outras pelo Simon, Brice ou por ele mesmo. —Não me ocorre nenhuma, meu senhor. Não estranhou sua resposta. Estavam em meio de uma guerra e imaginou que Fayth pensava que estava louco por sugerir algo assim. —Bom, pense nisso, será mais fácil quando as coisas se tranqüilizarem. Deixou que comesse ou bebesse algo antes de continuar falando com ela. Não parecia ter muito apetite e imaginou que ainda se encontrava mal. —Passou mal ontem na aldeia? —perguntou-lhe pouco depois.
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Não podia suportar ver o medo em seus olhos. Seu último encontro tinha sido apaixonado e prazenteiro. Mas pensou que possivelmente houvesse retornado suas dúvidas enquanto ele tinha estado fora. Perguntou-se se essa era a razão pela qual, muitos homens casados procuravam outras mulheres que lhes dessem prazer e às esposas só as queriam para que lhes dessem herdeiros. Quase todos os homens que conhecia tinham uma situação similar e não só os de mais alta classe social, mas também os cavalheiros e alguns latifundiários. Depois de planejar a construção de outro castelo perto do rio, imaginou que seria fácil ter sua esposa no castelo e a uma prostituta na nova edificação. Sacudiu zangado a cabeça. Não entendia como podia estar pensando em algo assim. Olhou para sua esposa e se deu conta de que, desde que a viu pela primeira vez, sabia que essa era a mulher que queria ter ao seu lado. Embora ela o tivesse observado então com ódio e estivesse suplicando que tivesse compaixão pela vida de outro homem. Desejava tê-la em sua cama, mas também a seu lado na mesa e nesse castelo. Queria ter filhos com ela e envelhecer juntos. Talvez estivesse enlouquecendo por culpa de tanta batalha e tanta desolação, mas assim era como se sentia. Durante esses dias fora, tinha passado muito tempo sob a chuva sonhando com seu futuro enquanto olhava a colina onde queria construir um novo lar. E tinha imaginado Fayth sempre a seu lado. Não lhe interessava outra mulher.
Fayth tentava dar com uma resposta para a pergunta de Giles, mas se distraiu olhando a luz que parecia haver nos olhos de seu marido. Era como se estivesse dando conta por fim de que sua vida tinha mudado e tinha um castelo, terras e uma esposa.
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Recordava haver despertado no meio da noite e pareceu escutar Giles deitando-se a seu lado, mas as ervas calmantes que lhe tinha dado Emma a tinham mantido dormindo todo o dia. Quando despertou essa manhã e se encontrou abraçada pelo corpo nu de seu marido, ficou imóvel algum tempo, desfrutando dessa sensação de segurança. Havia pensando então que, se algo errado acontecesse entre eles, sempre ficaria esse momento para recordá-lo. —Acaso lhe surpreenderam de repente dolorosas lembranças sobre seu pai, Fayth? Incomodou-lhes tanto estar na aldeia? Apenas recordava o cruel invasor que com uma espada na mão, entrou a força em Taerford. Eram outras ações mais recentes que tinha mais em conta. Como a maneira em que tinha garantido a segurança dos habitantes do lugar e a preocupação que mostrava pela chegada do inverno. E, sobre tudo, a preocupação que parecia ter pelo bem-estar de sua esposa e sua dor. Enquanto isso, ela estava considerando ajudar aos inimigos de seu marido para ter certeza se ele tinha sido o que tinha matado seu pai. Não tinha passado por cima que Edmund tinha roubado um saco de comida da cabana do tecelão, parte dos mantimentos de Taerford. —Sim, assaltou-me tristes lembranças, meu senhor. — respondeu ela com sinceridade. —Viu algo na cabana do tecelão que a magoou? —perguntou-lhe Giles. Tentou acalmar-se, mas custava a respirar com normalidade. Pensou que ele possivelmente soubesse que Edmund tinha estado ali e tinha falado com ela. —Brice me disse que voltou para a cabana para inspecioná-la depois de lhe deixar aos cuidados de Emnma, mas não viu nada estranho. Aliviada, respirou mais tranqüila, mas devia lhe dar algum tipo de explicação antes que suspeitasse dela. Pensou então qual a última vez que tinha estado ali antes que surpreendesse Edmund. —Encontrei um pacote com tecidos que meu pai tinha comprado no mercado no verão. Não as tinha visto até então, mas tinham sido Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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armazenadas ali e as encontrei por acaso. Não sei por que, mas as ver me entristeceu muito mais do teria acreditado possível. —Preferiria não ter que voltar para a aldeia? Se quiser, posso pedir a Brice que se ocupe de tudo ali enquanto você se concentra nas tarefas que ficam pendentes na fortaleza. Queria lhe dizer que sim. Se não tivesse permissão de seu marido para ir à aldeia, não teria que tomar as difíceis decisões às que teria que enfrentar depois de ter visto o Edmund. Pensou que, se não tivesse oportunidade para pecar, não teria que preocupar-se com as tentações. Mas tinha que ser forte. Queria saber a verdade e tinha que ajudar a sua gente. Se isso implicava renunciar a um pouco de comida para que pudessem sobreviver durante o duro inverno, assim o faria. Abriu a boca para lhe responder, mas seu coração não entendia o que sua cabeça lhe ditava. Seu coração via com ternura a preocupação de seu marido e a maneira em que parecia querer sua felicidade. Acreditava que era melhor pessoa que muitos com mais títulos e classe social. Ele a tinha assustado e apavorado ao princípio, mas ninguém tinha conseguido que se sentisse tão viva nem apreciada. —Não vou deixar que as dificuldades me impeçam de fazer meu trabalho, meu senhor. — respondeu ela então — Quase terminamos na aldeia, acredito que só necessitaremos outro dia mais. —Muito bem. — falou Giles enquanto se levantava da mesa— Brice e eu estaremos trabalhando no pátio de armas até que esteja preparada. —Antes tenho que acrescentar algumas cifra ao inventário geral. — disse ela— Pode ser que demore um pouco. —Não se preocupe. — respondeu Giles com um sorriso—. Quando estiver preparada, Brice estará encantado de ter uma desculpa para não seguir praticando com a espada. Sempre ganho.
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Observou-o enquanto saía do salão. Viu que a bainha de sua túnica estava descosturada e tinha um rasgo na manga da camisa. Deu-se conta de que tinha se descuidado de suas obrigações como esposa desde que Giles lhe encomendou o trabalho de organizar a fortaleza e preparar-se para o inverno. Decidiu que olharia mais tarde o arca com a roupa de seu marido para ver em que condições a tinha e o que podia necessitar. Mas, de momento, tinha que concentrar-se no que tinha entre mãos, os documentos nos que tinha inventariado os mantimentos com os que contavam. Passou uma hora ou mais completando as listas onde se enumeravam todas as provisões do castelo e da aldeia. Pôde trabalhar no silêncio do salão sem que nada nem ninguém lhe incomodasse, só se ouvia de vez em quando gritos de ânimo procedentes do pátio de armas, onde treinavam os soldados. Mas de repente escutou uma comoção procedente desse mesmo lugar. Sem saber do que se tratava, enrolou com cuidado os pergaminhos, atou-os e os meteu no armário onde os guardava. Quando terminou de fazê-lo, Roger entrou no salão com um pequeno grupo de homens. —Minha senhora. — começou o cavalheiro com uma pequena reverência são alguns dos homens de lorde Huard e lorde Giles me pediu que os atendessem até que ele chegue. Assentiu com a cabeça. Chamou os criados e lhe pediu que lhes servissem cerveja. Os homens se aproximaram dela caminhando com passos arrogantes e não deixaram em nenhum momento de murmurar coisas entre eles. Estava convencida de que não lhe agradaria saber o que estavam dizendo. Um deles teve a ousadia de tocá-la enquanto passou a seu lado. Sentaram-se à mesa, começaram a beber cerveja e a falar entre eles. Não sabia ou não pareciam se importar que ela pudesse entender o que diziam em seu francês normando. Não demorou em ruborizar-se ante o inapropriado e lascivo de seus comentários. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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Acreditava que já não podia agüentar estar ali por mais tempo quando entrou lorde Giles no salão. Entrava com vontades de ir correndo até ele, mas se limitou a afastar-se da mesa e deixar que fosse seu esposo o que recebesse aos recém chegados. Sir Eudes, bem-vindo à fortaleza de Taerford. — disse Giles a um deles — Como posso ajudar meu senhor? Pareceu um recebimento e uma saudação apropriada, mas os homens puseram a rir com sonoras gargalhadas em vez de agradecer a cortesia de seu marido. —Vá! Como cresceu o mais baixo entre os baixos. Verdade, lorde Giles? — replicou com sarcasmo sir Eudes— Se alguém pedir minha opinião acredita que conseguistes muito. Estava chocada pela desfaçatez desses homens e olhou para Giles para ver sua reação. —Bom, o duque não pediu a você nem a seu senhor que dêem sua opinião sobre minha situação, não é certo, sir Eudes? Lorde Giles tomou uma jarra de cerveja e bebeu com vontades. —O que é o que seu senhor ou vocês querem de mim? —insistiu seu marido. Esses homens pareceram um grupo de rapazolas sem a maturidade suficiente para conversar como adultos. Careciam da educação e compostura necessárias em todo cavalheiro. Em vez de responder lorde Giles, limitou-se a olhar ao seu redor com curiosidade, notando em cada detalhe do salão para depois concentrar-se nela. —Parece que conseguistes uma muito bela, lorde Giles. Para Lorde Huard deram duas velhas e gordas com seios que ficam perdurados até a cintura. A terceira é muito jovem ainda para montá-la, suponho que sabe a que me refiro. — comentou sir Eudes— Mas, claro, como se pode saber se tiverem bom corpo ou não quando se cobrem dessa maneira? —acrescentou enquanto a apontava para ela. Assustada, deu um passo atrás até dar com a parede. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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—Claro que, se tomarem de noite e às escuras, não há necessidade de ver como são, nem sequer terá que as olhar no rosto, verdade, senhor? Envergonhada, Fayth tinha afastado o rosto e não pôde ver Giles movendo-se, mas quando ouviu como caía o cavalheiro no chão, olhou surpreendida. Seu marido tinha o joelho sobre o peito de sir Eudes e sustentava a adaga à altura de seu pescoço. Roger e outros soldados de Taerford se aproximaram também para auxiliar ao seu senhor se chegava a necessitá-los. —Ela é minha esposa e não falará assim em sua presença. Não vou permitir. — avisou Giles. O cavalheiro não parecia dar seu braço a torcer e Giles apertou seu peito com mais força até que sucumbiu. Empurrou-o então com o pé e guardou de novo a adaga em sua bota. Fayth viu que muitos dos soldados de Taerford rodeavam ao grupo de recém chegados. —Como lhes pedi antes, me digam o que fazem aqui e depois saiam. —repetiu Giles. Sir Eudes ficou em pé e se sacudiu o pó da roupa. Não parecia disposto a responder. Quando Giles deu um passo para ele, por fim falou. —Alguns dos servos de lorde Huard estão escapando e meu senhor quer sua palavra de que não os aceitarão em sua propriedade. Enviou-me para que me assegure de que entenda bem o que espera de você. Acredita que, sendo um bastardo, não teria sido educado para saber como se comporta um senhor de verdade. Fayth estava boquiaberta. Não podia acreditar que tivesse sido tão ousado para lhe falar assim. Ficou sem respiração, sabendo que Giles iria a fazer com eles e se cercaria uma terrível luta no salão. Mas lorde Giles respondeu com um silêncio. Seus homens pareciam estar esperando que ele lhes desse um sinal para atacar, ninguém podia acreditar que deixasse que o insultassem assim sem castigar tal audácia. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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Seu marido caminhou alguns passos até ficar frente ao cavalheiro que lhe tinha falado com tal desprezo. Estava tão perto dele que lhe custou ouvir suas palavras quando por fim falou. Seus homens se aproximaram também. Eram muitos mais que os recém chegados e todos sabiam. —Sendo um bretão, não, sir Eudes? Seguro que é isso o que quiseram dizer. Queriam dizer que não sei como comporta como um normando porque eu não sou normando, sou bretão. É isso, não? Apesar de sua crueldade e vulgaridade, sir Eudes não era tão estúpido para provocá-lo ainda mais e se limitou a assentir com a cabeça. Sabia que não sairia vivo dali se insistia em insultar o senhor de Taerford. Mas seu malvado olhar deixou muito claro para Fayth que não esqueceria a ofensa de lorde Giles quando, além disso, considerava que era um homem de menos categoria que ele por razão de seu nascimento. —Isso é o que queria dizer, um bretão — murmurou sir Eudes. —Sim? Era isso o que queria dizer? —pressionou-lhe Giles. —Sim, meu senhor. — repetiu o cavalheiro em voz mais alta. Lorde Giles deu então um passo atrás e assentiu com a cabeça. —Saúdem lorde Huard de minha parte e lhe diga que entendo minha obrigação para com meus vizinhos normandos. —repôs seu marido — Roger, Lucien, acompanhem a estes homens até que saiam de minhas terras para que não se percam pelo caminho. — pediu depois a seus homens. Roger, Lucien e outros seis soldados saíram do salão com os homens de lorde Huard. Giles, Brice e alguns soldados mais ficaram ali murmurando e discutindo. Fayth pôde escutar de vez em quando algumas palavras subidas de tom e outros insultos. Estava claro que esses dois grupos de homens se odiavam entre si e que suas diferenças vinham de longe, provavelmente desde seus lugares de origem. Ao Fayth pareceu que havia muito mais em jogo que uma simples mensagem de um senhor a outro.
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Não queria incomodá-los, mas desejava sair dali quanto antes. Esperou que recordasse que ela estava presente enquanto tentava entender do que estavam falando. Passou um par de minutos antes que lorde Giles olhasse em sua direção. Viu que dava ordens a seus homens em relação à segurança de sua esposa. Depois os despediu e foi falar com ela. —Não posso lhes permitir que vá hoje à aldeia, senhora. Não vou arriscar sua segurança nem lhes dar a oportunidade de te ferir ou a minha gente. —Entendo que o insulto que me proferiu esse cavalheiro era também contra sua honra, mas queria lhe agradecer de todos os modos por me defender como o fez. —É minha esposa, senhora. — disse Giles enquanto levantava sua mão e a beijava— Defenderei sua honra contra qualquer que ouse lhe insultar. O diabo a tentou para lhe replicar como o fez. —Então, posso me considerar afortunada de que sir Eudes não viesse há alguns dias antes, quando ainda pensava que tinha entregado minha honra a outro homem, não? Em vez de zangar-se como teria imaginado, Giles parecia um pouco aborrecido e assentiu com a cabeça aceitando suas palavras. —Têm razão. Temo que lhe peça que confiasse em mim sem aceitar eu sua palavra, Fayth. —sussurrou ele— Só queria lhe pedir que falemos desse assunto em privado é melhor que em público. Preferiria que minha esposa me dirigisse suas reprimendas quando meus cavalheiros não estejam pressentem ou se mofarão de mim depois, me recordando minhas muitas carências. Ela não pôde fazer outra coisa que assentir. —Por agora, minha senhora, ordenei que Emma e a jovem criada que lhe ajudem em qualquer tarefa que deva levar a cabo aqui na fortaleza. Fayth voltou a assentir com a cabeça. Giles havia tornado a conseguir surpreendê-la com suas palavras e não soube o que lhe dizer. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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—Ainda está muito pálida. — comentou seu marido antes de sair do salão — Não sei se será pelas duras palavras desse homem ou por seu estado. Mas se precisar descansar ou sair e dar um passeio para que respirar um pouco de ar, faça sem se preocupar com as tarefas. Não trabalhe muito até que recupere as forças. Lorde Giles tinha conseguido com suas ordens que não o traísse esse dia e o aceitou. Quando chegaram Emma e Ardith para ajudá-la, decidiu revisar o arca de seu marido. Passaram grande parte da tarde classificando sua exígua coleção de túnicas, camisas, calças e meias para ver o que tinha que arrumar e o que tinham que jogar fora. Também olharam as roupas que tinham sido de seu pai para ajustá-las ao corpo de seu marido. Os cavalheiros e o resto dos que comiam com eles no salão jantaram em silêncio essa noite. Deu-se conta de que não brincavam entre eles. Não sabia se o trabalho os teria esgotado por completo esse dia ou se possivelmente algo preocupasse mais. Fora pelo que fora, seu marido e ela se retiraram aos seus aposentos mais cedo do que acostumavam.
Capítulo 15 Giles entrou em seu quarto com uma taça e a entregou a Fayth tal e como lhe tinha pedido Emma que fizesse. Quando essa anciã o olhava como o fazia às vezes, sabia que era melhor obedecê-la. Lembrou que era algo que acontecia desde que tinha vindo para Taerford, desde o primeiro dia. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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—Uma bebida para que descanse melhor. Emma me disse que a beba justo antes de ir para a cama e não antes. — falou ele enquanto cheirava a beberagem— Cheira… Não cheira muito… Cheira a hortelã e algo mais. — acrescentou com uma careta de desagrado. Fayth deixou de lado o que estava remendando e cheirou também a bebida. Depois assentiu com a cabeça. —Prefeririam que dormisse esta noite em outro quarto, meu…? Olhou para sua esposa para lhe recordar o acordo que tinham. —Giles — corrigiu ela. — Por quê? —perguntou ele confuso. —Bom, ouvi que aos homens não gosta de compartilhar a cama com uma mulher quando está… Fayth ficou calada, não parecia ter a coragem suficiente para terminar sua frase. —Quando bebe uma pútrida beberagem que faz que seu fôlego seja nauseante? —brincou ele. Sua esposa sorriu e adorou vê-la assim. —Não, Giles, falo de quando uma mulher está passando por esses dias de seu ciclo mensal — admitiu Fayth finalmente. —Já, agora entendo! — falou fingindo ignorância— É que acaso se trata de algo contagioso? —Não. — respondeu ela entre risadas— Não, a gente não pode contagiar-se. —Então, não vejo razão para que durma em outro quarto. Observou-a enquanto costurava. Tinha um montão de roupas a seu lado que esperava ser remendadas. Havia cinco ou seis camisas que lhe resultaram vagamente conhecidas. Deu-se conta então de que estava arrumando sua roupa. —Vai dormir vestida, Fayth? A cara de sua esposa refletia sua surpresa. Depois negou com a cabeça.
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—Não. Estava esperando, ou seja, se deveria dormir em outro quarto antes de me trocar. Aproveitou para aproximar-se de sua esposa. —Posso? —perguntou-lhe enquanto tocava seu véu. Não gostava de nada desse objeto que cobria seu cabelo e parte de seu rosto. Fayth assentiu com a cabeça e ele levantou o diadema que sujeitava o véu em seu lugar. Depois desenrolou o tecido e deixou que seu cabelo caísse livre sobre seus ombros. Tinha-o recolhido em uma trança, tomou em suas mãos e desatou a tira de couro que a sujeitava. Depois desfez sua trança. —Não é incômodo levar assim o cabelo? Dá-me a impressão de que lhe dará calor. —A moda tem pouco que ver com a comodidade, Giles. Pensou em algumas das roupas e adornos que tinha visto na corte de William e nos lares de outros nobres, tanto da Normandía como de Bretanha. Deu-se conta de que Fayth tinha razão. Antes de pensar no que ia fazer, levantou-se, tomou a escova que havia na mesa e começou a pentear o cabelo de sua esposa. Tinha estado desejado tocá-lo e por fim tinha oportunidade de fazê-lo. Ela relaxou entre suas mãos e fechou os olhos. Deu-se conta de que respirava brandamente e se perguntou se teria dormido. —Faz melhor que a Emma. — disse Fayth então—. Ela me dá muitos puxões quando o cabelo está embolado. Ficaram assim em silêncio durante algum tempo, até que ele decidiu tocar um novo assunto. Deixou a escova e foi procurar sua espada e a pedra de afiar. Foi sentar se em um tamborete frente a ela e apoiou as costas na parede. —Pensei que seria boa idéia jogar abaixo esta parede e unir ambas as habitações para nosso uso pessoal. O que lhes parece? —perguntou-lhe ele enquanto afiava sua espada.
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—A que uso lhe refere? —repôs Fayth, enquanto ficava em pé e olhava ao seu redor, confusa. —Pensava que estaria bem ter mais espaço. Não é o suficientemente grande para os dois. Eu gostaria de poder guardar aqui minha armadura. Pensei que ficaria bom ter um lugar em um lado para nos vestir e onde possamos ter as arcas dos dois. Poderíamos também ter uma sala de estar aqui mesmo e a cama ali — lhe disse enquanto assinalava distintas partes do quarto. Fayth foi virando-se para onde indicava, imaginando sem dúvida como ficaria o dormitório. Fixou-se em como flutuava seu cabelo ao redor dela com cada movimento que dava. Eram tão compridos que cobriam toda a sua costa. Deixou a espada ao seu lado no chão e se concentrou em observá-la. Desejava abraçá-la e perder as mãos em seu cabelo, fá-lo-ia assim que consumasse o matrimônio com ela. De momento, tratou de acalmar-se e voltar para tema que os ocupava. —Acredito que não fale a pena fazer mais mudanças no castelo, senhora, pois tenho a intenção de construir outro nessa colina que se eleva justo onde o rio se parte em dois. —Confesso que já tinha ouvido alguns rumores sobre suas intenções. Por que escolheram esse sítio? Ficou de pé antes de responder. —Nessa colina se poderia edificar um castelo ao estilo dos normandos, com um fosso e uma alta muralha de pedra. Ao levantá-lo sobre um topo, não há necessidade de escavar antes um fosso. Conhecem a colina da que lhes falo? Fayth assentiu com a cabeça. —De ali se vê bem as terras ao seu redor. Em um dia claro, a vista alcança até vários quilômetros à sua volta. Teria uma posição muito melhor que este do ponto de vista defensivo. —E para que se usaria então este castelo?
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—Por que pergunta? Entristeceria por acaso deixar o lugar onde nasceu? —É de esperar que uma mulher tenha que deixar o lar de seus pais para seguir ao seu marido, assim não é algo que me surpreenda. Mas eu gostaria de saber se pensam demolir este. —Há muitas coisas que não decidi ainda. Tudo depende de quando termine a guerra e de como sobrevivamos ao inverno. Tampouco sei quanto dinheiro ficará depois de comprar tudo o que necessitamos para estes duros meses. — explicou ele enquanto tomava a taça e a entregava — Beba isto e se deite. Fayth não tomou, mas ele a colocou de todos os modos na mão. —Não quero ter que suportar a ira de Emma quando descobrir que não lhe fiz tomar essa beberagem. Se sentir um pouco de compaixão por mim, tomem, por favor. Sua esposa o bebeu. O aroma era tão forte que quase podia saboreálo. Observou-a estremecido e esperou que terminasse para recolher a taça. Sem lhe pedir permissão, levantou a túnica de Fayth sobre sua cabeça e depois a fez virar para desatar os cordões às costas. Sentia-se tranqüilo ali e gostava de conversar a essa última hora do dia com sua esposa. Nunca tinha passado muito tempo no quartos das mulheres. As damas que lhe tinham permitido chegar perto tinham insistido também que terminasse logo e saísse de seus dormitórios. As mulheres que tinham sido como ele, da sua mesma classe, normalmente não contava sequer com um quarto próprio. Seus encontros com elas, criadas em sua maioria, tinham sido contra alguma parede, debaixo de um carro, nos estábulos, no celeiro ou inclusive nas cozinhas do castelo. Em qualquer sítio onde pudesse fazer e tivesse com ele alguma mulher disposta. Nunca tinha sonhado que chegaria a compartilhar um dormitório com uma dama que, além disso, era sua esposa.
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Ela tirou o vestido e o deixou cair, ficando somente com as anáguas. Mas, antes que pudesse meter-se na cama, ele a abraçou e beijou como tinha desejado fazê-lo desde que voltou para casa na noite anterior. Ele foi o primeiro em surpreender-se ao pensar que Taerford era sua casa, seu lar, e sorriu satisfeito. Mas ao sentir os lábios de Fayth contra os seus, não pôde pensar em nada mais. Consumia o mesmo desejo que o dominava cada vez que estava perto dela. Deslizou as mãos até tocar seu cabelo e a atraiu mais para si sem deixar de beijá-la. Depois, separou-se dela e a olhou aos olhos. —Abraçar-lhes-ei enquanto dorme. — sussurrou então. Fayth assentiu com a cabeça. Ele se despiu e deixou as armas onde sempre deixava. Sua esposa já o esperava na cama. Abriu os braços assim que se deitou e ela foi de boa vontade colocar-se entre eles. Não demorou muito em fazer efeito à poção e dormiu. Aquele era seu lar. Repetiu-o em sua mente até que ele também dormiu abraçado a Fayth. Fayth despertou e viu que estava sozinha na cama e no quarto. Pela luz que entrava entre as frestas das venezianas de madeira se deu conta de que era um dia ensolarado e agradável. E o seria ainda mais depois de comprovar que tinha terminado por fim sua menstruação. Com a ajuda de Emma, vestiu-se e desceu em busca de seu marido. Esperava que Giles lhe permitisse ir à aldeia essa manhã. Depois de escutar os planos que tinha, custava-lhe acreditar que Edmund tivesse razão. Também tinha visto sua reação ao ouvir os requerimentos dos homens de lorde Huard. Sua intenção era enviar uma mensagem a Edmund para lhe informar de que não podia ajudá-lo. Chegou ao salão a tempo de contemplar uma ensurdecedora discussão entre lorde Giles e seu amigo. Não sabia como podiam ser amigos quando não pareciam estar nunca de acordo em nada.
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—Não temos o suficiente conhecimento ou experiência para enfrentar a isto, Giles. Tem que ser ela. — dizia Brice nesse momento. —Já ouvir o que tenho de dizer do assunto, a senhora não vai sair hoje de Taerford. — replicou seu marido. Brice amaldiçoou em voz alta. —Já os viu e pode ouvir suas palavras. A fronteira entre minhas terras e as suas não é mais que uma linha imaginária para eles e temo que não vá respeitá-la. Acredita que pode entrar e sair ao seu desejo. A palavra de Huard não vale nada e não reagirá bem se acreditar que tenho algo que lhe pertence. —Giles, não seja bobo! —gritou Brice— Essa mulher está muito mal. Falaram-me que sua esposa pode ajudá-la. Não digo que permita que ande livremente pela aldeia, mas poderia deixar que fosse vê-la. —Pode se ocupar dessa mulher alguém da aldeia, não a senhora — respondeu seu marido enquanto cruzava os braços sobre seu peito para dar por terminada a discussão —Poderia participar da discussão, por favor? Todos se viraram com surpresa ao ouvi-la. Estavam tão entretidos em sua disputa que não a tinham visto entrar. —Uma das aldeãs está ferida. —disse Giles enquanto olhava para Hallam. —Trata-se da Nissa, minha senhora. Esposa do Siward, o granjeiro. — anunciou o homem. Hallam vivia na aldeia. Era um dos capatazes que tinha trabalhado para seu pai e a tinha ajudado esses dias com a recontagem da comida. Mas os nomes que acabava de lhe dar não eram os de ninguém que ela conhecesse. —Vivem com a irmã dela, Edith, um dos camponeses. — adicionou Hallam ao ver que parecia ainda confusa. Deu-se conta de que acontecia algo estranho, não lhe falava de aldeãos nem servos de Taerford.
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Recordou então quanto tinha falado ao seu marido que gente de lorde Huard fugia dessas terras para livrar-se dos cruéis métodos de seu novo senhor. Isso lhe abriu os olhos, as pessoas das que Hallam lhe falava eram servos que tinham escapado dali e procuravam refúgio entre as pessoas de Taerford. —Já sei de quem me fala Hallam. —respondeu ela— Como se feito mal? —Tudo o que me falou sua irmã é que sofre grandes dores, minha senhora. Ela olhou para seu marido e esperou que desse a sua opinião. Não queria lhe pedir permissão, pois sabia que ele se negaria. Cruzou os braços e o olhou com impaciência. Era um gesto que sua mãe estava acostumada usar com freqüência quando discutia com seu pai. Recordou-o e decidiu provar com seu novo marido. E funcionou também com lorde Giles. Viu que amaldiçoava entre dentes para depois dar ordem de que a acompanhasse até a aldeia. Deixou Brice encarregado de sua segurança e decidiu não ir com eles. Depois de juntar umas quantas coisas com a ajuda de Emma, saiu bem protegida para a aldeia. Quando chegaram à casa de Edith, Brice fez um gesto de entrar primeiro, mas ela o deteve. —Se se tratar de um problema feminino, não irá querer estar ali dentro, não é assim, sir Brice? — disse ela com sua mais inocente expressão. Sabia que os homens fugiam de algo que estivesse relacionada com a fisiologia feminina e decidiu aproveitar esse fato para livrar-se dele. Com efeito, Brice se afastou e a deixou passar. Emma e ela passaram e encontraram à doente em uma cama perto do fogo. Não havia nada em seu corpo que não estivesse queimado, golpeado ou inchado. Alguém lhe tinha raspado quase por completo o cabelo em algumas zonas de sua cabeça. Tinha os lábios partidos e ensangüentados. Felizmente, estava inconsciente e não sofria enquanto tratava de curar suas feridas. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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—Minha senhora, poderá ajudá-la? —rogou-lhe Edith. —Emma é a que pode fazê-lo, Edith. Ocupar-nos-emos de sua irmã. A velha criada lhe disse tudo o que iria precisar. Edith foi correndo buscar. Fayth abriu a maleta onde guardavam ervas e ungüentos e se dispôs a mesclar uma pomada seguindo as indicações de Emnma. Tentou ser forte e que não lhe notasse no rosto até que ponto tinha impressionado as feridas dessa pobre mulher. Não podia nem imaginar o horrível abuso que teria recebido. Quem não podia ocultar a dor em seu rosto era o marido dessa camponesa. Observava a cena de um canto e não parecia estar muito melhor que sua mulher. Foi para ele para atendê-lo. Mas Siward lhe disse que não se preocupasse com ele e que atendesse primeiro a sua esposa. —O que é o que aconteceu? —perguntou-lhe Fayth em voz baixa. —O senhor normando não nos acreditou quando lhe falamos que não somos servos de sua fortaleza, mas sim arrendatários livres. Ordenou que nos dessem uma surra por nos atrever a protestar. — disse Siward entre gemidos de dor— Tomou a todas as mulheres e as marcou com ferros ao vermelho vivo, como se fossem suas pulseiras. Depois as entregou a seus soldados. Nissa tratou de resistir e escapar. E esses homens… Eles… —Se tranqüilize, se tranqüilize. — falou Fayth enquanto lhe dava uma infusão— Beba isto, aliviará um pouco a sua dor. Com cuidado e eficiência, as três mulheres lavaram o machucado corpo da Nissa. Tiraram, com extrema delicadeza, os objetos que ficaram aderidos a sua queimada pele. Viraram-na e Fayth esteve a ponto de gritar ao ver o lamentável estado que se encontrava suas costas e suas pernas. Custou-lhe controlar suas lágrimas, mas seguiu trabalhando com Emma e Edith para limpar todas as feridas e as enfaixar. A pobre mulher estava em tão mal estado que demoraram muito tempo em cuidando de suas feridas. Quando terminaram, concentraram-se Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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em conseguir que Nissa bebesse um pouco da beberagem que Emma tinha preparado para acalmar sua dor. Depois, deixaram que descansasse. Siward não se moveu de seu rincão na habitação até que cobriram Nissa com uma manta. —Refúgio, minha senhora, por favor. Rogo-vos que nos refugie em suas terras. — sussurrou o homem então. —Não posso conceder-lhe Siward. Meu marido é um vassalo do duque normando e não acredito que faça nada contra a vontade de lorde Huard. Rompia-lhe o coração ao pensar em Giles permitindo tal injustiça sem intervir para detê-la, mas depois que os homens de lorde Huard visitassem seu marido para lhe deixar muito claro o que esperavam dele, não podia saber como ia reagir Giles. Pensou em pedir a Emma que ficasse com aquela pobre mulher para atendê-la até que estivesse melhor. E estava a ponto de dizer-lhe quando ouviu Brice. O cavalheiro a chamava da porta. —Senhora, peço que saia. —disse o amigo de Giles. Falou-lhe com tal firmeza que soube que não lhe convinha desobedecêlo. Levou o dedo aos lábios para avisar aos outros do que acontecia saiu com cuidado de não abrir muito a porta ao fazê-lo. Não queria que Brice visse nada do que estava acontecendo dentro da pequena cabana. —Sim, sir Brice? O que é o quer? —perguntou ela enquanto se separava um pouco da casa. Pretendia que o soldado tivesse que virar-se para ela para lhe falar e que assim desse as costas à porta se por acaso alguém precisava sair. —Ouvi acaso a voz de um homem aí dentro? —Sim, com certeza que a escutastes. Trata-se do marido da Nissa… Durante um segundo, esqueceu o nome desse camponês, mas pôde recuperar-se rapidamente. —Siward está ali cuidando de sua mulher.
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—Como resultou ferida? Está tão grave para que tivessem que lhe chamar senhora? — perguntou-lhe ele entrecerrando com desconfiança os olhos. Deu-se conta de que Brice duvidava da veracidade da história. Mas ver Nissa tão ferida gravemente a tinha afetado tanto que carecia de suficiente claridade mental para inventar algum tipo de desculpa acreditável. Apesar de tudo, pensava que não podia confiar totalmente em Brice. —Dois dias. Dê-me… Dê-lhes dois dias para recuperar-se e irão — rogou ela enquanto o agarrava o braço para que não pudesse mover-se— Esses malditos porcos normandos. Esses porcos… — sussurrou para que só pudesse escutá-lo ele. —Senhora, não se meta em meio de algo assim. E, sobre tudo, não me peça que não o conte a seu marido — respondeu Brice enquanto se separava dela— Recomendo que lhe diga você a verdade e deixe que resolva. —Sir Brice, meu pai arrendou aos camponeses algumas de suas terras antes de sair para o norte. Sem procurar seus nomes nos documentos, não poderia lhes assegurar se esta gente são os arrendatários ou não. Tinha tomado a decisão de ajudar a essas pessoas. Acreditava que, depois de dois dias de descanso e cuidados, Siward teria a oportunidade de escapar da perseguição dos homens de lorde Huard. Por outro lado, pensou que, se Edmund retornasse à aldeia, poderia lhe deixar uma mensagem lhe pedindo que levasse esse casal com eles para o norte. —Senhora! — grunhiu Brice para que lhe servisse de advertência. —Demorarei algum tempo em encontrar os pergaminhos com esses contratos de arrendamento com seus nomes dos arrendários e as granjas que lhes foram atribuídas por meu pai antes de ir-se. Dê-me dois dias para ler os documentos.
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Virou-se para voltar a entrar na casa. Queria falar com a Emma para organizar os cuidados que Nissa necessitava, mas Brice agarrou então seu braço e puxou ela. —Fayth, não faça isto. — grunhiu de novo. Surpreendeu-lhe que a chamasse por seu nome de batismo e tampouco lhe passou por cima a fúria que havia em seus olhos. Olhou a mão desse homem apertando seu braço e depois se concentrou nele. Fulminou-o com o olhar até que ele entendeu a mensagem e a soltou. Estava convencida de que Brice nunca tentaria lhe fazer dano. Só queria assegurar-se de que ela entendesse que aquilo não era uma boa idéia. —Bom sir Brice, sempre cabe a possibilidade de que seja você mesmo ou lorde Giles o que olhe seus nomes nos pergaminhos. Se é que não acreditam em mim… —acrescentou ela fingindo inocência— Pode que assim resolvam mais rapidamente o problema. Brice não ia reconhecer que não sabia ler nem escrever e que lorde Giles tampouco tinha aprendido a fazê-lo. Tinha conseguido ferir seu orgulho, viu-o em seu olhar antes de afastarse dela enquanto amaldiçoava entre dentes. Mas ao menos Brice não tinha entrado na cabana para reter os fugitivos. Fayth entrou de novo na casa e falou com Emma. Não demorou muito em organizar tudo e preparar-se para voltar para castelo. Brice estava esperando na porta da casa e sentado já em seu cavalo. Como só voltava com ela para a fortaleza, o cavalheiro esticou sua mão para ajudá-la a montar atrás dele. Podia sentir quão furioso estava e decidiu não dizer nada mais que provocasse seu aborrecimento enquanto cavalgavam para o castelo. Esperou até que transpassaram as portas da fortaleza. —O que pensam fazer, Brice? —sussurrou então. —Bem lady Fayth, fui eu quem convenceu lorde Giles para que lhes permitisse ir à aldeia a cuidar dessa pobre mulher ferida. —disse o cavalheiro Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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bretão— Assim vou honrar sua posição como senhora de Taerford e deixarei que seja você que decida como levar a situação da melhor maneira possível. Soltou então o ar que tinha estado contendo. Tinha acreditado que Brice a trairia e contaria tudo a seu marido. —Muito obrigado por… Brice se virou para olhá-la com o cenho franzido. —Não me agradeça senhora. Porque tampouco o fará seu marido quando tudo isto sair à luz. E não duvide nem por um segundo, que o que está acontecendo acabará sabendo e chegará o dia do ajuste de contas. —Mas se não souber… Brice voltou a interrompê-la. —Estão restringindo as opções e a capacidade de discernimento de lorde Giles nesse assunto. Não lhe deu a oportunidade de decidir por si mesmo. Assustou-se ao escutar suas palavras. Deu-se conta de que tinha razão, não estava deixando que seu marido tomasse a decisão, mas dava medo que Giles decidisse não ajudar a esse casal saxão para não contrariar assim ao seu aliado normando. Também lhe preocupava não contar ao seu marido, mas sentia que tinha que ajudar essas pessoas em circunstâncias tão adversas. Mas Giles saiu então em sua busca e Brice se virou para ajudá-la a descer. Suas últimas palavras foram as que mais a preocuparam. —Reza para que minha futura esposa e senhora de minhas terras não se meta em meus assuntos como vocês decidiu fazer com os de seu marido. Temo que eu nunca poderia perdoar a uma mulher que fizesse algo assim. Assustou-se muito ao escutá-lo e desceu do cavalo tão depressa que esteve a ponto de perder o equilíbrio. Teria ido ao chão se Giles não tivesse tido os rápidos reflexos de sujeitá-la pela cintura. —Obrigado por acompanhar a senhora e protegê-la - disse Giles ao seu amigo. Sentia-se tão culpado que nem sequer podia olhá-lo nos olhos. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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—Voltarei dentro de um par de horas, Giles. Preciso sair a cavalo por um momento. — repôs Brice de mau humor. Fez virar o cavalo com tal força que este se apoiou durante uns segundos só sobre seus quartos traseiros. Fayth e Giles se afastaram para lhe dar mais espaço e viram como se afastava o cavalheiro a galope. —Lucien, vigie para onde vai e ordene a dois cavaleiros que o siga. — disse Giles ao soldado que vigiava a porta da fortaleza. Depois, tomou a mão de Fayth e a levou para o castelo. —Não se preocupe minha senhora. Tem muitas mudanças de humor e, quando está assim, ninguém pode acalmá-lo. —Não, meu senhor. Suspeito que foi minha conduta que o zangou assim. Não estou acostumado a obedecê-lo prontamente nem aceito normalmente os conselhos que me dá. — respondeu ela sem poder ocultar seu sentimento de culpa. Estavam a ponto de entrar no castelo quando seu marido se virou para chamar o soldado da porta. —Lucien, para onde ia sir Brice? — gritou Giles. —Saiu ao galope para o leste, meu senhor. Enviei Stephen e Fouque para que o sigam de perto. —São os melhores rastreadores que tenho entre meus soldados. Eles se encarregarão de que não lhe aconteça nada e volte são e salvo. — explicou Giles. Enquanto entrava no castelo atrás de seu marido se deu conta de que Brice tinha saído em direção às terras de lorde Huard.
Brice se ajustou no cavalo e atou a espada a sua cela. Instigou o cavalo para que saísse ao galope. Ia para o leste, caminho das terras de lorde Huard em busca de respostas a perguntas que não tinha compartilhado com seu bom amigo. De momento, não tinha mais que suspeitas e necessitava provas
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do que estava ocorrendo antes de falar com o Giles e colocá-lo a par do assunto. Depois de escutar as conversações que a senhora de Taerford tinha mantido dentro daquela casa da aldeia, sabia que passava algo e lhe preocupava mais que tudo proteger ao seu amigo. Puxou um pouco as rédeas para diminuir a marcha e continuou seu caminho durante vários quilômetros até chegar quase na beira da propriedade de Giles. Prosseguiu então para o norte, ao longo de um arroio e por cima de algumas suaves colinas. Encontrou um pequeno lago e deixou que o cavalo descansasse e bebesse. Foi ali onde o alcançaram Fouque e Stephen. Giles não lhes tinha dado mais ordem que a de segui-lo e cuidar de sua segurança, não tinham nenhuma mensagem para ele. Assim Brice se limitou a prosseguir seu caminho e guiá-los através dessas colinas até o confim das terras de Giles com as de Huard. Demoraram horas em inspecionar a área. Mas Brice descobriu muito rapidamente a inquietante prova que demonstrava a crueldade com que lorde Huard tratava de controlar os camponeses e aos servos. Havia três cadáveres muito perto do caminho para que qualquer que passasse por ali pudesse vê-los. Estavam amontoados e isso lhe fez suspeitar que os tivessem jogado ali depois de mortos. Examinou-os mais de perto e imaginou que o casal que se refugiava na cabana da camponesa teria o mesmo tipo de feridas. Seguiu investigando um pouco mais e achou, muito perto dos corpos, os rastros de grandes cavalos de guerra. Nem Giles nem nenhum de seus homens eram bastante ricos para poder permitir a compra de tais animais, mas sabia que os cavalheiros que serviam lorde Huard sim os possuíam. Brice fez que os outros dois soldados jurassem manter esses achados em segredo até que pudessem falar com Giles. Depois, enterraram os corpos e colocaram sobre as tumbas montões de pedras.
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Quando terminaram, retornaram à fortaleza de Taerford. Já era de noite quando chegaram e se inteirou de que lorde Giles e a senhora já se retiraram para seus aposentos. Decidiu que permitiria que seu senhor desfrutasse dessa noite de prazer na cama de sua esposa antes de revelar a informação que tinha conseguido reunir. E rezava para que não fosse à última noite para o casal.
Capítulo 16 Giles tinha percebido o nervosismo de Fayth durante toda à tarde, desde que retornou da aldeia e tive que sofrer o mau humor de Brice. Seu amigo estava acostumado a ter esse tipo de arrebatamentos com freqüência e se deu conta de que era melhor deixá-lo só como tinha feito esse dia. Normalmente, bastava-lhe sair a cavalgar um momento com seu cavalo para tranqüilizar-se. Era como se Brice estivesse dando conta de que seus dias, como cavalheiro sem título nobre, estavam chegando ao fim e faltava muito pouco para ter todos os privilégios, mas também todas as responsabilidades e problemas que suportava um senhor de um castelo e latifundiário. Sabia que Brice desejava ter essas coisas, igual acontecia com Soren e tinha ocorrido a ele. Mas a chegada desse dia com o que sempre tinham sonhado os enchia também de preocupação e incerteza. Tinha passado o caminho até Taerford, mas ele só tinha tido uns dias para acostumar-se à idéia, dominar seus medos e organizar o ataque à fortaleza para tomar o controle. Não tinha sido fácil preparar-se em tão Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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pouco tempo. Mas, ao ver como agitado e tenso que estava Brice, deu-se conta de que possivelmente tinha tido sorte ao não ter que esperar tanto. Olhou para Fayth. Não havia querido assustá-la com suas atenções, mas tinha chegado o momento e se deu conta de que ele também estava nervoso. Observou-a enquanto rezava com as contas de seu rosário. Seus lábios se moviam, mas não ouvia as palavras. Esperava que Deus o perdoasse por isso, mas não podia deixar de pensar em seu corpo nu e em tê-la entre seus braços de novo. Ele já estava excitado. Tudo tinha começado durante o jantar, quando tinha perguntado da maneira mais sutil possível se já tinha terminado com esses dias do mês. Fayth tinha ruborizado imediatamente, mas assentido com a cabeça. Bastoulhe esse tímido gesto para que todo o sangue de seu corpo corresse a concentrar-se em seu membro. Sentia-se muito incomodado e sua espada nunca tinha estado tão afiada depois de passar a última hora passando o fio pela pedra. Era a primeira coisa que tinha ocorrido para tentar acalmar seus nervos e não pensar no que queria faria à formosa Fayth. O que ia fazer assim que estivessem na cama. Fayth levantou nesse instante a vista para olhá-lo e ele tratou de afastar os olhos, mas não pôde fazê-lo. Ela tinha tirado o véu assim que entrou no quarto e sua sedosa cabeleira flutuava sobre seus ombros. Só levava as anáguas e uma fina bata. O pior de tudo era saber o que esperava debaixo dessa roupa, como sabia sua pele e como era tocá-la. Por fim, Fayth terminou de rezar e deixou as contas na mesa. Ficou então de pé e serviu vinho em uma taça. Ofereceu primeiro a ele e, quando viu que sacudia a cabeça, bebeu ela. Notou que tremiam as mãos. Tremia muito.
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Levantou-se e se aproximou para segurar a taça enquanto Fayth terminava de beber o vinho. —Esta nervosa, senhora? —Sim — sussurrou ela. Serviu mais vinho para Fayth e esperou que o bebesse. Tinha a esperança de que a bebida conseguisse afugentar seus temores. Quando terminou, deixou a taça sobre a mesa e Fayth o olhou aos olhos. —Doerá tanto como ouvi? —Eu também ouvi essas coisas, mas temo que não saiba informar, senhora. Nunca estive com uma virgem. As virgens não eram para homens como ele. Os de sua sob linhagem só podiam sonhar com elas, mas essas mulheres se consideravam muito valiosas para que se estragassem com os filhos bastardos. Esses homens não podiam chegar muito longe na vida, só contavam com os méritos que pudessem alcançar no campo de batalha. As virgens eram reservavam para os nobres, os homens que tinham sido criados e educados para poder as ter algum dia como esposas. Olhou então à sua esposa e rezou para poder provar que merecia ter uma mulher como lady Fayth de Taerford. Ao menos ia tentar. Separou-se dela para apagar as velas dos candelabros. Só deixou uma acesa ao lado da cama, queria poder ver seu rosto quando o prazer a fizesse gritar. Tirou rapidamente a camisa e as meias e levantou as colchas e mantas da cama. Sentou-se no colchão e esticou para ela a mão. —Venha para mim, Fayth. Soube que com esse gesto não reclamava só seu corpo. De Fayth queria tudo, tudo o que ela pudesse lhe dar, e o queria nesse momento. Ela moveu ligeiramente a mão, como quisesse fazê-lo, mas seu corpo não se moveu.
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—Não quero que nossa relação seja pela metade, Fayth. Venha e seja minha esposa, me apóie em tudo o que faça pelo nosso bem e o de nossa gente. —Estou pronta… Acredito que estou muito pronta — sussurrou ela. —Não, já não posso esperar mais — falou ele. —Me irá oferecer a mesma lealdade que espera de mim, Giles? Só porque manchei estes dias e provei minha palavra? —Confio em você como esposa e em sua palavra. Seu sangue demonstrou sua honra. — afirmou ele enquanto ficava em pé — Oxalá pudesse ter sido de outra forma entre nós e acredite que desejava poder confiar em sua palavra, Fayth. Tentei-o. Mas meu passado me condicionou e queria ter uma prova antes de confiar totalmente em você. Fayth o olhava com insegurança, mas algo lhe dizia que não era o ato em si o que temia, a não ser todo o resto, tudo o que estava pedindo. —Confie em mim, Fayth. —disse enquanto levantava de novo a mão para ela — Venha.
Fayth se deu conta de que esse homem era honorável. Giles não tentava forçá-la, mas sim estava pedindo que se aproximasse. Apesar de seu baixo berço, acreditava que tinha uma nobreza inata que se notava em seus atos. Tinha qualidades das que muitos senhores careciam, fossem saxões ou normandos. Sentiu que o estava traindo. —Giles, temos muito do que falar antes de… Mas Giles a interrompeu colocando um dedo sobre seus lábios. —Nós dois poderíamos confessar muitas coisas sobre nossos passados, Fayth. Mas o que quero é seu futuro. Desde este momento. Tudo sairá bem, cuidaremos para que assim seja. — sussurrou então. Giles voltou a sentar-se na cama. Gostava de vê-lo nu, seu corpo já não a assustava. Inclusive ver que já estava preparado para estar com ela
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conseguia excitá-la também e algumas partes de seu corpo desejavam sentir suas carícias. Deu-se conta de que desejava a vida que Giles estava oferecendo. Tudo tinha acontecido de repente e de forma agressiva, mas ele estava em sua vida para ficar e essa tinha sido a verdadeira invasão. Giles era seu marido e lhe pedia que voluntariamente fosse até ele e se convertesse de verdade em sua esposa. Levantou sua mão e tomou a que Giles lhe brindava, aceitando assim tudo o que lhe oferecia nesse instante. Sabia que teria que ajustar contas com ele no futuro e confessar o que não lhe tinha contado, mas pensou que conseguiria superar esse problema. Aproximou-se um pouco mais e esperou que ele desse o primeiro passo. —Me beije, minha senhora. — sussurrou Giles. Não queria decepcionar seu marido com sua inexperiência e negou com a cabeça antes de falar. —Temo que não saiba como fazê-lo. Giles separou suas pernas e puxou ela. —Então, comece como temos feito outras vezes e aprenda enquanto o faz. Aproximou-se entre as coxas de Giles, inclinou-se para beijá-lo. Ele não a tocava, colocou as mãos sobre o colchão e esperou. Nunca tinha se aproximado dessa maneira de um homem, assim decidiu imitar algo que Giles fazia e lhe acariciou o cabelo antes de beijá-lo. Giles não reagiu, limitou-se a receber seus lábios. Ela riscou então com beijos a linha de sua boca. Mordiscou depois seu lábio superior e o inferior. Sentiu como reagia o corpo de Giles, seu membro pareceu endurecerse ainda mais e o notou contra suas pernas, mas ele não se moveu. Usou então sua língua e acariciou com ela seus lábios. Quando ele os separou, seguiu jogando com sua língua como ele tinha feito outro dia. Gostou de saboreá-lo e a deslizou mais para dentro. Encontrou a de Giles e pensou que ele participaria então do beijo, mas não fez nada. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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Aproximou-se mais dele, pressionando sua ereção. Aprofundou no beijo e, recordando algo mais que Giles tinha feito a ela, sugou sua língua. Gostou
daquilo
e
seu
corpo
também
estava
acendendo-se
rapidamente. Seguiu beijando-o até que Giles reagiu e participou do jogo com sua boca e também com suas mãos. Beijaram-se durante um longo momento, quando teve que separar-se para recuperar o fôlego descobriu que Giles tinha retirado sua bata dos ombros. Soltou os cabelos de seu marido e deixou que o objeto caísse ao chão. Antes que pudesse reagir, Giles desatou os cordões de sua anágua e a abriu. Fechou então os olhos e esperou sentir sua boca. Tremeram-lhe as pernas quando Giles começou a beijar os seios. Lambia-os e mordiscava sem descanso, apanhando os mamilos entre seus lábios. Ela voltou a agarrar sua cabeça e desfrutou deslizando os dedos entre seu cabelo. Quando as sensações eram muito fortes para suportar, quando temeu que suas pernas não agüentassem o peso de seu corpo, Giles tomou em seus braços e deitou-a sobre o colchão. Pensou que os cobriria com a colcha, mas não o fez. Cobriu-a com seu próprio corpo e seguiu beijando-a apaixonadamente. Apanhou seus lábios para depois descer por seu corpo. Beijou-a no pescoço e nos ombros, e ela não podia deixar de estremecer-se, cada vez o desejava mais. Quando Giles se concentrou de novo em seus seios, ela arqueou para ele seu corpo. Ardia por dentro, mas era entre suas pernas onde sentia as chamas da paixão consumindo-a. Sentia-se úmida e desejava que a acariciasse ali também. Giles sorriu e seguiu descendo por seu corpo enquanto se colocava de joelhos. Ela levantou a mão para acariciar seu ereto membro, mas ele não deixou que o fizesse. —Não. Hoje não, Fayth — disse Giles.
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Custava a respirar com normalidade e não podia pensar. Tudo era sensações, não existia nada mais, e se deixou levar por elas. Giles estava beijando sua barriga e a sensação de desejo em seu sexo se aqueceu cada vez mais. Queria que a tocasse ali, que a ajudasse a liberar dessa necessidade. Não podia deixar de pensar em seus dedos… Sem poder se controlar, jogou para trás a cabeça e deixou que saísse o gemido que tinha estado tentando segurar. —Por favor. — sussurrou— Por favor… Giles ignorou suas suplicas e seguiu descendo por seu corpo. Quando separou suas pernas, ela tentou voltar a uni-las. Não havia muita luz no quarto, só a de uma vela, mas não queria que seu marido pudesse ver essa parte de seu corpo. —Abra as pernas. — ordenou ele sem deixar de beijar e lamber suas coxas. Não sabia o que fazer, necessitava que ele acabasse por fim de torturála e decidiu obedecê-lo. Deixou que suas pernas se abrissem. Mas Giles não a acariciou. Levantou uma de suas pernas por cima do ombro e a atraiu para ele. Começou a beijar a parte interna de sua coxa, ia aproximando-se mais e mais de repente, deu-se conta de quais eram suas intenções. Não podia acreditar. Mas Giles o fez. E, antes que ela pudesse protestar ante um ato tão indecente, seu marido separou com os dedos as dobras de seu sexo e começou a beijá-la. Tentou separar-se dele. Seu corpo estava reagindo com tal intensidade que se assustou, mas Giles a mantinha bem presa com uma mão em sua perna. — Fique tranqüila, Fayth — sussurrou ele. Quando sentiu sua língua sobre o lugar mais sensível de seu corpo, rendeu-se por completo e se limitou a sentir. Pareceu que Giles usava sua língua, seus lábios e inclusive seus dedos. Não deixou de acariciá-la nem um momento. Ela não parava de estremecer e gemer. Cada vez desejava mais e mais, mas ele parecia disposto a torturá-la durante horas. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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Giles se concentrava no mesmo ponto que havia estado acariciado noites antes. A sensação era tão forte que sentiu todo seu corpo em tensão, como se estivesse a ponto de explodir. Essa sensação era cada vez mais intensa e foi crescendo em seu interior até que sentiu que não podia mover-se nem respirar. E toda essa tensão se disparou pouco depois com tremendas ondas de prazer. Gritou então sem poder conter-se. Giles se levantou, mas ela não podia mover-se. Todo seu corpo seguia sacudia sem descanso.
—Fayth, me olhem nos olhos — ordenou Giles com a voz rouca pelo desejo. Ela abriu os olhos e viu que estavam relaxados e satisfeitos. Necessitava que Fayth o olhasse enquanto ele a possuía pela primeira vez. —Esposa… — sussurrou ele enquanto se deslizava com cuidado em seu interior. Sentiu a barreira de sua inocência e distinguiu no olhar de Fayth um momento de dor. Soube por que seus olhos o olharam assustado e ele se deteve, dando tempo a sua esposa que se acostumasse a essas novas sensações. Mas não pôde seguir assim por muito tempo, o desejo era tão intenso que seu corpo protestou. Colocou uma mão sob o traseiro de Fayth, levantou-lhe os quadris e se deslizou ainda mais dentro. Fayth estava úmida e isso facilitava muito os movimentos. Sentiu os músculos esticando-se ao redor de seu membro enquanto ele entrava e saía daquele paraíso. Começou a deixar-se levar pelo prazer e pouco tempo depois sentiu que estava preparado para deixar ali sua semente. Todo seu corpo se esticou e empurrou com mais força contra sua esposa, até que chegou o final também para ele e o fez com um poderoso grito. Era incrível senti-la a seu redor. Abraçou-a com força. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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Depois, quando não havia nada mais que dar, separou-se dela e tombou a seu lado. Demorou bastante tempo em recuperar o fôlego e deu medo de abrir os olhos. Temia que seu desejo voltasse a incendiar-se ao vê-la nua a seu lado, mas também temia ver desilusão em seus olhos. Como sempre lhe ocorria, sua esposa reagiu da maneira mais inesperada. Nunca deixava de surpreendê-lo. —É sempre assim? —perguntou-lhe Fayth enquanto se virava para ele. —Não — respondeu ele enquanto entreabria os olhos—. Cada vez é diferente — acrescentou enquanto secava uma lágrima que rodava por sua bochecha— Doeu muito? Fayth se esfregou os olhos com as mãos. —Um pouco. Foi quando você… Quando… Não sabia como explicar. Sacudiu a cabeça para dar entender que sabia e sorriu. —E o resto? Deu a impressão de que ela se aproximava mais dele enquanto respondia. —Não doeu — confessou Fayth— Mas doerá todas às vezes? — perguntou-lhe enquanto o olhava de cima abaixo. Viu que esticava para ele a mão e temeu que quisesse acariciar seu membro. —Não — falou ele depressa para detê-la e para responder a sua pergunta. Mas, embora Fayth não o tocasse, seu corpo reagiu de todos os modos. Ela o acariciou então, mas ele apartou sua mão e se levantou. —Não, Fayth. Essa mulher tinha chegado donzela a essa cama e tinha que ocupar-se de atender suas necessidades em vez de tomá-la uma vez mais como se fora só uma prostituta. Por cima de tudo, Fayth era sua esposa e tinha que cuidála. Sentia que era seu dever. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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A criada de Fayth devia conhecer os planos de seu marido para essa noite, imaginou que toda a fortaleza sabia, porque tinha deixado uma terrina com ervas na mesa e uma jarra de água esquentando perto da chaminé. Verteu água sobre as ervas, pegou alguns panos e levou tudo até a cama. Ajudou Fayth a levantar-se e esperou enquanto ela usava a água para lavar sua zona mais íntima. Depois se lavou. Fayth foi até o arca e procurou uma camisola limpa. Ao ver que pretendia fazer sacudiu a cabeça. —Não perca o tempo —advertiu ele— Dormira a meu lado tal e como estamos agora. Ela ficou atônita e baixou o olhar até ver que estava de novo excitado. —E você? —Temo que uma vez não seja suficiente para satisfazer meu desejo por você. —disse ele— E parece que estou preparado para repetir. O que faremos quando estiver melhor — acrescentou para tranqüilizá-la. Meteu-se na cama e Fayth também. Cobriu seus corpos com as mantas e a fez virar para dormir contra as costas de sua esposa, como tinham feito essas últimas noites. Sabia que ia ser uma noite muito dura. Agora que já tinha provado, ia ser mais difícil ainda respeitar sua dor e esperar até poder fazê-lo de novo. Mas sentiu então que Fayth escorregava para trás e esfregava de propósito suas nádegas contra ele. —Você está preparado e eu não sinto dor, Giles. — sussurrou ela. Abraçou-a com força então, apertando-a contra seu corpo e deslizando seu membro entre as pernas do Fayth. Já estava úmida e não lhe custou entrar. Possivelmente não tivesse dores nesse instante, mas com o passar das horas, acabou pedindo que tivesse compaixão dela. Ele se limitou então a abraçá-la até que Fayth dormiu.
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Sentia-se mais satisfeito que nunca, como não o tinha estado em sua vida. Sabia que as virgens não eram para filhos bastardos como ele. As ricas herdeiras não eram tampouco para soldados mercenários sem nome nem título. Mas tinha recebido em matrimônio uma virgem e a uma herdeira. E acabava de descobrir que Fayth era, além disso, uma bela sereia com uma natureza tão apaixonada como surpreendente. Tinha tudo o que sempre havia desejado. Por isso não entendia o medo que ainda sentia em seu coração.
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Capítulo 17 As semanas seguintes passaram muito depressa para Giles. Tinha tudo o que sempre havia sonhado: uma esposa, terras e responsabilidades. Fayth trabalhou durante esses dias a seu lado. Todos os mantimentos tinham sido classificados e transferidos da aldeia à fortaleza. Terminado já seu trabalho nesse aspecto, Fayth estava concentrando-se em conseguir que o castelo voltasse a ser o lar que sempre tinha sido. Derrubaram uma das paredes de seus aposentos para acrescentar ao outro quarto. E ele aproveitou o espaço a mais para colocar ali uma banheira. Tinha descoberto quão prazenteiro podia chegar a ser com Fayth o ajudando a lavar-se e não queria abrir mão desse luxo. Quando lhe chegaram notícias do fim das batalhas no norte, permitiu aos que viviam na aldeia voltassem para suas terras e suas casas. Deu-se conta de que muitos camponeses que arrendavam as granjas tinham aproveitado para retornar depois de ver que a área era segura e que seus homens se encarregavam de que assim seguisse. Não se preocupou com saber quem eram nem de onde tinham saído. Limitou-se a aceitar sua volta e a promessa de que seguiriam pagando como o tinham feito ao anterior senhor de Taerford. Sabia que estava sendo muito inconsistente, mas necessitava de camponeses que se ocupassem das terras e do bosque. Não tinha contatos e se deu conta de que não havia outra maneira de conseguir homens livres. A informação que lhe tinha dado Brice tinha o preocupado tanto que levava dias tratando de arrumar uma solução para o problema e o perigo que corriam com essa situação. Dar refúgio aos que fugiam de outros feudos ia contra a lei e podia chegar a perder essas terras se o declarassem culpado. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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Tratou de manter-se dentro da legalidade, sendo o homem com os valores que lorde Gautier lhe tinha irradiado sem passar por cima das leis de seu duque. Brice também tinha terminado de trabalhar com Fayth. Confiava plenamente em sua esposa e já não necessitava que ele a vigiasse. Mas seu amigo parecia cada vez mais nervoso e inquieto. Seguia atrasando o momento de que fossem outorgadas suas terras e passava mais tempo longe da fortaleza que dentro dela. Às vezes seguindo ordens dele e outras por sua conta. Fayth seguiu indo à aldeia para visitar a mulher ferida até que melhorou. Também gostava de comprovar os progressos dos tecelões e os curtidores. Tinha notado que já não voltava desses passeios, tão afetada como as primeiras vezes que tinha ido à aldeia. Mas seu olhar sempre lhe parecia mais triste quando voltava para casa. Quando estavam com outras pessoas, Fayth seguia mostrando-se reservada em sua relação a ele e o carinho que ia crescendo entre os dois. Apenas o tocava se não estavam em seu dormitório. Mas quando estavam sozinhos, não havia muros entre eles. Fayth tinha abandonado seu acanhamento e dava tanto como recebia. Juntos tinham descoberto muitas formas de dar e receber prazer e lhe dava a impressão de que o que sentia por ela era algo mais que desejo e mais que o afeto que surge entre os casais. Estava desejando que chegassem as longas noites de inverno para poder ficar mais tempo com ela e lhe fazer compreender que entre seus braços sempre estaria segura. A única sombra que havia em suas vidas era a quase contínua presença dos homens de lorde Huard. Sir Eudes sempre pedia permissão, mas conseguia que ficassem nervosos todos os saxões. E não caía muito melhor entre a maior parte dos bretães e normandos que tinham chegado a Taerford com Giles. Estava acostumado a aparecer lhes dizendo que escaparam alguns servos e pedindo sua autorização para buscá-los na aldeia. Giles o tinha Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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permitido uma vez, e apesar de que, seus próprios homens vigiarem os de Huard durante a busca, os forasteiros tinham tratado muito mal às pessoas de Taerford, até o ponto de ferir alguns. Depois disso, Eudes e Roger brigaram por culpa de um insulto do primeiro e Giles decidiu não voltar a lhes dar permissão para entrar na aldeia. Desde esse momento, Eudes e seus homens ficavam no caminho que chegava ao povoado e abordavam a todos os que por ali passavam. Depois de alguns incidentes lamentáveis, teve que proibir também que ficassem nesse lugar. A única opção que ficava a Eudes era ir até o castelo para falar diretamente com ele e depois voltar para as terras do Huard. O ódio e a tensão entre os dois senhores não fez a não ser crescer. Por isso não se surpreendeu que algum tempo depois chegassem ao castelo de Taerford uns cavaleiros uniformizados com as cores do duque. Giles acabava de entrar no salão quando o avisaram de que alguns homens do duque o estavam esperando. Roger se colocou a seu lado. Era sua posição desde que o nomeará capitão de sua guarda. Com Roger a cargo de seus homens, Fayth dirigindo o castelo e Hallam à fortaleza, ficava pouca responsabilidade para Brice, que cada vez passava mais tempo longe de Taerford. Giles saiu do salão para receber com cortesia aos recém chegados e ficou parado ao ver que havia um bispo entre eles. Foi para ele, beijou o anel de sua mão, símbolo de sua posição, e depois se ajoelhou. Quando ficou em pé, saudou-o sem saber ainda o quê fazia ali nem quem era. —Excelência, bem-vindo à fortaleza de Taerford — disse Giles. Depois esticou a mão para Fayth, que observava a cena de longe. —Apresento-lhes a minha esposa, lady Fayth. —A filha de lorde Bertram? —perguntou o bispo. —Sim — respondeu Fayth enquanto fazia uma reverência. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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Não reconheceu a sacerdote até que o olhou aos olhos. —Padre Obert? Tinha sido o sacerdote no castelo do duque e ele tinha sido o encarregado de todos os detalhes quando Giles recebeu essas terras. — Foi nomeado Bispo? —Uma recompensa por meu fiel serviço a Deus e ao rei. —respondeu o bispo Obert com uma piscada — São muitos os que receberam uma recompensa parecida. Não é assim, meu senhor? As palavras do homem atraíram sua atenção e o levou para o salão. — William já foi coroado rei? —Não, não é isso. Mas ele esteve em Canterbury estas últimas semanas e irá logo para Londres. O bispo olhou ao seu redor e baixou a voz ao ver que não eram só normandos os que estavam na sala. —Temos que falar. — murmurou. Giles ordenou a todos que partissem, mas pediu permissão ao bispo para que ficasse Fayth. —Entende nosso idioma? —Sim, excelência. Entende-o e o fala. De fato, também pode lê-lo. —Peça que saia, lorde Giles. Preferiria falar primeiro em privado com você. Ficaram sozinhos Giles e o bispo com o resto dos homens do clérigo. Sentaram-se e o homem fez um gesto aos soldados para que se afastassem. —O duque recebeu queixa sobre sua conduta aqui em Taerford. — começou Obert em voz baixa— Se trata de graves acusações que dizem que acolhe a servos que escaparam de outras terras. Comunicaram-me também que não permitem que os soldados dessas terras inspecionem as suas em busca dos fugitivos. Tentou não perder a calma enquanto o escutava. Estava claro que lorde Huard não gostava que ele não respeitasse seus desejos quanto ao
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tratamento que queria para com seus servos e devia ter tomado a decisão de denunciar sua conduta ao duque. —Como participei minimamente no processo pelo qual lhes concederam estas terras, o duque pensou que eu era o mais adequado para investigar tais acusações. — disse Obert olhando-o nos olhos—. O duque não deseja que seus nobres se enfrentem entre si. Sobre tudo quando ainda são muitos os inimigos na Inglaterra. —Não me agrada lorde Huard nem seus métodos, meu senhor. — admitiu Giles — Mas cumpri com as ordens do duque. Assaltei esta fortaleza e me fiz com o controle d Taerford, tal e como me pediu que fizesse. Antes que pudesse continuar e tivesse a oportunidade de defender-se ou explicar as acusações, abriram-se as portas do salão e entrou um numeroso grupo de soldados. Os homens do bispo e os de Giles trataram de impedi-lo, mas eram muitos. Eudes ia à frente dos recém chegados. —Comunicou-lhe a acusação, excelência? E, perguntou a essa saxã, a prostituta traiçoeira com a que se casou? — disse Eudes enquanto cuspia no chão— Tem que saber que não pode confiar em suas palavras. Uma mulher como essa só deveria usar sua boca para uma coisa. — acrescentou enquanto agarrava vulgarmente seu membro— E não me refiro à oração, excelência. Giles se levantou de um salto e tirou sua adaga sem pensar- duas vezes. Não era sua intenção matar Eudes, mas desejava lhe fazer muito dano. Cada vez que esse homem abria a boca era para fazer algum obsceno comentário e viu que Fayth se converteu em sua vítima favorita. Não pensava permitir que continuassem os insultos. Teve tempo de brandir sua arma e lhe dar um par de murros antes que os soldados do duque os separassem. Arrastaram Giles e o sentaram de novo em sua cadeira. Encolerizado, agüentou em seu lugar à espera do que tivesse que dizer o bispo. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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—E existe uma acusação ainda major contra você, lorde Giles. Do que se trata? —perguntou angustiado ao ver o sorriso no rosto do Eudes. —Falaram-me, que tivera prisioneiro um dos filhos e herdeiros do rei Harold e o deixou partir. Eudes estalou em gargalhadas e Giles ficou sem palavras. Já havia suspeitado que Edmund fosse algo mais que um cavalheiro a serviço de lorde Bertram, até tinha chegado a pensar que estava por cima do senhor de Taerford, mas nunca poderia haver imaginado o que acabavam de lhe dizer. Por um segundo, perguntou-se se Fayth saberia. Mas só foi um segundo, em seguida se deu conta de que tinha que sabê-lo. Tinha lhe pedido que tivesse misericórdia de Edmund aquele primeiro dia para que o deixasse livre. E assim o tinha feito. —Tragam a senhora de Taerford. — ordenou o bispo. Dois dos soldados do duque assentiram com a cabeça. Roger esperava ordens de seu senhor e Giles lhe fez um gesto para que permitisse ir procurála. Esperaram em silêncio enquanto saíam os soldados do salão. Perguntou-se se admitiria ante essa gente quem era Edmund e que ela também tinha participado do engano. Giles teria ordenado que matassem Edmund se soubesse quem era. Tinham-lhe chegado rumores que asseguravam que esse homem tinha fugido com outro filho de Harold para tentar organizar a resistência ao novo monarca e recuperar assim o trono da Inglaterra. A outra opção que tinha era apoiar Edgar o Nobre como novo rei. Não podia acreditar que tivesse tido Edmund tão perto e o tivesse deixado partir. E tudo porque assim o tinha pedido uma mulher. Doía-lhe a cabeça, tinha uma enxaqueca terrível. Levantou-se e se serviu de uma jarra de cerveja. Também tinha o estômago revolto e lhe
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custou não vomitar a bebida, mas atraiu sua atenção nesse instante o som dos passos na escada. Aproximava-se Fayth. —Lorde Giles, se me permitirem isso, será eu quem me ocuparei. — disse então o bispo— Sir Eudes eu mesmo me encarregarei de que lhe expulsem daqui se nos incomodarem de alguma forma. Os homens do duque se aproximaram do cavalheiro para poder atuar se o bispo assim o indicava. Fayth entrou e passou ao lado de Giles para sentar-se onde o bispo lhe indicava com um gesto, mas ele não pôde olhá-la. Podia sentir seu medo e entendia que assim fora. Ia ter que justificar seus atos frente à lei normanda e não lhe ia servir de nada ser uma dama saxã nem ter tido uma boa posição em Taerford. —Fayth de Taerford, peço que me responda com a verdade todas as minhas perguntas. — disse o bispo com seriedade— É certo que o homem com o qual esteve a ponto de se casar quando lorde Giles…? —Se pudesse explicar, meu senhor. — interrompeu ela— Se pudesse, por favor, falar com meu marido… Não sabia se Fayth guardaria mais secretos e temia que pudesse revelar mais coisas. Negou com a cabeça. —É Edmund Haroldson, não é assim? —perguntou-lhe Giles em voz baixa— Herdeiro de seu pai, o falecido rei e conde de Wessex, verdade? Fayth olhou a seu redor brevemente. Depois se fixou de novo nele. —Sim, meu senhor. «Maldição!», pensou ele. —Mas, meu senhor deixe que me explique… — pediu Fayth enquanto ia para ele. Giles fez um gesto para Roger e este deteve a senhora. O bispo ordenou que a subissem de novo a seus aposentos. —Isto não pode ficar assim, excelência. —interveio sir Eudes — Essa mulher mentiu e deve ser castigada. Acolheu aqui ao inimigo do duque e
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atacou seus soldados. Este homem está em zelo e muito ocupado levando essa prostituta à cama para tomar medidas necessárias… Eudes recebeu um murro antes que tivesse tempo de reagir. Giles não se pôde controlar. Estava seguro de que tinha quebrado o nariz e possivelmente também a mandíbula. Nada lhe satisfez mais nesse instante que sentir os ossos desse canalha rompendo-se sob seus nódulos. .—Bem, essa também era uma medida necessária —comentou o bispo com um sorriso ao ver o cavalheiro no chão e inconsciente— Tirem o daqui agora mesmo. Giles ordenou que Eudes e seus soldados fossem expulsos da fortaleza e vigiados até que o bispo desse outras ordens. Quando limparam o salão e ficaram sozinhos, olhou de novo ao clérigo. —Qual é sua decisão, excelência? —Acredito que a melhor maneira de sair deste dilema seria capturando você mesmo Edmund para entregar-lhe depois ao duque. Então, ninguém questionaria a participação da senhora nem a sua na fuga de Edmund. Empalideceu ao escutar as palavras do bispo. Nem sequer tinha passado pela cabeça que Fayth pudesse saber onde se encontrava esse homem. Furioso, deu-se conta de que sua esposa riu dele e tomava por um tolo. —Posso lhe oferecer nossa hospitalidade esta noite, excelência? — perguntou-lhe Giles tentando manter a compostura. — Eu adoraria. Se tiver que responder mais adiante as perguntas do duque, deveria indagar um pouco mais antes de confirmar as acusações quando só ouvi uma parte, meu senhor. Aceitarei sua hospitalidade durante vários dias. — disse o bispo ficando de pé — Têm uma capela em Taerford, não é assim? Contam também com um clérigo ou deveria eu me encarregar de celebrar amanhã a missa?
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Olhou-o surpreso. Tinha conhecido a muitos clérigos poderosos, mas poucos deles tinham sido realmente piedosos. O Padre Henry era outro desses raros homens de Deus. —Temos um sacerdote que se ocupa de nossas almas em Taerford, excelência. —Sou servo de Deus antes que servo do duque. — falou o bispo Obert — Acredito que irei visitar capelão se não lhe importar. Vive aqui? —Lucien pode lhe acompanhar até a capela e avisar a Padre Henry. Seu dormitório está anexado ao templo. Giles ficou em pé para se despedir do bispo. Roger voltou pouco depois e lhe informou que tinha deixado um guarda vigiando a porta de Fayth. Desejava ir falar com ela. Não sabia se lhe implorar que lhe dissesse a verdade ou repreendê-la por haver ocultado durante todo esse tempo. Até que refletisse sobre qual era a melhor maneira de atuar, decidiu que devia permanecer longe dela.
Fayth não viu ninguém durante o resto do dia nem tampouco de noite. Ninguém entrou em seu quarto, só Ardith com o jantar. Passou horas e horas ali presa, refletindo sobre quão estúpida tinha sido ao não confiar em seu marido. Tudo o que a rodeava recordava ele e fazia que se sentisse ainda pior. Olhava à cama e só podia pensar nos bons momentos ali passados. Desde a cadeira onde tinha estado lhe lendo histórias. Viu o cinturão que Giles lhe tinha presenteado. Tinha sido feito por sua mãe para que o entregasse algum dia a sua futura esposa. Nunca havia se sentido tão mal em toda sua vida. Brice já o tinha advertido desse dia na aldeia, quando foi visitar pela primeira vez à mulher ferida. Havia-lhe dito que chegaria o dia do ajuste de contas e tinha ocorrido antes do que se poderia ter imaginado. Ela tinha sido
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a que tinha provocado essa situação ao não confiar plenamente em seu marido. Precisava falar com Giles. Acreditava que, se lhe deixasse explicar seus atos, ele entenderia suas razões. Cada vez que ouvia um criado do outro lado da porta lhe ordenava que avisasse ao senhor, mas passava o tempo e seguia sozinha. Não se surpreendeu que Giles não fosse passar a noite com ela, mas lhe doeu muito sua ausência. Não entendia como iria conseguir esclarecer as coisas se ele se negava a falar com ela. Passou-lhe pela cabeça que Giles não queria saber nada mais de sua esposa. Possivelmente pensasse em desfazer-se dela. Levantou-se da cadeira uma vez mais e começou a dar voltas pela habitação. Olhou pela janela e foi depois escutar detrás da porta. Despertou antes do amanhecer e, depois de lavar-se e vestir-se, tinha ido apoiar se na janela para deixar que o vento de novembro lhe esclarecesse idéias. Escutou então Roger falando do corredor e avisando a de que ia abrir a porta. —Minha senhora. O bispo me pediu que lhes perguntassem se desejam ir à missa esta manhã. — disse o soldado. —Estará ali meu marido, Roger? —Sim, minha senhora. Mas foi o Padre Henry que sugeriu ao bispo que alguém viesse lhe avisar. — disse Roger enquanto arrumava a capa— Lhe acompanharei agora à capela se deseja assistir ao serviço religioso. Fayth tomou a capa e o cavalheiro a ajudou a colocar sobre os ombros. Seguiu-o escada abaixo, atravessaram o salão e saíram ao pátio. Fazia muito vento e teve que segurar o véu com a mão enquanto andava. Quando chegaram à capela, Roger a acompanhou até seu assento na parte dianteira do templo. Depois, ficou ao seu lado para vigiá-la.
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Proposta ser discreta, mas não pôde evitar procurar Giles com o olhar. O bispo ia celebrar a missa, era toda uma honra para uma fortaleza tão pequena como Taerford. O Padre Henry celebrou a eucaristia com o prelado. Terminou a missa e ainda não tinha conseguido ver seu marido. Mas quando saía todo mundo da capela, viu-o por fim ao lado da porta. Colocou-se frente a ela para evitar que saísse. Não se atrevia a olhá-lo no rosto. Imaginava que estaria furioso com ela. Deixou que Roger saísse e ouviu que fechava a porta atrás dele. —O bispo e Padre Henry acreditaram que não me atreveria a lhes fazer dano aqui na capela e que este era o melhor lugar para que pudéssemos falar — disse Giles. Queria acreditar que estava só brincando. Mas, quando por fim se atreveu a olhá-lo, deu-se conta de que falava muito a sério. Conteve o fôlego e esperou que estalasse sua fúria. A pergunta que lhe formulou era muito clara. — Por quê? —disse-lhe então Giles sem olhar no rosto. Sua pergunta a confundiu. Tinha traído seu marido de várias maneiras e não acreditava que ele soubesse toda a verdade. Não sabia como lhe responder. Quando por fim Giles a olhou, viu que em seus olhos não havia a ira que tinha esperado ver. Parecia estar completamente desolado e isso lhe doeu ainda mais. —Entendo que não revelasse o verdadeiro nome desse indivíduo nesta mesma capela. O teria matado sem lhe duvidá-lo disse Giles—. Mas depois… Depois, quando as coisas se assentaram entre nós, por que não me disse então a verdade, senhora? —Não pensei que fosse descobrir nunca a verdade, Giles. Depois que se foi, pensei que não voltaria a vê-lo. As notícias que me chegavam sobre os efeitos da invasão normanda e as poucas possibilidades que tínhamos os saxões de vencer me convenceram de que nunca voltaria a vê-lo. —Mas o viram. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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Não era uma pergunta, parecia sabê-lo. —Sabia? —Descobri recentemente, refletindo sobre suas palavras me dava conta de que o tinha visto. Seguro que foi na aldeia. No dia que voltaram, eu pensei que tinham estado recordando a seu pai. Era no Edmund em quem pensavam, não é assim? Queria negá-lo, mas não podia fazê-lo. Queria ficar de joelhos e lhe pedir que a perdoasse, mas duvidava que Giles fosse acreditar nela. Assim se limitou a assentir com a cabeça a modo de resposta. —Então, desde nossos votos matrimoniais nesta capela, mentiste-me, traíste-me, enganaste-me e me roubastes… Esteve a ponto de negá-lo quando recordou que Edmund havia subtraído mantimentos da aldeia. —Roubaste-me e a sua própria gente. E tudo, para que, Fayth? O que é o que esperava conseguir com isso? Giles deu uns passos atrás e a olhou. —Esperavam que se reunisse uma sublevação por parte dos saxões? Isso não vai ocorrer. William vai subir ao trono da Inglaterra, nenhum grupo de rebeldes como o que possa ter Edmund vai conseguir parar seus planos. O exército de Harold e o de todos os grandes latifundiários saxões foram vencidos na batalha do Hastings. Não ficou ninguém para liderá-los nem para lutar. — lhe explicou Giles— Acaso acredita que só necessitava de uma fortaleza para lutar e ganhar a batalha aos normandos? —Como sabe? —perguntou-lhe ela. Dava-lhe a impressão de que Giles sabia tudo o que Edmund lhe tinha contado para tentar convencê-la de que devia ajudá-lo. —Um de seus homens, que agora me jurou lealdade, pensou que o melhor que podia fazer era confiar em mim e me dar essa informação — disse Giles ressaltando as palavras—. Tinha visto Edmund e a seus homens entrando na aldeia e roubando comida. Hallam pensou que deveria sabê-lo para proteger a você e as pessoas de Taerford. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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Rompeu-lhe o coração nesse preciso instante. Os habitantes dessas terras, aqueles que acreditava ter estado protegendo com seu silêncio, confiavam nesse cavalheiro bretão mais que ela mesma, sua esposa. —Sabe que Edmund pretendia lhe usar igual o fez William. Se não se casaria com você e utilizava estas terras para organizar um levantamento, usar-lhe-ia para dar a alguém em troca de conseguir o que se propunha. Depois, teria se livrado de você sem pensar em sua segurança nem em sua felicidade, igual ao que fez meu senhor. Giles parecia estar muito cansado, faltava-lhe a voz enquanto falava. Mas respirou profundamente e a olhou nos olhos. —Se não era para tentar ganhar esta guerra, para que o fez? — perguntou-lhe então. —Esperava… — começou ela. Mas tinha um nó na garganta que lhe impedia de seguir, lhe encheram os olhos de lágrimas. —Perdi tudo, tudo o que amava. Pensei que Edmund poderia me devolver essa vida… — disse por fim. Escutou suas próprias palavras e lhe pareceu que suas razões careciam de força. Seguia vivendo na mesma casa em que tinha nascido e ainda podia desfrutar da terra que seus pais haviam herdado e que tinha formado parte de sua família durante várias gerações. Seus filhos poderiam as herdar também. Sentiu-se muito tola ao ver todos os problemas que tinha criado sem motivos. Deu-se conta de que lorde Giles era um homem honorável, deveria ter acreditado plenamente nele. E o que mais lhe angustiava era ver toda a dor que havia nos olhos de seu marido enquanto esperava que lhe desse algum tipo de explicação. Acreditava que deveria ter lhe entregue sua confiança no mesmo momento que lhe entregou seu coração. Mas foi nesse instante na capela quando se deu conta de que se apaixonou por ele e a força desses Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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sentimentos fez que desse alguns passos para trás, até dar com a parede da capela. Apesar de ter lutado contra ele e de não lhe haver contado a verdade, apaixonou-se por Giles. Embora houvesse estado convencida de que Edmund era a solução a todos seus problemas e aos de seus vizinhos, era seu marido a quem amava. E soube que ele era a solução de seus problemas. Era ele quem se ocupava de sua gente, quem queria preparar tudo para o inverno, quem confiava nas habilidades de sua esposa para que colaborasse na organização da fortaleza. Era ele quem se preocupava com seu bem-estar. —Está se dando conta do que fez? —perguntou Giles— Me dirá por fim a verdade? Dirá onde está Edmund? Negou com a cabeça. Embora amasse ao Giles, não podia lhe entregar Edmund. —Não posso… Giles foi até ela e a tomou pelos ombros para que o olhasse nos olhos. —Se não o encontrar e não o entregar aos homens do duque, o bispo me deterá e me prenderá. Se o duque acreditar que Edmund segue vivo e está usando estas terras para esconder-se e preparar uma guerra contra ele, enviará a seu exército contra Taerford e arrasará tudo. Não podia olhá-lo, mas ele não a soltava. Sabia que tinha razão e era terrível saber. — O próximo senhor normando que enviarem para tomar Taerford, não perderá nem por um segundo preocupar-se com as condições de seus vizinhos. Será alguém como lorde Huard, que trata aos seus servos pior que a seus cães de caça. Giles sacudiu seus ombros e a atraiu depois contra seu corpo. —Se fracasso em Taerford, será o fim de sua família. Vocês morrerão porque William não vai tentar encontrar um marido para você, será completamente dispensável para ele. Se fracassar nem Brice nem Soren terão a oportunidade de conseguir suas próprias terras. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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Giles a soltou então e se separou dela. —Todos nós sofremos muito para chegar aqui. Todo esse trabalho, o treinamento, as batalhas e a perda de amigos terá sido inútil se eu fracassar. Passou as mãos pelo rosto com desespero. Parecia tão cansado como ela estava. Imaginou que Giles tampouco tinha dormido. Levantou então os olhos para ela como se acabasse de dar-se conta de algo. —Ama-o tanto que quer salvar sua vida por cima de tudo? —Não! —gritou ela— Não o amo como você pensa, Giles. Já disse que ele não tem lugar em meu coração. —Disse-me muitas coisas, senhora, e começo a duvidar de cada palavra que ouvi saindo de seus lábios. — falou ele enquanto a fulminava com o olhar — Pelo amor de Deus, Fayth, me diga onde esta. Ajude-me a sair dessa embrulhada pelo bem de todos. Ela baixou a cabeça, não podia olhá-lo aos olhos. —Não posso trair Edmund. Sei que isso não me redimiria ante você, Giles. —Disse que confiava em mim, Fayth. Em nosso quarto naquela noite, deu-me sua confiança e eu acreditei. Confia agora em mim para sair desta confusão. Diga-me onde está Edmund. Seu coração lhe dizia que fizesse uma coisa enquanto que sua cabeça e sua honra lhe pediam que fizesse o contrário. Ao final, não respondeu de maneira nenhuma. Olhou para Giles e viu como apertava com fúria os lábios formando uma fina linha. O marido que se apaixonou desaparecia ante seus olhos e já só ficava o vingador cavalheiro tal e como o conheceu no dia do assalto a Taerford. —Maldita sejam, Fayth de Taerford — resmungou ele enquanto passava do seu lado para sair da capela.
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Capítulo 18 Tiraram Fayth de seus aposentos mais tarde neste mesmo dia porque o bispo queria examinar os pergaminhos onde se detalhava os nomes dos arrendatários de Taerford. Também queria saber quantos servos havia na fortaleza, com que mantimentos contavam e alguns dados a mais, mas não podia decifrar suas notas e ninguém tinha podido ajudá-lo. Desceu até onde estava o bispo e, sem saber muito bem seus objetivos nem seu temperamento, a princípio se limitou a responder suas perguntas sobre as terras, os cultivos, os bosques, o rio, o moinho e quais camponeses viviam e trabalhavam em Taerford. Giles atravessou o salão muitas vezes enquanto o bispo fazia perguntas, mas não a olhou em nenhum momento, nem se deteve para escutá-los. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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Quando se fez de noite e chegou à hora do jantar, pediu permissão para retirar-se para seus aposentos, não queria ter que ver Giles triste e saber que ela era a causadora de seu estado de ânimo. E o pior era que poderia aliviar sua dor com uma palavra, mas se lhe dava o que queria acabaria com a vida de quem tinha sido seu amigo da infância. Foi diretamente para cama, essa cama vazia, embora fosse ainda cedo. As orações habituais não conseguiram consolar sua alma nem lhe dar esperança. Virou-se para o lado onde Giles estava acostumado dormir e acariciou seu travesseiro até dormir. Não soube o que a fez despertar de repente, mas viu que havia uma vela acesa na mesa e notou algumas sombras em movimento. Apoiou-se nos cotovelos para ver o que acontecia. O som de sua respiração foi à primeira coisa que notou, depois viu sua silhueta nas sombras da parede. Não sabia quanto tempo estaria ali, mas se limitava a observá-la do lado da cama. Já o tinha feito antes, como quando se recuperava do golpe do Stephen. Recordou que a tinha visitado alguma vez na metade da noite para ver como estava. Emma tinha contado quando por fim se recuperou. Mas essa visita era distinta, quase podia sentir a ira que emanava do corpo de Giles.
Giles tinha jurado que nunca tomaria a sua esposa pela força nem deixou se levar pela ira, mas essa mulher tinha conseguido tirar o de sossego. Pensar que Fayth amava a outro homem tanto para arriscar tudo para salválo tinha conseguido lhe romper o coração em mil pedaços. Tentava não pensar nela e ignorá-la, mas não tinha conseguido. Enfrentou-a na capela para tratar de encontrar respostas, mas só tinha conseguido zangar-se mais. Depois do jantar havia estado bebendo licores que o bispo tinha levado consigo. O álcool corria por seu sangue e a desejava mais que nunca. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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Esse desejo o tinha levado até seus aposentos, onde tinha estado observando-a enquanto dormia. Necessitava-a tanto como a odiava. Se ela tivesse dormindo ou ao menos fingindo que o estava, teria podido controlarse para deixá-la tranqüila, mas Fayth era diferente das outras mulheres. Quando ela abriu os olhos e viu que ele a estava observando, levantou as mantas que cobriam seu corpo e o convidou a tomá-la. Ele nem sequer se despiu, mas sim limitou a afrouxar o cinturão e baixar calças antes de cair sobre sua esposa. Deixou-se levar pela ira, que acendia ainda mais seu desejo. Agarrou com força sua camisola e o arrancou até deixar seus peitos descoberto. Beijou-a com brutalidade e sem olhar. Mordeu seu pescoço e seus ombros, sem se importar que no dia seguinte houvesse marcas em sua pele. Desejava que Fayth pudesse recordar assim o que tinha passado. Ela não se queixou em nenhum momento. Tudo o que saía de sua boca eram gemidos de paixão. Tivesse preferido que Fayth não lhe permitisse fazer algo assim com ela, mas se tinha abandonado por completo aos seus desejos. Cada vez que a apertava, recuperava parte do controle, Fayth o beijava ou acariciava. E assim conseguia zangá-lo mais, mas também aumentar seu desejo. Enquanto ele saqueava com ferocidade seu corpo, lhe sussurrava tenras palavras. Quanto mais ofensivo se mostrava ele, mais se entregava Fayth. Quando lhe separou sem olhar as pernas para deslizar-se em seu interior, ela o recebeu de boa vontade, lhe permitindo que fizesse com ela o que quisesse. Tratou de ignorar seus gritos de prazer e centrar-se só no seu, mas era impossível não escutar seus gemidos enquanto chegava ele também ao clímax. Deixou-se cair sobre ela, vazio já, mas ainda mal-humorado. Tinha vontade de lhe pedir nesse instante perdão pelo que acabava de fazer, mas não podia sequer pensar com suficiente claridade para dizer as palavras apropriadas. Separou-se dela e viu que havia lágrimas em seu rosto. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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Não pôde suportar. Levantou-se da cama e vestiu de novo as calças. Caminhou até a porta, olhou-a uma vez mais, só em sua cama de matrimônio. Deu-se conta de que Fayth tinha aceitado sua ira e não tinha deixado que lhe fizesse mal. —Não amo Edmund — sussurrou Fayth quando ele já tinha a mão na porta. Soube ao escutá-la o que ia dizer a seguir. Não precisava escutar Fayth já o tinha demonstrado ao deixar que a possuísse dessa maneira tão brutal. Uma parte dele não queria ouvir essas palavras, a outra parte rezava para que sua esposa as dissesse. —É a você a quem amo meu marido. Apoiou o rosto contra o marco da porta e fechou os olhos. Em outras circunstâncias, faria qualquer coisa para conseguir que lhe dissesse essas palavras, inclusive o teria rogado de joelhos. Mas tudo tinha mudado entre os dois. —Maldita sejam Fayth — replicou ele abrindo a porta com ímpeto e saindo dali a toda pressa e tão zangado como tinha entrado.
Giles voltou a descer para salão, onde Brice o esperava sentado à mesa. Outra taça dos licores do bispo o esperava ali. Levou aos lábios e a terminou de um só gole. «Por minha culpa, por minha culpa, por meu maior culpa», disse-se então ao recordar as palavras que Fayth tinha estado repetindo na cama. Pedia-lhe perdão enquanto ele a tirava de forma brutal. Fechou os olhos e apoiou a cabeça entre suas mãos. —Visitastes sua cama? —perguntou-lhe Brice. —Sim — confessou ele. —Mas vejo que isso não acalmou seus ânimos.
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Se tivesse sido outro o que lhe falasse de um algo tão pessoal, teria dado um murro, mas sabia que não tinha má intenção. Soren, Brice e ele se iniciaram juntos e só com eles podia falar com naturalidade desses assuntos. —Pediu-me que a perdoasse e me disse que me ama. Brice ficou em silêncio e entendeu que ele também estava surpreso. Preencheu as taças dos dois e não voltaram a falar até que as terminaram. —O que vai fazer agora? —Depois de lhe pedir que me perdoe? —repôs Giles. Brice assentiu com a cabeça. —Não sei o que fazer. — prosseguiu ele— Tentarei urdir um plano para capturar Edmund, me liberar de sir Eudes e lorde Huard e conseguir que minha esposa me obedeça em tudo. —Apostaria muito dinheiro que consiga realizar mais facilmente o primeiro que o último. —Penso o mesmo. Vamos amigo. Será melhor que nos retiremos. Logo amanhecerá e temos muito que fazer. Brice foi dormir no celeiro com o resto dos soldados. Ele subiu. Sabia que Fayth permitiria que entrasse em seu dormitório de novo e inclusive em sua cama, mas não queria fazê-lo até que pudessem esclarecer as coisas entre eles. Por essa noite, limitou-se a deitar-se no chão ao lado da porta de seus aposentos. Quando chegou de manhã e os criados começaram com suas tarefas, levantou-se e abriu a porta do dormitório enquanto rezava para que Fayth pudesse perdoá-lo.
Os sons da casa lhe indicaram que havia chegado uma nova manhã. Fayth abriu os olhos e se estirou sob as mantas. Doía-lhe todo o corpo e recordou por que. Giles. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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Fechou os olhos de novo e rememorou o momento. Seu marido tinha entrado no dormitório como um furacão. Seu olhar tinha estado cheia de ira e lhe tinha feito amor com brutalidade. Ela entendeu que era a raiva dominando-o e não quis lhe causar mais danos. Por isso o tinha permitido. Temeu durante uns segundos por sua vida, sobre tudo quando lhe arrancou a camisola, mas depois se deu conta de que não estava tão zangado com ela como o quanto estava com ele mesmo. Depois disso, o encontro não tinha sido muito mais violento que os mais apaixonados que tinham tido nessa mesma cama. Suspirou ao recordar o último que lhe havia dito. Não sabia se teria sido boa idéia lhe falar de amor em um momento tão dominado pela ira como aquele. Mas já era muito tarde para tornar-se atrás. Decidiu levantar e enfrenta esse dia da melhor maneira possível. Afastou as mantas e se sentou na cama. Foi então quando viu seu marido estava ali a observando, como o tinha feito umas horas antes. Seu rosto parecia uma escultura de pedra. Não havia nele nenhum tipo de expressão. Mas em seus olhos sim havia vida. Estavam cheios de dor e culpa. —Podemos falar agora? —perguntou- Giles. Depois ficou em pé e lhe entregou uma camisola limpa. Ela se vestiu tão depressa como pôde. —Antes que nada, sei que pensa que merecia o que lhes fiz, mas não é assim. Prometi que nunca a tomaria à força nem me deixando levar pela ira, mas ontem à noite faltei a minha palavra. — disse ele. Giles a olhou aos olhos e afastou depois os olhos. Parecia sentir-se muito culpado. —Me perdoe Fayth —pediu— Lhe dou minha palavra de novo e espero ter desta vez a vontade suficiente para não voltar a faltar com ela. —Não voltar a faltar com a sua palavra? O que quer dizer, Giles?
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Convenceu-se de que ele tentaria livrar-se de uma esposa tão preocupante como ela, ia anular seu matrimônio ou encerrá-la em algum lugar. Tinha motivos para fazer qualquer uma das duas coisas. Sabia que poderia contar inclusive com a bênção do bispo, que sabia o que ela tinha feito. —Nunca tinha estado casado até agora, mas vi muitos matrimônios entre nobres e também entre camponeses. Alguns são felizes e tranqüilos. Outros infelizes e problemáticos. E há os que têm um pouco de tudo. Suspeito que o nosso não será nunca tranqüilo, mas acredito que poderemos encontrar uma maneira de sermos felizes. —Pensei que me repudiaria. —sussurrou ela. —Me passou pela cabeça. Pedi que confiasse em mim e que me obedecesse. Deu-me sua palavra, ao menos foi isso que pensei. Agora, custaremos a reconstruir o que se perdeu entre nós. —Giles, o que posso fazer para lhes demonstrar que quero que isto funcione? Mas sabia muito bem o que seu marido esperava dela, já o havia dito. —Deverei trair Edmund para ganhar sua confiança? —perguntou-lhe então. Giles foi até a janela e a abriu para que entrasse um pouco de ar fresco e a luz do sol. Ficou olhando o horizonte um bom tempo antes de responder. —Se lhes pedisse isso, não estaria sendo melhor que ele e quero acreditar que o sou. Já te falei por que temos que entregar ele. É sua decisão se quer confiar em mim ou guardar a informação e proteger a ele. —Pensarei Giles. —Não pense por muito tempo, Fayth. Logo, serão outros os que tomem as decisões por mim sem que possa fazer nada para evitar. — respondeu seu marido indo para a porta— Pedirei a Emma que venha lhes atender, mas preferiria que permanecesse todo o dia aqui. Eudes segue na fortaleza e não quero que lhe veja. Se o bispo necessitar, farei que lhes avisem. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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Ela assentiu com a cabeça, sabia que Giles só tentava protegê-la. Queria lhe dizer algo mais, mas não se atreveu. Tinha conseguido um frágil equilíbrio e não queria dizer nada que pudesse pôr em perigo essa trégua. Giles saiu do quarto e ela se deixou cair sobre a cama. Tinha temido que não pudesse sair daquela confusão e a conversa que acabava de ter com seu marido lhe dava um pouco de esperança. Ele não pensava obrigá-la a que trair seu amigo da infância. Só lhe tinha pedido que o fizesse, deixando assim que fosse sua a decisão. Entendeu nesse momento que às vezes é mais singelo ver-se forçado a fazer algo, para não ter que sentir-se culpado por isso. Se Giles a estivesse obrigando a fazê-lo, não teria que enfrentar a uma decisão tão difícil. E teve que enfrentar às conseqüências de suas dúvidas nesse mesmo dia. As mais horríveis que podia ter imaginado.
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Capítulo 19 Fayth ouviu os gritos na distância, longe da fortaleza. Mas foram aproximando-se mais e mais. Deixou de lado a túnica que tinha estado remendando e abriu as venezianas para tentar ver de onde procedia tanto gritaria. Reconheceu então as vozes e soube que sir Eudes era o culpado daquilo. Ficou nas pontas dos pés e se esticou tanto como pôde, mas não conseguiu ver nada. Giles lhe tinha pedido que não saísse de seus aposentos durante todo o dia, mas imaginou que não se importaria que entrasse no pequeno quarto que havia continuo ao seu dormitório. Abriu essa porta e foi diretamente à janela do pequeno quarto. Por desgraça, de ali sim que pôde ver tudo o que estava passando. Sir Eudes e seus soldados rodeavam um homem amarrado e amordaçado que se retorcia sobre a areia. Tentava levantar-se ou escapar e alguém lhe deu um forte soco que o atirou de novo ao chão. Caiu então de barriga para cima e pôde ver durante um segundo seu rosto. Tratava-se de Siward. Ficou chocada ao ver quem era. Sabia que lorde Huard o castigaria com uma morte lenta e dolorosa. Fora de si, procurou com o olhar por todo o pátio enquanto rezava para que não tivessem capturado também Nissa. Precisava descer e pôr fim a essa tortura. Esperava que Giles pudesse intervir, mas se deteve um segundo para pensar na posição de seu marido. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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Siward tinha sido marcado como um escravo. Por lei, pertencia a seu senhor igual às terras e outros bens materiais. Acabavam de encontrá-lo em domínio de Giles e, como senhor normando que era, teria que acatar as leis e devolver esse homem ao seu legítimo dono. Além disso, com o bispo em Taerford observando tudo e tomando notas para poder informar ao duque William, Giles não tinha alternativa. Revolveu-lhe o estômago pensar nisso. Sentiu que se afogava, mas tinha que fazer algo. Abriu a porta e desceu correndo as escadas. Recordou então as palavras de seu marido lhe pedindo que ficasse no quarto todo o dia, mas a vida de um homem estava em perigo e decidiu que devia agir e enfrentar depois à ira de Giles. Tão depressa como pôde, foi à sala que tinha estado usando como despensa. Tirou do armário os pergaminhos com os contratos de arrendamento. Rezou para que pudesse encontrar ali algum nome que se parecesse minimamente com o de Siward. Era tudo o que necessitava para tentar convencer ao bispo. Saiu ao pátio e penetrou entre a multidão que ali se amontoava. Chegou ao lado de Siward ao mesmo tempo em que Giles. Viu a ira em seus olhos quando a viu ali. —Meu senhor… —Senhora, este não é seu lugar. Volte agora mesmo para seus aposentos. — ordenou Giles. —Excelência! Tenho os pergaminhos com os arrendatários — disse ela ao bispo. Chegou então ao seu lado, agarrou sua mão e atirou dela para que não dissesse nada mais. —Fora daqui! —repetiu Giles fora de si— Agora! —Mas posso ajudar… —Você e a causadora de tudo isto. Volte para dentro e deixem que me eu ocupe. Estava a ponto de fazer o que seu marido lhe pedia quando sir Eudes chamou a eles e ao bispo. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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—Não há necessidade de ver pergaminhos de nenhum tipo, excelência — disse o cavalheiro. Agachou-se e rasgou a túnica e a camisa de Siward. —Este homem pertence à lorde Huard. Viu uma letra «H» marcando sua pele. Ela não pôde afogar um grito ao vê-lo. Não tinha sido marcado com um ferro com essa letra a não ser com três largos ferros formando a inicial de seu dono. Era como o que Nissa tinha no traseiro. Antes que pudesse reagir, Giles lhe sussurrou ao ouvido que tudo sairia bem. Depois a empurrou nos braços de Roger e lhe ordenou que a levasse para dentro. E se afastou dela sem olhá-la. Não poderia ter entrado no castelo por seus próprios pés. Custou fazêlo inclusive com ajuda. Caiu ao estava acostumado a desabar até que Emma foi ajudar a e a sentou em uma poltrona. Sabia que deveria lhe haver falado de Siward e Nissa. Também deveria ter contado ao seu marido quem era Edmund e que planos tinha. Deveria ter acreditado nele…
Giles sabia que deveria haver contado para Fayth a verdade sobre os que escapavam das terras de lorde Huard com sua ajuda, mas devia concentrar-se em sair dessa confusão. Brice lhe tinha contado tudo o que tinha descoberto sobre a crueldade de seu vizinho e os corpos encontrados no caminho. Tudo o que Eudes necessitava para levar a Giles ante o duque e lhe tirar as terras era encontrar um desses servos, vivo ou morto, em sua propriedade. E lorde Huard, por sua proximidade, era o mais firme candidato a ficar com Taerford se o expulsassem dali. Até esse momento, tinham conseguido levar os servos que fugiam até a relativa segurança que lhe oferecia o acampamento dos rebeldes instalado fora de suas terras. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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Não entendia por que Siward teria retornado, mas já não importava, tinha sido capturado e temia não ter o tempo necessário para riscar um plano que o ajudasse a escapar de novo. —Excelência… — começou ele sem saber muito bem o que ia dizer ao clérigo. —Não. — interrompeu sir Eudes— Esta marca é a única prova que necessito. Nada de pergaminhos nem contratos. Raoul levem-no de volta ao castelo de lorde Huard — ordenou a um de seus homens enquanto dava outro soco no prisioneiro. Embora alertasse aos rebeldes, duvidava de que pudessem vencer oito homens a cavalo e liberar Siward. Pensou que o melhor era equilibrar um pouco mais a luta. Acreditava que com dois homens sim poderiam. Foi até o bispo para tentar conseguir seu apoio, mas sabia que sir Eudes não ia facilitar. —Como cavalheiro de lorde Huard e em seu nome, acredito que estou em meu direito de inspecionar o resto da aldeia para tratar de encontrar outros fugitivos, senhor. — disse Eudes — Deveria enviar este de volta ao castelo com meus homens ou deveria ficar e inspecionar a aldeia, senhor? Amaldiçoou entre dentes ao ver que sir Eudes tinha adivinhado suas intenções. Pensou que quão único podia fazer era render-se e tentar avisar aos outros. Aproximou-se do bispo e lhe informou sobre os cadáveres encontrados por Brice e suas suspeitas. Pediu-lhe que limitasse a quantidade de homens de sir Eudes que fossem atravessar suas terras sem serem vigiados por soldados de Taerford. Não soube muito bem por que, mas o bispo Obert acessou e deu as ordens oportunas. Giles olhou entre as pessoas até encontrar com o Brice. Fez-lhe um sinal para comunicar que seguiam adiante com seu plano. Para quando dois dos homens do Eudes saíram de Taerford, Brice já tinha enviado uma mensagem aos rebeldes para que os interceptassem e liberassem Siward.
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Dispersou-se a multidão, e Giles voltou para castelo em busca de sua esposa. Mas viu a Emma descendo as escadas e a criada lhe disse que Fayth não se encontrava bem. Decidiu então que o melhor que podia fazer era deixar que descansasse. Saiu da fortaleza para ir à busca de Brice. Tinham que desenhar uma estratégia para encontrar Edmund o quanto antes. Rezava para que Fayth decidisse confiar nele. Fayth passou o resto da tarde na cama. O mal-estar em seu estômago não melhorou por várias horas, quando conseguiu por fim tomar um pouco de caldo sem vomitar. Não se atreveu a sair de seus aposentos. Temia que Giles se zangasse ainda mais com ela se descobria que havia tornado a lhe desobedecer. Pensou em todo o tinha feito e se deu conta de que se colocou em uma grande confusão. Antes da chegada de Giles, não estava acostumado a cometer esse tipo de enganos. Sempre havia sabido qual era seu lugar e quais suas obrigações, mas tudo tinha mudado e acreditava que quase ninguém poderia reconhecer nela a aquela donzela, a filha de lorde Bertram. Não tinha tido o costume de informar a ninguém sobre seus atos quando seu pai não estava em Taerford, tampouco tinha necessitado pedir conselho a ninguém. Mas Giles tinha dado um giro inesperado na sua vida, que tinha mudado por completo. Por outro lado, eram tempos revoltos e perigosos. Nunca tinha feito nada que pudesse acabar na morte de ninguém, até que Edmund a meteu em seus planos. Mas o assalto de Giles para tomar Taerford tinha provocado baixas entre seus homens e ia ter que acrescentar Siward entre as vítimas de seus inconscientes atos. Sabia que não podia seguir comportando-se desse modo e que devia ser fiel à promessa que tinha feito ao seu marido. Tinha que confiar nele, lhe contar a verdade e deixar que Giles decidisse como atuar depois. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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Tinha que lhe dizer onde estava o acampamento dos rebeldes ao norte de suas terras e onde poderia encontrar Edmund. Não tinha outra opção, havia muito em jogo. Se seu amigo da infância lhe tivesse em conta, já não estaria ali, mas sim teria ido à busca de seus parentes em Northumbria ou mais longe ainda. Contente com sua decisão esperou que Giles fosse vê-la para poder lhe demonstrar que o queria e que confiava nele. Tinha estado a ponto de estragar sua relação com ele, mas estava segura de que Giles ia lhe dar outra oportunidade. Recordou como tinha sussurrado no ouvido essa tarde que tudo sairia bem. Rezava para que seu marido estivesse no certo. Ainda estava um pouco enjoada, assim voltou a deitar-se para descansar. Quando abriu os olhos algum tempo depois, o quarto começava a ficar em penumbra e a figura masculina que a observava não era a de seu marido. Giles não pôde ir ver Fayth até a hora do jantar. O dia tinha ido de mal em pior e, cada vez que tentava ir ver-la para lhe explicar a verdade, passava algo desastroso que reclamava sua imediata atenção. Depois dessa complicada amanhã e do incidente com Siward, tinham-no chamado no pátio para intervir em uma briga. A luta se estendeu pelo lugar e havia homens pegando-se olhasse onde olhasse. Não podia usar os arcos contra seus próprios homens, assim teve que esperar que se cansassem. Roger e Lucien seguiam tentando averiguar como tinha começado a briga, mas ele estava seguro de que sua esposa tinha tido parte na causa. Soube que alguns homens há tinham insultado ao considerá-la culpada da aparição de Siward em Taerford. Enquanto isso, bispo Obert seguia observando tudo o que acontecia suas terras. Passou o dia passeando pela fortaleza, o castelo e a aldeia. Tinha falado com os homens de Giles, os camponeses, o Padre Henry e com todos o que se encontrava em seu caminho. Mas ainda não tinha lhe comunicado nada a respeito. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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O prelado tinha intervindo quando lhe pediu que retivesse Eudes m Taerford, mas não tinha feito nada mais que, observar, rezar na capela e celebrar missa cada manhã com o padre Henry. Perguntou-se se teria a oportunidade de defender seus atos antes que o bispo voltasse para o duque. Não sabia se ia ter tempo suficiente para arrumar a complicada situação em que se encontravam. Subiu as escadas do castelo com a intenção de explicar a Fayth o que tinha feito para libertar Siward e acompanhá-la ao salão para que jantasse. Sabia que as pessoas de Taerford se alteravam muito se passavam dias sem ver sua senhora. Esperava que se encontrasse já melhor do estômago. Escutou ao chegar à porta, mas não ouviu nada. Perguntou-se estaria dormida. Abriu devagar a porta para não despertá-la. O quarto estava às escuras, não havia velas acesas e não viu Fayth por nenhuma parte. Acendeu um abajur de azeite e olhou com mais calma. O quarto estava vazio. Chamou-a e foi ao quarto continuo, mas tampouco estava ali. Olhou em outros quartos desse piso, mas não a encontrou. Sem querer que ninguém se alarmasse, procurou com discrição por todo o castelo, mas não estava em nenhum lugar. Já tinha feito de noite e não podia sair a procurar na aldeia nem pelas estradas. Rezou para que não estivesse em um desses perigosos caminhos. Fazia uma hora que Sir Eudes tinha saído para o castelo de Huard e não queria nem pensar no que poderia acontecer se o cavalheiro a encontra-se sozinha no meio da noite. Pensou que devia estar na capela falando com o padre Henry. Não o agradava que lhe tivesse desobedecido de novo, mas se só queria o conselho do sacerdote ou confessar-se, decidiu que poderia perdoá-la.
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Avisou Brice do que acontecia, e juntos foram procurá-la por toda a fortaleza. Ninguém a tinha visto. Não estava na capela nem em nenhum outro lugar. Os guardas tampouco a tinham visto. Nunca tinha estado tão preocupado. Voltou para seus aposentos, acendeu mais vela e inspecionou tudo com a ajuda de Brice. Viu então que o porta-jóias de madeira que Fayth guardava com seus laços e outros adornos não estavam em seu baú e se alarmou ainda mais. Mas o que conseguiu perturbá-lo por completo foi ver os anéis de compromisso de seus pais, os que Fayth tanto valorizava, atirados no chão ao lado da cama. Sabia que nunca se desprenderia dessas jóias. Embora ela o tivesse abandonado, embora Edmund a tivesse procurado e Fayth pensasse que seu marido não ia intervir para ajudar Siward e os outros, embora acreditasse que ele era um cruel cavalheiro normando, nunca se teria ido sem esses anéis. Soube então que não tinha saído voluntariamente dali. Apavora-lhe tanto a idéia de perdê-la que o coração galopava em seu peito. Tampouco podia tirar da cabeça que Fayth pudesse havê-lo abandonado para ir com Edmund. Mas recordou então sua confissão, sua esposa lhe havia dito que o amava. E, embora nunca tivesse acreditado que uma dama de alto berço como ela pudesse apaixonar-se por um cavalheiro bastardo como ele, tinha aprendido nos últimos tempos que tudo podia ser possível. Tinha que encontrá-la.
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Capítulo 20
Fayth estava faminta, esgotada e dolorida. E coçava o nariz. Tinham estado cavalgando desde que ele a tirou de Taerford. Tinha aproveitado cada hora de luz desse dia para se afastar o máximo possível de Giles. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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Depois de horas pendurada de barriga para baixo sobre o cavalo, por fim a tinham sentado na cadeira com as mãos atadas sobre seu colo. Um dos homens de Edmund, que levava o cavalo, sujeitava-a a frente dele. Quando despertou e o encontrou em seu dormitório, não soube como reagir. Não entendeu como tinha conseguido Edmund entrar no castelo sem ser visto nem o que queria com essa visita. Quando começou uma repentina briga no pátio, deu-se conta de que tinha planejado bem sua saída de Taerford. Todos os homens se distraíram com o caos. Uns brigavam e o resto tratava de deter essa briga sem sentido. Foi uma distração muito ruidosa, mas útil para entrar e sair sem ser visto. E ela se deixou levar pela pior distração de todas. Edmund lhe tinha assegurado que tinha uma testemunha que tinha visto Giles assassinando seu pai e lhe arrebatando o anel. Tinha chamado então outro homem que lhe assegurou que tinha lutado perto de lorde Bertram m Hastings e tinha visto Giles atacando-o e assassinando-o pelas costas. Disseram-lhe além que seu marido não se limitou a lhe tirar o anel, mas sim lhe tinha tirado o dedo para consegui-lo. Para defender a honra de seu marido, tinha tirado o anel do armário de Giles, mas viu então que a pedra tinha uma fratura, a que a testemunha lhe havia descrito. Não acreditava em sua história e eles devem ter notado porque a testemunha começou a acrescentar mais detalhe para lhe demonstrar que era verdade. Disse-lhe então algo que só fez que suspeitasse ainda mais, o lugar de onde seu pai tinha estado lutando na batalha. Como vassalo do rei Harold, seu pai devia ter lutado na divisão de Wessex, a mais próxima ao monarca e a mais importante por detrás dos soldados reais. E Wessex sempre lutava à esquerda do estandarte real. Giles tinha lutado à esquerda do duque, o mais longe possível da posição de seu pai. Deu-se conta, de que Edmund e o outro homem suspeitavam, que ela não acreditava na história, assim fingiu guardar algumas roupas para levar Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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enquanto pensava em como atrair a atenção de alguém para que visse que tinha saído contra sua vontade. Edmund viu então o porta-jóias de madeira que lhe tinha feito anos antes e ela se dispôs a colocá-lo na bolsa onde estava colocando um pouco de roupa. Ocorreu-lhe então tirar com dissimulação as alianças de seus pais e as deixar cair ao chão. Empurrou-as com o pé para que ficassem ao lado da cama e Giles pudesse as ver ali. Esperava que seu marido entendesse sua mensagem de socorro. Quando se irou, os dois homens a esperavam com mantas e cordas. Antes que pudesse reagir, amordaçaram-na, envolveram-na na manta e a ataram com cordas. Havia tanto caos no pátio que ninguém poderia ter ouvido seus gritos e a tiraram de Taerford sem problemas. Detiveram-se brevemente no acampamento dos rebeldes. O mesmo sobre o que tinha estado a ponto de falar com Giles. Depois, seguiram para o norte. Viu alguns rostos conhecidas no acampamento e imaginou que Edmund não queria arriscar-se que ninguém tentasse interromper seu plano. Antes que a levasse dali um dos homens de Edmund, pareceu-lhe ver alguém que se parecia com Siward, mas lhe custou acreditar que pudesse ser ele. Estava convencida de que o pobre camponês devia ter morrido nas mãos do cruel Eudes. Muitas horas depois, pararam-se de novo. Essa vez frente a uma cabana. Desceram-na do cavalo como se fora um saco de batatas. De pé por fim depois de tanto tempo, custou-lhe manter o equilíbrio e esteve a ponto de cair. O homem que a vigiava lhe desatou as mãos e os pés e lhe tirou a manta em que tinha estado envolta. A primeira coisa que fez foi coçar o nariz. A segunda, pois a correr. Mas as horas que tinha passado imobilizada sobre o cavalo tinham feito estrago em seus músculos e não pôde dar mais que dois passos antes de cair no chão.
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Edmund tomou-a em braços e a levou para dentro da cabana. Deixou-a depois em uma cama. Quando se recuperou da queda, Edmund lhe ofereceu uma pele com vinho. — Por quê? Por que me trouxestes aqui? —perguntou-lhe para tentar averiguar onde estavam. Só sabia que estavam longe de Taerford. Afastou o cabelo de seu rosto e esperou que lhe respondesse. Edmund tomou uma tocha que lhe estendia um de seus homens e a pendurou um gancho na parede. Depois bebeu um pouco de vinho e se abaixou ao seu lado. — É a chave para conseguir recuperar as terras de meu pai e também seu reino, Fayth. — confessou Edmund. —Não posso me casar com você — respondeu ela para deixar claro que essa não era uma opção. —Nem eu quero fazê-lo. Esse era meu plano quando cheguei à Taerford. Pensei que poderia usar suas terras para organizar a resistência contra os invasores normandos. Mas agora tenho outros planos. Prometi a alguém lhe entregar em troca do dinheiro e os homens que necessito para expulsar aos normandos deste país. As palavras que usou eram quase idênticas às que Giles tinha utilizado para lhe explicar por que não podia seguir defendendo Edmund. Sabia que tinha sido uma estúpida ao confiar nele. —Ele não permitirá — falou. Acreditava que, para Giles, ela era mais importante que suas terras. Sabia que conseguir Taerford tinha sido o primeiro objetivo de Giles ao assaltar sua fortaleza, mas estava convencida de que a queria a ela também. —Muito melhor para nós se nos seguir, assim poderemos acabar com ele e seu futuro esposo, que lhes espera em Gales, não terá nenhum impedimento para poder casar-se com você, se isso for o que deseja. Um
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matrimônio não impediu que meu pai conseguisse seus objetivos, assim não espere que o seu consiga deter meus planos. Ficou em silêncio observando como Edmund preparava a cabana para a noite. Seus homens bloquearam as duas janelas e a porta. Depois, ficaram vigiando do lado de fora enquanto ele se acomodava dentro da casa. Ofereceu-lhe queijo e um pouco de pão. Fez-se completamente de noite pouco tempo depois. —Em realidade não quer me fazer isto, Edmund. Meu pai lhe queria como se fosse um filho dele e confiava plenamente em você. —E eu o quis como a um pai quando me afastaram do meu, Fayth. Mas agora tenho a oportunidade de recuperar o que minha família perdeu, o que a Inglaterra perdeu e tenho que conservar o poder na casa dos Harold Godwinson. — disse Edmund olhando-a pela primeira vez nos olhos — Isto é muito mais importante que nossas vidas, Fayth. Não penso desonrar o legado de meu pai, não posso estragar esta oportunidade. Sentiu que lhe enchiam os olhos de lágrimas e afastou o olhar. Quando terminou de comer, Edmund recolheu os restos e guardou tudo em uma bolsa, que deixou ao lado da porta. Ofereceu-lhe depois uma manta e esperou que ela se deitasse antes de devolver a tocha a seus homens. Escutou como se colocava para dormir contra a parede oposta. Poucos minutos depois, tudo ficou em silêncio e rezou para ser capaz de dormir umas poucas horas. —É a chave para conseguir o que necessitamos para lutar contra esse bastardo — sussurrou Edmund então—. Embora desejasse que as coisas não tivessem que ser assim, não posso deixar que Giles viva nem te deixar ir. Estremeceu-se ao escutar suas palavras e começou a rezar com ardor. Não sabia se pedir a Deus que Giles a encontrasse ou se rezava para que não se aproximasse dali.
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Brice pensava que Giles tinha ficado louco ao querer sair antes que amanhecesse, mas viu que não ia mudar de idéia. Se algo tinha conseguido com o desaparecimento de Fayth, era fortalecer sua decisão de encontrar Edmund o quanto antes. Organizou seus soldados para que Taerford estivesse bem defendida durante sua ausência. Não confiava em lorde Huard nem em Edmund e queria proteger a sua gente. Por isso tinha deixado Brice a cargo de tudo. Saiu da fortaleza, acompanhado só por Stephen e Fouque. Tinha que encontrar sua esposa. Mas, antes de ir-se, tinha arrancado uma promessa de Brice de que cuidaria bem dela se lhe acontecesse algo. Chegaram ao acampamento dos rebeldes ao anoitecer. Descobriu então que Edmund levava várias horas de vantagem e que tinha tomado o caminho para Gloucester. Vários homens se aproximaram para lhe oferecer ajuda para encontrála. Eram tipos que tinham servido lorde Bertram e outros, como Siward, que tinham se beneficiado com a bondade da senhora de Taerford. Agradou-lhe que se oferecessem e ver que Siward estava a salvo, mas sabia que não podia arriscar a vida de mais homens para resgatá-la. Descansaram umas horas e saíram antes que amanhecesse. Sua intuição lhe dizia que Edmund se dirigia para Gales para tentar conseguir a lealdade dos senhores dessas terras e poder assim liderar uma revolta contra o duque. Não era um caminho fácil e soube que Edmund não se arriscaria a atravessar as montanhas até que não saísse o sol. Pensou que tinha tempo. Encontraram a cabana quando o sol começava a sair pelo horizonte e Stephen lhe comunicou que havia quatro cavalheiros vigiando o exterior. Edmund devia estar dentro com Fayth. Mas, antes que se aproximassem mais, pôde comprovar que esses rebeldes tinham capacidade para vencer a três homens a cavalo. Sem que pudessem reagir para evitar o ataque, os guardas os atiraram ao chão frente à porta da cabana. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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Os homens de Edmund tinham aparecido por detrás e os tinham atacado de surpresa. Tinha estado tão concentrado em encontrar Fayth que tinha esquecido cobrir sua retaguarda. Agora, só ficava a esperar que Edmund decidisse seu destino, embora soubesse muito bem o que os esperava. Fayth ouviu o ruído antes que Edmund despertasse, mas não se atreveu a mover da cama de armar. Até o momento, ele não a tinha tratado mal, mas o tinha visto tão desesperado por salvar sua família que não sabia como poderia chegar a reagir. Seu principal objetivo era permanecer com vida e procurar uma maneira de escapar. Edmund despertou então e tomou sua espada. Abriu depois a porta e pôsse a rir com vontade. Ela se levantou para ver o que o fazia tanta graça. Viu então os corpos de Giles e outros dois homens no chão. Tinhamnos amarrado e golpeado. Tentou ir para seu marido, mas Edmund a segurou com força. Colocou-a de novo na cabana e a trancou ali. Cansou-se de dar golpes na porta e de gritar, ninguém lhe emprestou atenção. Sabia que Edmund não a ia deixar ali para que morresse de fome, assim esperou pacientemente que aparecesse alguém com comida para ela. Escutava contra a porta, mas não ouvia nada e cada vez estava mais preocupada. Algum tempo depois, abriu-se a porta. O homem que tinha acompanhado Edmund ao castelo entrou e lhe ordenou que saísse da cabana. Saiu correndo, mas Giles já não estava ali. —Onde está? —perguntou enquanto o homem a arrastava por um caminho próximo. Havia mais homens que antes, mas seu marido não estava em nenhuma parte. O tipo não respondeu e ela agarrou seu braço para que se detivesse. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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—Assassinou-o Edmund? Conteve a respiração, não sabia se queria saber a resposta. —Se limpe, senhora — ordenou o cavalheiro ignorando sua pergunta. Viu que estavam ao lado de um pequeno arroio. Preocupada em saber onde estava seu marido, lavou-se e bebeu água rapidamente. As outras necessidades, fez com mais rapidez ainda, pois não confiava nesse homem. De volta à cabana, viu-os atados a três árvores. Ali estava sentado Giles e os outros dois soldados. Não tinham bom aspecto. Quando tentou ir até eles, alguém a segurou e levou até a cabana. Esse homem era muito mais forte que ela e não pôde escapar dele. Edmund foi pouco depois vê-la. Estava entusiasmado ao ter capturado lorde Giles. Pensava usá-lo para pedir resgate ao duque. Mas deixou de sorrir quando lhe contou que Giles era um filho bastardo e que o duque William tinha entregado terras a muitos cavalheiros com o mesmo passado de seu marido. Esperava que seu comentário não custasse à vida ao Giles. Edmund lhe disse que iriam ficar ali um dia mais enquanto esperava que se unisse o resto de suas tropas. Depois saiu mal-humorado da cabana. Pensava levá-la à Gales para ter algo que oferecer ao príncipe galés em troca de sua colaboração. Não podia fazer outra coisa que esperar e rezar. Tinha tanto tempo livre que se dedicou a inspecionar sua pequena cela. Além das duas pequenas janelas e a porta, não havia outra maneira de sair dali. Foi sentar se na cama e notou que o sol se filtrava por uma parte mais desgastada da parede de tijolo cru. Procurou de novo a seu redor para encontrar alguma ferramenta, mas só achou um velho tamborete em um canto. Quebrou-o como pôde e explicou aos guardas que entraram para ver o que acontecia que havia se quebrado ao sentar-se nele.
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Assim que esteve sozinha, começou a pinçar na parede com uma das pernas de tamborete. Foi retirando pouco a pouco a argila. Quando Edmund entrou para lhe levar o jantar, colocou-se na frente o buraco para tampá-lo. Ao anoitecer, o buraco já era o bastante grande para que pudesse sair engatinhando. Decidiu que tinha que aproveitar sua única oportunidade para escapar dali antes que Edmund chegasse para deitar-se. Tirou a túnica e guardou bem sua trança sob o véu. Saiu tão silenciosamente como pôde. Os homens que falavam e bebiam do outro lado da cabana faziam tanto ruído que ninguém a ouviu. Manteve-se perto do chão e se escondeu entre as árvores. Foi então para onde estavam Giles e seus dois homens, mas se deu conta de que não tinha nada afiado para cortar as cordas. Não podia perder o tempo desatando os nós. —Necessito uma faca — sussurrou ela enquanto olhava ao redor do acampamento para ver se poderia encontrar algo sem que a descobrissem. Giles balbuciou algo e lhe tirou a mordaça. Giles abriu a boca para lhe ordenar que parasse, mas ela o evitou com um beijo. Apesar do perigo que corriam, quis saborear de novo seus lábios. —Te amo, Giles. —lhe disse— Aconteça o que acontecer, não o esqueça nunca. —Há uma adaga em minha bota. — sussurrou ele tentando aproximar sua perna para que ela pudesse tirá-la sem sair de seu esconderijo.
Tinham-lhes tirado as armas, mas tinha despercebido a pequena adaga que Giles sempre levava na bota. Ficou muito quieto enquanto Fayth apalpava sua perna até encontrar a adaga. Adorou sentir de novo suas mãos. Apesar do perigo que estavam, enchia-lhe de felicidade ver que estava bem e tê-la perto. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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Fayth estava cortando ainda as grosas cordas, quando ele ouviu alguém se aproximando por detrás deles. Sua esposa se levantou e ele pôde terminar de arrebentar com um puxão as cordas e liberar-se. Ficou depressa em pé e encontrou Fayth ameaçando Brice com a adaga. —Parece que encontrastes alguém que lhe cubra as costas quando não estou eu — sussurrou Brice. —Isso parece… — assentiu Giles. Tomou Fayth entre seus braços e a beijou enquanto Lucien e Brice desatavam aos outros dois homens. —É que não pense em me obedecer outra vez, esposa? Supõe-se que não deveria sair de seus aposentos — brincou ele. Viu que lhe enchiam os olhos de lágrimas e a abraçou de novo. —Arrumaremos isto quando voltarmos para Taerford. Trouxe-lhes algo. —disse enquanto procurava no bolso interior de seu casaco e tirava os anéis — Os encontrei no chão e me dei conta de que você nunca os teria deixado esquecidos. Fayth tomou e soltou o laço que os unia. —Tenho muito que te explicar Giles. Muito. Mas têm que saber que não fui por vontade própria com Edmund. Brice se aproximou deles, ordenou-lhes que se movessem e entregou a ele uma cota de malha e uma espada. Fayth o observou enquanto se preparava para lutar. Olhou para sua esposa para lhe ordenar que se escondesse, mas viu então que lhe mostrava algo que tinha na mão. Eram os dois anéis. —Tome este anel como símbolo de minha lealdade, lorde Giles. — sussurrou enquanto lhe dava o anel de seu pai. Seu gesto lhe surpreendeu, mas entendeu o que queria. Estendeu para ela sua mão e deixou que Fayth o pusesse. Tomou o menos e o colocou no dedo a sua esposa.
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—Tome este anel como símbolo de minha lealdade e de meu amor, senhora. — disse ele. Agarrou-a pelos ombros e a beijou apaixonadamente. O resto teria que esperar. —Agora, se ponha a se esconder perto da cabana e não me siga — ordenou. Brice e ele ficaram observando como fazia exatamente o que lhe tinha pedido sem protestar. —Pode ser que esteja aprendendo, meu senhor. — comentou Brice enquanto lhe entregava outra adaga. —Pode ser que sim — respondeu ele. Viu então que saíam, de entre as árvores, mais soldados de sua guarda. —Quantos homens você trouxe, Brice? —Estes não são meus homens, Giles. São os de sua esposa. Emocionou-lhe ao ver a quantidade de soldados saxões que tinham chegado para liberar a sua senhora e lutar por ela. Estava sem palavras e só pôde assentir com a cabeça. —Vamos à busca de Edmund e terminaremos por fim com tudo isto. — disse depois.
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Capítulo 21 Fayth fez uma promessa a Deus. Se permitir que Giles sobrevivesse, ia passar o resto de sua vida tentando ser a esposa perfeita. Rezou para que nada lhe acontecesse. Rezou e rezou sem descanso. Mas não se moveu de onde estava Giles tinha ordenado que se escondesse ali e não pensava em lhe desobedecer. Viu os soldados de seu pai saindo do bosque e colocando-se detrás de Giles e seus homens. Aproximaram-se juntos ao acampamento sem preocupar-se com o ruído que faziam. Ficou atônita ao ver que saíam ainda mais de entre as árvores e alguns a saudavam com a cabeça ao passar ao seu lado. Não podia acreditar. Viu entre eles alguns dos camponeses que tinham escapado das terras de lorde Huard e outros que não reconheceu. Todos seguiam ao seu marido bretão. Viu Giles caminhando diretamente para Edmund com a espada em alto e um grito de guerra saindo de sua garganta. —Taerford! — gritou seu marido.
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Surpreendeu-se ao ver que nem os homens de Edmund nem os de Giles brigavam entre si. Limitaram-se a observar a luta entre os dois cavalheiros, como se fosse um combate pessoal entre os dois. Foi terrível. Ouvia o som das espadas chocando e estava tão preocupada que nem que podia respirar. Fechou os olhos, não podia ver seu amigo da infância lutando até morte contra seu marido. O combate parecia eterno, até que de repente não ouviu nada. Não se atrevia a olhar e esperou para ver quem gritava vitoriosos. Mas não pôde agüentar mais e abriu os olhos. Giles estava em pé sobre Edmund e tinha a ponta da espada em sua garganta. Bastava com um pequeno movimento para que acabasse tudo. A vida de Edmund e a última esperança para a Inglaterra. Conteve o fôlego. Esperou que Giles empurrasse sua espada e terminasse com tudo. Tudo o que tinha que fazer era empurrar um pouco mais a espada. Custava-lhe respirar e estava exausto. Levava duas noites sem dormir e comendo pouco. Durante esse tempo, não tinha podido pensar em nada mais que não fosse sua esposa e o medo que tinha de perdê-la. Bastava-lhe empurrando um pouco mais a espada para terminar com a ameaça que era Edmund. Fayth e suas terras estariam assim a salvo. Desse modo, William se veria livre de outro dos herdeiros de Harold que poderia reclamar o trono da Inglaterra. Só tinha que mover a espada para terminar com tudo. Olhou para onde estava Fayth. Ela nem sequer observava o que estava acontecendo. Tinha os olhos fechados e imaginou que estava rezando. Embora não sabia por qual dos dois. Abriu os olhos nesse instante e se olharam. Sabia que Fayth não ia pedir que não matasse Edmund. Ter-lhe-ia sido mais fácil matá-lo sem pensar, assim não teria se sentido tão culpado. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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Sorriu com tristeza ao dar-se conta de que lhe tinha dado a Fayth a mesma oportunidade de decidir e isso fazia que as coisas fossem sempre mais difíceis. Era mais singelo fazer algo quando o obrigavam que quando se fazia por decisão própria. Embora soubesse que Fayth não lhe ia pedir que tivesse clemência, quis dar-lhe para que seu matrimônio tivesse futuro. —Reúnam a seus homens e saia daqui, Edmund. Levantou a espada e permitiu que o homem ficasse em pé. Brice protestou e também outros soldados, mas os saxões que tinham chegado de Taerford para ajudá-lo ficaram em silêncio. —Giles, o duque o quer morto. — recordou Brice. —Eu também, mas há muitas razões para deixar que viva. — respondeu ele. —Suas terras e seu título estarão em perigo se deixar que se vá Giles. Está seguro de que isto é o que quer fazer? —perguntou-lhe seu amigo enquanto o olhava com seriedade. Dava-se conta de que eram muitos os perigos que assumia. Estava permitindo que Edmund escapasse e dando proteção aos servos de outro senhor. Olhou para os homens de Edmund. —Os que desejem lutar para esse homem, tomem suas armas e vão com ele. Os que desejam paz serão bem-vindos em minhas terras. Brice não deixava de amaldiçoar entre dentes, mas ele o ignorou e olhou então para Edmund. —Não podem ganhar esta guerra. — disse — O herdeiro que favorecem está negociando com o duque. Morcar e Edwin abandonaram sua causa para proteger suas próprias terras na Northumbria. Antes do Natal, William será o novo rei da Inglaterra. O bispo Obert lhe tinha dado toda essa informação antes que saísse de Taerford. Os senhores saxões não tinham mais opção que submeter-se ao novo monarca ou morrer. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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—Perdoaste-me a vida por sua esposa? —perguntou Edmund enquanto olhava para Fayth. —Sim. —Pediu-lhe isso ela? —Não, desta vez não. Mas sei que lhe doeria muito que matasse alguém que foi tão importante em sua vida e na de seu pai. A amo e quero que viva em paz o resto de nossos dias. —Isto não é o final, normando. — ameaçou Edmund — Há muitos saxões ainda em pé e me apoiarão assim que saibam que posso organizar a resistência ao novo monarca. Brice grunhiu então, mas Giles lhe fez um gesto para que não se aproximasse. —Sigam assim e acabarão muito mal, Edmund. Só conseguirá que morra mais homens. Aceitem William como rei e poderão viver aqui como homens livre. — aconselhou ele. Edmund negou com a cabeça e olhou para onde estava Fayth. Despediu-se com um triste sorriso e chamou os que queriam seguir a seu lado. Giles esperou que se fossem, para olhar para sua esposa. Viu que ainda estava onde tinha pedido que ficasse. —Creio que agora será mais obediente? —perguntou Brice como se pudesse ler o pensamento. —Isso espero, meu amigo. — respondeu ele— Isso espero. Fez um gesto à Fayth para que se aproximasse, mas não esperou que o fizesse. Correu para ela e Fayth para ele. Tinha o coração esperançoso. Pela primeira vez em sua vida, atreveu-se a sonhar com todas as coisas que desejava ter. Abraçou-a diante de seus soldados, recordando a todos que Fayth pertencia à dele, e sem poder conter o amor e a esperança que sentia nesse momento.
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Epílogo Castelo do Taerford, Wessex (Inglaterra) Janeiro de 1067 Demoraram semanas para terminar de esclarecer tudo, mas o bispo Obert demonstrou ser um juiz justo e considerou os atos de Giles. Fayth pensava que a promessa de Giles de converter o castelo em um monastério assim que construíram seu novo lar perto do rio tinha conseguido inclinar a balança ao seu favor. Giles também tinha tido que prometer a Brice e a Soren que os ajudaria a fazer-se com as terras lhes fosse entregue. Tal e como seu marido tinha suspeitado o bispo, apesar de servir ao duque William, era um homem muito piedoso que aproveitou a oportunidade que Giles lhe oferecia para converter o castelo em um monastério. Como possuíam mais terras do que seu pai tinha tido, pareceu-lhe que tinha sentido construir o novo castelo ao estilo bretão entre as terras novas e as antigas. Passavam esses curtos dias de inverno preparando-se para a chegada da primavera. Nessa época pensavam em começar os trabalhos da construção do novo castelo. Giles lhe tinha prometido que teria um quarto só para ela, para que pudesse estar com outras damas que lhe fizessem companhia. Seu marido parecia empenhado em encontrar outras mulheres que pudessem converterse em suas amigas. A esposa de um dos melhores amigos de Giles lhe tinha escrito uma carta sugerindo os nomes de duas jovens donzelas que poderiam viver em Taerford para converter-se em suas damas de companhia. Supunha uma carga a mais para Taerford acolher durante todo o inverno enquanto
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camponeses seguiam fugindo das terras de Huard, mas tinham consigo fazêlo. Giles tinha convencido bispo Obert de que esse seria o melhor castigo que podia receber por ter fracassado em seu intento de prender Edmund. Se o bispo não estava de acordo com sua visão das coisas, não disse nada a respeito, e terminou sua investigação em Taerford apesar das muitas advertências e ameaças por parte de sir Eudes. Antes que se fosse da fortaleza o bispo Obert, entregou a Brice o título e as terras concedidas pelo duque de William. Como já lhe tinham anunciado, lhe outorgaram as posses de Thaxted. Tinha havido alguns problemas nessa área. O antigo senhor saxão havia estado treinando alguns soldados rebeldes para lutar contra o rei William. A Brice lhe tinha concedido, além disso, a mão em matrimônio de lady Gillian de Thaxted. Sempre e quando conseguisse encontrá-la e lhe arrebatar o castelo de seu irmão. O melhor amigo de seu marido seguia ainda com eles e não se iria de Taerford até que passassem as últimas neves de inverno e se abrissem de novo os caminhos que levavam para o norte da Inglaterra. As melhores notícias chegaram depois que o bispo retornou a Londres. Soren seguia vivo. Embora não o conhecia, Giles e Brice estavam acostumados a lhe falar freqüentemente dele e lhe contavam histórias sobre sua difícil infância e algumas anedotas que não eram muito apropriadas para os ouvidos de uma dama como ela. Os dois homens tinham temido que seu amigo morresse por culpa das feridas da batalha, mas lhes chegaram notícias falando de sua recuperação e de seus planos para ir para o norte na primavera e reclamar suas terras. Embora enchessem quase todas as longas noites de inverno com passatempos de todo tipo, ela tinha encontrado tempo suficiente para ensinar Giles a ler e escrever. Tinha-lhe surpreendido muito que ele o
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pedisse, mas era um aluno constante e decidido e não demorou mais que umas poucas semanas em consegui-lo. Toda a paisagem que rodeava o castelo estava coberta de neve e com a chegada da primavera, aumentaria muito seu trabalho. Decidiu que tinha chegado o momento de compartilhar com seu marido a notícia mais importante de todas. A moléstia que tinha sofrido no dia que Edmund a raptou não desapareceram e, apesar da pouca experiência que tinha nesses assuntos, não demorou em adivinhar o que lhe acontecia. Emma se deu conta de que tinha atrasos, mas ela preferiu esperar a estar segura antes de comunicar a seu marido. Não se espantou que tivesse ocorrido tão depressa, pois os dois eram de natureza apaixonada e tinham compartilhado jogos amorosos freqüentemente. Um frio dia de inverno, quando o ar soprava com tal força que ninguém queria sair do castelo até que passasse o temporal, Giles a encontrou tão pálida, que pediu que se deitasse. Não se queixou ao ver que seu marido ia acompanhá-la. Quando Giles começou a explorar seu corpo com as mãos, ela descobriu que não se sentia tão mal como pensava. Seu corpo estava muito mais sensível e adorou que a beijasse e acariciasse. Perguntou se seria pelo bebê que levava em seu ventre. Giles a atraiu para seu corpo e a abraçou. Ela tomou depois uma das mãos de seu marido e a colocou sobre o ventre. Ainda não havia ali sinal alguma de seu estado, mas Emma lhe tinha assegurado que começaria a notar-se para o final do inverno. —Vai ser uma primavera de muito trabalho para nós — disse ela olhando-o para saborear o momento que por fim entendesse o que acontecia. —Sim. A nova fortaleza estará pronta para quando chegar o momento da plantação. — respondeu Giles— Hallam tem muitas idéias para melhorar os cultivos. Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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— E acredito que o verão e o outono serão também complicados, marido. — começou ela— Haverá cultivos preparados para compilar, teremos que fazer preparativos para o inverno, um bebê que cuidar, homens para treinar… Pensava seguir com a lista de tarefas que os esperavam, mas a expressão no rosto de seu marido e a maneira em que começou a acariciar seu ventre deixou muito claro que tinha entendido suas palavras. —De verdade? —sussurrou Giles olhando seu ventre— De verdade? —Sim, esposo meu. Emma acredita que nascerá por volta de finais de agosto. —Em tempo da colheita? Não é uma boa época. — brincou Giles— Terá que estar trabalhando nos campos até que comecem os dores de parto. —Se cuidar destes campos tanto como de sua esposa, acredito que Taerford vai ser um lugar muito fértil — respondeu ela. —Tem razão, minha senhora. E tenho que ser constante e seguir com os cuidando. Giles se inclinou sobre ela e a beijou com ternura. Soube então que estava tão feliz como ela com a boa nova. —Pensou que nome daremos ao novo senhor ou senhora de Taerford? —É muito cedo para pensar nisso, Giles. Faltam muitos meses ainda para o nascimento do bebê. —Depois decidiremos o nome se for um varão. Mas, se Deus nos abençoar com uma menina, acredito que já sei como poderíamos chamá-la. —Sim? —perguntou ela. Pareceu-lhe que ela também sabia que nome ia sugerir seu marido. Giles estava acostumado a lhe dizer freqüentemente que nunca se permitiu sonhar com uma vida como a que tinha conseguido. Sendo só um filho ilegítimo, tinha acreditado que nunca poderia ser nada mais que um cavalheiro servindo a outro senhor. Mas seu amigo Simon tinha conseguido lhe dar a força e a capacidade para sonhar com um futuro melhor. Tinha-lhe dado… Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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—Esperança — disseram Giles e ela ao mesmo tempo. Ele a beijou então e nessa união pôde sentir todo o amor e a esperança que os tinha unido, junto com os sonhos de um futuro feliz para os dois. Decidiu que poderiam ficar umas quantas horas mais naquela cama sem que ninguém o notasse. Era um dia frio e rude de inverno e ninguém sentiria sua falta.
Assim, na manhã do sexto dia de agosto do ano do Senhor 1067, lady Esperança nasceu no castelo de Taerford. Mas, de ter podido perguntar a qualquer que vivesse então ali, teriam admitido que a esperança não chegou nesse dia, a não ser um ano antes e personificada na figura de um conquistador normando. Ou melhor, dizendo, de um conquistador bretão.
Fim OS CAVALHEIROS DO BRITANIA 1. Ao Night for her Pleasure – Uma Noite para Seu Prazer 2. The conqueror’s Lady - Nos braços de um Conquistador 3. O Mercenário 4. A Filha do Inimigo
Sobre a Autora Terri Brisbin começou a ler novelas românticas em 1991, Terri Brisbin Cavaleiros da Britania 2
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com os livros da Julie Garwood. Pouco tempo depois se deu conta que ela mesma poderia escrever histórias de amor e colocou mãos à obra. Foi em 1998 quando fez sua estréia com a publicação de sua novela Ao Love Through Teme. E após tem escrito 16 romances históricos e paranormais para a Editora Harlequin, sendo duas vezes finalista ao prêmio Rita. Quando não está escrevendo passa seu tempo como mãe de três meninos e uma nora e como dentista no sul de Nova Jersey. Atualmente também forma parte da Junta Diretoria de Escritores Românticos da América. Dedica seu tempo livre a trabalhar como voluntário dando aula de leitura para adultos.
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